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A PROBLEMÁTICA ÉTICA EM EL ESPECTADOR DE ORTEGA Y GASSET THE PROBLEM OF ETHICS IN ORTEGA Y GASSET S EL ESPECTADOR

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(1)A PROBLEMÁTICA ÉTICA EM EL ESPECTADOR DE ORTEGA Y GASSET THE PROBLEM OF ETHICS IN ORTEGA Y GASSET’S EL ESPECTADOR JOSE MAURICIO DE CARVALHO (UFSJ / Brasil) RESUMO. Neste trabalho vamos examinar a discussão ética desenvolvida por Ortega y Gasset em El Espectador (2º volume das Obras Completas). O volume é constituído de ensaios agrupados em oito tomos. El Espectador representa a transição da fase inicial para a decisiva do pensamento orteguiano. Vamos indicar que a problemática ética nele contida antecipa a meditação orteguiana da fase madura, elaborada nas   

(2)      Palavras -chave: Perspectiva, ética, Ortega y Gasset.. ABSTRACT. In this paper we examine the ethical discussion developed by Ortega y Gasset in El Espectador (vol. 2 of his Complete Works). The volume contains essays made up of eight parts. El Espectador represents the transition from the initial phase to the decisive moment of Ortega’s thoughts. We point out that the                        Keywords: Perspective, Ethics, Ortega y Gasset.. 1 Considerações iniciais.  !         " # $   outros países da Europa, como relata Luís X. Alvarez no livro   

(3)  

(4)

(5) . %  &          " ' &  ' com uma sensibilidade que traduz o modo ibérico de considerar os problemas universais.     *  !

(6)   + $ &   

(7) -/   #'  -/  

(8)    '&Meditaciones del Quijote e El Espectador  -/   

(9)       '    $      0  !

(10)  $    neokantismo alemão1. A segunda fase é marcada pela recepção de Ser e Tempo de Martin Heidegger, pela descoberta de Wilhelm Dilthey e pela redação de Qué es 

(11)  e La rebelión de las masas. % + -/  # 

(12) 

(13) -/   !    3    '    & - também se aplica às questões de Ética. Ao descobrir o papel da circunstância como complemento. ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

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(17) . 112.  '     +/ 

(18)   

(19)  &4  0  &    5

(20) 

(21)  6-/   -4  7   2 às quais o       0         '  

(22)  /'      $   8   -48 $   cultural chegando ao conceito de circunstância. Este conceito renovou a ontologia raciovitalista e foi também fundamental para as questões de ética. Adicionalmente desejamos mostrar que os 9      -/       El Espectador             &3             3 <

(23) $     =!  

(24) 

(25)  9 '  de diversos problemas éticos. Não há como separar temas básicos de sua ontologia como: o projeto 8 $    '   6

(26) -/      *  '          % '         vive, não é desconectada da noção de valor. 0     - 3   

(27)  ' &     +  $      responsabilidade, quando viver é um projeto vital que se afasta dos aspectos mais íntimos que nos   +'         & 

(28)         *  

(29)   -  

(30) 

(31)     6 

(32) -/ . 2 As escolhas como problema ético. Escolher é o processo pelo qual o homem opta por uma alternativa. As alternativas que  4 / / . ' 

(33)

(34)    *  >    -4  

(35)  

(36)  3

(37)  &+'  &  & 

(38) ?  ' a seguir, como Ortega y Gasset tratou esta problemática. O estudo das escolhas humanas remonta à Antiga Grécia e teve momentos marcantes na @>     0! '%   +        '  &#  B 3' @> '    4 Immanuel Kant foi quem na        "  & 

(39) &   que nossa razão tem um lado prático que nos obriga escolher. Diz Kant em %&

(40) ' " '*

(41)  '  '

(42)  ' : “mais importante é a necessidade da razão em seu uso prático, porque é incondicionado (...) não somente se queremos julgar, mas porque devemos julgar” (p. 82). Kant reconhece, portanto, a necessidade humana de julgar e escolher. !   -/    "       julgar, mas está atento a algo mais. Ele considera que as escolhas podem levar o homem a perder-. ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

(43) 113.   !"#" $$

(44) "  

(45)

(46) . se de si mesmo, assim ocorrendo quando ele deixa de considerar os aspectos mais íntimos da sua   =Q   /  

