LISBOA
T I N T A ‑ D A ‑ C H I N A
M M X X I SELECÇÃO, INTRODUÇÃO E PREÂMBULOS:JOSÉ NEVES
TEXTOS:JOSÉ PACHECO PEREIRA ANTÓNIO PEDRO PITA JOÃO ARSÉNIO NUNES FERNANDO ROSAS ÁLVARO CUNHAL
ANA MARGARIDA DE CARVALHO MARCO LISI FRANCISCO LOUÇÃ CARLOS GASPAR ANA DRAGO VANESSA ALMEIDA JOÃO MADEIRA DAVID L. RABY PAULA GODINHO MIGUEL CARDINA
© 2021, AA.VV.,
e Edições tinta ‑da ‑china, Lda. Rua Francisco Ferrer, 6A 1500 ‑461 Lisboa Tels.: 21 726 90 28/29/30 E ‑mail: info@tintadachina.pt www.tintadachina.pt TÍTULO
Partido Comunista Português, 1921 ‑2021: Uma antologia SELECÇÃO, INTRODUÇÃO E PREÂMBULOS José Neves AUTORES:
José Pacheco Pereira António Pedro Pita João Arsénio Nunes Fernando Rosas Álvaro Cunhal Vanessa Almeida João Madeira David L. Raby Paula Godinho Miguel Cardina
Ana Margarida de Carvalho Marco Lisi
Francisco Louçã Carlos Gaspar Ana Drago
REVISÃO
Tinta ‑da ‑china
COMPOSIÇÃO
Tinta ‑da ‑china
CAPA
Tinta ‑da ‑china (V. Tavares) 1.ª edição: Março de 2021 ISBN: 978 ‑989 ‑671 ‑595 ‑3 Depósito Legal n.º 480183/21 Nesta edição, foi respeitada a opção ortográfica de cada autor.
INTRODUÇÃO:
CEM ANOS DE VIDA, CINQUENTA ANOS DE HISTÓRIA 7 [ JOSÉ NEVES ]
Questões sobre o movimento operário português
e a Revolução Russa de 1917
31[ JOSÉ PACHECO PEREIRA | 1971 ]
O marxismo na constituição ideológica e política do PCP
45 [ ANTÓNIO PEDRO PITA | 1994 ]Comunismo, antifascismo e intelectuais nos anos 30
63 [ JOÃO ARSÉNIO NUNES | 1999 ]O PCP e a II Guerra Mundial
77[ FERNANDO ROSAS | 1983 ]
O Partido Comunista da «Reorganização»
dos anos 40 ao 25 de Abril
103[ ÁLVARO CUNHAL | 1992 ]
A greve de 1943 no Barreiro: resistência e usos da memória
135 [ VANESSA ALMEIDA | 2013 ]Bolchevização, funcionários clandestinos e identidade no PCP
149 [ JOÃO MADEIRA | 2004 ]O problema da unidade antifascista:
o PCP e a candidatura do general Humberto Delgado
177 [ DAVID L. RABY | 1982 ]Comunidade, classes e colectivos no sul de Portugal
(Couço, 1958 ‑1962)
203[ PAULA GODINHO | 2001 ]
ÍNDICE
Projectos FCT UIDB/04209/2020 e UIDP/04209/2020
INTRODUÇÃO:
CEM ANOS DE VIDA,
CINQUENTA ANOS DE HISTÓRIA
[ JOSÉ NEVES ]
O
Partido Comunista Português nasceu durante a I Repú‑
blica Portuguesa, pouco mais de três anos após a ocor‑
rência da Revolução Russa de Outubro de 1917, acon‑
tecimento que se repercutiu por todo o mundo. Eclodindo num
país em que as relações capitalistas ainda se encontravam por
consolidar plenamente, Outubro de 1917 tornou ‑se fonte de ins‑
piração para o movimento operário e socialista em países como
a Alemanha ou a França, mas também para colectivos militantes
situados em zonas economicamente menos industrializadas. Por
este efeito seria criada em 1919 a Federação Maximalista Portu‑
guesa. Os seus membros declaravam ‑se bolchevistas e pretendiam
(assim) maximizar o alcance da revolução que ambicionavam.
A federação acabaria por ser extinta por imposição do governo
da República no ano seguinte, mas as intenções que presidiram
à sua criação redundariam, pouco tempo depois, na criação do
PCP. Era o sexto dia de Março de 1921
1.
