I SEMINÁRIO SOBRE PAGAMENTO DE SERVIÇOS HIDRO-AMBIENTAIS –UFRRJ
A ECONOMIA ECOLÓGICA E O PAGAMENTO
POR SERVIÇOS AMBIENTAIS
Pablo del Arco
Peter H. May
Novembro/2010
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTRATÉGIAS E DESENVOLVIMENTO (PPED-UFRJ)
1.- A relevância dos serviços ambientais
2.- O pagamento por serviços ambientais na visão da
Economia Ecológica
3.- Alguns avanços na área de pagamento por serviços
ambientais
4.- O pagamento por serviços ambientais e o contexto político
brasileiro atual: as mudanças no Código Florestal
17/11/10
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Photo: C.Neßhöver, UFZ
Serviços
da Natureza à Sociedade
Economic Value
In: “The importance of biodiversity and ecosystems in economic
growth and equity in Latin America and Caribbean: A Regional Economic Valuation of Ecosystems - UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME 2010
2- O PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS NA VISÃO DA
ECONOMÍA ECOLÓGICA
“Todo homem que pense que o crescimento exponencial
pode continuar indefinidamente num mundo finito tem que
ser louco ou
economista”
Kenneth Boulding (1910-1993), economista inglês. Ex-presidente da American Economic Association e da
Visão da economia neoclássica
•
A economia é um todo com capacidade
de crescer sem limites
•
A exaustão de materiais e a produção
de resíduos são consideradas
externalidades que podem ser
resolvidas através de precificação pelo
mercado
Visão da economia ecológica
•
Qualquer expansão da macroeconomia
implica custo
•
Existem limites além dos quais não é
possível crescer sem deterioração do
sistema e do próprio bem-estar humano
•
Considera a absorção de materiais e a
produção de resíduos como interno ao
sistema
Economía (aberto) O crescimento pode ser
anti-econômico!
Florestal
Pesqueiro Agropecuário
SETORES
ECONOMIA
:sistema finito, pode crescer, é isolado
PLANETA:
Escala sustentável
3.- Alocação eficiente 2.- Distribuição justa dos direitos a esgotar e a poluir os recursos naturais
até o limite da escala sustentável
Fatores biofísicos 1.- Escala sustentável
da atividade humana: Aquela que não
ultrapassa a capacidade de assimilação do
ecossistema Acordos sociais
Papel do
mercado?
Princípio de precaução Pagamento por serviços ambientais3.- ALGUNS PROGRESSOS NA ÁREA DE PAGAMENTO POR
SERVIÇOS AMBIENTAIS
1.- Comercialização dos créditos de carbono
Têm sido desenvolvidos mecanismos flexíveis que estimulam a redução das emissões de gases de efeito invernadeiro a nível global (MDL, REDD, etc.)
2.- Estudo de Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade (TEEB)
Relatório do PNUMA, apresentado na Cúpula da Biodiversidade, em Nagoia, que estima o valor dos serviços da natureza e dos danos produzidos até o presente nela. Destaca que governos e empresas precisam começar a computar as perdas causadas pela deterioração da natureza em seus orçamentos e PIBs.
“Infelizmente a ausência de uma lente econômica para refletir essas realidades tem significado que tratamos esses assuntos de forma negligente, que eles não são centrais nas discussões de política pública ou de negócios”.
Pavan Sukhdev (TEEB).
3.- Protocolo de Nagoia
Estabelece um mínimo marco legal no comércio de produtos derivados da biodiversidade e dos conhecimentos tradicionais, face à biopirateria.
ALGUNS DADOS: Economia da Mudança do Clima no Brasil:
Custos e Oportunidades, 2010.
Principais 3,000 Empresas (estimados por TRUCOST para UN-PRI)
Externalidades são aprox. 7% de resultados totais, e 33% de lucros totais
Principalmente GEE, Extração de água, Poluição do ar,…
Total USD 2.25 Trilhões por ano ( GEE = 1.45 Trilhões)
4.- O PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS E O CONTEXTO
POLÍTICO BRASILEIRO ATUAL:
VALORAÇÃO DAS PÉRDIDAS ASOCIADAS A PROPOSTA DE REFORMA
DO CÓDIGO FLORESTAL
OBJETIVOS
1- Determinar a superficie que a proposta permitiria desmatar.
4.1.-
Desmatamento potencial
Superficie do Brasil é 850 Mha. 67 Mha dedicadas à agricultura, e 211 Mha
dedicadas à pecuária (67+211= 278 Mha).
Com o atual Código Florestal é legal desmatar ainda 104 Mha (Sparovek, 2010).
As mudanças propostas no código aumentam o desmatamento potencial:
Cômputo da APP na Reserva Legal (RL): 65 Mha (Sparovek, 2010).
Isenção da RL nas propriedades de até 4 módulos: de 53 a 80 Mha (Ver tabela).
65 + (53 a 80)= 115 a 145Mha
104 + (115 a 145) = 219 a 249 Mha
Somando os valores chega-se a conclusão de que a superfície potencialmente
desmatável chegaria a 219-249 Mha. Isto é, seria legal desmatar 25.77-29.30 % da superfície do Brasil,,em quanto no código atual é permitido desmatar o 12.24 %.
Superficie do Brasil é de 850 Mha.
67 Mha dedicadas à agricultura, e 211 Mha à pecuária (67+211)= 278 Mha.
Caso seja aprovada a proposta, poderíam ser incorporados ao uso agropecuário
os 219-249 Mha calculados (104 Mha código atual e 115-145 novos).
278 + (219 a 249) = 497 a 527 Mha
Isto constitui um total de 497-527 Mha dedicados potencialmente à agropecuária
no Brasil, 58.47- 62.00 % da superfície do país.
Aumento da superfície potencialmente destinada à agropecuária seria 78.78 a
89.57 % da superficie destinada atualmente.
Segundo Sparovek, através da intensificação da pecuária, o agronegócio poderia
crescer 61 Mha sobre superfícies de elevada ou meia aptidão agrícola
ocupadas hoje por pecuária extensiva, evitando o desmatamento (Sparovek, 2010).