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; n<rí r"*
m
m
»
ih»»
POEMAS
DEDICADOS
AO ILL"
SENHOR
ANTÓNIO
JOSÉ
MARIA
PEREIRA
COUTINHO
DE
SOUSA
FREIRE
E
MENEZES
Moco
Fidalgo da Cafa de S.Mageftade
,iSa &c. &e*
í>
ó r
JOAÕ
ANTÓNIO CARVALHO
RODRIGUES
ESILVA.
COIMBRA:
Na
Officina
Regia da
Universidade,
DCC. LXXXXI.
Com
Licençada RealMeza
daCommiflao Gera} Jobre oExame
, eCenjuradosLivros*«MWftMMMMH
i ÊL
i
i"
AO
AUTHOR
SONETO.
Vy
Om
feuscantosHomero
fez-feeterno *Em
tubas d'ouro Achiles entoando,O
SabióMantuânò modulando
,Com
Eneaspaííou o lago Averno.Pindaro grave , Anacreonte terno*
O
grande Horácio, otrifteOvidio brando,Camóes
,Taco
, Volter, Milton ,cantandoSe
fazem
dignos de louvorfupemo.
Á
eftesnunca os evos vòradoresA
fama
eclipfarpodem
;nem
carcomeO
Tempo
osaltosVatesfup'riores :Também
ati Joranio naõconfome
,Pois datuaalta
Mufa
os efplendorésDo
©feuro Lethesfalvará teunome.
De
Manleo Conimlricenfe.^p
AO
ILL«
SENHOR
ANTÓNIO
JOSÉ
MARIA
PEREIRA
COUTINHO
DE
SOUSA
FREIRE
E
MENEZES.
CARTA
DEDICATÓRIA.
E
M
quanto aminha lúgubretrijíezaBrevetempode tregoas
me
concede,A
tiPreclaro , everdadeiroAmigoínvioosver/os , que inda implume
génio,
Em
vagas horasme
diãou ãlyra :A*tuafombra vaobufcarazylo Contraastormentas, quefulmina
ainveja.
Eu
bem conheço , que hao dejermordidos«w
Carta
Por
ferempartode nafcente vate.talvez me
digao, queodivinoHoraciaTomou
alyra ,quando as cans nevadasMal
povoavao a rugojacalva.Mas
quemnao penfa queosprimeiras verfos,g^uee lieforjaranos
J
eus verdes annos,Por
falta d'arte,fepultadosjazemNo
tenebrofopôdo efquecimentoPPara
efcrever asOdesmageftofas ,§h(e as
Mufas
nosf
eus cânticos recitao%Era
precifo terjãfeitocalloSua
alma grandedef
aliarem
metro;E
feaosHoraciosfócompete a Ode9TalvezquenuncaPortugueza
Mufa
Altiloquo louvor
em
Odesteça.De
Venofa o Cantortevehum
MecenasjDe
cujaejlirpea Lufitanaterra 9Fecunda
em
génios, naobrotouvergonta.He
verdade, Senhor, queneffestemposEra
odivinodom
daPoefia,Mara
mercê, que aoMundo
o Ceomandava
f $>hialCometa defeculos, afeadosRum
Vate apparecia, ecem CidadesD
ED
I CA
T
"ÒR I A.Dafua
Pátria agloriaâifputavao;E
quehojeoslagosd
1Hipocreneentulhaõ
Gárrulasraas, que
em
vaoApollo enxota.Sepeloscamposdo
Mondego
ejpalhoTímidosolhos ,infe/lalosvejo
Milhões decorvos , queincejfantesgrafnao$
Naõ
feiquaesculpas contra nosarmarãoA
Maõ
Tonante , que as esferas move ,3ue em
vez de raios emcafligomanda
Enormesbandos deinfemaes Poetas!
EJla tropa cruel, que indaaosmaisfenos
Fere, ejloquea coimportunas trovas ,
Erra
vagando por Cafés, e Ponte,A' maneirade cegoprazenteiro,
§hieopovo ajunta co'acomporta , ou chula.
He
precifofugir dosf
eus ataques,Como do coo damnadopelas ruas\
Felizdaquelle, que.aos ramofosdentes
De
confiantepachorra efcapa armado!Porem
deixando a caufa,em
queeunaopoffh-Reclamente julgar> por ferfufpeito ,
JOenovotorno aoextraviado afiumpto. Ajjimhe, queefiesver
f
os, que te offrecoBa-mÊmmmÊÈÊÊm
Carta
fBafejadosnao
f
aodas fabias Mufas.Arte profunda, que osengenhospule, ( Depois de longasnoitesde vigílias )
Inda nao limameusf.ngelos cantos;
Porém
naofalem dalifonjainfameAo
rèffabio gojlojo a impuras bocas:Curtesefiudos , branda natureza
Nas
mãos mentregaõa fonoralyra,Sincera gratidão nas áureas cordas
Me
adfftra osdedos , e omeupie tiroguia»Ao
mefmopaffo, queAmizade fanta,Nos
f
eus altares, voluntária offertaFazer
me
ordena defia tofca rima. Setu nao foras, meu lllujlrcAmigo 9Da
minhacitharahonradortao alto%8'
em
teuamávelpeitonao pularaHum
coração , queas cândidas virtudesA
fuásleismoldarão providentes ,Nao
fe atrevera a levantarovoo ,§hte.mfohre osaresindamaladeja.
Porém
, graças aos Ceos, tenhohum
Patrono%ghtefôe/lima accidentalnobreza
Comodegrão, queao Templo da Virtude,
Om-.
^s
Dedicatória.
Conduz , quem anaõmancha com
f
eus feitos\
fios afcendentesteus as acçõesgfandes
*
Naõ
infunao tua alma, antes teexcitaõDefejosdeaugmentar feu nome, e
fama
;E
dentrodeteu feitoferve agloriaDe
cultivar asletrasbrilhadoras.Comtigo nocerrado gabinete
4s
tímidasCamenasfe agazalhao,Banidas depelloesauri-foberbos,
6)ueporartenaoter as naõeflimao.
