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VIVÊNCIAS E PERSPECTIVAS DAS FAMÍLIAS COM MEMBROS EM SITUAÇÃO PRIVATIVA DE LIBERDADE

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Academic year: 2021

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VIVÊNCIAS E PERSPECTIVAS DAS FAMÍLIAS COM MEMBROS EM

SITUAÇÃO PRIVATIVA DE LIBERDADE

Isa Paula Esteves Lopes1 Maria das Dôres Saraiva de Loreto2 Juliana Berger3 Janaína Vilella4 André Gomes5 Alessandra Almeida6 Carolina Isabelita Lopes7 RESUMO

A pesquisa sintetiza os resultados acerca da vivência e perspectivas dos familiares dos recuperandos da Associação de Proteção e Assistências Aos Condenados (APAC), por meio da análise administração de recursos das famílias, com foco nos subsistemas pessoais e administrativos. Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa, que fez uso da pesquisa-ação, com observação participante e monitoramento familiar, por meio de visitas domiciliares. Os resultados indicam que os subsistemas pessoais e administrativos dessas famílias são diferentes e complexos, devido à multiplicidade de significados e experiências vivenciadas. Pode-se concluir que as famílias têm procurado se adaptar à prisão do familiar, sendo que as mudanças vivenciadas não significam desorganização ou desestruturação, mas modos de vida diferentes, segundo a composição do sistema familiar, o ambiente de inserção, as formas de sociabilidade, as necessidades e expectativas futuras.

PALAVRAS CHAVES: Modos de Vida. Unidades Familiares. Detentos da APAC

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo aborda os resultados parciais do projeto intitulado: “Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Viçosa/MG: Estratégias de Humanização e de Apoio a Projetos de Vida”; objetivando, especificamente, examinar as vivências e

1Estudante do Curso de Economia Doméstica, Bolsista do PIBEX- UFV, Viçosa/MG, E-mail: isa.lopes@ufv.br 2Economista Doméstico, Pós Doctor Família e Meio Ambiente, Professora Associada do Dep. Economia

Doméstica da Universidade Federal de Viçosa. E-mail: mdora@ufv.br.

3 Estudante do Curso de Psicologia, UNIVIÇOSA, Viçosa/MG, E-mail:julianaberger@hotmail.com 4 Estudante do Curso de Economia Doméstica, Bolsista do PET/ED, Viçosa/MG, E-mail:

jana_vilella@hotmail.com

5 Estudante do Curso de Economia Doméstica, Bolsista do PIBIC-CNPq, Viçosa/MG, E-mail:

andregommis@hotmail.com

6 Estudante do Curso de Economia Doméstica, Bolsista do PET/ED, Viçosa/MG, E-mail:

avaalessandra@yahoo.com.br

7 Estudante do Curso de Economia Doméstica, Estagiária Voluntária da APAC, Viçosa/MG, E-mail:

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desafios das unidades familiares, por meio da análise dos subsistemas pessoais e administrativos dos membros das famílias dos recuperandos da APAC8.

A importância do conhecimento acerca da realidade familiar deriva-se do fato de que as mesmas devem atuar como co-participantes na recuperação dos detentos da APAC, uma vez que os indivíduos formam um sistema de referências, mesclando as influências familiares, institucionais e mediáticas.

Pesquisa realizada por Klein (2009) mostra que a situação privativa de liberdade de um dos membros da família (na maioria dos casos, o homem) provoca importantes rearranjos nas relações sociais. Diante da prisão a vida da família fica mais difícil, pois antes os problemas eram compartilhados, agora têm que ser resolvidos sozinhos. Enfrenta-se uma nova realidade: como, por exemplo, ter que buscar garantir a sobrevivência dos demais membros, lidar com os problemas de revolta dos filhos, ou mesmo, com o preconceito da sociedade em relação à família de preso e com as normas e imposições das práticas prisionais. Frente a toda esta problemática, as famílias passam a articular diversas atividades para enfrentar o afastamento do familiar preso, como manter os laços de parentesco e vizinhança estreitos, a fim de "ajudarem-se" mutuamente; desenvolver alguma atividade que lhes proporcione alguma renda; ou, até mesmo, inserir- se em programas de auxílio à população de baixa renda.

