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DIREITOS HUMANOS E AS NOVAS TECNOLOGIAS: O USO DA BIOMETRIA COMO FORMA DE SEGURANÇA NA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E CIBERCIDADANIA 1

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Academic year: 2021

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DIREITOS HUMANOS E AS NOVAS TECNOLOGIAS: O USO DA BIOMETRIA COMO FORMA DE SEGURANÇA NA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E

CIBERCIDADANIA1

Abner da Silva Jaques2 Maurício Dias Trindade de Oliveira3 Patricia Martinez Almeida4 Direito – Universidade católica Dom Bosco (UCDB) Linha de pesquisa: Direitos Humanos e Relações Sociais

RESUMO: O presente estudo tem por finalidade analisar a forma em que se dá o processo

eleitoral brasileiro decorrente do uso da urna eletrônica e uso do sistema biométrico de segurança. Objetiva-se, a partir da teoria da sociedade dos riscos e da teledemocracia, verificar se há preponderância no binômio necessidade versus risco, sem se olvidar dos fundamentos constitucionais aludidos na Constituição Brasileira e o bem-estar social. Para tanto, a averiguação pautar-se-á no método de abordagem hipotético-dedutivo com base nos métodos auxiliares bibliográfico e documental, a fim de concluir que os riscos existem, são latentes e não podem ser considerados como construções sociais, mas a transformação de como são percebidos e lidados socialmente, deve conceder à tecnologia biométrica confiança ao ponto de que o indivíduo sinta-se seguro e perceba que o exercício da Teledemocracia é defendido pelo Estado.

PALAVRAS-CHAVE: Teledemocracia; Cibercidadania; Biometria como forma de

segurança; Teoria dos riscos; Direitos Humanos.

1. INTRODUÇÃO

O advento das Novas Tecnologias da informação e comunicação (NTICs) é visto como uma das grandes conquistas da humanidade e também o responsável pela dinamização

1 Trabalho submetido ao Grupo de Trabalhos 5 “Fundamentos teóricos e contemporaneidade dos direitos

humanos” do XIII Congresso Internacional de Direitos Humanos (CIDH) da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e da Universidade católica Dom Bosco (UCDB).

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Graduando do 6º semestre do curso de direito na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB/MS), Vice-Presidente do Diretório Acadêmico Clóvis Beviláqua (DACLOBE - UCDB), pesquisador voluntário (PIBIC) no projeto intitulado “Diversidade cultural e grupos em processo de inclusão no MS: análise sócio jurídica interdisciplinar”, coordenado pelo professor Doutor José Manfroi, sob a orientação da professora Mestra Patricia Martinez Almeida. Email: abnersjaques90@gmail.com.

3 Graduando do 6º semestre do curso de direito na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB/MS), membro do

Diretório Acadêmico Clóvis Beviláqua (DACLOBE - UCDB), pesquisador voluntário pesquisador voluntário (PIBIC) no projeto intitulado “Diversidade cultural e grupos em processo de inclusão no MS: análise sócio jurídica interdisciplinar”, coordenado pelo professor Doutor José Manfroi, sob a orientação da professora Mestra Patricia Martinez Almeida. Email: mauriciodtoliveira@uol.com.br.

4 Mestra em Direito pelo Programa de Mestrado em Direito da Universidade Nove de Julho, especialista em

Direito Constitucional com ênfase em Direitos Humanos pelo Centro de Pós-Graduação UNINOVE. Professora de Direito Civil na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e na Universidade Nove de Julho (UNINOVE). Advogada. E-mail: profa.civil@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/7663341887410868.

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das relações intersubjetivas, possibilitando, a partir de seu uso/adequação, maior sensação de conforto, segurança e socialização do poder entre os cidadãos – empoderamento5.

Sua usabilidade acarretou grandes alterações em diversas áreas da sociedade, criando uma verdadeira fábrica de incerteza na vida dos indivíduos. Entretanto, com o avanço tecnológico, aquilo que antes era visto de forma inofensiva, torna-se um risco ao passo que se desenvolve. A problemática se dá quando a intervenção estatal no processo eleitoral e o mau uso das Novas Tecnologias não atribuem um caráter de segurança ao pleito, mas, tão somente, um caráter de identificação.

Assim, buscará, principalmente, analisar o risco no processo eleitoral brasileiro, bem como, a solução para o medo da problemática arguida. Para fundamentação da pesquisa, será utilizado a Teoria de Ulrich Beck, sobre a sociedade de risco, fazendo uma relação entre o binômio “medo versus necessidade”, para que seja percebido o resultante desta teoria, a partir do momento que superado o medo.

