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Giselle de Carvalho Xavier A FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DOS INDIVÍDUOS PORTADORES DE PARAPARESIA ESPÁSTICA TROPICAL

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL

Giselle de Carvalho Xavier

A FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DOS INDIVÍDUOS

PORTADORES DE PARAPARESIA ESPÁSTICA TROPICAL

Orientadora: Prof.ª Mª. Thaís Bandeira Riesco

Artigo apresentado ao curso de Pós-graduação em Fisioterapia Neurofuncional do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada, como requisito parcial

para a obtenção de título de especialista.

Goiânia 2017

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RESUMO: A Paraparesia Espástica Tropical/Mielopatia (PET/MAH) é uma

complicação crônica e progressiva associada à infecção pelo vírus linfotrópico de células T em humanos tipo 1 (HTLV-1), que além de outras afecções, ocasiona um processo inflamatório medular, predominantemente em seus níveis baixos, devido à invasão desorganizada dos linfócitos T modificados. O objetivo deste artigo é realizar uma revisão sistemática sobre a Paraparesia espástica tropical e a atuação da fisioterapia nesses casos, e o que tem sido feito para a reabilitação dos pacientes acometidos dessa patologia. A fisioterapia tem demonstrado ser uma importante aliada na reabilitação dos pacientes sintomáticos, levando à melhora da espasticidade e da fraqueza, mostrando-se efetiva também diante do retardo na evolução das sequelas ocasionadas pela doença, tratando os principais sinais e sintomas, auxiliando na prevenção de deformidades, orientando o paciente, dando-lhe uma maior independência funcional.

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ABSTRACT: Tropical Spastic Paraparesis / Myelopathy (PET / MAH) is a chronic and

progressive complication associated with HTLV-I virus infection, which, in addition to other conditions, causes a predominantly low-level inflammatory process due to disorganized lymphocyte invasion T modified. The objective of this article is to perform a systematic review on tropical spastic paraparesis and physical therapy in these cases, discussing what has been done so far for the rehabilitation of patients affected by this pathology. Physiotherapy has been shown to be an important ally in the rehabilitation of symptomatic patients, leading to improved spasticity and weakness. It is also effective in dealing with a delay in the evolution of sequelae caused by the disease, treating the main signs and symptoms, assisting in the prevention of deformities, guiding the patient, giving these patients a greater independence functional.

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Introdução

O vírus linfotrópico de células T em humanos tipo 1 (HTLV-1) é um oncovírus tipo C, da família retroviridae, e o primeiro retrovírus humano. Tem uma remarcada estabilidade genética o que constitui um bem precioso, para o estudo de sua origem e de sua disseminação terrestre, devido às migrações. Foi registrado em 1981 a partir de linfócitos de um paciente portador de um linfoma T. Em Martinica em 1985, uma alta prevalência de anticorpos dirigidos contra o HTLV-1 foi observada em pacientes que sofriam de paraparesia espástica tropical.1

A característica marcante do retrovírus é sua alta capacidade de multiplicação no interior das células hospedeiras e de modificação do genoma do ácido desoxirribonucleico (DNA). A modificação da estrutura celular potencializa uma neoformação defeituosa, o que impede o reconhecimento de células malignas, alterando a organização da resposta imunitária. Esse fato está na origem das principais patologias associadas à infecção por esse vírus, que são: leucemia/linfoma de células T do adulto (LLTA) e paraparesia espástica tropical ou mielopatia (PET).2

A transmissão do HTLV-1 se dá por diferentes formas, incluindo contato sexual, compartilhamento de seringas contaminadas, transfusões sanguíneas, de forma vertical intraútero e ainda no momento da amamentação pelo leite de puérperas contaminadas.3

