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Relação entre coordenação motora e desempenho cognitivo em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem entre os 6 - 10 anos de idade

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UVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO Escola de Ciências da Vida e do Ambiente

RELAÇÃO ENTRE COORDENAÇÃO MOTORA E DESEMPENHO

COGNITIVO EM CRIANÇAS COM E SEM DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM ENTRE OS 6 – 10 ANOS DE IDADE

Dissertação de Mestrado em Educação Física e Desporto – Especialização em Desenvolvimento da Criança

Marina Junqueira do Nascimento

Orientação: Professora Doutora Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho

Vila Real, Julho de 2015

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO Escola de Ciências da Vida e do Ambiente

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Relação Entre Coordenação Motora e Desenvolvimento Cognitivo em

Crianças Com e Sem Dificuldades de Aprendizagem Entre os 6 – 10 Anos de

Idade

Dissertação de Mestrado em Educação Física e Desporto – Especialização em Desenvolvimento da Criança

Marina Junqueira do Nascimento

Orientação:

Professora Doutora Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho

Júri

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ii Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob orientação da Prof.ª Doutora Professora Doutora Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho, para obtenção do gau de Mestre em Educação Física e Desporto – Especialização em Desenvolvimento da Criança.

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iii “Os escritos são a descendência da alma assim como as crianças o são do corpo.”

(5)

iv

AGRADECIMENTOS

A realização desta dissertação de mestrado e a concretização de mais uma etapa na minha vida académica contou com importantes apoios e incentivos sem os quais esta etapa não poderia ter sido possível. Agradeço a todos os que de uma forma ou de outra me acompanharam e fizeram parte desta etapa, deixando um agradecimento especial…

…à minha orientadora Prof.ª Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho pela orientação, disponibilidade, pelas opiniões e críticas e na colaboração no solucionar de dúvidas e problemas que foram surgindo ao longo da realização deste trabalho;

… à minha co-orientadora Prof.ª Maria Isabel Martins Mourão Carvalhal, pela disponibilidade e ajuda ao longo deste percurso;

… ao corpo docente, às crianças e Encargados de Educação do Agrupamento de Escolas de Vila Real, pela disponibilidade, simpatia e cooperação;

… às minhas parceiras de equipa e grandes amigas Diana, Andreia, Cindy e Filomena pelo harmonioso trabalho em equipa, pela cumplicidade, pela amizade e por todos os momentos de felicidade e alegria que me proporcionaram;

…aos meus pais, Valentina e Helder, pela oportunidade que me concederam e todo o apoio e confiança que depositaram em mim na realização desta etapa;

… à minha irmã, Juliana, pela alegria e pela possibilidade que sempre me deu de ver a simplicidade de poder ser de novo criança e ser parte das brincadeiras dela;

… aos meus avós, Helena e António, por todo o carinho e confiança;

… as minhas tias Filomena e Ilda e o meu Padrinho, Rogério, por todo o carinho, compreensão, cumplicidade, apoio, motivação e principalmente por terem ajudado a ser a pessoa que sou hoje;

… ao meu namorado Rui, por todo o carinho, atenção, compreensão, paciência, motivação, pelos momentos de felicidade e por me ajudar a acreditar mais em mim própria.

(6)

v

RESUMO

As dificuldades de aprendizagem são uma realidade nas escolas. Por vezes, o trabalho executado no âmbito das dificuldades de aprendizagem, com as crianças, reduz-se ao trabalho de mesa. É importante então que se conheça o desenvolvimento cognitivo das crianças e a relação que têm com outros aspetos para que dessa forma se possa perceber como deve ser influenciado a fim de obter resultados positivos quando este apresenta algum défice.

A faixa etária dos 6 aos 10 anos de idade, é um período onde acontecem muitas transformações e onde há a possibilidade de se detetarem determinados problemas que comprometam o desenvolvimento global da criança e é também nesta fase que uma intervenção atempada pode ter resultados expectantes. Com isto, este estudo torna-se pertinente na medida que procura perceber a relação entre o desempenho cognitivo e desenvolvimento motor da criança podendo alertar para a importância da coexistência destes dois fatores num desenvolvimento saudável da criança.

As crianças, cada vez mais, têm um estilo de vida sedentária, torna-se então essencial que se perceba os malefícios que o sedentarismo acarreta para que haja um alerta e uma intervenção nas crianças e adolescentes.

Face ao exposto, a presente dissertação objetiva perceber a relação entre coordenação motora e desempenho cognitivo em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem, integrando dois estudos com diferentes objetivos. O estudo I objetiva a caracterização do Desenvolvimento Motor e Desempenho Cognitivo, em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem entre os 6-10 anos de idade, de acordo com o género, ano de escolaridade e com e sem dificuldades de aprendizagem em crianças com idades compreendidas entre os 6 – 10 anos e o estudo II objetiva analisar a influência entre o Desempenho cognitivo e Desenvolvimento Motor em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem com idades entre 6 – 10 anos de idade.

A amostra foi constituída por 142 crianças, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade (8,06± 1,04), 73 raparigas (51,4 %) e 69 rapazes (48,6 %), frequentando 9 (6,3%) o 1º ano, 30 (21,1%) o 2º ano, 48 (33,8%) o 3º ano e 55 (38,7%) o 4º ano do 1º Ciclo do Ensino Básico, de três escolas públicas de Vila Real. Na amostra 60 (42,3%) das crianças

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vi apresentavam dificuldades de aprendizagem e 82 (57,7%) crianças não apresentavam dificuldades de aprendizagem.

Para a avaliação do desempenho cognitivo recorreu-se ao teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR) e para a avaliação do desenvolvimento motor recorreu-se ao teste

Körperkoordinations-test für Kinder (KTK). Para a análise estatística recorreu-se à estatística

descritiva para descritiva dos dados através de uma tabela de frequências e percentagens para descrever as variáveis medidas em escalas nominais e ordinais e da média e desvio-padrão para as variáveis medidas em escalas contínuas. Recorreu-se ao t test de Student, para proceder a comparação dos resultados de acordo com o género, ano de escolaridade e presença ou ausência de DA, no teste KTK e das MPCR. Aplicou-se o teste de coeficiente de correlação de Pearson para determinar o grau de relação entre as variáveis em estudo. Para verificar o efeito principal e a interação das variáveis independentes (ano de escolaridade, género e DA) no teste KTK e no teste das MPCR foi aplicado o Modelo Linear Generalizado.

Conclusões do estudo I: Verificou-se que as crianças sem dificuldades de aprendizagem apresentam melhores resultados que as crianças com dificuldades de aprendizagem no teste das MPCR (sig. = 0,000), as crianças mais velhas apresentam melhores resultados (sig. = 0,002) e quanto ao género não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas. No teste KTK as crianças sem dificuldades de aprendizagem apresentaram melhores resultados (sig. = 0,017), os mais novos apresentaram melhores resultados (sig. = 0,018) e foi o género masculino que apresentou resultados superiores (sig. = 0,010).