Assim, existem inúmeras repercussões negativas em relação ao encarceramento, uma vez que o sistema prisional exerce influência, não apenas no indivíduo que é privado de liberdade, mas também em toda a família, sendo esta elemento importante na ressocialização do detento

Como destacam Silva e Rossetti-Ferreira (2002) e Rossetti-Ferreira et al. (2000), uma pessoa imersa em um meio cheio de significações em relação ao mundo do crime poderá re-significar ou ter re-significado, pelos outros (como é o caso da família) e pelo contexto de inserção, o sentido de sua existência e dos seus atos.

Neste cenário de proteção à prática da criminalidade e redução da reincidência, onde a família tem um papel preponderante, tem sido objeto de crescente atenção, não só no Brasil como no exterior, a experiência da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), a qual traz em seu método, simples e eficiente, a realização do ideal buscado pelo legislador; ou seja, visa preparar o condenado, o qual passou a ser chamado de recuperando,

8A APAC é uma entidade civil de Direito Privado, com personalidade jurídica própria, dedicada à recuperação e

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para ser devolvido em condições de conviver harmoniosa e pacificamente com a sociedade, sem ser novamente segregados e excluídos socialmente.

Como discutem Ottoboni (2001) e TJMG (2006), o método da APAC tem contribuído para o incremento da defesa nacional, redução dos custos econômicos, sociais e políticos da violência, uma vez que o trabalho de ressocialização do detento envolve uma mudança de valores e uma maior integração com a família; considerada um dos pilares para recuperação dos detentos; já que, após o cumprimento da pena, é ela quem dará continuidade ao processo de reinserção social.

Justificam-se, assim, estudos que busquem a transformação das pessoas e da realidade social, bem como promovam a consolidação e propagação do método da APAC, como uma alternativa de humanização do sistema prisional.

2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura centrou-se na questão da administração dos recursos pessoais e administrativos das unidades familiares, baseando-se na Teoria da Administração dos Recursos Familiares proposta por Deacon e Firebaugh (1988).

Segundo os referidos autores, a família é vista como um ecossistema, composto por dois subsistemas, pessoal e administrativo. O Subsistema Pessoal envolve os subsistemas de desenvolvimento e de valores, representando a composição do desenvolvimento cognitivo, sócio-psicológico e espiritual. Esse subsistema é composto pelo conjunto de valores, crenças, habilidades e conhecimentos, que influenciam os objetivos e metas das famílias.

Já, o Subsistema Administrativo refere-se ao processamento ou transformação dos Inputs (recursos, demandas e eventos inesperados ou não planejados) em Output (produto gerado, em termos de demandas satisfeitas e mudanças no uso dos recursos), envolvendo o planejamento do uso de recursos e implementação de planos. O planejamento do uso dos recursos escassos compreende uma série de decisões relativas à definição de padrões (critérios operacionais, que refletem a imagem que se tem do que é desejável, em termos de quantidade e qualidade) e seqüenciamento de ações (ordenamento entre várias atividades).

Por outro lado, a implementação de ações consiste em ativar plano e procedimentos, por meio do controle das atividades (revisão de ações, ajustes de gastos e da seqüência das atividades), do uso de condições facilitadoras (acompanhamento do fluxo das ações, para que o plano e as ações rotineiras sejam adequados aos indivíduos e ambiente) e do processo de comunicação.

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O subsistema pessoal e administrativo são partes funcionais de um todo, ou seja, de cada membro do sistema familiar. A dinâmica intra-sistêmica, isto é, a relação de interação e de interdependência entre os diversos membros, ocorre por meio da comunicação, visando à coesão, adaptabilidade e funcionalidade do sistema familiar.

