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Relatório da Acção de Geologia no Verão ID: 3739

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Academic year: 2021

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Relatório da Acção de Geologia no Verão 2010 - ID: 3739

“Cerca de 4 milhões de anos de evolução do Tejo registados no Monumento

Natural das Portas de Ródão”

Descrição da acção:

A Acção de Geologia de Verão com o título “Cerca de 4 milhões de anos de evolução do Tejo registados no Monumento Natural das Portas de Ródão” foi organizada pelo Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra no dia 11 de Setembro de 2010.

Pretendeu-se mostrar o registo geológico e promover a interpretação da evo lução do rio Tejo registada no Monumento Natural das Portas de Ródão, desde a formação deste rio até ao Atlântico, à cerca de 3,6 milhões de anos atrás. Além disso visou documentar os contextos tectónicos e climáticos que condicionaram as sucessivas transformações da paisagem, bem como o significado do registo fóssil e das comunidades humanas pré-históricas.

Objectivos da acção:

- Divulgar o Monumento Natural da Portas de Ródão e suas imediações como património geológico e geomorfológico a preservar.

- Discutir a evolução do rio Tejo desde os tempos fini-Terciários (3,6 milhões de anos) até à actualidade.

- Reconhecer a importância do rio Tejo como eixo centralizador das actividades humanas desde os tempos Paleolíticos.

- Sensibilizar o público para o valor cultural e cénico das paisagens da Açafa (território doado à Ordem dos Templários) que importa rentabilizar em proveito das populações raianas.

Número de participantes: 19, incluindo 2 monitores. Os monitores foram: Jorge Delícias (Professor do Ensino Secundário) e Sara Canilho (Mestre em Geociências).

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Descrição: Durante a manhã a sessão compreendeu (10h15-13h):

- Realizou-se uma pequena apresentação da actividade e fez-se o enquadramento geológico da região de Vila Velha de Ródão.

- Um passeio de barco, com cerca de 1h15m de duração, ao longo do rio Tejo atravessando as Portas de Ródão, para uma observação e explicação pormenorizada da Geologia do vale do Tejo no sector entre o Porto do Tejo e a Aldeia dos Pescadores.

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- Uma visita ao Conhal do Arneiro, em que se observou uma exploração de ouro da época Romana num dos terraços fluviais do Tejo, bem como as suas características sedimentares e ocorrências de indústrias líticas.

A exploração de ouro fazia-se por desmonte dos depósitos sedimentares constituídos por arenitos e conglomerados. A área em causa estende-se por cerca de 40 hectares e caracteriza-se fundamentalmente pelos enormes amontoados de seixos rolados de quartzito a que se dá o nome de conhos. Trata-se de um terraço do rio Tejo com idade na base de cerca de 230 000 anos e no topo de cerca de 140 000 anos. Podemos também observar um local de exploração arqueológica, no topo deste terraço e deste local elevado também visualizar o “Castelejo”, elevação no centro do Conhal que poderá ter servido de local de vigia para os guardas romanos observarem os escravos que efectuavam o trabalho manual de exploração de ouro.

Ainda a partir do Conhal do Arneiro, na margem esquerda do rio Tejo e olhando para a margem direita, para além da imponente garganta quartz ítica, pudemos visualizar a falha tectónica do Ponsul a qual provocou um desnivelamento entre as rochas da região, a Fonte das Virtudes e o edifício das antigas Termas de Ródão.

- Em relação à visita pelo rio Tejo os participantes tiveram oportunidade de observar para montante do porto do Tejo, a foz das ribeiras de Açafal e de Enxarrique, bem como os terraços que se encontram nesta área. No caso particular do terraço de Enxarrique contém uma rica indústria Mousteriense datada do Paleolítico médio em associação com abundantes restos de fósseis da megafauna da região (elefante, veado, cavalo, auroque), bem como pássaros e peixes.

