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PRAÇA NELSON MANDELA B O T A F O G O abril 2009

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PRAÇA

NELSON

MANDELA

B O T A F O G O

abril 2009

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1 As obras brutas do metrô no trecho Glória-Botafogo duraram de 1975 a 1978, porém a Estação Botafogo do metrô só foi inaugurada no ano de 1981. As áreas desapropriadas ficaram ocupadas por canteiro de obras da expansão da Linha 1 do metrô até meados de 2008, quando a área começou a ser limpa. Os moradores do bairro pensaram, então, estar próximo da concretização da promessa de construção de uma praça no local, uma vez que através da Associação de Moradores e Amigos de Botafogo – AMAB, os moradores de Botafogo participaram ativamente, no ano de 2002, no processo de discussão de um projeto para a praça, junto com a Agência Rio e o Instituto Pereira Passos – IPP, da Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio de Janeiro. A AMAB organizou, inicialmente, uma chamada para que jovens arquitetos apresentassem propostas. A proposta consolidada do IPP (vide ilustração abaixo) previa uma praça em toda a extensão do terreno delimitado pelas Ruas Voluntários da Pátria, Nelson Mandela, São Clemente e uma quarta rua projetada fechando, assim, o quadrilátero de 7.500m2, aproximadamente.

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Em agosto de 2007 a AMAB protocolou no gabinete do governador do Estado do Rio de Janeiro a entrega de um abaixo-assinado com mais de 5.000 assinaturas em prol da construção da Praça Nelson Mandela, de acordo com o projeto do IPP. Bastava, então, ao governo do estado (proprietário do terreno) passar a titularidade da área para o município e este, construir a praça1.

Em julho de 2008 os moradores tomaram conhecimento, através da mídia2, da intenção do governo do estado em construir uma Unidade de Pronto Atendimento – UPA e de uma Delegacia Legal de Idosos no então terreno da praça. Com isso, a ocupação da área da Praça Nelson Mandela entra novamente na pauta das reuniões quinzenais da AMAB. Durante o mês de julho de 2008, o tema volta à mídia e a população envia cartas aos jornais.

Fonte: Jornal O GLOBO, de 11/07/2008

A posição do governo do estado em negar a consolidação de um projeto de uma área livre para lazer parece reafirmar Roberto DaMatta (1997), quando expõe a visão de parte da população contemporânea em relação aos logradouros públicos: são espaços vistos como o local de luta, de malandragem, do medo e do abandono. E baseado nessa visão negativa de cidade – não como o lócus da troca, mas sim como o

lócus do medo –, a fim de se evitar que o abandono tome conta do espaço público,

mata-se antes, então, o próprio espaço público!

1 O terreno da Praça Nelson Mandela é parte integrante do conjunto de terrenos remanescentes do metrô declarados como

Áreas de Especial Interesse Urbanístico que, segundo a Lei Municipal Nº. 2.396/1996, podem ser subdivididas em áreas edificáveis, áreas non aedificandi e áreas destinadas a projetos paisagísticos e implantação de equipamentos urbanos e de uso coletivo. Basta, para isso, sancionar lei municipal definindo cada área específica, o que até o momento não foi realizado.

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3 A afirmação desse ponto de vista está cada vez mais presente nas cidades, seja na profusão de shopping centres, negando as relações comerciais com a rua, seja no grande sucesso dos empreendimentos imobiliários residenciais que vendendo o estilo de vida em “condomínios exclusivos”, vendem a falsa ilusão da ordem e segurança e contribuem, fortemente, para o aniquilamento da vida pública.

No entanto, a praça em questão nascerá em meio a um cenário urbano já parcialmente requalificado pela ação da iniciativa privada: o pólo gastronômico alavancado pela revitalização trazida com as salas de cinema nessa região do bairro conjuga o binômio lazer/cultura, despontando como uma das principais atividades de animação da futura Praça Nelson Mandela.

No dia 01 de agosto de 2008 a obra da construção da UPA foi embargada pelo Poder público local. Contudo, o governo do estado prosseguiu a construção mesmo após o recebimento do auto de embargo. A justificativa do embargo pautava-se no fato de não possuir ainda uma lei específica municipal que estipulaspautava-se a natureza de ocupação das áreas remanescentes das obras do metrô.

