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Senhores e escravos: a estrutura da posse de escravos em Mogi das Cruzes no início do Século XIX

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Senhores e escravos: a estrutura da posse de escravos em

Mogi das Cruzes no início do Século XIX

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Jonas Rafael dos Santos♣♣

Palavras chave: Mogi das Cruzes; demografia histórica; posse de escravos; século XIX.

Resumo

O objetivo do artigo é estudar a estrutura da posse de escravos em Mogi das Cruzes, a partir das listas nominativas de habitantes, especialmente a de 1801 com o fim de verificar como estava organizado o sistema escravista em relação às outras regiões da capitania e da colônia. Chama -se atenç ão para a importância da teoria do ciclo de vida e da reprodução natural no processo de acumulação em cativos2.

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, de 20-24 de setembro de 2004.

Doutorando em História na UNESP-Franca, sob a orientação do Professor Horácio Gutierrez. Bolsista CAPES.

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Senhores e escravos: a estrutura da posse de escravos em

Mogi das Cruzes no início do Século XIX

∗∗

Jonas Rafael dos Santos♣♣

O objetivo deste artigo é verificar como estava organizado o sistema escravista de Mogi das Cruzes, por meio dos elementos demográficos, como sexo, idade, estado conjugal e naturalidade, relacionado com o tamanho da posse de escravos, no início do século XIX.

A imagem clássica dos regimes escravistas até a década de 80, foi fundamentada a partir do estudo das características de populações cativas vinculadas à grande lavoura de exportação. Nestas regiões, os escravos eram empregados sistematicamente na produção de mercadorias destinadas à exportação, sendo o tráfico de negros africanos essencial para manutenção e crescimento da mão-de-obra. As escravarias neste tipo de economia eram compostas, em sua maioria, por homens com faixa etária elevada e poucas mulheres e crianças. Até a abolição do tráfico, era difícil para os escravos ligados a regiões baseadas em atividades tipo exportação, casarem, constituírem famílias e reproduzirem-se. Seu perfil demográfico caracterizava -se por altas razões de masculinidade, estrutura etária inchada nas idades produtivas, natalidade e nupcialidade reduzidas, e elevada mortalidade (GUTIÉRREZ, 1987).

Os aspectos desse sistema escravista estavam ligados a momentos em que a produção nos plantation atingiam o auge, o que intrinsecamente estava interligado com o tráfico atlântico de africanos. No entanto, não foi apenas região de características de plantation que atraiu um contigente de escravos, pois principalmente no início do século XIX, foram dirigidos para as lavouras chamadas de subsistências e abastecedoras de mercados locais nas regiões das Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Os resultados de pesquisas como as feita por Martins (1983) e Slenes (1985) sobre Minas Gerais, a partir da década de 80, tem demonstrado a importância dessas regiões na economia do Brasil do início do século XIX e demógrafos como COSTA ; SLENES & SCHWARTZ (1987) , LUNA (1981, 1982, 1983, 1986B, 1988 e 1990), GUTIÉRREZ (1987,1988) e vários outros, em seus trabalhos, têm revelado especificidade dos sistemas escravistas ligados às lavouras de subsistência.

Estes autores têm demonstrado que nas economias de subsistência a presença das mulheres escravas é igual ou próxima à dos homens, ao contrário do que ocorre nos sistemas escravistas de características de plantation. Segundo eles, isso permite maiores possibilidades de casamentos, conformação de famílias e, consequentemente, a existência de uma reprodução natural crescente conforme o tamanho dos plantéis, associando-se também ao tamanho destes, as taxas de casamentos progressivos.

Os estudos demográficos recentes sobre os sistemas escravista têm trazido várias indagações sobre o que até então acreditava-se como norma para os regimes escravistas.

As características demográficas dos sistemas escravistas ligados à economia de subsistência tem apresentado padrões gerais em vários estudos relacionados a este tipo de economia. Portanto, devido à própria estruturação econômica de cada região, além das semelhanças gerais, há peculiaridades nos diversos estudos de cunho demográficos que surgiram nas últimas

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, de 20-24 de setembro de 2004. Doutorando em História na UNESP-Franca, sob a orientação do Professor Horácio Gutierrez. Bolsista CAPES.

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décadas.

