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Supremo Tribunal Federal

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Academic year: 2021

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INQUÉRITO 3.561 RIO DE JANEIRO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX

AUTOR(A/S)(ES) :MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERALDA REPÚBLICA INVEST.(A/S) :WASHINGTON REIS DE OLIVEIRA ADV.(A/S) :EDSON DA SILVA COSTA

INQUÉRITO. CRIME ELEITORAL – ART. 331, DO CÓDIGO ELEITORAL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.

DECISÃO: O Ministério Público Federal manifestou-se, in litteris:

“1. Trata-se de inquérito policial instaurado em 19/10/2010, por encaminhamento de notitia criminis feita por Antonio Cardozo Gastão filho (fl. 5), coordenador da campanha do candidato a Deputado Estadual DR. JULIANELLI (PSB, nº 40678), à Justiça Eleitoral (31ª Zona Eleitoral do Município de Resende-RJ). Antonio apresentou ao juízo eleitoral uma caixa contendo 3.486 ‘santinhos’ de propaganda eleitoral (acautelados no cartório da 31ª ZE – certidões de fls. 7 e 17) vinculando o nome do candidato a Deputado Estadual Dr. Julianelli ao do candidato a Deputado Federal WASHINGTON REIS (PMDB, nº 1516 – cópias dos ‘santinhos’ na fl. 06).

2. Afirmam o noticiante e o então candidato Dr. Julianelli (fls. 12 e 16) que o PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro não pertencia à coligação denominada Frente de Mobilização Socialista para eleição de Deputado Estadual e Deputado Federal, coligação essa composta apenas pelo PSB – Partido Socialista Brasileiro e PMN – Partido da Mobilização Nacional.

3. Os ‘santinhos’ estavam sendo distribuídos nas ruas e também no condomínio onde mora Julianelli. A esposa de

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funcionária Irani Moreira da Silva, por solicitação de um morador chamado roque Cerqueira.

4. Em fl. 27 está juntado um original do ‘santinho’ irregular, onde constam impressos, associados ao nome do candidato a Deputado Estadual Dr. Julianelli, os nomes e números dos candidatos WASHINGTON REIS (Deputado Federal, PMDB, nº 1516), JORGE PICCIANI (Senador 1, PMDB, nº 155), LINDBERG (Senador 2, PT, nº 131), SÉRGIO CABRAL (Governador, PMDB, nº 15) e DILMA (Presidente, PT, nº 13).

5. Verifica-se dos ‘santinhos’ cuja cópia está em fl. 6 que o regular traz os dizeres ‘CNPJ RTV Editora: 04.909.678/0001-42 – Tiragem: 2.000’, do irregular constam ‘Deputado Federal: PMDB – PSC – PP’, ‘CNPJ 12.189.416/0001-89’, ‘Tiragem: 20.000 – CNPJ: 28.582.112/0001-17’.

6. A Polícia Federal apurou que o CNPJ relativo à tiragem pertence à empresa LUANA ARTES GRÁFICAS E EDITORA LTDA., de propriedade do Sr. Vagner Rodrigues Dutra (fl. 31).

7. O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro informou as coligações do PMDB e do PSB para as eleições de 2010 (fl. 38). Para os cargos de Senador e Governador, PMDB e PSC pertenciam à mesma coligação, ‘Juntos pelo Rio’. Para o cargo de Deputado Federal, o PMDB integrou com o PP e o PSC a coligação ‘Unidos pelo Rio’; o PSB, por sua vez, integrava a coligação ‘Frente de Mobilização Socialista’ com o PMN para os cargos de Deputado Estadual e Federal. O PMDB não integrou nenhuma coligação para o cargo de Deputado Estadual (fl. 40).

8. Gláucio José de Mattos Julianelli, que não foi eleito, foi ouvido às fls. 56/57, ratificando que os ‘santinhos’ irregulares foram encontrados em duas ocasiões: por ele próprio, durante um ato público em Resende e por sua esposa, no condomínio onde residem.

9. As funcionárias do condomínio Blanca Rosa Pintos e Irani Moreira da Silva prestaram esclarecimentos às fls. 58 e 59, respectivamente, narrando que o material havia sido deixado por um morador de nome Roque Cerqueira, que lhes pediu para que o síndico autorizasse a distribuição do material nos

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escaninhos de correspondência. Ambas estranharam o fato porque o material não fora entregue pelo próprio Dr. Glaucio Julianelli, e comunicaram o fato a este.

10. Washington Reis de Oliveira prestou esclarecimento por escrito, negando peremptoriamente qualquer participação no fato, nem mesmo autorização para a impressão do material (fls. 69/70).

