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A educação em saúde visando prevenção à portadores de pé-diabético e profissionais de enfermagem

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A educação em saúde visando prevenção à portadores de pé-diabético

e profissionais de enfermagem

Carla Luiza Silva (Universidade Estadual de Ponta Grossa) carlals21@hotmail.com Cintia Moleta (Universidade Estadual de Ponta Grossa) cintiamoleta@hotmail.com

Emanoel Severo (Hospital de Caridade São Vicente de Paulo – Guarapuava-Pr) bazilhao@hotmail.com Mariane Antunes Cavalheiro (Santa Casa de Misericórdia de Ponta Grossa) mariane1_cavalheiro@hotmail.com

Maria Dagmar da Rocha Gaspar (Universidade Estadual de Ponta Grossa) mdagrocha@yahoo.com.br Resumo:

A promoção em saúde e o ensino diário na enfermagem implicam em transformar as práticas diárias do setor, de formação e da atuação profissional, visando mudança e prevenção no setor, em benefício do paciente. O Diabetes Mellitus (DM) é um grupo de doenças metabólicas, sendo que é a terceira principal causa de morbimortalidade, envolvendo algumas complicações que contribuem para maiores taxas de hospitalização, deixando o paciente vulnerável. Os objetivos deste trabalho foram realizar capacitação aos profissionais de saúde de duas unidades sobre o protocolo de cuidados com pé diabético; buscar usuários portadores de DM dessas Unidades Saúde da Família (USF) com complicações em pé diabético e orientar esses usuários que possuam complicações em pé diabético. Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa, de abordagem retrospectiva, sendo desenvolvido de maio a outubro de 2010, com uma amostra de 41 pessoas envolvida nas atividades. Como resultados, encontramos que os profissionais da enfermagem deixam a avaliação dos pacientes portadores de pé-diabético em segundo plano e não faz parte do trabalho diário as avaliações e que muitas delas desconhecem os pacientes que possuiram complicações. Já com relação aos pacientes, após a palestra, mostrou que 30,8% apresentam alguma deformidade ou proeminência óssea e com relação à insensibilidade e ressecamento dos pés, 46,2% apresentaram essas complicações. Conclui-se que os profissionais de saúde possuem o conhecimento acerca dos cuidados com o pé diabético, mas transmitem pouco ao seu alvo do cuidado, o paciente diabético, sendo que o foco do cuidado deve ser a prevenção, por meio de atividades educativas que visem o bem-estar pessoal e social do paciente.

Palavras-Chaves: Educação em saúde, Prevenção, Pé diabético

Health education aimed to prevent patients with diabetic foot and

professional nursing

Abstract:

The promotion and health education in nursing journal in turn imply the daily practices of the industry, training and professional performance, aiming to change and prevention in the industry, to benefit the patient. Diabetes Mellitus (DM) is a group of metabolic diseases, and is the third leading cause of death, involving some complications that contribute to higher hospitalization rates, leaving the patient vulnerable. The objectives of this work was to conduct training to health professionals of

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two units on the protocol of care for diabetic foot; users get these DM Family Health Units (USF) with diabetic foot complications and to guide those users who have complications in foot diabetic. This is a quantitative and qualitative research, the retrospective approach, being developed from May to October 2010 with a sample of 41 people involved in activities. As a result, we found that the nursing professionals leave the evaluation of patients with diabetic foot in the background and not part of daily assessments and that many are unaware of the patients who had complications. As for those patients after the lecture, showed that 30.8% have some deformity or bony prominence and relative insensitivity to the feet and drying, 46.2% had these complications. It is concluded that health professionals have the knowledge about diabetic foot care, but convey little of its target of care, the diabetic patient, and the focus of care should be prevention, through educational activities aimed at the personal welfare and social.

Key-words: Health Education, Prevention, Diabetic Foot.

1. INTRODUÇÃO

Observando o processo de trabalho dos profissionais de saúde e sua organização, evidencia uma problemática que necessita de uma reorganização que possa corresponder a demanda dos serviços de saúde com um planejamento e que a educação diária em saúde seja uma prática exercida por todos a fim de estabelecer uma assistência à saúde com qualidade. (FLEURY,1988)

A promoção em saúde e o ensino diário na enfermagem implicam em transformar as práticas diárias do setor, de formação e da atuação profissional. O processo de educação em saúde na enfermagem favorece para que o profissional potencialize e atue no seu setor em sua potencialidade, visando mudança e prevenção no setor, em benefício do paciente.