Como hipótese inicial, admite-se que o processo eleitoral brasileiro por meio do uso da Urna Eletrônica, em sua atual configuração, resulta insegurança ao exercício da cidadania na sociedade brasileira. Sendo que, a partir da sua análise, em contraproposta, o Estado deve observar o avanço das Novas Tecnologias, bem como, os Direitos resultantes deste avanço. Assim, ao perceber o risco latente, há de se superar a insegurança e remodelar a forma de fazer política.

2. PROBLEMA DA PESQUISA

Com a evolução das tecnologias, o mundo passou a assistir a transição do mundo físico para o mundo informático. Quando determinada postura não foi suficiente ou não alcançou aquilo que dela se esperava, viu-se a necessidade de desenvolver novos mecanismos a fim de prevenir e incentivar a reestruturação social e a participação política.

Prosseguindo ao avanço, com intenção de consolidar o uso das novas tecnologias no processo eleitoral, tem-se como inovação digital a biometria, cujo objetivo é a emancipação da capacidade estatal no processamento e armazenamento de dados, possibilitando assim, uma maior preservação dos eleitores.

A aplicação correta do sistema biométrico tem por escopo a efetiva segurança de dados, obtendo desta forma, uma maior independência do cidadão para com o Estado, no âmbito do processo eleitoral, rompendo com o caráter identificador que tem seu uso.

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Consiste na ideia de que o indivíduo, a partir da desmonopolização do conhecimento perito, passe a ter consciência em relação à participação política, social e do uso dos novos meios tecnológicos

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No tocante ao uso do sistema biométrico em meio ao processo eleitoral brasileiro, o que se tem é que o uso da biometria não se dá em favor da segurança do voto, mas sim da possibilidade do reconhecimento de eleitor que já foi cadastrado anteriormente junto aos Tribunais Eleitorais.

Neste ponto emerge o risco. Importante destacar que dentre práticas de interesses governamentais, o uso da biometria não atribui um efetivo caráter de segurança e confiança ao pleito. Mas, tão somente, impede (ou deveria impedir) a possibilidade de que um cidadão exerça o direito de voto por outro. É justamente sobre o cerne de um Estado fraco na segurança do acesso à teledemocracia e na participação no processo eleitoral, que se vê a necessidade de reinventar o processo político. Nesta esteira, Ulrich Beck (1994) afirma sobre a necessidade de reinventar a política que não prega revoluções, conspirações, crises, etc.

Em crítica à segurança na forma a qual o pleito se dá no Brasil, com o uso da urna eletrônica, o questionamento que paira é sobre a confiabilidade do aparelho que libera o voto para o eleitor, logo após o registra em sua memória, mas não permite que o eleitor verifique se o seu voto foi registrado corretamente.

Nota-se o fato de que convivemos com temerário risco que não apresenta confiança alguma no processo eleitoral brasileiro. Desta forma, primeiro é preciso superar o déficit do debate sobre a proteção de dados para visualizar o efeito negativo resultante da insegurança que vivemos.

3. OBJETIVOS

Para levantar a questão propositiva do trabalho, é necessário utilizar da biometria como fonte de segurança para o acesso à Cibercidadania. Todavia, quando se propõe a utilização da biometria como instrumento de participação no escrutínio, da própria residência do eleitor, importante destacar que o voto – ou arquivo de voto - deverá ser protegido por uma configuração que só quem o constitui tem o direito a sabê-lo.

A proteção desses dados (ou defesa do Direito de Sufrágio Eleitoral por meio eletrônico) dar-se-á através da criptografia. Nesse caso, deve-se entender como criptografia o conjunto de técnicas que, a partir do uso de uma chave cifradora e/ou decifradora, possibilita a ininteligibilidade de texto6, e, posteriormente, sendo o caso, tornar inteligível o texto criptografado, àquele que possui a chave decifradora, de forma a proteger o texto contra invasão ao seu conteúdo por quem não é autorizado.

6 No presente trabalho, a expressão “o texto” trata-se da cédula digital de voto.

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Esse mecanismo tem por objetivo proteger determinado conteúdo sem, no entanto, esconder a sua existência. Ou seja, há o conhecimento de um texto criptografado, porém, não se conhece o conteúdo deste arquivo, tampouco o seu emissor. É justamente sobre este ponto que se baseia a propositura da pesquisa. É valer-se da segurança da informação, aliada à ciência de sua existência, para computar durante o escrutínio eleitoral, um voto criptografado digital.