A todo esse movimento o então Prefeito César Maia manifestou-se favorável à construção da UPA. Afirmou, na mídia, que faria um pedido ao Legislativo Municipal que aprovasse lei permitindo a concretização da UPA no local em que estava sendo construída, ocupando cerca de 30% da área original da praça. Vereadora de seu partido enviou imediatamente à Câmara proposta de lei definindo parâmetros de ocupação das áreas em questão (praça e lado ímpar da Rua Nelson Mandela), mas inviabilizando a construção da UPA no atual local, ao que o chefe do Executivo disse não ser problema, pois outro vereador poderia perfeitamente sugerir alteração no texto e assim permitir a conclusão das obras da UPA.

Em resumo: o mesmo Poder público local que investiu em um processo participativo para a definição da ocupação da área como praça, em 2008, em aparente sintonia com o governo do estado, voltou-se contra as vozes desses moradores. O mesmo governo municipal que investiu em projetos de requalificação e revitalização urbana, em 2008 investiu contra uma proposta de requalificação de uma área que ele mesmo ajudou a elaborar. O governo do estado, embora ainda proprietário do terreno em questão, acabou por atropelar o Poder local em sua competência de definir os usos do solo urbano.

Os fatos apresentados revelam importantes situações a serem perseguidas: governos que governem dentro de suas competências, que façam valer os preceitos legais da participação popular na gestão do espaço urbano e, por fim, uma população efetivamente participante e ciente dos seus direitos. Enquanto isso a AMAB prossegue a luta na tentativa de convencer os governantes na construção da praça original3.

Apresenta, inclusive, alternativa de local para a construção da UPA em terreno também remanescente das obras do metrô no bairro, na esquina das ruas São Clemente com Muniz Barreto, a menos de 50m do local onde foi construída a UPA na Praça Nelson Mandela (vide ilustração a seguir).

3 Reunião entre AMAB e o Chefe de Gabinete do Vice-governador do estado foi realizada em 27/05/2008. Reunião entre AMAB

e a equipe de arquitetos do IPP foi realizada em 05/08/2008. No dia 14/08/2008 a AMAB toma conhecimento, em contato telefônico com o Chefe de Gabinete do Vice-governador, da posição do governo do estado em insistir na construção da UPA no local originalmente destinado à Praça Nelson Mandela.

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Terreno para transferência da UPA (proposta AMAB) Terreno urbanizado como pequena praça (saída do metrô)

Atual UPA Terreno leiloado em 2008 Área da Praça Nelson Mandela

Outros terrenos remanescentes das obras do metrô

Rua a ser aberta

Praça Compositor Mauro Duarte

Com a nova gestão municipal iniciada em 2009, a AMAB espera poder ajudar

a reverter a atual situação da área da futura Praça Nelson Mandela para um cenário certamente mais favorável aos anseios da população e à postura de uma Administração Pública efetivamente comprometida com o bem da coletividade.

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LEI Nº. 2.396 - de 16 de janeiro de 1996.

DECLARA COMO ÁREA DE ESPECIAL INTERESSE URBANÍSTICO O CONJUNTO DE TERRENOS REMANESCENTES DE DESAPROPRIAÇÃO PARA A IMPLANTAÇÃO DA LINHA 1 DO SISTEMA METROVIÁRIO, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

Autor: Vereador FERNANDO WILLIAM

O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Os terrenos remanescentes de desapropriação para a implementação da linha 1 do sistema metroviário ficam declarados como Áreas de Especial Interesse Urbanístico, conforme estabelecido nos arts. 105, §§ 3º e 4º, e 107, I, da Lei Complementar Nº. 16, de 4 de junho de 1992 - Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro.

Art. 2º - Os terrenos a que se refere o artigo anterior serão delimitados e assim definidos, em Lei de iniciativa do Poder Executivo:

I - áreas edificáveis; II - áreas non aedificandi;

III - áreas destinadas a projetos paisagísticos e implantação de equipamentos urbanos e de uso coletivo.

§ 1º - Vetado. § 2º - Vetado.

Art. 3º - As áreas edificáveis estarão sujeitas às condições de uso e ocupação do solo vigentes para os locais em que estejam inseridas.

Art. 4º - Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar convênios, acordos e outros atos com o governo do Estado do Rio de Janeiro para:

I - elaborar e executar os projetos das Áreas de Especial Interesse Urbanístico, mencionados no art. 1º desta Lei;

II - estabelecer as responsabilidades e prioridades para a execução dos projetos;

III - promover a transferência de domínio, para o Município, das áreas mencionadas no inciso III do art. 2º desta Lei.

Art. 5º - Vetado.

Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 1996. CESAR MAIA

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7 PRAÇAS NO BAIRRO DE BOTAFOGO

Referências

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