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APRENDENDO A LIBERDADE: ESCRAVOS, LIBERTOS, INGÊNUOS E INSTRUÇÃO FORMAL PARANÁ, SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

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APRENDENDO A LIBERDADE: ESCRAVOS, LIBERTOS, INGÊNUOS E INSTRUÇÃO FORMAL – PARANÁ, SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

Autora: Noemi Santos da Silva Orientação: Prof.ª Dr.ª Joseli M. Nunes Mendonça Palavras-chave: Paraná, século XIX – Escravidão: escravos, libertos e ingênuos - Instrução

Esse trabalho tem por finalidade estudar os períodos finais da escravidão no Brasil, de modo a conhecer como se desenvolveram iniciativas que visavam o futuro daqueles que se tornariam libertos. É proposto investigar, em meio a essas projeções, concepções sobre a instrução e suas relações com a formação do grupo social egresso da escravidão.

Esse recorte temporal decorre do fato de se encontrarem em evidência no período, muitas medidas institucionais de desagregação do regime de escravidão no Brasil, as quais

foram fruto de projetos que visaram a extinção da escravidão de maneira gradual1. A

sociedade brasileira, nas décadas finais do século XIX, enfrentava algumas questões cruciais, principalmente no que se refere à questão da mão-de-obra. O enfraquecimento da escravidão preocupava grupos dirigentes, por representar o aumento considerável do número de ex-escravos na sociedade, quadro visto como sinônimo de desordem. Por isso, foram discutidas no âmbito político, muitos projetos que refletiam a preocupação com o futuro daqueles, que aos poucos, se tornavam libertos. Muitas dessas inquietações interpretaram a instrução como mecanismo capaz de assegurar a ordem social,

disciplinando os libertos e encaminhando-os à verdadeira moral 2.

Essa situação de instabilidade era também provocada, devido à profunda dependência construída em torno da mão-de-obra escrava e africana no Brasil, desde o período colonial. As atividades produtivas brasileiras, baseadas na escravidão, consolidaram os mais importantes laços entre colônia e metrópole, tal como ocorreu em

toda a América do período moderno 3. O lucro advindo das transações comerciais da

escravidão enriquecia traficantes, grandes proprietários e negociantes nas principais regiões exportadoras do Brasil e da África Ocidental, benefício que obviamente não atingia àqueles que ingressavam no cativeiro, os quais resistiram significativamente à dominação nas mais variadas maneiras, fosse através da formação de quilombos, fugas e rebeliões ou

por meio de lutas judiciais contra os senhores 4.

As atividades de trabalho dos escravizados nem sempre estiveram atreladas à grande lavoura de cunho exportador. Em outras regiões desenvolveram-se atividades produtivas secundárias, porém, não menos importantes, responsáveis muitas vezes pelo abastecimento do mercado interno. É nessa última forma de produção que se enquadra grande parte das relações econômicas do Paraná do século XVII ao XIX. A escravidão em seus moldes paranaenses não exigiu quantitativamente os mesmos números de braços que

nas regiões exportadoras 5. A posse de escravos nessa região “pouco escravizada”,

1

CHALLOUB, Sidney. Visões da Liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão da corte. Cap. 1: “Negócios da escravidão”. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 19.

2

PENA, Eduardo S. O jogo da face: a astúcia escrava frente aos senhores e a lei na Curitiba provincial.

Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1999, p. 191.

3

SOLOW, Bárbara. Slavery and colonization. In: ...(org). Slavery and the rise of the the Atlantic system. Cambridge , Cambridge U.P., 1991.

4 Sobre formas de resistência á escravidão no período colonial: SCHWARTZ, S.B. Escravos, roceiros e

rebeldes. Bauru: Edusc, 2001.

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entretanto, foi, sem dúvida, um divisor de águas para moldar o quadro hierárquico da sociedade. Desse modo, foi proposto relacionar esse quadro social hierárquico paranaense com diferenciações nas formas de acesso à instrução.