Ah
! Senhor, eu naopop
fem
doer-meDa
ingratafortedefia ejlultagente,£
memoriatrazera mofainfana ,Com
que na Poezia os olhosf
ta!Alguns, cujosAvôs, nédios labregos
Do
auriferoBrazilnasfundas minas,Forao catar asfulgidas riquezas,
Porquea cega fortuna osprotegera,
Traidódereftoo PovodoParnafo ,
E
como agentede outramapa
encarao Çoaquelles, aquemdeo Apollo opleãro.Julgaotalvez , queas nítidas Sciencias
Nao
devem figurar; porque naõtrajaõFafi
+m
1
1C
A
RTA
D
ED
I CA
T,T?afíofasfedas recamadas d'ouro;
Nem
asfuásentranhas lhedevoraA
fome nunca farta de riquezas.Mas
jáque asMufas
temem
tiabrigo,Pois que
f
ahesque ohomem
feraf
ciênciafHe
noMundo
, qual plantafem
culturaz
-Efesconfunderecebendomeigo ,
Como
coflumas , afnceraoffrendaDa
minhaMufa
,fô por tifublime;Atéqueraie
hum
dia,em
queadefradaAo
cumedo Parnafofe remonte,E
apardApolloco7
as Camenas urda
Alti-fonoros defufados hymnos,
JDetuagloria, ede teunomedignos»
MMMMMMft^
AO
ILL."
SENHOR
ANTÓNIO
JOSÉ
MARIA
PEREIRA
COUTINHO
DE
SOUSA
FREIRE
E
MENEZES.
ODE.
Amo
viçofodosCoutinhosclaros9Dos
Soufas, dos Pereiras , queeííenderaóOs
íeus feitos preclaros ,.Além'da eícura morte, quevencerão;
Cujo
tronco excellenteDe
Heroes fempretem
íido florecente;Se
em
annoíasmedalhaste naô moílroDe
teusnobresAvós
altas façanhas \Se
mmm
(2
} Sc adulando naóproftroCurvadasateuspésnaçóes eftranhas«
Inimigasbandeiras ,
Vencidos Efquadióes, rotasfileiras.
Sem
immolar
profanosfacrificiosNo
torpealtard'adulaça5faceta,Domando
horrendosvícios sHeróica
empreza
datuaalmarefta*Te
pinto valerofo,Em
fagradas virtudes refpeitofo.A
Cefar, aPompeo
dequeferviraÔ
As
cruentas batalhas , que vencerão ?Quaes
gloriasadquirirãoSe por mira
ambição
fempretiveraÕiS'emprezasde
coragem
Defempenha
também
ferosfelvagemíOuvirão
cpmo
tu a indigência,
Alçando
asmãos
, rogar pelosfeus diast
Que
fignaes declemênciaDevíamos em
fuástyrannias?Que
importao fangue illuftre ,Se o naócirculada virtudeoluítre ?
Em
quanto adulaçãod'hum
lado incenfa ,Afiliara
geme
a oppreílahumanidadefLucrando
em
recompenfaDe
feus feitos oroubo , e crueldade ;E
clamaõ pormemoria
,Depois vingança as paginas dahiftoria.
(3)
Na
fatalhora,quando
tudo hepranto,;
Rafga-fe amafcara, e apparece o
homem
9Remorfo
, dor, efpantoRifpidos naó confentem quefe
domem:
Torna-fe o
Heroe
bravoDas
fuásmefmas
afflicçóes efcravo.Unir
a mageílofo nafcimentoOs
doces atra&ivos davirtude,Sublime luzimento,
Que
faz igual ao Rei o zagal ruderHe
fóquem
fazno
Mundo
O
homem
digno de louvor profundo.Se noshórridos
campos
deMavorte
Naõ
brandeslargaefpada;Se a
maó
daguerraforteCo'a
palma
tenaó croaenfanguentada ;Tens huma
alma fubhme
,Que
armada
daRazaó
oviciooppnme.
Sacras Virtudes, Génios Soberanos ,
Que
tendes fobreosCeos
berçosdquradosSó
porvósoshumanos
Saó
dorigorda morteexceptuados;Por vós do monftroavaro
Triunfa o
meu
Heroe
, por vóspreclaro,w
(O
AO
FAMOSO CAPITÃO
DA
ÍNDIA
FRANCISCO PEREIRA
COUTINHO,
Depois Capitão, Governador , eSenhor
da Bahiãi
ODE
I
fronte
ínonftrò , tu lifonjainfame§A quem
almas pequenasEícravasdòinterelle § altares
erguem
,Nao me
pintes aos olhosAcções , queoteu burileivado lavra;
A
pardaminha
lyra fórevoaVerdadeinconílraftavel
,
Que me
ordena levar Coutinho aos AftroSíDas
friascinzas defteHeroe
, queeu canto fE
que a morte refpeita,Naõ
heprecifomendigarlouvoresNas
paginas dahiítoria;(5)
Teftemunhas
, quêoTempo
na6 foborna,
Saóosbrados confiantes, que retumbaõ,
Num
, en*outro emisferioCunhadas
pelarnaô dahonrofaFama.
A
famintaambição de reger orbes,As
ferrolhadas portasNaó
deftranca, doTemplo
formidávelDo
Sanguinofo Jano:Mais
nobres caufas pejaó a grandealmaDo
meu
fublimeHeroe
; co'dedo a guerraViridica
me
aponta,Verter feufangue porfervir a Pátria,
Da
plaga Occidental corre goftofo,Té
aoberço do dia,O
Lufitano deftemido Alcides:O
furibundoMarte
Toma
atarefadeo veftir debronze;
Saó do
Ganges
oscampos
a paleílra;E
doTemplo
daGloria.
De
parem
par as portas felhe abrirão.Ao
lado d'Albuquerque que inda vive,D'um
Gama
,dum
Almeida
(a)Do
(a) SaõexpreíTos na doação queo SenhorD.JoaÕ III. feza
eíteCapitãodosterritóriosdaBahiaosfeusimportantes ferviços nas
fegumtespalavras .. . ,, Pelo querefguardando euosmuitos
fer->,viços,que Franciíco PereiraCoutinho, Fidalgodaminha
Ca-jj ia,a EIReymeu Senhor, ePadre, quefantaGloriahaja,
?? eamimtemfeitoaffim neítes Reynos, corno nas partesda
í, índia, aondeferviomuito tempocomoCondeAlmirante, e
*>—
4M
(6)
Do
peito ardente de CoutinhobrotaãCrebras acçõesterríveis:
SanguedeHeroesnas veias lhe fervia,
E
onome
Portúguezante os feusolhos ,
Os
perigosda guerraSuavespinta, daventura orlados.
