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MODELO DESCRITIVO PARA A PERCEPÇÃO DE CONFORTO E DE RISCO

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MODELO DESCRITIVO PARA A PERCEPÇÃO DE CONFORTO E DE RISCO

Júlio Carlos de Souza van der Linden, Dr.

Grupo de Pesquisa Design UniRitter, Centro Universitário Ritter dos Reis Porto Alegre, Rio Grande do Sul

juliovanderlinden@terra.com.br

Lia Buarque de Macedo Guimarães, PhD, CPE Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFRGS

Porto Alegre, Rio Grande do Sul lia@producao.ufrgs.br

Palavras-chave: percepção de conforto, percepção de risco, emoção

Este artigo apresenta um modelo descritivo para a percepção de conforto e a percepção de risco com relação a produtos. Com base em pesquisa empírica e referencial teórico, a percepção de conforto e a percepção de risco são consideradas respostas afetivas (positivas, indiferentes e/ou negativas). O modelo inclui quatro parâmetros: características do produto (aparência, usabilidade e funcionalidade), forma de estimulo (como objeto, como agente ou como evento), referência dominante (prazer ou dor), nível de processamento da avaliação (visceral, comportamental ou reflexivo).

Key-words: comfort perception, risk perception, emotion

This article presents a descriptive model to comfort perception and risk perception related with products. Based on empirical research and on theoretical references, comfort perception and risk perception are defined as affective responses (pleasant emotions, neutral feelings and/or unpleasant emotions). The model includes four parameters, such as: product dimensions (appearance, usability and functionality), stimulus class (as object, as agent or as event), major concern (pleasure or pain) and appraisal process levels (visceral, behavioural or reflexive).

1. INTRODUÇÃO

Conforto e risco estão presentes nas definições de Ergonomia, de forma explícita ou implícita, e devem ser considerados em requisitos projetuais no desenho ou redesenho de produtos. Na medida em que o Design, pelo menos, deve atender a fatores ergonômicos, perceptivos, antropológicos, tecnológicos, econômicos e ecológicos (REDIG, 1977), não se trata de uma opção projetual, mas de uma exigência que esses aspectos sejam

adequadamente resolvidos. A despeito disso, em muitas situações o aumento do conforto e a minimização de riscos têm-se apresentado como objetivos mutuamente excludentes, devido a restrições técnicas ou por uma visão que desconsidera a importância do bem-estar para o desempenho humano. Por outro lado, em alguns casos, pessoas percebem-se confortáveis mesmo vivenciando situações em que estão expostas a riscos de acidentes. Um exemplo típico dessa situação paradoxal, observável cotidianamente nas sociedades

contemporâneas, é o uso de calçados femininos de bico fino e salto alto, historicamente associado a malefícios para a saúde das mulheres (LINDER e SALTZMAN, 1998; FREY, 2000)

Considerando-se a partir da perspectiva da Ergonomia e da Biomecânica o calçado deveria primar por oferecer proteção e conforto. Sob esse ponto de vista, o calçado feminino de salto alto e bico fino seria um produto destinado ao fracasso por não atender a essas funções. Contudo, esse tipo de calçado é um produto cultural de alto valor simbólico em nossa sociedade. O seu uso é motivado por rituais de sedução em busca de ganhos sociais ou profissionais (DANESI, 1999, SMITH e HELMS, 1999, PHELAN, 2002) a despeito dos riscos que incorpora, sejam lesões, deformações e doenças (MONTEIRO, 1999; FREY, 2000, PHELAN, 2002) ou riscos ocupacionais (LEE et al.,2001; GEFEN et al., 2002; KARAHAN e BAYRAKTAR, 2003). O sucesso desse tipo de produto pode ser explicado por meio de estudos sobre o comportamento do consumidor, que demonstram que o consumidor vê o benefício e não o produto como tal (KOTLER, 2000). Também é possível afirmar que o uso desse tipo de calçado faz parte de um código social de conduta, como um signo de feminilidade e sensualidade (DANESI, 1999). Contudo, a explicação para um comportamento de risco presente no uso desse tipo de produto necessita de uma motivação maior, que possivelmente venha a ser encontrada na dimensão do prazer.

