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PROCESSO Nº : 16.517-4/2010

INTERESSADA : CÂMARA MUNICIPAL DE PONTES E LACERDA ASSUNTO : CONSULTA

RELATOR : CONSELHEIRO CAMPOS NETO PARECER Nº : 110/2010

Excelentíssimo Senhor Conselheiro:

Trata-se de consulta formulada pelo Senhor Claudinei Sella, Presidente da Câmara Municipal de Pontes e Lacerda, de fl. 02 TC, referente à contratação de empresa para realização de concurso sem custo para a administração pública, tendo como remuneração apenas as inscrições dos candidatos interessados. Para tanto, propõe as seguintes questões:

1 – tais empresas poderão ser contratadas apenas com uma dispensa de licitação?

2 – as inscrições poderão ser depositadas diretamente na conta da contratada?

3 – esses valores fariam parte do limite do duodécimo? Não foram juntados documentos complementares aos autos.

É o breve relatório.

1. DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

A consulta foi formulada em tese, proposta por pessoa legítima, além de versar sobre matéria de competência deste Tribunal, preenchendo, portanto, os requisitos de admissibilidade exigidos pelo art. 232 da Resolução n° 14/2007 (Regimento Interno do TCE/MT).

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2. DO MÉRITO

Três questões foram colocadas pelo consulente e serão analisadas separadamente.

Inicialmente, a possibilidade de dispensa de licitação para contratação de empresa para realização de concurso público, a possibilidade de serem feitos depósitos das inscrições diretamente na conta da contratada e, finalmente, se a despesa com a contratação faria parte do limite de duodécimo.

Além disso, o consulente menciona que a remuneração da empresa contratada será feita exclusivamente pelos valores das inscrições pagas pelos candidatos interessados, tema que, pela divergência doutrinária e importância, também será abordado neste parecer.

Insta destacar que há prejulgados neste Tribunal de Contas referentes às questões propostas pelo consulente, que embora não respondam por completo às dúvidas apresentadas, têm relação com o objeto da consulta e serão apresentadas ao longo deste parecer.

2.1. Da dispensa de licitação

A obrigatoriedade de procedimento licitatório nas contratações de serviços e aquisições de bens feitos pela Administração tem sua origem na Constituição Federal, regulamentada pela Lei 8.666/93, permitindo esta, também com fundamento constitucional, a previsão da exceção de não licitar, mediante dispensa ou inexigibilidade.

Desta forma, para que a situação possa implicar em dispensa de licitação, deve o fato concreto enquadrar-se em uma das hipóteses estabelecidas no artigo 24 da Lei de

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Licitações, preenchendo todos os requisitos que o legislador expressamente indicou para cada situação.

A opção pela dispensa de licitação deve ser justificada pela Administração, comprovando a conveniência e o interesse público, sendo que a opção pela dispensa deve ser oportuna sob todos os aspectos para o Poder Público.

Observa-se que a lei enumerou expressamente as hipóteses de dispensa de licitação, sendo este rol taxativo.

Além disso, ressalte-se que, nestes casos relacionados pela legislação, há a discricionariedade da administração na escolha da dispensa ou não do certame, devendo-se levar em conta o interesse público. Muitas vezes, o administrador opta pela dispensa, posto que, como afirma o Prof. Marçal Justen Filho1, "os custos necessários à

licitação ultrapassarão benefícios que dela poderão advir".

Dessa forma, uma vez constatada uma das situações previstas no rol dos incisos do art. 24 da LeI 8.666/93, o procedimento deverá ser formalizado, nos termos do art. 26 do mesmo estatuto.

Este é o entendimento sedimentado neste Tribunal de Contas, conforme Resolução de Consulta nº 03/2007, in verbis:

Resolução de Consulta nº 03/2007 (DOE 23/10/2007). Licitação. Dispensa. Processo Administrativo. Necessidade de formalização. É indispensável a formalização de processo administrativo na contratação de bens ou serviços mediante dispensa de licitação (inclusive quando se tratar de valor inferior a R$ 8.000,00). Esse critério visa assegurar o cumprimento dos princípios atinentes à licitação e das exigências gerais previstas na Lei nº 8.666/1993.

