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MURILO DE CAMARGO VERDINASSE A INSUFICIÊNCIA DO SALÁRIO MÍNIMO NO BRASIL

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Academic year: 2021

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MURILO DE CAMARGO VERDINASSE

A INSUFICIÊNCIA DO SALÁRIO MÍNIMO NO BRASIL

Centro Universitário Toledo Araçatuba

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MURILO DE CAMARGO VERDINASSE

A INSUFICIÊNCIA DO SALÁRIO MÍNIMO NO BRASIL

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário Toledo como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito, sob orientação da Professora Mestre Camila Paula de Barros Gomes

Centro Universitário Toledo Araçatuba

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Banca examinadora

_____________________________________ Profª. Ms. Camila Paula de Barros Gomes

_____________________________________ Profª. Ms. Leiliane Rodrigues da Silva Emoto

_____________________________________ Profº. Dr. Luiz Gustavo Boiam Pancotti

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.

Dedico esse trabalho aos meus pais pela importância que representam em minha vida, pois sem eles a oportunidade que tive até então em realizar o curso não seria possível. Acreditaram nos meus sonhos, confiaram na minha capacidade. Dedico também a minha namorada que acompanhou e apoiou meu desempenho, estando sempre ao meu lado.

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AGRADECIMENTO

Meus agradecimentos são à Deus, todos que estiveram comigo durante toda a trajetória do curso, em especial aos meus amigos de turma, aos amigos do estágio, a Dra. Marisa Serra e a Dra. Dieyne Rossi, que foram importantes durante o meu estágio.

Agradeço também a todos os professores do curso que contribuíram grandemente para a minha formação, bem como ao professor e coordenador Renato Freitas que esteve presente durante o curso sempre disposto a receber e orientar nos momentos em que precisei.

À minha orientadora professora Mestre Camila Paula de Barros Gomes, que se dispôs a me orientar, contribuindo muito com seus conhecimentos de maneira grandiosa para que esse trabalho pudesse ser concluído com êxito, ajudando no meu crescimento acadêmico.

Ao meu pai Celso, minha mãe Gisele, minha namorada Larissa e demais familiares que sempre me incentivaram, me apoiaram e nunca desistiram de mim.

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A vontade de retribuir vem naturalmente e um pequeno gesto acaba-se multiplicando. Quando se planta cuidado, colhe-se gratidão.

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RESUMO

O presente trabalho buscou abordar a questão do salário mínimo nacional, desde sua criação até os dias atuais. O objetivo é discorrer acerca da razão de ser da instituição dessa garantia, apresentando sua atual insuficiência e demonstrando o quanto que é prejudicial para o empregado ser remunerado aquém dos ditames da dignidade humana. Conseguir obter uma fonte de renda suficiente que proporcione tanto a ele como também a sua família, uma sobrevivência digna na sociedade é imperativo para fazer que os direitos sociais previstos na Constituição sejam atendidos.

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ABSTRACT

The present work tried to show the concern about the minimum wage, since its creation until nowadays. The point is to approach the purpose of this guarantee showing its insufficiency and how it is prejudicial to the employee to be paid lower than human dignity conditions. To have an enough source of income in society it’s essential to the social rights of the Constitution be preserved.

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LISTA DE ABREVIATURAS /SIGLAS

ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade

CF – Constituição Federal

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CPC – Código de Processo Civil

CRFB – Constituição da República Federativa do Brasil

DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

OIT – Organização Internacional do Trabalho ONU – Organização das Nações Unidas STF – Supremo Tribunal Federal

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 12

I DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ... 14

1.1 Distinção Entre Direitos e Garantias Fundamentais ... 15

1.2 Características dos Direitos Fundamentais ... 15

1.3 Eficácia dos Direitos Fundamentais ... 17

1.4 Diferença Entre Gerações e Dimensões dos Direitos Fundamentais ... 19

1.4.1 Direitos Fundamentais de Primeira Dimensão ... 20

1.4.2 Direitos Fundamentais de Segunda Dimensão ... 21

1.4.3 Direitos Fundamentais de Terceira Dimensão ... 22

1.4.4 Direitos Fundamentais de Quarta Dimensão ... 23

1.4.5 Direitos Fundamentais de Quinta Dimensão ... 23

1.5 Os direitos Sociais e o Salário Mínimo ... 23

II DO SALÁRIO MÍNIMO ... 26

2.1 Evolução do Salário Mínimo ... 26

2.2 Conceito do Salário Mínimo ... 30

2.3 Características do Salário ... 31

2.4 Diferença entre Salário e Remuneração ... 32

2.5 Da Fixação do Salário Mínimo ... 34

2.6 Princípios Relacionados ao Salário ... 34

III OS REFLEXOS DO SALÁRIO MÍNIMO ... 38

3.1 Ligação Entre o Salário Mínimo e a Reserva do Possível ... 38

3.2 O Salário Mínimo e o Mínimo Existencial ... 40

3.3 Comparação Entre o Salário Mínimo Nominal e o Necessário ... 41

3.4 Custo Social da Elevação do Salário Mínimo ... 43

3.5 A Valorização do Salário Mínimo ... 47

CONCLUSÃO ... 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 52

ANEXOS ... 55

ANEXO A – TABELA DO SALÁRIO MÍNIMO ... 55

ANEXO B – DISTRIBUIÇÃO DOS BENEFÍCIOS EMITIDOS, EM FAIXAS DE PISOS PREVIDENCIÁRIOS, SEGUNDO CLIENTELA E TOTAL (EM %) – BRASIL – OUTUBRO/2007 ... 56

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ANEXO C - DISTRIBUIÇÃO DOS BENEFÍCIOS EMITIDOS, EM FAIXA DE PISOS PREVIDENCIÁRIOS, SEGUNDO GRANDES GRUPOS E TOTAL (EM %) – BRASIL – OUTUBRO/2017 ... 57 ANEXO D - DISTRIBUIÇÃO DO CUSTO DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS, EM FAIXAS DE PISOS PREVIDENCIÁRIOS, POR BENEFÍCIOS (EM R$ E EM %) – BRASIL – OUTUBRO/2017 ... 58

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INTRODUÇÃO

O assunto do salário mínimo é uma questão um tanto quanto complexa, devido ao motivo de que ele não serve como uma renda justa de subsistência. Por causa disso, a referida pesquisa buscou apresentar um conteúdo a respeito do salário mínimo, mostrando o quanto ele é insuficiente para vida do brasileiro e de sua família.

Mas até chegar a esse ponto, foi necessário apresentar outros conteúdos para fundamentar a pesquisa.

No primeiro capítulo foi abordado a respeito dos direitos e garantias fundamentais, como também as características dos direitos fundamentais, sua eficácia, a diferença entre a dimensão e a geração dos direitos fundamentais. Outro assunto importante no primeiro capítulo compreende em abordar todas as dimensões dos direitos fundamentais, sendo compreendidas a primeira, segunda, terceira, quarta e quinta. O final do primeiro capítulo ilustrou a ligação entre o salário mínimo e os direitos sociais (direito em educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, transporte, entre outros) previstos no art. 6° da CRFB. Demonstrou também a importância do salário mínimo para o princípio da dignidade da pessoa humana.

Com o andamento da pesquisa, o que se buscou no segundo capítulo foi em um primeiro momento discorrer sobre a evolução histórica do salário mínimo. Logo após, foi apresentado o conceito do salário mínimo, salário esse pago como o mínimo que é aceitável para se viver com dignidade. As características do salário também foram explicadas, como o caráter alimentar, forfetário, indisponibilidade, periodicidade, irredutibilidade e impenhorabilidade.

Ademais, ao final do capítulo dois foi apresentado a diferença entre salário e remuneração, a fixação do salário mínimo, e os princípios relacionados ao salário.