11. Roque Cerqueira informou que não apoiou nenhum dos candidatos, pois o PDT – Partido Democrático Trabalhista, ao qual é filiado não integrou nenhuma das coligações. Apesar disso, era simpatizante das duas candidaturas (a de Julianelli e a de Washington). Confirmou que deixou os ‘santinhos’ no prédio mas disse não se recordar de como os obteve.

12. PMDB e PSB negaram qualquer envolvimento com a confecção dos ‘santinhos’, bem como afirmaram desconhecer os responsáveis.

13. O dono da gráfica, Vagner Rodrigues Dutra, informou que prestou serviços a Washington Reis e que ‘possivelmente’ os santinhos possam ter sido confeccionados por sua empresa e que, neste caso, o contratante teria sido Washington e que os documentos relativos às contratações estariam à disposição, na empresa.

14. Washington Reis de Oliveira foi qualificado indiretamente e indiciado pela autoridade policial como incurso nas penas do artigo 331 do Código Eleitoral.

15. Encerrada a apuração, a autoridade policial enviou os autos à Justiça Eleitoral.

16. A Promotoria Eleitoral de Resende-RJ declinou da atribuição em favor do Procurador-Geral da República. O feito foi equivocadamente remetido à Procuradoria Regional do RJ, que ratificou o pedido de remessa ao PGR, deferido pelo TRE/RJ.

17. É o breve relatório.

18. Preliminarmente, observe-se que o indiciamento constante de fl. 103 foi realizado pelo Delegado de Polícia

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Federal em 4 de junho de 2012, data em que o investigado

Washington Reis já exercia – desde 1º de fevereiro de 2012 – o mandato de Deputado Federal.

19. Incidindo na hipótese o artigo 102, inciso I, letra ‘be da Constituição Federal, o indiciamento é nulo, porquanto o apuratório deveria ter sido imediatamente encaminhado a esta Corte. Todavia, por desatenção da autoridade policial, continou tramitando em primeiro grau até ser remetido ao Ministério Público Eleitoral que, percebendo imediatamente o equívoco, incontinenti requereu a remessa dos autos a esta Procuradoria Geral da República.

20. A extinção da punibilidade merece ser reconhecida, em razão da prescrição da pretensão punitiva.

21. O fato ocorreu em 1º de outubro de 2010. Ao crime do artigo 231 do Código Eleitoral é cominada pena de até 6 (seis) meses de detenção e multa.

22. A prescrição se dá em 2 (dois) anos, na forma do artigo 109, inciso VI, do Código Penal, prazo esse que restou transcorrido entre a data dos fatos e a presente, estando configurada a extinção da pretensão.

23. Nestes termos, é o caso de se reconhecer a extinção da punibilidade, com fulcro no art. 107, IV, do CP, com o consequente arquivamento do presente feito.”

É o relatório.

DECIDO.

Os autos foram distribuídos em 21/11/2012, vindo-me conclusos no dia seguinte e, no dia 26 do mesmo mês e ano, determinei que fossem encaminhados ao Ministério Público Federal, que se manifestou, em 27/02/2013, no sentido do levantamento da Folha de Antecedentes Criminais do investigado, a fim de propor transação penal.

Levantada a FAC, o Ministério Público propôs transação penal, em 07/06/2013, e, intimado, o investigado recusou a proposta, em petição juntada em 01/07/2013, em razão de que dei vista dos autos à PGR, em 12/08/2013, que se manifestou, em 26/11/2013, no sentido da extinção da

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punibilidade em virtude transcurso do lapso temporal de 2 [rectius: 3 anos] entre a ocorrência do fato e a presente data.

O Ministério Público Federal referiu-se, equivocadamente, ao prazo

prescricional de 2 (dois), previsto no inc. VI do art. 109 do Código Penal, que a passou a ser de 3 (três) anos com a modificação operada pela Lei n. 12.234, de 5 de maio de 2010, vigente à época dos fatos.

Contudo, mesmo considerando o lapso temporal de 3 (três) anos, a prescrição da pretensão punitiva consumou-se em 02/10/2013, considerada a data dos fatos em 1º de outubro de 2010.

Ex positis, julgo extinta a punibilidade de Washington Reis de

Oliveira, pela ocorrência da prescrição, com fundamento no art. 3º, II, da Lei n. 8.038/90, c/c art. 109, VI, do Código Penal, e determino, em consequência, o arquivamento dos autos.

Publique-se. Int..

Brasília, 4 de dezembro de 2013.

Ministro LUIZ FUX

Relator

Documento assinado digitalmente

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