• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL. Mariane Beatriz Wittmann

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL. Mariane Beatriz Wittmann"

Copied!
78
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Mariane Beatriz Wittmann

UMA ANÁLISE DA QUALIDADE DA HABITAÇÃO SOCIAL EM FUNÇÃO DA CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL - SELO CASA AZUL

Santa Maria, RS 2017

(2)

Mariane Beatriz Wittmann

UMA ANÁLISE DA QUALIDADE DA HABITAÇÃO SOCIAL EM FUNÇÃO DA CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL - SELO CASA AZUL

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS) como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Orientadora: Janis Elisa Ruppenthal

Santa Maria, RS 2017

(3)

Mariane Beatriz Wittmann

UMA ANÁLISE DA QUALIDADE DA HABITAÇÃO SOCIAL EM FUNÇÃO DA CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL - SELO CASA AZUL

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS) como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil.

Aprovado em 13 de dezembro de 2017

_______________________________________

Janis Elisa Ruppenthal, Dra. (UFSM)

(Presidente/Orientadora)

_______________________________________

Ana Laura Felkl Cassiminho, Mse. (UFSM)

_______________________________________

Luciana Flores Battistella, Dr. (UFSM)

Santa Maria, RS 2017

(4)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por Ele estar sempre guiando e iluminando o meu caminho e me conduzindo às melhores escolhas.

Agradeço em especial a minha família, em especial à minha mãe e ao meu pai, que sempre me deram atenção, amor e apoio nesta jornada, eles são os meus maiores exemplos.

À professora Janis Elisa Ruppenthal pela oportunidade concedida e por me ajudar a evoluir constantemente como ser humano e profissional.

À Universidade Federal de Santa Maria, instituição a qual pude fazer a graduação e agora o mestrado, que mais parece uma segunda casa, acolhendo e me apoiando como aluna, a Ela minha admiração e gratidão imensuráveis.

Enfim, a todos que estiveram comigo, que passaram pela minha vida, me apoiando e auxiliando para que esse sonho pudesse ser alcançado.

(5)

RESUMO

UMA ANÁLISE DA QUALIDADE DA HABITAÇÃO SOCIAL EM FUNÇÃO DA CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL - SELO CASA AZUL

AUTOR: Mariane Beatriz Wittmann ORIENTADORA: Janis Elisa Ruppenthal

A existência de famílias vivendo em moradias precárias acompanhadas de ausência de infraestrutura, a exemplo de escolas, postos de saúde e pavimentação é um quadro visualizado pela questão habitacional no Brasil. Sendo assim, essa pesquisa contribui para a contextualização sobre a habitação social junto à degradação ambiental e sua relação com a construção civil. Destacam-se às Habitações de Interesse Social (HIS), a importância de ambientes mais sustentáveis e de ações socioambientais como método de integração, desenvolvimento social e capacitação de seus moradores. Nesse contexto, esse estudo aplicou um estudo da metodologia de certificação do Selo Casa Azul no loteamento Leonel Brizola, localizado na cidade de Santa Maria/RS, a qual é destinado a famílias da faixa um do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). O objetivo desse estudo é analisar, a partir da metodologia proposta, o desenvolvimento da qualidade das moradias em função do Selo socioambiental. Para tanto, foram definidas etapas para o alcance dos objetivos propostos, no qual inclui: visitas do empreendimento e na construtora responsável; a sinergia entre as normas municipais e os critérios do Selo Casa Azul; e contextualização espacial. Os resultados demonstram a importância das legislações municipais para o alcance de assentamentos mais sustentáveis e equitativos. Também foi possível a percepção que uns dos maiores impasses para o alcance da gradação proposta, é a falta de documentação informativa e comprobatória por parte da construtora. Desse modo, conclui-se que os programas de incentivo a moradia, como o PMCMV, contribuem, mas não asseguram o desenvolvimento socioambiental de seus beneficiados, contudo estas iniciativas governamentais colaboram efetivamente na redução dos aspectos quantitativos da provisão habitacional brasileira.

(6)

ABSTRACT

AN ANALYSIS OF THE QUALITY OF SOCIAL HOUSING IN THE FUNCTION OF ENVIRONMENTAL CERTIFICATION - CASA BLUE SEAL

AUTHOR: Mariane Beatriz Wittmann ADVISOR: 𝑃𝑟𝑜𝑓% 𝐷𝑟% Janis Elisa Ruppenthal

The existence of families living in precarious housing accompanied by lack of infrastructure, such as schools, health posts and paving is a picture visualized by the housing issue in Brazil. Thus, this research contributes to the contextualization of social housing along with environmental degradation and its relation with civil construction. The importance of more sustainable environments and socio-environmental actions as a method of integration, social development and empowerment of its residents stand out in the Houses of Social Interest (HIS). In this context, this study applied a study of the certification methodology of the Casa Azul Seal in the Leonel Brizola subdivision, located in the city of Santa Maria / RS, which is intended for families in the one track of the Minha Casa Minha Vida Programa (PMCMV). The objective of this study is to analyze, based on the proposed methodology, the development of the quality of the dwellings in function of the socioenvironmental seal. For that, steps were defined to reach the proposed objectives, which includes: visits of the enterprise and the responsible construction company; the synergy between the municipal norms and the criteria of the Seal Blue House; and spatial contextualization. The results demonstrate the importance of municipal legislation for the achievement of more sustainable and equitable settlements. It was also possible to perceive that one of the major impasses to reach the proposed gradation is the lack of informative and verifiable documentation by the construction company. Thus, it is concluded that housing incentive programs, such as the PMCMV, contribute, but do not ensure the socio-environmental development of its beneficiaries, however, these governmental initiatives effectively collaborate in reducing the quantitative aspects of Brazilian housing provision.

Keywords: Sustainability. Selo Casa Azul Caixa. Construction. Residues Generating.

(7)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1...27 Gráfico 2...37

(8)

LISTA DE FIGURAS Figura 1 ...17 Figura 2...18 Figura 3...18 Figura 4...32 Figura 5... 33 Figura 6...40 Figura 7...41 Figura 8...42 Figura 9...43 Figura 10...44 Figura 11...44 Figura 12...47 Figura 13...48 Figura 14...49 Figura 15...50 Figura 16...51 Figura 17...53 Figura 18...53 Figura 19...54 Figura 20...60 Figura 21...60

(9)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ...19 Tabela 2...22

(10)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1...27 Quadro 2 ...28 Quadro 3 ...36

(11)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BNH Banco Nacional de Habitação

CEF Caixa Econômica Federal

CNC Confederação Nacional do Comércio de bens, serviços e turismo

COHAB Companhia de Habitação

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FNHIS Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social

IAP Instituto de Aposentadoria e Pensão

NBR Norma Brasileira

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PAIH Plano de Ação Imediata para a Habitação

PMCMV Programa Minha Casa Minha Vida

PNH Plano Nacional de Habitação

PR Presidência da República

SFH Sistema Financeiro de Habitação

SNH Secretaria Nacional de Habitação

SNHIS Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social

(12)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 12 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ... .12 1.2 OBJETIVOS ... 13 1.2.1 Objetivo geral ... 13 1.3 JUSTIFICATIVA ... 14 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 14 2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 15

2.1 ORIGEM DA HABITAÇÃO SOCIAL ... 15

2.2 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA ... 24

2.3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE ... 29

2.4 IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO E A SUSTENTABILIDADE...31

2.5 SELO CASA AZUL CAIXA...35

3. METODOLOGIA ... 37

3.1 MÉTODO...38

3.2 DESCRIÇÃO DO UNIVERSO DA PESQUISA ... 40

4 APLICAÇÃO DO SELO CASA AZUL NAS HABITAÇÕES SOCIAIS...47

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOTEAMENTO ... 47

4.2 CATEGORIA 1 – QUALIDADE URBANA ...49

4.3 CATEGORIA 2 – PROJETO E CONFORTO...52

4.4 CATEGORIA 3 – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ...55

4.5 CATEGORIA 4 – CONSERVAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS...56

4.6 CATEGORIA 5 – GESTÃO DA ÁGUA...57

4.7 CATEGORIA 6 – PRÁTICAS SOCIAIS...58

4.8 QUALIDADE DO LOTEAMENTO ... 59

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 64

(13)

1 INTRODUÇÃO

1.5 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Mundialmente, percebe-se a existência de famílias vivendo em moradias precárias acompanhadas de ausência de infraestrutura, a exemplo de escolas, postos de saúde e pavimentação. No Brasil esse quadro não é diferente, pois verifica-se a existência de inúmeras favelas nas grandes metrópoles, já que os terrenos centrais são muito valorizados, sobrando as periferias, onde a valorização é menor.