A história, pouco ou nem mesmo tem se dedicado sobre o estudo do sistema escravista da Vila de Mogi. Os trabalhos de alguns demográfos como (COSTA & LUNA 1983) e (LUNA & KLEIN, 1990), ao referirem-se ao sistema escravista de Mogi das Cruzes, não procuraram fazer uma análise de forma particularizada, levando em consideração as peculiaridades econômicas apresentada pela Vila de Mogi na Capitania de São Paulo, no início do século XIX.. Isto ocorreu devido aos seus objetivos estarem ligados ao interesse estritamente comparativo de alguns aspectos demográficos desse sistema escravista com o de outras regiões da própria Capitania, do Brasil e das Américas.

Tendo em vista esta situação, nosso objetivo é fazer um estudo pormenorizado da escravidão em Mogi das Cruzes, por meio de uma análise demográfica – utilizando de alguns avanços que a demografia escrava desenvolveu nas últimas décadas–, procurando relacionar a estrutura econômica com características demográficas, e assim verificar as semelhanças e peculiaridades das evidências apresentadas em Mogi com outras regiões já pesquisadas.

As fontes utilizadas nesta pesquisa são as Listas Nominativas de Habitantes de Mogi das Cruzes, especialmente a de 1801. A escolha de um único ano para análise deve-se ao fato de em primeiro lugar, a lista neste ano apresentar-se de maneira mais completa, contendo variáveis como sexo, idade, estado civil, naturalidade, tanto de senhores como de escravos.

Em segundo lugar, é um período em que o dinamismo econômico presenciado pela Vila de Mogi no final do século XVIII - devido à reestruturação administrativa da Capitania de São Paulo - sofre uma inversão. Isso fez com que a população escrava se estabilizasse no início do século XIX.

Portanto, o estudo desse único ano permite compreender como ocorreu o crescimento do sistema escravista da Vila de Mogi no final do século XVIII e como ele estava organizado no início do século XIX. Para isto antes de estudar a estrutura da posse de escravos propriamente dita, procuraremos traçar as transformações econômicas e populacionais de Mogi das Cruzes no final do século XVIII e início do XIX, objetivando assim a visualização do ambiente em que será analisada a relação entre as características demográficas dos senhores e escravos com os aspectos econômicos, que se interagem constantemente como várias pesquisas em muitas regiões têm demonstrado.

A Capitania de São Paulo, apresentou no último quartel do século XVIII um crescimento econômico e populacional nunca antes presenciado. Isto ocorreu em função da reestauração da autonomia administrativa da Capitania em 1765, que se apresentou como marco para a história de São Paulo na medida que os sucessivos governadores, a contar do Morgado de Mateus(1765-1775) implementaram medidas de soerguimento da vida econômica da Capitania (BELLOTO, 1979).

Estas medidas estavam ligadas diretamente ao incentivo à agricultura efetuados por meio do envio de editais - que se iniciou no governado de Morgado de Mateus - a todas as câmaras das vilas para o incremento do cultivo de produtos tipo exportação como cana-de-açúcar e algodão e os produtos de subsistência como; mandioca, milho, feijão, arroz e anil (BELLOTO, 1983).

Diversos pesquisadores a partir de fontes empíricas e baseados na obra de Petrone (1979, p.223), tem generalizado na afirmativa de que o dinamismo da Capitania no final do século XVIII, ocorreu particularmente devido a introdução do cultivo da cana-de-açúcar e o preparo do açúcar e a sua comercialização.

A importância da atividade açucareira na Capitania de São Paulo - principalmente no final do século XVIII - foi favorecida pelo contexto mundial, uma vez que os principais produtores do açúcar, como o Haiti, viu seu potencial exportador enfraquecer devido à uma crise interna. Sendo assim , a atividade açucareira possibilitou que a Capitania participasse pela

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primeira vez das rotas do comércio internacional desde o início da sua colonização.

Consequentemente, a Vila de Mogi das Cruzes, que se localiza entre a cidade de São Paulo e o Vale do Paraíba, neste período, final do século XVIII, presenciou um desenvolvimento econômico e um crescimento populacional acima da média da própria Capitania (ver tabelas 2) que todavia, não foi devido ao cultivo da cana-de-açúcar e nem mesmo da produção do açúcar, como ocorreu no quadrilátero açucareiro (Sorocaba, Piracicaba, Mogi Mirim e Mogi Guaçu), principal região produtora de açúcar da Capitania.