O terceiro e último capítulo teve como objetivo apresentar primeiro a ligação entre o salário mínimo com a reserva do possível, depois em abordar a correlação do salário mínimo e o mínimo existencial. Após isso, houve uma demonstração de como é o atual valor nominal do salário mínimo e em qual valor o salário mínimo necessário deveria conter, e diante disso se observou uma grande diferença entre ambos. Do mesmo modo, foi necessário também apresentar o custo social da elevação do salário mínimo, e no final do capítulo, constatar a importância que se tem quando ele é valorizado.

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O final da pesquisa foi apresentar a real insuficiência do salário mínimo, verificando que ele não respeita as finalidades para qual foi criado, e consequentemente não respeitando o princípio da dignidade da pessoa humana pois ele não pode ser considerado fonte de subsistência digna para quem realiza atividade laboral.

O presente trabalho utilizou como metodologia de pesquisa, a pesquisa bibliográfica e documental.

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I DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

A Constituição Federal de 1988 traz em seu Título II uma classificação a respeito dos Direitos e Garantias Fundamentais, tema este que vai ser estudado e apresentado neste primeiro capítulo. Essa classificação observada na CF/88 possui os seguintes grupos: Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Direitos Sociais, Direitos de Nacionalidade, Direitos Políticos e os Partidos Políticos. (LENZA, 2014; MORAES, 2006)

É importante frisar que os direitos e deveres individuais e coletivos não estão somente presentes no artigo 5° da Constituição Federal de 1988, mas também em toda a Constituição. (LENZA, 2014)

Isso está de acordo com o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, e uma citação bastante interessante sobre o tema foi feita pelo grande autor Pedro Lenza, sendo a seguinte:

Iniciamos o estudo pelos direitos e deveres individuais e coletivos, lembrando, desde já, como se manifestou o STF, corroborando a doutrina mais atualizada, que os direitos e deveres individuais e coletivos não se restringem ao art 5.° da CF/88, podendo ser encontrados ao longo do texto constitucional, expressos ou decorrentes do regime e dos princípios adotados pela Constituição, ou, ainda, decorrentes dos tratados e convenções internacionais de que o Brasil seja parte. (LENZA. 2014, p.1055)

Não se confunde direitos humanos e direitos fundamentais, mas para se entender o que é necessariamente direito fundamental, é preciso que se entenda o que significa direitos humanos, que compreende os direitos positivados presentes em tratados internacionais dados aos seres humanos pela totalidade de povos e períodos temporais sem qualquer ligação constitucional, sendo assim universal. Já os direitos fundamentais são os direitos que o ser humano possui com reconhecimento e positivação previstos na Constituição vigente em cada Estado, possuindo forte relação com liberdade, dignidade e igualdade, observando um limite referente a atuação do Poder do Estado frente ao ser humano. (SARLET, 2007 apud MUNIZ, 2010, p. 133)

Para Dimoulis e Martins:

Direitos fundamentais são direitos público-subjetivos de pessoas (físicas ou jurídicas), contidos em dispositivos constitucionais e, portanto, que encerram caráter

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normativo supremo dentro do Estado, tendo como finalidade limitar o exercício do poder estatal em face da liberdade individual” (DIMOULIS; MARTINS, 2008, p.54)

1.1 Distinção Entre Direitos e Garantias Fundamentais

É interessante que se faça essa distinção, pois é um assunto que acarreta confusão quando se discute sobre ele. Os direitos são como Pedro Lenza cita, “bens e vantagens” (2014, p.1059) que estão previstos na Constituição e sua finalidade é para as pessoas em geral, podendo também ser para um determinado grupo de pessoas. Já as garantias são os mecanismos que servirão para assegurar o exercício desses direitos de maneira preventiva ou também se for o caso para repara-los quando eles forem violados. É mais ou menos o sentido de que os direitos são declaratórios, pois são expressos legalmente no texto da Constituição, ao passo que as garantias são assecuratórias, com o intuito de justamente fazer eles serem exercidos sem qualquer violação. (LENZA, 2014; MORAES, 2006)

Para seguir o raciocínio seguem alguns exemplos, indicados por José Afonso da Silva (2014, p. 188 e 189):

A Constituição, de fato, não consigna regra que aparte as duas categorias, nem sequer adota terminologia precisa a respeito das garantias. Assim é que a rubrica do Título II enuncia: “Dos direitos e garantias fundamentais”, mas deixa à doutrina pesquisar onde estão os direitos e onde se acham as garantias. O Capítulo I desse Título traz a rubrica: “Dos direitos e deveres individuais e coletivos”, não menciona as garantias, mas boa parte dele constitui-se de garantias. Ela se vale de verbos para declarar direitos que são mais apropriados para enunciar garantias. Ou talvez melhor diríamos, ela reconhece alguns direitos garantindo-os. Por exemplo: “é assegurado o direito de resposta[...]” (art. 5°, V), “é assegurada [...] a prestação de assistência religiosa[...]” (art. 5°, VII), “é garantido o direito de propriedade” (art. 5°, XXII), “é garantido o direito de herança” (art. 5°, XXX). Outras vezes, garantias são enunciados pela inviolabilidade do elemento assecuratório. Assim “a casa é o asilo inviolável do indivíduo” (art. 5°, XI), “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas[...]” (art. 5°, XII); ora, nesses casos, a inviolabilidade do lar e do sigilo constitui garantia do direito à intimidade pessoal e familiar e da liberdade de transmissão pessoal do pensamento, mas a Constituição mesma fala em direitos de sigilo de correspondência e de sigilo de comunicação (art. 136, § 1°, I, b e c). Já noutro dispositivo está que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas[...]” (art. 5°, X); aqui o direito e a garantia se integram: inviolabilidade = garantia; intimidade, vida privada, honra, imagem pessoal = direito de privacidade. Temos ainda garantias expressas neste artigo (art. 5°, §2°), garantias da magistratura (art. 95) (...). (SILVA, 2014, p.188 e 189).

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Os direitos fundamentais também possuem características que identificam eles, fazendo com que sejam corretamente utilizados, e essas características são as seguintes: historicidade, universalidade, relatividade ou limitabilidade, irrenunciabilidade, inalienabilidade, imprescritibilidade, concorrência, vedação ao retrocesso e indivisibilidade. (DIÓGENES JÚNIOR, 2012; LENZA, 2014; SILVA, 2014)

A historicidade é a característica que deriva do fato dos direitos fundamentais serem histórico e, portanto, mutáveis. Nasceram com o Cristianismo e desde que surgiram, foram também alterados. Estiveram presentes nas demais revoluções, bem como permanecem ativos até hoje. (LENZA, 2014)

Já a universalidade reconhece que todos os seres humanos são titulares dos direitos fundamentais, portanto há uma grande extensão deles, não existindo com isso então qualquer preconceito. (LENZA, 2014)

Manuel Gonçalves Ferreira Filho se posiciona da seguinte forma:

A ideia de se estabelecer por escrito um rol de direitos em favor de indivíduos, de direitos que seriam superiores ao próprio poder que os concedeu ou reconheceu, não é nova. Os forais, as cartas de franquia continham enumeração de direitos com esse caráter já na Idade Média. (FERREIRA FILHO, 1999 apud LENZA, 2014, p.1060)

Por sua vez, a Relatividade ou Limitabilidade estabelece que osdireitos fundamentais não são absolutos, mas sim relativos e limitados. Então um direito fundamental pode ao mesmo tempo que é exercido pelo seu titular restringir um outro direito de uma outra pessoa, podendo haver então conflitos entre eles. (LENZA, 2014)

Pedro Lenza disserta de maneira interessante a respeito dessa característica, em que: Os direitos fundamentais não são absolutos (relatividade), havendo, muitas vezes, no caso concreto, confronto, conflito de interesses. A solução ou vem discriminada na própria Constituição (ex.: direito de propriedade versus desapropriação), ou caberá ao intérprete, ou magistrado, no caso concreto, decidir qual direito deverá prevalecer, levando em consideração a regra da máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos, conjugando-a com a sua mínima restrição. (LENZA, 2014, p.1060)

