Número de rebentos em cultivares de abacaxi submetidas a
adubações foliares de NPK e Micronutrientes na savana de Roraima.
Raiovane Araújo Montenegro
(1); Deyse Cristina de Oliveira
(2);
Sandra Cátia Pereira Uchôa
(3); José Maria Arcanjo Alves
(3);
Cineone Nascimento da Silva
(1); Laís de Brito Carvalho
(1).
(1) Estudante de Agronomia da Universidade Federal de Roraima (UFRR); Centro de Ciências Agrárias, Boa Vista, Roraima; raiovane@yahoo.com.br,cineone_22@hotmail.com, lay_carvalho@hotmail.com.
(2) Doutoranda em Agronomia; Pós-Graduação em Agronomia - POSAGRO, Centro Ciências Agrárias da Universidade Federal de Roraima – CCA/UFRR
(3) Professor Dr. Associado do curso de Agronomia da UFRR, Boa Vista, Roraima, arcanjoalves@oi.com.br; scpuchoa@gmail.com.
RESUMO: O abacaxizeiro é uma cultura bastante cultivada nos trópicos, principalmente no Brasil, que é o
possível centro de origem da cultura. A adubação é um dos manejos mais importante, pois além de favorecer a produção dos frutos, posteriormente as reservas remanescentes serão translocadas para as brotações após as frutificação. Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito de três fórmulas de adubação no número de rebentos em três cultivares, nas condições de solo de savana de Roraima. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, em esquema fatorial (3x3). Os tratamento resultaram da combinação de três cultivares (IAC-Fantástico, BRS-Imperial e Pérola) e três fórmulas fluidas de adubos, sendo: 10-0-10; 10-10-10 e 10-10-10 mais micronutrientes, com quatro repetições. Não houve interação entre os fatores e apenas as cultivares afetaram o número de brotações. A cultivar que mais se destacou foi a imperial.
Termos de indexação: Fertilidade, Nutrição, Propagação vegetativa.
INTRODUÇÃO
O Abacaxizeiro (Ananas comosus (L.) Merril) é uma planta pertencente à família bromeliaceae composta por aproximadamente 2700 espécies, herbáceas, epífitas ou terrestres, distribuídas em 56 gêneros, com seu centro de origem localizado nas Américas (SIMÃO, 1998).
Atualmente, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de produção de abacaxi, perdendo apenas para Tailândia e a frente das Filipinas, Costa Rica e Índia (FAO, 2015). O Brasil teve produção estimada de 1,8 milhões de toneladas de frutos em 2015, com área plantada de 69,6 mil hectares e rendimento médio de 26,04 mil frutos por hectare. As regiões Nordeste e Norte possuem maior produção, e os estados do Pará, Paraíba e Minas Gerais se destacam como maiores produtores nacionais (IBGE, 2016). Entretanto, considera-se um entrave para o aumento da produtividade da cultura a indisponibilidade de mudas com padrão de qualidade morfológico, fisiológico e fitossanitário. A produção de mudas de abacaxizeiro, quando executada dentro dos padrões técnicos adequados resulta em elevados custos (SANTOS, 2016).
A pouca oferta de mudas de qualidade, na maioria das vezes, é atribuída à baixíssima efetividade dos métodos, a demora em obter as mudas, quando se leva em conta o ciclo da cultura e ao elevado custo de produção, que resulta em um preço final mais alto. O aperfeiçoamento e a evolução de novas técnicas de propagação, que tenham maior eficiência, agilidade e facilidade na execução, são primordiais (COELHO et al., 2007) para obtenção de mudas de qualidade com poucos gastos.
A qualidade e quantidade de mudas provenientes de rebentos e filhotes está diretamente relacionada a disponilbilidade de reservas na planta, devido a isso, a adubação pode influencias diretamente na produção de mudas. Na intenção de contribuir com os estudos que visam melhorar a produção de mudas.
Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar a produção de rebentos em plantas de abacaxi de três cultivares em função de três adubações.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em condições de campo na área experimental do Centro de Ciências Agrárias/Universidade Federal de Roraima – CCA/UFRR, Campus Cauamé, no município de Boa Vista, Estado de Roraima – Brasil (Latitude de 2° 52’ 20,7” N, Longitude 60° 42’ 44,2” W e Altitude de 90 m). Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Aw, com duas estações climáticas bem definidas, uma chuvosa (abril-setembro) e outra seca (outubro-março) (ARAÚJO et al., 2012).