Talvez devido ao clima e qualidade de solo de Mogi das Cruzes, desenvolveu o cultivo do algodão como principal produto que era exportado, junto com os produtos de subsistência (milho, feijão, farinha e arroz). Contudo, o cultivo do algodão caracterizou por ser uma lavoura plantada em pequenas propriedades, tornando-se uma lavoura comercial de pequenos sitiantes.

Paralelamente ao cultivo do algodão desenvolveu a sua manufatura. Dessa forma, as últimas décadas do século XVIII, marcaria profundas modificações na economia da vila mogiana, pois, havia não só um produto agrícola de exportação, mas também uma atividade industrial manufatureira, cujo produto era exportado igualmente.

Jurandyr Campos (1978, p.39), analisando os livros do Conselho da Câmara da Vila de Mogi, afirma: “nota-se uma grande evolução nas rendas do Conselho, de 1780 em diante. Realmente, começa naquele ano com 167$200 e estava em 1800 com 226$640, acusando apenas dois exercícios com renda inferior a 150 mil reis e nove com mais de duzentos mil réis”.

Portanto, no limiar do século XVIII, (1798), a economia de Mogi que se reorientava desde o início do governo Morgado de Mateus, apresentava um relativo dinamismo. A economia baseava-se em uma agricultura modesta, que abastecia os mercados locais. Dentre os produtos de exportação incluía o milho, o feijão, o arroz, o algodão, o pano de algodão, a farinha de pau e aguardente.

Nas exportações predominavam os panos de algodão, com um total de 200 peças, sendo a aguardente com total de 726 canadas, e logo depois o algodão, com um total de 1000 arrobas. Os principais locais de escoamento dos produtos de exportação eram o Rio de Janeiro, para onde eram vendidos os panos de algodão, e São Paulo onde eram negociadas a aguardente e o algodão.

Por meio dos mapas de produção anexados às listas nominativas é possível constatar também um fluxo de importação significativo. As procedências dos produtos eram: Santos onde se adquiria o sal, e o Rio de Janeiro de onde provinha os produtos finos do Reino como vinhos, tecidos finos, aguardente e outros produtos.

Esse cenário, reafirma o dinamismo da economia, já que por meio do caráter mesmo que modesto, exportador e importador, pôde se afirmar a intensificação do caráter agro-mercantil desta economia. Diante deste quadro, pode-se constatar que a Vila de Mogi, de um entreposto comercial exclusivo, abastecedor de viajantes durante o período da mineração, como nos atesta Campos (1978, p. 36), acabou por se tornar após o declínio da extração aurífera, abastecedora de regiões locais. Isto ocorreu em decorrência das medidas de soerguimento econômico iniciadas no governo Morgado de Mateus (1765/1775), e continuadas pelos seus sucessores.

Esta tendência à prosperidade que atravessou a vila no final do século XVIII, começou a sofrer uma inversão. No início do século XIX não figuravam mais as peças de pano de algodão na sua modesta receita de exportação.

O algodão continuava a ser uma das principais culturas ao lado da produção de aguardente e de uma policultura.. O viajante e naturalista francês, Saint Hilaire ao passar na Vila em

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1822, confirmou essas evidências retratadas nas listas nominativas, constando que o algodão era exportado para fora da vila, sendo a principal atividade em que se ocupava os habitantes na vila de Mogi das Cruzes ( GRIMBERG,1992, p.67). Contudo, o algodão como principal atividade produtiva da vila, manteve-se até o início dos anos 20 do século XIX, momento em que a população da vila escrava voltou a apresentar um crescimento significativo após um período de estabilização (ver tabela2).

O café que se expandia para o vale do Paraíba estabeleceu-se neste período em Mogi suplantando a lavoura de algodão, porém, não chegando a tornar-se uma lavoura características de plantation, como ocorreu com várias localidades do Vale do Paraíba.

Correlatamente ao desenvolvimento econômico ocorrido nos últimos lustros do século XVIII ,como explicitado anteriormente, houve um crescimento populacional, devido ao crescimento da natalidade e diminuição da mortalidade advindos de uma melhoria da qualidade de vida, ou também do afluxo de gente das de outras regiões, como por exemplo os escravos negros que neste período incrementam a população da Vila de Mogi das Cruzes.

