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MARCOS ANTÔNIO DA SILVA FILHO

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Academic year: 2021

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MARCOS ANTÔNIO DA SILVA FILHO

IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO PERFIL DE

CONSUMO DE ÁGUA EM NATAL/RN

NATAL-RN

2021

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

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Impacto da pandemia de covid-19 no perfil de consumo de água em Natal/RN

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Artigo Científico, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo Vieira Cunha

Natal-RN 2021

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Filho, Marcos Antonio da Silva.

Impacto da pandemia de Covid-19 no perfil de consumo de água em Natal/RN / Marcos Antonio da Silva Filho. - 2021.

21f.: il.

Artigo Científico (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Bacharelado em Engenharia Civil, Natal, 2021.

Orientador: Dr. Paulo Eduardo Vieira Cunha.

1. Abastecimento - Artigo Científico. 2. Pandemia - Artigo Científico. 3. Categorias de Consumo - Artigo Científico. 4. Água - Artigo Científico. 5. Isolamento Social - Artigo Científico. I. Cunha, Paulo Eduardo Vieira. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 624

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

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Marcos Antônio da Silva Filho

Impacto da pandemia de covid-19 no perfil de consumo de água em Natal/RN

Trabalho de conclusão de curso na modalidade Artigo Científico, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em 27 de abril de 2021:

___________________________________________________

Prof. Dr. Paulo Eduardo Vieira Cunha – Orientador

___________________________________________________

Eng. Gilbrando Medeiros Trajano Junior – Examinador interno

___________________________________________________

Eng(a). Bianca de Souto Homrich – Examinador externo

Natal-RN 2021

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RESUMO

Para que sistemas de abastecimento de água sejam planejados e dimensionados, deve-se observar o comportamento, características e estimativa da população da região a ser abastecida. Situações excepcionais, como a pandemia de covid-19 que foi declarada no OMS em março 2020, podem interferir drasticamente nos hábitos dessa população e consequentemente terão impacto no consumo de água da região com medidas de isolamento social e restrições para serviços não-essenciais. O presente estudo se propõe a fazer um levantamento do impacto que a pandemia do covid-19 causou no perfil de consumo de água em Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, trazendo dados que contribuam no diagnóstico da rede e garantam que o abastecimento de água não seja interrompido com o possível aumento do consumo. Os dados de volume de água foram extraídos do sistema GSAN, software de gestão comercial adotado pela CAERN e, além deles, foram analisados os dados de isolamento social disponíveis no site da empresa IN LOCO. Foram feitas análises comparativas de volume faturado entre o ano de 2020 e a média dois anos anteriores e além de gráficos de evolução do consumo de janeiro de 2018 a dezembro de 2020. Foi constatado que a pandemia de Covid-19 não trouxe mudanças drásticas para consumo total referente ao ano de 2020, mas impactou nas categorias de consumo (comercial, industrial, público e residencial) separadamente. Os consumos comercial e público foram os mais afetados pela pandemia, tendo uma diminuição mais acentuada. O consumo residencial foi o único a crescer no período, porém de maneira pouco expressiva, devido os índices não satisfatórios de isolamento social, que em Natal não atingiram os níveis mínimos em nenhum mês de 2020. Palavras-chave: Abastecimento, pandemia, categorias de consumo, água, isolamento social, levantamento.

ABSTRACT

For water supply systems to be planned and dimensioned, the behavior, characteristics and estimate of the population of the region to be supplied must be observed. Exceptional situations, such as the covid-19 pandemic that was declared in the WHO in March 2020, can drastically interfere in the habits of this population and consequently will have an impact on the region's water consumption with social isolation measures and restrictions on non-essential services. The present study proposes to survey the impact that the covid-19 pandemic caused on the water consumption profile in Natal, capital of the state of Rio Grande do Norte, bringing data that contribute to the diagnosis of the network and ensure that the supply of water is not interrupted with the possible increase in consumption. The water volume data were extracted from the GSAN system, commercial management software adopted by CAERN and, in addition to them, the social isolation data available on the company's website IN LOCO were analyzed. Comparative analyzes of the volume billed between the year 2020 and the average two years before were carried out, as well as graphs of the evolution of consumption from January 2018 to December 2020. It was found that the Covid-19 pandemic did not bring drastic changes to consumption total for the year 2020, but impacted the consumption categories (commercial, industrial, public and residential) separately. Commercial and public consumption were the most affected by the pandemic, with a more pronounced decrease. Residential consumption was the only one to grow in the period, albeit insignificantly, due to the unsatisfactory levels of social isolation, which in Natal did not reach the minimum levels in any month of 2020.