Irofo afeufuror os diquesfolta,
No
fogodabatalha,A
fulgurante efpadafopezando,Qual
indómitoRio
,(
Que
arraza osmontes
naferoz torrente)Muralhas
defmantella , oscampos
talla.
E
a feuarbítrioefcreveLeis á guerra,aofuror.aofogo , e amorte*
Por
largotempo
, o Lufo-IndicoImpério
Os
áureosfrudos gozaDo
deftemidobraço, que nao poula;
Porém
de Lifia bellaA
implacável faudadenaÔconfente , Qile aFama
lheguarneçaa fronte .nv.aa,^
Sem
queellaem
feuregaçoLhe
enxugue
orofto de fuorbanhado.Aflim he que á
morada
daseítrellas
Alça Coutinho os louros ,
Que
Lifiainterlaçoudehonrofas graças.^
^^Ímercê,
comc,ue o SenhorD
JoaóIII.**%**%
foWevoe, na mefrna Do^çaõfe
^^^
&*
&»par, .,cê, irrevogávelDoação
entre vivos , vareu
X 7 I
Mas
oHeroe
verdadeiroO
pavimentod/ocionuncapiza ;SoboLethes mergulha ofeurepouíoj
Quando
aHonra
da PátriaDe
incanfavéisfadigastem
por meta.Do
rizonho Brazil tu florviçofa,Que
affogadajaziasDos
tetros errosnos lodofos charcos*Exulta-te
em
timefma
,Abrolharáteu feio, e a
mao
benignaDo
providoCultor , quevairegar-lQi
Os
teusfloridos ramos,Farátocar asapartadas nuvens.
Topinambás
foberbosblazonavaóNas
margens da Bahia ;Apavonadas plumas ondeando
Nos
cucares erguidos 5Entre nuvens deTetasvenenofas
O
Capitãovalente arrofta forte ,E
pela Pátria juraOu
dar a vida, ourematara
empreza,-Qual
o
LeaÕ
raivofo, que açoutandoAs
^Xlmpre
de juro, herdade Paraelie^
ó;
^.
fil
J^
Mm*
&â2»(8)
As
ilhargas co'acauda,Dos
olhos fuzilando accefosraiosjEftragos
ameaça
,Faz
nos bofquestremer quanto refpiraAíiimCoutinho,mortes fulminando
,
Portoda a parte efpalha
Torvos
influxos , núncios deruínas.Sombrios
Manes
dosCoutinhosfortesfQue
eítranhas alegriasVos
aiíaltáraõ ,quando
fobreoscampos
*Dos
que habitaes fepulcros,Viftes aquelle,
em
cujopeitofaltaDe
tantoHeroe
obrio refiltrado,Fazer tremer Mavorte
Do
duro braço, que a feumolde armara?IndareíToaõnas Baianaspraias
Os
gritos efpantofos,Que
oschocalheiros ecosreproduzem,Defde
quando
alaflradasDe
mortos , viraó aboiarcardumesDe
baííentosfelvagens, fobre asondasDo
fangue fumegante,Que
omar
d'azul,em
rubro transformara.Agora
hetempo
,Mufa
, erga-feovoo:Pode o ti
mi
do fçrftoEmbotar
a conftancia, que ataviaA
citharaThebana
?Comtigo
combaterquem
pode quandofA
par dal.ma verdade luminofa-,M»
(9)'
Acçõesgrandes entalhas,
Nos
brilhantespadrões da EternidadeíMas
já doaugufto carro fedefmandáô
Meus
fogofos Ethontes ,já
defunidos , facudindovoaõ ,Os
diamantinos freios ,Eftequetocohe d'Oceánooteclo:
D'Apolloardenteos raios
me
abrazeaoNovo
ícaro fertemo
,E
dar anovoEgeo
co'a morte o nome.*IO
AO
ILL»»
SENHOR
MANOEL
JOSÉ
COUTINHO
PEREIRA
DE
SOUSA
E
MENEZES.
ODE
SAFICA.
P<
Or
mais queeu cure cTenfrearmeu
eftro3Veda-
mo
Clio, a cujasLeisme
curvo,liHa
me
apara aluminofa penna,Ella
me
infpira*GentilDonzella, eulanço
maó
daofFerta ,Moio
da inércia, oshombros meus
fubmetoAo
pezoenorme
de canções fublimes,
Que
tume
apreftas.Hum
novogénio , queno facroPindoSecriaardente, aos feculos futuros
Dará
matériaa nunca ouvidocanto,
Será
mçu Numen*
Cou-t"
Coutinhoilluftre, tu d'Heroeshafcido,
Gloria, e difvellode Apollincaslidas,
Em
cujo peitofobrefahehuma
alma Ávida <J'honra:Efeutaalyra, que nafrente
marcha
De
hymnos
eternos, zombadores devos5
Tu
bem
conheces quantopodem
VatesSobre as idades.
Se
querem
,fazem
defandar o carroDo
Pai deJove, deNeptuno
, e Pluto \Se
querem
, rafgaõ dofuturo cegoO
feioobfcuro,O
Padre Apollo, que tedô*aalira,Em
áureos cofrestem
limados verfosfQue
haó-delevar aos globosrutilantesTeu
claroNome,
Naõ
hamyfterio recatado aosDeofos ,Delio conhecedas acçõespreclaras,
Com
quehas-de honrar a bella idadenoííaaO
inteirofio?)
Mas
ah! dos olhos confundidosfogem
Brilhantespalmas, refulgentesc'roas!