O solo da área experimental é classificado como Latossolo Amarelo distrófico, e os atributos químicos e a granulometria, na camada 0 – 0,20 m, são: pH – 5,68; P, K, Fe, Zn, Mn, Cu (Extrator Mehlich 1) – 29,2; 138; 27,5; 4,88; 5,9; 0,77 mg dm-3; B – 0,27 mg dm-3; Ca, Mg, Al (Extrator KCL 1,0 mol L-1) – 1,62; 0,36; 0 cmolc dm-3 ; H+Al (Extrator acetado de cálcio 0,5 mol L-1) – 3,0 cmolc dm-3; N (Destilação Kjeldhal) – 1,5 g kg-1
e Matéria Orgânica (Walkley Black) – 20,3 g kg-1
e textura Franco-Argilo-Arenoso.
Na área experimental, foi realizada a correção do solo com 400 kg ha-1 de calcário dolomítico, visando elevar a saturação por bases a, aproximadamente, 55%. O calcário foi aplicado a lanço, sem incorporação. A dessecação das plantas daninhas foi realizada aos 30 dias após a correção do solo, empregando-se o produto comercial Roundup original (princípio ativo glyfosathe) na dosagem de 2,5 L ha-1, 10 dias antes do plantio. A recomendação de N, P, K e micronutrientes para a cultura foi realizada com base na análise do solo.
As cultivares de abacaxizeiro utilizadas foram a IAC-Fantástico, BRS-Imperial e Pérola. As mudas foram produzidas por micropropagação e aclimatizadas no laboratório de Biotecnologia - BIOMUDAS, localizado em Venda Nova do Imigrante - ES, sendo posteriormente transportadas para Boa Vista-RR, local de execução do experimento. Ao todo, foram adquiridas 150 mudas de cada cultivar.
As mudas foram padronizadas em casa de vegetação, com altura média de 10 cm e desvio-padrão de ± 1 cm, sendo cultivadas em tubetes grandes, com diâmetro de 5,0 cm, altura de 19,0 cm e volume de 300 cm3, preenchidos com substrato composto por casca de arroz carbonizada e húmus de minhoca na proporção de 2:1 v/v. Posteriormente, com o crescimento das plantas, foi realizada a transferência para copos plásticos de 500 ml, tendo o substrato a mesma composição inicial. A irrigação foi mantida conforme estabelecida pela programação do sistema automatizado da casa de vegetação, com duas regas diárias de 10 minutos cada.
A adubação, durante toda a condução do experimento, foi realizada, exclusivamente, via foliar, com 10 g L-1 de uréia para o fornecimento de nitrogênio, 5 g L-1 de cloreto de potássio e 0,5 g L-1 de ácido bórico como fonte de potássio e boro, respectivamente, para que as mudas fossem adaptadas às condições de adubação que receberiam em campo. As aplicações dos adubos foram realizadas semanalmente, com pulverizações localizadas, inicialmente na quantidade de 5 mL, passando a 10 mL por planta, na fase pré-campo.Posteriormente, com a mudas chegando ao tamanho ideal, o experimento em campo foi instalado.
Tratamentos e amostragens
O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em esquema fatorial (3 x 3), com 4 repetições. Os tratamentos foram gerados pela combinação dos fatores cultivares de abacaxizeiro e 3 fórmulas fluídas de adubação (Tabela 1).
Tabela 1 - Descrição dos tratamentos
Tratamento Descrição
F1 Cv. IAC Fantástico + NPK 10-0-10 fluído
F2 Cv. IAC Fantástico + NPK 10-10-10 fluído
F3 Cv. IAC Fantástico + NPK 10-10-10 e micronutrientes fluídos
I1 Cv. BRS Imperial + NPK 10-0-10 fluído
I2 Cv. BRS Imperial + NPK 10-10-10 fluído
I3 Cv. BRS Imperial + NPK 10-10-10 e micronutrientes fluídos
P1 Cv. Pérola + NPK 10-0-10 fluído
P2 Cv. Pérola + NPK 10-10-10 fluído
P3 Cv. Pérola + NPK 10-10-10 e micronutrientes fluídos
O plantio das mudas de abacaxizeiro foi realizado no mês de Setembro de 2015, em covas previamente corrigidas e adubadas, conforme análise química do solo da área experimental. Adotando-se o sistema de plantio em linhas duplas, em canteiros, com o espaçamento de 0,40 m x 0,40 m x 1,0 m, sendo que cada parcela foi formada por 10 plantas, totalizando 150 plantas no bloco e 600 plantas na área inteira. Após a colheita completa dos frutos, aos 360 dias após o plantio destas em campo, realizou-se a coleta do material propagativo (rebentos) em fevereiro de 2017, e fez-se a contagem em todas as plantas de cada parcela.
