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USO DE ÁLCOOL E TABACO POR ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DO RECÔNCAVO BAIANO

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USO DE ÁLCOOL E TABACO POR ESCOLARES DO ENSINO

FUNDAMENTAL E MÉDIO DO RECÔNCAVO BAIANO

Alba Regina Gomes* Alex da Silva Mascarenhas* Geisa Karine dos Santos Machado* Graziele Machado da Silveira* Lívia de Jesus Lago dos Santos* Marcos Lima Maia** Sandra Ribeiro de Souza* Suelir Santos* Robson Rui C. Duete***

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo quantificar a prevalência do

consumo de álcool e tabaco por escolares do ensino fundamental e médio de algu-mas cidades do Recôncavo Baiano (Santo Antonio de Jesus, Conceição do Almei-da, Castro Alves, Sapeaçu, Cruz das Almas, Muritiba e Cachoeira) e descrever as características sociodemográficas dos sujeitos estudados. A pesquisa tratou de um estudo descritivo transversal, que utilizou uma amostra de 2.557 estudantes matriculados no ensino fundamental (5ª a 8ª série) e no ensino médio (1ª a 3ª série), de instituições de ensino públicas e privadas localizadas nas cidades cita-das. A amostra foi constituída por 42% de alunos do sexo masculino e 58% do sexo feminino, sendo que 70% residiam na zona urbana e 30% na zona rural; enquanto em relação à idade, observou-se a seguinte distribuição: 19% estavam na faixa entre 9-11 anos; 41% entre 12-14 anos; 27% entre 15-17 anos; e 13% > 18 anos. Desse total de estudantes, 69,5% declararam já ter feito uso de bebida alcoólica e 13,6% declararam já ter experimentado tabaco, enquanto 39% e 4,6% informaram fazer uso regular de bebidas alcoólicas e tabaco, respectivamente.

PALAVRAS-CHAVE: Tabaco; bebidas alcoólicas; prevalência; estudantes ABSTRACT: The present works had as objective to quantify the prevalence of the

consumption of alcohol and tobacco for students of the basic and average education of the cities of the Recôncavo Baiano (Santo Antonio de Jesus, Conceição do Almeida, Castro Alves, Sapeaçu, Cruz das Almas, Muritiba and Cachoeira) associate the demographic characteristic of the people studied. The research dealt with transversal descriptive study consisting of a sample of 2.557

th th th th

students registered in the basic education (5 - 8 grade) and average (1 – 3 grade), of located public and privet institutions of education in the cited cities. The

*Graduandos do Curso de Bacharelado em Enfermagem da FAMAM **Graduando do Curso de Bacharelado em Farmácia da FAMAM ***Orientador. Professor FAMAM

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sample was constituted of 42% of the pupils of masculine sex and 58% of pupils of the feminine sex, 70% resident in the urban and 30% in the rural zone, while in relation to the age, it was observed following distribution: 19% were in the age group of 9-11 years; 41% between 12-14 years; 27% between 15-17 years; and 13% > 18 years. Of the total of students, 69,5% they had al ready declared to have done use alcohol in their life and 13,6% they had al ready declared have tried tobacco, while 39% they had informed that they always marking use of alcohol and 4,6% they using tobacco.

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INTRODUÇÃO

O álcool e o tabaco são drogas legalmente comercializadas em todo territó-rio nacional, com restrição de venda apenas para menores de 18 anos, segundo a Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996. Apesar da proibição, o consumo de bebidas alcoólicas e tabaco por menores de idade é cena comum em determinadas cir-cunstâncias. Vê-se ainda que a adolescência constitui um período crucial no ciclo vital para o início do uso de drogas, seja como mera experimentação seja como consumo ocasional, indevido ou abusivo (SCHENKER; MINAYO, 2005).

O envolvimento com acidentes automobilísticos, a prática sexual sem pro-teção, o comprometimento do rendimento escolar e os riscos associados à depen-dência alcoólica são alguns dos desfechos sociais que podem ser ocasionados pelo uso abusivo de álcool entre os adolescentes (PECHANSKY; SZOBOT; SCIVOLETTO, 2004). Apesar do consumo de tabaco não acarretar transtornos sociais e fatalidades na mesma proporção do álcool, os seus danos ao organismo humano são devastadores, como a variedade de cânceres e os problemas cardio-vasculares.

Dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) revelaram que em 2001, 68,7% da população brasileira já havia feito uso de álcool e 41,1% de tabaco, sendo 11% dependentes de álcool e 9% de taba-co. Este mesmo estudo fez a distribuição do consumo conforme faixa etária, demonstrando que 48,3% e 15,7% dos adolescentes na faixa etária entre 12-17 anos já fizeram uso de álcool e tabaco, respectivamente; destes adolescentes, 5,2% foram considerados dependentes de álcool e 2,2% dependentes de tabaco, sendo que a maior proporção de adolescentes dependentes de álcool foi verifica-da na Região Nordeste (9,3%) (CARLINI et al., 2002).

Um estudo conduzido no Instituto Médico Legal de São Paulo, em 1994, analisou os laudos de todas as pessoas que morreram por acidentes ou violência na Região Metropolitana de São Paulo, constatando que 52% das vítimas de homi-cídio, 64% daqueles que morreram afogados e 51% dos que faleceram em aci-dentes de trânsito apresentaram álcool na corrente sangüínea em níveis mais ele-vados do que o permitido por lei para dirigir veículos (BRASIL, 2005).

Um outro estudo, realizado em Curitiba, encontrou fortes evidências de que 58,9% dos autores dos crimes e 53,6% das vítimas de 130 processos de homicídi-os, ocorridos entre 1990-1995 e julgados nos Tribunais de Júri da cidade, estavam sob efeito de bebida alcoólica no momento da ocorrência (BRASIL, 2005).

Em Recife, durante o Carnaval de 1997, 88,2% das vítimas fatais e 80,7% das vítimas não fatais de acidentes de trânsito apresentaram exame positivo para intoxicação alcoólica (BRASIL, 2005).

Estudos feitos em Pronto-Socorros de Brasília, Curitiba, Recife, Salvador, São Paulo e Campinas, por diferentes autores e instituições, também encontraram teores de álcool, no sangue de vítimas, que variaram de 29 a 61% (BRASIL, 2005).

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Dados do Ministério da Saúde ainda informam que, em 2004, cerca de 900 mil e 300 mil pessoas morreram nas Américas por complicações decorrentes do consumo de tabaco e álcool, respectivamente, enquanto menos de 50 mil morre-ram em decorrência do uso de drogas ilícitas (BRASIL, 2006).

Partindo das constatações acima, objetivou-se neste estudo quantificar o consumo de álcool e tabaco por estudantes do ensino fundamental (5ª a 8ª série) e médio, matriculados na rede de ensino pública e privada de sete municípios do Recôncavo Baiano (Sapeaçu, Cruz das Almas, Muritiba, Castro Alves, Conceição do Almeida, Cachoeira e Santo Antonio de Jesus).

METODOLOGIA

A pesquisa tratou de um estudo descritivo transversal, que utilizou uma amostra de 2.557 estudantes matriculados no ensino fundamental (5ª a 8ª série) e no ensino médio (1ª a 3ª série) em instituições de ensino púbicas e privadas dos municípios de Sapeaçu, Cruz das Almas, Muritiba, Castro Alves, Conceição do Almeida, Cachoeira e Santo Antonio de Jesus. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a quantidade total de estudantes matriculados no ensino fundamental e médio dos referidos municípi-os, no ano de 2007, era de 35.936.

A técnica de amostragem adotada constituiu-se de uma combinação da téc-nica de amostragem por conglomerado associada à aleatória simples. Cada con-glomerado referiu-se a cada uma das instituições de ensino escolhidas ao acaso para ser realizada a pesquisa. Dentro de cada conglomerado sortearam-se alea-toriamente as turmas onde foram aplicados os questionários.

O consumo de álcool e tabaco foi estabelecido em duas categorias: experi-mentação, que se refere ao estudante que já experimentou pelos menos uma única vez bebida alcoólica e/ou cigarro; consumo freqüente ou regular, que se refe-re ao estudante que faz consumo de bebidas alcoólicas e/ou cigarros diariamente, todo final de semana ou em festas e encontros.

A coleta de dados foi realizada utilizando-se um questionário anônimo de autopreenchimento, contendo 23 perguntas de caráter objetivo, entre os meses de março e maio de 2007. Os questionários foram aplicados em apenas uma turma de cada série, dando-se preferência às turmas que apresentavam um maior número de alunos menores de idade, além disso, todos os estudantes que respon-deram ao questionário estudavam no turno diurno.