(47) *    5  ' R      6 

(48) -/ SUYZZ['[\] A formulação orteguiana incorpora o sentido trágico das escolhas mencionado por ^ 7'

(49)     _&  ` +Tierras de Castilla que    &$    =Q  

(50)       Um penoso destino! Prolongada, insistente tragédia: porque preferir supõe reconhecer ambos os termos submetidos à eleição como bens” (p. 46). O que confere dramaticidade às escolhas é que ao +$~      /     8 $  5  '  as do entorno. Chegamos ao problema posto por Kant, ainda que em um outro contexto, viver é o que escolher, pois ao escolher podemos nos desumanizar. Contudo o sentido desta desumanização é diverso em Ortega y Gasset e Kant como mostrou Gilberto Kujawski (1986): “a moralidade da vida não implica na moral intelectual do dever ser, e sim na moral concreta do ter que ser, ou que +SU‚]@     &    

(51) Goethe desde dentro, onde ele distinguiu “o dever ser da moral, que habita a região intelectual do homem, do imperativo vital,   &SU‚Zƒ]"  -/      '„3  ensaios de El Espectador.0   !    

(52)   

(53)  que nasce na esfera vital e sub jaz ao pensamento. Pretende dizer que as escolhas não deixam de ser intelectuais, mas envolvem um elemento mais fundo da personalidade. Embora a preocupação „    /   & / 

(54)  

(55) -/ . O que se percebe é que o imperativo orteguiano não tem a mesma inspiração que o de Kant, conforme avalia Leopoldo ! +3+UYZZ]    =Q%

(56) ' ' &  &&' de maneira que o ser humano não é apenas um dever, mas um ter que ser” (p. 51).  

(57)   ~    '&        -/   '    †5%R„ UYZZ‡]  -/    &    + 9

(58) 0  - 

(59)          &

(60) '    '& Q  

(61)  8  SUˆ]%

(62)     da relação entre escolhas e os valores da pessoa. O ato de escolher revela um aspecto importante da vida, isto é, que ela incorpora a noção de circunstância. Ao escolher, vamos tecendo nossa vida, alterando a circunstância. Viver é mudar a   *    

(63)  +    Ideas sobre Pío Baroja, ensaio publicado no primeiro livro de El Espectador= Q%-/   

(64)        $   &   3     -/  SU‰Z]Š    '     /    o que somos, mas também por não transformarmos de modo adequado a circunstância.      *        < „ 

(65)  +  morte, conclui-se do que escreveu Ortega. Embora nem a ética, nem a biologia tenham estudado. ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

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(69) . 114.      

(70)    ' +!+ 

(71)  3 

(72)  : “(na

(73)     ]       '      '   - #„    8 $  &   

(74)  8   SU‚[[]" aspectos revelam aproximação com a analítica existencial de Heidegger, que é parte importante desta etapa de seu pensamento.. 3 Vocação e raiz das escolhas.  %  ~6    '      

(75) -/  de raiz existencial. Esse imperativo íntimo diferencia a disposição para agir, que é única em cada homem, esclarece Ortega y Gasset em $4 '=Q#

(76)   8  ' &     $&   

(77)  

(78) ' diferente lugar ou estrato de sua personalidade (...). Pedro e João são generosos, mas Pedro o é no estrato mais profundo e enérgico do seu ser” (p. 185). %   

(79)     " -     ' & 8 &/     ' /     %  ~6  $    

(80) -/ ' „  

(81) -/   5     _      =Q + -/  +

(82) -/ '

(83)     6

(84) -/ SU>5 'YZZZ'ˆƒ]Œ R '  

(85) -/  ' +     em Conversación em el Golf=Q &    SU‚Z‰]"   /    8/ „38    -Intimidades no Espectador VII.      =Q%

(86) -/   -

(87) ' SUƒˆƒ]"   fundamental que foi aperfeiçoado em diferentes trabalhos como: Não ser homem de partido e Goethe desde dentro (v. IV); Mirabeau, o político (v. III) e A vinte anos de Casa Maior, do Conde de Yebes (v. VI). O conceito é fundamental na ética orteguiana e começa a ser elaborado já na primeira fase  -/ '  '      