Os saberes próprios da Enfermagem foram forjados na prática e na observação atenta, no somatório de experiências, nas respostas certas para os inúmeros desafios e na permanente construção de novos conhecimentos. Esse processo dialético levou a muitos caminhos, o que pode ser resgatado ao privilegiar-se a perspectiva da análise histórica (GISI,2001).

A ruptura desse processo, do saber-fazer para o saber-ser enfermeiro, a busca da cientificidade, traduz-se hoje em verdadeiro anacronismo, dicotomia teoria-prática, dado aos avanços científicos obtidos na área e na maneira holística de se abordar o paciente (LACERDA; COSTENARO,2006)

É através da educação que englobamos os processos de ensinar e aprender e a enfermagem forma um caminho em que haja o desenvolvimento dos profissionais em sentido ascendente. A educação acontece quando a sensibilidade a sofre mudanças, podem acontecer, de acordo com o grupo ao qual ela se aplica, e é passível de ajuste no contexto em que se considerar necessário.

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Juntamente com o processo de transição demográfica brasil a partir da década de 60, em decorrência da diminuição das taxas de natalidade e mortalidade, devido ao avanço técnico-cientifico que possibilita melhores condições socioeconômicas a população e de saúde, favoreceu um envelhecimento populacional que determinou o aumento das doenças crônico degenerativas, dentre elas o diabetes mellitus (DM). (LOPES E OLIVEIRA, 2004)

O DM é um grupo de doenças metabólicas, caracterizado por níveis séricos elevados de glicose, ocasionados pela deficiência total ou parcial de insulina; ou pela resistência celular à mesma. Essa enfermidade acomete milhões de pessoas em todo o mundo. No ano de 2004, morreram em decorrencia de DM, 3.4 milhões de portadores desta doença no mundo. A OMS, acredita que o número de mortes em decorrência a esta patologia duplicará de 2005 à 2030. (OMS, 2011)

Devido a esse alto índice de ocorrência do diabetes, ela é a terceira principal causa de morbimortalidade, sobretudo por causa da alta taxa de doenças cardiovasculares (Infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença vascular periférica). (SMELTZER E BARE, 2006; HIROTA, HADDAD E GUARIENTE, 2008)

O impacto econômico do diabetes continua a subir. Metade das pessoas com diabetes e com mais de 65 anos são hospitalizadas a cada ano, verificando-se que as complicações graves e com risco de vida freqüentemente contribuem para maiores taxas de hospitalização, deixando o paciente mais vulnerável a outras complicações, como úlceras, infecções e amputações. (CDC, 1998)

Diante desse contexto, a atuação do enfermeiro junto à equipe de saúde torna-se importante no sentido de orientar os pacientes diabéticos sobre os cuidados diários com os pés e a prevenção do aparecimento das úlceras. (HIROTA, HADDAD E GUARIENTE, 2008) Com isso, há a necessidade de avaliação constante dos pés dos portadores de diabetes mellitus, bem como a educação em saúde, possibilitando o auto cuidado e minimizando as complicações e os fatores de risco para a formação de úlceras e infecção das mesmas.

“Sem a educação em diabetes, os pacientes estão menos preparados para tomar decisões baseadas em informação e fazer mudanças de comportamento [...]. O mau controle pode resultar em grande probabilidade de desenvolver complicações”. (LOPES, 2003; BATISTA, 2010)

O despertar pelo estudo deste tema é por relacionar lacunas no cuidado assistencial de enfermagem a estes pacientes. Surge então a seguinte problemática: como o indivíduo

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portador de diabetes com predisposição ao complicações vem sendo tratado pelas equipes de saúde?

2. OBJETIVOS

GERAL

- Realizar a capacitação dos profissionais de saúde das unidades pesquisadas sobre o

protocolo de cuidados Pé diabético.

ESPECÍFICO

- Buscar usuários portadores de DM de duas Unidades Saúde da Família (USF) com cimplicações em pé biabético;

- Orientar usuários de duas Unidades Saúde da Família (USF) com complicações em pé diabético;

3. METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa, de abordagem retrospectiva, sendo desenvolvido de maio a outubro de 2010.