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Marcos Antônio da Silva Filho, graduando em Engenharia Civil, UFRN

Paulo Eduardo Vieira Cunha, Prof. Dr., Departamento de Engenharia Civil da UFRN 1. INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural limitado e um bem público fundamental para a vida e saúde, sendo um direito indispensável para a dignidade humana. Para garantir que as cidades sejam abastecidas e que toda a população seja atendida, deve-se planejar o sistema de abastecimento de água de forma eficiente.

Um sistema de abastecimento de água é o conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, destinado à produção e ao fornecimento coletivo de água potável, de modo contínuo e seguro. Refere-se a soluções de engenharia para o atendimento da coletividade, ou seja, excluindo-se as soluções individuais. (FUNASA, 2017, p.11)

Para que esses sistemas sejam planejados e dimensionados, é necessário a previsão do consumo de água, na qual deve-se considerar o consumo efetivo per capita (que depende de diversos fatores como os hábitos e costumes, o clima, a situação econômica e a tipologia), a população atual e a população estimada para os próximos anos da região a ser abastecida. Porém, casos excepcionais podem sobrecarregar esse sistema, acarretando problemas de distribuição e gerar desabastecimento, como em cidades que recebem populações flutuantes sazonais em determinados períodos do ano.

O acesso contínuo à água potável tem influência direta em fatores econômicos e, principalmente, sanitários, propiciando a prevenção de doenças, implantação de hábitos higiênicos e a limpeza pública. Portanto, em situações não previstas em projeto, o abastecimento intermitente de água não deve ser uma solução adotada pelas prestadoras de serviço para diminuir os seus impactos estruturais e operacionais na rede, já que essa intermitência pode gerar vulnerabilidade social da população nos mais diversos contextos.

Um desses casos excepcionais que podem aumentar o consumo de água é uma pandemia, que pode afetar os hábitos da população enquanto é combatida. O primeiro caso de covid-19, uma doença respiratória causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves, foi detectado em dezembro de 2019 na China e, desde então, o número de infectados pelo vírus foi progredindo mundialmente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020). Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o estado de pandemia pelo alto ritmo de disseminação da doença. Em Natal, o primeiro diagnóstico foi confirmado no dia 12 de março de 2020 e no período de 1 ano já totalizava mais de 56 mil casos e mais de 1900 mortes (LAIS/UFRN, 2021).

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A OMS (2020) recomendou o distanciamento social, evitando-se locais fechados, lotados ou que envolvam contato próximo, a limpeza das mãos e superfícies de objetos com sabão e água, e a lavagem de roupas regularmente como formas de se prevenir a contaminação desenfreada da doença.

Com o aumento do número de pessoas em casa e uma maior utilização da água para manter a higiene, a situação pode se tornar um problema para os prestadores de serviço de abastecimento de água devido à tendência de crescimento do consumo, principalmente residencial, tendo as mesmas capacidades de produção anterior à pandemia.

A garantia que o abastecimento de água não será interrompido com o possível aumento do consumo devido à pandemia de covid-19 é imprescindível para o controle da doença e da manutenção da qualidade de vida da população. O levantamento da variação de volume faturado e monitoramento do sistema tornam-se necessários para avaliar se é preciso adotar um plano emergencial de segurança, com melhorias na rede e soluções de engenharia, para conter os possíveis impactos e manter o controle do sistema.

