CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO
DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
Origem: PRT 1ª Região
Interessado(s) 1: Cristiano da Silva e Vagner Siqueira Barreto
Interessado(s) 2: JM Paletes Empreendimentos de Madeira Ltda e Rio
de Janeiro Refrescos Ltda. (Coca-cola)
Interessado(s) 3: Ministério Público do Trabalho
Assunto(s): Codemat 01.05
Procuradora oficiante: Juliane Mombelli
“Diligência
solicitada
e
não
realizada.
Necessidade de aguardo das informações dela
provavelmente constantes para decidir-se sobre
o arquivamento. Conversão do julgamento em
diligência.”
RELATÓRIO
Trata-se de procedimento administrativo instaurado
por força de denúncia formulada por Cristiano da Silva e Vagner Siqueira
Barreto em face de JM Paletes Empreendimentos de Madeira Ltda. e Rio
de Janeiro Refrescos Ltda. (Coca-Cola), noticiando, em síntese, verbis:
“(...)
... trabalham em local aberto, sob sol e chuva, sem qualquer proteção. O ambiente é muito sujo, com lama,
água acumulada, ratos e insetos. São autorizados a ir ao banheiro apenas um por vez.
Noticiaram também que não possuem capacete, protetor facial, as luvas e as camisas são curtas provocando acidentes coo a aspiração de pó de vidro e cortes nos braços. Bem como, não possuem protetor auricular para proteção dos ruídos das empilhadeiras, apenas os motoristas recebem.
Relataram que o chefe direto dos funcionários terceirizados, Sr. Luís Cláudio, empregado da Coca-cola, destrata os funcionários, os aborda com tapas e xingamentos como: “cachorro sarnento” e “filho da p...”.
Por fim, disseram que as horas extras são pagas a menor e que não tem folga semanal, pois sentem-se obrigados a trabalhar ininterruptamente, sob pena de demissão”.
Em sede de apreciação prévia (fls. 08/09), o i. Órgão
Ministerial oficiante determinou a expedição de ofício à SRTE para que
realizasse fiscalização in loco no âmbito da denunciada.
Às fls. 29/31, relatório fiscal nos seguintes termos,
verbis:
“A empresa apresentou o Livro de Inspeção do trabalho, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, os Atestados de Saúde Ocupacional – ASO, as atas das reuniões ordinárias da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, a Análise Ergonômica do Trabalho, as Ordens de Serviço sobre Medicina e Segurança no Trabalho, as fichas de entregas de EPI’s; possui SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho; fornece água potável para os
empregados; possui gabinetes sanitários com portas de acesso dotadas de trinco, de modo a manter o resguardo conveniente; dispõe de chuveiros com água quente e piso de material antiderrapante; mantém as instalações sanitárias em perfeito estado de conservação e higiene, dispõe de vestiário com armários individuais; possui extintores de incêndio e fornece Equipamentos de Proteção Individual – EPI para os trabalhadores.
O local de trabalho (galpão) possui proteção contra intempéries e durante a fiscalização não foi observada a presença de lama, ratos ou insetos nem restrições à utilização do banheiro. Os empregados recebem e utilizam Equipamentos de Proteção Individual – EPI e as luvas e camisas utilizadas estavam em bom estado de conservação. Também não foi observada a presença de pessoas tratando os trabalhadores com palavras ofensivas, xingamentos ou agressões físicas.
Proponho o envio dos autos à SIT para apurar as denúncias relativas ao pagamento de horas extras a menor, supressão do repouso semanal remunerado e terceirização irregular (grifos nossos)”.
Considerando o teor do relatório fiscal e a existência
de irregularidades ainda não apuradas – horas extras, RSR e terceirização
irregular – o Parquet oficiante determinou a expedição de novo ofício ao
MTE para que procedesse à realização de fiscalização quanto aos temas
faltantes (ofício requisitório às fls. 33).
Em seguida, sem qualquer resposta do Órgão
Fiscalizador, o Parquet oficiante determinou o arquivamento do
procedimento sob os seguintes fundamentos, verbis:
Conforme se depreende dos relatórios fiscais, percebe-se que não foram confirmadas as denúncias relacionadas ao Meio Ambiente do Trabalho. As normas de proteção à saúde e à segurança dos trabalhadores – objeto principal do inquérito – estavam sendo observadas pelas denunciadas no momento da ação fiscal.
Tendo em vista que a parte mais substancial da representação não se confirmou, entendo que devam ser interrompidas as investigações. Em primeiro lugar, porque a denúncia quanto à jornada de trabalho foi genérica, mencionando apenas pagamento a menor e não concessão de folga, sem detalhamentos. Não foi noticiado excesso de horas extras, o que poderia ser prejudicial à saúde dos trabalhadores.
Por outro lado, não se pode prorrogar indefinidamente uma investigação. Observe-se que a denúncia original foi apresentada no ano de 2008, sem que tenha chegado ao conhecimento desta Procuradoria nova notícia de irregularidades quanto à jornada de trabalho de tais empregados.
(...)
Por fim, cumpre notar que em razão dos ofícios já encaminhados, a SRTE/RJ irá comunicar ao MPT caso encontre irregularidade, ensejando reabertura das investigações”.