No estudo retrospectivo, os sujeitos são selecionados pela presença do desfecho (doença), criando-se subgrupos e se olha para o passado desses indivíduos. (DYNIEWICZ, 2009)

A abordagem quantitativa prevê a mensuração de variáveis preestabelecidas, e a qualitativa baseia-se na premissa de que o conhecimento sobre as pessoas só é possível a partir da descrição da experiência humana tal como ela é vivida e definida pelos próprios atores. (DYNIEWICZ, 2009)

Foram analisadas as falas dos Enfermeiros por meio de Bandin, separando-as em categorias. A pesquisa teve um total de participação de 41 pessoas. Para tanto, foi pesquisa foi realizada em em quatro etapas:

Na primeira etapa foram selecionadas duas USF do município de Ponta Grossa – PR, de acordo com o índice de diabéticos cadastrados no programa HIPERDIA (Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos, do Ministério da Saúde). O foco dessa etapa da pesquisa foram os usuários portadores de DM, residentes nas áreas de abrangência das duas unidades.

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Para a segunda etapa da pesquisa fizeram parte 9 indivíduos portadores de lesões em pé diabético ou amputações por decorrência do DM. Com esses indivíduos, foi realizado um levantamento de dados, levando em consideração os seguintes aspectos: tempo de existência da ferida, sinais de infecção, úlceras prévias, úlceras atuais e amputações. Esses dados foram obtidos com os próprios usuários na residência dos mesmos, com o acompanhamento de sua Agente de saúde correspondente, por meio de visita domiciliar.

Na terceira etapa, os usuários diabéticos das USF foram convidados para uma palestra, por meio das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS), que teve por tema “O cuidado com o pé diabético”, ministrada pelas pesquisadoras. Essa reunião ocorreu em um centro comunitário numa das unidades, e na outra, no próprio saguão da unidade. Foram abordados os aspectos predisponentes às úlceras diabéticas em membros inferiores, como má higienização, uso de calçados inadequados, pele desidratada, corte incorreto de unhas, calosidades nos pés, dentre outros. Participaram no total 40 usuários, sendo que apenas 13 foram selecionados para fazer parte da amostra da pesquisa, nos quais foi realizada avaliação dos por meio do exame físico, levantando-se as principais complicações existentes. Para isso, foram utilizados itens de avaliação contidos no livro “Consenso Internacional Sobre Pé Diabético”. (APENDICE 1)

Como quarta etapa houve a realização de uma capacitação, por meio de palestra, de 19 profissionais da equipe de saúde (enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes comunitárias de saúde) das duas USF, abordando questões sobre a “prevenção de complicações em pé diabético”. Para averiguar as percepções destes profissionais acerca da temática pé diabético, aplicou-se um questionário contendo 4 questões descritivas (APENDICE 2).

A análise qualitativa foi feita utilizando Bandin, separando as questões em duas categorias. Os dados quantitativos foram tratados de forma descritiva e em tabelas e gráficos, com distribuição de freqüência absoluta e percentual.

A pesquisa foi realizada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (COEP), em 30 de abril de 2010, pelo protocolo 05486/10.

Respeitando-se o sigilo das informações e o anonimato dos nomes, estes foram referidos utilizando letras e números: E para Enfermeiros, T para técnicos em Enfermagem e A para Agentes Comunitárias de Saúde.

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4. RESULTADOS

Serão discutidos abaixo os dados referentes a terceira e quarta etapas desta pesquisa. Para a capacitação da equipe de saúde das duas USF escolhidas foi realizada uma palestra acerca dos cuidados com o pé diabético, em que participaram 19 profissionais: dois enfermeiros, quatro técnicos de enfermagem e treze agentes comunitários de saúde (ACS). A palestra teve duração de quarenta minutos e os profissionais se mostraram participativos.

A equipe de Saúde da Família deve atuar, de forma integrada e com níveis de competência bem estabelecidos, na abordagem do diabetes. Incentivar e promover atividades de educação em saúde, promover a educação profissional permanente na equipe, auxiliar aumentando a autonomia e o poder dos pacientes sobre suas próprias condições e encorajar relação paciente-equipe colaborativa, são algumas das ações e condutas que devem fazer parte do trabalho de toda a equipe. (BRASIL, 2006)

Para indagar as percepções dos profissionais de saúde, aplicou-se um questionário para a equipe com quatro questões subjetivas, das quais emergiram duas categorias para análise: avaliação dos pés dos pacientes diabéticos pela equipe de saúde e cuidados prestados ao paciente com diabetes.

Categoria 1: Avaliação dos pés dos pacientes diabéticos pela equipe de saúde

A avaliação dos pés dos pacientes diabéticos é imprescindível para a qualidade da assistência de enfermagem e prevenção de complicações ao paciente diabético, incentivando a prática do auto-cuidado e dando as orientações necessárias.