Outra característica importante é a Irrenunciabilidade. O seu titular não pode renunciar o seu direito fundamental, pois ele é indisponível, entretanto se admite a sua não utilização, mas isso não significa que o sujeito titular desse direito renunciou o uso dele. O seu titular também não tem permissão para fazer o que quiser com os direitos fundamentais, pois o

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objetivo de sua eficácia não é somente relacionado ao respectivo titular, e sim a uma coletividade. (DIÓGENES JÚNIOR, 2012)

No que diz respeito à Inalienabilidade, o titular do direito fundamental não pode transportar a sua titularidade para outro sujeito, não pode haver uma negociação sobre isso, deve sempre respeitar o princípio da dignidade da pessoa humana, sendo vedado um mercado de compra e venda desses direitos.(SILVA, 2014)

A Imprescritibilidade assegura que os direitos fundamentais não se extinguem ao passar do tempo, eles não desaparecem se não forem exercidos, não prescrevem, entretanto isso não é absoluto. (SILVA, 2014)

José Afonso da Silva comenta sobre essa característica:

(...) Pois prescrição é um instituto jurídico que somente atinge, coarctando, a exigibilidade dos direitos de caráter patrimonial, não a exigibilidade de direitos personalíssimos, ainda que não individualistas, como é o caso. Se são sempre exercíveis e exercidos, não há intercorrência temporal de não exercício que fundamente a perda da exigibilidade pela prescrição. (SILVA, 2014. p.183).

O reconhecimento da característica da Concorrência, por sua vez, assegura que os direitos fundamentais são cumulativos e sendo assim podem ser exercidos ao mesmo tempo pelo seu sujeito ativo, pois ele possui mais de um direito fundamental para utilizar. (DIÓGENES JÚNIOR, 2012)

Outro aspecto de extrema relevância relacionado aos direitos fundamentais diz respeito à Vedação ao Retrocesso. Uma vez estabelecidos os direitos fundamentais não se podem mais impor que sejam diminuídos. É vedado ao Estado isso em razão da proteção ao homem, pois esses direitos existindo legalmente são então garantidos constitucionalmente para o seu efetivo exercício. (DIÓGENES JÚNIOR, 2012)

Por fim, a última das características é a Indivisibilidade. Os direitos fundamentais se completam, sendo considerados um conjunto de direitos e não direitos separados, razão pela qual a violação a qualquer um deles consequentemente acarreta também na violação dos demais, por isso são indivisíveis. (DIÓGENES JÚNIOR, 2012)

1.3 Eficácia dos Direitos Fundamentais

As normas que regem os direitos fundamentais possuem eficácia e aplicação imediata, e isso é nítido a partir do momento que se faz a leitura do artigo 5º, §1° da CF: “As normas

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definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”. (LENZA, 2014; MORAES, 2006; SILVA, 2014)

Como esses direitos constam na Constituição eles são considerados direitos constitucionais e seu enunciado é muito importante para que ocorra sua aplicabilidade e eficácia, visto que algumas normas que definem os direitos sociais que se enquadram dentro dos direitos fundamentais dependem de acordo com a Constituição de legislação que seja ulterior para a sua aplicabilidade. (MORAES, 2006; SILVA, 2014)

Diante disso se entende que:

(...) Por regra, as normas que consubstanciam os direitos fundamentais democráticos e individuais são de eficácia contida e aplicabilidade imediata, enquanto as que definem os direitos econômicos e sociais tendem a sê-lo também na Constituição vigente, mas algumas, especialmente as que mencionam uma lei integradora, são de eficácia limitada, de princípios programáticos e de aplicabilidade indireta (...). (SILVA, 2014, p.182).

Para deixar uma breve consideração sobre essas normas e sua eficácia, se entende que as normas de eficácia plena (aplicação imediata) não dependem das normas complementares, de modo que o legislador, ao deparar com um caso concreto, pode aplicá-las de maneira imediata pois estão presentes na Constituição.(LENZA, 2014)

As normas de eficácia contida são normas constitucionais e uma norma infraconstitucional posterior pode fazer com que essas normas sofram uma diminuição dos seus efeitos. É interessante lembrar que essas normas de eficácia contida possuem uma aplicação imediata desde que surge uma norma que irá limitar posteriormente. (LENZA, 2014)

Já as normas de eficácia limitada são aquelas que dependem de regulamentação. Entende-se que em uma situação concreta a norma constitucional que será aplicada precisa indispensavelmente de uma norma complementar. É muito importante que exista essa norma complementar para que ocorra então a aplicabilidade. Nessa última hipótese, não será possível atribuir eficácia imediata à norma, nos termos do artigo 5º, §1º da Constituição, se não houver a regulamentação por lei, pois se tratando de direitos fundamentais, como observa Muniz (2010, p.189) só terão eficácia imediata se suas normas que os constituem sejam completas em sua hipótese e dispositivo, ao passo que se for o inverso disso, estariam sendo normas sem conteúdo e com isso não poderia existir a possibilidade de transferência do efeito para normas que precisam ser concretizadas para que ocorra a aplicação imediata. (LENZA, 2014)

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“ (...) a norma do art. 5°, §1º, não possui a força de transformar uma norma incompleta e carente de concretização em direito imediatamente aplicável e plenamente eficaz, já que não há como contrariar a natureza das coisas. ” (SARLET, 2007 apud MUNIZ, 2010, p.189)

Para combater essa “inefetividade” a própria Constituição trouxe dois remédios constitucionais, que é a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (previsto na Lei n° 12.063, de 27.10.2009) e o mandado de injunção (previsto no artigo 5°, LXXI, da Constituição Federal). (LENZA, 2014)

Em relação a esses dois remédios para combater a “síndrome de inefetividade” das normas constitucionais de eficácia limitada, o STF tende a consolidar o entendimento de que, em se tratando de “Poder”, a ADO seria o instrumento para fazer um apelo ao legislador, constituindo-o em mora, enquanto o MI, por seu turno, seria o importante instrumento de concretização dos direitos fundamentais, como vem sendo percebido na jurisprudência do STF (...) e, assim, dando exato sentido ao art. 5.°, §1.°, que fala em aplicação imediata. (LENZA, 2014. p.1062).

1.4 Diferença Entre Gerações e Dimensões dos Direitos Fundamentais

Como se viu que uma das características dos direitos fundamentais é a historicidade, tem como entendimento então que eles surgiram ao longo do tempo e não ao mesmo tempo em uma única vez. Além do mais, como foi mencionado acima, a CF/88 em seu capítulo II dividiu os direitos e garantias fundamentais em cinco capítulos, que são: direitos individuais e coletivos, direitos sociais, direito a nacionalidade, direitos políticos e partidos políticos. Por isso que diante da característica da historicidade houve uma divisão em relação aos direitos fundamentais, classificando-os em gerações ou dimensões. (DIÓGENES JÚNIOR, 2012)

O termo “geração” não é muito utilizado por parte da doutrina pelo motivo de que se entende que os direitos fundamentais ao longo do tempo vão sendo substituídos por outros de acordo com o seu momento histórico, respeitando suas respectivas necessidades, só que os direitos fundamentais não podem ser ofuscados pelos outros, eles são indivisíveis, e a ideia de geração desses direitos são que eles vão sendo substituídos ao longo do tempo. É com isso que a doutrina atual os classifica por “dimensões”, sendo assim que uma nova dimensão não supre o que a anterior obteve. (DIÓGENES JÚNIOR, 2012)

Paulo Bonavides também não é de acordo com a utilização da expressão “geração”: Força é dirimir, a esta altura, um eventual equívoco de linguagem: o vocábulo “dimensão” substitui, com vantagem lógica e qualitativa, o termo “geração”, caso este último venha a induzir apenas sucessão cronológica e, portanto, suposta caducidade dos direitos das gerações antecedentes, o que não é verdade. Ao

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contrário, os direitos da primeira geração, direitos individuais, os de segunda, direitos sociais, e os da terceira, direitos ao desenvolvimento, ao meio ambiente, à paz e à fraternidade, permanecem eficazes, são infraestruturais, formam a pirâmide cujo ápice é o direito à democracia; coroamento daquela globalização política para a qual, como no provérbio chinês da grande muralha, a Humanidade parece caminhar a todo vapor, depois de haver dado o seu primeiro e largo passo. (BONAVIDES, 2008 apud MUNIZ, 2010, p.145)

Portanto pode-se falar de até cinco dimensões dos direitos fundamentais que serão analisadas a seguir.