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Com o intuito de contribuir para a concepção de produtos que sejam mais seguros, confortáveis e que tenham maior adesão por parte de seus usuários, este artigo apresenta um modelo proposto para descrever os fatores que afetam a percepção de conforto e de riscos associados ao uso de produtos. Esse modelo foi elaborado a partir dos resultados de uma pesquisa que investigou a percepção de conforto e a percepção de risco no uso de calçado feminino de bico fino e salto altos. O modelo está fundamentado em referencial teórico e na análise nos

resultados de um dos estudos de campo dessa pesquisa, realizada com base em métodos quantitativos,

focalizando amostras de mulheres em diversos ambientes de trabalho (incluindo usuárias e não usuárias desse tipo de calçado). Os resultados detalhados desse estudo, que incluem análises estatísticas não-paramétricas, não são apresentados neste artigo em função das limitações de espaço.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Emoção e prazer no uso de produtos

O estudo do papel das emoções tem recebido grande impulso na medida em se reconhece a sua importância para os processos cognitivos (DAMÁSIO, 2001; NORMAN, 2004). A partir de diferentes perspectivas teóricas, existem inúmeras definições do que é emoção e qual o seu papel para o ser humano (CABANAC, 2002; PERSON, 2003). Peter e Olson (1994) apresentam as emoções como respostas afetivas de forte intensidade de sentimento e alta ativação física. Damásio (2001) utiliza o termo emoção para o conjunto de reações fisiológicas (respostas), algumas das quais observáveis, e o termo sentimento para a experiência mental, privada, de uma emoção. Cabanac (2002) define emoção a partir de um modelo quadridimensional das sensações (ou estados mentais) como “qualquer estado mental vivenciado com alta intensidade e alto conteúdo hedônico

(prazer/desprazer)”.

A distinção entre emoção e prazer não é muito clara para as pessoas em geral e mesmo entre especialistas existem divergências a esse respeito. Para Damásio (2001) a relação entre emoção e prazer é similar à relação entre emoção e dor: embora ambos estejam intimamente relacionados à emoção, não são emoções. Dor e prazer são qualidades constituintes de certas emoções, bem como são desencadeadores de alguns tipos de emoção. Biologicamente, o papel do prazer é direcionar o organismo com vistas à manutenção de sua homeostase (DAMÁSIO, 2001). Tiger (1992) considera que a busca pelo prazer ocupa um importante papel na vida humana, tanto quanto a preocupação por se evitar a dor. Na sua visão, os prazeres humanos refletem

necessidades vitais e se manifestam em quatro categorias: físioprazer (prazer físico), socioprazer (prazer social), psicoprazer (prazer psicológico) e ideoprazer (prazer ideológico).

Para Norman (2004) as emoções ocorrem como resultado de três diferentes níveis de processamento do cérebro: o automático, denominado nível visceral; a parte que processa o comportamento cotidiano, chamada de nível comportamental; e o nível reflexivo, que é a parte contemplativa do cérebro. Os três níveis interagem entre si, modulando as suas respostas. As emoções provenientes de cada nível se apresentam de forma diferente. No nível visceral, uma ampla gama de condições geneticamente determinadas ativa automaticamente afetos positivos ou negativos. Nos níveis comportamental e reflexivo as emoções são fortemente afetadas pela educação e pela experiência. (NORMAN, 2004).

Segundo Ortony et al. (1988 apud DESMET e HEKKERT, 2002) as emoções são reações (com valência positiva ou negativa) a, principalmente, três aspectos do mundo: eventos, agentes e objetos. O foco em eventos estaria ligado às suas conseqüências, nos agentes por suas ações e nos objetos por algumas de suas propriedades. Com base nessa abordagem, Desmet e Hekkert (2002) propõem o Modelo Básico das Emoções com Produtos, segundo o qual um produto pode estimular uma pessoa de três formas: o produto em si (como objeto), o produto (ou o designer) como um agente e o produto como uma promessa de futuro uso ou propriedade.

