• Nenhum resultado encontrado

FOTOENLATANDO: FOTOGRAFIAS NA LATINHA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "FOTOENLATANDO: FOTOGRAFIAS NA LATINHA"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

F

OTOENLATANDO

: F

OTOGRAFIAS NA LATINHA Daniel Ângelo dos Santos [daniel@cienciaemshow.com.br]

Emerson Izidoro dos Santos [mson@usp.br] Norberto Cardoso Ferreira [norberto@if.usp.br]

Rui Manoel de Bastos Vieira [ruiripe@if.usp.br] Instituto de Física da Universidade de São Paulo RESUMO

A atividade “Fotografia na Latinha” tem por objetivo ensinar os conceitos básicos sobre fotografia e incentivar a prática de artes e ciências ao público, leigo ou não, através de atividades lúdicas. Durante a realização da atividade podem ser levantados e discutidos temas de física, química e tecnologia que culminarão na construção e uso primeiramente de uma câmara escura simples e, num segundo momento, de uma câmera fotográfica feita com sucata – a câmera na latinha propriamente dita.

Priorizando atividades práticas e utilizando materiais de fácil aquisição, este trabalho possibilita também a reprodução posterior das atividades, pelos professores, funcionando, assim, como uma ferramenta multiplicadora do conhecimento.

INTRODUÇÃO

Entender o processo fotográfico significa necessariamente entender inúmeros conceitos científicos nas áreas de física e química. Também serve como estímulo às artes e ao processo criativo, uma vez que a fotografia permite fazer escolhas conscientes, seja no ângulo de visão, na escolha da luz adequada ou mesmo no processo utilizado para fotografar. Além disso, a fotografia está presente em todos os modernos processos de comunicação, nas pesquisas científicas, como arquivo de memórias, como hobby, lazer e cultura, o que lhe confere agradabilidade no manuseio, já que está inserida no cotidiano. Dessa forma a fotografia permite a interdisciplinaridade (física/química/artes) aliada ao prazer no desenvolvimento da atividade.

Propomos neste trabalho uma atividade pedagógica experimental que utiliza a fotografia como instrumento prático para despertar o interesse pelo conhecimento científico. Abordaremos as questões técnicas referentes à construção dos experimentos e as questões teóricas possíveis de serem exploradas durante o desenvolvimento da atividade.

Tal atividade trata-se da “Fotografia na Latinha”, um projeto de uma câmara escura capaz de sensibilizar um papel fotográfico no seu interior que, submetido à revelação química, resulta numa fotografia tradicional. Como utiliza elementos de fácil aquisição, torna-se altamente viável de ser realizado.

A ATIVIDADE

Propomos inicialmente a construção de uma câmara escura simples com o objetivo de visualizar o fenômeno da formação da imagem e fazer relações entre os parâmetros variáveis do dispositivo (diâmetro do orifício e tamanho da câmara) e as qualidades da imagem formada (tamanho e nitidez). Nesta etapa serão discutidas propagação retilínea da luz, as relações

(2)

geométricas na ótica e o fenômeno da difração da luz para o caso de um orifício extremamente pequeno.

Posteriormente, após uma discussão das semelhanças entre a câmara escura construída e a câmera fotográfica convencional, construiremos uma “rudimentar” câmara fotográfica com uma lata vazia, valendo-nos do princípio da câmara escura, dos papéis fotossensíveis e dos procedimentos de revelação química, que serão previamente discutidos em caráter técnico e cuja assimilação é muito simples.

CONSTRUINDO UMA CÂMARA ESCURA SIMPLES

A câmara escura pode ser construída facilmente. Para isso precisamos de materiais simples como pedaços de papel cartão preto, papel vegetal, fita adesiva e um alfinete.

Faça duas caixas com o papel cartão: uma de aproximadamente 10 cm aresta e outra uma pouco menor, ambas com a face preta voltada para dentro. Encaixe a caixa menor na maior, conforme ilustra o desenho. Faça agora um anteparo de papel vegetal na parte posterior e um pequeno orifício (com o alfinete) na parte anterior.

Esquema de montagem de uma câmara escura de comprimento ajustável.

Agora, com a câmara escura em mãos, dirija o orifício para algum objeto intensamente iluminado e verifique a formação da imagem no anteparo de papel vegetal. Faça testes variando o tamanho da câmara escura e o diâmetro do orifício, e compare as imagens projetadas.