3 METODOLOGIA

O delineamento deste estudo de natureza qualitativa é caracterizado pelo método de estudo de caso9, do tipo descritivo in loco, especificamente sobre a realidade cotidiana das famílias dos recuperandos da APAC.

Considerando que para resolver questões existenciais deve-se “conhecer” a realidade de um mundo multireferencial e complexo, foi que se adotou no presente trabalho, o paradigma interpretativo, indicado no caso da pesquisa participativa ou “pesquisa-ação”, uma vez que a mesma envolve uma alternância de ações e reflexões ou com simultaneidade de ambas (MORIN, 2004).

De acordo com Heigon, apud Barbier (2004: 17), a pesquisa-ação trata-se de pesquisas nas quais há uma ação deliberada de transformação da realidade; ou seja, na pesquisa-ação, a interpretação e a análise da situação ou questão são produto de discussões de grupo, de modo a permitir uma avaliação mais aprofundada dos problemas; proposições de estratégias de ação, visando à transformação da realidade e melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Os instrumentos de coleta de dados utilizados neste estudo envolvem dois tipos de técnicas: entrevistas semi-estruturadas10 e observação participante ocorrida nas visitas domiciliares. A observação de fatos, comportamentos e cenários é extremamente valorizada na pesquisa-ação, uma vez que permite o registro do comportamento dos membros do grupo em seu contexto espacial-temporal; além de permitir identificar comportamentos não intencionais ou inconscientes e explorar tópicos que o público-alvo não se sente à vontade para discutir (BARBIER, 2004).

9Segundo Gil (1994), o método de estudo de caso é caracterizado pela pesquisa profunda e exaustiva de um ou

poucos objetos, de maneira a permitir conhecimento amplo e detalhado do mesmo.

10Laville e Dionne (1999) consideram a entrevista semi-estruturada como uma série de perguntas abertas, que

são feitas de forma verbal em uma ordem prevista, mas que podem gerar desdobramentos, caso o entrevistador acrescente perguntas de esclarecimento. A entrevista semi-estruturada permite encorajar os entrevistados a detalhar situações da vida cotidiana, a exprimir seus sentimentos e crenças, além de expor experiências vivenciadas, considerando o ambiente de inserção

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Na observação participante, o pesquisador procura partilhar o cotidiano das famílias dos recuperandos, buscando ganhar a confiança do grupo pesquisado. Segundo Alves-Mazzoti e Gewandsznadjer (2004), para ganhar essa confiança é necessário ser um bom ouvinte e ter sensibilidade para com as pessoas, em termos de familiaridade com as questões investigadas e flexibilidade para se adaptar às situações inesperadas.

Assim, as famílias foram visitadas mensalmente por um período de um ano, quando eram observadas e ouvidas; e, ao mesmo tempo, prestavam depoimentos sobre mudanças ocorridas nos subsistemas pessoal e administrativo.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao analisar o subsistema pessoal, no que se refere às crenças e valores, a maioria das famílias relatou que ocorreram mudanças com relação à religiosidade, uma vez que, após a prisão do seu familiar, passaram a acreditar mais em Deus e a procurar mais a igreja; para outras famílias acreditou-se que a prisão do seu familiar trouxe uma melhora no comportamento do mesmo reduzindo as brigas; enquanto que para 33,33% das famílias nada mudou, em alguns casos por já ter conhecido o seu cônjuge/amasiado/namorado na prisão.

Quanto às suas habilidades, na maioria das famílias, nada mudou; em outras, as mulheres tiveram que aprender a lidar com os negócios da família, a correr mais atrás dos seus objetivos; passaram a trabalhar dobrado, não saem mais de casa para lazer (como bailes); e deixaram um pouco de lado os afazeres domésticos por terem que trabalhar para sustentar a família.