Conclusões do estudo II: Existe uma correlação de 0,189 entres as Matrizes Progressivas coloridas de Raven e uma das tarefas do teste KTK, “Saltos Monopedais”, nas crianças sem DA. Indicando melhores resultados totais na resolução das MPCR estão associados a melhores resultados nesta tarefa; Verificou-se uma correlação, significativa positiva, entre as MPCR e a idade, nas crianças sem DA e com DA, indicando que crianças mais velhas apresentam melhores resultados nas MPCR (total); As Dificuldades de Aprendizagem apresentaram um efeito no QM total (p = 0,012), nas MPCR (total) (p=0,003) e nas tarefas “Trave de Equilíbrio” (p= 0,040), “Saltos Monopedais” (p = 0,006) e “Saltos Laterais” (p = 0,007), indicando que as crianças sem DA apresentam melhores resultados nestes parâmetros; O ano de escolaridade tem influência no QM (total) ” (p= 0,001), nas tarefas do teste KTK “Saltos Monopedais” (p=

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vii 0,003) e “Transferência de Plataformas” (p= 0,003) sendo que com o aumento da idade há um decréscimo em todos estes parâmetros. O ano de escolaridade também influenciou os resultados totais das MPCR (total) (p = 0,023), os resultados totais das MPCR aumentam com a idade; Verificou-se o efeito Ano de Escolaridade x Género na tarefa do teste KTK “Saltos Laterais”, sendo o género masculino e as crianças mais novas (1º e 2º ano), um conjunto de condições preponderantes a melhores resultados nesta tarefa.

Palavras-chave: Desempenho cognitivo, desenvolvimento motor, crianças.

ABSTRACT

Learning difficulties are a reality in schools. Sometimes the work performed within the learning disabilities, with children, reduce the desk job. It is important then that we know the cognitive development of children and the relationship they have with other aspects so that way we can see how to be influenced in order to get positive results when it has a deficit.

The age range of 6 to 10 years old, is a period where many changes take place and where there is the possibility of detetarem certain problems that compromise the child's overall development and it is also at this stage that early intervention may have expectant results. As a result, this study becomes relevant in that it attempts to understand the relationship between cognitive performance and the child's motor development may draw attention to the importance of the coexistence of these two factors in a child's healthy development.

Children, increasingly have a sedentary lifestyle, it then becomes essential to realize the harm that physical inactivity leads so there is an alert and intervention in children and adolescents.

Given the above, the present dissertation aims at understanding the relationship between motor coordination and cognitive performance in children with and without learning disabilities, integrating two studies with different goals. The study I objective characterization of Motor Development and Cognitive Performance in children with and without learning disabilities between 6-10 years of age, according to gender, grade and with and without learning difficulties in children between the 6-10 years and the objective II study to analyze the influence between the cognitive performance and motor development in children with and without learning disabilities aged 6-10 years.

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viii The sample consisted of 142 children, aged 6 to 10 years of age (8.06 ± 1.04), 73 girls (51.4%) and 69 boys (48.6%), attending 9 (6.3%) 1st year, 30 (21.1%) 2nd year, 48 (33.8%) year 3 and 55 (38.7%) the 4th year of the 1st cycle of basic education in three public schools of Vila Real. In the sample 60 (42.3%) of the children had learning difficulties and 82 (57.7%) children had no learning disabilities.

For the assessment of cognitive performance appealed to the testing of Coloured Progressive Matrices Raven (MPCR) and for the assessment of motor development appealed to the Körperkoordinations-test Test für Kinder (KTK). Statistical analysis resorted to descriptive statistics for descriptive data through a table of frequencies and percentages to describe the variables measured in nominal and ordinal scales and the mean and standard deviation for the variables measured on continuous scales. Appealed to the t test of Student, to make the comparison of results according to gender, grade and presence or absence of AD, the KTK test and MPCR. Pearson's correlation test was applied to determine the degree of relationship between the variables under study. To check the main effect and the interaction of independent variables (grade, gender and DA) in the KTK test and the test of MPCR was applied Generalized Linear Model.

I study's findings: It was found that children without learning disabilities have better outcomes than children with learning difficulties in testing the MPCR (sig. = 0.000), older children have better results (sig. = 0.002) and the gender were not statistically significant differences. In the KTK test children without learning disabilities showed better results (sig. = 0.017), the newest showed better results (sig. = 0.018) and was the males who showed superior results (sig. = 0.010).

II study's findings: There is a correlation of 0.189 entres the Raven Progressive Matrices colored and one of the test tasks KTK, "Monopedais Heels" in children without AD. Indicating best overall results in the resolution of MPCR they are associated with better results in this task; There was a correlation, positive significant, between MPCR and age, children without AD and DA, indicating that older children have better results in MPCR (total); The Learning Disabilities had an effect on the overall QM (p = 0.012) in MPCR (total) (p = 0.003) and tasks "Catch Balance" (p = 0.040), "Monopedais Heels" (p = 0.006) and "Side Heels" (p = 0.007), indicating that children without AD show better results in these parameters; The grade

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ix influences the QM (total) "(p = 0.001), the test tasks KTK" Monopedais Heels "(p = 0.003) and" platforms Transfer "(p = 0.003) whereas with increasing age there is a decrease in all these parameters. The school year also influenced the overall results of MPCR (total) (p = 0.023), the total results of MPCR increase with age; There was the effect Year Education x Gender in the KTK test task "Side Heels", and the males and the younger children (1st and 2nd year), a set of prevailing conditions to better results in this task.

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x

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ... iv

RESUMO ... v

ABSTRACT ... vii

LISTA DE ABREVIATURAS ... xiii

I. INTRODUÇÃO GERAL ... 14

I.I. Estrutura de Dissertação ...19

III. ESTUDO I ... 20 Resumo ...21 Introdução ...23 Metodologia ...24 Resultados ...29 Discussão ...32 Conclusão ...35 Referências Bibliográficas ...35 IV. ESTUDO II ... 38 Resumo ...39 Introdução ...41 Metodologia ...43 Discussão ...50 Conclusão ...52 Referências Bibliográficas ...53 V. CONCLUSÃO GERAL ... 57 VI. SUGESTÕES ... 59

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 61

(12)

xi ÍNIDCE DE GRÁFICOS

ÍNIDCE DE TABELAS Estudo.I

Gráfico 1: Caracterização da amostra total no teste das MPCR ………. 30 Gráfico 2: Caracterização da amostra total no teste KTK ………... 31

Estudo.I

Tabela 1: Classificação do Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven. Simões,

(2000). …………...……… 24 Tabela 2: Classificação do Teste de Coordenação Corporal (Teste

KTK)……….………. 25

Tabela 3 Valores médios e desvio padrão do teste das MCPR e do quociente motor por género e ano de escolaridade em crianças com dificuldades de aprendizagem. ... 29 Tabela 4: Valores médios e desvio padrão do teste das MCPR e do quociente motor por

género e ano de escolaridade em crianças sem dificuldades de

aprendizagem... 23 Tabela 5: Comparação de acordo com presença ou ausência de DA, ano de escolaridade e género nas MPCR(Total), no total da amostra……….. 31 Tabela 6: Comparação de acordo com presença ou ausência de DA, ano de escolaridade e género nas QM (Total), no total da amostra……… 31 Estudo. II

Tabela1: Classificação do Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven. Simões,

(2000)……….………..………… 44 Tabela 2 – Classificação do Teste de Coordenação Corporal (Teste KTK)... 45 Tabela 3: Coeficiente da Correlação de Pearson no grupo sem dificuldades de aprendizagem.... 48