1.4.1 Direitos Fundamentais de Primeira Dimensão

Os Direitos Fundamentais em sua primeira dimensão são marcados pela transferência de um Estado que era autoritário para um Estado que se torna democrático e de direito. Nesses direitos, o Estado não pode intervir, visto que nesta dimensão os direitos fundamentais visam dar respaldo ao homem em sua singularidade em face de interposições do próprio Estado, tendo em vista então os direitos de liberdade onde o indivíduo carrega consigo observando a subjetividade como característica mais forte, podendo ser exercidos, como visto, em oposição ao Estado. (LENZA, 2014; MUNIZ, 2010)

Os documentos que são clássicos dessa primeira dimensão (LENZA, 2014): Magna Carta de 1215; Paz de Westfália, de 1648; Habeas Corpus Act, de 1679; Bill of Rights, de 1688; Declarações, que são a americana de 1776, e a francesa de 1789.

Aqui nessa primeira dimensão, os direitos que estão presentes são o direito à vida, o direito a igualdade (igualdade essa sendo formal), o direito à liberdade e por último, o direito à propriedade, assim sendo direitos civis e políticos. Se tratando da primeira geração, se fala também que são considerados direitos negativos ou direitos fundamentais de defesa, onde o Estado deve entender os interesses de cada indivíduo não havendo interferência contra esses interesses, entretanto o Estado não vai se abster totalmente em sua interposição, só que haverá limite quanto o seu intrometimento, e como Muniz entende, esse limite é em relação a “condições de natureza material e procedimental, e em conformidade com a Constituição” (2010, p.147). Portanto esses direitos presentes na primeira dimensão existem atualmente em países onde a democracia é respeitada, com isso não houve então a exclusão desses direitos de primeira dimensão em razão da existência dos direitos das demais dimensões, lembrando sempre da característica da indivisibilidade dos direitos fundamentais. (MUNIZ, 2010)

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Um exemplo interessante a respeito de um desses direitos da primeira dimensão é em relação ao direito à propriedade:

Sem dúvida, uma das grandes garantias decorrentes do direito de propriedade compreende a proibição de violação da propriedade pelo Estado, salvo mediante regular processo expropriatório, com prévia e justa indenização, o que denota uma característica negativa desse direito (o Estado não pode confiscar a propriedade particular) (...). (LIMA, 2003 apud MUNIZ, 2010, p.148)

1.4.2 Direitos Fundamentais de Segunda Dimensão

Os direitos nessa segunda dimensão, apresentados como direitos sociais (liberdades positivas ou direitos prestacionais) se diferemda primeira dimensão, ao passo que na segunda dimensão se observa uma atuação positiva do Estado e não negativa, ou seja, o Estado aqui precisa agir buscando satisfazer as necessidades básicas do indivíduo, melhorando a sua qualidade de vida. O indivíduo aqui deve receber do Estado uma atuação de qualidade voltada a saúde, educação, trabalho, entre outros, para que seja resguardado os direitos sociais por meio de uma atuação prestacional positiva. (SILVA JÚNIOR, 2010)

[...] estes (direitos fundamentais de segunda geração) não englobam apenas direitos de cunho positivo, mas também as assim denominadas “liberdades sociais”, do que dão conta os exemplos de liberdade de sindicalização, do direito de greve, bem como do reconhecimento de direitos fundamentais dos trabalhadores, tais como o direito a férias e ao repouso semanal remunerado, a garantia de um salário mínimo, a limitação da jornada de trabalho, apenas para citar alguns dos mais representativos. [...] Saliente-se, contudo, que, a exemplo dos direitos da primeira dimensão, também os direitos sociais se reportam à pessoa individual, não podendo ser confundidos com os direitos coletivos e/ou difusos da terceira dimensão. (SARLET, 2007 apud MUNIZ, 2010, p.151)

Essa segunda dimensão dos direitos fundamentais visto como direitos sociais, econômicos e culturais possui previsão na CF/88 em seu artigo 6°, e observando esse artigo se tem vários direitos que o Estado precisa prestar ao indivíduo como a educação, lazer, moradia, transporte, trabalho, etc. São portanto direitos essenciais previsto no referido artigo em face do Estado, e é claro que tais direitos sociais são indispensáveis para atingir a finalidade de se ter uma vida respeitada em sociedade, ao ponto que a falta desses direitos resultaria a vida em situações precárias, surgindo efeitos negativos para se conviver em sociedade, a exemplo de violências em geral. (MUNIZ, 2010)

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Mesmo que previstos e garantidos pela CF/88, a atual situação não é condizente, há sim uma prestação pelo Estado desses direitos sociais, mas essa atuação não é concreta, se entende mais ou menos em uma situação em que se busca a efetiva concretização, pois não há qualquer efetividade alcançada pelo Estado nessas prestações como foi previsto na CF/88, seja por problemas econômicos, políticos e culturais. Cabe observar que mesmo que por exemplo o transporte, educação, saúde, e outros direitos sociais, não sejam prestados de maneira digna em razão de mecanismos ineficazes, não deixam de serem considerados direitos fundamentais, cabendo ao Poder Público buscar meios e condições necessárias para sua realização. (MUNIZ, 2010)

1.4.3 Direitos Fundamentais de Terceira Dimensão

Nessa terceira dimensão, os direitos fundamentais são marcados por estarem concentrados em grupos, como no caso o povo, uma nação, um Estado, isso que difere das outras dimensões já comentadas anteriormente, pois aqui ele não é direcionado somente ao indivíduo em sua singularidade, com isso se observa então os direitos difusos e coletivos. Dois exemplos interessantes no Brasil são a Lei da Ação Civil Pública (Lei n°7.347, de 24 de julho de 1985) e o Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990). (MUNIZ, 2010)

Aqui se observa uma grande mudança em aspecto internacional, onde as relações econômico-sociais sofrem largas mudanças, com isso acaba existindo situações problemáticas que precisam ser solucionadas, a exemplo de preservar o meio ambiente. É daí que a população começa a exigir ações do Estado, tais como o direito ambiental, direito sustentável, direito à autodeterminação dos povos, que acaba levando a existirem os direitos de fraternidade e de solidariedade. (LENZA, 2014; MUNIZ, 2010)

Portanto esses direitos de terceira dimensão são entendidos como direitos transindividuais, que nada mais são do que direitos para defender o ser humano como um todo e não respectivos indivíduos, havendo uma grande quantidade de universalidade e de humanidade. (LENZA, 2014)

Dotados de altíssimo teor de humanismo e universalidade, os direitos da terceira dimensão tendem a cristalizar-se no fim do século XX, enquanto direitos que não se destinam especificamente à proteção dos interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um determinado Estado. (BONAVIDES, 2008 apud MUNIZ, 2010, p.152)

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1.4.4 Direitos Fundamentais de Quarta Dimensão

Há que se falar em uma quarta dimensão dos direitos fundamentais, Pedro Lenza demonstrou a orientação de Noberto Bobbio (2014, p.1.058), onde são direitos que irão ainda surgir como o direito da biogenética, em que a existência do homem estaria condicionada a alterações genéticas. (LENZA, 2014)

Além de Bobbio, Lenza também menciona o entendimento de Bonavides (2014, p. 1.058), onde o mesmo entende que nessa quarta dimensão os direitos são consequências de “globalização dos direitos fundamentais”, apontando os direitos a democracia (direita), pluralismo e informação. (LENZA, 2014)