(88) 0   

(89)  El Espectador a compreensão da vocação como elemento fundamental das escolhas será desenvolvido. &

(90) -/ `%

(91) -/         ' /  naturalmente. Ao contrário, sem esforço e empenho pessoal à vocação não se realiza, como para Kant, sem uma vontade boa o sujeito não faz boas escolhas. Viver sem se esforçar é característico do    *  '    ! #       †UYZZ]=Q  &     /  „'  ~     / „  -   SU[ˆ]  / 3  6 vocação particular. % 

(92)   

(93) -/ '   

(94)    /  . ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

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(98) . 115.   # /   ' 3 '3      %

(99) -/  /  ' realizá-la sim. Assim, conforme Ortega y Gasset, a vocação não se desprega das escolhas, nem da possibilidade de optar livremente. O conceito vocação traz o debate moral para o que há de mais íntimo na vida. Neste aspecto 

(100) -/ '  3   „ ' /    %

(101) -/ 3  +Š   buscas estão de acordo com nossa vocação nos sentimos mais centrados em nossa vida, o contrário 3 -/ &       %     + 8 $      +-/  „

(102) 5   ' / 3   '    %            /     -4'„3 8   ver os aspectos universais da ética. Estes dependem da objetividade do valor que é reconhecido na   &  - $  &     

(103)    -4 A vocação mostra que a ética não apenas está aberta a valores reconhecidos culturalmente, &  & 8 $    Œ    ! orienta a discussão ética para o adequado reconhecimento da subjetividade moral tomada como   6 „

(104)    . 4 Escolhas e cultura. %           6

(105) -/      

(106) $     *    8 $    '  /     &/   %        /      5     &

(107) '         

(108)   0/      '    & 

(109) 

(110) _      UYZZY]=Q

(111)

(112)  +  ' ' „

(113)  

(114) -/    &35SU[\Y]% -4 estão na circunstância e ela faz parte de mim. Este é o núcleo da ontologia orteguiana e aparece na Introdução das Meditações do Quixote, como lembra Gilberto Kujawski (1994): “Eu sou eu e minha circunstância, se não salvo a ela não salvo também a mim” (p. 39). Com a noção de circunstância Ortega y Gasset dá dimensão objetiva à ética, pois o reconhecimento dos valores é cultural. O principal para a fundamentação ética e a superação do relativismo moral se encontra na teoria dos valores exposta em Introducción a uma estimativa. 0&   '      & 

(115)   /  &     -/   &  ' ocorre mesmo o contrário, isto é, algo nos agrada porque tem valor. Em seguida, explica que os valores também não são coisas desejadas ou desejáveis, pois podemos desejar o que não é um valor. Ao contrário, os valores são objetivos: “o caráter objetivo consiste em uma dignidade positiva ou. 

(116) &  

(117)   +-/   SU[Y‡]" ' +& 

(118)    &   „ '  &Q8 $   

(119)     . ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

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(122)

(123) . 116. 8 $   SUidem, p. 331). A estimativa que fazemos a partir dos valores depende do reconhecimento de um sistema de verdades. Este sistema depende de qualidades positivas e negativas e formam uma hierarquia: “A elegância é um valor positivo – frente ao negativo que é a falta de elegância, porém, por sua vez, é inferior à bondade moral e à beleza” (idem, p. 332). Os valores se organizam nas seguintes classes: úteis, vitais, espirituais (divididos em intelectuais, morais e   ]         &   

(124)  vitais e não suprimir a cultura em nome deles. Assim parece ser porque Ortega y Gasset chega a uma caracterização da moral como estrutura, quando organiza os valores em classes. Para saber se uma ação é moral é preciso levar em conta a circunstância. Ao comentar o   

(125)     '     &  /   

(126)     *   

(127)  /      " '     da Europa, mas de luxo. O veículo era polido por empregados mal pagos e numerosos. Por isto, o    

(128)  /  

(129)    '

(130)  0    -   *  ' +=Q0     -/  de absurdos se tivéssemos assistido a ensaios enérgicos para corrigi-los, ainda que as tentativas houvessem fracassado” (p. 81). No raciovitalismo orteguiano, cultura é menos que circunstância, pois é a face exterior '8     Revés de Almanaque: “A cultura, rigorosamente falando, é o sistema de 