2.2 Percepção de conforto

Estudos recentes indicam que a sensação de conforto está fortemente ligada a sensações de valência prazerosa. Slater (1985) já estabelece uma conexão entre a experiência prazerosa e a percepção de conforto. Jordan (2000) e Coelho e Dahlman (2002) sugerem uma relação entre conforto e prazer, que pode ser descrita por meio do

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modelo quadridimensional da consciência, proposto por Cabanac (2002). Se o conforto é um estado afetivo de menor intensidade que uma emoção, mesmo assim deve apresentar as quatro dimensões (intensidade, qualidade, tempo e a dimensão hedônica). Com relação à intensidade e ao tempo, o conforto apresenta características diferentes de uma emoção: a intensidade não é alta, mas a duração pode ser longa. Já para a dimensão hedônica, existem evidências de que o conforto apresenta ativação positiva (ZHANG et al., 1996).

Com base no modelo de Cabanac (2002) e na classificação de respostas afetivas (PETER e OLSON, 1994), pode-se considerar que o “sentir-se confortável” é uma emoção com valência hedônica positiva, ao passo em que o estado de conforto é um sentimento específico. Essa dinâmica, na qual o conforto se apresenta como emoção e sentimento, afetando humor e avaliação, demonstra a dificuldade de definir o que é conforto. Por outro lado, considerando Shen e Parsons (1997), o desconforto decorre de uma ativação negativa, de natureza fisiológica ou física. Esse tipo de ativação implicaria em sentimento com carga hedônica negativa (CABANAC, 2002). Assim, a oposição entre conforto e desconforto, embora questionada por Zhang (1992), parece se dar em um eixo, tal como aquele proposto por Cabanac (2002) para a dimensão hedônica, envolvendo um nível de indiferença entre dois pólos diametralmente opostos.

2.3 Percepção de risco e o uso do calçado feminino

Enquanto o risco no ambiente de trabalho é conseqüência da concepção do trabalho, do ambiente físico, dos equipamentos utilizados e do comportamento das pessoas, a percepção do risco é um fenômeno subjetivo fortemente determinado por atitudes e crenças (SJÖBERG, 2003). De forma geral, os riscos do uso do calçado feminino de salto alto e bico fino podem ser classificados em dois grupos: riscos de deformações e riscos de acidentes. Existem fatores físicos que afetam a adaptação de um calçado de bico fino, como o tipo do pé e a relação entre largura e altura do pé. Mesmo com essas restrições, muitas mulheres utilizam bicos finos, tendo como conseqüência o desconforto físico e a deformação do pé ao longo do tempo.

A partir do conceito de perigo potencial, apresentado por Soares e Busich (2000), pode-se considerar o calçado feminino de salto alto e bico fino como um perigo latente, já que seu uso pode gerar prejuízos de maior ou menor monta, embora não traga em si a fonte para um possível dano. A falta de estudos epidemiológicos que demonstrem a extensão dos riscos, conforme apontam Linder e Saltzman (1998), contribui para a construção de uma percepção distorcida quanto ao risco, ou diminui o valor da severidade percebida.