1.4.5 Direitos Fundamentais de Quinta Dimensão

Por fim, pode-se falar em direitos fundamentais de quinta dimensão, mesmo havendo uma discussão doutrinária a respeito do tema. O entendimento interessante a respeito dessa quinta dimensão dos direitos fundamentais está de acordo com o entendimento de Paulo Bonavides, em que classifica o direito à paz como um direito fundamental de quinta dimensão. (DIÓGENES JÚNIOR, 2012)

1.5 Os direitos Sociais e o Salário Mínimo

A origem dos direitos sociais serviu para que as pessoas tivessem asseguradas para si uma defesa em face do Estado, atingindo também uma igualdade entre os indivíduos com a lei, em que o Estado deveria atuar prestativamente em área econômica, social e cultural. Se observa que apenas no século XX é que os direitos sociais estiveram mais presentes nas demais Constituições mundo afora, dois exemplos clássicos são a Constituição do México, onde é o termo inicial de um Estado Social, e o segundo exemplo é a Constituição de Weimar de 1919. (MUNIZ, 2010)

Com isso direitos sociais, como visto na segunda dimensão dos direitos fundamentais, são os direitos garantidos pelo Estado para todas as pessoas com o intuito de não acarretar situações desproporcionais entre os indivíduos, tendo portando objetivo de equalizar todos em uma situação, vetando qualquer desigualdade na sociedade. Possui previsão no artigo 6° da

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CF/88. É interessante notar também que de acordo com o artigo 1°, IV, da CF/88, são considerados também fundamentos da República Federativa do Brasil. (MORAES, 2006; SILVA, 2014)

Artigo 6° da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Prevê o art. 1°, IV, da CRFB (Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988): “Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”.

Segundo Silva:

Assim, podemos dizer que os direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais do homem, são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. (...). (SILVA, 2014, p. 288 e 289)

Como visto que são exemplos de direitos sociais o direito à saúde, ao trabalho, à educação, assistência social e vários direitos trabalhistas, se entende que eles servem para o benefício das pessoas como também para sua coletividade, em que o Estado deve assegurar o bem-estar social, seja por medidas prestacionais, ou também sem qualquer intervenção, servindo como direitos de defesa. Por isso que eles são intimamente ligados para suprir necessidades dos indivíduos para que a vida, a dignidade do homem, como também a saúde, trabalho, entre outros direitos sociais estejam de acordo com a sua essência no cotidiano do ser humano. (MUNIZ, 2010)

O salário mínimo é importante para garantir a dignidade da pessoa humana, pois é por meio dele que se vai estabelecer a possibilidade de definir as condições necessárias básicas para que o indivíduo consiga viver em sociedade de maneira digna, fazendo-o com que consiga ter tanto para si e sua família uma moradia, saúde, higiene, vestuário, entre outros como se observa no art. 7°, IV da CF/88, isso é, aquilo que é indispensável para que se tenha uma vida saudável. Tal dispositivo visa de maneira econômica proteger o trabalhador, pois cabe ao Estado determinar e reajustar em períodos o salário mínimo. (MUNIZ, 2010)

Artigo 7°, IV, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas

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necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.

É daí que se observa o tema dessa monografia, pois o salário mínimo é insuficiente para arcar com as obrigações e despesas do indivíduo na sociedade, fica claro que o salário mínimo não consegue ser uma base para aquele que o recebe como contraprestação pela atividade laboral prestada, é notório que muitas pessoas em razão do baixo valor que recebem pelo salário não conseguem garantir uma boa moradia, higiene, transporte, alimentação, seja tanto para si ou também para sua família, mostrando portanto o motivo pelo o qual o salário não pode ser considerado como “mínimo”.

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II DO SALÁRIO MÍNIMO

2.1 Evolução do Salário Mínimo

O salário mínimo no país possui sua evolução histórica, desde as raízes de seu nascimento até o que se tem hoje sobre ele. Foi pela Lei n° 185, de 14 de janeiro de 1936 que se instituiu o salário mínimo nacional no Brasil. Nela se instituía que qualquer trabalhador adulto tem o direito de receber em troca do serviço prestado um salário que deveria ser suficiente para, no mínimo, suprir as suas condições normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte. (FELTEN, 2018)

Além disso, com a intenção de indicar qual seria o menor ganho monetário legal em remuneração, houve previsão também nessa lei para a criação das comissões de salário-mínimo, em que objetivo dessas comissões era analisar a situação de como se vivia normalmente nas diversas regiões do Brasil, observando com isso critérios econômicos das localidades e os pisos salarias. (FELTEN, 2018; MARTINS, 2015)

As diversas Comissões determinariam as cestas regionais de bens e serviços que corresponderiam a um padrão minimamente aceitável para o trabalhador adulto, em cada um dos cinco grupos de despesas (alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte) (...). (FELTEN, 2018, p.1)

Contudo, foi com o Decreto-lei n°399, de 30 de abril de 1938 que regulamentou a Lei n° 185/36, e por meio desse decreto entendia-se que para consolidar os valores regionais do salário mínimo, deveria ser compreendida uma fórmula que era relacionada ao custeio daquilo considerado fundamental para compor no mês as exigências alimentícias do indivíduo que trabalhava, isso é, a “ração essencial”, com os outros dispêndios associados, como a higiene, alimentação, vestuário e o transporte. (FELTEN, 2018)

Por exemplo, o Decreto estabelecia que a ração essencial diária de um trabalhador do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, consistia em 200g de carne, 1 copo de Leite, 150g de feijão, 100g de arroz, 50g de farináceos, 200g de batata, 300g de legumes, 4 pães, 20g de café, 3 frutas, 100g de açúcar, 25g de banha de porco e 25g de manteiga, capazes de fornecer-lhe 3.457 calorias diárias. (FELTEN, 2018, p. 2)

Logo, se a Lei n°185/36 institui o salário mínimo nacional, sem, contudo, ter um valor definido, bem como também previu a busca para ter um valor mínimo legal por meio da

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criação das comissões de salário-mínimo, com o objetivo mencionado acima, tendo o Decreto-lei n° 399/38 regulamentando a referida lei, foi só com o Decreto-lei n° 2.162, de 1° de maio de 1940 é que se passou a ter a primeira fixação do valor do salário mínimo no Brasil, sendo que essa fixação foi por regiões. Na época, houve uma divisão no sentido regional, pois o país foi dividido em 22 regiões que correspondiam em 20 estados naquele tempo mais os territórios do Acre e do Distrito Federal como previsto pelo art. 7° da Lei n° 185/36, além do mais, o referido dispositivo também previa que cada uma dessas regiões iria ter funcionando uma Comissão de Salário. As regiões que equivaliam aos estados do país foram divididas em 50 sub-regiões, ao passo que cada uma tinha um respectivo valor para o salário mínimo, com isso haviam 14 diferentes valores. Já no dia 15 de julho de 1943, era promulgado o Decreto-lei n° 5.670, e por meio desse decreto houve a dilatação do período de mais de um ano das tabelas previstas pelo Decreto-lei n° 2.162 de 1940. (ADVFN, 2018; FELTEN, 2018)

De acordo com Martins:

O salário-mínimo era fixado por região, pois entendia-se que os valores das utilidades que o integravam variavam de forma diversa em cada região do país, abrangendo diversos aspectos de custo de vida, que não eram uniformes. Não era, portanto, estabelecido de forma nacional. (MARTINS, 2015, p. 357)

O salário mínimo é previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) com promulgação do Decreto-lei n° 5.452, de 1° de maio de 1943, tendo naquela época a previsão nos arts. 78 a 128. Essa previsão aqui na CLT/43 somente regulava aquilo que já era previsto, ao passo que não houve sinais de modificações quanto ao conteúdo do salário mínimo. (FELTEN, 2018)