Co'ellasa frontecircundar-te efpcra
Hum
dia Lifia.Nem
d'outrafortefueceder podia:Naõ
podem
Cifnes produzir de Corvos ,AVi-(
^
)Avitas honraiscTincentivosfervem
A
peitosnobres,Eu
naóteadulocom
cinzéis fingidos,9Também
predigo oráculosem
Delfos ;Naó
fou Caffandra; tu naóésJroyano
jQanto
verdades.MHMMBfeNrtrifHMBl
(13)
AOS AN
NOS
D'
AN
ALI
A.
ODE.
V^
0'a
foice defabrida aos pés proftrada,O
rifpido cabello mais compoíto ,Ricamente
veftido, alegreorofto ,Ouve
Analia engraçada ,O
Deos
das Eftaçõesfempretriílonho ,Nos
teus annosrizonho.Aliados Cupidinhos revoando
Em
torno , excitaòfeftivaes porfias ,Jogos ofFrecem a teus bellos dias
Mil
voos levantando :Pedem
aoRei,quehum
pouco mais clemente,Os
teus dias augmente.Carregada de novo a catadura,
Callar o
Tempo
manda
a turba inquieta,Que
afeuaccenohum
pouco maiss'aquieta(
n)
E
aImpulfos da ternuraNos
livros dosdeítinos folheando?Aííím lhes vai fallando»
v
Apenas
yio Analia a luz dodia,?,
As
horas diligentes por
meu mando
>l,
Lhe
foraô longos annos deftinando,,, Contra a morte fombria,
3,
Eu
fou o Protector d'Analiabellat„
Naõ me
rogueis jpor ella.?, Irrevogáveis
mandos
dos Deílinos.,Antesd
5
ellanafcer
Grande
a fizeraõjv
Privilégios, egraças concederão,,
A
feus dias benignos,,,
A§
virtudes, que oberço lheembalarão,, Daítos dons a dotarão*
3,
F
ternoshaó-deferentre oshumanos
5SSeusrarosdotes pelo
Ceo
formados ,3,
Os
feus dias feraó eternizados„
Nas
épocas dosannos ;?l
Nem
podegolpear a foicerude„
A
invencívelvirtude,,,
F
vós , tropagentil, quetantosmolhos
R\ D.agudas fetas , degoíloíos laços,
,, Enredas-te deNeri para os braços,
,,
Vendo
d'Analia osolhos ,,, Vivei , vivei contente, eu fou aquellc
„
ProteCtord'ella, e d/elleeAf-f
15)
Affimacaba o lúbrico avarento,E
a turba deixa davifaó goítoía,Teu
nome
, bellaAnalia graciofa ,Sobre asazas dovento ,
Três
vezes repetio entre clamoresA
turba dosamores.f 16 J
AO
SENHOR
THEOTONXO GOMES
DE
CARVALHO.
ODE
SAFICA.
A:
Mado
Tirce, femeus
rudesverfosJá n'outro
tempo
porti foraõlidos,Ternos
clamores novamente alçadosPlácidoefcuta.
O
CinthioNumen
, quevoltea odia,De
verde louronaõme
cinge a frentefNem
fuásFilhasme
concedem
gratasDeifica lira.
Mal
torneados faómeus
tofcos verfos;
Porém
fmceros da verdadefilhos,Inda que infauítos ,pois que faõgerados
D'aridoengenho.
_—
.
(17)
Tu
quebigornas immortaespoemas
,No
erguiçtocume
dopartidomonte
,Que
a par d'Apolloco'asCamenas
cantasNoites, e dias.
Pizaateuspés ofanguinofomoftro,
Em
dura guerra contramim
armado
iVerei fundida na maiorventura
Raivofaeftreila.
Porém
que novo defufado gofto Súbito cercameu
feridopeito?Que
luzhe eftaqueosmeus
paííbsguiaIMinha
almapula!Ah
queem mim
finto naturezanova!
Venceíte, ó Tirce, o
meu
ferrenho fado:Jih. ! quanto
podem
fobre omundo
inteiro
Tuas
Virtudes !è^
v
v
jL
<|4* «$? 4fc. >fODE
-<4ÊÈmBamat
mmmm
m
iODE
SAFICA
AO
SENHOR
THEOTONIO
GOMES
DE
CARVALHO,
A
Ma
do
Tirce ,poderofo azyloDas
LufitanasdeívalidasMufas
,Em
quem
me
deraõ osbenignos Aftro*.Alto
Mecenas
:Embora
eícute fibilandooufadoGuerreirofilhodeGradivoirofo ,
No
Mareio campo
,em
fangue , epó
envoltas
ígneos pelouros:
Ao
rouco eílrondo de horrorofas tubas .Ligeiro voea receber amorte ;
Scintilar vejafobreílpendente
Nitido
gume
:A
vidafiede ferventes ondas,
(*9)
Exporto áfúria,mercador affoito,'D'horridos ventos:
Na
efcuranoitecom
ferenoafpecT:o ,Rafgando
os ares., a travésdos Pollos *O
duro nauta flamejando veja Fulgidos raios:Imprima
o ricoos mendigados timbresfNa
erguidatefta doPalácioaltivo ,Furtandoaos olhos entreasnuvensdenfas^
Dóricostectos:
Adore
cegooschapeadoscofres,Que
gemem
prenhes dometal luzente>Entredefpidas , fordidas paredes
Mi
fero avaro:ÂíTimliberte , na futura idade,
Das mãos
efcaíTas dosmefquinhos annos3Soberbo nobrefeu recem-nafcido,
ínclito
nome
:Co'averde
rama
dofagrado louro 9Premio
devido aos Apollineos Vates9Pode
tocar aminha
ornadafrenteLúcidooGlobo.
Ah
!seu
configo a defrnedidagloria,
Que
aminha
cithara atéagora rouca,Guarneça
oNumen
de LatonafilhoDas
áureas cordas,Er-m—mm
(20
tEntaó ,ó Tirce , levantando aosare$
Em
teuslouvoresfonoroíb.s veríbs,Além
dos evos levarámeu nome
Rápida
Fama.
®
*>®
& & ®
$;®
® ®
9í <Sf i$®
<# <$ <g® ® ®
.®®
i£®
@
<sODE
(«
>ODE
AO
SENHOR
THEOTONIO GOMES
DE
CARVALHO.