A vila de Mogi das Cruzes, no final do século XVIII e início do século XIX (1801-1818), apresentou um crescimento populacional acima da média da própria Capitania (MARCÍLIO, 1974), arrefecendo entre 1818 e 1829. A população da Capitania, em 1778, era formada por 124.885 pessoas, em 1800, por 169.544, em 1818, por 221.634 e, em 1828 por 287.645. Já a população de Mogi das Cruzes era composta de 4.844 pessoas em 1777, 6.895 em 1801, 9.364 em 1818 e 10.762 em 1829. No primeiro período(1777/8-1800/1), o crescimento anual da população da Capitania e de Mogi das Cruzes foi respectivamente de 1,40% e 1,43%. No segundo (1800/1-1818) foi de 1,49% e de 1,81%, enquanto que no terceiro (1818-1829) foi de 2,64% e 2,03%.

A população livre de Mogi das Cruzes no primeiro período (1777-1801), apresentou um crescimento inferior à população escrava. O primeiro grupo presenciou um crescimento anual de 1,20% e o segundo de 2,46% . Os livres e os escravos passaram, respectivamente, de 3.887 e 997, em 1777, para 5.250 e 1645, em 1801. No segundo período (1801-1818), o crescimento da população livre foi superior. As populações livre e escrava que correspondiam à 5.250 e 1645 em 1801, elevaram-se para 7.564 e 1.800, em 1818. Dessa forma, enquanto que entre o segmento dos livres a taxa de crescimento anual foi de 2,17% entre o segmento dos escravos foi de 0,56% apenas. No terceiro período (1818-1829) inverteu novamente a ordem de crescimento entre os grupos. O grupo dos escravos obteve um crescimento de 1,73% anualmente e o dos livres apenas 1,20%. O grupo dos livres e dos escravos que compreendiam 7.564 e1800 pessoas em 1818, aumentaram para 8.624 e 2.138 em 1829.

O crescimento significativo de escravos no primeiro período está ligado a um dinamismo provocado principalmente, pela introdução do cultivo e manufatura do algodão e ao aumento da produção de aguardente. Porém, no segundo período a reduzida taxa de crescimento vinculava-se principalmente à extinção das peças de panos de algodão das receitas de exportação, que até o final do século XVIII representava o principal produto de exportação. No terceiro período, retomou-se o aumento significativo no número de escravos em função principalmente da introdução e cultivo do café.

A economia de Mogi das Cruzes era basicamente agrícola, pois em todos os anos houve a predominância de escravos ligados a esta atividade produtiva, que variou entre 78% em 1801 e 80,5% em 1829.

Por outro lado, estava voltada para o mercado interno, uma vez que, na maioria dos anos analisados, os cativos estavam atrelados à agricultura de subsistência, exceto em 1829. Em 1801, 68,93% dos escravos desenvolviam atividades ligadas à agricultura de subsistência, 66,0% em 1818 e 46,0% em 1829. A diminuição da participação dos escravos na agricultura de

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subsistência, em 1829, está diretamente relacionada à introdução e desenvolvimento do cultivo do café. Em 1818, apenas 1,1% dos escravos trabalhavam no cultivo do café, e 26,6% em 1829.

Por meio dos dados referentes as listas nominativas, foi possível constatar também que os escravos indígenas com o nome de administrados, como eram chamados, apareceram em número insignificante apenas em umas das listas.

Entretanto, as transformações econômicas e populacionais presenciadas pela Vila de Mogi das Cruzes no Final do Século XVIII, possibilitou a efetiva substituição da mão-de-obra escrava indígena que havia mantido suas agriculturas rudimentares desde o início do seu povoamento, pela africana.

Este processo intensificado na Vila de Mogi, confirma a hipótese de vários pesquisadores como Bastide & Fernandes (1971), que afirmaram que só no final do século XVIII, São Paulo apresentou uma escravaria africana significativa, uma vez que até aquele instante como nos afirma Caio Prado Júnior (1961, p.104) a sua economia subsidiária dentro do sistema colonial, não possibilitava adquirir tal mão-de-obra que tinha um preço muito elevado.