(131) -4R  

(132) U]%&/ &  

(133)   ' 

(134) $   

(135) ' a arquitetura de seu mundo. Porque viver é tratar com um contorno, empenhar-se nele, esperar dele $~ SU‡YZ’]. Dito de outro modo em $4 ': “a cultura é aquilo para o que nossa atenção      SU‡Y]%  *       '& elementos do sujeito que não se confunde com o seu eu. Da circunstância, por exemplo, fazem parte: 8   

(136) 5 ' '    $  ' &  ' %-/  8 $     3  Introducción a una estimativa, mas já se encontra formulada em El Quijote en la escuela ensaio publicado no Espectador III & =. “& 8- 

(137) '

(138) 3           '     $    

(139)  do dever, porém será estéril intentar isto se não contar de antemão com uma vigorosa  $  

(140) '   '  3 UY‡\].  /   -  '  +-/  '. ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

(141) ‡.   !"#" $$

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(144) .       /   

(145)   %  /    

(146)   foi também tema de 6" 

(147) 

(148) , onde Ortega y Gasset escreveu: “A ética grega começa,          ' 8

(149)    SUˆ[ˆ]%     também foi abordada em 7 3

(150) 8"      =Q” 

(151)  & abstenção completa dos prazeres carnais era condição necessária para elevar-se à única forma de     /   =     SUˆƒ]%  & 

(152)  5     & 

(153)   /    ' $~    &8 $      % 

(154)     +' +!"  5  

(155)

(156)    '       ' 6" 

(157) 

(158) # '  '  - Q+  

(159)  

(160) SUˆ‚Y]%     plenitude deste desvio. Para voltar ao rumo certo precisamos olhar os valores desde dentro, com os      &   9 &   5 '  Idea del Teatro:Q

(161) $     $  &   

(162)    '    

(163)       ' /         SU‚‚] Nada mobiliza tanto o homem como o amor em todas as suas manifestações, diz Ortega y Gasset em ' $ ;    no Espectador I: “De sorte que debaixo da conduta    8    *    3

(164)     '       +      &       S U Y‡] 0     '  8/            '8/ '    Para um museo romântico (El Espectador VI]  = &  *      &      "  -/   U] ' &$  '  -/ & chegou as faculdades superiores do espírito. O amor não é um instinto que nascido de uma vez para sempre, perdura imperfectível (p. 523).. A realização de qualquer assunto importante da cultura depende de alguém desviar seu querer  „ &    /   

(165)   _ +    '  ;  libro del amor (El Espectador I) que as realizações culturais dependem de “algum espírito genial lograr transferir a séria atenção humana das coisas reconhecidas como interessantes para outras em & 

(166)  8 SUY\]" +

(167)   -/ ' & $  65&   #  • 5 -        • Q $  &   –  irresponsável a metade de nossa conduta” (idem'Y‡]0    '  3 •' +& este impulso é balizado pelos limites da cultura, o que distingue o desejo do querer vital. Eis como concebe a distinção El Quijote em la escuela (El Espectador III]=QŠ&  ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

(168)   !"#" $$

(169) "  

(170)

(171) . 118. de algo, e, portanto, querer os meios que o realizam. Em última instância, é sempre um querer fazer algo. Desejar, em contrapartida, é o que expressamos com mais rigor quando falamos de um mero „ SUY\‡] &+/ 8   &+ &/ 5&     •&    „ '       ' 

(172)    5       " ' &  &

(173)    *  &'   '  0    ' / 3    $    &&  & sociedade considera moralmente bom ou não. Assim a Ética surge como “lugar para discutir se o moralmente bom e moralmente mal coincidem ou não com estes outros valores vitais” (idem, p. 291). <R &/   Š         .   5 3~ 

(174)    '    + '    parte da cultura. Os valores mudam com o tempo e vão se objetivando em novas normas, leis,      $  '      '   '          

(175)  & /   %'    '~  6 -' & também tenha elementos do passado, é o que Ortega y Gasset esclarece em Reforma del caráter, no reforma de costumes, onde escreve: “é o costume precisamente o não legislável, porque não é substância humana, senão mecânica natural, e tanto vale proibir um costume, como proibir a uma. -/    SU\]% -/  ' !  - dos costumes num grupo, mas esta cristalização de procedimentos não impede a renovação cultural.    