N
A
defpida defgraça ,em
queme
vejo,
Porinfluxodos fados ,
Naõ
rogo aosCéos
,ó
RefpeitavelTirce,Que
me
igualeaos Validos ,A
quem
fortuna pródigos thefourosCegamente
reparte.Altos Palácios ,jaJpeadoste&os
De
damafeoscubertos ,ÁureascarroíTaspor Frisóestiradas*
Serpentinas brilhantes ,
Bordadasfedas, queOrientevende
A
groíTòpezo d'ouro,Por
quem
arou omercadoravaroOs
azuladoscampos
,Que
aJúpiterundofoem
forte coube,O
coraçãod'hum
PoetaNaõ
podem
cativar >bens empreitadosI 22 )
..Saóeftesda fortuna
,
Muitasvezes pedidos ;
meus
defejoiTem
origem mais nobre,
Invencível a
maó
doefcaílbtempo.De
quevaleo a Creífo Inexhaufta riqueza , feofeunome
,
Naó
excita nasalmasMais
,do queideas demontanhas (TouroI
O
Cantorde Venofa ,A
quem
nalyra tufuave imitas,iJeixou-nosmais íhefouros ,
Do
queeífesque produz ovaíto feiaD'America
opulenta.A
maõ
funefladafombria morteA
tudoimprime
ofello:Eftatuas de vaporfaÓ as grandezas t
Que
inda omais brandovento$Com
qualquer fopro fubito decipa.As
Aonias Deidades ,Qiie o ferherdarão co;
as divinasLyras}
Da
morte naõreceaõOs
violentos golpesdefabridos.Com
elías fó quizeraUnir-me
detal forte , quehum
inítantcsNaó
viverafem
ellas.Os
dourados pimpolhos , quebrotavaóDas
minhasefperanças,Pordecretos dosCeos , que humilde adoro
Em
florforaó cortados :Traidora
maõ
quebrouolongo fio ,Que
aoTemplo
das Sciencias ,Os
meus
pálios guiava.; engenhodarteFi-In)
íicou
fem
a cultura ;Mal
conheçoas bellezas, querealçaâO
Manttiano Cifne ,O
Cantor Venufino , oGrego
Vate jMas
ardem
naminha
almaAccefaslabaredas , qtiénastrevas
Guiaõ meus
penfamentos;Dormem
comigo
nodefpido leitoO
Camões
, o Ferreira ,O
SublimeGarção
, honra d'Arcádia jPor
quem
choraõasMu
fãs ;Nellesencontro omel, que adoçagrato,
A
picante amarguraDos
trabalhos daminha
infauftavida9Seaffim chamar-lhe poíTo.
k
' (H
) ¥<Tí4^ODE
AO
EMINENTÍSSIMO senhor
CARDEAL
PATRIARCA
M
E
N D
O
Ç
A
NA
SUA
SAGRAÇAO.
E
Corinthiometal, ouPario jafpeS'eftatuas naõlevanto ,
Que
excedendo doMundo
ás maravilhas ,Levem meu nome
ainda além dos Poílos,Faço
fublimes veríbs,Que
osHeroes
eternizaõ,Que
rebatem dotempo
afúriabrava.Voem
meus
ecos pelovaftomundo
,De
clima ,em
clima levemNas
azasdolouvormeu
alto canto,Em
honradefte diamageftoíb ;Ao
eílelifero aíTentoMeus
hymnos
Teremótem
,Pelas
mãos
das Virtudes conduzidos.f *3 )
Que
forteagitação! queenthufiafmo1Me
inundaafértilmente
!Dos
faifcantes , incendidos olhosVivo lume
fcintila, quaes fcintúaóDo
Sol osclaros raios!Qual
trovaó crepitanteEftalle, ó
Mufa
, a tuavozruidofa;Co'as pandasazasos cerúleosares
Vaiabrindo ligeira; j'.
;-Calçandoaltocothurno aoPindofóbe f
Deificalira
empunha
, asacções louvaDaquelle
Heroe
Sagrado,Cujas
mãos
dos thefourosDa
Divinapaleftra as chaves guardaõ.Em
noíTo canto obom
Paftor louvemosíQue
osrebanhosdeLifiaExtremofo
apafcentaI AltoCollegaDo
Sábio Palinuro , queabre orumo
A' BarcaMilitante ;
Que
d'eftuofas SirtesExperto aparta
o
efcolhido Povo,Louve-feaquelle, que nainvicta frente
Dos
Efquadróesluzidos ,Cantando
deAdonai
onome
Santo ,As
hydrascalcadomedonho
vicio :Valerofo Atalante ,
Em
cujohombro
da IgrejaA
luminofaesferafefuftenta.*** ii
AyoeA
.^-WÊM
( 2
6)
Aquelleantigo 3ja-fepulto
tempo
*Sufpirado das gentes ,
Quando
omal
peftilente , e devaftanteOs
campos
delírael naóinfeílava,Porti refufcitado ,
Novamente
veremos,Em
noííoscampos,
que prudentezellas*Os
rebanhos , queamante
paftoreas,
Portinédios veremos ,
Nos Campos
de Sion apafcentadosiA'pacificafombra quelhesformas Co'a purpura íagrada
,
Do
iobo inficiavelNaó
temerão onavalhadodente»Enchente groíTa defelizventuraf
Qual
matutinoorvalho ,-Sobre nós cahirádo
Ceo mandada
,Em
noííobem
, por teuamor
pedida*Rebanho
venturofo ,Todos
osmaisteinvejaoQuer
nofrigido gelo,ou calmaardente.As
-Nações mais remotas do Univerfo*Quanto
abarcaOceano
,A
nobrehiftoriadas acçõespreclarasDa
tua vida cantarão vaidofas;Com
ellamais fuave ,O
pezado trabalhoFará o Lavrador , fulcando aterra.
An-mM
t *l )
Anjos Divinos, queefcuí-^s
mens
rogos,
Que
ante o fulgèhíSobre as venturasvigiaes de Liíia ;
Aprefentai os inceiTantesvotos
Do
Lufitano povo ,A'quelle
Deos
Immenfo
,Acujaviíiaosorbes eílremecem.