“No trajeto percorrido entre os fins do século XVII e o terceiro quartel do século XVIII o negro não só adquirira uma posição no sistema econômico de são Paulo. Ele se tornara a própria fonte regular e exclusiva do trabalho escravo e da produção agrícola” (BASTIDE & Florestan, 1971, p. 31) Portanto, não é somente economicamente que a Vila de Mogi se transformou no final do século XVIII. A mudança foi mais profunda. Com o algodão vieram os escravos africanos e várias pessoas de diversas regiões da Capitania como de outras regiões da Colônia. Assim modificou-se a feição étnica da região, até então composta na sua quase totalidade, salvo a minoria dos colonos brancos, de índios e os seus derivados mestiços.

Diante do cenário exposto procuraremos por meio da análise da estrutura de posse de escravos do ano de 1801, compreender como organizava se no início do século XIX e em que circunstância se formou o sistema escravista na vila de Mogi das Cruzes.

Isto é possível, já que a população em geral e especificamente a escrava, após presenciar um crescimento no final do século XVIII, no início do século XIX, se estabilizou até o início dos anos 20, momento em que a cultura do café substituiu a do algodão e a população escrava voltou a crescer significativamente.

No entanto, antes de nos debruçarmos sobre o estudo específico da estrutura da posse de escravos, faz-se necessário descrever os aspectos demográficos básicos dos senhores e escravos, possibilitando assim uma visão de conjunto dos 315 proprietários e dos 1645 escravos, que compreendia o sistema escravista de Mogi das Cruzes, em 1801.

Os escravistas eram na sua grande maioria formado de homens (80,3%); 7,9 eram solteiros, 69,9% casados , 21,3%viúvos e em 0,9 não foi possível identificar o estado conjugal. Predominavam os proprietários nascidos em Mogi das Cruzes, 79%, sendo os 21% restantes oriundos de diversas partes da capitania de São Paulo.

A idade média dos escravistas era de 49,3 anos; 33,3% correspondiam as faixas etárias entre os 20 e 39 anos, e 56,2 % referiam-se aos que tinham entre 40 e 69 anos e os 9,5% restantes correspondiam ao conjunto de proprietários com mais de 70 anos ou mais.

Em relação às atividades econômicas, dominavam os agricultores 71%, os senhores de engenho 10,6%, a igreja e as ordens religiosas 10,19%, os artesãos com 5,4%, os negociantes 1,64.

Os aspectos demográficos dos escravos de Mogi, apresentam-se da seguinte maneira: uma superioridade numérica do elemento feminino, 54,4%; um domínio dos cativos nascidos no Brasil, 75,0%; um número relativamente elevado de escravos casados ou viúvos 30%,

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se considerados os padrões tradicionais que sempre se acreditou como norma; em relação a faixa etária, 34,3% correspondiam a crianças com 14 anos ou menos, o que mostra uma população não muito envelhecida e a relação criança/mulher foi de 805.

Antes de passarmos para análise da estrutura da posse de escravos, é importante ressaltar que os cortes no tamanho dos plantéis, obedeceram a seguinte disposição: a faixa de tamanho de plantel de 1 a 5 escravos, compreende pequenos proprietários, as de 6 a 15 escravos representam as propriedades de tamanho médio e as de 16 a 41 ou mais escravos, são as grandes propriedades de escravos.

A distribuição dos proprietários e cativos segundo a faixa de tamanho dos plantéis, revela evidências merecedoras de atenção, já que reflete o ambiente econômico e social de Mogi no início do século XIX.

No início do século XIX, Mogi das Cruzes, que presenciou um crescimento de escravos no final do século XVIII, como já ressaltado, possuía uma estrutura de posse de escravos semelhante à várias regiões da Capitania e do Brasil.

Tabela 1

Distribuição de proprietários e escravos segundo o sexo e faixas de tamenho dos plantéis Mogi das Cruzes - 1801

F. T.P Proprietários N. absolutos Proprietários N. porcentuais Escravos N.absolutos Escravos N. porcentuais 1 76 24.4 76 4.7 2 -5 145 46.0 481 29.3 6 -15 78 24.8 677 41.0 16 - 41 15 4.8 411 25.0 Total 315 100,0 1.645 100,0

Fonte: Fonte: Arquivo do Estado de São Paulo;

Listas Nominativas de Habitantes, Mogi das Cruzes, 1801 Obs: F.T.P= faixas de tamanhos dos plantéis

A análise de como estavam distribuídos os escravistas e os escravos segundo as faixas de tamanho de plantéis evidencia um número elevado de pequenos escravistas 70,4 %, os quais, detinham apenas 34% dos escravos; enquanto que um reduzido número de escravistas 29,5%, que constituíam os médios e grandes proprietários, possuíam um número elevado de escravos 66% (tabela 1).