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No caso apresentado pelo consulente, a hipótese mais provável de dispensa de licitação seria aquela prevista no inciso VIII, do art. 24 da Lei de Licitações, que trata da aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência da citada Lei, desde que o preço praticado seja compatível com o de mercado.

Frise-se que é possível a dispensa de licitação nestes casos quando a proposta for compatível com o preço praticado no mercado. Sobre este ponto, importante é a lição de Marçal Justen Filho2, que assim assevera

A regra é a Administração desembolsar o mínimo possível para obter certa utilidade. Se a iniciativa privada dispõe de ofertas mais vantajosas para executar certo objeto, a Administração não pode realizar despesas mais elevadas, sob a única justificativa de que está recorrendo aos préstimos de entidade administrativa.

Assim e em resposta ao consulente, a empresa poderá ser contratada por dispensa se a situação se enquadrar em uma das hipóteses estabelecidas no artigo 24 da Lei de Licitações, preenchendo todos os requisitos que o legislador expressamente indicou para cada situação, sendo indispensável a formalização de processo administrativo.

Caso a dispensa seja realizada com base no inciso VIII do art. 24 da Lei nº 8.666/93, deve-se comprovar os requisitos gerais da dispensa e os específicos previstos neste inciso, principalmente que o valor praticado pela pessoa jurídica de direito público interno é compatível com o preço de mercado.

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2.2. Da forma de pagamento da contratada

O segundo ponto questionado é quanto à possibilidade do valor das inscrições ser depositado diretamente na conta da contratada, tendo em vista que a remuneração do contratado seria feita exclusivamente pelas taxas de inscrições realizadas.

De início, observa-se que a Constituição Federal, em seu artigo 165, §5º, determinou que a lei orçamentária deve abranger: a) o orçamento fiscal de todos os Poderes, órgãos, fundos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, b) orçamento de investimento das empresas estatais que o poder público tenha maioria do capital social com direito ao voto e c) o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos, da administração direta ou indireta, bom como os fundos, fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

Além disso, a Lei nº 4.320/64 dispõe que a Lei de orçamento conterá a discriminação da receita e despesa, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios da unidade, universalidade e anualidade (art. 2º). A citada lei prescreve também que o Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito em lei e todas as despesas próprias dos órgãos de Governo e da administração centralizada ou que por intermédio deles se devam realizar (arts. 3º e 4º).

A previsão constitucional e os dispositivos da Lei nº 4.320/64 citados acima consagraram o princípio da universalidade que preceitua que

o orçamento único deve conter todas as receitas e todas as despesas pelos seus valores brutos, compreendendo um plano financeiro global, não devendo existir despesas ou receitas estranhas ao controle da atividade

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econômica estatal3.

Neste rastro, as receitas e despesas insertas na lei de orçamento devem ser contabilizadas pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções, conforme impõe o princípio do orçamento bruto, positivado no art. 6º da Lei nº 4.320/65.

Sebastião de Sant´Anna e Silva, citado por Sérgio Jund4, afirma que esta regra

pretende impedir a inclusão de importâncias líquidas no orçamento, decorrentes do saldo verificado pelo confronto entre as receitas e despesas de determinado serviço público.

Frise-se que da mesma forma que a previsão orçamentária deve abranger todas as receitas e despesas, a execução do orçamento deve abranger todas as receitas efetivamente arrecadadas e todas as despesas realizadas, sob pena de descontrole das contas públicas.

Outro ponto a ser observado é que a Lei nº 4.320/64 prevê que o recolhimento das receitas deve ser feito em observância ao princípio de unidade de tesouraria, sendo vedada a fragmentação de caixas especiais (art. 56).

Além disso, ressalta-se que o princípio contábil da oportunidade estabelece que os registros contábeis devem ser feitos de imediato e com a extensão correta dos valores que representam, independentemente das causas que os originaram.

Desta forma, é ilegal que a receita pública decorrente do pagamento das taxas de inscrições do concurso viesse a ser depositada diretamente na conta bancária da empresa organizadora do concurso público.