Foi em 1964 que ocorreu a extinção das comissões de salário mínimo por meio da Lei n°4.589. E com essa mesma lei houve a criação do Departamento Nacional de Emprego e Salário, com objetivo de fazer estudos, administrar e executar a política de salários e empregos no Brasil, cabendo a ela também estudar tecnicamente a fim de fixar e rever os salários mínimos nas regiões do país. Já a descaracterização do salário mínimo como causa de correção monetária foi com a Lei n° 6.205, de 29 de abril de 1975. (FELTEN, 2018; MARTINS, 2015)

Com a Lei n° 6.708, de 30 de outubro de 1979, determinou-se que ocorresse a redução gradativa das regiões do país as quais eram subdivididas, para que se obtivesse somente um

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salário mínimo no Brasil. Medida essa firmada pelo Decreto n° 89.589, de 26 de abril de 1984. (MARTINS, 2015)

As Constituições anteriores trataram o salário mínimo de maneira “genérica”, o que não foi feito pelo constituinte de 1988, que modificou o que era determinado anteriormente, pois como antes em que a lei ordinária seria a responsável pela previsão a respeito dos detalhes do salário mínimo ao trabalhador, a própria CF/88 já regulamenta o salário mínimo em todas suas vertentes e conteúdo aos trabalhadores, a exemplo que se tem o alcance do salário mínimo e quais são suas necessidades. Além do mais, a atual Constituição determina a fixação do salário mínimo por lei. Tal previsão se encontra no art. 7°, IV. (CHIARELLI, 1989; MARTINS, 2015; MUNIZ, 2010)

O constituinte de 1988 teve como primeira preocupação fixar um patamar hierárquico maior para a estipulação do salário mínimo. Enquanto na Carta anterior, restringiu-se o texto a dizer o que devia entender por salário mínimo, sem especificar a forma e a moda de fixá-lo, nem o instrumento habilitado para tanto, na Lei Maior, ora em vigor, está explicitado que tal deverá ocorrer por meio da lei. Consequentemente, transfere-se a competência de fixação, em termos de origem política, de Poder. Enquanto o decreto, anteriormente utilizado, face a franquia constitucional e o espaço legalmente aberto, ficava na competência do Executivo que fez sempre do padrão mínimo remuneratório uma ferramenta de política econômica oficial, a nova Constituição, outorgando a atribuição ao Congresso, diminui os poderes da Administração Central, e garante o debate prévio, a discussão aberta e a participação das diferentes forças políticas, ideológicas, sociais e econômicas (...). (CHIARELLI, 1989, p.68)

No que tange também, a previsão do referido dispositivo da atual Constituição prevê que o salário mínimo é “nacionalmente unificado” a fim de que seja o mesmo para todo o território nacional e que por consequência ocorresse a extinção do salário mínimo para as regiões, como já foi previsto no passado. Isso é interessante pelo motivo de que anteriormente como o salário mínimo tinha seu valor fixado de acordo com cada região, havia deslocamento da mão de obra para regiões das quais tinham o salário mínimo um valor maior. (MARTINS, 2015)

(...) A existência de salário-mínimo por região proporcionava a migração de trabalhadores para áreas onde o salário-mínimo era maior. O objetivo do constituinte foi evitar esse fato, determinando, assim, que o salário-mínimo passasse a ser nacional e que todos os trabalhadores tivessem um mesmo salário-mínimo, fossem eles do norte ou do sul do país. (MARTINS, 2015, p.357)

A inflação é algo natural no território nacional, e o constituinte com ciência sobre esse assunto não deixou ausente previsão a respeito disso com relação ao salário mínimo no texto

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legal, portanto os “reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo” servem para tal medida, a fim de que com as inflações ocorrendo em solo nacional, o empregado que ganha como contraprestação o salário mínimo não o veria ser atingido como consequências da inflação. (CHIARELLI, 1989)

Verifica-se, pelo mandamento constitucional, que a lei deve ficar atenta ao processo inflacionário. Tal não se diz expressamente, mas se intui facilmente. Quando se estabelece que haverá “reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo”, não se está preconizando fórmula de aumento real, de ganho efetivo do trabalhador. Simplesmente, convivendo com a inflação como partícipe permanente da vida brasileira, o constituinte foi suficientemente realista ao determinar que o assalariado terá a garantia inicial de que seu salário mínimo não minguaria com as corrosões inflacionárias. Aliás, vê-se que o constituinte praticamente se deu por vencido e chegou à conclusão de que a inflação é parte da vida brasileira e que provavelmente nela continuará instalada. (CHIARELLI, 1989, p.70)

O texto constitucional prevê que seja “vedada sua vinculação para qualquer fim”, ou seja, que o salário mínimo não seja usado como base para que se atualize valores, a exemplo de honorários profissionais e prestações. (MUNIZ, 2010)

Vale acrescentar, ainda, o papel de algumas convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Entre elas se destaca a convenção n°26, de 1929, que trata sobre meios de fixar o salário mínimo respeitando as necessidades que cada país possui. Tal convenção foi ratificada pelo Brasil em 25 de abril de 1957, aprovada pelo Decreto Legislativo n°24, de 29 de maio de 1965, e teve sua promulgação pelo Decreto n°41.721, de 25 de junho de 1957. (MARTINS, 2015)

Já a convenção n°99, de 1951, diz respeito sobre os modos de estabelecer o salário mínimo na agricultura. Teve sua ratificação no Brasil no dia 25 de abril de 1957. Foi aprovada pelo Decreto Legislativo n°24, de 29 de maio de 1956, e sua promulgação ocorreu com o Decreto n°41.721, no dia 25 de junho de 1957. Sérgio Pinto Martins (2015, p.356) lembra também que “a recomendação n°89 complementa a referida norma, permitindo o pagamento de parte do salário em utilidades”. (MARTINS, 2015)

Por fim, o objetivo da próxima convenção é de estipular as regras para a concretização do salário mínimo, entretanto essa convenção tem uma direção mais profunda para os países que estão se desenvolvendo, isso é, aquele país que está em progresso, em expansão, e com essa convenção adotada, tem por meio dela meios que irão consolidar e reequilibrar o salário mínimo devido ao assalariado. Além do mais, para a consolidação do salário mínimo aqui tem que se atentar para as carências daquele que o recebe pelo serviço prestado, bem como o de sua família, analisando os demais salários em território nacional e o quanto que se gasta para

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garantir sua vida e, se for o caso, de seus dependentes. Portanto trata-se da convenção n°131, de 1970, com aprovação do Decreto Legislativo n°110, do dia 30 de novembro de 1982. Sua promulgação foi realizada por meio do Decreto n°89.686, de 22 de maio de 1984. (MARTINS, 2015)

2.2 Conceito do Salário Mínimo

A partir do momento que o trabalhador exerce sua atividade laboral, ele deve receber em troca um salário como contraprestação. Assim, o salário mínimo deve ser compreendido como a mínima contraprestação no território nacional do qual o empregado deva receber para que seja possível sustentar a si mesmo e sua família, com a finalidade de satisfazer o básico para a sobrevivência. (DELGADO, 2014; MUNIZ, 2010)

- A cláusula constitucional inscrita no art. 7°, IV, da Carta Política – para além da proclamação da garantia social do salário mínimo – consubstancia verdadeira

imposição legiferante, que, dirigida ao Poder Público, tem por finalidade vinculá-lo à efetivação de uma prestação positiva destinada (a) a satisfazer as necessidades

essências do trabalhador e de sua família e (b) a preservar, mediante reajustes periódicos, o valor intrínseco dessa remuneração básica, conservando-lhe o poder aquisitivo. (AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO n. 1.458-7 – DF, p.128 e 129)

Nascimento conclui que:

O salário mínimo representa, para o Direito do Trabalho, uma ideia básica de intervenção jurídica, na defesa de um nível de vida abaixo do qual será impossível ao homem que trabalha uma existência digna e compatível com as necessidades elementares de sobrevivência humana, porque, além dessa linha, abre-se o domínio da exploração do homem. (NASCIMENTO, 1975 apud MUNIZ, 2010, p.66) Observa-se que Delgado (2014, p.742) conceitua da seguinte maneira: “(...) há o salário mínimo legal (hoje também incorporado na Constituição), que traduz o parâmetro salarial mais baixo que se pode pagar a um empregado no mercado de trabalho do país (...). ”

E por fim, vale destacar o que está expresso no art. 6° da Lei 8.542, de 23 de dezembro de 1992:

Artigo 6°, da Lei 8.542/92: Salário mínimo é a contraprestação mínima devida e paga diretamente pelo empregador a todo trabalhador, por jornada normal de trabalho, capaz de satisfazer, em qualquer região do País, às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.