Estima-se que, atualmente, cerca de 20 milhões de pessoas estejam infectadas com o HTLV-1 no mundo, as quais se concentram em determinadas áreas da África, América Central e do Sul e Japão. Como aproximadamente 90% dos portadores são assintomáticos e suas complicações mais conhecidas e estudadas ocorrem em cerca de apenas 5% dos infectados, a infecção é tradicionalmente relacionada a uma baixa morbidade.4

Apenas 5% dos pacientes portadores do HTLV-1 tornar-se-ão sintomáticos após anos ou décadas. Esse fato estimulou a busca dos fatores causais envolvidos. A teoria desmielinizante e citotóxica vírus-induzida é a mais aceita, e diz que, os linfócitos são ativados na paraparesia espástica tropical, atravessam a barreira hemato encefálica, iniciando assim o processo inflamatório no sistema nervoso central que resulta em lesão celular.5

O começo da sintomatologia dessa doença é insidioso, sem causas e nem fatores desencadeantes, podendo ser marcado por lombalgia, que irradia para os membros inferiores fazendo com que ocorra sensação de rigidez e debilidade. Os sinais

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parestésicos em membros inferiores estão presentes nos primeiros sintomas. Os transtornos urinários são irregulares, como micção irregular, incontinência intermitente, com múltiplas micções à noite e a impotência sexual é frequente.1

As alterações sensitivas em geral são leves, mas pode haver o desenvolvimento de neuropatia periférica. A doença assume na maioria das vezes, a forma de uma mielopatia torácica não remitente lentamente progressiva; um terço dos pacientes fica ao leito no decorrer de dez anos após o diagnóstico e metade é incapaz de deambular sem auxílio nessa ocasião. Os pacientes mostram paraparesia espástica ou paraplegia com hiperreflexia, clônus do tornozelo e respostas plantares em extensão. A função cognitiva em geral está preservada; as anormalidades dos nervos cranianos são raras.4

A mielopatia associada ao HTLV é a manifestação neurológica mais clássica. Caracteriza-se por paraparesia espástica com maior comprometimento dos músculos proximais dos membros inferiores. Essa manifestação é comumente assimétrica e associada a sinais de liberação piramidal: hiperreflexia, clônus e sinal de Babinski. Em geral, o quadro é lentamente progressivo, acometendo 1% a 5% dos infectados, com maior frequência em mulheres, como mostrado nos trabalhos de Romanelli. O diagnóstico geralmente ocorre por volta da terceira e quarta décadas. Progressão rápida, considerada como evolução para incapacidade de deambulação em um período inferior a dois anos do início dos sintomas, tem sido observada em alguns estudos.3

A Paraparesia espástica tropical tem sido descrita ao longo dos anos em muitos casos espalhados por todo país, sendo então, a mielopatia crônica progressiva mais comum até o momento. Trata-se de uma infecção neurológica associada à infecção pelo HTLV-1, e caracteriza-se pela desmielinização de neurônios motores periféricos na medula espinhal na porção media e distal da coluna torácica.3

O diagnóstico da infecção pelo HTLV-1 é alcançado por meio de exames sorológicos que apontam a presença do anticorpo anti-HTLV-1 no sangue e líquido cefalorraquidiano, por meio de ensaio imunoenzimático (ELISA), sendo confirmado pelo teste de Western Blot e/ou PCR que é um teste qualitativo imunoenzimático, em que tiras de nitrocelulose incorporadas com proteínas produzidas por engenharia genética, são incubadas com controles e amostras diluídas de pacientes, se o anticorpo estiver presente no soro testado ligar-se-á a proteína da tira.1

Ainda como confirmação de diagnóstico tem-se a biópsia de nervo sural que tem demonstrado neuropatia multifocal mista, axonal ou desmielinizante, eventualmente com infiltrado inflamatório perineural e perivascular. Perda axonal moderada,

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degeneração walleriana e desmielinização de fibras isoladas também foram descritas. A análise de cortes semifinos revela alteração globular semelhante a salsichas denominadas alterações de Dick.4