3. PROPOSIÇÃO DE MODELO

O modelo foi desenvolvido com base no referencial teórico e em um estudo que avaliou a percepção de

conforto, percepção do risco e importância da aparência no uso do calçado feminino. O estudo foi realizado com mulheres (n= 343) em oito diferentes ambientes de trabalho. A formulação do modelo baseou-se na verificação da associação entre o comportamento de uso e um conjunto de fatores que resultaram da análise estatística do questionário. Esses fatores foram: a importância da aparência; a atitude diante de riscos; a percepção sobre descritores do calçado feminino; a percepção sobre o uso do calçado feminino; e a percepção do risco no uso. O comportamento de uso, baseado na freqüência de uso de três variáveis do calçado (salto alto, salto fino e bico fino), foi analisado por meio de cinco grupos típicos de usuárias: uso diário e freqüente de saltos altos e finos e bicos finos; uso diário ou freqüente de saltos altos e finos e bicos finos; uso diário ou freqüente de saltos altos e uso raro de saltos finos e bicos finos; uso diário ou freqüente de saltos altos e uso eventual de saltos finos e bicos finos; uso raro ou eventual de saltos altos e finos e bicos finos.

Com base na análise dos resultados, encontrou-se que a avaliação de conforto no uso do calçado feminino é mediada pelos valores pessoais, de acordo com a valência hedônica da experiência e com os seus potenciais efeitos sobre a integridade pessoal. A dimensão hedônica, tendo como base Cabanac (2002) e considerando os quatro tipos de prazer de acordo com Tiger (1992), explica os comportamentos de uso e de não uso. Nessa dimensão colocam-se tanto a atitude de usar o calçado com desconforto evidente, mas motivada pela aparência resultante (psicoprazer), como a atitude de não usar, devido ao desconforto (valência negativa do fisioprazer). No caso da avaliação negativa, o papel de ativação cabe aos valores ligados à manutenção da integridade

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pessoal. Já para a avaliação positiva, as evidências levantadas a partir das associações encontradas entre uso e importância do calçado para a aparência, e dos padrões relacionando percepção de risco e aparência, indicam que o papel de ativação cabe ao prazer pelo objeto ou pela situação. Nesse caso, envolvendo fisioprazer e psicoprazer, o processo é visceral e comportamental, de acordo com Norman (2004). A aparência do objeto ou a situação imaginada no seu uso ativam níveis não reflexivos do processamento do cérebro. Essa descrição permite explicar a negação do risco por parte das pessoas que gostam muito do calçado.

As mulheres que gostam e usam esse tipo de calçado são motivadas pelas emoções que o seu uso ativa e essas emoções afetam a sua avaliação de riscos. Por outro lado, as mulheres que percebem o risco no uso e não o utilizam, adotam um processamento mais reflexivo, não sendo afetadas de forma tão intensa por emoções prazerosas. Dessas considerações, pode-se propor que, para algumas pessoas, a emoção prazerosa decorrente da experiência com um produto pode inibir a percepção de risco, afetando positivamente a percepção da aparência e do conforto. Para outras pessoas, orientadas à conservação de sua integridade, a percepção de alto risco pode inibir a percepção do prazer, afetando negativamente tanto a avaliação da aparência como a do conforto. A percepção de algo como portador de risco, a partir de uma referência que valoriza o cuidado com a sua

integridade, gera emoções associadas a insegurança, como medo e temor, que têm valência hedônica negativa. Por outro lado, a percepção de algo como bonito, a partir de uma referência que valoriza a boa aparência, gera emoções como alegria e paixão, que têm valência hedônica positiva.

Assim, como um produto pode evocar diferentes emoções em diferentes pessoas, também pode evocar múltiplas emoções para uma mesma pessoa. Isso se dá pela ativação de múltiplas referências, que dependem do conjunto de valores e experiências de cada pessoa. A partir disso, articulando-se as abordagens de Desmet (2003) e Cabanac (2002) com a compreensão de que a percepção de riscos é dependente dos valores pessoais

(SJÖBERG, 2003; RENN, 2004), pode-se sugerir que a percepção do risco e a percepção do conforto quanto a um produto dependem da referência dominante para o sujeito com relação a uma determinada categoria de estímulo (produto como objeto, produto como agente, e produto como evento).