Para o governo brasileiro é importante a existência de um planejamento eficaz de políticas públicas com informações confiáveis em relação ao público alvo de suas atividades, juntamente com as reais necessidades da população. Essas informações devem estar relacionadas com a avaliação da qualidade dos serviços e da satisfação dos envolvidos, promovendo iniciativas e ações de transparência em programas desenvolvidos pelo governo.

Nesse sentido, um dos principais desafios do setor público está diretamente relacionado com o compromisso em atender às necessidades da sociedade, envolvendo estratégias, planejamento e ações de responsabilidade social. Igualmente, é de relevância a execução de avalições no sentido de realizar correções e melhorias em programas já implementados (Brasil: Ministério das Cidades/Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2014).

Uma das políticas públicas de acessibilidade social implementada no Brasil em 2009, no final do governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, consistiu no Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), que teve por objetivo propiciar o acesso a famílias de baixa renda à casa própria. Nesse sentido, o presente projeto pesquisou a satisfação em relação aos beneficiários do PMCMV, cujas análises e resultados foram obtidos a partir de uma amostragem com famílias que foram contempladas pelo programa a partir da sua implementação em unidades habitacionais de Santa Maria.

Credita-se a este estudo a utilização de ferramentas emergentes da gestão pública na forma de atender socialmente pessoas de baixa acessibilidade social. A importância desse trabalho de pesquisa deve-se pelo fato de ter como objeto famílias dotadas de menos recursos financeiros, além de proporcionar uma avaliação apropriada para a continuidade e aprimoramento do PMCMV, com a utilização de políticas públicas e de marketing em serviços públicos. Igualmente, os resultados da

(14)

pesquisa proporcionam informações para o aprimoramento do processo de planejamento e gestão do programa e disseminação dos resultados, propiciando transparência e controle das políticas públicas sociais de acessibilidade à moradia.

Esse trabalho descreve o PMCMV, identificando seus objetivos e as decorrências de políticas públicas de acessibilidade à habitação de famílias de baixa renda, além de fazer uma análise da qualidade da edificação, assim como um estudo em relação a certificação ambiental do selo azul em habitação de interesse social.

1.6 OBJETIVOS

1.6.1 Objetivo geral

O objetivo geral desse trabalho consiste em analisar e propor resultados, por meio de um estudo de caso do Loteamento Habitacional Leonel Brizola de Santa Maria relativo ao Programa Minha Casa Minha Vida, realizando uma avaliação da qualidade do loteamento e edificações e um estudo em relação a certificação ambiental do selo azul em habitação de interesse social.

1.6.2 Objetivos específicos

a) Realizar um levantamento de informações disponíveis sobre o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV);

b) Identificar os critérios de acessibilidade do PMCMV aos beneficiários;

c) Realizar uma avaliação da qualidade de edificações e do entorno que contemplam o Programa;

d) Analisar certificação ambiental do selo azul em habitação de interesse social.

1.3 JUSTIFICATIVA

O presente estudo, tendo em vista se tratar de políticas públicas de acessibilidade a famílias de baixa renda a moradias, é importante que a sociedade e o governo verifique se há correlação entre as necessidades e a satisfação dos beneficiários do PMCMV.

(15)

Igualmente, todas as ações e políticas públicas carecem de avaliação para futuras correções e melhorias na aplicação dos recursos destinados para fins sociais. Nesse sentido, os resultados da presente pesquisa irão auxiliar no planejamento e implantação de programas habitacionais do governo, considerando que há um déficit habitacional junto a famílias de baixa renda que vivem em ambientes degradantes (AMORE, SHIMBO e RUFINO, 2015).

A medida que as famílias migram de um ambiente para outro, as mesmas alteram seus hábitos e anseios. Essas novas configurações não apenas alteram os hábitos do dia a dia, mas também novas relações sociais que, por conseguinte transformam as necessidades anteriores em novas necessidades e satisfações. É pertinente a este estudo propor novas sugestões de políticas públicas de acessibilidade social que atendam a novos estímulos.

Também se ressalva que a construção civil consome em torno de 40% dos recursos extraídos da natureza, gerando cerca de 60% de resíduos sólidos nos municípios de um país. Sendo assim, esse setor da economia necessita adotar ovos conceitos e práticas para diminuir os efeitos negativos gerados na sua atividade (VERAS, 2013). Surge assim, a necessidade de estudos na área de certificados ambientais para minimizar esses impactos no setor da construção civil.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente estudo foi estruturado a partir de uma revisão da literatura, o qual possibilitaram um aprofundamento do tema proposto na introdução e trazem elementos que fundamentam as justificativas apresentadas. Nesse contexto, pesquisou-se o estado da arte do tema pesquisado, contribuindo para uma melhor definição dos principais conceitos utilizados na pesquisa.

O capítulo um refere-se à esta introdução do estudo, com a contextualização do estudo, seu objetivo geral e específicos e justificativa demostrando a relevância do estudo.

Na sequência, o capítulo dois contempla o estado da arte, que apresenta a base conceitual para o desenvolvimento do estudo. O referencial teórico abordará o histórico da habitação social do ponto de vista do governo para a acessibilidade da população, o desenvolvimento do programa minha casa minha vida, o papel da

(16)

construção civil e a importância da adesão da certificação ambiental em projetos de habitação de interesse social.

O capítulo três concentra-se na metodologia utilizada no estudo, compreendendo a classificação da pesquisa, os instrumentos utilizados e a descrição dos procedimentos. Dessa forma, serão apresentados o método, a forma do levantamento.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ORIGEM DA HABITAÇÃO SOCIAL

A questão da habitação no Brasil inclui compreender o histórico e evolução dos aspectos sociais, políticos, econômicos e ideológicos que envolvem este processo ao longo do tempo. Portanto, esse capítulo irá analisar as transformações sociais no espaço urbano com a urbanização, procurando compreender a dinâmica social e espacial das cidades, juntamente com a preocupação do governo junto à população. A atuação da administração pública no campo da produção de habitações se desenvolveu ao longo do século XX. Em linhas gerais, a experiência no que diz respeito ao campo da habitação social se desenvolveu entre 1930 a 1960, com predomínio no período da chamada Era Vargas, que se deu entre os anos de 1930 a 1954, no qual o presidente ficou conhecido como “pai dos pobres”, já que possibilitou uma maior atenção à área da habitação perante o Estado, além da criação de benefícios aos empregados, a exemplo da instituição da carteira de trabalho.

Essa situação se justificou por diversos fatores, principalmente em função da política de desenvolvimento nacional instituída pelo então presidente Getúlio Vargas, o qual possuía a intenção de fomentar a industrialização do país. Nesse sentido, a moradia para os trabalhadores tornou-se essencial para o país ter uma reprodução da força de trabalho e garantir o controle das organizações operárias no sentido de direcionar as reinvindicações dos operários (BONDUKI, 2002). Sendo assim, de acordo com Fausto o período do governo Getúlio Vargas caracterizou-se como:

Não apenas pela centralização e pelo maior grau de autonomia como também por outros elementos. Devemos acentuar pelo menos três dentre eles: 1. a atuação econômica, voltada gradativamente para os objetivos de promover a industrialização; 2. a atuação social, tendente a dar algum tipo de proteção aos trabalhadores urbanos, incorporando-os, a seguir, a uma aliança de

(17)

classes promovida pelo poder estatal; 3. o papel central atribuído às Forças Armadas – em especial o Exército – como suporte da criação de uma indústria de base e sobretudo como fator de garantia da ordem interna (FAUSTO, 1998).