Contudo, essa avaliação, na maioria das vezes é deixada a segundo plano, sendo realizada somente nos pacientes que já possuem alguma complicação como úlceras e amputações, conforme o discurso abaixo:

A avaliação é feita somente com os pacientes que já estão com úlceras, no momento dos curativos.[...]Falta tempo. (E1)

Com relação as ACS, algumas relataram não terem capacidade para tal, mas as respostas beiraram a idéia de que não faz parte do trabalho delas fazerem essas avaliações, que cabem aos enfermeiros e técnicos de enfermagem:

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Já os técnicos de enfermagem, todos relataram sempre realizar avaliação nos pés dos pacientes diabéticos.

A conscientização da equipe de saúde frente a essa temática se faz imprescindível para o reconhecimento e a terapêutica precoce de um pé em risco. Se não por meio de avaliações propriamente ditas, se utilizando de insistentes orientações em linguagem acessível ao paciente e aos cuidadores, para a prevenção e detecção precoce de lesões.

A educação faz parte de um programa abrangente de cuidados com os pés e é considerada como um trabalho em equipe, em uma comunidade ou um hospital, e deve envolver, idealmente, tanto os profissionais de nível primário quanto de especialistas lotados nos hospitais 9.

Categoria 2: Cuidados prestados ao paciente com diabetes

Essa categoria envolveu a auto-avaliação do cuidado prestado pelos profissionais ao paciente diabético, tendo em foco a evolução para sérias complicações, como úlcera e amputação. Muitos dos profissionais relataram desconhecerem pacientes que evoluíram para complicações sob seus cuidados:

Ainda não tive oportunidade de cuidar de pacientes com este problema. (T3). Porém, algumas respostas evidenciaram altos índices de complicações, como evidenciados pelo discurso:

Acho que 7 ou 8 pacientes evoluíram para amputação e/ou infecção (E1). Além dos cuidados de enfermagem fazemos treinamento com a família para os cuidados se tornarem de melhor qualidade (E2)

Com relação às ACS, as respostas foram diversas:

Eu acho que o meu cuidado é mais ou menos, poderia ser melhor. (A3). O paciente não aceita meus cuidados (A2).

Os pacientes devem ser acompanhados por toda a equipe de saúde, de acordo com as atribuições de cada profissional e características de cada paciente.

Cabe aos profissionais da saúde fornecerem orientações ao paciente em relação aos cuidados com os pés e a pele. Por meio desse ato, o enfermeiro estará prevenindo complicações futuras, realizando profilaxia de novas ulcerações 6. Do mesmo modo, faz-se cogente o planejamento de ações que sejam eficazes e propendam a prevenção desses agravos, juntamente com o paciente e dentro de suas possibilidades.

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Outro aspecto levantado foram os cuidados que se deve ter com relação ao pé diabético. Os mais citados foram calos, higiene, corte das unhas, uso de calçados confortáveis, secar entre os dedos e observar feridas.

Quando questionados sobre sua participação em cursos de atualização sobre a prevenção de pés diabéticos, apenas 10,5% (n=2) dos profissionais relataram já terem participado de cursos de atualização. Porém, o mesmo profissional que relatou já ter participado de cursos, referiu não ter capacidade para fazer avaliação dos pés, mas diz que transmite aos pacientes as informações recebidas acerca do assunto. Os profissionais de saúde devem receber informações periódicas e reforçar a habilidade na abordagem de pacientes diabéticos. (BRASIL, 2001)

É de suma importância que o profissional faça uma adequada avaliação dos pés, grande parte destas complicações pode ser evitada através de um melhor conhecimento de cuidado com os pés ( BATISTA, 2010; LOPES E OLIVEIRA, 2004)

Um estudo demonstrou que 22 de 23 amputações abaixo do joelho foram realizadas em pacientes que nunca haviam recebido informações sobre cuidados terapêuticos ou medidas preventivas. (BRASIL, 2001)

Após a capacitação da equipe em outra data e dia, foi realizada a palesta com a comunidade. Conforme descrito, a primeira etapa da pesquisa envolveu duas USF de Ponta Grossa, no total aproximado de 290 diabéticos das duas unidades.

A respeito da realização do levantamento de dados com os indivíduos portadores de lesão ou amputação, conforme a segunda etapa da pesquisa foram encontrados, por meio das agentes de saúde, nove usuários das áreas de abrangência das duas unidades de que tem ou tiveram úlcera e/ou amputação.

