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Documento assinado digitalmente, conforme MP n /2001, Lei n /2006 e Resolução n. 09/2008, do TJPR/OE. Página 1 de 9

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 1601421-6, DA VARA DE REGISTROS PÚBLICOS E CORREGEDORIA DO FORO EXTRAJUDICIAL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

NÚMERO UNIFICADO: 0003793-49.2015.8.16.0179

APELANTE: CRISTIANE DUTRA BORCATH

APELADO: JUIZ DE DIREITO DA VARA DE REGISTROS

PÚBLICOS E CORREGEDORIA DO FORO EXTRAJUDICIAL DO FORO DA CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

RELATORA: DESª DENISE KRÜGER PEREIRA

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL – PRETENSÃO DE ACRÉSCIMO DO SOBRENOME DO OUTRO CÔNJUGE APÓS A CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO – SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA – POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO PELA VIA JUDICIAL – AUSÊNCIA DE PRAZO PARA MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DE ACRÉSCIMO DO NOME CONFORME AUTORIZA O ART. 1.565, §1º, DO CÓDIGO CIVIL – APELANTE QUE PRETENDE O RECONHECIMENTO COMO PERTENCENTE AO NÚCLEO FAMILIAR NO QUAL ESTÁ INSERIDA – RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDO E PROVIDO

1. “RECURSO ESPECIAL. CIVIL. REGISTRO PÚBLICO. DIREITO DE FAMÍLIA. CASAMENTO. ALTERAÇÃO DO NOME. ATRIBUTO DA PERSONALIDADE. ACRÉSCIMO DE SOBRENOME DE UM DOS CÔNJUGES POSTERIORMENTE À DATA DE CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO E DA LAVRATURA DO RESPECTIVO REGISTRO CIVIL. VIA JUDICIAL. POSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO” (STJ - REsp: 910094 SC 2006/0272656-9, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 04/09/2012, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/06/2013.

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conferida pela legislação de inclusão do sobrenome do outro cônjuge não pode ser limitada, de forma peremptória, à data da celebração do casamento, uma vez que podem surgir circunstâncias em que a mudança se faça conveniente ou necessária em período posterior, enquanto perdura o vínculo conjugal.

3. A justificativa utilizada pela apelante é a de que pretende ser reconhecida pela sociedade como pertencente ao grupo familiar no qual está inserida, surgindo o interesse na inclusão do sobrenome do cônjuge em virtude dos filhos que sobrevieram da relação conjugal e adotaram o sobrenome de ambos os genitores, a qual é suficiente para justificar a retificação perquirida.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação

Cível nº 1601421-6, da Vara de Registros Públicos e Corregedoria do Foro Extrajudicial do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que é Apelante CRISTIANE DUTRA BORCATH e Apelado JUIZ DE DIREITO DA VARA DE REGISTROS PÚBLICOS E CORREGEDORIA DO FORO EXTRAJUDICIAL DO FORO DA CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA.

I – Trata-se de Recurso de Apelação (Mov. 28.1) interposto em face da sentença (Mov. 20.1) que, em autos de Ação de Retificação de Registro Civil nº 0003793-49.2015.8.16.0179, julgou improcedente o pedido deduzido pela apelante de acréscimo de sobrenome do cônjuge posteriormente à data de celebração do casamento e da lavratura do respectivo registro civil.

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20.1): (a) que o cônjuge não detém direito à inclusão ou exclusão do sobrenome do outro a qualquer tempo, e que tal opção é apresentada aos nubentes quando da celebração do casamento; (b) a interpretação que se dá à Lei n° 6.015/73 é a de que impera o princípio da imutabilidade do nome ante a necessidade de salvaguardar as relações jurídicas travadas pelos cônjuges; (c) que somente é admita a alteração em casos excepcionais, não sendo possível qualquer dos cônjuges livremente dispor de tal direito.

Inconformada, recorre a requerente/apelante sustentando, em síntese: (a) que diferente da interpretação dada pelo Magistrado Singular, a opção de inclusão do sobrenome de um cônjuge pelo outro não deve ficar restrita ao momento de celebração do casamento, uma vez que inexiste limitação temporal nos art. 1.565, §1º, do Código Civil, art. 57 e art. 109 da Lei nº 6.015/73; (b) que o direito ao nome é personalíssimo, justificando-se a retificação ante o interesse da apelante em ser reconhecida perante a sociedade como integrante do grupo familiar que está inserida.