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xii Tabela 4: Coeficiente da Correlação de Pearson no grupo com dificuldades de aprendizagem… 48 Tabela 5:Efeitos principais e interação das variáveis, género, ano de escolaridade e

(14)

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS

MPCR: Matrizes Progressivas Coloridas de Raven KTK: Körperkoordinations-test für Kinder DA: Dificuldades de Aprendizagem QM: Quociente Motor

(15)

14

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I. INTRODUÇÃO GERAL

Ao longo do tempo tem havido um interesse na relação entre o desempenho cognitivo e o desenvolvimento motor em crianças, a maioria dos estudos realizados assumem uma relação entre os aspetos globais do comportamento cognitivo e do comportamento motor. Os estudos de Moreira, Fonseca & Diniz (2000), Medina, Rosa e Marques (2006) e Silva & Beltrame (2011), verificam uma associação entre o desempenho intelectual e o desenvolvimento motor. Segundo Wassenberg, Feron, Kessels, Hendriksen, Kalff, Kroes, Beeren & Viles (2005), esta associação deve-se ao facto de algumas das áreas cerebrais responsáveis pelo funcionamento executivo serem também responsáveis por algumas tarefas motoras.

Segundo Neto, Santos, Xavier & Amaro (2010) existe uma estreita relação entre o cognitivo e o motor. Habilidades motoras como correr, saltar, chutar, equilibrar em um pé, entre outras, são desenvolvidas na infância particularmente no início do processo de escolarização. A aquisição destas habilidades motoras está ligada ao desenvolvimento da perceção do corpo, do espaço e do tempo, sendo estas componentes básicas para a aprendizagem motora e para as atividades de formação escolar. Com isto, a aquisição de um bom controlo motor trás consigo a construção das noções básicas para o desenvolvimento cognitivo.

A aprendizagem espelha os processos de assimilação e conservação do conhecimento, sendo o ser humano capaz de escolher uma hipótese, assemelhar várias alternativas de atingir um fim, elaborar planos, executando-os e avaliando os seus resultados, e ainda planificar antecipadamente as suas ações, organizando sequencialmente o seu comportamento para atingir um propósito (Fonseca, 1984).

Segundo Fonseca (1984), toda a aprendizagem coloca em jogo a conservação e armazenamento da experiência anterior, sendo da recordação dessas experiências anteriores que surge a noção de controlo da ação, em que a memória é a base do raciocínio, armazenando e preservando a informação, permitindo a sua chamada e rechamada, tornando possível combiná-la, organizá-la e integrá-la com novas informações, para a sua consolidação, retenção e compreensão sendo assim, segundo este autor, a aprendizagem é uma função do cérebro, resultante de complexas operações neurofisiológicas e neuropsicológicas, que se combinam e organizam, integrando estímulos e respostas, assimilações e acomodações, gnosias e praxias, sendo o cérebro responsável pelas aprendizagens no seu todo, funcional e estrutural.

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16 Deste modo, as DA podem ser consideradas desordens neurológicas que interferem com a receção, integração ou expressão da informação, sendo caracterizadas por uma discrepância acentuada entre o seu potencial estimado (inteligência igual ou superior à média) e a sua realização escolar (que é abaixo da média numa ou mais áreas académicas, mas nunca em todas) (Fonseca, 2005).

O surgimento do conceito de DA, deve-se a uma tentativa de compreender os motivos que levavam um grupo de alunos, à primeira vista normais, demonstrarem inúmeras dificuldades na aprendizagem da leitura, escrita e cálculo, tendo sido a partir dos anos 60 que se começou a atribuir maior ênfase ao estudo das DA vindo a ser alvo de estudos de vários investigadores (Correia, 2004; Ribeiro 2008).

De acordo com o Código Internacional de Doenças (CID 10), os transtornos de aprendizagem “(...) são transtornos nos quais os padrões normais de aquisição de habilidades são perturbados desde os estágios iniciais do desenvolvimento. Eles não são simplesmente uma consequência de uma falta de oportunidade de aprender nem são decorrentes de qualquer forma de traumatismo ou de doença cerebral adquirida. Ao contrário, pensa-se que os transtornos originam-se de anormalidades no processo cognitivo, que derivam em grande parte de algum tipo de disfunção biológica”. (CID – 10,1992, p. 236).

.A avaliação do desenvolvimento cognitivo em crianças é realizada por meio de testes de inteligência um desses testes são as Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR), tendo sido o instrumento de avaliação utilizado no presente estudo estudo. As MPCR são um teste de inteligência não-verbal e um dos testes de inteligência mais usados no mundo e será utilizado neste estudo (Kastrup, 2000; Duarte & Bordine, 2000; Sisto, 2004).

Charles Spearman (1927) elaborou a teoria bifatorial, objectivando avaliar o que este define como capacidade intelectual geral, o que denomina de fator “g”. Segundo Jensen (1998), o fator “g” é uma variável psicológica referente a um conjunto de componentes gerais comuns presentes em todos os comportamentos inteligentes. O fator “g” pode ser dividido em dois componentes sendo eles a capacidade reprodutiva e a capacidade edutiva, sendo que as capacidades edutivas podem ser avaliadas por testes de inteligência não-verbal, sendo um desses testes as MPCR, e as capacidades reprodutivas por testes de vocabulário (Bandeira, Alves, Giacomel & Lorenzatto, 2004; Simões, 2000; Raven, 2000).

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17 A capacidade edutiva consiste em extrair novos insights (compreensões) e informação do que já é percebido ou conhecido. As Matrizes Progressivas Coloridas de Raven medem então a capacidade de eduzir relações. Essa mesma capacidade edutiva está relacionada com a capacidade de extrair significado de uma situação confusa, de desenvolver novas compreensões e perceber o que não é imediatamente óbvio, de estabelecer constructos, em grande parte não-verbais, que facilitam lidar com problemas complexos (Bandeiraet al., 2004; Angelini,1992).

Pode dizer-se que a capacidade edutiva é a capacidade de resolver problemas, contudo esta envolve mais que apenas a solução de problemas. O comportamento edutivo requer a identificação do problema, a re-conceituação do campo inteiro e não apenas do problema e utilizando todas as informações disponíveis para monitorizar as tentativas de solução (Angelini,1992; Simões 200).

As MPCR são um teste que revela a capacidade que um individuo possui, aquando da execução da prova, para aprender figuras sem significado, ou seja, a capacidade que este apresenta para descobrir as relações que existem entre as figuras, imaginar a natureza da figura que completaria o sistema de relações implícito e ao fazê-lo desenvolver um método sistemático de raciocínio. Com isto, e visto não se utilizarem palavras neste teste, este pode ser considerado um instrumento de acesso à capacidade cognitiva de resolução de problemas composto por símbolos não-verbais (Vidal, Bustamante, Lopes, Seabra, Silva & Maia, 2009).

O teste das MPCR não pretende de forma isolada ser uma medida do fator “g”, contudo estudos têm vindo a mostrar que as MPCR são uma das melhores medidas isoladas do fator “g” (Angelini,1992; Raven, 2000).