Sendo assim devido, ao grande número de pequenos proprietários, a média de escravos que entre os médios e os grandes proprietários era de 11,6%, abaixava para 5,2 escravos por proprietários, o que não diferencia muito como já ressaltamos, de outras regiões e da própria capitania de São Paulo e de outras regiões do Brasil.

A análise média de escravos por proprietário, da moda, mediana e o índice de gini que eram respectivamente 5,2; 1; 3 e 0,5 em 1801 confirma a semelhança da distribuição da propriedade escrava de Mogi com outras localidades (tabela2).

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Tabela 2

Indicadores estatísticos comparativos referente a média de cativos por escravistas de diferentes regiões da capitania e da colônia

Localidade e ano Média de cativos Por proprietário Classe Modal Mediana (proprietários) Ï ndice de Gini Mogi, 1801 5,2 1 3 0,50 Mogi, 1818 4,3 1 3 0,46 Mogi, 1829 4,7 1 3 0,52 Lorena, 1801 5,6 1 3 0,536 Sorocaba, 1804 5,0 1 3 0,545 Bahia, 1816/17 7,2 __ __ 0,590 Vila Rica, 1804 3,7 __ __ 0,502 Curitiba, 1804 5,0 1 __ 0,53 Paraná, 1804 5,6 1 3 0,56

Fonte: Dados extraídos, com algumas modificações de COSTA & NOZOE(1989).

A correlação do número médio de escravos e a idade dos proprietários nos possibilitam também compreender como estava organizado o sistema escravista em Mogi no início do século XIX. O cruzamento dessas duas variáveis (média de escravos por proprietários e idade dos mesmos), permite verificar a existência de uma correlação positiva até a faixa de 60 a 69 anos de idade, enquanto que para faixas de idade superior verifica-se o inverso.

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Gráfico 1

Número médio de escravos por faixa etária dos proprietários de cativos Mogi das Cruzes, 1801

6 -...* ...* * 5 - ...* 4 - ... * ...* 3 - ...* 2 - 1 - \ \ \ \ \ \ \ 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 80 ou + 3,12 2,91 5,67 5,65 5,90 5,04 3,44 Fonte: Arquivo do Estado de São Paulo

Listas Nominativas de Habitantes, Mogi das Cruzes, 1801.

Por meio do gráfico 1 é possível verificar, que os proprietários entre 20 e 29 anos possuíam uma média de 3,12 escravos, alcançando o máximo de 5,90 na faixa etária de 60 a 69 anos, enquanto que a partir da faixa etária de 70 a 79 anos em diante há uma queda no número médio de escravos por proprietários.

Portanto, na vila de Mogi havia uma tendência da média de escravos estarem nas faixas intermediárias de idade dos proprietários, mais elevados, do que nas faixas mais baixas nas quais os senhores estavam começando a sua vida produtiva, ou mesmo nas faixas etárias elevadas, em que devido à ocorrência de morte dos senhores ou adiantamento de heranças ou dotes, havia uma tendência a repartição dos escravos entre os membros da família.

Estas características do sistema econômico da vila de Mogi não diferem da teoria do ciclo de vida desenvolvida por Iraci Del Nero da Costa (1983). Segundo este autor a posse de escravos era pequena na faixa etária mais baixa (20 e 29 anos) porque os senhores estavam

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começando a sua vida produtiva, alta na faixa etária intermediária (40 e 69 anos), devido aos senhores atingirem o auge na sua vida produtiva e baixa, novamente a partir dos 70 anos, em função da morte dos senhores ou adiantamento de heranças ou dotes, que ocasionavam muitas vezes na repartição dos escravos entre os membros da família.

Dessa forma, se considerarmos que há uma concentração de escravos nas mãos dos senhores em idade intermediária e os escravistas serem, na sua maioria, naturais de Mogi (71,7%), os quais representavam 72,85% dos pequenos proprietários, 79,2,% dos médios proprietários de escravos e 33,3% dos grandes proprietários de escravos, podemos afirmar que a acumulação que permitiu o crescimento do sistema escravista no final do século XVIII, na vila de Mogi teve suas bases na própria região de Mogi. Esta evidência é importante ser frisada já que neste período houve um grande fluxo de pessoas de várias regiões para a Vila de Mogi, que poderiam ter trazido escravos e riquezas. Estas evidência nos mostra, porém , que isto não ocorreu.