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2.3 Características do Salário

Dentre as características do salário, vale destacar o caráter forfetário, a indisponibilidade, periodicidade, caráter alimentar, irredutibilidade, e a impenhorabilidade. (DELGADO, 2014; LOURENÇO, 2012; NASCIMENTO, 2009; SOUZA, 2012)

A primeira característica do salário se trata do caráter forfetário, nela se observa que o empregado a partir do momento que exerce sua atividade laboral ao empregador tem a certeza absoluta de que irá receber como contraprestação o salário, não se preocupando com os riscos da atividade desempenhada que o seu empregador pode ter. (DELGADO, 2014)

O caráter forfetário da parcela traduz a circunstância de o salário qualificar-se como obrigação absoluta do empregador, independentemente da sorte de seu empreendimento. O neologismo criado pela doutrina (oriundo da expressão francesa à forfait) acentua, pois, a característica salarial derivada da alteridade, que distingue o empregador no contexto da relação de emprego (...). (DELGADO, 2014, p.762)

Já a indisponibilidade é característica que compreende o direito do empregado de não renunciar ao salário, pois ele é a fonte de subsistência dele e de sua família, fazendo com que o empregado possua esse direito na relação de emprego. (DELGADO, 2014)

Em que pese, a periodicidade trata o salário como a contraprestação devida em períodos, assim ele pode ser pago por exemplo por quinzena, mas nunca pode ser devido acima do lapso temporal de um mês, conforme o art. 459 da CLT. (LOURENÇO, 2012; NASCIMENTO, 2009)

(...) O salário deve ser pago em períodos máximos de um mês, salvo comissões, percentagens e gratificações (CLT, art. 459). Justifica-se a exigência legal em função das obrigações rotineiras que devem ser saldadas pelas pessoas em geral e que têm a mesma periodicidade. (NASCIMENTO, 2009, p.347)

Observando o caráter alimentar do salário, se obtém o entendimento de que o trabalhador exercendo o seu emprego, tem pelo salário a fonte da qual advém os recursos fundamentais para suprir suas obrigações pessoais e de sua família, dando destaque principalmente a questões alimentícias, ou seja, sem trabalhar acarreta o não recebimento do salário, que com isso gera a consequência negativa do empregado não conseguir obter renda para sua sobrevivência e de seus dependentes. Além do mais é por meio do salário que tem a fonte de sustentação da sobrevivência do indivíduo, motivo pelo qual ele busca trabalhar. Não

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importa qual seja o valor do salário, o caráter alimentar vai estar presente. (DELGADO, 2014; SOUZA, 2012)

A ordem jurídica não distingue entre níveis de valor salarial para caracterizar a verba como de natureza alimentícia. A configuração hoje deferida à figura é unitária, não importando, assim, o fato de ser (ou não), na prática, efetivamente dirigida, em sua totalidade ou fração mais relevante, às necessidades estritamente pessoais do trabalhador e sua família. (DELGADO, 2014, p.762)

Há que se falar também na irredutibilidade do salário, essa característica possui ligação com a característica da indisponibilidade vista anteriormente. Como previsto no art. 7°, VI da CF, o salário é inflexível, isso é, o empregador não pode diminuí-lo. Essa é a regra prevista na Constituição, mas a mesma prevê a exceção em caso de acordo ou convenção coletiva de trabalho. Vale destacar também o art. 503 da CLT, o qual destaca a força maior como motivo para redução do salário. (NASCIMENTO, 2009)

Artigo 503, da Consolidação das Leis do Trabalho: É lícita, em caso de força maior ou prejuízos devidamente comprovados, a redução geral dos salários dos empregados da empresa, proporcionalmente aos salários de cada um, não podendo, entretanto, ser superior a 25% (vinte e cinco por cento), respeitado, em qualquer caso, o salário mínimo da região.

A última característica salarial abordada é a respeito da impenhorabilidade do salário, isso é, a regra é que o salário não pode ser penhorado conforme previsão no art. 833, IV do Código de Processo Civil. Observa-se que há relação dessa característica com o caráter alimentar do salário, pois não se pode penhorar aquilo que justifica o empregado a trabalhar, caso contrário levaria a dignidade humana e de subsistência do obreiro a sérios riscos de serem atingidas. Entretanto cabe destacar uma exceção quanto a isso, o credor de pensão alimentícia tem direito de penhorar o salário, previsão essa no art. 833, § 2°, do CPC. É interessante notar que essa penhora não recai sobre a totalidade do salário, e o motivo disso é o mesmo que justifica penhorar o salário em razão de pensão alimentícia, em outras palavras, o caráter alimentar do salário possibilita tanto a penhora por motivos de alimentos como também o impedimento de penhorar 100% o salário do trabalhador. (SOUZA, 2012; NASCIMENTO, 2009)

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Mencionado anteriormente, se observou que o salário é o benefício em troca da prestação de serviço realizada pelo empregado ao empregador, que além disso, é também pago diretamente pelo empregador, afim de que seja utilizado ao trabalhador para satisfazer sua vida e sua família. Tendo em vista isso, cabe notar que o salário não é pago por terceiros, dado a ausência de contrato de trabalho entre estes e o trabalhador. Entretanto, é interessante acrescentar ao assunto que as vezes há o pagamento de salário mesmo quando não se tem a prestação do serviço, um exemplo disso é a interrupção do contrato de trabalho, previsto no art. 473 da CLT, ou também pode haver outras situações previstas na lei em que o salário não terá prejuízo mesmo que não ocorra o serviço prestado. (LOURENÇO, 2012; MARTINS, 2015)

Já a remuneração, com previsão no art. 457 da CLT, vai englobar o que o empregado recebe pelo trabalho feito habitualmente, que pode ser admitida dentro dela o dinheiro ou também utilidades, ante a existência de um contrato de trabalho, e por causa de contrato, a remuneração pode ser oriunda do empregador, quando é feita de maneira direta ou também advinda de terceiros, assim sendo realizada indiretamente como nos casos da gorjeta. (DELGADO, 2014; LOURENÇO, 2012; MARTINS, 2015)

O objetivo da remuneração é que ela possa satisfazer as necessidades básicas do empregado e de sua família. É sabido, entretanto, que, muitas vezes o salário-mínimo não alcança essa finalidade, porém deveria fazê-lo, para que com ele o empregado pudesse comprar todas as coisas de que necessitasse para ter uma vida razoável juntamente com sua família (...). (MARTINS, 2015, p.248)

Para fins de conclusão sobre a diferenciação, tem por definição que a remuneração é um gênero, admitida seu pagamento de maneira direta e indireta por serviços efetuados, ou seja, há um montante de pagamentos diretos e indiretos. Em que pese, o salário, examinando-o pela ótica de cexaminando-ontraprestaçãexaminando-o devida paga diretamente pelexaminando-o serviçexaminando-o efetuadexaminando-o em razãexaminando-o dexaminando-o contrato de trabalho (ou não, tendo em vista o exemplo dado anteriormente pela interrupção do salário) é uma espécie que compõe a remuneração, podendo mesmo ser entendida como a espécie mais importante presente. Então, o salário e a gorjeta estão inseridos dentro da remuneração. (DELGADO, 2014; LOURENÇO, 2012; MARTINS, 2015)

(...) remuneração seria o gênero de parcelas contraprestativas devidas e pagas ao empregado em função da prestação de serviços ou da simples existência da relação de emprego, ao passo que salário seria a parcela contraprestativa principal paga a esse empregado no contexto do contrato. Remuneração seria o gênero; salário, a espécie mais importante das parcelas contraprestativas empregatícias. (DELGADO, 2014, p.734)