Diversos autores têm vindo a estudar a coordenação motora nas últimas décadas, a importância que o domínio psicomotor apresenta para a autonomia do indivíduo é um dos motivos que o justificam. Contudo, o termo de coordenação é por vezes confundido e usado como sinónimo de termos como destreza, agilidade e controlo motor, havendo assim uma dificuldade da definição do conceito (Gorla, Duarte & Montagner, 2008; Gorla, Araújo & Rodrigues, 2009; Maia & Lopes, 2002).

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18 Segundo Kiphard e Schilling a coordenação motora é a interação harmoniosa e económica do sistema músculo-esquelético, do sistema nervoso e sistema sensorial com o fim de executar ações motoras precisas e equilibradas sendo reações rápidas adaptadas a situações que exigem uma adequada medida de força determinante para a amplitude e velocidade doo movimento, uma adequada seleção dos músculos que influenciam a orientação e condução do movimento e por fim a capacidade de alternar rapidamente entre tensão e relaxação muscular (Kiphard e Schilling 1976, citado por Lopes, Maia, Silva, Seabra & Morais 2003 e Deus, Bustamante, Lopes, Seabra, Silva & Maia, 2008).

São várias as definições que se podem encontrar para o conceito de coordenação motora, para Faber e Sousa (2008) a coordenação motora pode definir-se como a capacidade de integrar variadas ações musculares simultâneas e sucessivas, com o objetivo de produzir um determinado movimento eficaz e económico quanto ao esforço. Meinel e Schnabe (2004) definem a coordenação motora como um sistema de ações motoras direcionadas para um objetivo, sendo uma ação conjunta coordenada e organizada dos vários movimentos individualizados do indivíduo.

Visto a coordenação motora ser uma estrutura multidimensional, não pode ser medida diretamente. Com isto, é de elevada importância utilizar uma bateria de provas adequada. Os autores que mais avançaram na operacionalização motora foram Kiphard e Schilling, dos seus estudos resultou ma bateria de testes para avaliar a coordenação motora de crianças dos 5 aos 14 anos de idade. Esta bateria, desenvolvida em 1974, é designada por bateria de testes de coordenação corporal para crianças (KörperkoordinationtestfürKinder – KTK), tendo-se recorrido a esta no presente estudo. Recorre-se a esta bateria para avaliar a coordenação motora grossa e identificar crianças com insuficiência coordenativa (Lopes et al., 2003; Deus et al., 2008;Vidal et al., 2009).

O desenvolvimento motor e desempenho cognitivo podem estar substancialmente interligados. Quando o desempenho cognitivo é perturbado por algum tipo de distúrbio neurológico o desenvolvimento motor é frequentemente afetado negativamente (Diamond, 2000; Andrade, Luft &Rolim, 2004; Marmeleira, 2006). Os estudos de Moreira, Fonseca & Dinis (2000), Staviski et al. (2007), Amaro, Jatobá, Santos & Neto (2010) encontraram uma relação forte entre a componente motora e as DA.

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19 Posto isto, é extremamente importante que se promova a atividade física nas crianças. Contudo têm-se verificado uma diminuição de espaços físicos destinados ao jogo, à expressão motora e à espontaneidade da criança o que limita grandemente as experiências motoras das crianças, afetando as primeiras competências coordenativas (Gomes, 1996).

A presente dissertação, realizada no âmbito do Mestrado em Educação Física e Desporto Especialização no Desenvolvimento da Criança, propõe-se a perceber a relação entre o desempenho cognitivo e desenvolvimento motor em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem. Esta tem com dois grandes objetivos: caracterizar o desempenho cognitivo e o desenvolvimento motor, de acordo com o género e a idade em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem em crianças com idades entre os 6 e 10 anos de idade; e analisar e verificar possíveis correlações entre as variáveis em estudo, entre as variáveis desempenho cognitivo e desenvolvimento motor e os efeitos das variáveis género, ano de escolaridade e dificuldades de aprendizagem de crianças com e sem dificuldades de aprendizagem com idades compreendidas entre 6 – 10 anos.

I.I. Estrutura de Dissertação

A presente dissertação é composta por sete capítulos estruturados da seguinte forma: Introdução Geral onde é apresentado o tema e definidos os objetivos; Revisão da Literatura onde são abordados os temas das dificuldades de aprendizagem, o desempenho cognitivo e a coordenação motora; o terceiro e quarto capítulo são constituídos por dois estudos, sendo cada um deles constituído por resumo, introdução, metodologia, resultados, discussão e referências bibliográficas; o quinto capítulo é composto pela Conclusão Geral dos estudos; seguindo-se as Propostas Futuras; Referências Bibliográficas; e por fim os Anexos no sétimo capítulo.

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20

III. ESTUDO I – CARACTERIZAÇÃO DESENVOLVIMENTO

MOTOR E DO DESEMPENHO COGNITIVO, EM CRIANÇAS

COM E SEM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ENTRE

OS 6-10 ANOS DE IDADE, DE ACORDO COM O GÉNERO,

ANO DE ESCOLARIDADE E COM E SEM DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM – ESTUDO COMPARATIVO.

(22)

21

ESTUDO I – Caracterização do Desenvolvimento Motor e Desempenho Cognitivo, em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem entre os 6-10 anos de idade, de acordo com o género, ano de escolaridade e com e sem dificuldades de aprendizagem – Estudo comparativo.

Marina Junqueira do Nascimento & Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho Mestranda na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Ciências do Desporto, Exercício e Saúde – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Resumo

O objetivo deste estudo é a caracterização do Desenvolvimento Motor e Desempenho Cognitivo, em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem entre os 6-10 anos de idade, de acordo com o género, ano de escolaridade e com e sem dificuldades de aprendizagem, de crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico, com e sem dificuldades de aprendizagem. A amostra foi constituída por 142 crianças (69 rapazes e 73 raparigas), com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade (8,06± 1,04), do “Gabinete de Promoção do Desenvolvimento Infantil”, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Foram aplicados o teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR) para obter o desempenho cognitivo e o teste KTK (Körperkoordinations-test für Kinder) para avaliar a coordenação motora.

Relativamente às MPCR, 13,40% das crianças são intelectualmente superiores, 39,40% nitidamente acima da capacidade intelectual média, 21,80% capacidade intelectual média, 23,90% nitidamente abaixo da capacidade intelectual média e 1,40% capacidade intelectual inferior. Ao nível do KTK, 19% das crianças apresenta insuficiência na coordenação, 43% perturbação na coordenação, 36,60% coordenação normal e apenas 1,40% boa coordenação.

No resultado do Quociente Motor (QM), do teste KTK, verificaram-se valores significativamente superiores (sig.=0,017) nas crianças sem dificuldades de aprendizagem (DA). O mesmo se verificou no resultado das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR), onde as crianças sem DA apresentaram valores significativamente superiores (sig.= 0,000). Os alunos do 1º e 2º ano de escolaridade apresentaram resultados superiores (sig=

(23)

22 0,018) no QM. Já nas MPCR, foram os mais velhos, do 3º e 4 anos de escolaridade, que apresentaram resultados significativamente superiores (sig.= 0, 002). Quanto ao género, apenas se verificaram resultados estatisticamente significativos nos resultados do teste KTK, em que os rapazes apresentam resultados superiores (sig. = 0, 010).