Nesse sentido, a ação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), a qual ocorreu em 1930, exerceu importante papel quanto a produção de moradias para os trabalhadores. Segundo Bonduki (2002), foi o início da atuação do Estado na produção direta de conjuntos habitacionais e financiamento de moradias para trabalhadores em larga escala no Brasil. Esses institutos foram criados para cada carteira profissional, nas duas gestões do presidente Getúlio Vargas (1930 – 1945), com o objetivo de propiciar recursos para o financiamento de residências populares. Como exemplo de habitações construídas nessa época através dos IAPs pode-se citar os prédios bancários ainda existentes no Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros estados.

Os IAPs foram criados, inicialmente, para atender a necessidade básica de aposentadoria e pensões dos seus beneficiados, ficando em segundo plano a construção ou aquisição de moradias. A atuação dos IAPs foi criada para atender algumas categorias de trabalhadores, como: bancários, industriários, servidores públicos, estivadores, etc., e a operação no setor da habitação social permaneceu até 1937, quando foram criadas as Carteiras Prediais de cada Instituto. Através dessa Carteira, os órgãos ficaram autorizados a utilizar até a metade de suas reservas na construção e financiamento de habitações populares. Nogueira retrata da seguinte forma a atuação do estado frente às demandas habitacionais:

A partir de 1937 o Estado passa a atuar mais efetivamente na questão habitacional regulamentando a atuação dos IAPs nesta área. São criadas as carteiras prediais dos institutos autorizadas a destinar 50% de suas reservas acumuladas ao financiamento de construções. Ficam também estabelecidas condições de financiamento que permitem ampliar a demanda: a redução da taxa de juros, a ampliação do prazo de pagamentos (1998).

Nesse contexto, foram construídos, através dos IAPs, os conjuntos habitacionais de acordo com cada categoria de trabalhadores. Um exemplo de construção dessa época é o conjunto habitacional dos bancários, situado entre a rua Marquês de Abrantes e Senador Vergueiro no bairro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro em 1939 (Fig. 1).

(18)

Figura 1: IAP dos bancários no Rio de Janeiro

Fonte: BONDUKI (2002).

De acordo com Caliane (2007), os IAPs investiram nas moradias dos filiados, exercendo papel importante para a ampliação no campo da área.

Os Institutos exerceram importante papel no que se refere à concepção de moradias no Brasil, representando o alargamento da atuação estatal na produção direta de habitações e o início do financiamento em larga escala de moradias, como também, contribuíram significativamente para amenizar o quadro de déficit habitacional agravado a partir, sobretudo, da década de 1940; concebendo entre os anos de atuação (1937-1964) aproximadamente 125.000 unidades habitacionais, Número que correspondia a mais de 4% do total de moradias urbanas ocupadas no país, em fins da década de 1950, de acordo com os dados censitários do IBGE; (...)” (CALIANE, 2007).

Destaca-se a valorização dos terrenos, sobretudo, urbanos nas grandes cidades, que passaram a ter um custo elevado para construções. Sendo assim, optou-se por moradias em prédios de apartamentos e conjuntos habitacionais (Fig. 2).

(19)

Figura 2: Conjunto construído pelo IAPI em Osasco, na década de 1940.

Fonte: BONDUKI (2002).

Ressalva-se que a estrutura da casa própria não foi adotada pela maioria dos IAPs, pois a ideia surgiu no sentido de os institutos construírem as habitações e concederem aos seus associados sob a forma de aluguel. Isso é justificado em função da rentabilidade que era proporcionada em função da transação. (CALIANE, 2007).

De acordo com Farah (1983), a atuação do IAP no campo habitacional, ocorreu com o estabelecimento de taxa de juros anual reduzida de 8% para 6% e o aumento do prazo para amortização da dívida, que ocorreria de 15 anos e passando para 25 anos. Nesse sentido, houve a facilitação do acesso ao financiamento e aquisição de moradias por parte dos trabalhadores mais carentes.

Figura 3: Conjunto construído pelo IAPI em Porto Alegre, em 1940 e 1950.

(20)

Aliado a facilitação de acesso a moradia no período Getulista, as cidades brasileiras passaram por um período de industrialização com um modelo de substituição de importações, ocorrendo um aumento da população urbana, conforme a Tabela 1:

Tabela 1 – Distribuição da população brasileira de 1940 a 1991

Fonte: SANTOS (1999).

Em 1945, com o final do primeiro governo do presidente Getúlio Vargas, foi interrompido o processo de criação de uma política habitacional consistente para o Brasil, já que se tinha recursos nos fundos dos IAPs com projetos no decorrer de 1940. De acordo com Bonduki (2002), os governos subsequentes possuíam interesses diferentes do Getúlio, tratando a moradia como uma estratégia política, e não como elemento de uma política pública.

Ressalta-se que em 1940 foi lançado a Lei do Inquilinato, na qual o Estado passou a se apropriar das diretrizes legais para a normatização das relações entre inquilinos e proprietários, juntamente com questões relativas à propriedade a qual o Estado buscou intervir nas questões sociais, realizando restrições quanto ao reajuste de aluguéis e aos despejos. Segundo Bonduki (2002), foi proibido a cobrança de qualquer taxa extra, juntamente com condições de critérios em que o imóvel poderia ser retomado pelo proprietário, como: reforma do prédio, falta de pagamento e desapropriação do imóvel.

Em função dessa Lei, ocorreu o favorecimento de despejos e uma desaceleração do mercado de construção e reforma (ANDRADE e AZEVEDO, 1996). Esse contexto aumentou a expansão da cidade para a periferia e áreas precárias, fortalecendo o crescimento do número de favelas.

(21)

Na década de 1950, o então presidente Juscelino Kubitschek formulou outras medidas com o objetivo de firmar uma política habitacional no país. Ocorreu então a unificação dos recursos dos IAPs, como uma possibilidade de aumentar a atuação dos órgãos no território brasileiro, para o crescimento das construções e moradias para os trabalhadores.

De maneira geral, os IAPs se caracterizaram por uma política social incompleta, pois somente os trabalhadores associados tinham o direito de financiar um imóvel, terreno ou empréstimo, ficando a população de mais baixa renda excluída do processo de aquisição da habitação.

Em 1964, ocorreu a formação do Banco Nacional da Habitação (BNH) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), dando origem a uma política pública estruturada para o enfrentamento do problema habitacional no Brasil. De acordo com Rodrigues e Moreira (2016), tem-se o início da atuação massiva do Estado no que diz respeito ao problema da habitação, possibilitando a criação de mecanismos de financiamento com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e as companhias de habitação (COHABs), que passaram a subsidiar políticas habitacionais.

O BNH e o SFH possuíam a missão de impulsionar a construção de habitações sociais, juntamente com a aquisição da casa própria, principalmente para a população de menor poder aquisitivo. Nesse sentido, o problema da habitação foi eleita como um dos fatores principais para o governo Castelo Branco (Botega, 2007).

No período de permanência do BNH, de 1964 a 1986, houve a efetiva atuação do Estado para possibilitar o acesso à habitação, sendo que o financiamento para as famílias de baixa renda era realizado pelas COHABs. No entanto, apesar as melhorais na área habitacional, essas COHABs não podiam ser caracterizadas como uma política de inclusão social, pois passou a priorizar a população com rendimento acima de três a cinco salários mínimos, não possuindo acesso as famílias de baixa renda, que na época se justificou devido ao alto índice de inadimplência na faixa de renda de até três salários mínimos.