(176)             „

(177)  #   mostramos, a objetividade da moral depende da objetividade dos valores. Este assunto foi desenvolvido nos diferentes ensaios de El espectador e encontra formulação completa em Introducción a una estimativa. 5 Escolhas e felicidade As escolhas éticas estão vinculadas a nosso querer vital e não aos desejos, como indicamos  % +-/  &

(178) 

(179) 6  `_ 5 &/ &   “ 

(180)   

(181)  -/ '   'Ideas sobre Pio Baroja (Espectador I), como Q   &  -  SU‡‰]9 &&/ 3    '   & „      +`”3  „

(182)  & 

(183) 6  `“    ' &/     6 +-/   „ '  „  /  - 8 $  &     *   y Gasset esclarece que algumas pessoas realizam seus desejos e ainda assim são infelizes. Esta 

(184) -/  

(185)  „       ' +•   —  UYZZƒ]&Q  3  + U]' 

(186)   &/ = 8   '  &˜$  ' 8 '  '/  *  SUƒ]%   '   ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

(187) 119.   !"#" $$

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(189)

(190) .  -/ 5 — ' &  /   *   /     5   &  &

(191)  As escolhas são fundamentais porque concretizam a missão de cada um, dão efetividade ao fundo insubornável que instiga a realizá-la. Explica Ortega em Ideas sobre Pio Baroja: “A verdade       $  8    5  ' &-/  entre o externo e o íntimo” (p. 85). “   „  +     +`    

(192)       modo: “Não há valores absolutos nem absolutas realidades. Tudo pode valer objetivamente, ser objetivamente real se é sinceramente sentido” (idem, p. 85). Portanto, importa o vínculo entre o &

(193)  +-/ 8   =Q#  ™"

(194)   &+ parte o íntimo é a verdadeira vida” (idem, p. 85). Œ  &/  „       '& & fazemos no espaço cultural pode nos fazer felizes. A resposta é negativa. As realizações são

(195)  '

(196) &  /      ter que ser" = Q“   &   $  

(197)    “    8 ' /      '  SUidem,\‡] !  &&  & /  /    +  +"8     &

(198)  Π #     = /   /     -/ &  & 

(199)         &       0 +#   &

(200)

(201) " previne contra o preconceito de considerar vital o retorno à animalidade, pois “estamos acostumados  

(202)      SUidem, p. 81). Não é isto o que vital representa e por isto é      -/   

(203)    “ — „  -/   a ação e a ação que arrebata quando relata a vida do aventureiro que dá tudo de si para vencer o que -

(204)    '  ' ' / $ &  & •~    +_    '„3      '&   paixões, como as jaulas comprimem as feras, não produzirá felicidade. O caminho da infelicidade   &     _ +!=Q      '$   do pecado é querer ser tido pelo que não se é” (idem, ZZ]%    '„  valores culturais, é o que faz alguém feliz..    

(205)         . %    5     &  +3"8 $   ' 6& 8 $    '  +!“8 3~    &#/ >  '6  /   +    / ' ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

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(209) . YZ.      / 5 #

(210) 

(211)    &

(212)     6  -'„  & 

(213)   

(214)  /    

(215)  '  &

(216)

(217) &""8'. Este assunto aparecerá também em Introducción a un Don Juan'       

(218)  6  

(219) -/   seguinte modo: “Declaro que não conheço outro traço mais certo para distinguir um homem moral de um homem frívolo que o ser capaz de dar a vida por algo” (p. 136). _   ~'  8      El tema de nuestro tiempo: Q&  8   &     '  _  ~S U‡\]%

(220) '&   ' / 8 $   '

(221)     68 $   &_ +!&

(222) &""8'que quando escolhemos algo “sem reservas, sem temores, integralmente – cumprimos com nosso dever, porque  

(223)      SUˆ[]"&/  

(224)  @ 3  Œ*&    

(225)

(226)  

(227)  

(228) 3 

(229) UYZZZ]=Q> 

(230)    '    /   &„     SUƒZ] A escolha ética obriga integralmente, mas não faz dele infeliz e esta é a crítica que ele faz aos gregos e a Kant, tão diferentes no tratamento das questões e tão iguais em defender uma lei moral que faz o homem infeliz. Diz Ortega y Gasset em Para la cultura del amor que “uma interpretação da ética que obriga formalmente o homem a estar descontente com ele mesmo, prova ipso facto sua  SU‚Y]%        <'