Diante desse cenário, o presente estudo se propõe a fazer um levantamento do impacto que a pandemia do covid-19 causou no consumo de água em Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, avaliando as alterações no padrão de consumo de água durante o ano de 2020.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Segundo Tundisi et al. (2010), apenas 0,3% da água encontra-se disponível superficialmente, nos rios e lagos. Como esse recurso é tão vital para a humanidade, a futura escassez dele é um dos desafios dos centros urbanos, que precisam investir mais recursos nos sistemas de abastecimento com menor índice de perdas e conscientizar a população sobre o uso racional.

Percebe-se que com a expansão não planejada das cidades, os sistemas de distribuição de água ficam sobrecarregados e, muitas vezes, não conseguem atender as crescentes demandas, causando diversos problemas na rede de distribuição de água como: pressões inadequadas na rede, vazões insuficientes e até manobras no sistema. (ARAÚJO; RUFINO, 2011, p.4)

Essa expansão não planejada das cidades representa um aumento no consumo que ultrapassa o volume calculado em projeto. O mesmo fenômeno pode ser alcançado com outras situações excepcionais.

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O consumo é geralmente dividido em quatro categorias: doméstico, que se refere à água que é bebida, a utilizada na cozinha, no banho, na lavagem de roupas e utensílios, na própria limpeza da casa, na descarga dos aparelhos sanitários, na irrigação de jardins e na lavagem dos veículos; comercial, como hotéis, pensões, restaurantes, estabelecimentos de ensino particulares, postos de abastecimento de combustíveis, padarias e açougues; industrial, como na transformação de matéria-prima, na composição de algum produto e para fins agropecuários; e por fim o consumo público, utilizado em fontes, irrigação de jardins públicos, limpeza pública e edifícios públicos (GUIMARÃES; CARVALHO; SILVA, 2007).

Na estimativa da vazão de demanda para implantação ou ampliação dos sistemas de abastecimento de água é necessário ser calculada uma estimativa do consumo residencial per capita. Dentre os principais fatores que podem interferir no consumo residencial estão o clima, o percentual de hidrometração, o valor da tarifa, as pressões dinâmicas e estáticas na rede de distribuição e a qualidade da água, entre outros (DIAS et al., 2010).

Outros aspectos que devem ser considerados, além do volume populacional já mencionado anteriormente, é como essa população se comporta em relação ao ambiente que está inserida e como o consumo de água responde à essa relação. Portanto, precisa-se atentar para o padrão (como se consome) e o nível (quanto se consome). Assim, mesmo que a população seja pequena, ela pode apresentar um consumo elevado, gerando problemas ambientais significativos equivalentes a uma população maior, mas com consumo racional. (CARMO et al., 2013).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2020), a COVID-19 é uma doença infecciosa causada por um coronavírus recém-descoberto que pode afetar o sistema respiratório e causar problemas adjacentes. As melhores formas de se proteger e proteger as outras pessoas de infecções é lavando as mãos ou esfregando-as com frequência em álcool e mantendo um distanciamento social pois o vírus se espalha principalmente por meio de gotículas de saliva ou secreção nasal quando uma pessoa infectada tosse ou espirra.

“O fornecimento de água comprovadamente potável ininterruptamente à população é essencial para efetivar as medidas de higiene recomendadas pelo Ministério da Saúde (MS) para esse período de pandemia da COVID-19.” (SESAP, 2020, p.1).

Diante da situação calamitosa, diversas administrações estaduais e municipais brasileiras adotaram o indicador de isolamento social como instrumento de gestão no combate ao novo coronavírus, estabelecendo um índice ideal de 70% e mínimo de 50%. “Cada pessoa que fica em casa, deixa de contribuir para a circulação do vírus e diminui a possibilidade de

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pessoa do grupo de risco.” (FIOCRUZ, 2020).

O isolamento social tende a aumentar o consumo residencial de água e também afetar as outras esferas de consumo: comercial, industrial e público, o que pode gerar um desabastecimento de água e deixar a população, principalmente a de renda mais baixa, mais vulnerável ao vírus.

Populações marginalizadas em seus espaços urbanos tendem a possuir uma característica socioeconômica inferior e, portanto, apresentam menor capacidade de se adaptar às situações. Assim, quando todos os problemas associados à pandemia e ao desabastecimento de água são combinados, essa parcela é a mais atingida e mais facilmente pode ter seu direito de possuir uma boa qualidade de vida e ter acesso a bens naturais primários, como a água, negligenciado. (DINIZ, 2019).