Quanto ao BNH e ao SFH, esses teriam condições de estimular o crescimento habitacional no país durante a ditadura militar, mas essa não era uma realidade vivenciada. Segundo Bolaffi:

(22)

Os recursos utilizados pelo Sistema Financeiro da Habitação só foram suficientes para atender a 24 por cento da demanda populacional (urbana). Isto significa que, seis anos após a criação do BNH, toda a contribuição para atender ou diminuir o déficit que ele se propôs eliminar constituiu em que esse mesmo déficit aumentasse em 76 por cento. De acordo com as previsões do BNH, em 1971 o atendimento percentual teria sido de 25,3 por cento e, embora deve aumentar ligeiramente em cada ano até 1980, o déficit deverá exceder 37l8 por cento do incremento da necessidade. (1982)

A realidade demonstrava a incapacidade de superação do déficit habitacional. Nesse sentido, o BNH e SFH eram eficazes como agentes para a dinamização da economia nacional, mas fugia de seu objetivo principal de ser o responsável pelo crescimento da política habitacional no Brasil, sendo assim acabou ocorrendo uma perda da função do poder público na área da habitação (RODRIGUES e MOREIRA, 2016).

Apesar de não ter seu objetivo alcançado, esse não foi o principal motivo para a sua extinção no governo Sarney. As razões estariam ligadas basicamente as flutuações econômicas dos anos 80.

Talvez a principal (dadas as suas implicações políticas) entre as vulnerabilidades do SFH fosse o fato de que as flutuações macroeconômicas que implicassem quedas nos salários reais necessariamente diminuíram a capacidade de pagamento dos mutuários, aumentando a inadimplência e comprometendo o equilíbrio atuarial do sistema. (SANTOS, 1999)

Nesse contexto, o SFH e o BNH não resistiram as inflações, principalmente da década de 80, fazendo com o que o poder de compra caísse, e consequentemente, a inadimplência aumentou significativamente, de acordo com a tabela 2.

Tabela 2 – Evolução da taxa de inadimplentes do SFH no período 1980/1984

(23)

Durante as décadas de 1970 e 1980 houve a retomada do crescimento das vilas e favelas para a população de menor poder aquisitivo em função da densificação das antigas ou pela criação de novas e devido ao colapso do mercado de lotes e de moradias, influenciado pela inflação e achatamento salarial (LAGO; RIBEIRO, 1996). Criou-se então uma forma de pobreza que comprometia a dignidade humana, já que a não inserção no mercado de trabalho, o pobre precisava buscar alternativas de moradia, alimentação e inserção junto a uma sociedade que o excluía (MARTINS, 2002). Nesse sentido, a população mais pobre passou a ser vista como sinônimo de violência, devido a aglomeração em favelas ou em áreas periféricas das cidades. De acordo com Martins, existiu um processo de exclusão social e espacial no espaço urbano:

A excludência, porém, vem se transformando num modo de vida. Ao contrário do que ocorria no passado, deixa de ser transitória e se torna permanente. É um modo de vida dominado pela concepção de não pertencimento. As grandes correntes migratórias do passado, mesmo as internas, em muitos países, inclusive na Europa, se basearam na suposição de que os sacrifícios e privações do momento seriam compensados pela ascensão social e pela integração no futuro, mesmo que fosse numa geração seguinte. Portanto, os desenraizados desde o início legitimavam a sociedade de adoção (2002, p. 148).

Nesse contexto, a exclusão as áreas centrais para as periferias passa a ser uma norma imposta pela própria sociedade e governo, desconsiderando as implicações da questão social (MARICATO, 2001). Essa exclusão incluía dificuldade de acesso a transporte público, expulsão das áreas centrais e dificuldade de acesso aos equipamentos coletivos e, assim, a população com menor poder aquisitivo foi obrigada a viver em território desprovida de infraestrutura e longe das áreas centrais, prejudicando a qualidade de vida e acesso ao trabalhado. Os locais centrais existiam, porém não há acesso a elas, e assim o espaço urbano contém marcas das desigualdades sociais, não havendo uma efetiva participação das questões sócias. (SANTOS, 2008).

Em 1986, o Presidente José Sarney decretou o fechamento do Banco Nacional de Habitação, sendo incorporado a Caixa Econômica Federal. Nesse sentido, o tema da habitação social tornou-se uma mera política setorial para a instituição, a qual não possuía familiaridade em relação ao tema.

Nesse contexto, surgia-se uma nova etapa para a política habitacional brasileira, com constantes reformulações nos órgãos. Segundo Santos:

(24)

em um período de apenas quatro anos, o Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (MDU), criado em 1985, transformou-se em Ministério da Habitação, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (MHU), em Ministério da Habitação e Bem-Estar Social (MBES) e, finalmente, foi extinto em 1989, quando a questão urbana voltou a ser atribuição do Ministério do Interior (ao qual o BNH era formalmente ligado). As atribuições na área habitacional do governo, antes praticamente concentradas no BNH, foram pulverizadas por vários órgãos federais, como o Banco Central (que passou a ser órgão normativo e fiscalizador do SBPE), a Caixa Econômica Federal (gestora do FGTS e agente financeiro do SFH), o ministério urbano do momento (formalmente responsável pela política habitacional) e a então Secretaria Especial de Ação Comunitária, a responsável pela gestão dos programas habitacionais alternativos “ (1999).

Como consequência dessas reestruturações, ocorreu um enfraquecimento de uma política clara e consistente na área da habitação social, juntamente com um fracasso do Sistema Financeiro Nacional.

De acordo com Rodrigues e Moreira (2016), no período de 1987 a 1999 ocorreu um forte declínio da intervenção do Estado na área habitacional. Isso ocorreu pois, em 1990, com a posse do presidente Fernando Collor de Mello a política brasileira passou por uma forte orientação rumo ao neoliberalismo, o que ocasionou um declínio na área habitacional do país.

Nessa década, as ações governamentais relacionadas a habitação estavam atreladas fortemente com a agenda das agências internacionais. De acordo com Denaldi:

é sabido que a agenda das agências multilaterais de cooperação internacional para países em desenvolvimento, por meio de sua ‘ajuda internacional’, influenciam em algum grau e periodicidade o desenho das políticas públicas sociais dos países apoiados. Percebe-se, nesse período recente [década de 1990], uma convergência entre as diretrizes das agências internacionais para a elaboração de políticas habitacionais [...] (DENALDI, 2003, p. 31).

A meta principal do presidente na área da habitação foi a criação ao Plano de Ação Imediata para a Habitação (PAIH), o qual previa a construção de aproximadamente 245 mil casas através da contratação de empresas privadas. Porém, o prazo previsto para a construção que era de 180 dias passou para mais de 18 meses, o custo médio foi acima do previsto e o número de casas previsto baixou para 210 mil casas, além do programa não conseguir os recursos suficientes para o que foi necessário nas construções (BOTEGA, 2007).

Nos anos 2000, foi provada uma Lei Federal contendo o Estatuto das Cidades com o intuito de fornecer suporte jurídico ao processo de planejamento urbano. (FERNANDES, 2008). Esse estatuto, com relação a habitação, ratificou a importância

(25)

de instrumentos para garantia da função da propriedade social, como imposto sobre propriedade imobiliária urbana progressivo, desapropriação, usucapião, concessão, demarcação de zonas social, entre outros.

Nos anos de 2003 a 2010, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi lançado o principal programa político de habitação, intitulado Programa Minha Casa Minha Vida, do Ministério das Cidades, lançado em abril de 2009 com o objetivo de construir um milhão de moradias para atender famílias com renda entre 0 a 10 salários mínimos, totalizando R$ 34 bilhões de subsídios. Juntamente com seu objetivo social, o Programa fortaleceu a criação de empregos e de investimentos no setor da construção civil, fomentando uma reação do governo Lula à crise econômica mundial de 2008.

2.2 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

A política habitacional brasileira, desde 2003, implementou transformações com a criação do Ministério das Cidades definindo um novo marco político da habitação social com foco no subsídio à demanda e na reestruturação do sistema de crédito imobiliário. Em 2005, foi criado o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS) e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), por meio da Lei nº 11.124/05, que integrou os programas destinados à habitação de interesse social de todas as esferas do governo.

