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BARRAMENTO COM PNEUS USADOS PARA CONTENÇÃO DE SOLO E ÁGUA (BAPUCOSA)

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Academic year: 2021

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BARRAMENTO COM PNEUS USADOS PARA CONTENÇÃO DE SOLO

E ÁGUA (BAPUCOSA)

José Geraldo de Vasconcelos Baracuhy, José Dantas Neto, Soahd Arruda Rached Fari-as, Maria Betânia Rodrigues Silva, Aline Costa Ferreira, Djaneide Gonçalves Ramos.

Universidade Federal da Paraíba/Departamento de Engenharia Agrícola - Av. Aprígio Veloso - 882, Bodocongó - Caixa Postal - 10078, CEP: 58109-970, Campina Grande - PB.

RESUMO

Na região semi-árida do Estado da Paraíba, as precipitações são irregulares, variando entre 400 a 600 mm/ano, escoando através dos riachos de relativa declividade, e solos caracte-rísticos de média a baixa permeabilidade. Com a construção de barragens subterrâneas existe a possibilidade de garantir o acúmulo de água desde que, sejam realizadas técnicas de obstru-ções físicas, como a colocação de pedras para facilitar a permanência da água no solo. A construção da barragem subterrânea foi baseada na metodologia proposta por MELO et al., (1982) sendo que, foram utilizados pneus usados de caminhão (em substituição às pedras) com sua fixação através de varas de ferro além de lona plástica para melhor vedação. O resul-tado do barramento permitiu que nas precipitações ocorridas na microbacia do Riacho Paus Brancos durante o período de abril/maio houvesse oportunidades de represamento das águas, garantindo dessa maneira, o ciclo completo da cultura do sorgo forrageiro (Sorghum vulgare) em uma área de 0,50 ha e realizado a colheita em julho de 2001. Foi observado o rebrotamen-to da cultura, encontra-se em fase de crescimenrebrotamen-to (setembro de 2001) com possibilidades para uma segunda colheita.

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Palavras-Chave:

captação, pneus, água, solo, barramento

INTRODUÇÃO

Na região do semi-árido do Estado da Paraíba, as precipitações são irregulares, varian-do entre 400 a 600mm/ano, as quais são rapidamente escoadas através varian-dos riachos de relativa declividade, associada às características de média a baixa permeabilidade e profundidade dos solos, são desprotegidos de vegetação nativa o que permite a formação de erosões laminares à voçorocas.

A barragem com pneus usados para contenção de solo e de água - BAPUCOSA é uma proposta de substituição aos enrocamentos de pedras, as quais realizam a obstrução parcial do fluxo hídrico e de solo carreado em riachos temporários e permite um maior armazenamento de águas em barragens subterrâneas construídas a sua montante

Existe uma proibição normativa de armazenamento de pneus em borracharias, depósi-tos, etc. por questões sanitárias. Quando esses pneus são levados para os lixões eles são mui-tas vezes queimados para a extração do aço (o que é proibido por lei em decorrência da gran-de quantidagran-de gran-de enxofre expelido para o ambiente). A situação gran-de pneus usados no Brasil é tão séria que o governo brasileiro, através do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambi-ente) resolução n.o 258 exigirá das fábricas de pneus instaladas no país a utilização de todo o ativo/passivo de pneus usados, sem contaminar o meio ambiente

Ao desenvolver uma reciclagem com custos baixos este trabalho está contribuindo e-fetivamente em duas ações de benefício, uma pela possibilidade de aumentar a capacidade de retenção de água e solos agrícolas e com fins ambientais retira do meio urbano resíduos sóli-dos de grande combate sóli-dos órgãos de saúde, seja pela sua capacidade de alojar insetos como Aedes aegypt, transmissor da dengue e da febre amarela, seja pela forma de poluente quando incinerados. O BAPUCOSA não utiliza energia para beneficiamento e aproveitamento do pneu de maior porte, basta apenas passar pelo processo de triagem entre modelos diferentes para atender as necessidades dos barramentos

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho de pesquisa e de apoio a extensão rural à microbacia de Paus Brancos, zona rural do município de Campina Grande, a sua localização geográfica fica entre as coor-denadas: 07° 25’ 00’’ de Latitude Sul e 35° 30’ 00’’ de Longitude Oeste e 07° 20’ 00’’de