(231) ' =8''      esclarece a relação entre o descontentamento pessoal e os ideais subordinados a uma razão pura. Ele explica: “em vez de suplantar o instintivo e irracional convém completá-lo com esta: a razão nunca basta a si mesma, é somente correção do instinto, aperfeiçoamento da espontaneidade” (p. 485). %       -       9    &       8/  38  &

(232)  &3       R        ' /   

(233)   ?  &    /    egoísmo, ao contrário, representa entrega completa a alguém ou a alguma causa. O que Ortega esclarece neste ensaio é que quando amamos nos entregamos mais completa e dedicadamente ao que faz nossa vida valer a pena, ao que essencialmente somos. Diz Ortega y Gasset “não é o amante que jura, senão o amor mesmo que é, em sua plenitude, juramento” (idem, p. 143).   '!   $  &&    0   &   „  ”3 -

(234) & os amantes e não do mesmo modo. Diz o pensador em Esquema de Salomé que “existe, pois, uma harmonia pré-estabelecida entre homem e mulher, para esta, viver é entregar-se, para aquele, viver é  ~ U]'      '

(235)

(236)    -/ SU[ƒZ]          8/ 38      assunto de vários trabalhos: >4

(237) 8  >&'>

(238) "   4 '

(239)

(240) '. ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

(241) 121.   !"#" $$

(242) "  

(243)

(244) . e Masculino e Feminino, todos reunidos no volume IV e no prefácio do livro El collar de la paloma, transcrito no volume VII das Obras Completas. Neles Ortega trata das várias manifestações do amor, da entrega que o amor exige, do amor como agente de aperfeiçoamento moral, das características da escolha amorosa, das diferenças na forma de amar de homens e mulheres, da beleza feminina -4   8/   B    5   

(245)    orteguiano já se encontram nos ensaios de El Espectador&    8/  !& 6 -4 5  '  ~ de si mesmo e se desmoraliza. O homem que se desmoraliza torna-se massa e passa a procurar fora de si o sentido da vida. Ensaia encontrá-lo na política, na mesmice social, na rotina, no trabalho, mas não o encontrará aí, além de correr o risco de perder sua energia vital. Há na ética orteguiana o convite para o homem voltar a si na busca do sentido da vida e não se perder em hábitos, trivialidades e rotinas. O risco de perder-se parece grande ainda hoje quando      +$     '   -4 sobrepõe à amizade, onde o trabalho rotineiro e impessoal consome tempo crescente e onde fadiga e infelicidade estão associadas. A procura de alternativa para tudo isto, a busca de orientação para 

(246)        %     

(247)    -/  nos afastar aquilo que impede de ser o que somos..       

(248)  . _      &   8$  / & +    6 

(249) -/ &  +

(250)  ! 

(251)  &&   '     #/ >5 „     #/ >5   ~8    '   

(252) 8   companheiros de tropa. Ele não pretendeu tornar-se modelo, mas acabou sendo porque outros         Ortega distingue no ensaio No ser hombre ejemplarU[ˆˆ~[ˆ‰]'$   5  8 _$  8 #/ >5    &   ' '     6 

(253) -/ 9 &+8 %8  inane é, diversamente, realizada por aqueles que buscam a perfeição por imitação, sem que isto nasça 8 $  5  ' 

(254)       "      8  $  =Q &  ' &  '     -/ ' 8 0/ & - '  '  '  '   0/ &'   '   Š  '    š   SU[ˆƒ] &+8    `%   '  /  +. ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

(255)   !"#" $$

(256) "  

(257)

(258) . 122.    %$    /  ' 

(259)  "8     = Como ele é um temperamento radicalmente vaidoso e tudo o que faz tem em vista os demais, ou, o que é pior, convertendo-se ao modo de Narciso, em espectador de si mesmo, propende obsessivamente para onde é possível brilhar, e desconhece o amor generoso e     85  $  U[ˆ‡]. Š  !      -&  