No que diz respeito à aquisição de novos conhecimentos, a maioria das famílias passou a conhecer mais sobre as leis, que garantem o direito dos seus familiares; além dos conhecimentos ministrados nas reuniões mensais na APAC, como: o “bate papo” com a psicóloga, que envolve toda família; conhecimento sobre drogas; cuidado com os filhos. Além disso, como as mulheres passaram a ser chefes da casa, tiveram que aprender a lidar com as despesas da casa, tomando à frente das responsabilidades da unidade familiar; existindo também algumas famílias que relataram que nada mudou (41,66%)

Na percepção das unidades familiares, após a prisão do membro da família, o relacionamento entre os demais membros ficou mais estreito, a família ficou mais unida; mesmo tendo, em alguns casos, uma restrição por parte dos filhos, mas com o passar do tempo aceitaram a situação. Quanto às relações extra-familiares tiveram certas alterações:

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algumas famílias relataram que os vizinhos, ficaram muito esquisitos, afastando-se da família; em alguns casos não mudou muita coisa (25%), uma vez que, mesmo antes da prisão do seu familiar, a família já não dava muita satisfação aos vizinhos; alguns parentes também afastaram-se da família, mas também essa questão não incomodava. Em outras poucas famílias (16,66%), a relação com os vizinhos melhorou, uma vez que passaram a receber mais apoio, em termos de ajuda e relacionamento.

Na maioria das famílias, a prisão de seu familiar foi um susto, eles não esperavam que isso pudesse vir a acontecer. No que concerne à questão psicológica, a família relata que é afetada e não tem jeito. A família como um todo, fica abalada, triste, mas que não tem o que fazer; os membros familiares se sentem presos junto ao recuperando. Para 16,66% das famílias pesquisadas, os membros passaram a ser mais compreensivos e a se ajudarem mais; existindo, entretanto, em 58,33% das unidades familiares, em que toda estrutura ficou toda alterada, abalada e perdida diante da situação, parecia que o mundo havia desabado. Em 25% dos casos, as famílias relataram que não ter ocorrido mudança alguma no aspecto psicológico (25%).

Com relação a se sentirem discriminados por possuir um membro da família preso, as famílias relataram que já sofreram algum tipo de discriminação, seja esta vinda de vizinhos, ou contra os filhos na escola e catequese, ou mesmo, por patrões que já quase demitiu o filho de um recuperando, após o mesmo ter sido preso. Mas, a maioria das famílias não sofreu nenhum tipo de discriminação. E, quando ao fato de terem sofrido ameaça, a maioria das famílias nunca se sentiu ameaçada

A partir da análise dos dados, observou-se que a metade dos entrevistados ocupa o seu tempo com afazeres domésticos e trabalhos remunerados. Já a outra metade gasta o seu tempo somente com afazeres domésticos (25%) ou exercendo atividade remunerada (25%).

Com relação às metas dos familiares, a maioria dos participantes manifestou a vontade de em longo prazo obter ou reformar a casa própria; além de pensar na libertação do recuperando. Em contrapartida, em médio e curto prazo, a maioria dos familiares apontou o desejo de adquirir eletrodomésticos, móveis e quitar as dívidas.

Depois da prisão do recuperando, foi possível constatar mudanças na renda familiar (33,33%), bem como ausência de alterações em seu cotidiano (58,33%). Além disso, outros entrevistados relataram ter sofrido mudanças na forma de conduzir a vida, com aumento da responsabilidade (16,66%).

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Em relação à administração dos recursos das famílias, pôde-se perceber que uma grande parcela das famílias faz planejamento de gastos, no sentido de saber o local certo para onde o dinheiro será distribuído.

Nas tarefas de uso repetitivo, constatou-se muita semelhança entre as famílias. Foi relatado que a maioria delas realiza freqüentemente os trabalhos domésticos e os trabalhos remunerados.

Os registros de gastos não são comuns entre as famílias. Somente três das doze famílias entrevistadas que fazem as anotações mensalmente.

No que se refere aos reajustes dos gastos, em função da prisão do seu familiar, sete famílias responderam que não houve nenhum reajuste; enquanto, cinco delas respondeu que sim, uma vez que tiveram que conter alguns gastos e, também, começar a trabalhar.