Devidamente remetidos os autos a este E. Tribunal de Justiça, vistas foram concedidas à Douta Procuradoria Geral de Justiça (fls. 11/14-TJ), a qual reafirmou as manifestações anteriormente proferidas pelo

parquet, sustentando que os registros públicos são revestidos de formalidades

essenciais e, de regra, são imutáveis, admitindo sua alteração somente nas hipóteses expressamente previstas em lei ou, reconhecidas como excepcionais por decisão, exigindo-se, para tanto, justo motivo e ausência de prejuízo a terceiros, hipóteses que não se exsurgem dos autos.

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É o relatório.

II – VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO:

Presentes os pressupostos intrínsecos (legitimidade, interesse, cabimento e inexistência de fato impeditivo ou extintivo) e extrínsecos (tempestividade, regularidade formal e o preparo) de admissibilidade recursal, é de se conhecer de ambos os apelos interpostos.

Cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de retificação de registro civil do nome da apelante para que passe a constar Cristiane Dutra Borcath Costa.

Pois bem. O caso sub judice é de singela complexidade, todavia, há sensível conflito de princípios de nodal importância. De um lado, tem-se o direito ao nome, dito de personalidade, irrenunciável e intransmissível, apregoado pelo art. 16 do Código Civil. Do outro, está o princípio da imutabilidade do nome, inerente à própria sistemática interpretativa adotada à Lei de Registros Públicos que tem por intuito a pacificação das relações sociais e resguardar a publicidade de atos.

Vige no direito brasileiro a regra da imutabilidade relativa do nome, segundo a qual se procura conferir estabilidade e segurança às relações jurídicas, admitindo a alteração do prenome ou sobrenome originalmente registrados somente em hipóteses excepcionais. Tais hipóteses

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estão previstas na Lei 6.015/73 (Lei de Registros Públicos)1:

Dessa forma, conforme se infere do art. 57 da Lei de Registro Públicos, a retificação do patronímico exige a excepcionalidade e o justo motivo, de forma que não se pode tolerar sucessivas alterações do nome registral conforme a mera conveniência das partes.

Sobre a matéria, o referido diploma ainda consigna a possibilidade legal para retificação dos registros públicos quando constatado erro de grafia, como consta do art. 1092.

Ocorre que, na hipótese, trata-se de pedido de acréscimo do sobrenome (Costa) do marido da apelante ao seu nome (Cristiane Dutra Borcath), para que passe a ser conhecida como Cristiane Dutra Borcath Costa (prenome e sobrenome).

Destarte, com relação ao acréscimo do sobrenome do cônjuge ao do outro, o Código Civil elenca a possibilidade de assim fazê-lo a partir da vontade declarada do nubente, conforme dispõe o art. 1.565, §1º, do Código Civil3. Como nubentes, compreende-se aqueles que estão na iminência

--

1 Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do

Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei.

2 Art. 109. Quem pretender que se restaure, supra ou retifique assentamento no Registro Civil, requererá,

em petição fundamentada e instruída com documentos ou com indicação de testemunhas, que o Juiz o ordene, ouvido o órgão do Ministério Público e os interessados, no prazo de cinco dias, que correrá em cartório.

3 Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes,

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de contrair matrimônio4, diferenciando-se, assim, do cônjuge, que é aquele que

já passou pelo ato solene da celebração do casamento.

Nesta ordem de ideias, na interpretação literal do referido dispositivo legal, a livre demonstração de vontade no interesse de acréscimo do sobrenome deveria ser manifestada no processo de habilitação até a data da lavratura no registro civil do casamento, oportunidade na qual se daria publicidade ao ato solene, passando-se os nubentes a serem reconhecidos como casados.

Todavia, tal interpretação é demasiada limitada. Da leitura do dispositivo legal, em que pese se refira o §1º, do art. 1.565, do Código Civil aos nubentes, tem-se que não há previsão legal de prazo para manifestação da vontade de se ver acrescido o sobrenome do outro cônjuge.

Não há como se conceber que um direito que socorria àquele que estava prestes a casar, agora, passada a data da celebração do ato solene, tendo se consumado o casamento e se infirmado no tempo, tenha o cônjuge tolhido seu direito de acréscimo do sobrenome do outro, ainda mais em se considerando que o direito ao nome é imprescritível, para todos os efeitos. Ora, certo é que a união da apelante com o seu cônjuge vem se perpetuando no tempo, tendo inclusive gerado frutos, não sendo crível penalizá-la com a impossibilidade de adotar o sobrenome de casada por não ter manifestado referida vontade no momento do matrimônio.

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No caso ora em análise, a justificativa plausível exigida pela Lei de Registro Públicos deve ter tratamento mais brando em relação ao justo motivo exigido quando a alteração do prenome ou sobrenome é perquirida sob outros fundamentos.