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La-titude Sul e 36° 07’ 00’’ de Longitude Oeste faz parte da necessidade de novas alternativas de captação de água no local, a qual gerou resultados aos diagnósticos auxiliares relatados na tese do curso de Doutorado em Recursos Naturais BARACUHY (2001), que cita uma deterio-ração de 68,19%, e portanto necessita construir continuamente estruturas de armazenamento e conservação da água na microbacia até que atinja uma deterioração mínima tolerável de 10%. O trabalho de barramento com pneus foi realizado no período de novembro de 2000 a janeiro de 2001 à jusante de uma barragem subterrânea construída em dezembro de 1999, para a construção da BAPUCOSA foram utilizados os seguintes materiais e procedimentos:

Materiais e mão de obra:

• Pneus usados de caminhão , sendo 90% modelo 275 - 80 x 22,5 e 10% modelo 10 x 22 de diversos fabricantes, totalizando 69 pneus, distribuídos conforme descrição abaixo:

• 1o camada – 03 pneus / 2o camada – 17 pneus / 3o camada – 16 pneus / 4o camada – 17 pneus / 5o camada – 16 pneus

• Varas de aço com bitola de φ ½”, totalizando 32 unidades com dois tamanhos diferentes, isto é, 08 varas com 3,0 m de comprimento e 24 varas com 2,4 m de comprimento, perfa-zendo um total de 7 vergalhões de ferro de φ ½” utilizados.

• Lona plástica de 200 micras, com 4 metros de largura e 10 metros de comprimento. • Como instrumento de trabalho foram usados: Trena, Corda com 1,25 x largura do

barra-mento (17,0 m), mangueira de nível com 20 metros, luvas de couro, marreta, pá, chibanca, máquina fotográfica, piquetes.

• Duas pessoas foram ocupadas para a realização de medidas e preparação do traçado da curva da barragem, além das medidas de nível. Se fez necessário realizar escavação da se-ção transversal para nivelamento do solo com relase-ção ao ponto mais baixo do riacho em estudo. Para colocação dos pneus e preenchimento poderá ser utilizado apenas uma única pessoa, sendo nesta fase de preenchimento de solo, colocação de varas e lona plástica a necessidade de 07 diárias para realização de todo o trabalho.

Procedimentos em campo:

• Reconhecimento da área, já devidamente construída a barragem subterrânea e seu poço coletor (poço amazonas com anel pré-moldado com 1,5 metros de diâmetro e 3,5 metros de profundidade).

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• Localização e medida transversal do melhor trecho para construção da barragem de pneus. Para a construção deste BAPUCOSA o mesmo ficou com uma distância de 6 me-tros entre o vértice da barragem de pneus e a barragem subterrânea.

• Limpeza do terreno para melhor processar a leitura de diferentes pontos de nível e traba-lho de localização da curvatura a ser traçada no terreno. A largura da seção a ser limpa deverá obedecer aproximadamente 20% da distância medida da seção transversal do bar-ramento.

• Leitura das cotas da seção a cada 2,0 m como forma de obter traçado natural do terreno a ser colocado os pneus e verificar a que nível máximo poderá ser realizado o barramento. • Leitura do desnível ao longo da barragem de pneus para verificar o limite de represamento

que poderá ser realizado através do BAPUCOSA projetado.

• Traçado do arco a ser colocado os pneus, fazendo uso de corda, trena, marreta e piquetes, sendo obedecido a projeção de 10% da distância da seção transversal medida, isto é, a dis-tância entre as linhas que passa pelo vértice e a que representa a base de ancoramento da barragem. Para obter tal resultado o raio que promove tal efeito e representado pela se-guinte fórmula r(raio) = 1,25 d. Utilizando de corda devidamente marcada com o raio cal-culado, tendo um piquete alinhado, fixa uma pessoa no centro da curvatura e outro desen-volve o trajeto de um extremo a outro produzindo o risco em forma de curva, posterior-mente é colocado os piquetes a cada 2 m para orientar a escavação necessária para o nive-lamento dos pneus (Figura 1).

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d

d x 1,25

Figura 1 - Esquema de distribuição de pneus e medidas utilizadas no campo para obtenção da curvatura do barramento.