A respeito de quem detém o poder no processo de tomada de decisão da família, a maioria das pessoas entrevistadas respondeu que são elas mesmas quem tomam as decisões, algumas compartilham as decisões com o marido, com a filha ou com a mãe. Já, no que se refere ao compartilhamento das decisões, a maioria disse compartilhar as decisões com o marido, principalmente quando o assunto é despesa de casa. Algumas pessoas responderam que compartilham também as decisões com os filhos.

No que concerne à influência que os recuperandos têm nas decisões que são tomadas, a maioria disse que os mesmos influenciam no processo de tomada de decisão, quando o assunto são os filhos, ou seja, escola, comportamento, alimentação e, também, na questão de dinheiro. Embora, mais da metade das famílias (66,66%) tenha declarado que o recuperando não influencia em nada.

Na questão associada ao envolvimento ou a cooperação dos membros familiares na produção caseira (atividades e tempo), houveram respostas diferenciadas: algumas pessoas disseram que os filhos ajudam, sendo que cada um deles tem sua obrigação; já outras afirmaram que ninguém ajuda e que ela mesma é quem faz todo o serviço. Entretanto, em relação à produção fora de casa (ocupações e tempo), todas as pessoas responderam ter recebido ou receber alguma ajuda.

Quanto às mudanças que ocorreram nos papéis e divisão de tarefas em função da prisão do seu familiar e como isso se deu, as famílias entrevistadas responderam que tiveram que assumir determinadas tarefas; precisando, algumas vezes, da ajuda de parentes (8,33%). Outras responderam que não tiveram problema, ou seja, continuou tudo a mesma coisa (41,66%).

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Em relação aos gastos e decisões de consumo, se são influenciados e por quais fatores, a maioria disse olhar o preço e a qualidade, como também a necessidade; já outras disseram comprar de acordo com a quantidade de dinheiro que possuem; somente duas pessoas disseram comprar alguma coisa por questão de gosto.

No processo de distribuição dos recursos familiares, a maior parte das famílias entrevistadas respondeu que primeiro olham a quantidade de dinheiro que possuem e o que precisa ser pago. Observou-se que o fator mais preponderante na administração dos recursos são as contas a serem pagas; embora algumas também olhem a questão de suprir as necessidades básicas.

Finalizando, procurou-se observar se as fontes e a alocação dos recursos familiares sofreram alterações com a prisão do seu familiar e em qual sentido isso havia se dado. Em 25% das famílias nada mudou, porque são outros membros da família que sustentam a casa. . As mudanças mais freqüentes, constadas com a prisão do familiar, estão associadas ao trabalho e responsabilidades, uma vez que a mulher teve que começar a trabalhar, conter alguns gastos, além de assumir responsabilidades do familiar que estava preso.

5 CONCLUSÃO

Tendo em vista o maior contato e observação da realidade cotidiana das famílias dos recuperandos, pode-se concluir que, as famílias com as suas multiplicidades de significados e experiências, possuem estruturas singulares, através das formas de organização e de convivência, que são produtos de processos sociais, econômicos, políticos e culturais.

A família funciona como mediadora entre a realidade social e o recuperando. Esta sofre pressão, não somente do ambiente onde vive, mas também pela ausência do recuperando, tendo que assumir mais atividades e responsabilidades.

O monitoramento familiar permitiu uma maior aproximação com os familiares dos recuperandos, sendo possível perceber melhor suas necessidades, problemas, anseios e expectativas; bem como ter um maior conhecimento sobre os modos de vida dos membros do sistema familiar e de suas redes sociais, permitindo o delineamento de ações mais eficazes, por estarem calcadas na realidade vivenciada e serem participativas.

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REFERÊNCIAS

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DEACON, R. E.; FIREBAUGH, F. M. Family Resource Manegement – principles and aplications. 2. ed. Boston: Ally an Bacon, 1988. 291p.

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