Análise estatística
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey, a 5% de probabilidade, empregando o programa SISVAR (FERREIRA, 2011).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2 é apresentado o resumo da análise de variância. Não houve interação entre os fatores em estudo e, para o efeito médio, apenas o fator cultivar afetou o número de rebentos.
Tabela 2 – Resumo da análise de variância para número de rebentos de abacaxizeiro em função de três fórmulas fluidas de adubação e três cultivares.
Fv Gl Qm Média Bloco 3 73,880ns 0.833 Cultivar (C) 2 1500,528* 16.914 Erro 1 6 88,713 ns - Fórmulas de adubação (F) 2 37,028 ns 0.168 CxF 4 94,694 0.429 Erro 2 18 220,657 - Cv 1 (%) = 47,56 - Cv 2 (%) = 75,00
Na Figura 1 são apresentados os resultados para o efeito das cultivares no número de rebentos, onde se verifica que a cultivar IAC imperial apresentou o maior número de rebentos, quando comparada com a cultivar Pérola (18,5) e a cultivar IAC-Fantástico, que apresentou a menor média dentre as 3 cultivares, 9,33 rebentos. A IAC fantástico é que apresenta menor número de rebentos, sendo sua propagação mais dependente da aquisição de mudas do que as outras cultivares. As fórmulas de adubação fluidas não interferiram nessa variável, possivelmente, em razão das boas condições nutricionais das cultivares e, também, por se tratar de um caracter genético. E foram observadas diferenças significativas para o número de rebentos em três cultivares de abacaxizeiro para o fator de estudo de diferentes adubações.
Figura 1 – Número de rebentos em função de três cultivares de abacaxizeiro. Boa Vista – RR, 2016.
As características de cada planta são perpetuadas, principalmente por propagação vegetativa, com a obtenção de mudas de diversas partes da matriz. Porém, no Brasil, dificilmente a coroa é utilizada para o plantio do abacaxi, pois acompanha o fruto comercializado in natura, embora a utilização desta parte da planta proporcione florescimento mais uniforme e tamanho de frutos mais homogêneos. Entre todos os métodos de multiplicação de mudas, o seccionamento do talo é tido como o método mais antigo de propagação do abacaxizeiro, embora a
31,58 A 18,50 B 09,33 C 0 5 10 15 20 25 30 35
CONCLUSÕES
As fórmulas fluidas de adubação não interferem no Número de rebentos.
A cultivar BRS Imperial tem maior produção de rebento por planta, sendo mais viável a produção de mudas.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, W. F.; CONCEIÇÃO, M. A. F.; VENNCIO, J. B. Evapotranspiração de referência diária em Boa Vista (RR) com base na temperatura do ar. IRRIGA, v. 1, n. 01, p. 155, 2012
CASTRO, P. R. C.; KLUGE, R. A. (Coord.). Ecofisiologia de fruteiras tropicais: abacaxizeiro, maracujazeiro, mangueira, bananeira e cacaueiro. São Paulo: Nobel, 1998.
COELHO, R. I.; CARVALHO, A. J. C.; MARINHO, C. S.; LOPES, J. C.; PESSANHA, P.G.O. Resposta à adubação com ureia, cloreto de potássio e ácido bórico em mudas do abacaxizeiro ‘Smooth Cayenne’. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.29, n.1, p. 161-165, 2007.
FAO. FAOSTAT Database. Disponível em: <http://faostat.fao.org/faostat>. Acesso em: 10 ago. 2015.
IBGE. Cidades@. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/
comparamun/compara.php?lang=&coduf=12&idtema>. Acesso em: 27 jul. 2016.
SANTOS, P. C. e CARVALHO, A. J. C. DE. Acidos humicos, brassinosteroides, potassio e silicio na
otimizacao da producao de mudas de abacaxizeiro. Tese (Doutorado em Producao Vegetal) -- Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – Campos dos Goytacazes, 2016.84 p.