DA REPÚBLICA
AO ANTIFASCISMO
Nos meses seguintes, o novo partido formalizou os seus primei‑
ros contactos internacionais. Uma delegação de militantes do
PCP participou no IV Congresso da Internacional Comunis‑
ta (IC), que teve lugar em Moscovo nos finais de 1922. Um ano
depois realizou ‑se em Lisboa, na Associação de Empregados de
Escritório, o primeiro congresso do PCP. Entre os participantes,
contava ‑se um delegado da Internacional Comunista, o suíço Ju‑
les Humbert ‑Droz, que nos deixou vivo testemunho da sua pas‑
sagem por Portugal
2.
Filhos da clandestinidade
221[ ANA MARGARIDA DE CARVALHO | 1996 ]
Génese, estruturação e identidade do fenómeno
maoista em Portugal (1964 ‑1974)
235[ MIGUEL CARDINA | 2013 ]
O PCP e o processo de mobilização entre 1974 e 1976
257 [ MARCO LISI | 2007 ]A «vertigem insurreccional»: teoria e política do PCP
na viragem de Agosto de 1975
285[ FRANCISCO LOUÇÃ | 1985 ]
Rumo à memória: epílogo
303[ CARLOS GASPAR | 1992 ]
A Cintura Vermelha de Lisboa:
o PCP, a questão urbana e uma cidadania de oposição
325 [ ANA DRAGO | 2019 ]NOTAS 363 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 401
8 PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS, 1921‑2021 [ JOSÉ NEVES ] 9
Nos primeiros anos de existência do PCP, evoluíam no seu
seio sensibilidades que hoje reputaríamos diferenciadas, se não
mesmo rivais. A construção de um partido de natureza bolchevi‑
que convivia com a persistência de uma sensibilidade de pendor
anarquista, conforme sublinhou há largos anos o historiador João
P.G. Quintela
3. Esta diferença, que compreendia divergências de
índole doutrinária e ideológica, podia igualmente implicar con‑
cepções relativamente contraditórias em matéria de organização
e disciplina.
A questão da disciplina tornar ‑se ‑ia um assunto particular‑
mente delicado ao longo da história do PCP. O seu segundo con‑
gresso realizou ‑se em Lisboa, por ocasião do golpe militar concre‑
tizado a 28 de Maio de 1926. O evento abriu caminho à ditadura
do Estado Novo, regime enquanto tal plasmado na Constituição
de 1933 e que perduraria até ao dia 25 de Abril de 1974. A dita‑
dura instituiu um partido único e procurou dominar a oposição
social, política e cultural, negando a liberdade sindical, associati‑
va e partidária, fazendo uso da censura prévia e reprimindo vio‑
lentamente, com recurso à prisão e à tortura, dispositivo e ins‑
trumento atemorizadores que muitos comunistas acabaram por
conhecer na própria pele.
É certo que a durabilidade da ditadura não se compreende
atendendo apenas à sua natureza repressiva, mas esta foi certa‑
mente decisiva na inviabilização das resistências republicana e
reviralhista, assim como na desagregação e enfraquecimento da
cultura política anarquista ao longo da década de 1930. Contri‑
buiu também para o insucesso das tentativas de reorganização
do PCP levadas a cabo após a desmobilização provocada pelo já
referido 28 de Maio de 1926
4.
A mais relevante dessas tentativas de reorganização teve lugar
em 1929. Seriam menos de 20, os militantes que para esse efeito
então se reuniram em conferência, entre eles destacando ‑se a fi‑
gura de um operário do Arsenal da Marinha e sindicalista, Bento
Gonçalves. Sob liderança deste, que visitaria Moscovo ainda nes‑
se ano, procurava ‑se incrementar o activismo sindical e formas
de organização de massa, mas também construir uma organiza‑
ção mais disciplinada, desiderato que se justificava duplamente:
tratava ‑se de reconfigurar o PCP à imagem dos partidos da IC,
subtraindo ‑o à influência do anarquismo, e de o tornar relativa‑
mente imune à repressão policial
5.