Todas essas alterações neurológicas associadas ao vírus reforçam as evidências de que a infecção – ou a resposta inflamatória – não se restringe ao segmento medular. Dessa forma, sugeriu-se, recentemente, que o termo “Complexo Neurológico Associado ao HTLV-1” fosse empregado para contemplar todas as manifestações neurológicas descritas no contexto da infecção pelo HTLV-1.4

Não há cura para esse transtorno. O tratamento desses pacientes com corticosteróides leva a uma considerável melhora do quadro clínico. Outra opção é a plasmaférese, que também resulta em melhora temporária da sintomatologia.1

A fisioterapia tem demonstrado ser uma importante aliada na reabilitação dos pacientes sintomáticos, levando à melhora da espasticidade e da fraqueza. Mostra-se efetiva também em retardar a evolução das sequelas ocasionadas pela doença, tratando os principais sinais e sintomas, auxiliando na prevenção de deformidades, na orientação do paciente quanto às mudanças em seu estilo de vida, dando a esses pacientes uma maior independência funcional, diminuindo a necessidade de custos e utilização de dispositivos auxiliares melhorando assim a qualidade de vida desses indivíduos.2

O objetivo deste artigo é realizar uma revisão sistemática sobre a Paraparesia Espástica Tropical e a atuação da fisioterapia nesses casos, discutindo o que tem sido feito até aqui para a reabilitação dos pacientes acometidos por essa patologia.

Metodologia

Este artigo foi produzido através de uma revisão sistemática. Foram identificados artigos sobre a Paraparesia Espástica Tropical e a importância da fisioterapia no tratamento aos indivíduos acometidos dessa patologia, através de buscas de informações nas bases de dados MedLine, LILACS, Sciello e Google acadêmico. As palavras-chave utilizadas isoladamente ou em associação foram “paraparesia espástica tropical”, “fisioterapia”, “tratamento”, “vírus HTLV-1”. Foram pesquisados artigos nos idiomas inglês e português. Com base nos títulos e nos resumos gerados foram selecionados 21 trabalhos que abordavam o tema objeto da revisão. Desses, 18 foram incluídos no artigo, levando em conta sua relevância em relação ao objetivo proposto.

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Discussão/Resultados

Campos et al afirmam que a Paraparesia Espástica Tropical/Mielopatia (PET/MAH) é uma complicação crônica e progressiva associada à infecção pelo vírus HTLV-I, que além de outras afecções, ocasiona um processo inflamatório medular, predominantemente em seus níveis baixos, devido à invasão desorganizada dos linfócitos T modificados.6

Colla et al observou que a doença apresenta comprometimentos motores (fraqueza e espasticidade) e sensitivos (hipoestesia), distúrbios esfincterianos e vesicais além da disfunção erétil nos homens. Para esses autores, a fisioterapia tem se mostrado bastante eficaz no processo de reabilitação dos pacientes sintomáticos, melhorando a qualidade de vida desses doentes e dando uma maior independência funcional dentro de cada limitação.7

Para Iarc, o HTLV-1 em contraste com o HIV, que produz uma grande quantidade de vírions livres (partícula viral quando fora da célula hospedeira) de células no plasma, aumenta o seu número de cópias através da proliferação de células infectadas e a infecção é mantida através dessa expansão. A expressão precoce da proteína fiscal viral e das proteínas acessórias HTLV-1 induz e mantém a replicação inicial.8

Lannes et al afirmam ainda em seu trabalho, que as características clínicas mais comuns encontradas na mielopatia/ PET associada ao HTLV-1 são: Paraparesia espástica crônica de evolução lenta e progressiva, fraqueza em membros inferiores, incontinência urinária, impotência sexual, distúrbios sensoriais tais como sinais parestésicos, dor em região lombar, hiperreflexia com clônus e presença de sinal de Babinsk em decorrência da lesão piramidal.9