Em relação à faixa de tamanho dos plantéis e as atividades produtivas dos senhores, é importante atentarmos para o fato de que a Vila de Mogi era eminentemente agrícola.

O que nos chama atenção é que a maioria dos proprietários com 1 escravo era agricultor, confirmando a afirmativa que fizemos no ítem anterior de que a lavoura do algodão era praticada em pequenas propriedades. Este fato já se diferencia com relação aos senhores de engenho que produziam a aguardente, pois estes, na sua maioria, se concentravam na faixa média do tamanho dos plantéis, enquanto que na faixa unitária não havia nenhum senhor de engenho.

Estes dados, referentes às atividades produtivas e o tamanho dos plantéis, refletem como estava distribuída a posse de escravos na Vila de Mogi, mostrando mais uma vez, a dicotomia existente entre os pequenos proprietários que eram a maioria e detinham o menor número de escravos e os grandes proprietários que eram uma parcela reduzida e possuíam um grande número de escravos.

Este quadro é perceptível em todas as atividades produtivas, mas os agricultores por serem a maioria dos proprietários de escravos refletem bem esta situação.

Após traçar este panorama sobre a estrutura da posse de escravos, que permite visualizar a organização do sistema escravista em estudo, nos deteremos agora na compreensão de como as variáveis demográficas dos escravos relacionavam com o tamanho dos plantéis de cativos. A naturalidade dos escravos evidencia uma superioridade dos escravos nascidos no Brasil em relação aos nascidos na África. Os crioulos representavam 75% dos cativos e os africanos 25% dos cativos de Mogi das Cruzes em 1801. Porém, não observa-se nenhuma ligação entre a naturalidade dos cativos com o tamanho dos planteis de escravos. Estudos, sobre localidades com a economia voltada para o abastecimento do mercado interno brasileiro, têm evidenciado alto índice de escravos crioulos. Em duas localidades do Paraná, Castro e Antonina, os escravos crioulos representavam 86% e 89% da população escrava dessas localidades em 1804 (GUTIÉRREZ, 1988, p. 170). Em Minas Gerais, a população escrava crioula de Paracatu e Oeste Mineiro representava 59,7% dos cativos dessas localidades em 1831/2. (PAIVA & LIBBY, 1995).

Em relação à distribuição dos escravos segundo faixas etárias e faixas de tamanho dos plantéis, há uma correlação entre essas duas variáveis. A partir da tabela 6 é possível observar que a presença das crianças crescia à medida que as faixas de tamanho dos plantéis aumentavam, apesar de que na faixa de 6-15 a participação de crianças é a mesma que a faixa de 2-5 escravos. Na faixa de tamanho de plantel de 1 escravo, 23,7% dos escravos eram menores de 14 anos, 33,1% na faixa de 2-5 escravos, 33,1% na faixa de 6-15 cativos e 37,0% na faixa de 16- 41 e ou mais. O número elevado de escravos com até 14 anos (33,6) em Mogi das Cruzes também não se diferencia das localidades do Paraná e Minas Gerais. No Paraná os escravos com até 15 anos compreendiam 40,5% em 1798, 39,8% em 1810 e 39,6% em 1824 (GUTIÉRREZ, 1987). Em Minas Gerais os escravos com até 14 anos representavam 29,6% em 1831-1832 (PAIVA;LIBBY,1995).

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O crescimento da participação de crianças, de acordo com aumento do tamanho dos plantéis de escravos, comumente tem sido apontado devido à ma ior possibilidade que os grandes plantéis ofereciam para que os cativos mantivessem relações conjugais, muitas vezes, com o mesmo parceiro por um longo período de tempo, levando assim, à constituição das famílias escravas (SLENES, 1987).

Esta situação tem se mostrado comum em tipos de sistemas escravistas ligados à economias voltadas para o mercado interno, exclusivamente no período anterior ao fim do tráfico de escravos, devido ao equilíbrio do sexo destes.