Acerca deste segundo aspecto, não se pode dizer que a tenta‑
tiva de reorganização de 1929 — que é também o ano da grande
crise mundial do capitalismo — tenha sido bem ‑sucedida, pelo
menos a médio prazo. Ao longo da década de 1930, que é tam‑
bém a de afirmação e fascização do regime tutelado pelo ditador
António de Oliveira Salazar, por uma e outra vez a repressão po‑
licial fere com gravidade a estrutura directiva do PCP, impedindo
que o colectivo adquira um mínimo de organicidade. No final da
década de 1930, muitos dos principais militantes e dirigentes do
PCP encontram ‑se presos. O próprio caso de Bento Gonçalves é
paradigmático: encarcerado em 1930, recupera a liberdade três
anos mais tarde, volta a perdê ‑la em 1935, sendo depois enviado
para o campo de concentração do Tarrafal, onde vem a falecer no
início dos anos 40
6.
Quanto à inserção do PCP na rede internacional comunista,
os anos 30 conhecem avanços, mas terminam em recuo. Em 1934,
Francisco de Paula Oliveira Jr. (Pável), um operário que começara
a trabalhar no Arsenal da Marinha aos 11 anos de idade, depois
secretário ‑geral da Federação das Juventudes Comunistas Portu‑
guesas, torna ‑se membro permanente do secretariado latino da IC.
Vive em Moscovo cerca de três anos, mas já no final da década,
e após regressar a Portugal, é também ele detido. Ainda que aca‑
bando por se evadir da prisão do Aljube, e por conseguir sair do
país, Pável não chega a regressar a Moscovo, onde por esta altura se
intensifica a perseguição estalinista a militantes e dirigentes suspei‑
tos — entre outros atributos — de trotsquismo. Ao findar da déca‑
da, a IC, descrendo da capacidade do PCP para se salvaguardar da
vigilância policial, acabará mesmo por suspender as relações com
os comunistas portugueses. Pável, esse, partirá exilado para o Mé‑
xico, regressando a Portugal de visita, já depois de 1974
7.
Ainda assim, os anos 30 marcaram de forma indelével a história
do comunismo português. Porque foi nesta década que se desen‑
10 PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS, 1921‑2021 [ JOSÉ NEVES ] 11
volveu e apurou uma orientação política e uma cultura intelectual
antifascistas. Esta evolução deu ‑se em sintonia com a viragem ope‑
rada pela IC, a qual, abandonando a estratégia de classe contra clas‑
se, abriria caminho à política das Frentes Populares no seu sétimo
congresso, realizado em Moscovo em 1935 e no qual participaram
Bento Gonçalves, Pável e, a nível das juventudes, Álvaro Cunhal.
A política de unidade contra o fascismo tinha também antece‑
dentes na própria trajectória do PCP. Ainda no período final da
I República Portuguesa, os comunistas procuraram aproximar ‑se
de sectores do regime situados mais à esquerda do espectro polí‑
tico, nomeadamente a chamada Esquerda Democrática
8. E, como
mostram os trabalhos do historiador João Arsénio Nunes, desde
inícios da década de 1930 que se encontram, no pensamento de
Bento Gonçalves, sinais de abertura a uma política de alianças de
teor antifascista
9. Também na frente cultural se reúnem indícios de
semelhante disposição, patente em algumas intervenções de Bento
de Jesus Caraça, ele que em início dos anos 30 participa do Núcleo
de Intelectuais Simpatizantes do PCP
10.
A REORGANIZAÇÃO
DE 1940/41
À saída dos anos 30, a capacidade de a ditadura impedir a activi‑
dade do PCP era significativa. Durante a segunda metade da dé‑
cada, ao Tarrafal, iam aportando presos do 18 de Janeiro de 1934
na Marinha Grande e da Revolta dos Marinheiros de Setembro de
1936. Nos anos da Guerra Civil de Espanha (1936 ‑1939), embora
o PCP tivesse atraído a si novos membros, a repressão não abran‑
daria. Os comunistas — embora também anarquistas e republi‑
canos — chegavam em bom número ao campo de concentração
situado na ilha de Santiago, em Cabo Verde.
Instituição paradigmática de uma vontade totalitária, o cam‑
po nem por isso consegue anular por completo a vida política.
Os militantes comunistas formam aí a Organização Comunista
Prisional do Tarrafal. Desalentam ‑lhes as notícias acerca do es‑
tado de fragilidade da organização do Partido e a suspensão a ele
aplicada pela IC; animam as perspectivas de libertação abertas
pelas amnistias decretadas em função dos centenários de 1940.
Conversando entre si, os comunistas presos no Tarrafal começa‑
rão a aventar a possibilidade de empreender um novo processo de
reorganização do PCP. É com esta missão no horizonte que, uma
vez amnistiados, militantes como Pedro Soares, Sérgio Vilarigues
ou Militão Ribeiro regressarão a Portugal.