Assim, o recebimento das inscrições de concursos públicos deve ser feito em contas bancárias do tesouro.

3 JUND, Sérgio. AFO, administração financeira e orçamentária: teoria e 750 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. p. 73

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A existência de crédito – taxa de inscrição em concurso público – não contabilizado, configura omissão de receita, comprometendo o planejamento público e o controle fiscal, responsabilidades inafastáveis e inadiáveis do gestor público. Destaca-se que a omissão de receita viola o art. 165 da Constituição Federal, conforme salientado anteriormente.

Além disso, o recebimento das taxas de inscrição diretamente pela empresa contratada pode configurar ato de improbidade administrativa, conforme previsão do art. 10, inciso II da Lei nº 8.429/92. Vejamos:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

...

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

O Tribunal de Contas da União também possui entendimento consolidado no sentido de considerar vedado o recebimento direto pelo contratado das taxas de inscrições feitas pelos candidatos, conforme Súmula nº 214, que transcrevemos:

Súmula nº 214

Os valores correspondentes às taxas de inscrição em concursos públicos devem ser recolhidos ao Banco do Brasil S. A., à conta do Tesouro Nacional, por meio de documento próprio, de acordo com a sistemática de arrecadação das receitas federais prevista no Decreto-lei nº 1.755, de 31/12/79, e integrar as tomadas ou prestações de contas dos responsáveis ou dirigentes de órgãos da Administração Federal Direta, para exame e julgamento pelo Tribunal de Contas da União.

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Frise-se que em consonância com a Súmula citada, datada de 1982, o TCU possui recentes e reiteradas decisões neste sentido:

1 - Consubstancia desrespeito ao princípio da unidade e universalidade do orçamento, a captação de receita e a realização de despesas para a promoção de concurso público, delegadas a pessoa jurídica de direito privado.

[VOTO]

Os valores recebidos a título de inscrição, a meu ver, são indubitavelmente recursos públicos, visto serem de recolhimento compulsório para os interessados e serem vinculados a uma prestação do Estado, ou seja, são efetivamente taxas, espécie de tributo. Além disso, destinam-se a cobrir uma despesa de caráter eminentemente público: a realização de concurso para o cargo de Juiz Substituto.

Essa circunstância evoca a existência de ilegalidades concernentes à administração financeira desses recursos e à inobservância do princípio da licitação e da isonomia.

No que concerne ao primeiro aspecto, entendo que a estruturação 'atípica' da captação de receita e da realização de despesas se consubstanciou em desrespeito aos princípios da unidade e da universalidade do orçamento, que preceituam que todas as receitas e despesas públicas devem estar consignadas num único documento e numa única conta, vedando-se controles financeiros, contábeis ou orçamentários 'paralelos', como se conclui da leitura do art. 165 da Constituição Federal, do art. 2º da Lei nº 4.320/64, do art. 2º do Decreto nº 93.872/86, do Decreto-lei nº 1.755/79 e da Súmula nº 214 desta Corte.

[…]

ACORDAM [...] em:

9.1. determinar ao Tribunal Regional Federal - TRF/2ª Região que: [...]

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delegação da administração financeira da realização de concursos públicos, por contrariar o disposto no art. 165 da Constituição Federal, no art. 2º da Lei n.° 4.320/64, no art. 2º do Decreto n.° 93.872/86 e no Decreto-lei nº 1.755/79;

9.1.3. adote providências no sentido de, na hipótese da existência de superávit na confrontação das receitas de taxas de inscrições com as despesas decorrentes da promoção do certame em tela, repassar o saldo remanescente para a Conta Única do Tesouro Nacional, nos termos do Decreto-lei nº 1.755/79 e legislação correlata;

Informações AC-1906-38/07-P Sessão: 12/09/07 9.2. determinar à Escola Superior de Guerra - ESG que:

9.2.1. em cumprimento ao disposto no art. 164 § 2º da Constituição Federal, recolha à conta única do Tesouro Nacional todo e qualquer ingresso de caráter originário ou derivado, ordinário ou extraordinário e de natureza orçamentária ou extra-orçamentária, seja geral ou vinculado, que tenha sido decorrente, produzido ou realizado direta ou indiretamente pelos órgãos competentes;

Informações AC-3189-31/08-2 Sessão: 02/09/08

Desta forma e em resposta ao consulente, é vedado o recebimento direto pelo contratado das taxas de inscrições feitas pelos candidatos, por afrontar os princípios da oportunidade, da universalidade, do orçamento bruto e da unidade de caixa, além de constituir omissão de receita e violação aos princípios constitucionais da moralidade e eficiência, devendo o Poder Público ter o controle das receitas e despesas que irá realizar.

2.3. Administração Pública e contrato de risco

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celebração do contrato de risco firmado pela Administração Pública ao informar que a contratada seria remunerada exclusivamente pelas taxas de inscrição do concurso público. Por ser tema polêmico na doutrina e jurisprudência, merece algumas considerações.

Inicialmente, ressalta-se que este Tribunal de Contas sedimentou entendimento de que é possível a celebração deste tipo de contrato pela Administração Pública, atendidos os requisitos legais, conforme prejulgado abaixo:

Acórdão nº 557/2007 (DOE 14/03/2007). Contrato. Recuperação de Créditos. Possibilidade de contratação de risco, observadas as condições.

É possível a celebração de contrato de risco para a prestação de serviços visando à recuperação de créditos do Estado, estabelecendo remuneração com base em percentual incidente sobre créditos recuperados. Neste caso, é necessário que haja previsão de valores globais ou máximos do contrato a ser firmado, observando as normas orçamentárias e financeiras que exigem a previsão das despesas a serem pagas. O pagamento deverá ser efetivado somente após o efetivo ingresso dos recursos recuperados nas contas públicas.

A contratação de risco sem a demonstração dos valores a serem pagos somente é possível quando o contratado seja exclusivamente remunerado pelos honorários de sucumbência devidos pela parte vencida, no montante determinado em juízo, visto que, neste caso, não há egresso de recursos públicos.

O prejulgado acima tratou da celebração de contrato de risco para recuperação de créditos do Estado, mas considera-se igualmente possível a pactuação com cláusula de risco para realização de concurso público, com a remuneração feita integralmente com os recursos obtidos pelas inscrições pagas pelos candidatos.

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contrato dos valores globais ou máximos a serem pagos pelo ente público, sob pena de afronta aos princípios da probidade administrativa, julgamento objetivo e vinculação ao instrumento convocatório (previstos no art. 3º da Lei nº 8.666/93), além de violação aos princípios constitucionais da moralidade e eficiência.

É possível, ainda, que a remuneração seja variável de acordo com o número de inscritos ou em valor fixo, definido no edital e no contrato, conforme prejulgado deste Tribunal de Contas abaixo:

Acórdão n° 1.053/2007 (DOE 28/05/2007). Previdência. RPPS. Concurso público. Possibilidade de realização direta ou por empresa especializada, contratada mediante licitação. Possibilidade de remuneração do contrato com base em valores fixos ou variáveis, atendidas as condições. Posse dos aprovados: competência do dirigente máximo.

O concurso público para admissão de pessoal pode ser realizado diretamente pelo RPPS ou por empresa especializada, contratada mediante procedimento licitatório. A modalidade licitatória dependerá do valor estimado do contrato.

O pagamento à contratada ocorrerá conforme previsão contratual, sendo possível a remuneração em valores fixo ou variável, em conformidade com o número de inscritos, por exemplo. Neste caso, é imprescindível que a Administração Pública faça previsão dos valores globais ou máximos do contrato a ser firmado, estimando o montante a ser arrecadado com as inscrições pagas, em cumprimento às normas orçamentárias e financeiras pertinentes.