Para tanto, a justificativa utilizada pela apelante é a de que pretende ser reconhecida pela sociedade como pertencente ao grupo familiar no qual está inserida, surgindo o interesse na inclusão do sobrenome do cônjuge em virtude dos filhos que sobrevieram da relação conjugal e adotaram o sobrenome de ambos os genitores, a qual é suficiente para justificar a retificação perquirida.

Convém ressaltar que o direito de personalidade ora discutido se sobrepõe ao princípio da imutabilidade, mormente por não se perceber da possibilidade de prejuízo a terceiros. Isso porque, ainda que na eventualidade de existirem débitos em nome da apelante, estes podem ser lastreados a partir do número de Código de Pessoa Física, não obstante o nome de solteiro que atualmente adota acrescido do sobrenome do seu cônjuge seja suficiente para identifica-la, neste caso.

Ora, entender de maneira diversa seria conceber que aqueles que tem por habitualidade lesar terceiros poderiam contrair matrimônio com o intuito de se eximir das suas obrigações, uma vez que, com o acréscimo do sobrenome dos cônjuges, seria impossível identifica-los e assim lhes imputar suas responsabilidades, o que é inverídico.

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em julgado paradigmático, pronunciou-se no sentido de ser possível o acréscimo do sobrenome do cônjuge ao do outro em momento posterior a celebração do casamento:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL. REGISTRO PÚBLICO. DIREITO DE FAMÍLIA. CASAMENTO. ALTERAÇÃO DO NOME. ATRIBUTO DA PERSONALIDADE. ACRÉSCIMO DE SOBRENOME DE UM DOS CÔNJUGES POSTERIORMENTE À DATA DE CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO E DA LAVRATURA DO RESPECTIVO REGISTRO CIVIL. VIA JUDICIAL. POSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. (STJ - REsp: 910094 SC 2006/0272656-9, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 04/09/2012, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/06/2013

No referido julgado, entendeu o I. Ministro Relator que dada a multiplicidade de circunstâncias da vida humana, a opção conferida pela legislação de inclusão do sobrenome do outro cônjuge não pode ser limitada, de forma peremptória, à data da celebração do casamento, uma vez que podem surgir circunstâncias em que a mudança se faça conveniente ou necessária em período posterior, enquanto perdura o vínculo conjugal.

Convém ressaltar que a jurisprudência desta Colenda 12ª Câmara Cível já vem se inclinando ao mesmo entendimento:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E REGISTROS PÚBLICOS. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARA ACRESCER AO SOBRENOME DA AUTORA O PATRONÍMICO DO MARIDO. AUSÊNCIA DE PRECLUSÃO TEMPORAL PARA O DESIDERATO. JUSTIFICATIVA IDÔNEA. IDENTIFICAÇÃO PERSONALÍSSIMA DA ENTIDADE FAMILIAR. INTERPRETAÇÃO CONJUNTA DA REGRA DOS ARTS. 109, DA LEI DE REGISTROS PÚBLICOS (LEI Nº 6.015/1.973) E ART. 1.056, DO CÓDIGO CIVIL. 1. Não obstante seja de estilo a adoção do patronímico do cônjuge por ocasião da celebração do casamento, a lei não impede taxativamente que não possa ocorrer em momento posterior, justamente porque não há

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levado sob justificativa à apreciação judicial. 2. Em sendo manifesto o interesse na adoção do patronímico do marido, inclusive como forma de identificação da família no meio social, não há por que privarem-se as pessoas desse direito personalíssimo. RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJPR - 12ª C.Cível - AC - 1343197-9 - Curitiba - Rel.: Ivanise Maria Tratz Martins - Unânime - - J. 28.09.2015)

Forte nestes argumentos, voto por conhecer e dar provimento ao apelo para o fim de determinar, após o cumprimento das diligências previstas em lei, que dos registros civis da apelante passem a constar o nome Cristiane Dutra Borcath Costa, o qual, por via de consequência, também deverá constar da certidão de nascimento dos seus filhos.

III – DECISÃO:

Diante do exposto, acordam os Desembargadores da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em dar provimento ao apelo, nos termos do voto da Relatora.

A sessão de julgamento foi presidida pela Desembargadora IVANISE MARIA TRATZ MARTINS, sem voto, e dela participaram e acompanharam o voto da Relatora os Juízes Substitutos em 2º Grau LUCIANO CARRASCO FALAVINHA SOUZA e ANTONIO DOMINGOS RAMINA JUNIOR.

Curitiba, 11 de maio de 2017.

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