Segundo Silva et. al (2020), Natal possui desigualdades entre regiões administrativas e bairros e isso sugere que em localidades com melhores indicadores socioeconômicos, como a região sul, a população possui maiores condições de permanecer em suas casas do que em bairros cujos indicadores sociodemográficos apontam para uma maior vulnerabilidade, como a região Oeste e Norte.

Para garantir que essa população com maior vulnerabilidade não fique desabastecida, planos de contingência podem ser adotados para especificar as medidas a serem executadas para dar uma resposta imediata às situações de emergência.

Os planos de gestão, instrumentos que descrevem as ações a tomar e documentam a avaliação e a monitorização do sistema, constituem elementos fundamentais dos planos de segurança da água e encerram esquemas efetivos para a gestão do controle dos sistemas, assim como planos operacionais para atenderem a condições de operação de rotina e excepcionais. A possibilidade de se poderem registar eventos de consequências catastróficas aconselha a elaboração de planos de emergência para lhes fazer face. (VIEIRA et al., 2006, p. 1)

3. METODOLOGIA a. Área de estudo

A pesquisa é de caráter exploratório e quantitativo e foi realizada na cidade do Natal no Rio Grande do Norte, no período compreendido entre março e dezembro de 2020. A cidade possui 890.480 habitantes (IBGE, 2020) e, segundo dados coletados pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (2019), é a 17ª capital do país no ranking de Saneamento Básico, cujos índices são mostrados na tabela 01:

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Tabela 01 – Índices de Saneamento Básico de Natal em 2019.

Atendimento de Água Coleta de Esgoto Tratamento de Esgoto

93,66% 36,78% 51,91%

Fonte: ABES (2019)

De acordo com CAERN (2018), O sistema de abastecimento de água de Natal é composto por dois subsistemas, o Norte, que compreende a região administrativa Norte, e o Sul, que é responsável por abastecer as regiões administrativas Leste, Oeste e Sul. A captação é realizada tanto em mananciais superficiais (lagoas de Extremoz e do Jiqui), quanto em mananciais subterrâneos, feita no aquífero dunas/barreiras por meio de poços (Quadro 01).

Quadro 01 – Distribuição dos sistemas de produção de água.

Subsistemas Sistemas de Produção Tipo de captação

SUL

Sistema Jiqui

Superficial (Lagoa de Jiqui) Subterrâneo (Poços na região

da Lagoa) Sistema Felipe Camarão Subterrâneo

Sistema Satélite Subterrâneo Sistema Planalto Subterrâneo Sistema Guarapes Subterrâneo Sistema Ponta Negra Subterrâneo

NORTE Sistema Extremoz

Superficial (Lagoa de Extremoz) Subterrâneo (Poços)

Sistema Zona 16 Subterrâneo

Fonte: CAERN (2018)

Além dos equipamentos de captação, o sistema de abastecimento de água de Natal apresenta outros componentes com funções de tratamento, bombeamento e reservação: estações elevatórias de água tratada (EEATs), que promovem o recalque da água; boosters, que aumentam a pressão entre trechos da rede de distribuição; as estações de tratamento de água (ETAs), responsáveis pelo tratamento; e os reservatórios. As figuras 01 e 02 apresentam a localização desses componentes dos subsistemas Sul e Norte, respectivamente.

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Figura 01 - Localização dos componentes do Sistema de Abastecimento de Água do Subsistema Sul.

Fonte: CAERN (2018)

Figura 02 - Localização dos componentes do Sistema de Abastecimento de Água do Subsistema Norte

Fonte: CAERN (2018)

A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte divide seus clientes em 4 categorias, de acordo com a natureza da finalidade do consumo de água nos seus imóveis:

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Comercial, Industrial, Pública e Residencial. A tabela 02 mostra a quantidade de economias dos imóveis que, no mês de referência, contribuíram para o faturamento de água, ou seja, tiveram conta emitida com valor de água maior que zero.

Tabela 02 – Economias ativas de água por categoria de consumo.