Na elaboração do modelo para descrever o processo de percepção de conforto e de risco na relação com produtos, apresentado na Figura 1, tomou-se como referência o modelo básico das emoções de Desmet (2003). O modelo considera o conceito de referências dominantes, que podem estar direcionadas à busca do prazer ou à fuga da dor. Por outro lado, o produto é considerado a partir das três dimensões propostas para as necessidades do consumidor, adaptadas de Jordan (1998) e Coelho e Dahlman (2002). Também é considerado o efeito da forma de estímulo que o produto apresenta em cada situação, que corresponde ao contexto em que se dá a avaliação: como objeto, como agente ou como evento, conforme Desmet e Hekkert (2002). Além disso, o modelo incorpora os níveis de processamento apresentados por Norman (2004), que permitem explicar

diferentes respostas afetivas e são compatíveis com a classificação de prazeres conforme Tiger (1992). Por fim, considera a definição de emoção proposta por Cabanac (2002), que contempla a dimensão hedônica

(prazer/desprazer) e a natureza judicante das respostas afetivas e seu papel na tomada de decisão (MATURANA, 2001; NORMAN, 2002).

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Figura 1 Modelo para a percepção de conforto e risco

Neste modelo, a percepção de conforto e de risco com relação aos produtos é considerada uma resposta afetiva que se dá a partir de quatro parâmetros: características do produto (aparência, usabilidade e funcionalidade); forma como o produto estimula a pessoa (como objeto, como agente ou como evento); referência dominante para a pessoa (prazer ou dor); e nível de processamento em que se dá a avaliação (visceral, comportamental ou reflexivo). Considerando o modelo de Cabanac (2002), as respostas afetivas podem ocorrer como diferentes sentimentos. Assumindo como extremos as emoções prazerosas e as emoções desprazerosas, entre essas há um amplo espectro de sentimentos, incluindo sentimentos de indiferença. No modelo para a percepção de conforto e risco, as respostas afetivas decorrem das avaliações de três fatores: aparência, conforto e risco. Cada fator pode ser avaliado em uma escala própria. A percepção de conforto decorre da qualidade, intensidade e valência da avaliação do conforto. Pode variar de um profundo mal-estar, decorrente de aspectos físicos ou psicológicos, a um estado de êxtase. A percepção de risco, por seu lado, pode assumir desde uma atitude de indiferença, caracterizada pela negação do risco, a uma forte emoção negativa, como um pavor extremo diante da exposição a um dado produto. Já a percepção da aparência depende fortemente da referência dominante, sendo importante a sua avaliação será caracterizada por alta intensidade e alta valência hedônica. Caso não seja importante tenderá a um sentimento de indiferença, se não estiver associada a deficiências de funcionalidade ou usabilidade, quando poderá ter forte valor hedônico negativo.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os parâmetros considerados neste modelo não são independentes, o nível do processamento é influenciado pela natureza da referência dominante e pela forma de estímulo. A referência dominante também não é um parâmetro fixo para cada pessoa em relação a todos os produtos e situações. Pela sua definição, trata-se de um conjunto de

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preferências mais ou menos estáveis (DESMET, 2003). A referência dominante para cada tipo de produto é ativada em função da forma de estímulo. Assim, um produto pode ser percebido de diferentes maneiras de acordo com a interação entre referência e forma de estímulo: um mesmo calçado pode ser considerado sensual (como objeto), perigoso (como agente de um acidente) e elegante (adequado para uso em eventos que exigem boa apresentação).

Este modelo segue a perspectiva cognitivista, que está na base dos trabalhos de Cabanac (2002) e Desmet (2002), segundo a qual é possível prever as respostas afetivas a partir do conhecimento da natureza da sua avaliação, que é dependente das referências. Trazendo para a aplicação prática no campo da Ergonomia e do Design, este modelo poderá ser utilizado com fins preditivos ou fins explicativos. Poderá ser adotado para avaliar antecipadamente a adesão a equipamentos de proteção individual, por exemplo. Ou poderá ser utilizado para explicar diferenças na percepção entre grupos de usuários, a partir da identificação das suas referências dominantes.

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