Aos esforços reorganizativos de tarrafalistas como estes,
juntar ‑se ‑ão os de Júlio Fogaça, por então igualmente devolvi‑
do à liberdade, e que reivindicava para si a condição de mem‑
bro do secretariado do PCP à data da sua prisão de 1935. Já em
1941, também Álvaro Cunhal acabará por se integrar no grupo
reorganizador. Num par de anos, estes e alguns outros militantes
afastarão os dirigentes que no final dos anos 30 e início dos anos
40 asseguravam a direcção do Partido. Nomes como Velez Grilo,
Vasco de Carvalho ou Cansado Gonçalves ficarão esquecidos na
memória partidária
11.
O lema dos reorganizadores não será muito diferente do que
presidira a anteriores esforços de reorganização: bolchevizar,
isto é, apurar a prática conspirativa, evitando a repressão poli‑
cial, e promover a acção continuada do Partido junto das massas,
envolvendo ‑se em lutas parciais e de objectivos mais imediatos,
evitando o isolamento político.
Quanto ao primeiro objectivo, a reorganização foi conseguida.
Até ao fim da ditadura, o PCP sofreu inúmeras baixas ao nível da
militância, fundamentalmente em resultado do encarceramento
de membros seus. Mas a resistência comunista à pressão policial
e à tortura frequentemente impediu o deslaçamento das redes de
acção e propaganda que, cá fora, e ainda que na sombra, iam sen‑
do tecidas por dirigentes, funcionários e militantes do PCP que
operavam em determinados sectores da sociedade e em certas
regiões do país. Ainda que com avanços e recuos, num percur‑
so menos linear do que uma memória epopeica deixará entrever,
podemos dizer que o PCP se manteve uma força continuamente
actuante na vida social, cultural e política do país desde inícios
dos anos 40 até à queda da ditadura.
12 PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS, 1921‑2021 [ JOSÉ NEVES ] 13
Impulsionando de forma decisiva o êxito do processo de reor‑
ganização, desencadeado em finais do ano de 1940, estiveram
alguns acontecimentos políticos de natureza económico ‑social
ocorridos na primeira metade da década de 1940. No quadro da
II Guerra Mundial, e dos problemas de emprego, salário e escas‑
sez que então afloram em Portugal, sucedem ‑se as greves e uma
vaga de protesto popular e social. Nos meses e anos seguintes,
a onda grevista que se avoluma no Outono de 1942 nos sectores
operários da cidade e da região de Lisboa repetir ‑se ‑á, mesmo se
com intensidade variável, em outras cidades do país, assim como
nos campos, em paralelo com formas de protesto e acção que in‑
cluem assalto a armazéns e bens. Ainda que só em parte dirigidos
pela estrutura do PCP, estes episódios de luta de classes como que
atestam a pertinência da directriz segundo a qual seria necessá‑
rio conciliar a exposição continuada do Partido aos movimentos
de massas e a submersão do aparelho partidário na longa noite
clandestina
12.
De resto, mas não menos importante, a situação internacional
tomava agora um rumo de esperança. Se em final dos anos 30,
com o desfecho da Guerra Civil de Espanha e o início da II Guer‑
ra Mundial, o espectro do nazi ‑fascismo pairava sobre a Europa,
o crescente sucesso militar das forças aliadas surtia admiração e
alento.
Contrariamente ao que à época foi vaticinado por algumas
vozes, a vitória dos aliados na II Guerra Mundial não levou ao
imediato desmoronamento do Estado Novo, aos olhos do qual os
comunistas continuavam a ser uma ameaça à nação e um inimi‑
go da ordem social, que como tal deveriam ser eliminados. Mas,
após a sua contribuição decisiva para a derrota da Alemanha
nazi, a URSS afirmava ‑se como um dos dois principais baluartes
da nova ordem mundial, a qual acabaria também por reflectir a
viragem pós ‑colonial que a independência da Índia e a proclama‑
ção da República Popular da China por então induziam.
Desde os anos do segundo pós ‑guerra que o discurso dos co‑
munistas portugueses em matéria internacional convocará em
seu respaldo a normatividade e os consensos que entendem se‑
rem constituintes de uma nova ordem mundial. E, regressando
o PCP ao convívio com os seus congéneres internacionais ainda
nos anos 40, será já sob o signo da paz que militantes comunistas
portugueses dinamizarão protestos contra a NATO e participa‑
rão nos grandes encontros internacionalistas promovidos pelas
organizações juvenis ou pelas associações culturais afectas ao
movimento comunista internacional e seus aliados. Como pro‑
curei argumentar em livro anterior de minha autoria, o interna‑
cionalismo dos comunistas portugueses era agora norteado por
um desígnio pacifista de amizade entre os povos, mais do que
por uma acepção do proletariado enquanto classe revolucionária
universal
13.