Para dar posse aos candidatos aprovados, é autoridade competente o dirigente máximo do órgão ou da instituição, salvo se existir previsão diversa na legislação. Caso o Fundo de Previdência possua natureza contábil, a autoridade competente será o chefe do Poder Executivo. (grifamos)

Segue este entendimento o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina que exige a previsão no edital do valor máximo a ser pago à instituição realizadora do concurso público, conforme decisão seguinte:

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"Somente é admissível o contrato de risco ("ad exitum") na Administração Pública quando o Poder Público não despender qualquer valor, sendo a remuneração do contratado exclusivamente o valor das inscrições em concurso público pago pelos interessados. A Concorrência é a modalidade de licitação adequada para a celebração deste tipo de contrato, onde o critério de julgamento será a oferta do menor valor por inscrição, limitado a um valor máximo especificado pela Administração no edital." (TCE-SC, prejulgado nº 1213)

É preciso considerar que eventualmente o valor arrecadado com as taxas de inscrições sejam superiores ao limite previsto no contrato. Desta forma, por precaução, é necessária a previsão no edital e no contrato de que, havendo diferença a maior referente ao valor do serviço contratado e as receitas obtidas com as inscrições realizadas, esta diferença não deverá ser revertida ao particular.

Sobre este assunto, o próprio o TCU, ao contratar com a empresa que realizou concurso público para ingresso de servidores nos seus quadros, previu cláusula determinando que eventuais valores que superassem o teto previsto no contrato deveriam permanecer nos cofres públicos. Vejamos:

8.2.11 – Os valores das taxas de inscrição serão depositados em conta única do Tesouro Nacional, por meio de GRU (Guia de Recolhimento da União), na Unidade Gestora 154079 e Gestão 15257 – Centro de Seleção e Promoção de Eventos – CESPE, Banco do Brasil S/A – 001, Agência: 1607-1, Conta Corrente: - 997380632.

8.5 – Caso o valor pertinente à arrecadação das taxas de inscrição seja superior ao preço do serviço acertado neste contrato, esta diferença a maior deverá ser revertida ao Tesouro Nacional. (Contrato nº 01/2007 – ISC/TCU – Concurso Público para Técnico e Analista de Controle Externo)

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Assim, entende-se que é legal a celebração de contrato de risco para contratação de empresa realizadora de concurso público, devendo a Administração Pública prever no edital e no contrato valor fixo ou variável, de acordo com o número de inscritos ou de acordo com as receitas auferidas com as inscrições dos candidatos, limitado esta remuneração a um valor máximo dos serviços, observando as normas orçamentárias e financeiras que exigem a previsão das despesas a serem pagas.

No caso dos contratos remunerados exclusivamente pelas receitas auferidas das inscrições dos candidatos, deverá constar cláusula dispondo que eventuais valores que superem o teto previsto pertençam ao Poder Público.

2.3. Limite de gastos imposto ao Poder Legislativo Municipal

Para responder esta indagação é necessário, primeiramente, esclarecer que a Câmara Municipal não possui receita própria, conforme prejulgado deste Tribunal de Contas, e que as inscrições devem ser depositadas em conta do tesouro municipal (Poder Executivo). Vejamos a redação da referida decisão:

Resolução de Consulta nº 28/2010. Receita. Arrecadação. Receita originária. Câmara Municipal. Possibilidade de cobrança de tarifa pela utilização do plenário por terceiros.

1) O poder legislativo não pode auferir receitas originárias. 2) Somente pode receber repasse de duodécimo, dentro dos limites constitucionais. 3) O imóvel destinado ao funcionamento do poder legislativo, quando próprio, é de domínio do município respectivo. 4) Deve ser afetado para uso especial desse órgão e somente pode ser utilizado por terceiros gratuitamente mediante finalidade pública de interesse coletivo, respeitados os limites de gastos desse poder. 5) Se for utilizado esporadicamente por terceiros, sem finalidade pública, o município deve cobrar por isso, na forma da lei específica. (grifamos)

De igual forma, não compete ao Poder Legislativo auferir receitas derivadas, ou seja, aquelas decorrentes da exploração compulsória do patrimônio do particular pelo

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Estado.