Em 2008, o Plano Nacional de Habitação (PNH) estabeleceu as diretrizes da política habitacional e sua integração com a política urbana, trazendo inovações com relação à política voltada às famílias de baixa renda. Ressalta-se que, frente ao cenário de crise mundial, o setor da construção civil também passou a ser visto como fundamental para alavancar o ciclo de crescimento e empregos no Brasil, já que se vivia um ambiente de crise econômica internacional. Nesse sentido, o Programa proporcionou um destaque particular, pois permitiu combater a recessão num momento de crise, aliado a um conjunto de esforços em uma política social com efeitos profundos na sociedade (SNH/MCIDADES, 2014).

Quanto a Secretaria Nacional de Habitação (SNH), segundo dados do Ministério das cidades (2017), essa é responsável por acompanhar, avaliar, formular e propor, os instrumentos para a implementação da Política Nacional de Habitação, juntamente com as demais políticas públicas e instituições voltadas ao

(26)

desenvolvimento urbano, objetivando promover a universalização do acesso à moradia. Nesse sentido, a SNH desenvolve e coordena ações de apoio técnico aos entes federados e aos setores produtivos para a promoção de mecanismos de participação e controle social nos programas habitacionais, cabendo a esta coordenar e apoiar as atividades referentes à área de habitação no Conselho das Cidades.

Relativo à habitação, o governo priorizou programas de acessibilidades sociais, como bolsa família, auxílio desemprego e, em especial, o PMCMV, que segundo o governo, a partir de 2003 ocorreram mudanças no Ministério das Cidades, definindo-se um novo marco político da habitação social, com foco no subsídio à demanda e na reestruturação do sistema de crédito imobiliário. (Brasil, Ministério das Cidades/Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2014, p. 19).

Contudo, o PMCMV foi implementado a partir de 2009 para proporcionar moradias a famílias de baixa renda, resultando também no fortalecimento da construção civil e combate à recessão, com geração de empregos e impulsionando o comércio de bens e serviços.

Em 2013, os investimentos do PMCMV sustentaram cerca de 1,3 milhão de postos de trabalho diretos e indiretos na cadeia da construção, incluindo os empregos nas construtoras, prestadores de serviços, comércio e indústria de materiais de construção. Isso representou 2,6% da força de trabalho formal da economia brasileira no período. No mesmo ano, o PIB gerado pelas atividades sustentadas pelo PMCMV atingiu R$ 29,8 bilhões. Essa renda equivale a 0,6% do PIB brasileiro daquele ano. (Brasil, Ministério das Cidades/Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2014).

O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), o qual se tornou destaque da política habitacional do país, é uma iniciativa do Governo Federal em parceria com empresas da construção civil, municípios e estados e tem como principal objetivo atender às necessidades de acessibilidade de habitação da população com diferentes níveis de renda, garantindo o acesso à habitação com padrões mínimos de segurança, habitabilidade e sustentabilidade. Atrelado a esse objetivo, o governo objetiva gerar empregos através de novos investimentos na construção civil, combater o déficit habitacional, impulsionar a economia e proporcionar oportunidades de desenvolvimento para o país (CEF, 2015a).

Ressalva-se que, nos últimos anos, o contexto econômico e político brasileiro vem passando por mudanças e crises, enfraquecendo os investimentos e favorecendo o endividamento frente a inadimplência no âmbito da habitação social. Nesse sentido,

(27)

o percentual de famílias endividadas com o financiamento de moradias em janeiro de 2010 foi de 3,1% e esse percentual aumentou para 7,2% em dezembro de 2016, indicando um cenário preocupando do PMCMV. (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, 2016).

Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (2016), de setembro de 2016 a setembro de 2017, quanto aos principais tipos de dívida, nota-se que o cartão de crédito consome o principal tipo, enquanto que, com relação ao financiamento de casa há um consumo com percentual que gira em torno de 8%. (Gráfico 1).

Gráfico 1: Tipos de dívida

Fonte: CNC, 2017, pag 10.

Com relação ao nível de endividamento de acordo com a renda mensal familiar, de até dez salários mínimos mensais e acima de dez, percebe-se que o grau de endividamento é maior nas famílias com até dez salários mínimos, o que é observado no Quadro 1.

(28)

Quadro 1 – Nível de endividamento de acordo com a renda familiar mensal

Fonte: CNC, 2017.

A grande dificuldade das famílias em pagarem as suas contas em dia é explicado pelo elevado desemprego. No entanto, com a queda das taxas de juros, a contratação de novos empréstimos e financiamento pelas famílias brasileiras vem se recuperando lentamente.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso, 24,6%, alcançou o maior patamar do ano em agosto de 2017. O mesmo ocorreu com o percentual de famílias que permaneceram inadimplentes, 10,1%, que alcançou o maior nível desde janeiro de 2010. O número total de endividados chegou a 58%, o que representa alta em relação aos 57,1% observados em julho. Na comparação com o mesmo período do ano passado, no entanto, o índice permaneceu estável. (CNC, 2017).

Com relação ao tipo de dívida, de acordo com o quadro 2 de setembro de 2017, relacionando o percentual de tipo de dívida das famílias, percebe-se que o percentual com financiamento de casa é maior para famílias com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos em comparação com as famílias que possuem menos de dez, pois cresce de 6% para 17%. (Quadro 2).

(29)

Quadro 2: Tipo de dívida das famílias brasileiras em 2017

Fonte: CNC, 2017.

Para que o Programa atendesse o acesso de beneficiários de baixa renda houve a compatibilização da prestação a famílias, para o acesso à aquisição da casa própria, para indivíduos de diferentes classes de renda fosse atendido, foram criadas inicialmente três faixas de financiamento, de acordo com o salário mínimo: onde de 0 a 3 salários mínimos, correspondia a Faixa 1, acima de 3 até 6 salários, Faixa 2 e acima de 6 até 10 salários mínimos, Faixa 3 (ANDRADE, 2012). Contudo, com o passar dos anos foram ocorrendo atualizações, sendo uma delas em relação à faixa de renda dos beneficiários, passando para valores absolutos, em vez de salários.

Senso assim, para a Faixa 1, a renda mensal familiar era de até R$ 1.600,00, em que ocorria elevados subsídios para a aquisição de moradia. A Faixa 2 era destinada a famílias com renda mensal de até R$ 3.275,00, a qual facilitava o financiamento por meio de subsídios diretos à demanda, e através da redução de taxas de juros. E na Faixa 3, se enquadravam famílias com renda mensal de até R$ 5.000,00, em que tinha redução da taxa de juros, criando condições favoráveis de acesso ao imóvel (SNH/MCIDADES, 2014).

(30)

2.3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) define a moradia adequada como sendo, dentre outros requisitos, aquela que possui acesso a serviços e infraestrutura como: água potável, saneamento básico, abastecimento de energia elétrica, coleta de lixo e instalações sanitárias. Nesse sentido, de acordo com legislação internacional e também pela Constituição Federal brasileira de 1988 a moradia é um dos direitos humanos garantidos a todos como local onde possam estar resguardados dos perigos da natureza e também dos perigos das ruas. (Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, 2017).

De acordo com Reis e Lay (2010) uma habitação digna é aquela que proporciona ao usuário a utilização de um espaço adequado e seguro, que possui ventilação e iluminação que sejam suficientes para a saúde e higiene, devendo ainda ter uma infraestrutura básica, serviços essenciais e localização adequada para o deslocamento do trabalhador. Também se ressalva que as habitações que atendem ao interesse social devem ter associação de atendimento às necessidades de prover uma moradia digna à população com menor poder aquisitivo.