Durante o período oitocentista foram acirradas as discussões políticas a respeito do fim da escravidão. Nesses debates, inicialmente foram evidentes apelos pela extinção do tráfico, em seguida, medidas estimulantes à libertação de escravos, como o fundo de

emancipação 6, e, finalmente decidiu-se por determinações legislativas voltadas à

libertação de parcelas da população escrava, como foi o caso da Lei de 1871, conhecida como do “Ventre Livre” e a Lei de 1885 que libertou escravos sexagenários. Essas medidas e determinações legislativas eram fruto de projetos que planejavam a abolição dos escravos de maneira gradual, para que houvesse um período de “aprendizado” dos libertos, e os mesmos fossem moldados para a “sociedade livre” que se pretendia construir. Essa sociedade, por sua vez adequar-se-ia às pretensões de progresso e alcance da civilização, visões muito defendidas por alguns setores sociais. Foi evidente, portanto, o encaminhamento das medidas emancipacionistas, de modo a estender ao máximo o prazo de extinção da escravidão para que fosse possível a preparação dos escravos para a liberdade.

Nos anos finais da escravidão foi bastante significativo o aumento do número de libertos na sociedade. Isso passava a ser motivo de inquietação para as autoridades do período, por representar, supostamente, a necessidade de medidas que garantissem o controle social e a continuidade do trabalho exercido anteriormente pela massa escrava, especialmente nas grandes lavouras. Havia um grande temor de que os libertos caíssem na ociosidade e se recusassem a trabalhar, por isso, foi notável, inclusive, a promulgação de leis de combate a ociosidade, e conseqüente valorização do trabalho, principalmente a

partir da década de 18707.

A Lei que libertou o ventre das escravas no ano de 1871 foi uma das evidências do gradualismo da abolição. Aprovada em 28 de Setembro daquele ano, a medida assinalava para a evidente crise pela qual passava a escravidão, tendendo a dosar a liberdade que seria dada aos cativos, protelando a abolição. Os filhos de mulheres escravas, nascidos após a referida Lei eram também chamados de ingênuos, termo derivado do Direito Romano. Os ingênuos brasileiros não possuíam o mesmo estatuto que seus predecessores romanos, pois a esfera de direitos proporcionada a essas crianças restringiu-se àquela da condição que os libertos brasileiros usufruíam 8. A partir disso, é interessante relacionar as medidas de cunho educacional propostas aos ingênuos, nessa tendência de aproximação dos mesmos ao grupo dos libertos, afinal, havia projetos específicos para esses menores, diferentemente, das outras crianças não vinculadas ao cativeiro. Essas crianças deviam ficar na posse dos senhores de suas mães até completarem a idade de 8 anos. A partir daí, cabia a esses proprietários entregar a criança ao Estado e para tanto receber uma indenização, ou permanecer com o menor, usufruindo de seus serviços até a idade de 21

anos 9. Essas e outras práticas demonstraram uma condição de liberdade dada aos filhos de

mulher escrava, não correspondentes àquilo que as próprias crianças representavam: indivíduos considerados livres desde o nascimento.

primeiras décadas do século XIX. In: História, São Paulo, v.25, n.1, 2006.

6 Fundo destinado a indenizar senhores, caso estes optassem pela alforria de seus escravos 7 CHALLOUB, Sidney. Trabalho, Lar e Botequim. Op. cit.

8ALANIZ, Anna Gicelle García. Ingênuos e Libertos: estratégias de sobrevivência familiar em épocas de

transição. 1871-1895. Campinas: Área de Publicações CMU/UNICAMP, 1997, p. 39

9 Lei número 2040 de 28.09.1871. Disponível em :

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Tanto os libertos, quanto ingênuos experimentaram uma situação de “fronteira” entre escravidão e liberdade, por enfrentarem uma série de limitações, contribuintes para uma difícil inserção social como indivíduos verdadeiramente livres. A emancipação dos escravos, poderia tornar os libertos a maioria da sociedade e, estes passariam a usufruir de benefícios, antes voltados unicamente àqueles isentos da experiência no cativeiro, fator que poderia simbolizar uma desordem pública, já que esse grupo era portador de características

consideradas e “impróprias” para o progresso, como a ociosidade e a promiscuidade 10. Por

isso, recorreu-se a medidas asseguradoras da ordem, como o controle e a disciplina por

meio da vigilância e perseguição policial 11. Para disciplinar os ex-escravos buscava-se

estimular o trabalho livre assalariado, no sentido de prevenir a ociosidade, suprindo a escassez de mão-de-obra, garantindo a ordem social buscada por uma parte da sociedade. A ordem e o progresso supostamente vindos do estímulo ao trabalho livre somavam-se a um importante ingrediente, também visto colaborador da civilização brasileira: a instrução de escravos, libertos e ingênuos, interpretada, sobretudo como mecanismo de controle desses indivíduos e propagadora de um ideal de “sociedade livre”.