Nas
angélicasmãos
depofitadosLevai-os prefuroíbs ,
Depois do
Templo
daImmortal
Memoria
As
paredesvefti: fiquempendentes,A'gloria deftinados
Daquelle
Heroe Supremo
,Que
a Igreja inteiraregeráhum
dia.(28
).A'
ACADEMIA
DAS
BELLAS
LETRAS
DE
LISBOA.
ODE
SAFiCA,
_
S
frefcasmargens
do
faudofo
Tejo
%Que
os
muros
banha
da Gentil
Lisboa
,Meus
fortesveríbs
,qual trovão
que
foa
jRápidos
ide.Bufcai o
bofque
,aonde
fó
rezide
Alma
Minerva
do Alto Jove
filha ,Que
oufada
calca
,que
valente
trilhsjLanguidos
Erros.
Amplie
Inércia
diamantinos
ferros
,Ao
jugo preza,
vós
vereis
rugindo
;E
que
a
ignorância
,qual
Leaó bramindo
,Rifpida freme.
Em
(
^9)
Em
prizaõ dura
manietada
geme
A
torpe Inveja,
co'a
Difcordia
fumma
,Que
a
longa
cauda
,tendo
em
fioa
efpuma
,
Rábida morde.
Vapor
corrupto
,que do
Averno
forde
,Naó
mancha
os ares deíla fabia
Athenas
3Alli
o
Coro
de
Immortaes
C
amenas
Plácido
mora.
Quebrados
ecos
,inda
s'ouve
agora
,Do
Fanatiímo
,pelos
denfos
ares
,Em
pó
tornados
os feus
vis altaresJazem
por
terra.Aos
duros golpes
da
fanguinea guerra
,,Os
áureos
dias
de
Saturno
tornaõ
,Férteis
engenhos
Ulliífea
adornaô
;
Época
bella
!
Qual
n'horizonte
a
matutina
eftrella,^
Brilha
a
Sciencia
,que o Univerío
guia
,Que
aos piedofos níveos
peitos
cria ,Nítidas almas.
Aqui
,meus
verfos
,de
virentes
palmas
Ornai
asfrontes
dos erguidos
buílos
,Dos
Varóes
Sábios
,Memorandos
,Juftos
%Honra
do
Eftado.
A
voz erguendo
com
terrívelbrado
,Embriagados
de
furor
divino
,Ca
~m
mm*
{ 3° ")em
eílillodigno9 Cantai melifluos Altos louvoresLouvai osternos Delficos Cantores*
Que
dilatandod'Academia
a gloria fVaõ
osÀnnáes
da Lufitana HiftoriaDignos
fazendo.Com
vivascores,como
eíláfervendo ,Sevós pintareis , no
meu
forte efpritojO
Amor
da Pátriainalterável fitoDe
heróicos feitos;
A'voíía gloria vos feraõ fugeitos
Os
devorantes incanfaveis annos ,Mais
do queosGregos,mais do queosRomanoi
Tereis incenfos.
( 3i )
ODE
NA MORTE
DE
S.A.
REAL
O
SENHOR
D.
JOSÉ
príncipe do
BRAZIL.
D
1E
rígidodiamante , ou rijobronze JQue
peitodefpiedadoNaó
eftalla de dor, na infanda perda,De
Principe taó çharotMelpornene
Sagrada , queprezidesA
ltóuoíbs hyrnnos,Triftes nenias m'eníina , brandas queixas
Na
di(TonanteLyra !JOSÉ
5 ! charoJOSÉ
5 ! Principeamado
!Modello
devirtudes !A
noííos olhos de chorar canfados ,Em
que lugar íe efcondes ,Que
osquebrados gemidos naó efcutasDe
teuaffli&oPovo
?Em
vaógritopor ti! tu já naõ avesAs
enrolladas nuvens**!
(32)
De
crefpofumo
dos cavadosbronzes9 Defconcertadas vozesDe
horrifonos tambores,roucas tubas%O
tropel dos EthontesDe
luctuoías veftescarregados ,(Lúgubresapparatos
Da
laítimofairreparável perda)Mudamente
nosmoítra,Que
erguidaCampa
já teus olíos cobre!Ah
! Lifiadefgraçada ,Que
profundolethargotefepulta!Que
bárbarodeftinoDa
tuaaltaventuraem
flordecepaA
douradaefperança?Qual
dos Paílores teus, qual dosteusfilhosg Entreferasgerado,
Em
raivaacceíb ataílalhoumordendo
As
entranhas paternas,No
verde-negro fangue asmãos
lavando}Ou
qual novogigante,Infame
efpada contraosCeos
erguendo|
Acumulou montanhas
Para doSacro
Empyreo
apoderar-fe?Ah
! LifiadefgraçadaQue
profundolethargo tefepulta!Já mais veraõteus
campos
O
Primogénito
,e querido filhoDe
PEDRO
, e deMARIA
,De
quem
femprefeguio confiante ospadoslMais
que Titoy ePornpilioDa
Luhtana
gentehe íufp irado!De
todaapartecruzaõ
(33)
Falanges degemidoslaftimofos!
Pelas praçaschorando ,
O
fielpovo , triftes aislevantaA'
morada
celeíle ,Pedindoaos
Ceos
o Pai ,quea Pátriachora1
Ah
! Liíiadefgraçada,Que
profundo lethargo te fepulta?O
fabio , onobre , o rude,O
robuftomancebo
,ovelho curvo,
Aílim
como
pafmados ,De
pranto o rodo banhaÕ , recontandoHuns
aos outros o caio:E
neftatrifte , dolorofa fcena,Atéfe nosfigura,
Saudofa voz
chamar
feuNome
AuguítoSEntaõaíli recorda
O
foldado chorando, obem
perdido jO
Séculodourado ,Em
que veria nafiel balança ,Equilibrar opremio
Dos
illuftresferviços , quefizera.Que
entaónafósdoTejo
,As
LuiltanasQuinas
tremulando,Boiantes , curvos lenhos
Se
veriaõ entrar prenhes depalmas ,No
Ganges
arrancadas:Dos
Manoes", e JoaqsrenaíceriaO
bellicofotempo
,Em
queò PortuguezÍSfo.me eratemido ,No
antigo , e novo.Mundo.