Romanelli et al afirmam que um dos aspectos mais limitantes da doença está na fraqueza e espasticidade dos membros inferiores, com comprometimento da funcionalidade da marcha, podendo em alguns casos confinar os pacientes à cadeira de rodas. Através de uma análise detalhada da fisiopatogenia dos sintomas, o autor afirma em seu estudo que condutas fisioterapêuticas podem amenizar as sequelas neurológicas e promover uma melhora da qualidade de vida dos indivíduos acometidos.3

San-Martin et al afirmam que a região de dor mais comum é a região lombar. O tipo não neuropático é o mais frequente em doentes com mielopatia associada a linfócitos T de células T humanas e com paraparesia espástica tropical e a dor

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neuropática parece ser mais comum em portadores de vírus do tipo 1 linfotrópico de células T humanas.10 A dor é relatada principalmente como moderada ou grave na

maioria dos casos. E, em seus estudos Lannes et al, mostram que a fisioterapia entra como importante aliado propondo programas de exercícios específicos que serão úteis na recuperação ou melhora da função motora, esses programas favorecem a independência funcional, minimizam complicações secundárias e dificuldades decorrentes da mobilidade deficiente, compensam a perda da função e maximizam a qualidade de vida dos pacientes.9

A aplicação de alguns protocolos de fisioterapia resulta, segundo estudo de Rodrigues et al, na maioria dos casos, em uma melhora da qualidade de vida e redução da morbidade da doença. Além disso, a entrada sensorial anormal e a atividade do neurônio motor são reduzidas de forma mais substancial quando a técnica PNF é utilizada. Portanto, os exercícios de força podem reduzir a espasticidade muscular e melhorar o controle neural, mantendo a extensibilidade.11

Samuel et al realizaram um estudo com dois irmãos com paraparesia espástica, utilizando um programa de fisioterapia intensiva que incluía alongamentos, fortalecimento e exercícios funcionais para o período de oito semanas. Cada sessão de tratamento durou cerca de 60-90 minutos por dia, seis dias por semana. Ambos os irmãos, um homem e uma mulher, tinham histórico de espasticidade, perda de equilíbrio e dificuldades para deambular de forma independente. Após a intervenção do programa de fisioterapia intensiva durante oito semanas, houve melhora do quadro e concluído que os exercícios são viáveis e benéficos para melhorar as habilidades funcionais em pacientes com paraparesia.12

Colla et al afirmam que existe uma confirmação de que programas cinesioterapêuticos contínuos promovem ganho de força muscular. Trabalhos atuais afirmam que a força e o tônus relacionam-se, ou seja, quanto mais espástico o paciente, mais fraco é o grupo muscular. Com relação à marcha é preciso avaliar o controle postural, equilíbrio dinâmico, velocidade, fadiga, além de uma análise cinético-cinemática. Outros pontos que merecem destaque na avaliação são a simetria e cadência dos movimentos, o posicionamento dos pés (inversão, eversão, base alargada), e o comprimento dos passos.7

Sobre os protocolos de tratamento fisioterapêutico propostos para a recuperação funcional desses pacientes, Lannes et al afirmam que não há consenso ainda acerca da existência de programas específicos de recuperação sensório-motora comprovadamente

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eficaz, para as manifestações neurológicas da paraparesia espástica tropical, sendo importante uma análise minuciosa do quadro clínico do paciente, e um tratamento fisioterapêutico elaborado, visando às limitações encontradas através do conhecimento prático e teórico sobre as características clínicas.9

Pamplona et al trazem em sua pesquisa que a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF) pode auxiliar na recuperação funcional e na melhora dos padrões da marcha de indivíduos com distúrbios neurológicos. Os movimentos são exercitados em diagonais e utilizam o comando verbal do terapeuta. Manobras mais particulares aplicadas preferencialmente sobre os movimentos diagonais da cintura pélvica, tronco e membros inferiores parecem contribuir de forma efetiva para a facilitação dos padrões de marcha.13