O projeto da câmara fotográfica na latinha segue o mesmo princípio, apenas substituindo a caixa ajustável por uma caixa ou lata fixa e mais rígida, e o anteparo de papel vegetal por um papel fotográfico colocado na parte interna da câmara.

CONSTRUINDO A LATA FO TOGRÁFICA

O primeiro passo a seguir é a escolha da lata que irá se transformar numa câmara fotográfica. Obviamente ela deve possuir uma tampa que impeça a entrada de luz. Uma vez escolhida, seu interior deve ser totalmente pintado com tinta preta fosca ou revestido com papel preto fosco. Isso é importante porque superfícies brilhantes refletirão a luz dentro da câmara, “borrando” a imagem.

(3)

Como pode ser notado em testes realizados com a câmara escura, o orifício também é um parâmetro muito importante na nitidez da imagem. Realmente sua confecção é a parte mais crítica da montagem e merece ser feita com cuidado. Existem inúmeras maneiras de fazê-lo, ficando a critério do projetista o método utilizado. Sugerimos aqui duas maneiras que, apesar de simples, produzem efeitos satisfatórios:

1) com um prego grosso ou uma furadeira, faça um furo na parte central da lata ou caixa fotográfica. Em seguida cubra esse furo com papel alumínio (o mesmo utilizado para alimentos), prendendo-o com fita adesiva. Agora é fácil fazer um orifício nesse papel. Para isso utilize uma agulha de costura ou alfinete.

2) com um prego grosso ou uma furadeira, faça um furo na parte central da lata ou caixa fotográfica. Então recorte um pedaço de alumínio de uma lata de refrigerante. Com um punção e um martelo, marque um ponto no pedaço de alumínio tomando cuidado para que não fure. Apenas deixe uma marca em alto relevo. Agora, com uma lima ou lixa, “gaste” o alto relevo até que o furo comece a abrir. Dessa forma é possível conseguir orifícios circulares muito bons e seu diâmetro pode ser ajustado no momento da lixagem. Feito isso, basta colar o pedaço de alumínio, já com o orifício, na lata ou caixa fotográfica.

FOTOGRAFANDO

Pois bem, nossa câmara fotográfica já está pronta, só falta testá-la. Para isso recorte um pedaço de papel fotográfico de dimensões suficientes para que caiba dentro da câmara, no lado oposto ao orifício. Fixe-o com fita adesiva, tomando cuidado para que a parte sensível do papel (lado mais brilhante, com uma textura um pouco pegajosa) fique voltada para o lado do orifício. Todo esse procedimento deve ser realizado na escuridão total ou na presença da iluminação de emergência (lâmpada de baixa intensidade – 20 W – com um filtro vermelho). Tampe a câmara, cole uma fita no orifício para impedir a entrada de luz e saia a procura de uma paisagem para registrar. Posicione a câmara com o orifício voltado ao que se quer fotografar, cuidando para que fique bem fixa e que não se mova durante a exposição. Então retire a fita e deixe expor por alguns segundos. O tempo necessário de exposição para que a fotografia fique boa vai depender do tamanho do orifício, do tamanho da própria câmara e das condições de iluminação do objeto a ser fotografado. Portanto, até que você se habitue com as características da sua câmara, terá que proceder em tentativa e erro. Sugestão: comece expondo por dez segundos e veja o resultado. Se a fotografia ficar muito escura, diminua um pouco o tempo e se ficar muito clara, aumente o tempo de exposição.

(4)

REVELANDO

Após tirada a fotografia, temos que revelar para ver o resultado. Para isso, prepare sobre uma mesa, num quarto escuro, três bandejas com os químicos na seguinte ordem: revelador, interruptor e fixador. Então retire o papel fotográfico de dentro da câmara e, com a ajuda de uma pinça de madeira, mergulhe-o na primeira bandeja, nunca deixando de movimenta-lo. Se tudo correu bem, em poucos segundos aparecerá a imagem no papel. O tempo do banho é de aproximadamente 1 minuto, no entanto vale a pena seguir as recomendações do fabricante dos produtos químicos. A seguir passe para o banho interruptor por 15 a 30 segundos e finalmente para o banho fixador por mais 1 minuto. Feito isso já se pode acender a luz e deve-se lavar a fotografia o mais rápido possível em água corrente por 5 minutos. Depois de seca, a fotografia está pronta.