Porém
de tantos bens dignosnaôfomos
.Maldita fejaa culpa
^MMHMMtaMM
(34)
Do
Pai primeirodonde amorte herdamos!Hydropico defejo
De
quererigualar,quem
tudo regefTu
nosroubai anuelle,Q4ô
foube triunfardos torpesvícios,Da
impolada foberba,Que
em
tornogyra dosdouradosThronos
lOs
cajados, e fcepírosTu
reduzes apó
, que o ventoleva !Naõ
valerão comtigo Virtudespeilbaes , engenhoraro,Penetração fublime ,
Com
que fempre bufcou feguir ospaíTo&De
feuAvô
eterno,
JOSÉ'
Primeiro dasNações
Amado
lMas
ondeme
arrebataDe
Vaflalofieloamor
ardente iNas
azas do tormentoDe
balde voaõ noíTos ais canfados!Eípirito Divino,
Que
na eterna Sion oNome
cantasDo
Author da Natureza,JuntoaosMaioresteus ,que
em
pazdefcançaô,\já que
em
triíleorfandade Deixaite oPovo
, que portifufpira;Ouve
as fupplicasjuftasDaquelle que na vida tanto amafle.
Ao
Ente Poderofo,Que
oThrono
occupa na celefte esfera D'eftrellasefmalíado,
A
vidarogadeíleHeroe
Benigno ,Em
quem
vemos
gravadasTuas
-(35)
Tuas
mefmas
virtudes fcintilaníes ;JOAM
PríncipeAmável
,EfperançadaLufa
Monarquia
,Do
Bragantino Eftado ,Por
quem
veremosdilatada aprolejiA
prole fempreinvida.ífct^T^rHíiríC
ODE,
jMm
'.«
" »f
36)
O
DE,
v,
Ol
vendo
a rodao prefurofoTempd
.Arraítra apôsdefi osbrevesdias;
Nem
defeusgolpes felibertaaomenos
A
pedra, oferro, o bronze.Sentado fobremontes de ruínas,
Dardeja dannos ahorrorofa dextraf
Ao
ludibrio dos ventos reduzindoOs
Palácios, as torres.No
theatro doMundo
, apenasmove
A^prolle
humana
os mal-fegurospálios *Vê
ante osolhos da mortal carreiraA
ultima baíliza.Mais
veloz , queo fulgor doaccefo raidMorre
da vida ogerme
luminofo;E
muitasvezes entre o berço, e a
campa
Breveinftante medêa.
D'altiva
Rhodes
os ColloíTos faliem,De
Babylonia osdecantadosmuros
,Diga
oEgypto
, digaGrécia,eRoma
Quem
faó,quem
faõ os ânuos.Lá
(37)
Lá
me
correm osmappas
falladoresDo
nubloíb futuro as fataesícenas ;Lã
vejo omundo
reduzido ao nadaVi&ima
doTempo
!Só ainvi&avirtude encanecida, í
Filhado grande
Deos
,como
elle eternaf
Pode
ver fucceder milhões demundos
,Deftragos fempreifenta.
Vomite embora
o vorador SatutuoFurioíbs volcões de ruínas , mortes
;
Faça tremerdeíufta altas
montanhas
,Que
as nuvens amedrontaó ;Qual
no largoOceano
altivarocha,Zomba
riíbnhacom
femblanteledo ,De
horrifonas procellastormentofas,A
invencível Virtude.®(17?*3>(>!m,
3)®
Q&úÂhDGluÀhB®
MM
Í3S)
r>4<>^
SONHO.
Epois
deterlutadoafantaziaNos
males quehei paliado ,Nos
braços deMorfeo
entrego avida|Porqueocorpo repoufo
me
pedia;
Laudano
que íuaveDa
vida opezotornamenos
grave. Eisem
torno do leitorevoando*Quaes
Zéfirosferenos,Cerca
meus
ladosem
continuo gyraDe
leves fonhos nurneroíb bando:Diverfos nafigura,
Huns
infundem terror, outros ternura^Perguiçofosos
mudos
voadoresA
miúdo
bocejáÕ:Semi-dormindoplácidosderramaô
Nos
ladosmembros
languidos vapores*Qual
beijaomeu
femblante,Qual
Dòrindagentilme
põem
dianteFormofas
cores nasbordadas pennasDas
azas reluziaõ,Procelloías idéas
me
aprefentaõ*(39)
tingidosgoftos, mentirofas ícenas
»
Que
aferem verdadeiros,Defejára dormir annos inteiros.
Em
áureo throno omundo
legislandoMe
figurou oengano
,Croadasteriasante
mim
tremendo ,Impériosdcvidindo , a muitos dando
,
E
omeu
eílandarteTremulando
doMundo em
ioda aparte*Invictos Generaes, que amedrontarão
A
terrificamorte}A's minhasplantas
em
tributopunhaó
Os
louros ,com
quea Paíria coroarão |Serviços decantados
CoTangue
,queverterão,rubricados.The
pareceque amefma
Natureza
,Curvada
ameus
defejos ,Obedece
veloz ameus
decretos :Que
eu naômarco
limitesá grandeza,Que
aminha
mageftade ,Me
tranfpiantamda
além
dahumanidade.Eis queo
Numen
vendado ,Amor
tyranno*
Cos
fonhos demiítura ,A
formofaDorinda
me
defenha ,Parafermaisfunefto o
meu
engano ,Allivejo
Dorinda
,Quem
ítivera afonharcom
ellaainda!%%*%
(40)
Ligeiro voo , ea feus pés proftrádo
O
fceptro lheoffereço,Naó
como
Rei;porem
como
VaííalloDa
fuafòrmoíura; honras ,eíladoContente facrifico.