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2.5 Da Fixação do Salário Mínimo

Já presenciado anteriormente, se observou que com a previsão do art. 7°, IV, da CF, há um salário mínimo unificado, isso é, um mesmo salário correspondente ao mínimo em solo nacional. Ao passo em que se lê o respectivo dispositivo, tem o entendimento que o salário mínimo só pode ser fixado por lei, não havendo chances então de determiná-lo por meio de decretos ou portarias. Ocorre o reajuste do salário mínimo em razão da inflação a partir do dia 1 de janeiro. (MARTINS, 2015; MARTINS, 2014)

É com a lei 13.152, de 29 de julho de 2015 que ocorre a fixação do salário mínimo entre os anos de 2016 e 2019. Com isso, se dispensa a edição de uma nova lei para determinação do valor do salário mínimo durante o lapso temporal dos anos 2016 e 2019. Assim, é por meio de um decreto que o Presidente da República vai definir os valores correspondentes ao respectivo salário, pois pelo decreto é que irá demonstrar tão somente a fórmula da qual a lei prevê para que consiga o valor exato. (DIZER O DIREITO, 2015)

Entretanto, ao perceber que os valores podem ser definidos por meio de decreto e não por lei, pois o art. 7°, IV, da CF tem a previsão de fixação do salário mínimo por lei, a impressão que tem é que corresponde a inconstitucionalidade. Contudo, esse não é o entendimento do STF, ao passo que o mesmo já decidiu sobre isso pela ADI 4568/DF, na qual entendeu que a redação dada pela Lei n° 12.382, de 25 de fevereiro de 2011 (lei essa que fixava o salário mínimo anteriormente, e que tem no seu texto legal certa compatibilidade com a atual lei) não continha inconstitucionalidade. (DIZER O DIREITO, 2015)

A utilização de decreto presidencial, definida pela Lei n. 12.382/2011 como instrumento de anunciação e divulgação do valor nominal do salário mínimo de 2012 a 2015, não desobedece o comando constitucional posto no inc. IV do art. 7°. da Constituição do Brasil. A Lei n. 12.382/2011 definiu o valor do salário mínimo e sua política de afirmação de novos valores nominais para o período indicado (arts. 1°. e 2°.). Cabe ao Presidente da República, exclusivamente, aplicar os índices definidos legalmente para reajuste e aumento e divulgá-los por meio de decreto, pelo que não há inovação da ordem jurídica nem nova fixação de valor. (AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE n. 4.568 – DF, p.1)

2.6 Princípios Relacionados ao Salário

Configuram como princípios relacionados ao salário o princípio da proteção (princípio do “in dubio pro operário”, princípio da condição mais benéfica e princípio da norma mais favorável), princípio da imperatividade das normas trabalhistas, princípio da inalterabilidade

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contratual lesiva, e o princípio da intangibilidade salarial. (DELGADO, 2014; MARTINS, 2015; MUNIZ, 2010)

Em se tratando do princípio da proteção tem como definição de que resulta em um princípio importantíssimo, pois não resta dúvida de que o empregador está em uma condição economicamente superior ao empregado, e para balancear essa disparidade econômica entre empregado e empregador, nada mais justo que buscar um predomínio jurídico ao empregado fazendo com que possa responder a desigualdades em situações distintas. (MARTINS, 2015)

Desse princípio decorrem três subprincípios, o primeiro é o princípio do “in dubio pro operario”, entendido que diante de uma norma que comporta entendimentos distintos, ocorrendo dúvida quanto a interpretação da norma ao caso concreto, o Juiz deve optar pela interpretação mais favorável ao empregado. O segundo é o princípio da condição mais benéfica, versado onde o trabalhador que adquiriu benefícios de vantagens não podem tê-las alteradas para pior. Já o terceiro que é o princípio da norma mais favorável, conclui-se que o Juiz ao se deparar em uma causa onde consta a existência de duas ou mais normas passíveis de serem aplicadas, o Juiz deve priorizar a escolha por aquela que é mais favorável ao empregado, mesmo estando em uma situação hierárquica, cabendo destacar o art. 620 da CLT. (MARTINS, 2015)

De acordo com o artigo 620, da CLT (Decreto-Lei n.5.452, de 1° de maio de 1943): “As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho”.(Redação dada pela Lei n°13.467 de 2017)

Mauricio Godinho Delgado conclui o alcance do princípio da proteção no seguinte sentido:

Na verdade, a noção de tutela obreira e de retificação jurídica da reconhecida desigualdade socioeconômica e de poder entre os sujeitos da relação de emprego (ideia inerente ao princípio protetor) não se desdobra apenas nas três citadas dimensões. Ela abrange, essencialmente, quase todos (senão todos) os princípios especiais do Direito Individual do Trabalho. Como excluir essa noção do princípio da imperatividade das normas trabalhistas? Ou do princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas? Ou do princípio da inalterabilidade contratual lesiva? Ou da proposição relativa à continuidade da relação de emprego? Ou da noção genérica de despersonalização da figura do empregador (e suas inúmeras consequências protetivas ao obreiro)? Ou do princípio da irretroação das nulidades? E assim sucessivamente. Todos esses outros princípios especiais também criam, no âmbito de sua abrangência, uma proteção especial aos interesses contratuais obreiros, buscando retificar, juridicamente, uma diferença prática de poder e de influência econômica e social apreendida entre os sujeitos da relação empregatícia. (DELGADO, 2014, p.197)

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Para o princípio da imperatividade das normas trabalhistas, nota-se que o Direito do Trabalho não está somente com a finalidade de disciplinar as relações laborais subordinas do empregado frente ao empregador, mas também, dado em razão de necessidades, o Direito do Trabalho interfere no âmbito econômico e de mercado trabalhista, buscado evitar que ocorra desvios na relação de trabalho e corresponder para aquilo que foi criado. Se bem que quando o empregado e empregador firmam seu contrato de trabalho, não resta dúvidas que houve uma vontade recíproca das partes envolvidas, há liberdade na manifestação de ambos. Não obstante, o Direito do Trabalho vai regular essas relações, ao passo que possui normas imperativas que vão sobrepor ao pacto de vontade dos sujeitos do contrato de trabalho anexando os critérios, medidas que devem ser observadas e cumpridas pelas partes. Portanto, a livre vontade não vai afastar a imperatividade das regras do Direito do Trabalho. (DELGADO, 2014; MUNIZ, 2010)

No que tange o princípio da inalterabilidade contratual lesiva, em um primeiro momento tem que acentuar que o referido princípio pertence especialmente ao Direito do Trabalho, entretanto possui ligação com o princípio da inalterabilidade contratual no Direito Civil, ou seja, pacta sund servanda (pactos devem ser cumpridos), mas sem identificação a respeito do conteúdo de ambos, já que esse princípio civilista tem fundamento que convenções firmadas entre as partes não podem sofrer alterações unilaterais durante a vigência do prazo, dado em razão do seu cumprimento exato, entretanto aquele princípio trabalhista proíbe que ocorra alteração no contrato de trabalho que acarrete lesividade ao empregado, devendo tal alteração ser benéfica ao obreiro, conforme o art. 468 da CLT. Entende-se que caso o empregador altere o contrato de trabalho e, devida essa alteração, cause algo lesivo sobre o contrato, acredita-se que possa causar receio do empregado em perder o trabalho. Cabe dizer que a inalterabilidade contratual lesiva não é absoluta, e um exemplo sobre isso é o art. 7°, VI, da CF, que prevê a possibilidade de redutibilidade do salário em acordo ou convenção coletiva de trabalho. (DELGADO, 2014; MUNIZ, 2010)

Artigo 468, da Consolidação das Leis do Trabalho: Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

Tem previsão no art. 7°, VI, da CRFB (Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988): “irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo”.

Referências

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