Categoria Quantidade de Economias Ativas de Água

(Dezembro/2020) COMERCIAL 21.683 INDUSTRIAL 759 PÚBLICO 1.152 RESIDENCIAL 250.605 Fonte: CAERN (2021) b. Procedimentos metodológicos

Os dados de volume faturado de água foram fornecidos pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) referentes aos anos 2018, 2019 e 2020 extraídos do sistema GSAN, software de gestão comercial adotado pela CAERN.

Inicialmente, esses dados foram divididos nas quatro categorias de consumo: Industrial, Comercial, Público e Residencial, conforme adotado pela Companhia. Em seguida foi realizada a comparação entre os volumes consumidos (volume líquido faturado) nos anos de 2020 (ano da pandemia) e no ano anterior, mês a mês, e a variação sendo expressa em porcentagem obtida equação 1:

Variação (%) = ( – 1) x 100 (1) Em que:

VF2020 = Volume Faturado em 2020 (m3); VF2019 = Volume Faturado em 2019 (m3).

Com isso, pode-se aferir a variação do consumo total em cada categoria, somando-se todos os meses, bem como avaliá-los separadamente, determinando qual categoria foi mais impactada pela pandemia.

Foi ainda realizada uma análise do nível de significância, para avaliar a hipótese que o consumo de água foi afetado em suas diversas categorias pela pandemia de covid-19.

Os dados de isolamento social foram obtidos no site da Inloco, empresa que trabalha como desenvolvedora de tecnologias de localização 30 vezes mais precisas que a do GPS, tendo acesso ao comportamento de localização de 60 milhões de dispositivos no Brasil. Com

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essas informações foi possível relacionar os dias de maior e menor isolamento social com os dados de volume de água.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos dados do software de gestão adotado pela CAERN, foram produzidas as tabelas, que trazem o volume faturado de água em cada ano e sua variação percentual em relação ao ano anterior. Esses dados foram divididos nas categorias de consumo e são apresentados na Tabela 03.

Tabela 03 – Volume faturado de água nas categorias de consumo

Ano Categoria de Consumo Volume Faturado (m3) Acréscimo (+) ou Decréscimo (-) em relação ao ano anterior na mesma categoria de consumo (%) 2018 Comercial 4.341.984 - Industrial 418.684 - Público 1.722.114 - Residencial 39.851.664 - 2019 Comercial 4.209.739 -3,05% Industrial 359.478 -14,14% Público 1.557.692 -9,55% Residencial 39.298.800 -1,39% 2020 Comercial 3.820.051 -9,26% Industrial 339.950 -5,43% Público 1.393.362 -10,55% Residencial 39.791.609 +1,25%

Fonte: Adaptado de CAERN (2021)

Como pode ser visto na Tabela 03, o consumo comercial caiu quase 10% em 2020. Essa variação negativa desta categoria de consumo pode ser explicada pela diminuição de clientes desses estabelecimentos, a adoção de serviços de entrega à domicílio e take away que diminuem o consumo da água no local físico do comércio e o próprio fechamento dessas empresas por perda de receita, principalmente as microempresas. Esta última hipótese pode ser confirmada pela redução de 1457 economias ativas, em 2020, o que representa 6,3% de economias a menos.

O consumo industrial possui uma característica especial. A sua diminuição já vinha acontecendo desde 2019, que em relação a 2018 encolheu 14,14%, mesmo sem a pandemia. Esse fato pode ser explicado pela diminuição de 10,4% das economias ativas de água do setor industrial, caindo de 875 em 2018 para 784 em 2019.

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Assim como o consumo comercial, o consumo público também apresentou uma queda significativa em 2020 (10,55%). Essa variação se deve, principalmente, à maioria dos órgãos terem adotado o regime de trabalho reduzido ou totalmente home office e ao fechamento das instituições públicas de ensino.