De
meu
fóqueroamor
;bem
com
quefico»Já
naó pareçoferfenhor doMundo
#Como
d'antes ofora,Qual
miferocativo entre cadeasLevanto
os olhoscom
temor profundo ;Falara
alma
pertendeVacilo, o peito bate , avozfeprende»
Amor
forças m'empreíta, avoz fe folta$Eu
d'íngrataacondemno
;A
minha
bellaamada
hum
pouco
meiga,Se
bem
quea furto, amim
feuroílo volta |As
faces fe lhe coraõ ,E
,naófeiporque caufa, os olhoschorão*Entre ternosfufpiroslhe pergunto
Do
noffoamor
o eftado,Sua nevada
mao
chorandobejo,Sua
mimofa
faceáminha
junto . . .•'O
mais,Amor
queo diga 9Que
ocaftopejo anaófalarme
obriga*Entaõ Morfeo
defapertando oslaflbs,Que
osmembros
me
ligáraó,Sem
Dorinda
me
deixa, efem
ashonrasDe, Jvlonarca , queobtive alguns efpaços ;
N#
<4t
)No
throno naôdifcorro,Mas
naminha
adorada porquem
morro*Com
meu
defejo a guerrearcomeço
,Inda brado ,Dorinda,
Nem
ecoaomenos minha
idéaillude jDe
»adavaleomeu
ardenteexcedo ,Abraço
oar vazioSerDorinda pintou-mec^defvario,
Que
tantoAmor
tu portasnaminha alma
?Ah
! frágilnatureza!Nem
dormindo
defeançohum
fómomento
*Eu
teconcedo daVi&oria
apalma
;Eu
te figo confianteSeforaReiferia igualamante,
®
®
3»®
& &
&
®
® ® ®
$í"®
®?®
®
< '® ® ® ® ®
" 0. <â? <$ <U® ® ®
-ASO~
{42}
SONHO.
O
regaço dos languidosdeleites,Jinfurdecidoda Virtude aosbrados,
Pagava osdias
d'huma
vida bruta.Meu
idolo eraAmor
, e aspaixõesfracasjEm
que fe cevaòcorações cobardes ,Qye
naõconhecem
daRazaô
aguia.Hum
dia pois quedelutarcaníadoCom
osmolles prazeres repoufava9Por
entre vagaslegiõesde fonhosA
menfageiradas divinas iras Pelos cabellosme
facode , e aballa.Fixando
osolhosno
medonho
efpeâroConheço
amaõ
da morte defearnada:Cahiraõ a
meus
pés as falfas veftes ,Que
amiferia dacarne rebuçavaõ ,Olhando
paramim
nada mais vejo ,po
quehum
reíumo
de horroroíos males ,Hum
mortal furioíb,que baniraDe
íi a regia , altiva auetoridade ,De
queo dotara oCreador
dos entes ,Lembrando-me
quem
fou,vacilo, etremo;
Geladofuftoos
membros
m
'adormece;
D
opacasfombras ao travez devifoConfufamente a Sãa
Razaõ clamando
:Qual feveroJuiz nacatadura
Ef-'<
43
)Eftreitascontasde
meus
diaspede:a,
Quem
és , ellame
diz, és tuacaíbyy Àquelíechefe d'cbra omais perfeito ,
,,
Que
o podcrofoDeos
tirou do nada£3yEnchefteojuílo fim mifteriofo,
,, Porque tiveíteaprimazia
fumma
,
„
Sobre quanto produzovaítoMundo
l„ Onde
asobraseftaõque na prefençay,
Do
fupremo Senhorprefentar deves?,,
Os
trágicos efFeitosdo peccado ,,Saõas graças rendidas , faó oífertas,,
De
huma
vidafem
jurosempreitada ?,,Repara
quem
tu es ; eaquem
rebelde,,
Ante
a facedosCeos
tu oífendefte:3 ,
Tu
abraçaíle oserrosquete cegaõ ;3y
Tu
pizaíle averdade brilhadora ,y, Para gozarofru&odos teus vícios :
yy
Mas
que tedeooerro , ingratohumano
??,
Momentâneos
deleites, brevesgoílos ,s,
Que
fogem
mais velozes do que ofumo
?,, Arvoraíie a bandeirado triunfo ,
,, Porentrealluviões de torpesglorias? ,.,Foi teu
nome
efcuípidonalembrança ,5,D'eftragados fequazes , que aplaudiaó
,, Milhões fobremilhões d'enormes culpas?
yy
Mas
aSanta Virtudetedotava3,
Co
J
apofse inalteráveldos thefouros ,
5,
Que
acândida innocencia fódesfruta !,,
Tu
nofeio dapaztranquilla, epura3,
Do
remorfo as tormentas naõtemias :,,
Na
milieia dosCeos
foi aliftado(44)
99
E
tu mefiiio , hepoílivel ! derigifte,,
A
maó
quetorifcou ! tuotornaííe5, Baixo eícravoda culpa
em
quete atollas?,, Eis agora o
momento
em
que éspunido > ?,A
cadainftante amorte tedecepa ,,,
E
talvez , e talvezquetedefpreze,,, Aquelle, a
quem
mil vezesdefprezafte.Neftaterrível, laítimofafcena
Tudo
quevejo deverdugoferveAo
meu
afrli&o efpirito ,quegeme
Apunhalado
deÍmpios aííaílinos :As
tímidas potenciasme
deixarão ,Qual
o nauta perdidoem
noite efcuratOs
tormentofos viciosme
cercarão fEna
fronte hediondacomandava
O
pungente remorfo aguilhoandoO
entailado coração dedores.Nap
he mais alteradoomar
írofo,Quando
revoltode filvantes Euros ,Salpicaasnuvensco'aefpumante cauda %
Do
queminha alma
turva,onde apinhadosDa
defefperaçaó os filhosfremem.
Pendentefobre
mim
acurvafoiceJáquafi osfiosde
meus
dias corta.. . ,Aqui
chegava ,quando
aNatureza
Compadecida
de tao duros golpes,Quiz
daralivio ameus
cruéis tormentos.Desfez-fe a névoaqueofFufcava a
mente
;Em
pavorofoleitoacordo, ebrado ,E
o corpo, ainda duvidofo, apalpo ,Que
ovital fucco osmembros
me
calaflTe.Engano
foida errada fantazia ;pp
(45)
Mas
quem
fabefeoCeo
deílamaneiraQuiz
retratar-me
a fcena, quenVefperaSe naõ abandonaraeftrada infecta ,