De acordo com o presente estudo pode-se verificar que o maior índice de complicações envolve as úlceras (prévias e atuais) e amputação, é de usuários que tem úlceras recorrentes, ou seja, tinham a ferida, passaram por um processo de cicatrização e agora têm nova ferida. Em um estudo prospectivo, o índice de recorrência de úlceras no pé diabético no prazo de 1, 3 e 5 anos foi de 44%, 61% e 70%, respectivamente. (BRASIL, 2001)

Como terceira etapa da pesquisa, ocorreram duas palestras acerca da temática “pé diabético”. Participaram 40 indivíduos, mas apenas 13 foram selecionados para fazer parte da amostra, para a avaliação dos pés por meio de exame físico, realizado pelas pesquisadoras.

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Gráfico I – Exame Físico dos pacientes que participaram da palestra.

Fonte: as pesquisadoras

Os dados apontam que das 13 pessoas avaliadas, 30,8% (n=4) apresentam nos pés alguma deformidade ou proeminência óssea. Nenhuma das 13 apresentou alterações significativas com relação à presença de úlcera, pulso tibial posterior ausente e pulso pedioso dorsal ausente. Com relação à insensibilidade e ressecamento dos pés, 46,2% (n=6) apresentaram essas complicações, as quais caracterizam a neuropatia diabética. Quando avaliados os itens pressão anormal, calosidades e uso de calçados inadequados, encontrou-se 15,4% (n=2) correspondentes. Em 7,7% (n=1) dos indivíduos havia perda da mobilidade articular, palidez à elevação, rubor postural, úlcera prévia ou amputação.

Constatamos assim que as alterações mais comumente encontradas foram relacionadas à presença de neuropatia periférica, sendo esta a complicação do DM que mais predispõe o paciente à formação de ulcerações nos membros inferiores. O item deformidade ou proeminência óssea também foi expressivo, visto que “a neuropatia periférica afeta diretamente os receptores musculares, o que causa atrofia de alguns grupos musculares na perna e no pé. Isso resulta em um tônus muscular desproporcional nos pés, o que pode levar a deformidades” (PONSI E SCHNEIDER, 2010). A prevalência estimada de neuropatia

30,80% 0% 46,20%46,20% 15,40% 7,70% 0% 0% 7,70% 7,70% 7,70% 15,40% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%

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periférica varia de 30 a 70%, dependendo das populações estudadas, das definições e dos critérios de diagnóstico. (BRASIL, 2001)

A não ocorrência de complicações relativas a pulsos diminuídos ou ausentes e de ulceras nos pacientes avaliados na palestra, indicam que os pacientes que possuem essas complicações mais graves podem estar relacionados a fatores que impossibilitaram sua presença na reunião, como a incapacidade de deambulação ou longas caminhadas, devido à uma situação incapacitante causada pela ulceração ou doença vascular periférica avançada. Por outro lado, também sugerem que ao indivíduos que já possuem esses agravos se desinteressam pelo conhecimento de sua doença e melhora do seu auto-cuidado, o que representa uma situação de desesperança com relação à vida e a sua melhora.

5. CONCLUSÃO

Com a realização dessa pesquisa pode-se evidenciar o alto índice de complicações nos pés dos pacientes diabéticos, principalmente relacionados à neuropatia diabética, que leva a formação de úlceras, infecção e amputação, entre outras complicações.

O sistema de saúde ainda não está pronto para encarar o paciente diabético como um todo, que vai além dos hipoglicemiantes e das dietas, e que necessita de um cuidado integral e orientações para o desenvolvimento do seu auto-cuidado e empoderamento frente aos seus agravos de saúde. Os profissionais de saúde possuem o conhecimento acerca dos cuidados com o pé diabético, mas transmitem pouco ao seu alvo do cuidado: o usuário do serviço. Fato esse que pode ser demonstrado pelas altas taxas de complicações em membros inferiores, que são evitáveis com cuidados simples, como boa higiene, uso de calçados confortáveis, corte adequado das unhas etc .

É importante ressaltar que a educação em saúde torna os profissionais de saúde qualificados e atualizados, capazes de proporcionar mudanças no ambiente de trabalho afim de aplicar ao paciente buscando a qualidade de assistencia a ele e prevenindo a evolução de sua doença e complicações.

O foco do cuidado deve ser a prevenção, por meio de atividades educativas que visem o bem-estar pessoal e social do paciente, que, através de orientações adequadas e insistência por parte dos profissionais, acabam por se persuadir sobre a seriedade do seu agravo, a necessidade do controle de sua doença e a importância da integridade dos seus membros inferiores.