Ferreira et al demonstraram que uma paciente portadora de PET através do treino de força muscular associado à técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF) apresentou por meio da análise feita pelo Índice de Tinetti, melhora do equilíbrio e da marcha, diminuindo o risco de quedas.17

Lannes et al utilizaram em sua pesquisa de alongamentos para aumentar a mobilidade dos tecidos moles melhorando a amplitude de movimento das estruturas que tiveram um encurtamento adaptativo. Os alongamentos, segundo o autor, devem ser sustentados, mantendo as fáscias sobtensão por no mínimo cinco a seis ciclos respiratórios profundos.9

Rodrigues et al afirmam que a atividade muscular pode ser normalizada através da fisioterapia e medida utilizando a Escala de Ashworth Modificada, que é amplamente utilizada para este fim, assim como a ICF (Classificação Internacional de funcionalidade).11

Pamplona et al afirmam que hidrocinesioterapia e piscinas aquecidas mostram-se eficazes no controle da espasticidade. Sua pesquisa mostrou que a temperatura da água promove relaxamento muscular, diminuição do espasmo e da sensibilidade à dor sendo ainda possível trabalhar a força muscular, recuperar a amplitude de movimento e condicionamento. As propriedades da água, tais como viscosidade e flutuação, produzem efeitos benéficos à realização dos exercícios. Com isso, desfrutam-se das propriedades de suporte, resistência e assistência proporcionadas pela água na recuperação da amplitude de movimento, no trabalho de força muscular e de condicionamento.13

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Zhang et al em seu estudo sobre os efeitos da hidroterapia na marcha de pacientes com Paraparesia Espástica, encontraram aumento significativo da velocidade da marcha e do comprimento do passo, após 10 semanas de tratamento duas vezes por semana, com duração de 45 minutos cada. O estudo também concluiu que a hidroterapia aumenta a capacidade do indivíduo de executar estratégias compensatórias na marcha em vez de melhoria dinâmica. Isso pode ser explicado pelo princípio de que a turbulência e outras propriedades que promovem resistência geram aumento do tônus muscular, devido a isso, em pacientes espásticos, estas irão tornar os movimentos impróprios.14

É importante, como afirmaram Lannes et al que as pessoas recebam informações adequadas sobre as principais vias de transmissão do vírus para que os próprios possam controlar a sua disseminação. As mulheres grávidas devem ser submetidas aos testes sorológicos e caso estejam infectadas, aconselhadas a não amamentarem seu filho. Devem ainda ser informados de que o HTLV-1 provoca uma infecção prolongada, porém somente uma pequena porcentagem dos portadores desenvolve alguma sintomatologia associada ao vírus. Informações sobre a patogenia, incidência, modos de transmissão, diagnóstico laboratorial e doenças associadas à Paraparesia Espástica Tropical (PET/MAH), podem como afirmam Colla et al fornecer subsídios necessários à elaboração de programas mais específicos de recuperação funcional, enfocando principalmente as manifestações clínicas que provocam alterações nos padrões de marcha. Indivíduos portadores de PET apresentam alterações fisiopatológicas crônicas que comprometem progressivamente sua independência funcional.7-9

Do ponto de vista neuropatológico, a PET/MAH apresenta lesões inflamatórias e desmielinizantes centradas principalmente na medula torácica baixa. As hipóteses fisiopatogênicas atuais apontam para mecanismos imunológicos, de onde tentativas terapêuticas advêm. Melo e Albuquerque afirmam em seu trabalho, que o objetivo da fisioterapia é levar o paciente ao seu grau máximo de independência, de acordo com suas capacidades e incapacidades, seguindo o referendado por Lianza et al quando dizem que, todo fisioterapeuta deve valorizar as capacidades preservadas pela doença tanto quanto a incapacidade por ela causada.15-16