A aplicação dos questionários nas instituições selecionadas ocorreu após autorização escrita das suas respectivas direções. Antes da distribuição dos ques-tionários nas turmas foi esclarecido o anonimato das prestações informadas e os objetivos da pesquisa. Em todas as turmas, durante a aplicação dos questionári-os, havia a presença de um professor da instituição de ensino pesquisada.

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apresenta-rem falta de preenchimento de informações essenciais, preenchimento inadequa-do de campos e rasuras, totalizaninadequa-do 2.390 questionários tabulainadequa-dos e analisainadequa-dos na planilha eletrônica do Microsoft Office Excel 2000.

É necessário esclarecer que esta pesquisa não foi submetida à apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa, porque no período de sua execução ainda não se tinha constituído. No entanto, todos os preceitos estabelecidos pela Reso-lução nº 196/1996 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) foram respeitados durante a realização deste estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise das características sociodemográficas dos estudantes participan-tes da pesquisa revelou que 42% eram do sexo masculino e 58% do sexo femini-no. Em relação ao local de residência, 70% residiam na zona urbana e 30% na zona rural. Considerando-se a faixa etária, 19% situavam-se na faixa etária entre 9-11 anos, 41% entre 12-14 anos, 27% entre 15-17 anos e 13% com idade > 18 anos (Tabela 1).

Em relação ao consumo das drogas objeto de estudo, 69,5% dos estudan-tes declararam já ter experimentado álcool e 13,6% alegaram já ter experimenta-do tabaco. No que diz respeito ao consumo freqüente, 39% e 4,6% informaram consumir regularmente bebidas alcoólicas e tabaco, respectivamente (Tabela 2). Numa análise comparativa dos resultados deste estudo com outras pesquisas já realizadas sobre o tema, limitou-se ao consumo relacionado à experimentação de álcool e tabaco, visto que as pesquisas apresentaram discrepâncias metodológi-cas com relação à freqüência do consumo.

Na primeira comparação, realizada com os dados do V Levantamento Naci-onal sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fun-damental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras em 2004, realizado pelo CEBRID, percebeu-se que a proporção de estudantes que já expe-rimentaram bebidas alcoólicas nesta pesquisa (69,5%), foi maior que a registrada em Salvador (63,1%), no Brasil (65,2%) e nas grandes Regiões do País. Porém, a proporção dos estudantes que informaram já ter consumido tabaco alguma vez, desta pesquisa (13,6%), foi acentuadamente menor em comparação a registrada em Salvador (17,7%), no Brasil (24,9%) e nas demais Grandes Regiões (Figura 1). Analisando-se o consumo das drogas mencionadas, conforme pode ser visualizado na Tabela 3, de acordo com as características sociodemográficas, tor-na-se evidente uma pequena variação na proporção de estudantes do sexo mas-culino e feminino que já experimentaram bebidas alcoólicas, 73% e 67%, respecti-vamente. Em relação ao local de residência, observou-se uma prevalência leve-mente superior entre os alunos da zona rural (71%). Na distribuição por faixa etá-ria, ocorreu aumento simultâneo entre a proporção e a idade: 9-11 anos (52%), 12-14 anos (66%), 15-17 anos (80%) e > 18 anos (83%).

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Em relação ao consumo regular de álcool, também se observou uma pequena variação do consumo em consonância com o sexo: masculino (42%) e feminino (37%). Verificou-se, além disso, uma variação em relação ao local de resi-dência: zona urbana (37,5%) e zona rural (42,5%). Em relação à idade observou-se uma maior proporção de consumo com o aumento da idade: 9-11 anos (17%), 12-14 anos (31,5%), 15-17 anos (53%) e > 18 anos (66%) (Tabela 4).

Tabela 1: Distribuição da frequência de estudantes segundo características

so-ciodemográficas.