(260)  -/     && 6 +-/   „    se entrega à disputa olímpica. Ele não elabora uma moral dos sentimentos, mas uma moral onde os sentimentos fortalecem a ação boa, como diz em El Quijote em la escuela que é importante buscar &Q     +      &   

(261) SUY‰ˆ] É este empenho para realizar uma missão pessoal que reaparece em $' & '. Deixando à parte seus comentários às Considerações de Scheler sobre a Guerra, Ortega diz que a guerra representa o empenho completo de mudar a circunstância. É o que serve nela, pois a guerra é uma quebra da ordem jurídica e moral. Diz: “Todas as guerras de todos os tempos foram feitas pelo futuro, não enquanto pode ser informado pela ação livre” (p. 196). Ele conclui que os benefícios da guerra ou são secundários, ou fortalecem a ordem jurídica..     . Neste trabalho tratamos as questões fundamentais da fase madura do raciovitalismo   “   &  

(262) 

(263)  &        -4  7   5  -/ &        

(264)    que fazer em circunstância. Também mostramos que os elementos da moral raciovitalista foram construídos em El Espectador, livro que ao lado das Meditaciones del Quijote, expressa a transição   

(265)       "  ~   El Espectador   &/           % -/   &5„                  

(266) " /    ' $8   5

(267)     -    

(268) #         3

(269)      superar o autoesquecimento e ir adiante da vida das massas. Os itens examinados nos mostram que a ética orteguiana é uma ética da vida, isto é, uma   & &3   8 $   '5  *   56  &  +0    ' / 

(270)   R         . + '     R    8    "+ 

(271)   ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

(272) 123.   !"#" $$

(273) "  

(274)

(275) . culturais para o espaço pessoal com o conceito de circunstância e estimula o entusiasmar-se com o ideal de perfeição nele presente. Este ideal, conforme procuramos indicar, encontra-se resumido no conceito vocação, o que faz a vida moral ser ética é a adesão pessoal a esta vocação. Cada homem    

(276) 

(277)  &3$         *  •+  ~  desenvolve o seu modo único de ser, sua vocação. Nos ensaios de El Espectador     os elementos de uma ética dirigida ao aperfeiçoamento da pessoa humana. Pessoa cuja condição

(278) ~-        &      de massas. Os elementos examinados no artigo: escolha moral, seu fundamento e vínculo com a felicidade; a noção de liberdade como um que fazer em circunstância; o entendimento de que valores se objetivam formando a cultura e que cultura é uma segunda pele que se junta ao eu, a compreensão de que os costumes são valores cristalizados difíceis de alterar, indicam que apesar de Ortega y Gasset não haver escrito um livro de ética forneceu elementos para se construir uma teoria ética. Alguns de seus herdeiros intelectuais mais conhecidos procurarão levar adiante esta tarefa, mas tratar disto seria ir muito além dos objetivos deste trabalho.. ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

(279)   !"#" $$

(280) "  

(281)

(282) . 124. Notas 1. %              -/ "  ‰Z &   !  8   †    ? 'Œ  _ '_ 7  ›   #7•+  

(283) %       .  7       „      -/    ' 

(284)  %  -/   -4      

(285) 

(286)       *  -/    7    Hoje se aceita que a partir de 1932 Ortega y Gasset tenha retomado do diálogo com a fenomenologia, mas esta segunda. U  ] /     & -   5         volta de 1911 e que consideramos genericamente como segunda fase de seu pensamento neste artigo. Na verdade, parece que a última fase do pensamento de Husserl favorece esta aproximação com o raciovitalismo. 2 O contato de Ortega com os neokantianos e culturalistas alemães deu-se na fase em que eles procuravam estabelecer  5   $   ”    & 

(287)    Wilhelm Windelband (1848-1915) e Heinrich Rickert (1863-1936). 3   & 8/    /  „3   Meditaciones del Quijote: <'

(288) ' =8' (485), 6" 

(289) 

(290) (533-543) e El tema de nuestro tiempo (143-243) reunidos no terceiro volume das Obras Completas; Goethe desde dentroU[\~‚Y‡]'La moral del automóvil em Espana (84-88) e La rebelión de las massasU[~[Z]'    

(291) @?šO que mais falta hojeUY[‡~Y‚]  +  

(292)  V; Introducción a un Don JuanUY~[‡]'Introducción a una estimativa, (315-335) e 3'?