Nesse contexto, o direito fundamental a moradia foi reconhecido em 1948 pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (NAÇÕES UNIDAS, 1948) como integrante do direito a um padrão de vida adequada e pelo Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 (NAÇÕES UNIDAS, 1992), tornando-se um direito humano universal, aceito e aplicável em todas as partes do mundo como um dos direitos fundamentais para a vida das pessoas. (Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, 2017).

Quanto à análise da infraestrutura da habitação, a falta de serviços básicos e instalações sanitárias reduz a qualidade de vida, uma vez que aumenta a vulnerabilidade individual e comunitária a doenças e epidemias (UN-HABITAT, 2009; RIBEIRO e ALMEIDA, 2012; ALVES e CAVENAGHI, 2005).

A análise da qualidade em serviços tem como ponto de partida as comparações entre o que os usuários consideram que deveria ser oferecido e o que, realmente, é ofertado. Nesse sentido, a teoria pode ser explicada por uma relação entre o nível de eficácia do serviço e a expectativa do usuário, ou seja, a promoção de um serviço de qualidade significa atingir as necessidades e expectativas de um usuário de maneira eficaz. (ZEITHAML e PARASURAMAN, 1990).

(31)

Segundo Parasuraman et al (1990) e Corrêa Corrêa (2004) são três as características que identificam os serviços: a) intangibilidade: esta possui relação entre o desempenho e experiências pelo usuário; b) heterogeneidade: consisti nas diferenças de julgamento entre fornecedor e cliente; e c) inseparabilidade: entre a produção e consumo, tonando difícil a mensuração.

O pioneirismo sobre a medição da qualidade foi realizada por Parasuraman et al (1985). Estes utilizaram o modelo de medição da satisfação da qualidade de um serviço a ser medido pela diferença entre a expectativa e o respectivo julgamento do serviço, considerando um conjunto de dimensões de qualidade em determinado serviço.

Os autores apresentam os SERVQUAL, que consiste em uma ferramentas que aponta cinco dimensões de qualidade e servem para estudos com base em modelos de falhas, ou seja, realçam a existências de gaps ou lacunas que afetam o nível de qualidade de serviços entregue ao consumidor, ou seja, a possibilidade de 5 tipos de discrepâncias que são abordadas na metodologia.

O SERVQUAL também consiste em um instrumento universal a ser aplicado em qualquer organização de serviços, possibilidade uma mensuração numérica sobre o serviço oferecido, além de destacar os pontos fortes e fracos, segundo Cönsoli e Martinelli (2003).

O conceito de qualidade depende dos agentes, juntamente com seus interesses, os quais variam ao longo do tempo e, em muitos casos, com o uso da habitação, pois aspectos como manutenção, habitabilidade e adaptabilidade espacial ou tecnológica podem não ser observados por falta de parâmetros ou capacidade técnica dos clientes (FABRÍCIO; ORNSTEIN; MELHADO, 2010). O usuário de habitação de interesse social em geral não pode escolher sua habitação e/ou suas características, o que aumenta a responsabilidade do analista sobre a qualidade dos projetos.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas, de acordo com a sua NBR (Norma Brasileira) 15.575, é conceituada como norma de desempenho e esclarece que: “para os projetos de arquitetura de unidades habitacionais, sugere-se prever no mínimo a disponibilidade de espaço nos cômodos da edificação habitacional para colocação e utilização dos móveis e equipamentos. Ainda se ressalta que essa norma agregou um conteúdo extenso de normas já existentes, passando por uma nova maneira de especificação e elaboração de projetos, incluindo o uso dos inúmeros

(32)

materiais, componentes, elementos e sistemas construtivos que compõem a edificação.

2.4 IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E A SUSTENTABILIDADE

A maioria das atividades humanas geram impactos ambientais. A área da construção civil pode gerar impactos no meio ambiente ocasionando esgotamento das áreas exploradas e degradação de recursos naturais. Entre as ações humanas que impactam o meio ambiente é de relevância a indústria da construção civil, e, por esse motivo, é uma das forças motrizes para o atendimento de metas de desenvolvimento sustentável.

Para Arayici et al. (2011), desenvolvimento sustentável é toda ação responsável por conservar, manter ou equilibrar, observando que desenvolver implica em crescimento, geração, produção e progresso. Contudo, desenvolvimento sustentável remete a ideia de manter-se produzindo de forma equilibrada (TABORIANSKI; PRADO, 2012).

Ao longo da conscientização humana sobre a necessidade de conservação dos recursos naturais, surgiram diferentes concepções e abordagens que, segundo Ekincioglu et al. (2013), devem ser analisadas por diferentes óticas. Camargo, Capobianco e Oliveira (2015) definem sustentabilidade como um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, investimentos, orientação do processo de desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais se harmonizam e incentivam o pensamento do presente e futuro, com o objetivo de entender as necessidades e aspirações humanas.

De acordo com Wong e Zhou (2015), o desenvolvimento sustentável surgiu como uma filosofia, propondo em suas entrelinhas uma evolução social na direção de um mundo mais equitativo, no qual, o meio ambiente passou a ser essencial para a sobrevivência das gerações futuras.

Em uma concepção contemporânea, Zutshi e Creed (2015), definem desenvolvimento sustentável como um consenso global com relação a satisfação simultânea do triple bottom line, ou seja, a intersecção das esferas ambientais, sociais e econômicas, conforme a Figura 4. Além da valorização dos aspectos não materiais, como a democracia, igualdade de direitos, valorização dos direitos humanos e a biodiversidade.

(33)

Figura 4: Pilares do triple bottom line

Fonte: Adaptado de UN (2012).

No pensamento de Ruparathna e Hewage (2015), o segredo está na aplicação dos conceitos do triple bottom line. Nessa ideia, o equilíbrio desses três pilares deve resultar na diminuição do impacto ambiental, responsabilidade sócio empresarial e melhorias das condições climáticas e pensamento crítico em relação às gerações futuras.

Para Zhong e Wu (2015), o desenvolvimento sustentável consiste em um dos maiores desafios da contemporaneidade, ressaltando esse pensamento para as áreas de arquitetura e construção civil. Essa concepção evidencia-se no século XXI, através das tentativas de conciliação dos imperativos ambientais e sociais. Para Taborianski e Prado (2012), a conquista desse equilíbrio é fundamental para assegurar a biodiversidade da fauna e flora, junto com a sobrevivência de comunidades, seja ela localizada em países ricos, pobres ou em desenvolvimento.

As questões ambientais passaram a ganhar relevância nos estudos a partir do processo de industrialização (ANTÓN; DÍAZ, 2014). Apesar das rápidas modificações no processo de urbanização, o consumo de matéria prima e poluição ainda eram baixos no século XIX, acarretando a desconsideração com os aspectos ambientais (GANGOLELLS et al., 2014). Porém, ao passar dos anos, o crescimento das atividades industriais contribuiu para o surgimento de debates, discussões e estudos sobre os riscos de processos ambientais e sua relação com a indústria (ZHONG; WU, 2015). Dessa forma, a sociedade iniciou um processo de conscientização, com a finalidade de compreender e reduzir os efeitos nocivos da industrialização e da

(34)

expansão urbana desordenada (BORK; BARBA JUNIOR; GOMES, 2015).

De acordo com Fencker et al. (2015), a preocupação do homem com o meio ambiente surge a partir do momento que esse percebe que a exploração dos recursos naturais passa a ser maior do que a capacidade natural de regeneração, ocasionando a preocupação com as gerações futuras.

Figura 5: Nível de 𝐶𝑂) nos últimos anos

Fonte: NASA (2017).

O CO2 é um gás que retém calor e é liberado por diferentes atividades, principalmente por processos industriais, e que passou a ser o foco de debates quanto a práticas mais sustentáveis (RUSSELL-SMITH; LEPECH, 2015). No decorrer dos séculos, com o crescimento populacional, as práticas agrícolas, o aumento do uso da terra, a industrialização e o uso de energia a partir de combustíveis fósseis contribuíram para o progressivo aumento na concentração de gases do efeito estufa (SUKSIRIPATTANAPONG et al., 2015). Desta forma, o aumento progressivo dos níveis de CO2 e de outros gases tem o iniciar mudanças imprevisíveis no clima, podendo levar a severas rupturas ecológicas e econômicas.