Características n %

Sexo Masculino 1015 42

F e m in in o 1375 58

Total 2390 100

Local de residência Zona urbana 1666 70

Zona rural 724 30

Total 2390 100

Faixa etária (anos) 9 ? 11 450 19

12 ? 14 991 41

15 ? 17 645 27

= 18 304 13

Total 2390 100

Tabela 2: Distribuição da frequência de consumo de acordo com o tipo de droga.

n % n %

Tipo de uso/droga Não

Experimentou bebida alcóolica 1661 69,5 729 30,5

39 1456 61

Experimentou tabaco 325 13,6 2065

95,4 Sim

Uso frequente de tabaco 110 4,6 2280

86,4 Uso frequente de bebidas alcóolicas 934

Quanto à proporção do consumo de álcool segundo o sexo, notou-se que tanto a proporção daqueles que já experimentam bebidas alcoólicas quanto aque-les que declararam fazer uso regular foi levemente maior entre os estudantes do sexo masculino (Tabela 3 e 4). Em Pelotas/RS, 81,8% dos estudantes do sexo masculino declararam ter feito uso de álcool contra 79,8% do sexo feminino, ocor-rendo uma variação mais significativa quando se referia ao uso freqüente, 22,1% do sexo masculino e 13,5% do sexo feminino (TAVARES; BÉRIA; LIMA, 2001). Já

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Guimarães et al. (2004), Muza et al. (1997) e Baus; Kupek; Pires (2002) evidencia-ram em seus estudos uma variação irrelevante dos estudantes que já haviam experimentado bebidas alcoólicas em função do sexo. Em relação ao uso regular de bebidas alcoólicas, Soldera et al. (2004) também observou em Campinas/SP, um consumo maior por parte dos estudantes do sexo masculino.

Tabela 3: Distribuição da frequência dos estudantes que já experimentaram

álco-ol segundo características sociodemográficas.

n % n %

1661 69,5 729 30,5

Sexo Masculino 744 73 271 27

Feminino 917 67 458 33

Total 1661 729

Local de residência Zona urbana 1144 69 522 31

Zona rural 517 71 207 29

Total 1661 729

Faixa etária (anos) 9?11 235 52 215 48

12?14 656 66 335 34 15?17 517 80 128 20 =18 253 83 51 17 Total 1661 729 Consumo Sim Não Características

Com referência à experimentação de tabaco, ocorreu uma grande diferen-ça nas proporções em função do sexo: masculino (22%) e feminino (8%). Já em relação ao local de residência não houve uma diferença de proporções: zona urba-na (13%) e zourba-na rural (14%). O consumo aumentou concomitantemente com a ida-de, observando a seguinte distribuição de proporção: 9-11 anos (3%), 12-14 anos (8%), 15-17 anos (18%) , > 18 anos (37%) (Tabela 5).

A mesma análise foi feita em relação aos alunos que se declararam fuman-tes, observando-se uma maior proporção de tabagistas entre os estudantes do sexo masculino (7%) e os que residem na zona rural (6%). Notou-se ainda que a quase totalidade dos estudantes tabagistas estão na faixa etária entre 15-17 anos (7,2%) e > 18 anos ( 16%) (Tabela 6).

Tendência idêntica foi observada em Ribeirão Preto/SP por Muza et al. (1997), onde 42,7% dos estudantes do sexo masculino já haviam experimentado tabaco, enquanto a proporção de estudantes do sexo feminino foi de 33,1%. Machado Neto; Cruz (2003), num estudo na cidade de Salvador/BA, identificaram uma prevalência de tabagismo 2,3 vezes maior entre os estudantes do sexo mas-culino. No entanto, outros estudos não identificaram variações significativas no

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consumo de tabaco em função do sexo (HORTA et al., 2001; MALCON; MENEZES; CHATKIN, 2003; GUIMARÃES et al., 2004; TAVARES; BÉRIA; LIMA, 2001).

Tabela 4: Distribuição das proporções de estudantes que consomem regularmente

bebidas alcóolicas segundo características sociodemográficas.

n % n %

934 39 1456 61

Sexo Masculino 431 42 584 58

Feminino 503 37 872 63

Total 934 1456

Local de residência Zona urbana 626 37,5 1040 62,5

Zona rural 308 42,5 416 57,5

Total 934 1456

Faixa etária (anos) 9?11 78 17 372 83

12?14 312 31,5 679 68,5 15?17 343 53 302 47 =18 201 66 103 44 Total 934 1456 Consumo Sim Não Características

Tabela 5: Distribuição da frequência dos estudantes que já experimentaram

tabacosegundo características sociodemográficas.

n % n %

325 13,6 2065 86,4

Sexo Masculino 220 22 795 78

Feminino 105 8 1270 92

Total 325 2065

Local de residência Zona urbana 223 13 1443 87

Zona rural 102 14 622 86

Total 325 2065

Faixa etária (anos) 9?11 14 3 436 97

12?14 81 8 910 92 15?17 117 18 528 82 =18 113 37 191 63 Total 325 2065 Consumo Sim Não Características

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Tabela 6: Distribuição das proporções de estudantes que consomem tabaco

segundo características sociodemográficas.