Tanto para representantes do governo central, quanto para autoridades regionais, como era o caso dos presidentes da província do Paraná, a instrução foi compreendida como fonte de benefícios colaboradores do progresso e da civilização. A legislação, os projetos e discursos oficiais, fizeram menções à necessidade de instrução das camadas sociais desprivilegiadas, focando muitas vezes, de maneira especial, nos escravizados, libertos ou ingênuos, como meta dos projetos de instrução. Através da análise dos Relatórios de Presidente de Província, encontra-se uma perspectiva que atrelava a educação à formação moralmente aceita dos indivíduos considerados “embrutecidos” pelo trabalho 12.

A partir de 1824, com a primeira Constituição, a legislação determinou a instrução primária gratuita para todos os cidadãos brasileiros, incluindo nessa categoria, aqueles que

foram libertos do regime de escravidão 13. A matrícula e freqüência de escravos não foram

permitidas, porém, nas aulas públicas, medida que se oficializou em um Decreto do ano de

1854 14. Abria-se uma pequena exceção, quando se tratava da educação de adultos em

aulas noturnas, ministradas pelos mesmos professores do ensino regular diurno 15. Com o

significativo aumento do número de filhos de mulher escrava na sociedade, estes, passaram a ser incluídos no rol de crianças atingidas pela obrigatoriedade escolar, e a serem incluídos em políticas educacionais específicas para seu grupo. Discutiu-se sobre o futuro dos ingênuos em algumas ocasiões no debates de parlamentares brasileiros, neles previa-se a criação de associações e estabelecimentos específicos para a “criação e tratamento”

desses menores e falava-se inclusive na criação de “colégios agrícolas” 16 onde seria

10 Idem, p. 105

11 CHALLOUB, Sidney. Trabalho, Lar e Botequim. Op. cit.

12 Exemplo dessa postura: VAZ DE CARVALHES, vice-presidente da província do Paraná. Relatório de

1857, p. 40.

13 “Constituição Política do Império do Brazil.” Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituiçao24.htm Art. 179, XXXII

14 Decreto nº 1331 de 17 de Fevereiro de 1854. Versão original disponível em:

http://www.camara.gov.br/Internet/InfDoc/conteudo/colecoes/Legislacao/1854%20pronto/leis%201854/dec %20n°1331A%20à%201331A-pg12-p12.pdf 15 Idem. 16 Lei n.º2040 de 28.09.1871 ; Disponível em http://www.camara.gov.br/internet/infdoc/conteudo/colecoes/legislacao/legimpcd-06/leis1871/pdf17.pdf#page=6.

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realizada a formação de tais crianças. A posse do ingênuo pelo senhor de sua mãe, entretanto, recaía a responsabilidade dessa criação à iniciativa particular do proprietário de escravos.

Muitos periódicos circulados entre a sociedade imperial do período divulgavam também a idéia de que os libertos não saberiam viver em liberdade e que, por isso, necessitavam da instrução para corrigirem características impróprias para a “sociedade livre”. Falava-se, em geral, na necessidade de educação dos recém-emancipados para evitar os males de uma desordem social. Além disso, vinculava-se a educação desse grupo social “degradado” pelo cativeiro, a uma educação para o trabalho e para a moral. Instrução e

educação, portanto, foram vistas como meios de acesso à verdadeira liberdade 17. Desse

modo, a voz da imprensa enunciava ao público todas as concepções concernentes aos libertos, para as quais, nas décadas de 1870 e 1880, se considerava que era necessário atentar. Como “solução” a toda espécie de estigma mantido em relação a este grupo social, erguia-se a bandeira da instrução, como agente auxiliador na correção de vícios daquela população. Por conseguinte essa educação se aplicaria de maneira diferenciada para eles, pois, prezaria primordialmente para a disciplina do trabalho e ao direcionamento aos valores morais, itens, por sua vez, supostamente ausentes na população ex-escrava.