Com relação a sustentabilidade, a ONUBR, Nações Unidas do Brasil, lançou em 2017 uma nova agenda, a qual contém 17 novos objetivos de desenvolvimento sustentável, sendo que esses objetivos devem ser implementados por todos os países do mundo durante os próximos 15 anos, com prazo de até 2030. Entre esses objetivos, ressalta-se o objetivo os seguintes objetivos:

- Objetivo 3: assegurar uma vida sustentável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. Esse objetivo está atrelado ao desenvolvimento desse trabalho, já que objetivo da habitação social é promover uma moradia digna de acordo com os

(35)

direitos humanos, garantidos a todos como local onde possam estar resguardados dos perigos, promovendo o bem-estar, juntamente com uma vida sustentável,

- Objetivo 11: tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Esse objetivo também está diretamente relacionamento a esse estudo, pois vincula-se ao acesso a moradia digna com qualidade para a população. De acordo com dados da ONUBR, cerca de 828 milhões de pessoas vivem em favelas e o número continua aumentando. Em função da rápida urbanização está ocorrendo uma pressão sobre a oferta de água potável, de esgoto, do ambiente de vida e saúde pública. Mas a alta densidade das cidades pode gerar ganhos de eficiência e inovação tecnológica enquanto reduzem recursos e consumo de energia. Também de acordo com a ONUBR, foi lançada a agenda a agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, na qual é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. A agenda também busca fortalecer a paz universal com mais liberdade. Reconhecemos que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável.

Os objetivos e metas da agenda 2030 são o resultado de mais de dois anos de consulta pública e envolvimento junto à sociedade civil e partes interessadas em todo o mundo, prestando uma atenção especial às vozes dos mais pobres e mais vulneráveis. A visão dessa agenda é um mundo livre da pobreza, fome, doença, medo e violência, na qual toda a vida pode prosperar. Um mundo com alfabetização universal, com o acesso equitativo e universal à educação de qualidade em todos os níveis, com bem-estar físico, mental e social assegurados à população. Um mundo como compromissos relativos ao direito humano à água potável e ao saneamento junto com uma melhor higiene, com habitats humanos seguros e sustentáveis, e onde existe acesso universal à energia acessível, confiável e sustentável. (ONUBR, 2017). Esses objetivos estão vinculados ao desenvolvimento desse trabalho, buscando através da melhoria da qualidade da habitação junto ao uso do selo de certificação ambiental que posso ocorrer uma melhor distribuição dos espaços urbanos e de otimizar sua eficiência energética e hídrica por meio da redução do consumo e adoção de sistemas energéticos verdes.

(36)

2.5 SELO CASA AZUL CAIXA

O setor da construção civil reflete dados importantes para a área da economia de um país, fomentando a geração de renda e empregos. Também possui impacto significativo quanto ao consumo de recursos naturais, como água e energia, devendo ressaltar a geração de resíduos e deterioração do meio ambiente e a piora da qualidade de vida para a população. (FORTUNATO, 2014).

De acordo com esse cenário, o desenvolvimento sustentável ganha destaque em diversos setores, principalmente no âmbito da construção civil. Sendo assim, as características da sustentabilidade refletem no surgimento de novos princípios básicos para projetos, envolvendo aspectos econômicos, socioculturais, ambientais e políticos, promovendo benefícios para as gerações futuras. (VERAS, 2013).

Nesse cenário, surge o Selo Casa Azul Caixa, que entre os selos de certificação ambiental existentes no Brasil, esse se destaca por ser o único desenvolvido para a realidade brasileira e que aborda práticas ambientais para moradias com sustentabilidade em projetos de Habitações de Interesse Social. (CAIXA, 2017).

O Selo Casa Azul CAIXA se destaca entre as certificações ambientais presentes no país por ser o primeiro sistema de classificação da sustentabilidade voltado realidade da habitação brasileira (CAIXA, 2010). Desse modo, o Selo propõe soluções adequadas ao local, reduzindo o uso de recursos naturais acarretando benefícios sociais. Sua metodologia também preza pela redução dos custos de manutenção das edificações propondo a conscientização de empreendedores e moradores quanto às vantagens de construções sustentáveis. Sua concessão deve partir do interesse do proponente, pois, assim como as demais Certificações Ambientais (CA), sua adesão é voluntária. (OLIVEIRA, 2014).

O Selo Casa Azul possui características da realidade da construção de habitações no Brasil, com a priorização de recursos naturais, fortalecendo a ampliação de benefícios para a sociedade. Esse foi estabelecido como um instrumento de classificação socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais. Entre as suas características, ressalta-se a consciência de sustentabilidade, no qual se entende que os problemas são locais, mas as soluções devem ser locais.

De acordo com a CAIXA (2017), O Selo Casa Azul possui importância no âmbito das habitações, buscando-se reconhecer os projetos de empreendimentos que demonstrem suas contribuições para a redução de impactos ambientais.

(37)

O Selo Casa Azul possui significância por ser um instrumento de classificação socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais, os quais adotam soluções mais eficientes aplicadas à construção, ao uso, à ocupação e à manutenção das edificações. Sua metodologia foi desenvolvida e aplicada para financiamento ou nos programas de repasse aos projetos de empreendimentos habitacionais apresentados à CAIXA. As empresas construtoras, o Poder Público, empresas públicas de habitação, cooperativas, associações e entidades representantes de movimentos sociais, podem se candidatar ao Selo (CAIXA, 2010).

A criação do Selo Casa Azul CAIXA possui objetivo de incentivar o uso racional de recursos naturais no projeto de construção de empreendimentos habitacionais, com o intuito de reduzir custos de manutenção das moradias e as despesas mensais de seus moradores. Também promove a conscientização de empreendedores e moradores sobre as vantagens das construções sustentáveis (CAIXA, 2010).

Quadro 3 – Categorias Selo Casa Azul

Fonte: Adaptado da Caixa (2017).

O Selo busca reconhecer os projetos de habitação envolvidos na redução de impactos ambientais, o mesmo possui ao todo 53 critérios de avaliação, divididos em 6 categorias avaliados a partir de critérios vinculados aos seguintes temas: (i) qualidade urbana, (ii) projeto e conforto, (iii) eficiência energética, (iv) conservação de recursos materiais, e (v) gestão da água e práticas sociais (VERAS, 2013). Na Figura a seguir é representado a adesão do selo no Brasil.

(38)

Gráfico 2: Adesão e gradação do selo Casa Azul

Fonte: Adaptado de CAIXA (2017).

O Selo possui execução simples, atrelado as características de mercado do pais, fortalecendo a economia local e tornando-se economicamente viável para projetos de habitações populares. (BARATELLA, 2011).

3. METODOLOGIA

Os resultados da investigação científica trazem como consequência a obtenção da atividade de pesquisa. De acordo com Koche (2009), o método científico envolve um suceder alternativo entre reflexão e experimento, no qual o pesquisador elabora hipóteses e ideias à luz do conhecimento disponível.

Para Marconi e Lakatos (2010), o método cientifico pode ser considerado uma teoria de investigação que cumpre algumas etapas: hipótese, experimentação, coleta de dados e conclusão. Nesse sentido, os autores salientam que a atividade de pesquisa utiliza técnicas e ferramentas que auxiliam a busca por referências e informações que envolvem o tema abordado, tornando-se o procedimento metodológico importante para a validação de informações e coerência dos resultados obtidos.

Ressalta-se que para o desenvolvimento desse trabalho foi importante o estudo da dissertação proposta por De Conto (2016), que possui o título: O Caminho para a Sustentabilidade Socioambiental de HIS via Selo CASA AZUL CAIXA. Essa dissertação serviu como ponto de partida para a elaboração desse trabalho.