Em favor das Novas Tecnologias e promoção dos Direitos Humanos, é necessário analisar todo léxico político e social e caminhar em sentido oposto ao que é obsoleto; faz-se imprescindível observar o racional e fazer a relação entre medo versus necessidade e desmistificar a visão apocalíptica das Novas Tecnologias e o desprezo pela Computopia7.

4. METODOLOGIA

A consecução da pesquisa pautou-se no método de abordagem hipotético-dedutivo, auxiliado pelos métodos de pesquisa bibliográfico e documental, para enfatizar as relações e o ajustamento entre os diversos componentes da sociedade digital, analisando o risco contido no processo eleitoral brasileiro e visando o estudo do exercício dos direitos humanos na sociedade tecnológica de risco.

5. RESULTADOS E CONCLUSÃO

A utilização de um sistema totalmente inovador, que possibilite ao cidadão maior garantia e confiabilidade ao processo eleitoral vem como tendência nos países democráticos. Ao se perceber um processo livre de vícios, a concepção de representatividade daqueles que votam se fortalece e evita-se a desconfiança de um processo frágil e ameaçado.

Com a adoção do neoconstitucionalismo pelo texto constitucional de 1988 e por se tratar de condição inerente ao indivíduo, o acesso às informações tecnológicas como meio de formação e promoção da dignidade no campo informacional se enquadram – apesar de toda discussão existente – nos Direitos Humanos de 3° dimensão.

Isto porque, com o advento da evolução tecnológica, o acesso à informação por meio de redes de computadores se tornou algo inerente ao indivíduo, visto que os Direitos Sociais são os que visam garantir o exercício da cidadania e dos Direitos e Garantias Fundamentais em condições de igualdade e plenitude.

7 Foi em seu escrito “Computopia” que Masuda apresentou uma visão futurista da sociedade de informação,

demonstrando ser uma sociedade radicalmente oposta à sociedade industrial. Com a sociedade da informação, o autor discrimina que toda importância material da sociedade industrial seria esquecida em detrimento da informação e das novas tecnologias. (JACO, 2004)

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Nessa esteira, conclui-se ser necessário o aprimoramento da participação política cidadã. Isto, pois, deve-se observar o risco que é o processo eleitoral brasileiro. A intenção é buscar uma integração entre às Novas Tecnologias, o processo político-eleitoral e os Direitos Humanos.

Por se viver em uma fábrica de incertezas, a consciência dos riscos abre alas para um futuro alternativo e maior em adequação de vida, podendo resultar em uma sociedade civil responsável e teledemocrática. Assim, superando a questão do medo, há de se observar a necessidade de permitir o processo de uma tecnologia autônoma, isento de interesses puramente estatais, militares ou de instituições.

Ao passo que se tem acesso às Novas tecnologias e delas se aproveite como forma de realização pessoal, emancipa-se o cidadão de um interesse estatal, outorgando tão somente àquele a responsabilidade de garantir o acesso à cibercidania, a participação representativa direta na Teledemocracia e a defesa dos direitos decorrentes dos avanços tecnológicos.

A segurança das informações e dados é, por exemplo, direito adquirido resultantes do acesso às Novas tecnologias. Assim, conforme a forma de vida e os valores sociais avançam e, consequentemente o Estado tem de se adequar.

6. REFERÊNCIAS

BECK, Ulrich, 1994. O que é Globalização? Equívocos do globalismo: respostas à

globalização/ Ulrich Beck; tradução de André Carone. – São Paulo: Paz e Terra, 1999

____________. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. Tradução de Sebastião Nascimento. São Paulo: Ed. 34; 2010.

____________. The reinvention of politics, towards a theory of reflexive

modernization.Reflexive Modernization.Politics, Tradition and Aesthetics in the modern

social order.Cambridge: PolityPress,1994.

JACO. Uma Leitura de Computopia – Portugal e a Era da Informação. Brasil. 2004. Disponível em http://blogunotas.blogspot.com.br/2004/02/uma-leitura-de-computopia-portugal-e.html. Acesso em: 05 mai. 2016.

STOLFI, Jorge. Fraude na urna eletrônica usada no Brasil: Resposta a perguntas e

argumentos frequentes. Set. 2010. Brasil. disponível

em http://www.ic.unicamp.br/~stolfi/urna/FAQ.html. Acesso em: 06 mai. 2016.

SARLET, Ingo Wolfgand. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na

Referências

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