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6. REFERÊNCIAS

1. BATISTA F. Uma Abordagem Multidisciplinar sobre pé diabético. 1. ed. São Paulo. Andreoli, 2010. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos da Atenção Básica–Diabetes Mellitus.Cadernos da Atenção Básica

nº 16. Ministério da Saúde. Brasília. 2006. Disponível em

<189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad16.pdf>. Acesso em 19.ago.2010

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. Grupo de Trabalho Internacional dobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília, DF, 2001.

4. CDC Diabetes Cost-Effectiveness Study Group. The cost-effectiveness of screening for type 2 diabetes. Journal of the American Medical Association. 1998; 280:1757-63. Disponível em : <http://jama.ama-assn.org/cgi/content/abstract/280/20/1757> Acesso em: 15 out.2010

5. DYNIEWICZ AM. Metodologia da pesquisa em saúde para iniciantes. 2. ed. São Caetano do Sul, SP. Difusão, 2009.

6. FLEURY S. O dilema da Reforma Sanitária Brasileira. In: Berlinguer G, Fleury S, Campos GWS. Reforma Sanitária – Itália e Brasil. São Paulo: HUCITEC; 1988.

7. GISI, Maria de Lurdes. O processo de construção do projeto pedagógico: planejamento e ação. Diálogo Educacional. Curitiba. v. 3, 2001

8. HIROTA AMO, HADDAD MCL, GUARIENTE MHDM. Pé Diabético: O papel do enfermeiro no contexto das inovações terapêuticas. Ciênc Cuid Saude. 2008 jan-mar; 7(1): 114-120.

9. LACERDA, M. R.; COSTENARO, R. G. S. O cuidado como manifestação do ser e fazer na Enfermagem. Santa Maria, v. 1, n. 1, jul/ dez. 2006.

10. LOPES CF. Projeto de assistência ao pé do paciente portador de diabetes melito. J Vasc Br 2003; 2 (1): 79-82.

11. LOPES FAM, OLIVEIRA FA. Fatores de Risco para o desenvolvimento de Pé Diabético em sujeitos atendidos pelo programa saúde da família (PSF). Curso de Especialização em Saúde Coletiva/ UFTM. [periódico na internet]. 2004 mar; [citado 2009 dez 5]. [aprox. 9 telas]. Disponível em: http://www.uftm.edu.br/patolo/patge/Diabetes_psf.htm

12. PONSI CA, SCHNEIDER MI. Cuidados com os pés dos integrantes de um grupo de diabéticos. Rev Enf Atual. 2010 mar/abr; 10(56): 20-24.

12. SALOME GM, ESPOSITO VHC. O impacto da ferida para o idoso com diabetes melittus: um estudo fenomenológico. Rev Nursing. 2010 jul; 13(146): 365-372.

13. SMELTZER SC, BARE BG. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem medico-cirúrgico. 10. ed.; Vol. 1. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 1215-1271.

14. WORLD HEALTH ORGANIZATION (OMS), 2011. Disponível em : < http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs312/en/ />. Acesso em 14. Abr. 2011.

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APENDICE 1

Fonte: Ministério da Saúde, 2001

APENDICE 2

Entrevista com Equipe de Enfermagem

 Você, enquanto equipe de Enfermagem, avalia periodicamente os pés dos pacientes diabéticos sob sua responsabilidade? Se não, por quê?

 Numa escala de 0 a 10 pacientes cuidados por você, quantos evoluem para amputação e/ou infecção? Como você avalia o seu cuidado prestado ao paciente com pé diabético?

 Você pode descrever quais são os cuidado na avaliação do pé diabético? Pontue.  Você já participou de cursos de atualização sobre a prevenção de pés diabéticos? PACIENTE:

IDADE:

FICHA DE TRIAGEM (SCREENING) PARA AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ Qualquer item presente indica pé em risco

Deformidade ou proeminência óssea Sim / Não

Úlcera Sim / Não

Neuropatia

 Insensibilidade  Ressecamento

Sim / Não Sim / Não Pressão anormal, calo

Perda da mobilidade articular

Sim / Não Sim / Não Pulsação nos pés

 Pulso tibial posterior ausente  Pulso pedioso dorsal ausente Palidez à elevação, rubor postural

Sim / Não Sim / Não Sim / Não Outros  Úlcera prévia  Amputação Sim / Não Sim / Não

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