Ferreira et al, trazem em seu trabalho um estudo de caso de uma paciente R.L.T, sexo feminino, 45 anos com diagnóstico de PET tipo I, apresentando uma grande fraqueza de membros inferiores (MMII) com alteração sensorial. Sua marcha era arrastada e com a base alargada. A paciente conseguia andar no máximo cinco metros

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sem apoio ou auxílio, e apresentava um quadro depressivo e tinha uma grande dificuldade em realizar as suas AVD´s. O objetivo era avaliar a melhora da marcha com a utilização da técnica de facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF) em uma paciente com diagnóstico de PET. Para seu desenvolvimento foram utilizados a escala de Tinetti e o podograma para realizar a análise qualitativa e quantitativa da marcha. Para observar se houve significância do tratamento, utilizaram do teste T. Os resultados mostraram que houve uma melhora na análise da marcha tanto na forma quantitativa quanto qualitativa, e que o tratamento neurofuncional proporcionou uma melhora no equilíbrio e na marcha da paciente com HTLV tipo 1.17

Cada paciente é um ser individual com história de vida própria, com características próprias que podem influenciar de forma decisiva nas incapacidades acarretadas por uma doença e, por consequência na sua reabilitação. Gavim et al, afirmam que quando um paciente entra no serviço de reabilitação, a avaliação inicial é necessária para direcionar o planejamento do tratamento, o qual deve-se considerar a deficiência, a incapacidade, o tônus, a força, o equilíbrio, a propriocepção e a atenção do mesmo. Em uma avaliação fisioterapêutica as técnicas e os métodos têm por finalidade de detectar o real estado do paciente, para então traçar os objetivos a serem alcançados mediante as condições clínicas do paciente.18

Considerações Finais

Pôde-se concluir que não há consenso na literatura acerca da existência de pesquisas a respeito de programas específicos de recuperação funcional sensório-motora, para as manifestações neurológicas da paraparesia. São indicadas nesse contexto, algumas estratégias cinesio terapêuticas. Inicialmente deve ser realizada uma avaliação cuidadosa do grau de espasticidade, arco de movimento, força muscular, do nível de independência funcional e da marcha, baseada em critérios objetivos e se possível, quantificados, para que representem parâmetros precisos do progresso do paciente.

Nem todo paciente portador de paraparesia espástica tem semelhança no quadro clínico, alguns apresentam limitações leve devido o início da doença, e outros, limitações severas com comprometimentos graves. Assim, outros estudos tornam-se necessários tanto em relação à doença como ao tratamento fisioterapêutico, já que a

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doença não tem cura e apresentará limitações graves caso não diagnosticada e tratada precocemente.

Referências

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10. SAN-MARTIN D. L., SANTOS D. N., BAPTISTA A. F.; Prevalência da dor, características e fatores associados em pacientes infectados com o vírus linfotrópico de células T humanas do tipo 1: uma revisão sistemática da literatura. Braz J InfectDis [on-line]. 2016, vol. 20, n. 6, pg. 592-598. Http://dx.doi.org/10.1016/j.bjid.2016.08.013. 11. RODRIGUES L. R., GLÓRIA L. M., SANTOS M. S. B., MEDEIROS R., DIAS G. A. S., PINTO D. S.; Usando a Classificação Internacional de Funcionalidade, Deficiência e Saúde como uma ferramenta para análise do efeito da fisioterapia sobre a espasticidade em pacientes com HAM/TSP. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. Vol.48 n°.2 Uberaba Mar/Abril. 2015.

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17. FERREIRA C. M. R., NOGUEIRA J. K. A., PEREIRA G. C., TEIXEIRA D. G.; Tratamento da marcha de paciente com Paraparesia Espástica Tropical com mielopatia associada: relato de caso. Revista Mineira de Ciências da Saúde, (4): 34-43. Centro Universitário de Patos de Minas, Set, 2012.

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neurológica. Revista Saúde em Foco, Edição nº: 06, Mês / Ano: 05/2013, Páginas: 71-77.

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