Palavras-Chave: Desenvolvimento motor; desempenho cognitivo; crianças; dificuldades de aprendizagem.

Abstract

The objective of this study is to describe the sample and compare, according to gender, age and the presence of or absence of learning disabilities, cognitive performance and motor development of children aged 6-10 years old the 1st cycle Basic Education, with and without learning disabilities. The sample consisted of 142 children (73 girls and 69rapazes), aged 6 to 10 years of age (8.06 ± 1.04), the "Promotion Office of Child Development", the University of Tras -the-Montes and Alto Douro. Testing the Raven’s Standard Progressive Matrices were applied for cognitive performance and the KTK test (Körperkoordinations-test für Kinder) to assess motor coordination.

With regard to MPCR, 13.40% of children are intellectually superior, 39.40% clearly above average intellectual capacity, 21.80% average intellectual capacity, 23.90% significantly below average intellectual capacity and 1.40% brainpower lower. In terms of KTK, 19% of children have insufficient coordination, 43% disturbance in the coordination, regular coordination 36.60% and 1.40% effective coordination.

In the statement of Motor Quotient (QM), the KTK test, there were significantly higher values (sig. = 0.017) in children without learning disabilities (DA). The same was found in the results of the Raven Coloured Progressive Matrices (MPCR), where children without AD had significantly higher values (sig. = 0.000). The students of 1st and 2nd grade showed superior results (sig = 0.018) in QM. But already MPCR were older, the 3 and 4 years of schooling, which showed significantly superior results (sig. = 0, 002). As to gender, only found statistically significant results on the results of the KTK test, where boys have higher results (sig. = 0, 010).

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Keywords: Motor development; cognitive performance; children; learning difficulties.

Introdução

Segundo Hammill (1990), a definição de Dificuldades de Aprendizagem (DA) que oferece maior consenso é a do National Joint Commitee on Learning Disabilities, definindo-as como um grupo heterogéneo de desordens, manifestadas na aquisição e utilização da linguagem, fala, escrita, leitura e aritmética. Estas desordens são resultantes de uma possível disfunção do sistema nervoso central.

Uma das variáveis relacionadas com o estudo das DA é o desempenho cognitivo, um dos testes que pode ser utilizado para a avaliação do mesmo são as Matrizes Progressiva Coloridas de Raven (MPCR), estas avaliam a inteligência geral e estimam a capacidade de raciocínio geral de uma forma não-verbal (Bandeira et al 2004; Costa et al.,2004). Os estudos de Bandeira e Hutz (1994) e Dias, Enumo e Junior (2004) apresentam a uma correlação significativa entre o rendimento escolar e os resultados das MPCR, confirmando o perfil de alunos com dificuldades de aprendizagem. Também o estudo de Barrigas e Fragoso (2012) encontra uma relação entre a capacidade de raciocínio, avaliada pelas MPCR, e desempenho académico, mostrando que as crianças que obtêm bons resultados nos testes de inteligência obtêm também bons resultados escolares.

O desempenho cognitivo é diferente em função do género e da idade, os estudos de Vogel (1990), Lynn e Irwing (2004) e Simões (2000), demonstram que o desempenho é melhor nas crianças sem DA, aumenta com a idade e os rapazes apresentam valores superiores. Contudo, os estudos de Bandeira et al 2004, Savage-McGlynn 2010, não encontram diferenças significativas nos resultados obtidos nas MPCR entre rapazes e raparigas. A literatura é consensual quanto à inexistência de diferenças significativas quanto ao género nos testes de inteligência não-verbal. (Flores-Mendoza & Nascimento., 2007; Jensen, 1998; Reilly, 2012; Hyde & Linn, 1998).

Em vários estudos em que foi utilizado o KTK (Körperkoordinations-test für Kinder) para avaliar a coordenação motora verificou-se que os rapazes apresentam um desempenho motor superior às raparigas. Nos estudos de Bianchi (2009), Vandorpe, Vandendriessche, Lefreve,

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24 Pion, Vaeyens, Mattys, Philippaerts & Lenoir (2011), Lopes et al. (2003) e Maia & Lopes (2007) os resultados apontam para melhores desempenhos motores nos rapazes.

Quanto à relação da coordenação motora com a idade, parece não haver um consenso entre os vários estudos, Lopes et al. (2003) e Gorla, Duarte & Montagner (2008) observaram um decréscimo do quociente motor ao longo da idade. Já Vandorpe et al. (2011), Bianchi (2009), Deus et al. (2008) e Maia & Lopes (2007) verificam um aumento da coordenação motora com a idade.

A prática de educação motora em contexto escolar tem influência no desenvolvimento de crianças com dificuldades escolares, como problemas de atenção, cálculo, leitura, escrita, entre outros. O estudo de Neto et al (2010), apresenta resultados que corroboram com a existência de uma estreita relação entre o cognitivo e o motor. Neste estudo, as crianças que não apresentam queixa de DA, 96% delas encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade do desenvolvimento motor.

Em estudos que utilizam outros testes para a avaliação motora também se verifica que crianças com DA apresentam, em todas as áreas motoras, índices inferiores à normalidade (Neto, Costa & Poeta, 2013; Moreira, Fonseca & Diniz, 2000).

Metodologia

Amostra

A amostra foi constituída por 142 crianças, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade (8,06± 1,04), 73 raparigas (51,4 %) e 69 rapazes (48,6 %), frequentando 9 (6,3%) o 1º ano, 30 (21,1%) o 2º ano, 48 (33,8%) o 3º ano e 55 (38,7%) o 4º ano do 1º Ciclo do Ensino Básico, de três escolas públicas de Vila Real. As crianças foram divididas em dois grupos: 60 com dificuldades de aprendizagem (42,3%), e 82 sem dificuldades de aprendizagem (57,7%), estes grupos foram formados através da sinalização dos professores, feita com base nos desempenhos e resultados verificados ao longo das aulas. No presente estudo dividiram-se as crianças em 2 grupos, o 1º e 2º ano e o 3º e 4º ano. Foram utilizados como critérios de inclusão na amostra terem idades compreendidas entre 6 – 10 anos e frequentarem o 1º Ciclo do Ensino

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25 Básico e como de exclusão estarem sinalizados com défice cognitivo, abrangidos pelo artigo 3/2008 (Necessidades Educativas Especiais) e serem de etnia cigana.

Instrumentos e Procedimentos

A recolha dos dados, com a aplicação dos testes MPCR e o teste KTK, iniciou-se após se obterem as autorizações necessárias do Conselho Executivo de cada escola, do consentimento dos alunos que iriam participar e da autorização dos seus encargados de educação.

Para avaliar o desempenho cognitivo foram usadas as Matrizes Coloridas Progressivas de Raven (MCPR) e para avaliar o desenvolvimento motor o teste Körperkoordinations-test für

Kinder (KTK), tendo sido aplicados individualmente, com uma duração de aproximadamente 5

a 7 minutos e 10 a 15 minutos respetivamente.