Muitas práticas de instrução atingiram escravos, libertos e ingênuos no final do período oitocentista e ajudam a sustentar a tendência de “educação para a liberdade”, pensada por grupos dirigentes no período, não somente no Paraná, como também em muitas outras regiões do Império brasileiro. No caso paranaense, foram evidenciadas iniciativas de instrução que visaram à instrução de escravos, em Paranaguá e Curitiba. Em ambos os casos, professores do setor público abriram escolas noturnas voltadas à educação de escravos na década de 1870, enviando suas petições e informações ao presidente da província do período. Nessas escolas foi possível identificar um grande número de alunos e a presença conjunta de escravos e libertos. Os ingênuos da região foram encontrados em sua maioria, em escolas noturnas destinadas a adultos. Em Palmeira, um professor indagou se devia ou não admitir à matricula, um filho de escrava, tendo em vista que não era permitida a matricula de escravos nas aulas. Esses indícios ajudaram a configurar um quadro de instrução de escravizados, libertos e ingênuos, repleto de situações que reforçam as limitações da vida em liberdade desse segmento social. Portanto, a população escrava, ingênua ou liberta do Paraná de finais do século XIX, não ficou alheia às práticas e projetos de ensino escolar, ao contrário, procurou significativamente a instrução, de certo, como via de ascensão social. O que nutre essa idéia é o fato da existência das duas escolas criadas para o ensino de cativos das respectivas regiões, não por sugestão ou pressão de senhores, mas por procura dos próprios escravos. Ambos os professores dos estabelecimentos, se referiram nas correspondências, a escravos que, com consentimento dos senhores, desejavam aprender a ler, escrever e contar, e não que foram movidos pelos

senhores da região para abrir escolas para seus escravos 18.

Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá, Presidente da Província no ano de 1882, fez um levantamento estatístico das escolas noturnas do Paraná do período e informou a

existência de 361 alunos matriculados nesse setor de instrução, sendo 71 deles escravos 19.

Comentando sobre as escolas noturnas que mais chamaram sua atenção, ele registrou a existência de um espaço escolar aberto e mantido por iniciativa dos escravos da região de

Paranaguá, sob direção do tipógrafo João Theodoro Silva 20. Esses e outros indícios

17 PENA, Eduardo S. op. cit. p. 103. 18 AP 385, p. 123; AP 447, pp. 93-94.

19 Jesuino Marcondes de Oliveira e SÁ. Relatório do Presidente da Província, ano: 1882, p. 93. 20 Jesuino Marcondes de Oliveira e SÁ. Relatório do Presidente da Província, ano: 1882, p. 94.

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assinalam para a compreensão, por parte dos escravos, da instrução como via de ascensão social. Outra escola noturna, desta vez na cidade da Lapa mostrou uma considerável quantidade de libertos e menores ingênuos matriculados, o que possibilita inferir que esse grupo somava um significativo contingente na freqüência das aulas noturnas.

Nesse sentido, é fundamental atentar para as formas de atuação dos sujeitos envolvidos nesse processo de transformações pelo qual se passava a nação, tendo em vista promover análises mais amplas sobre o tema, que não se restrinjam a visões unilaterais

desse momento histórico 21.

As escolas noturnas de escravos e libertos podem ser compreendidas não somente como reflexo de amplos projetos de parte da sociedade imperial voltados para a população escrava e liberta, como também podem ser interpretadas como meio de atuação dos escravos e libertos para melhoria de suas condições. Por isso, incorporou-se nas análises, o contexto de transformações ocorridas na sociedade imperial de finais do período escravista e a perspectiva de que era necessário instruir para preparar os negros escravizados para a liberdade e ensinar os libertos a desfrutar dessa condição.

A forma com que escravos, libertos e ingênuos da província paranaense foram instruídos, portanto, demonstra que a escolarização desse grupo foi pensada e efetivada de maneira ambígua, por evidenciar uma alternativa de ascensão social, em meio a um contexto de intensas lutas e resistências, e recriar a hierarquia social e racial própria da sociedade escravista, ao promover um modelo educacional voltado à disciplina e controle do trabalho, por serem geralmente escolas de ofícios, restringidas à esfera do ensino primário. O fato de serem escolas noturnas ajuda a relacionar o cotidiano desse grupo ao trabalho, mesmo em se tratando de alunos menores, fator que permite caracterizar esse modelo educacional como sendo uma ferramenta de propagação da disciplina do trabalho, tão essencial para os grupos dirigentes, defensores da ordem social.

_____________________________ Visto da orientadora.

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