Características n % n % 110 4,6 2280 95,5 Sexo Masculino 73 7 942 93 Feminino 37 3 1338 97 Total 110 2280

Local de residência Zona urbana 66 4 1600 96

Zona rural 44 6 680 94

Total 110 2280

Faixa etária (anos) 9?11 3 0,6 447 99,4

12?14 12 1,2 979 98,8 15?17 47 7,2 598 92,8 =18 48 16 256 84 Total 110 2280 Consumo Sim Não

Neste estudo também se levantaram algumas características relacionadas ao consumo de álcool e tabaco, tais como: freqüência de consumo, locais de con-sumo, forma de acesso, a posição dos pais a respeito do consumo e a quem o estu-dante atribui o fato de ser etilista ou tabagista.

Em relação ao consumo de álcool, 3% dos estudantes etilistas declararam fazer uso de álcool diariamente, 17% todo final de semana e 80% só em festas e encontros. Percebeu-se que a maioria dos pais sabe que seus filhos fazem uso de bebidas alcoólicas (60%), porém, apenas 39% proíbem os seus filhos de fazerem consumo de álcool. Em relação ao local de consumo, a maioria destes estudantes alegou fazer consumo de bebidas alcoólicas em festas (68%) e em casas de parentes e amigos (25%) e, uma proporção considerável faz consumo em casa (20,5%) e em bares (22%). Percebeu-se ainda que 85% dos estudantes nunca foram indagados sobre a sua idade ao comprar bebidas alcoólicas em algum esta-belecimento e que 68% deles informaram não ter tido nenhuma influência para ini-ciar o consumo de álcool (Tabela 7).

Analogamente ao consumo de álcool, observou-se que a maioria dos estu-dantes tabagistas declarou fazer uso esporadicamente de cigarros. A maioria dos pais destes estudantes não sabe que seus filhos fazem consumo de tabaco (72%) e que a sua maioria os proíbem de fumar (60%). Em relação à forma de acesso, a maioria dos estudantes informou adquirir cigarros comprando em bares (55%). Constatou-se ainda que apenas 10% dos donos de estabelecimentos indagaram sobre a idade para a venda de tabaco, um número menor ao apresentado na com-pra de bebidas alcoólicas (15%). Apesar de 47% dos estudantes tabagistas decla-rarem não ter tido nenhuma influência para começar a fumar, um número

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expres-Tabela 7: Algumas características de consumo dos estudantes etilistas.

Perguntas Opções n %

Com que frequência você bebe? Diariamente 24 3 Todo final de semana 161 17 Só em festas, encontros, etc 749 80

Total 934 100

Seus pais sabem que você bebe? Sim 561 60

Não 324 35

Não informou 49 5

Total 934 100

Seus pais o proíbem de beber? Sim 361 39

Não 465 50

Não informou 108 11

Total 934 100

Onde você consome bebidas alcóolicas?* Em bares 206 22

Em casa 192 20,5

Em festas 634 68

Em casa de parentes e amigos 233 25

Sim 102 15

Não 560 85

Total 662 100

Como você começou a beber? Influência de amigos 191 20 Influência do pai 45 5 Influência da mãe 35 4 Influência das propagandas 23 2 Não tive nenhuma influência 637 68

Não informou 3 1

Total 934 100

** Só foram contabilizados os estudantes que assinalaram esta pergunta * O estudante poderia marcar mais de uma alternativa

Se ao comprar bebida em um bar, o dono do estabelecimento perguntou a sua idade ou pediu a sua

identidade para vender o produto?**

sivo declarou ter começado por influência de amigos (39%) (Tabela 8).