NEGATIVO E POSITIVO

A fotografia conseguida nesse processo tem uma imagem negativa, ou seja, as partes claras estão escuras e as escuras estão claras. Isso ocorre porque as porções de cristais de prata sensibilizadas pela luz, isto é, que receberam as partes claras da imagem, se transformarão em prata metálica (negra) no momento da revelação. Mas não se preocupe, pois há duas formas de corrigir isso e transformar a imagem negativa em uma imagem positiva (com as cores corretas):

1) computador com scaner: basta “scanear” a fotografia negativa e, com auxílio de um software de tratamento de imagens, transforma-la em positiva. A maioria desses softwares possui a função “inverter cores”, destinada a esse uso.

2) modo clássico: pode-se produzir o positivo através de um procedimento chamado “cópia de contato”. Trata-se de pegar um pedaço de papel fotográfico novo do mesmo tamanho da sua foto negativa (tudo na sala escura) e juntar ambos, face com face. Para garantir um contato mais perfeito, utilize dois pedaços de vidro com os papéis no meio. Então você deve promover um disparo de luz no lado onde se encontra o papel negativo para que, ao passar por ele, a luz sensibilize o outro papel com as cores invertidas. Um bom disparo de luz pode ser produzido com um flash fotográfico posicionado a aproximadamente 1 metro do papel. Feito isso, basta revelar o papel para obter a fotografia positiva. Se não dispor de um flash, a luz solar também produz bom resultados.

O negativo e positivo, de uma foto tirada e revelada por alunos do ensino médio.

(5)

Alguns tópicos de ótica podem ser abordados nesta atividade, como por exemplo, a natureza da luz, ótica geométrica e formação de imagens. Aspectos de química e artes também podem ser

explorados numa situação interdisciplinar. A atividade possui caráter investigativo, uma vez que inúmeros parâmetros podem ser variados (dimensões, orifício, tempo de exposição, etc.) tanto na câmera escura quanto na fotográfica, o que faz com que a discussão dos resultados sejam tão importantes quanto a realização da atividade. Cabe ao professor focar a atividade no tema desejado. Os materiais utilizados são de fácil aquisição e o trabalho apresenta uma proposta um pouco mais avançada (com o uso de computador e flash fotográfico) e a proposta tradicional, que produz o mesmo resultado a um custo reduzido.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

GASPAR, Alberto. Física 2 – ondas, óptica e termodinâmica. São Paulo, Editora Ática, 2003. GREF. Física 2 – física térmica e óptica. São Paulo, Edusp, 2000.

LANGFORD, M. J. Fotografía Básica. Barcelona, Imprenta Juvenil, 1971. LANGFORD, M. J. Tratado de Fotografía. Barcelona, Imprenta Juvenil, 1971.

SCHISLER, Millard W. L. Revelação em Preto-e-Branco. A Imagem com Qualidade. São Paulo, Martin Fontes, 1995.

MONFORTE, Luiz Guimarães. Fotografia Pensante. São Paulo, Editora SENAC São Paulo, 1997. BUSSELLE, Michael. Tudo Sobre Fotografia. São Paulo, Círculo do Livro, 1977.

FUJIFILM. Curso de Fotografia. São Paulo, Casa da Fotografia, 2000.

Referências

Documentos relacionados

O score de Framingham que estima o risco absoluto de um indivíduo desenvolver em dez anos DAC primária, clinicamente manifesta, utiliza variáveis clínicas e laboratoriais

Local de realização da avaliação: Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação - EAPE , endereço : SGAS 907 - Brasília/DF. Estamos à disposição

Após a implantação consistente da metodologia inicial do TPM que consiste em eliminar a condição básica dos equipamentos, a empresa conseguiu construir de forma

A abordagem mais usual de fadiga, que utiliza a tensão nominal e a classificação de detalhes geométricos para previsão da vida em fadiga, não abrange conexões mais complexas e

O TBC surge como uma das muitas alternativas pensadas para as populações locais, se constituindo como uma atividade econômica solidária que concatena a comunidade com os

Figure 6 is reproduced from Goessling and Reick (2011) and represents schematically the three major mechanisms by which evapotranspiration (and its changes due to land cover

A pesquisa pode ser caracterizada como exploratória e experimental em uma primeira etapa (estudo piloto), na qual foram geradas hipóteses e um conjunto de observáveis, variáveis

Esta degradação, é de difícil avaliação, por isso para cada caverna realiza-se uma análise da capacidade de carga, ou seja, o quanto uma área pode agüentar as