A Câmara Municipal somente pode receber receitas decorrentes dos repasses de duodécimos, observando sempre os limites constitucionais. Sendo assim, as receitas obtidas com o pagamento das inscrições dos candidatos pertencerão ao município e serão contabilizadas pelo Poder Executivo.

No que concerne à realização das despesas, é sabido que o constituinte limitou a despesa total do Poder Legislativo Municipal.

Neste limite, deverão estar incluídas todas as despesas realizadas pela Câmara Municipal, inclusive as destinadas ao pagamento de instituição para organização e realização de concurso público.

É necessário considerar que, embora a receita não pertença à Câmara Municipal, se a contratação para realização do concurso público for feita diretamente pelo Poder Legislativo, a despesa deverá ser incluída nos limites de gastos previstos no caput do art. 29-A.

É possível, contudo, que a Câmara Municipal realize concurso em conjunto com a Prefeitura Municipal, devendo estar previsto, de forma individualizada os cargos de cada Poder, conforme já decidiu este Tribunal de Contas, por meio da decisão abaixo:

Acórdão n° 259/2007 (DOE 22/02/2007). Pessoal. Admissão. Provimento de cargo efetivo. Concurso público. Possibilidade de procedimento único para preenchimento de cargos da Câmara e da Prefeitura Municipal.

É possível a realização de um único concurso público para preenchimento de cargos da Câmara e da Prefeitura Municipal. Devem estar dispostos no edital, de forma clara, as vagas e os cargos referentes a cada Poder.

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Neste caso, havendo rateio das despesas, somente a parcela paga pelo Legislativo deverá integrar o limite de gastos da Câmara Municipal.

3. CONCLUSÃO

Posto isso, sugerimos que ao julgar o presente processo e em comungando este Egrégio Tribunal Pleno deste entendimento, sugere-se a seguinte ementa (art. 234, § 1º, da Resolução n° 14/2007):

RESOLUÇÃO DE CONSULTA Nº ____/2010. Licitação. Dispensa. Contratação de empresa para realização de concurso público.

É legal a contratação de empresa para realização de concurso público por dispensa se a situação se enquadrar em uma das hipóteses estabelecidas no artigo 24 da Lei de Licitações, preenchendo todos os requisitos que o legislador expressamente indicou para cada situação, sendo indispensável a formalização de processo administrativo.

RESOLUÇÃO DE CONSULTA Nº ____/2010. Concurso Público. Pagamento. Depósito das receitas auferidas com as inscrições dos candidatos ao concurso público diretamente à contratada. Impossibilidade.

1) É ilegal o depósito das receitas decorrentes das inscrições dos candidatos ao concurso público diretamente na conta bancária da empresa contratada, por afrontar os princípios da oportunidade, da universalidade, do orçamento bruto e da unidade de caixa, além de configurar omissão de receitas e violação aos princípios

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constitucionais da moralidade e eficiência, devendo o Poder Público ter o controle e prestar contas das receitas e despesas que irá realizar.

2) É legal a celebração de contrato de risco para contratação de empresa realizadora de concurso público, devendo a Administração Pública prever no edital e no contrato valor fixo ou variável, de acordo com o número de inscritos ou de acordo com as receitas auferidas com as inscrições dos candidatos, limitado esta remuneração a um valor máximo dos serviços prestados, observando as normas orçamentárias e financeiras que exigem a previsão das despesas a serem pagas.

RESOLUÇÃO DE CONSULTA Nº ____/2010. Câmara Municipal. Contratação de empresa para realização de concurso público. Inclusão no limite.

1) As receitas decorrentes das inscrições de concurso público realizadas pela Câmara Municipal pertencem ao Município, contabilizadas pelo Poder Executivo.

2) Cabe ao Poder Legislativo a despesa com a realização de concurso público para preenchimento de cargos dos seus quadros. 3) É possível a realização de concurso público em conjunto da Câmara Municipal com a Prefeitura. Neste caso, havendo o rateio das despesas, somente a parcela paga pelo Legislativo integrará o limite de gastos da Câmara Municipal.

Cuiabá, 28 de setembro de 2010.

Bruna Henriques de Jesus Zimmer Ronaldo Ribeiro de Oliveira

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