Em relação à avaliação na compra de bebidas alcoólicas e tabaco por estu-dantes, resultados semelhantes foram encontrados por Romano et al. (2007) num estudo realizado nas cidades de Diadema e Paulínia, no Estado de São Paulo, com jovens na faixa etária entre 13-17 anos, evidenciando que 85,2% (Paulínia) e 82,5% (Diadema) dos jovens conseguiram comprar bebidas alcoólicas na primeira tentativa.

Apesar de não apurado neste estudo, o consumo de álcool e tabaco mos-trou-se em outros estudos associados a outras características e desfechos sociais. Soldera et al. (2004) e Baus; Kupek; Pires (2002) evidenciaram um maior consumo de bebidas alcoólicas entre os estudantes da classe socioeconômica A e B. Horta

et al. (2001) e Malcon; Menezes; Chatkin (2003) constataram uma maior

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Tabela 8: Algumas características de consumo dos estudantes tabagistas.

Perguntas Opções n %

Com que frequência você fuma? Diariamente 22 20 Todo final de semana 41 37 Só em festas, encontros, etc 47 43

Total 110 100

Seus pais sabem que você fuma? Sim 31 28

Não 79 72

Total 110 100

Seus pais o proíbem de fumar? Sim 66 60

Não 38 34

Não informou 6 6

Total 110 100

Compra em bares 61 55 Consegue com amigos 50 45 Consegue com os pais 5 5 Consegue de outra forma 5 5

Sim 10 10

Não 86 90

Total 96 100

Como você começou a beber? Influência de amigos 43 39 Influência do pai 11 10 Influência da mãe 2 2 Influência das propagandas 2 2 Não tive nenhuma influência 52 47

Total 110 100

* O estudante poderia marcar mais de uma alternativa

** Só foram contabilizados os estudantes que assinalaram esta pergunta Onde você adquire cigarro?*

Se ao comprar cigarro em um bar, o dono do estabelecimento perguntou a sua idade ou pediu a sua

identidade para vender o produto?**

69,5 13,6 63,1 17,7 65,2 24,9 66 23,9 58,2 26,1 68,7 25,4 67,8 27,7 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 % Esta pesquisa Salvador Brasil Região Nordeste Região Norte Região Sudeste Região Sul tabaco álcool

Figura 1: Comparação da proporção de estudantes que já experimentaram álcool

e tabaco, observadas neste estudo, com os dados do V Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes, realizado pelo CEBRID, em 2004.

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CONCLUSÕES

A proporção dos estudantes que já experimentaram e que fazem uso regu-lar de bebidas alcoólicas neste estudo mostrou-se substancialmente elevada. Estes resultados apontam para a necessidade de adoção de estratégias multidis-ciplinares nas escolas da rede pública e privada dos municípios estudados e para uma maior fiscalização por parte das autoridades públicas competentes, a fim de impedir com que bebidas alcoólicas sejam vendidas e consumidas em bares tão facilmente por menores de idade.

Em relação ao consumo de tabaco, tanto a proporção de estudantes que declararam já ter experimentado e que fazem uso regular mostrou-se acentuada-mente menores quando comparadas com dados do CEBRID e de outros estuda-dos já realizaestuda-dos. Detalhe que aponta para os resultaestuda-dos positivos do combate mais energético do Estado contra o tabagismo e do possível envolvimento de com-portamentos sociais distintos.

Em relação à postura dos pais quanto ao consumo de álcool e tabaco, cons-tatou-se que a proibição quanto ao consumo foi maior entre os estudantes taba-gistas. Este resultado denuncia o efeito das campanhas antitabagistas, que se centram nos malefícios que o uso de tabaco pode ocasionar. Em contrapartida, não existem campanhas anti-etilismo, observando-se um grande apelo para o con-sumo através das campanhas televisivas de marcas de cervejas.

O elevado consumo de álcool pelos estudantes deste estudo sugere a ado-ção de certas medidas que possam minimizar essa situaado-ção. Schenker; Minayo (2005) ressaltam que a família e a escola têm papeis cruciais nessa participação, afirmando que é complexa a relação que leva os adolescentes ao consumo de dro-gas, mas consideram que uma visão multidisciplinar com a interação dos diversos segmentos da sociedade e do poder público desencadearia um começo significa-tivo na resolução do problema.

REFERÊNCIAS

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Referências

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