10% d

Sentido do fluxo do riacho

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• Realização da escavação do terreno de forma que a parte mais baixa do riacho fique nive-lado com toda a linha de barramento, tendo a devida preocupação em rebaixamento do trecho, em caso de solo muito arenoso, como foi o caso deste BAPUCOSA que teve uma camada abaixo do nível do riacho com 03 pneus, para melhorar a resistência do barramen-to. O solo foi escavado em seu ponto mais alto com altura de 0,90 metros (aproximada-mente 04 camadas de pneus). A largura escavada foi de 1,2 m já que os pneus apresenta aproximadamente 1,0 m de diâmetro.

• Tirar o nível em toda a seção escavada e verificar se o trecho encontrse nivelado, a-companhado por trabalhador para retira excessos ou aterra de forma que apresente solo no mesmo nível para iniciar a colocação dos pneus..

• Colocação dos pneus se deu a partir da 03 pneus colocados na primeira camada abaixo do nível, a próxima camadas foi iniciada a partir do primeiro trecho numa forma seme-lhante a colocação de tijolos numa parede. Necessitando ao final da camada que se faça um acabamento junto ao solo ou pedras de forma que o ultimo pneus (extremos) fiquem firme e sirvam de ancoras para os esforços que serão atribuídos a eles.

• Retorno do solo ao local inserido nos pneus e vazios, de forma que seja preenchido cuida-dosamente a parte interna dos pneus, sendo calcado e compactado com botas e pás, sem-pre que realizado um sem-preenchimento, sendo colocado outro em seguida para prosseguir com toda a compactação. Terminando uma camada de pneus, volta a colocar pneus para a camada seguinte.

• Inserido as varas de ferro logo após a ultima camada de pneus planejada, é colocado entre os espaços dos pneus, sendo averiguado que passou os obstáculos dos mesmos é utilizado a marreta para permitir a colocação completa da vara, deixando apenas de 20 a 30 cm a-cima da última camada. Para um melhor desempenho da vara a ser inserida no solo, é feito uma ponteira através de golpes de marreta para que aqueça o ferro e achate a ponta que vai ao solo.

• A lona plástica com espessura de 200 micras, foi colocada em toda a extensão do barra-mento, repousando à montante dos pneus, sendo posteriormente protegida com solo natu-ral depositado sobre toda o BAPUCOSA, ficando os pontos extremos como saída das á-guas excedentes.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

A barragem com pneus concluída apresenta capacidade de retenção de água e solo numa largura de 15 metros com 04 (quatro) camadas completas de pneus gerando uma altura aproximadamente de 0,88 metros no ponto mais baixo do riacho, este barramento promoveu uma obstrução física de A = 7,22 m2 da seção do riacho distribuídas conforme a acomodação do solo apresentado em perfil da seção transversal apresentado na Figura 2.

O levantamento do perfil longitudinal (Figura 3) mostra uma diferença de desnível que permi-tirá um represamento máximo de 66,90 metros ao longo do riacho quando ocorrer todo o a-cumulo da bacia hidráulica do BAPUCOSA.

0 0,5 1 1,5 2 0 5 10 15 20 Distância (m) C o ta ( m )

Figura 2 - Seção Transversal do riacho

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Distância (m) C o ta ( m )

Figura 3 - Perfil longitudinal do riacho a partir do BAPUCOSA. A

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CONCLUSÃO

O resultado do barramento permitiu represar em duas oportunidades chuvas na loca-lidade de Paus Brancos, município de Campina Grande no ano de sua construção (2001), o que garantiu o ciclo completo do sorgo forrageiro (Sorghum vulgare ) em uma área de 0,50 ha e colhido para ensilagem em julho de 2001 a cultura rebrotou e encontra-se em fase de crescimento (setembro de 2001) com possibilidades para a segunda colheita.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARACUHY, J.G.V. Manejo integrado de microbacias hidrográficas no semi-árido nordesti-no: Estudo de um Caso. Campina Grande: UFPB, 2001, 220p. (Tese de Doutorado).

MELO, P. G; COSTA, Waldir D.; COSTA, Walter. D.; PESSOA, R.J.R. Barragem subterrâ-nea: Obtenção de água a baixo custo. Revista Agropecuária Tropical, n0. 25, Recife –PE, 1982.

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