O consumo residencial foi o único que apresentou crescimento em 2020, o que já era esperado, devido ao aumento de pessoas em casa para manter o distanciamento social. Porém esse aumento foi de apenas 1,25%, valor menor do que era esperado. Esse índice é justificado pela porcentagem média de isolamento social em Natal, em que todos os meses ficou muito abaixo do mínimo (60%), mesmo nos meses mais críticos, chegando ao máximo de 47,10% em abril de 2020, no início da pandemia, como mostra a figura 03:

Figura 03 – ´Média de Isolamento Social em Natal/RN

Fonte: IN LOCO (2021)

Para uma melhor análise do perfil de consumo, foram elaborados gráficos, que trazem os dados de volume faturado mês a mês (desde 2018) e a comparação entre o ano de 2020 e a média dos dois anos anteriores (2018 e 2019).

As figuras 04 e 05 exibem os volumes referentes à categoria comercial e mostram que o consumo caiu bastante a partir de março de 2020, justamente o mês de início da pandemia, e se manteve muito abaixo da média de 2018 e 2019 durante todos os meses do ano. Entretanto, começou a subir novamente a partir de julho de 2020, com a abertura gradativa dos estabelecimentos comerciais.

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Figura 04 – Gráfico do Volume Líquido Faturado de Água na categoria Comercial

Fonte: Adaptado de CAERN (2021)

Figura 05 – Gráfico comparativo entre o consumo comercial de 2020 e a média dos anos 2018 e 2019

Fonte: Adaptado de CAERN (2021)

A figura 06 reitera a queda no consumo industrial desde 2019 e mostra uma recuperação leve recuperação no final do mesmo ano. Os números começaram a cair novamente a partir de março de 2020.

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Figura 06 – Gráfico do volume líquido faturado de água na categoria de consumo industrial

Fonte: Adaptado de CAERN (2021)

A figura 07 mostra que o consumo de 2020 foi inferior em todos os meses em relação à média de 2018 e 2019. Esse fenômeno pode ser explicado pela sondagem, feita pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN) em agosto de 2020, que mostrou que 46% das indústrias pararam 50% ou mais das suas operações em decorrência da pandemia.

Figura 07 – Gráfico comparativo entre o consumo industrial de 2020 e a média dos anos 2018 e 2019

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16

Já na categoria público, as figuras 08 e 09 expõem que essa queda do consumo foi acentuada no período de março a julho de 2020 e depois apresentou uma leve subida nos meses seguintes, muito provavelmente devido a volta de alguns serviços de forma presencial.

Figura 08 – Gráfico do volume líquido faturado de água na categoria de consumo público

Fonte: Adaptado de CAERN (2021)

Figura 09 – Gráfico comparativo entre o consumo público de 2020 e a média dos anos 2018 e 2019

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As figuras 10 e 11 mostram que consumo residencial não apresentou uma variação consistente no ano de 2020, intercalando meses com consumo maior que a média dos anos anteriores e meses com consumo maior. Isso mostra que a pandemia não afetou de maneira contundente o consumo dessa categoria.

Figura 10 – Volume líquido faturado de água na categoria de consumo Residencial

Fonte: Adaptado de CAERN (2021)

Figura 11 – Gráfico comparativo entre o consumo residencial de 2020 e a média dos anos 2018 e 2019

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Considerando-se o somatório do volume de todas as categorias, o ano de 2020 apresentou uma pequena queda em relação a 2019. Ou seja, em termos de consumo, a pandemia não impactou de maneira significativa, tendo a diminuição dos consumos comercial, público e industrial compensado o aumento do consumo residencial, como pode ser verificado na Tabela 04.

Tabela 04 – Volume faturado de água Total

Ano Volume Faturado Total

(m3)

Variação em relação ao ano anterior

2018 46.334.446 -

2019 45.425.709 -1,96%

2020 45.344.972 -0,18%

Fonte: Adaptado de CAERN (2021)

5. CONCLUSÃO

Assim, a partir da análise do perfil de consumo em Natal/RN, foi constatado que o impacto da pandemia de Covid-19 não corroborou para mudanças drásticas no consumo total referente ao ano de 2020, mas resultou em variações expressivas referentes à análise das categorias de consumo separadamente.

Percebeu-se que o consumo comercial e o público foram os que mais foram afetados pela pandemia, diminuindo consideravelmente em relação a 2019 (9,26% e 10,55%, respectivamente).