- Ainda no passeio de barco referiram-se também alguns dados históricos que remontam à época de Marquês de Pombal e aos transportes das riquezas agrícolas da região (cortiça e azeite) que serviam de moeda de troca pelo sal que entretanto era produzido no litoral. Este transporte era efectuado por barcas que desciam o rio movidos pela corrente e pelo vento mas que no regresso, para contrariar a corrente, por vezes bastante forte, se efectuava através de

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cordas presas aos barcos e puxadas por animais (mulas, burros ou juntas de bois) e mesmo pelo próprio homem. Estes caminhos por onde se deslocavam homens e animais, “talhados” na margem direita do rio Tejo são conhecidos pela designação de “caminhos de sirga”. A sirga era o cabo de sisal utilizado para rebocar os barcos a partir da margem. Já para jusante e em direcção às Portas de Ródão puderam-se observar, na margem direita, espectaculares dobras nos quartzitos incluindo algumas deitadas.

- Após este percurso, fez-se uma pausa para almoço. Às 15h retomou-se a visita para uma observação da panorâmica sobre a escadaria de terraços fluviais do Tejo a partir da Casa de Artes, e a observação e explicação da ocorrência de dois exemplares de troncos fossilizados expostos no jardim da mesma.

- De seguida visitou-se o Museu Municipal de Vila Velha de Ródão onde foi possível contemplar as colecções em temáticas de Geologia, Geomorfologia e Arqueologia, consistindo de materiais recolhidos na região: amostras de rochas e fósseis, artefactos do Paleolítico e Neolítico (bifaces, pontas de lança, machados, etc), gravuras rupestres e outros materiais de épocas mais recentes. Com o auxílio de um mapa em relevo, permitiu aos participantes melhor compreender os aspectos geomórficos da região.

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- Para encerrar a acção os participantes foram até ao miradouro do Castelo do Rei Wamba, o

ex-libris do Monumento Natural, onde foi possível contemplar uma espectacular panorâmica e

onde se realizou uma explicação geológica e geomorfológica de toda a região incluindo a formação da garganta epigénica das Portas de Ródão, bem como todo o processo evolutivo do rio Tejo ao longo de 4 milhões de anos. Aqui também se fez uma pequena introdução histórica sobre o antigo monumento aí presente, o qual sofreu nos últimos anos uma intervenção arquitectónica que permitiu recuperar a ruína em que se encontrava. Foi referido o papel defensivo que esta torre teve no tempo dos Templários, bem como a lenda do Rei Wamba (in “Lendário Rodanense” de Paulo Caratão Soromenho):

“Wamba, rei visigodo, fundou o Castelo de Ródão, onde vivia com a mulher e os filhos. A rainha fugiu, certo dia, para os braços de um rei mouro, o que levou Wamba a ir procurá-la, disfarçado de mendigo. Ela reconheceu-o, fingiu ser prisioneira do mouro e escondeu o marido no próprio quarto, entregando-o de seguida ao amante. Pediu Wamba à generosidade do inimigo tocar pela última vez a sua corna. E os seus companheiros de armas, ouvindo-o, acudiram-lhe, mataram o rei mouro e trouxeram a rainha para o castelo de Ródão. Por sugestão do filho mais novo, o castigo dela consistiu em ser precipitada pela íngreme encosta para o Tejo, e diz-se onde o corpo rolou nunca mais cresceu mato. Ao saber o castigo, a rainha proferiu a sua maldição tripla:

Adeus Ródão, adeus Ródão, Cercada de muita murta,

E terra de muita…! Não terás mulheres honradas,

Nem cavalos regalados, Nem padres coroados…!”

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- Para além da observação dos aspectos geológicos presentes no Monumento Natural das Portas de Ródão durante a acção foi referida a importante avifauna que nidifica as escarpas quartzíticas (grifos, cegonha preta, bufo real, águia-de-Bonelli…), tendo sido possível observa-la inúmeras vezes ao longo de todo o dia.

- Pelas 17h deu-se por encerrado mais uma sessão de Geologia no Verão nas Portas de Ródão e os participantes regressaram aos seus destinos, manifestando grande satisfação pela actividade realizada.

Coimbra, 22 de Setembro de 2010 O Responsável pela Acção

(Pedro M. R. R. Proença e Cunha)

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