O desfecho da II Guerra Mundial teve ainda o condão de fa‑
vorecer a promoção da unidade antifascista dentro de portas.
A derrota do nazi ‑fascismo aumentou a pressão externa sobre a
ditadura de Salazar, perturbou a estabilidade da base interna de
apoio político ao regime e concitou o entusiasmo de outros gru‑
pos da oposição, dando aos comunistas o ensejo de participarem
e dinamizarem movimentos unitários como o MUNAF (Movi‑
mento Nacional de Unidade Antifascista) ou, mais tarde, o MUD
(Movimento de Unidade Democrática) e o MUD Juvenil — sem
esquecer o envolvimento nas campanhas presidenciais de Norton
de Matos em 1949 e de Humberto Delgado em 1958, assunto pio‑
neiramente trabalhado pelo historiador David Raby
14.
O papel desempenhado pelo PCP nestes processos de aliança
e unidade não foi isento de tensões e conflito, mas, somado à sua
implicação na luta de classes travada em zonas industriais e nos
campos do sul e do Ribatejo, ao prestígio acumulado pelos co‑
munistas ocidentais e soviéticos na resistência e guerra ao nazis‑
mo, bem como à influência cultural do movimento neo ‑realista,
conferiu ‑lhe um protagonismo que não alcançara durante os pri‑
meiros 20 anos da sua existência.
Este protagonismo foi individualmente encarnado por duas
figuras em particular: Júlio Fogaça e Álvaro Cunhal, que ha‑
viam aderido ao PCP sensivelmente na mesma altura, início dos
anos 30. Fogaça era filho de uma família com propriedades e
PCP
1921-2021
UMA ANTOLOGIA
NOTA SOBRE A EDIÇÃO DE TEXTO
Mantivemos os textos tal como originalmente publicados, excepção feita à correc‑
ção de gralhas ou erros de natureza mais objectiva, frequentemente originados
pela natureza tipográfica das versões originais, e a um número muito reduzido
de alterações de natureza literária, que, juntamente com os respectivos autores,
entendemos não prejudicarem a autenticidade da natureza antológica do presente
volume. Procedeu ‑se ainda a algumas uniformizações tipográficas e de utilização
de siglas. Excluímos desta antologia material anexo à versão original de alguns
dos artigos, por razões de dimensão. Mantivemos o sistema de referenciação bi‑
bliográfica originalmente utilizado em cada texto.
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402 PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS, 1921-2021 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 403 O Partido Comunista e o pacto
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proposto pelo PCP como base da discussão para adopção dum programa definitivo, Julho de 1944. CC do PCP (grupo Velez Grilo),
Em resposta à vossa carta…, (carta ao CNUAF), s.l.s.d. Bureau Político do PCP, O Partido
Comunista e as próximas eleições,
Outubro 1945.
2. COMUNICADOS E OUTROS DOCUMENTOS DE CARÁCTER FRENTISTA
2.1. VÁRIOS
Recolha de Comunicados da Liga Contra a Guerra e o lascismo e da riente Popular Anti ‑Fascista (1934 ‑1937), in Manta (L.H. Alonso),
A Frente Popular Amlilascista em Portugal, Lisboa, Assirio e Alvim,
1976.
Programa da Frenle Nacional Democrática (grupo Velez Grilo),
s.l.s.d.
2.2. MUNAF IMPRENSA.
Libertação Nacional, Porta voz do
Conselho Nacional da Unilade Anti‑Fascista, n.º 1 (Novembro 1944) a n.º 4 (Fevereiro 1945)
Suplemento de Libertação Nacional,
n.º 1 (18/6/45) a n.º 15 (24/9/45).
A Voz do Soldado – Órgão do
Movimento da Unidade das Forças Armadas, Setembro a Maio de 1945.
2.3. MUNAF COMUNICADOS E
OUTROS DOCUMENTOS
Conselho Nacional de Unidade Anti‑ ‑Fascista, Comunicado ao Povo
Português, Janeiro de 1944.
Comissão de Redação do CNUAF,
Projecto de programa do Governo Provisório, s.l., s.d.