As alterações nos hábitos da população e as medidas de restrição para a contenção da pandemia impostas para empresários e instituições públicas explicam a queda dos volumes consumidos nas esferas comercial, pública e industrial e o aumento do residencial.

Verificou-se que o isolamento social não atingiu índices considerados mínimos para ter um impacto efetivo na saúde pública e no consumo residencial, que teve um aumento pouco expressivo. Portanto, a queda nas outras categorias praticamente equilibrou essa pequena variação.

Dessa forma, a realização do levantamento do impacto que a pandemia do covid-19 causou no consumo de água em Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, se mostrou relevante dentro do contexto estadual por contribuir para um melhor controle e avaliação para planos de contingência que podem ser feitos pela companhia responsável pelo abastecimento em situações críticas, por meio da análise dos números apresentados no estudo.

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Assim, futuros estudos podem ser feitos para apresentar soluções de engenharia a serem adotadas para conter um possível aumento no consumo de água e também o impacto que o consumo residencial apresentaria se os índices mínimos de isolamento social fossem respeitados.

REFERÊNCIAS

ABES - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL.

Ranking ABES da universalização do saneamento. 2019.

ARAÚJO, Ester Luiz de; RUFINO, Iana Alexandra Alves. Estimativa do crescimento da

demanda de água baseada em dados de uso e ocupação do solo urbano. XIX Simpósio

Brasileiro de Recursos Hídricos. Maceió. p.4. 2011.

CARMO, Roberto L.; DAGNINO, R. S.; FEITOSA, F. F.; JOHANSEN, I. C.; CRAICE, C.

População e consumo de água no Brasil: interfaces e desafios. XX Simpósio Brasileiro de

Recursos Hídricos. p.2. 2013.

CAERN - COMPANHIA DE ÁGUAS E ESGOTOS DO RIO GRANDE DO NORTE. Plano

de Contingência e Emergência – Natal. 2018.

CAERN - COMPANHIA DE ÁGUAS E ESGOTOS DO RIO GRANDE DO NORTE.

Relatório de dados de volume faturado e economias ativas de 2018 a 2020. 2021.

DIAS, David Montero; MARTINEZ, Carlos Barreira; LIBÂNIO, Marcelo. Avaliação do

impacto da variação da renda no consumo domiciliar de água. Eng Sanit Ambient v.15

n.2. p.156. 2010.

DINIZ, Tibério Gomes. Vulnerabilidade ao desabastecimento em situação de

intermitência no abastecimento de água. Universidade Federal de Campina Grande. p.13.

2019.

FIERN - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.

Pesquisa sondagem FIERN sobre o impacto da covid-19. 2020.

FUNASA - FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE. Manual de orientações técnicas para

elaboração e apresentação de propostas e projetos para sistemas de abastecimento de água – FUNASA. p. 11. 2017.

FIOCRUZ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Covid-19 – Perguntas e Respostas. Disponível em:< https://portal.fiocruz.br/pergunta/por-que-o-isolamento-social-nao-se-

restringe-somente-pessoas-do-grupo-de-risco#:~:text=Cada%20pessoa%20que%20fica%20em,parte%20do%20grupo%20de%20risco > .Acesso em: 02 de dezembro de 2020.

GUIMARÃES, AJA; CARVALHO, DF; SILVA, LDB. IT 179 - Saneamento Básico. 2007.

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20

http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/downloads/APOSTILA/Apostila%20IT%2017 9/Cap%204%20parte%201.pdf > Acesso em: 13 de Abril de 2021.

IN LOCO. Mapa Brasileiro da Covid-19. Disponível em: < https://mapabrasileirodacovid.inloco.com.br/pt/>. Acesso em: 13 de Abril de 2021.

LAIS - LABORATÓRIO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM SAÚDE. Coronavírus

RN. Disponível em: < https://covid.lais.ufrn.br/#natal>. Acesso em: 13 de abril de 2021.

OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Coronavirus disease (COVID-19)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) pela grande ajuda no fornecimento dos dados de Volume Faturado e Economias Ativas, informações de suma importância para a realização desse Artigo Científico.

Referências

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