Matrizes Coloridas Progressivas Coloridas de Raven (MPCR): Instrumento desenvolvido por

John Raven em 1947, e validado para português por Simões (1994). Avaliam o desempenho cognitivo na componente não-verbal e destinam-se a crianças dos 5 aos 11 anos de idade. Este teste é constituído por 36 itens, sendo apresentado em cada um dos itens uma matriz de figuras geométricas com uma lacuna, que deve ser preenchida por uma das seis hipóteses apresentadas logo abaixo da matriz. Os 36 itens estão divididos em três séries (A, Ab e B), cada uma com 12 itens, tendo uma complexidade gradual. Cada item é cotado é cotado com 1 ponto quando respondido corretamente e 0 quando incorretamente, variando a cotação final entre 0-36. Com este teste obtemos três resultados: o bruto, o percentil e a classificação qualitativa. Foram eliminados da amostra os teste que apresentavam uma discrepância superior a 2, sendo esta o resultado da verificação da consistência da pontuação através da subtração dos totais parciais e dos esperados. Foi calculada a consistência interna da escala através do Alpha de Cronbach, tendo sido obtido o valor de 0,837, o que revela uma boa consistência interna.

A classificação dos resultados das MPCR é feita de acordo com a tabela 1:

Tabela1: Classificação do Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven. Simões, (2000).

Classe I Intelectualmente superior (resultado igual ou superior ao percentil 95 para os sujeitos do

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26 mesmo grupo etário).

Classe II Nitidamente acima da capacidade intelectual média (resultado igual ou superior ao percentil 75), ou II+ (se o resultado for igual ou superior ao percentil 90).

Classe III Capacidade intelectualmente média (resultados situados entre o percentil 25 e o percentil 75), ou III+ (se o resultado for superior ao percentil 50). Classe IV Nitidamente abaixo da capacidade intelectual

média (igual ou inferior ao percentil 25), ou IV – (e o resultado for igual ou inferior ao percentil 10).

Classe V Capacidade intelectualmente inferior (resultado menor ou igual ao percentil 5).

Körperkoordinations-test für Kinder (KTK): Instrumento desenvolvido por Kiphard e Schilling

(1974) que avalia o desenvolvimento motor. É constituído por quatro tarefas: equilíbrio à retaguarda, saltos monopedais, saltos laterais e transferência sobre plataformas. A cada tarefa é atribuído um quociente motor, calculado com base nos valores normativos. O KTK utiliza as mesmas tarefas de coordenação para várias idades, os conteúdos das tarefas devem apresentar dificuldades acrescidas à medida que os indivíduos são mais velhos. As diferenciações por idades, nas tarefas que compõe o teste, fazem-se segundo critérios como: aumento da altura ou distância, aumento da velocidade e maior precisão na execução, medida, por exemplo, em função do maior número de acertos num determinado número de tentativas. O somatório dos quatro quocientes motores representa o quociente motor total, através deste as crianças serão classificadas de acordo com o seu nível de desempenho motor de acordo com a tabela 2.

Tabela 2 – Classificação do Teste de Coordenação Corporal (Teste KTK)

QM Classificação

131 - 145 Muito boa coordenação

116 - 130 Boa coordenação

86 - 115 Coordenação normal

71 - 85 Perturbação na coordenação

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27 Tarefas que compõe o teste KTK:

Equilíbrio à retaguarda: caminhar à retaguarda sobre três traves de madeira com espessuras diferentes. São válidas três tentativas em cada trave, perfazendo um total de 9 tentativas. É permitido um ensaio-prévio em cada trave, no qual se realiza um deslocamento à frente e à retaguarda.

São contados em voz alta a quantidade de apoios à retaguarda sobre a trave até que a criança atinga 8 pontos (apoios) ou toque com um pé no solo, contabilizando apenas a partir do segundo apoio. Os deslocamentos são realizados por ordem decrescente da largura das traves. Por tentativa, contabilizam-se um máximo de 8 pontos. O resultado será o somatório de todos os apoios à retaguarda nas nove tentativas.

Saltos Monopedais: saltar com um pé (pé-coxinho) (esquerdo ou direito) por cima de um ou mais blocos de espuma sobrepostos colocados transversalmente na direção do salto, com uma distância de impulso de 1,50 m, aproximadamente, sem derrubar os blocos. A receção deverá ser feita com o mesmo apoio que inicia o salto e deve realizar mais dois apoios após a receção, comprovando a segurança na execução. É permitido dois ensaios-prévios para cada pé. São válidas 3 tentativas por pé, em cada altura. A altura inicial no presente estudo é de 5 cm para as crianças entre os 6 e 7 anos de idade, 15 cm para as crianças entre os 8 e 9 anos e 25 cm para as crianças entre os 9 e 10 anos de idade.

Por cada altura são atribuídos 3 pontos na primeira tentativa válida, 2 pontos na segunda e 1 ponto na terceira tentativa. Caso a criança não obtenha êxito na altura recomendada para a sua idade, inicia a avaliação com 5 cm de altura. Quando a primeira tentativa tiver êxito na altura recomendada, são dados 3 pontos para cada altura abaixo. Por perna podem ser alcançados, no máximo, 39 pontos, perfazendo 78 pontos no total. O resultado será o somatório dos pontos alcançados com o pé direito e esquerdo em todas as alturas realizadas com êxito.

Saltos Laterais: saltar a pés juntos, durante 15 segundos, sobre uma plataforma com uma régua que a divide, de um lado para o outro da régua o mais rápido possível. Caso a criança toque na régua, sair da plataforma ou parar, o avaliador deve mandar continuar, no entanto, se as falhas persistem, a tarefa é interrompida e reiniciada após nova demonstração. Como ensaio-prévio são realizados 5 saltos. São realizadas 2 tentativas válidas.

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Conta-se em voz alta o número de saltos por cada tentativa de 15 segundos. Sendo 1 ponto

quando salta para um lado, outro quando volta, e assim sucessivamente. O primeiro ponto corresponde quando a criança coloca os pés do outro lado da plataforma. O resultado será o somatório dos saltos das duas tentativas.

Transferência de Plataformas: deslocar-se sobre as plataformas durante 20 segundos. A criança coloca-se de pé sobre a plataforma da direita, por exemplo, pega com as duas mãos a da esquerda e coloca-a do seu lado direito, deslocando-se para esta plataforma, e assim sucessivamente. A direção do deslocamento é escolhida pela criança, no entanto, deverá ser mantida nas duas tentativas válidas. As plataformas são colocadas no solo, paralelamente e distanciadas uma da outra cerca de 12,5 cm. Caso haja apoio das mãos ou pés no solo, queda ou quando o aluno pega na plataforma com uma mão, o avaliador dá a instrução para o aluno continuar, contudo, se as falhas perdurarem deverá interromper a tarefa e reiniciada após nova demonstração. Como ensaio-prévio, o aluno deve transferir 3 a 5 vezes a plataforma. São realizadas 2 tentativas válidas.

Conta-se em voz alta o número de transferência das plataformas, apontando um ponto quando a plataforma livre for colocada do outro lado e outro ponto quando o aluno passar com os dois pés para a plataforma livre, e assim sucessivamente, durante 20 segundos. O resultado será o somatório dos pontos realizados nas duas tentativas.