(293)  "=   (419491) presentes no volume VI; $4 'Uƒ‰~Y‡Y]'Idea del teatroU‚‚~ˆZ] UˆZ[~ˆ‡[] 

(294) ?@@š 

(295) 

(296) 

(297) 4 8" (332-338) no volume v. IX; Reforma del caráter, no reforma de costumbres, U‡~Y]La 3

(298) 8", (56-58), no volume X e <'3

(299) " '

(300) >

(301) " 8"

(302) (331-443) no volume XII. Os ensaios de El espectador que tratam mais diretamente de questões éticas e que usamos neste artigo estão no volume II das Obras Completas e são: ' $ ;     (25-28), Tierras de Castilla (43-49); Ideas sobre Pío Baroja (p. 69ZY]'Para la cultura del amor U‚Z~‚ˆ]'&

(303) &""8'(149-154), $' & ' (192-223), El Quijote en la escuelaUY‡[~[Zƒ]'No ser hombre ejemplar (355-359), Esquema de SaloméU[ƒZ~[ƒ[]'Conversación en el ! U‚Z[~‚Z‰]'+ 

(304)  3 

(305) K U‚[~‚ˆZ]'Para um museo romântico (514-524), Intimidades (635-663) e Réves de AlmanaqueU‡‰~‡‚]

(306) @@Obras Completas publicado pela Alianza Editorial contém os oito tomos de El Espectador.   ‰ƒ'     

(307)    ‰‡'‰Y' ‰Yˆ'‰Yƒ'‰Y‡'‰[Z R  ‰[‚    $          „  ' aprofundando o estilo das Meditaciones del QuijoteB~ 

(308) +         '         '&   +_ UYZZY]=Q   &  espectador, que cria cultura 

(309)  SU[Z] 4 %&4  %  Ética a Nicômaco (III, 5,1113 b). (cf. publicação na coleção Os pensadores'#/ “ '0

(310) Œ'‰\‡6‚‡’\]#  B 3 Summa contra Gentios II, 48 diz que livre5   

(311)    &       %  -/ #  B 3  resumida por Abbagnano no seu 7" '!  X

(312)     UY'#/ “ => '‰\Y]. ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

(313) 125.   !"#" $$

(314) "  

(315)

(316) . !"  AMOEDO, Margarida I. A. 

(317) #

(318)

(319) 3'& 

(320) 8 "  &"Z[ . Lisboa: @0Œ>'YZZY †?%ž"Ÿ'†5#%†%#'   

(321)  

(322)

(323) . Oviedo: Universidad 

(324)  'YZZ[ ARAÚJO, Luís. Atualidade no pensamento ético de Ortega y Gasset. In: 

(325) #

(326)

(327)  9

(328) =@ <

(329)  'YZZ‡ —%žž"B'•   “       @ =Caderno Pensar: Estado de Minas, Y‚’Zƒ’YZZƒƒ Œ%>%ž%'@ 3 # !    

(330)  @ =Revista de Estúdios &'

(331) > ''

(332) YZZZ=ˆ‰~‡Z DROGUETT, Juan Guilermo. O

(333)

(334) “  =? +'YZZY !<%0B"#'> @† = @ =Revista de Estúdios &'

(335) > 'ˆ'YZZY=\ˆ~Z KANT, Immanuel. Textos seletos“  =? +'‰\ˆ ^<%›#^@'!  3#

(336) #/ “ =!_ž'‰\ƒ ______. 

(337)

(338) 3'& =[ #/ “ =>  '‰‰‚ †"_"#>%'•  '  La rebelión de las massas. In: Revista de Estúdios &'

(339) > 'Y'YZZ=[~[ˆ >%žB¡0'

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(344) YZZZ=ˆ~ˆ\ žB"!%¢!%##"B' "" Obras Completas

(345) @@[£   > = Alianza, 1998. ______. Goethe desde dentro. Obras Completas

(346) @?Y£   > =%  +'‰‰‚ ¤¤¤¤¤¤@      

(347) Obras Completas

(348) ?@Y£   > =%  +' ‰‰‡. ethic@ Florianópolis v. 9, n. 1 p. 111 - 125 Jun 2010.

(349)

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