Conselho Nacional de Unidade Antifascista, Programa de
Emergência do Governo Provisório,
Agosto de 1944.
Conselho Nacional de Unidade Anti‑ ‑Fascista, Grupos Anti ‑Fascistas
de Combate (GAC), s.l.s.d.
3. LIVROS E ARTIGOS
AQUINO, Acácio Tomás de (1978),
O Segredo das Prisões Atlânticas,
Lisboa, Regra do Jogo.
COSTA, Ramiro da (1979), Elementos
para a História do Movimento Operário em Portugal, vol. II, Lisboa,
Assírio e Alvim.
DIMITROFF, ESTALINE, MANUILSKY, TOGLIATTI, THOREZ (1975), Origens
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DIMITROFF, Georges (1972), Oeuvres
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GONÇALVES, Bento (1957), «Duas Palavras», in Alguns Elementos para
a História do PCP, Suplemento n.º 11,
Fascículo II, ao Boletim de Informação (Actividades Comunistas), Lisboa, Gabinete de Acção Cultural da Junta Central da Legião Portuguesa. GUERREIRO, Fernando, «Bento Gonçalves, o PCP e a questão das alianças na luta anti ‑fascista dos 1. IMPRENSA DO PCP
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O CC do PCP (SPIC), Portugal deve
pôr ‑se á margem da guerra imperialista!, Novembro 1939.
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Contra a política que ameaça fazer perder Timor!, Dezembro 1941
Camarada Aço, Conferência
realizada perante os quadros digentes do Parlido (grupo Velez
Grilo) Dezembro 1941.
Camarada X, Relatório apresentado
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412 PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS, 1921-2021
JOSÉ PACHECO PEREIRA
é historiador, investigador independente, presidente
da direcção do Associação Cultural Ephemera.
ANTÓNIO PEDRO PITA
é filósofo, professor catedrático na Faculdade de Letras
da Universidade de Coimbra, investigador do Centro de Estudos Interdiscipli‑
nares do Século XX da mesma instituição.
JOÃO ARSÉNIO NUNES
é historiador, investigador do Centro de Estudos Inter‑
nacional do ISCTE ‑IUL, de onde é docente aposentado.
FERNANDO ROSAS
é historiador, investigador do Instituto de História Contem‑
porânea da Universidade Nova de Lisboa, e professor emérito da Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas da mesma instituição.
ÁLVARO CUNHAL
foi dirigente do Partido Comunista Português, tendo ‑se li‑
cenciado em Direito e desenvolvido investigação, durante o seu período prisio‑
nal, sobre matérias como a história da Idade Média ou a questão agrária.
VANESSA ALMEIDA
é antropóloga, investigadora do Instituto de História Con‑
temporânea da Universidade Nova de Lisboa e técnica superior na Câmara Mu‑
nicipal de Almada.
JOÃO MADEIRA
é historiador, investigador do Instituto de História Contem‑
porânea da Universidade Nova de Lisboa e professor do ensino secundário.
DAVID RABY
é historiador, professor emérito da Universidade de Toronto e
antigo Senior Fellow na Universidade de Liverpool.
PAULA GODINHO
é antropóloga, investigadora do Instituto de História Con‑
temporânea da Universidade Nova de Lisboa, professora associada (com agre‑
gação) na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da mesma instituição.
MIGUEL CARDINA
é historiador, investigador auxiliar no Centro de Estudos
Sociais da Universidade de Coimbra.
OS AUTORES
tese de doutoramento em História, ISCTE-IUL.
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414 PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS, 1921-2021
COMPOSTO EM CARACTERES MINION E POPPINS E IMPRESSO PELA RAINHO & NEVES, SOBRE PAPEL CORAL BOOK DE 80 G, NO MÊS DE FEVEREIRO DE 2021. ANA MARGARIDA DE CARVALHO
é escritora, licenciada em Direito e é tam‑
bém jornalista, tendo trabalhado em publicações como a revista Visão.
MARCO LISI
é investigador do Instituto de Política e Relações Internacionais
da Universidade Nova Lisboa, sendo professor auxiliar de Ciência Política na
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da mesma instituição.
FRANCISCO LOUÇÃ
é economista, professor catedrático no Instituto Superior
de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa.
CARLOS GASPAR
é investigador do Instituto de Política e Relações Internacio‑
nais da Universidade Nova Lisboa, sendo professor convidado na Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas da mesma instituição.
ANA DRAGO