Análise Estatística

Recorreu-se à estatística descritiva para fazer a análise descritiva dos dados através de uma tabela da média e desvio-padrão para as variáveis medidas em escalas contínuas. Recorreu-se ao t test de Student, para proceder a comparação dos resultados de acordo com o género, ano de escolaridade e presença ou ausência de DA, no teste KTK e das MPCR.

Para a análise dos dados recorreu-se ao programa Statistical Package for the Social Sciences

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29

Resultados

Análise Descritiva

Na tabela 3 encontra-se a análise descritiva da amostra, das crianças com dificuldades de aprendizagem, apresentando-se a média e o desvio padrão para a MPCR (total), as tarefas do teste KTK e o QM total.

Tabela 3: Valores médios e desvio padrão do teste das MCPR e do quociente motor por género e ano de escolaridade em crianças com dificuldades de aprendizagem.

1º-2º anos 3º- 4º anos

Feminino Masculino Feminino Masculino

MPCR 28,83 ± 5,31 21,62 ± 3,73 25,67 ± 4,65 24,06 ± 5,38 Trave de Equilíbrio 87,33 ± 12,71 82,92 ±7,25 84,04 ± 10,94 83,76 ± 11,54 Saltos Monopedais 87,50 ± 18,14 88,00 ± 9,06 78,13 ± 11,82 87,41 ±12,16 Saltos Laterais 93,67 ± 14,96 93,85 ± 10,53 84,58 ± 19,39 99,35 ± 16,16 Transferência sobre plataformas 81,00 ± 9,01 76,23 ±5,31 72,00 ± 11,10 79,12 ± 15,24 Quociente motor total 349,50 ± 46,16 341,00 ± 23,16 318,75 ± 43,14 349,65 ± 43,98

Na tabela 4 encontra-se a análise descritiva da amostra, das crianças sem dificuldades de aprendizagem, apresentando-se a média e o desvio padrão para a MPCR (total), as tarefas do teste KTK e o QM total.

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30 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Insuficiência na Coordenação Perturbação na Coordeação Coordenação Normal Boa Coordenação 19% 43% 36,60% 1,40% Perturbação na Coordenação

Tabela 4: Valores médios e desvio padrão do teste das MCPR e do quociente motor por género e ano de escolaridade em crianças sem dificuldades de aprendizagem.

1º-2º anos 3º-4º anos

Feminino Masculino Feminino Masculino

MPCR 24,31 ± 5,19 27,86 ± 3,29 27,67 ± 4,57 27,69 ± 4,57 Trave de Equilíbrio 93,38 ± 12,84 88,14 ± 12,03 86,70 ±10,95 88,44 ± 12,06 Saltos Monopedais 97,46 ± 19,57 98,43 ± 21,79 87,73 ± 10,31 88,53 ± 12,40 Saltos Laterais 99,08 ± 15,71 112,00 ± 20,45 91,13 ± 16,94 104,59 ± 15,04 Transferência sobre Plataformas 86,46 ±13,13 80,71 ± 22,22 67,33 ± 14,56 79,69 ±14,29 Quociente motor total 376,38 ± 52,20 379,29 ± 73,53 330,90 ± 36,32 361,25 ± 41,42

De acordo com o gráfico, no teste das Matrizes Progressivas de Raven, a maior percentagem das crianças apresenta-se “Nitidamente acima da capacidade intelectual média” (39,40%), apresentando-se apenas valores discrepantes na “Capacidade intelectual inferior” (1,04%) e “Intelectualmente superior” (13,40%).

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31 Quanto ao teste KTK a maior percentagem das Crianças apresenta perturbações na coordenação (43%) apresentado ainda 19% de crianças com Insuficiência na coordenação, sendo valores bastante significativos pois representam uma percentagem maior do que as crianças que tem uma coordenação normal (36,6%).

Gráfico 2: Caracterização da amostra total no teste KTK.

Análise comparativa

Como se pode verificar na Tabela 5 as crianças sem DA apresentam resultados significativamente superiores (sig=0,000) nas MPCR (Total). Quanto ao ano de escolaridade, os alunos do 1º e 2º ano, os mais velhos, apresentam resultados significativamente superiores (sig. = 0,002). Quanto ao género, os resultados apesentados nas MPCR (Total) não apresentam diferenças estatisticamente significativas (sig. = 0,526).

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00% Intelectualmente Superior Nitidamente acima da capacidade intelectual média Capacidade Intelectual Média Nitidamente abaixo da capacidade intelectual média Capacidade intelectual Inferior 13,40% 39,40% 21,80% 23,90% 1,40%

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32 Tabela 5: Comparação de acordo com presença ou ausência de DA, ano de escolaridade e género nas MPCR(Total), no total da amostra.

Média Sig.

Dificuldades de Aprendizagem

Com DA 24,15 0,000

Sem DA 27,07

Ano de Escolaridade 1º e 2º Ano 23,79 0,002

3º e 4º Ano 26,61

Género Masculino 25,57 0,526

Feminino 26,10

Como se pode verificar na tabela 6, as crianças sem DA apresentam resultados significativamente superiores (sig. = 0,017) em relação às crianças com DA. Relativamente ao ano de escolaridade os alunos do 1º e 2º ano, os mais novos, apresentam resultados no QM superiores (sig. = 0,018) aos do 3º e 4º ano. O género masculino apresenta resultados, no QM, significativamente superior (sig. = 0,010) ao do género feminino.

Tabela 6: Comparação de acordo com presença ou ausência de DA, ano de escolaridade e género nas QM (Total), no total da amostra.

Discussão

A partir da análise dos resultados, tendo em consideração o objetivo da investigação, verificaram se diferenças estatisticamente significativas quanto à presença se DA nos resultados dos teste KTK e MPCR. As crianças sem DA apresentaram melhores resultados no QM (sig. = 0,017) e nas MPCR (Total) (sig. = 0,000).

Nos resultados obtidos no teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven, para avaliar a inteligência não-verbal, pode verificar-se, um aumento nos resultados obtidos com o aumento da idade (sig. = 0,002). Estudos como os de Vogel (1990), Lynn & Irwing (2004) e Simões

Média Sig.

Dificuldades de Aprendizagem

Com DA 335,40 0,017

Sem DA 354,09

Ano de Escolaridade 1º e 2º Ano 360,97 0,018

3º e 4º Ano 340,59

Género Masculino 356,4 0,010

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33 (2000), obtiveram também resultados que demonstravam que o desempenho cognitivo aumenta com a idade.

O presente estudo não encontrou diferenças significativas nos resultados obtidos nas MPCR quanto ao género (sig. = 0,526), tal como os estudos de Bandeira, Alves, Giacomel & Lorenzatto (2004), Savage-McGlynn (2010), Colom Ruan-Espinosa, Abad & Garcia (2000), Rodrigues (2011), Florees-Mendoza et al. (2007), que indicam a inexistência de diferenças entre géneros no desempenho cognitivo na faixa etária dos 5 aos 11 anos de idade. Flores-Mendoza et al., (2007) explicam que durante este período de desenvolvimento, os rapazes apresentam o mesmo ritmo de maturação física e psicológica das raparigas.