(39)

Nesse capítulo destaca-se as bases conceituais do método de pesquisa e respectivas formas de levantamento de dados a serem realizados, ressaltando que as mesmas consistem no delineamento do processo para se atingir os objetivos do presente estudo.

3.1 MÉTODO

Para estudantes em estágio inicial de pesquisa, a importância da escolha do que se ler e estudar deve ser realizada sob orientação de professores, selecionando as mais adequadas e confiáveis para o tema abordado (LAKATOS e MARCONI, 2010). Juntamente com a orientação do professor, foi delimitado o escopo do estudo, tanto no que diz respeito à profundidade das abordagens como na extensão dos temas desenvolvidos, estruturados em capítulos e subcapítulos para o presente estudo.

A presente pesquisa consistirá em um estudo de caso exploratório-descritivo de natureza quantitativa. Exploratório por pretender desenvolver uma melhor compreensão e aprofundamento da qualidade das habitações sociais do PMCMV e por não ter intenção de testar hipóteses específicas, mas detectar percepções e comportamentos e descritiva por abordar uma situação social com o objetivo de medir características relativas ao Programa Minha Casa Minha Vida. Ressalta-se, também, que a pesquisa exploratória tem a finalidade de ampliar o conhecimento a respeito de determinado fenômeno, sobre o qual não se tem conhecimento acumulado e sistematizado (VERGARA, 2002).

Descritiva por abordar uma situação social com o objetivo de medir características relativas à quesitos de qualidade do loteamento e das habitações, neste sentido fez-se a seguinte questão: qual a qualidade das habitações sociais em relação ao selo casa azul em um conjunto habitacional do Programa Minha Casa Minha Vida do município de Santa Maria/RS?

Nesse contexto, Gil (2011) saliente que a pesquisa descritiva possibilita descrever, decompor, recompor, interpretar, abordando de maneira significativa os discursos, identificando as unidades de sentido para construir uma leitura significativa da realidade pesquisada.

Ressalta-se, também, que a pesquisa exploratória tem a finalidade de ampliar o conhecimento a respeito de determinado fenômeno, sobre o qual não se tem conhecimento acumulado e sistematizado (Vergara, 2002). O estudo será de natureza

(40)

qualitativa por seguir por meio de um check list a descrição de itens a serem analisados com um estudo do sistema de classificação Selo Casa Azul CAIXA, como um recurso para orientar a busca de evidências de atendimento ao solicitado, registrar as evidências objetivas coletadas, e por fim ponderar a respeito da certificação de construção sustentável. Ressalta-se que, como a aplicação do check list será realizada em um único momento, a pesquisa caracterizar-se-á de forma transversal, ou seja, em um único ponto na linha do tempo para uma única amostra. (HAIR et al, 2005).

A escolha do enquadramento metodológico utilizado nesse estudo está apresentado no Quadro 3, sendo fundamentado nas proposições de Miguel (2010), Gil (2010), Marconi e Lakatos (2010) e Yin (2010), sendo os passos antecedidos por estudos preliminares, proporcionando a verificação da teoria existe junto ao tema escolhido.

Quadro 3: Enquadramento metodológico

CLASSIFICAÇÃO ENQUADRAMENTO

Modalidade Exploratória e descritiva

Abordagem Qualitativa

Procedimento de

coleta de dados documental, check list, levantamento in loco Levantamento bibliográfico, análise Técnica de Análise

de dados Análise dedutiva

Fonte: Elaborada pela autora (2017).

Quanto ao levantamento e tratamento de dados, a pesquisa consistirá de dados secundários e primários. Os dados secundários serão obtidos em documentos e sites do governo federal, como Portal Brasil, pesquisas, documentos e publicações disponibilizadas sobre PMCMV. Os dados primários serão obtidos através de questionário estruturado aplicado ao representante indicado pela respectiva família pertencente ao campo amostral, com preferência ao membro de maior poder aquisitivo e que seja beneficiado do Programa.

(41)

3.2 DESCRIÇÃO DO UNIVERSO DA PESQUISA

Para o desenvolvimento da pesquisa, tornou-se necessária a definição do estudo de caso e da população objeto de estudo. De acordo com a percepção de Marconi e Lakatos (2010), o universo da pesquisa, consiste no conjunto de indivíduos que partilham de, pelo menos, uma característica em comum.

Com o embasamento gerado pelo referencial teórico, deu origem a base conceitual para o entendimento do tema proposto, no que tange a habitações dentro do contexto das políticas sociais, avaliando a questão da construção sustentável e as certificações, juntamente com a qualidade das moradias. Através desse processo, ocorreu a escolha do tema Programa Minha Casa Minha Vida com a análise da qualidade e o Selo Casa Azul como método de certificação a ser estudado. A partir disso, delimitou-se o campo de estudo, explorou-se a sua abrangência, as exigências estabelecidas e delimitadas. Essa abordagem possibilitou estabelecer uma base conceitual a respeito do tema habitação social sustentável, a legislação pertinente, certificações aplicáveis, bem como definir o método de estudo ao tema ora apresentado.

Nesse sentido, o objeto de estudo deste trabalho consistiu em um estudo de caso de um loteamento de condomínio horizontal de interesse social, denominado Loteamento Leonel Brizola, o qual está localizado na Estrada Municipal Eduardo Duarte, Bairro Diácono João Luiz Pozzobom, na cidade de Santa Maria, RS (Fig. 6). O tamanho do lote possibilitou constituir um total de 368 lotes, sendo que 362 desses foram destinados à execução de hab check list itações residenciais e os outros seis restantes ao setor comercial

No decorrer dessa pesquisa buscou-se obter conhecimento sobre a população que mora nessa região, envolvendo suas carências e necessidades. Esse local foi escolhido após algumas visitas as habitações construídas pelo Programa Minha Casa Minha Vida no município. A partir de dados das famílias beneficiadas do programa Minha Casa Minha Vida do Loteamento Leonel Brizola e da habitação residencial, tendo o foco da qualidade da edificação e a sustentabilidade. Juntamente, foram realizados questionamentos feitos a arquiteta da Prefeitura de Santa Maria, responsável pela área da habitação social e da habitação residencial

(42)

Figura 6: Loteamento Leonel Brizola em Santa Maria/RS

Fonte: Google earth (2017).

O loteamento faz parte do programa habitacional do governo financiado através da Caixa Econômica Federal (CEF), com o objetivo de beneficiar as famílias com baixo poder aquisitivo que possuem uma renda mensal de até três salários mínimos e/ou que residem em áreas de risco, sendo que todas essas famílias foram cadastradas nos programas habitacionais da Prefeitura Municipal de Santa Maria.

Figura 7: Vista geral das habitações estudadas.

Referências

Documentos relacionados

A sensory marketing model “offers a firm the oppor- tunity to differentiate and express a brand through sensorial strategies, based on cognitive, emotional or value-based elements

Não podemos deixar de dizer que o sujeito pode não se importar com a distância do estabelecimento, dependendo do motivo pelo qual ingressa na academia, como

Ao professor não competia a tarefa de apresentar um conjunto de ideias para os alunos, mas sim estimular que eles se servissem desse conjunto como dados de problemas

O fato de a porcentagem de mulheres no sistema prisional ser baixa (6,3% no Brasil e entre 0% e 29,7% no mundo) faz com que suas necessidades não sejam consideradas

As práticas de gestão passaram a ter mais dinamicidade por meio da GIDE. A partir dessa mudança se projetaram todos os esforços da gestão escolar para que fossem

Dessa forma, diante das questões apontadas no segundo capítulo, com os entraves enfrentados pela Gerência de Pós-compra da UFJF, como a falta de aplicação de

Muito embora, no que diz respeito à visão global da evasão do sistema de ensino superior, o reingresso dos evadidos do BACH em graduações, dentro e fora da

Para Azevedo (2013), o planejamento dos gastos das entidades públicas é de suma importância para que se obtenha a implantação das políticas públicas, mas apenas