Embora as diferenças encontradas no resultado das MPCR, quanto ao género, não apresentem valores significativos, o género masculino que apresentaram uma menor média nos resultados (género masculino: 25,10; género feminino: 26,10). Também o estudo de Simões (2000) verificou que os rapazes em idades mais novas apresentam resultados inferiores às raparigas, referindo que esta situação se inverte com o aumento da idade. Simões (2000) justifica este facto pelas diferenças neurais nas estruturas e especialização cerebral, dominância hemisférica e velocidade de mielinizaçõ; diferenças relativas a mecanismos genéticos e aos cromossomas; diferenças no funcionamento do sistema endócrino e ritmos de maturação; e fatores socioculturais. Contudo, nos estudos de de Lynn e Irwing (2004), Vogel (1990) o género masculino apresentou valores superiores.

No teste das MPCR as crianças sem DA apresentaram valores significativamente superiores às crianças com DA (sig. = 0,000). Estudos como os de Bandeira e Hutz (1994) e Dias, Enumo e Junior (2004) também obtiveram resultados que corroboram com o resultado do presente estudo, apresentando uma correlação significativa entre rendimento escolar e os resultados das MPCR, confirmando o perfil de alunos com DA. Também o estudo de Barrigas e Fragoso (2012) encontra uma relação entre a capacidade de raciocínio, avaliada pelas MPCR, e desempenho académico mostrando que as crianças que obtêm bons resultados nos testes de inteligência obtêm também bons resultados escolares.

No teste KTK, os resultados obtidos com o presente estudo, na amostra total, revelam que 43% das crianças apresentam perturbações na coordenação e 19% insuficiência na coordenação e apenas 36,6% da amostra tem uma coordenação normal. Estes resultados vão de encontro aos

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34 resultados dos estudos de Maia e Lopes (2002) e Lopes et al. (2003). A reduzida coordenação da amostra é preocupante e pode evidenciar o estilo de vida sedentário que cada vez mais se vêm a implementar nas crianças. O estudo de Lopes, Santos Pereira & Lopes (2012) sugere que um estilo de vida sedentária é um preditor de uma reduzida coordenação motora.

Dos resultados obtidos no teste KTK, as crianças mais novas apresentaram valores superiores no QM (sig. = 0,018), o que contraria os estudos de Vandorpe et al. (2011), Bianchi (2009) e Deus et al. (2008), Maia & Lopes (2002) e Lopes et al. (2012) que verificam um aumento da coordenação motora com a idade.

O estudo de Lopes et al. (2003) e Gorla, Duarte & Montagner (2008) e Collet, Folle, Pelozin, Botti & Nascimento (2008), apresentam também um decréscimo da coordenação motora ao longo da idade. Collet et al. (2008) justifica, este decréscimo, com a diminuição dos níveis de atividade física à medida que a idade avança.

Quanto às diferenças encontradas em relação ao género, no teste KTK, os rapazes apresentaram uma melhor coordenação motora (sig. = 0,010). Tal como no presente estudo, em vários estudos em que foi utilizado o KTK verificou-se que os rapazes apresentam um desempenho motor superior às raparigas. Nos estudos de Bianchi (2009), Vandorpe et al. (2011) e Lopes et al. (2003), os resultados apontam para melhores desempenhos motores nos rapazes. Collet et al. (2008) e Lopes et al. (2003) apontam para esta superioridade do género masculino na coordenação motora as questões culturais. Culturalmente os rapazes são incentivados à prática de atividade física, enquanto as raparigas são direcionadas para brincadeiras realizadas dentro de casa dispondo pouco tempo às práticas desportivas.

Tal como no estudo de Neto et al. (2010), as crianças sem DA apresentaram valores superiores na coordenação motora (sig. = 0,017). Segundo este existe uma estreita relação entre o cognitivo e o motor. Habilidades motoras como correr, saltar, chutar, equilibrar em um pé, entre outras, são desenvolvidas na infância particularmente no início do processo de escolarização. A aquisição destas habilidades motoras está ligada ao desenvolvimento da perceção do corpo, do espaço e do tempo, sendo estas componentes básicas para a aprendizagem motora e para as atividades de formação escolar. Com isto, a aquisição de um bom controlo motor trás consigo a construção das noções básicas para o desenvolvimento cognitivo.

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35 Também os estudos de Neto, Costa & Poeta (2013) e Moreira, Fonseca & Diniz (2000) corroboram com o presente estudo tendo verificado, através de outros teste para a avaliação motora, que as crianças com DA apresentam, em todas as áreas motoras, índices inferiores à normalidade.

Conclusão

No presente estudo verificou-se que as crianças sem dificuldades de aprendizagem apresentam melhores resultados que as crianças com dificuldades de aprendizagem no teste das MPCR, que avaliam o desempenho cognitivo. No mesmo, teste as crianças mais velhas apresentam melhores resultados, quanto ao género não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas.

As crianças sem dificuldades de aprendizagem apresentaram uma melhor coordenação motora. Quanto às idades, foram os mais novos que apresentaram uma melhor coordenação motora e o género masculino apresentou uma melhor coordenação motora em relação ao género feminino.

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38

IV. ESTUDO II – ESTUDO DA INFLUÊNCIA ENTRE O DESEMPENHO

COGNITIVO E DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS COM E

SEM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM COM IDADES ENTRE 6 –

10 ANOS DE IDADE.

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ESTUDO II – Estudo da influência entre o Desempenho cognitivo e Desenvolvimento Motor em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem com idades entre 6 – 10 anos de idade.

Marina Junqueira do Nascimento & Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho Mestranda na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Ciências do Desporto, Exercício e Saúde – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Resumo

O objetivo deste estudo é verificar a influência da idade e do género no desempenho cognitivo e desenvolvimento motor de crianças com e sem dificuldades de aprendizagem, com idades compreendidas entre 6 – 10 anos de idade do 1º Ciclo do Ensino Básico, com e sem dificuldades de aprendizagem. A amostra foi constituída por 142 crianças (69 rapazes e 73 raparigas), com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade (8,06± 1,04), do “Gabinete de Promoção do Desenvolvimento Infantil”, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Foram aplicados o teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven para obter o desempenho cognitivo e o teste KTK (Körperkoordinations-test für Kinder) para avaliar a coordenação motora.

Verificou-se um efeito das DA nas tarefas do teste KTK: “Trave de Equilíbrio”, Saltos Monopedais”, “Saltos Laterais”; com o Quociente Motor Total (p=0,012) e com os totais das MPCR (p=0.003), sendo que as crianças sem DA apresentam valores superiores para todos estes parâmetros.

Quanto ao ano de escolaridade verifica-se um efeito do mesmo nos “Saltos Monopedais”, “Transferências Sobre Plataformas”, com o Quociente Motor total (p=0,01), verifica-se então, que o aumento da idade influencia no decréscimo dos resultados nestas tarefas. Verifica-se ainda, um efeito do ano de escolaridade nas MPCR total (p = 0,023), sendo que com o aumento da idade melhoram os resultados obtidos no total das MPCR.

Imagem

Tabela 2 – Classificação do Teste de Coordenação Corporal (Teste KTK)
Tabela 3: Valores médios e desvio padrão do teste das MCPR e do quociente  motor por  género e ano de escolaridade em crianças com dificuldades de aprendizagem
Gráfico 1: Caracterização da amostra total no teste das MPCR.
Gráfico 2: Caracterização da amostra total no teste KTK.
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Referências

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