O que, na Vila de Mogi, seria ainda mais favorecido, uma vez que, em todas as faixas de tamanho de plantéis de escravos o número de mulheres era sempre superior ao de homens (gráfico 2). A taxa de masculinidade de Mogi das Cruzes em 1801, 1818 e 1829 foi respectivamente de 46,0; 50,5 e 52,9. No Paraná, que também tinha uma economia voltada para o mercado interno, a taxa de masculinidade em 1804, 1816 e 1830 foi respectivamente de 51,0; 49,8 e 50,8 (GUTIÉRREZ, 1987).

Os escravos que conheceram o casamento em Mogi das Cruzes representavam 31,2%, índice que se assemelha ao da Capitania de São Paulo e ao do Paraná. Segundo Costa & Gutiérrez (1984), 25% dos escravos de São Paulo e 30% dos cativos do Paraná conheceram o casamento no início do século XIX.

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Gráfico 2

Distribuição dos escravos segungo sexo e faixa de tamanho dos plantéis Mogi das Cruzes, 1801

HOMENS MULHERES ESCRAVOS % ___ 62% 55% 55% 52% 50 _ 38% 45% 48% 45% ___ | | | | 1 2 - 5 6 - 15 16 - 41 ou + faixas de tamanho dos plantéis

Fonte: Arquivo do Estado de São Paulo

Listas Nominativas de Habitantes, Mogi das Cruzes, 1801.

Os casamentos entre escravos ocorriam freqüentemente nos plantéis médios e grandes na sua grande maioria como pode ser comprovado pela tabela 3. Isto acabava ocorrendo já que os senhores normalmente não permitiam ou dificultavam os matrimônios dentro da sua própria propriedade. Mais dificultoso ainda eram as relações de seus escravos com os de outras propriedades, significando que escravos que viviam em pequenas propriedades, teriam menores probabilidades de contrair matrimônio com outro escravo, tanto pela natureza de sua condição de cativo dentro dessa sociedade como pelo motivo exposto acima (COSTA, SLENES & SCHWARTZ, 1987).

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Tabela 3

Estado conjugal dos escravos segundo o tamanho dos plantéis Mogi das Cruzes, 1801

F.T.P Estado Conjugal

Solteiros Casados Viúvos Total

Números absolutos 1 52 3 3 58 2-5 251 57 14 322 6-15 315 119 19 453 16-41ou + 133 106 20 259 Total 751 285 56 1092 Números porcentuais 1 89,7 5,2 5,2 100,0 2-5 78,0 17,7 4,3 100,0 6-15 69,5 26,3 4,2 100,0 16-41ou + 51,4 40,9 7,7 100,0 Total 68,8 26,1 5,1 100,0

Fonte: AESP, Listas Nominativas de Habitantes de Mogi das Cruzes, 1801

. Dessa forma, o equilíbrio entre os sexos, o número elevado de escravos de origem brasileira, um número elevado de crianças e a presença significativa de escravos casados e viúvos e a elevada relação criança mulher, nos chama atenção para a possibilidade da reprodução natural na vila de Mogi das Cruzes.

Juntamente com a acumulação de capitais, devido ao cultivo do algodão e a sua manufatura que proporcionaram a compra de escravos, a reprodução natural foi fundamental para o crescimento do número de escravos verificado na Vila no final do século XVIII.

É possível, assim, afirmar que a reprodução natural exerceu a função de manutenção dos plantéis, e o capital obtido com a comercialização do algodão e seu derivado, o pano de algodão, que se tornaram importantes para a economia do Brasil no final do século XIX, como afirmou Prado Júnior (1961, p.87), e mais precisamente para a economia da vila, foram fundamentais para o crescimento do número de escravos em Mogi. Isto pode ser comprovado no fato de que no início do século XIX, quando os panos de algodão deixam de figurar nas receitas de exportação, o número de escravos manteve estável, só havendo um ligeiro aumento após a entrada do café na economia da vila em substituição ao cultivo do algodão

A análise do sistema escravista de Mogi possibilita a verificar a estreita ligação entre a economia da Vila e seu aspecto demográfico. Isto tornou-se mais evidente ao cruzarmos as variaveis demográficas (como sexo, faixa etária, estado conjugal e naturalidade) com a distribuição da posse de escravos em Mogi, uma vez que quase todas as variáveis mantiveram alguma relação com o tamanho dos plantéis de escravos.

A partir dessa análise pormenorizada da demografia escrava de Mogi das Cruzes, foi possível observar também que em todas as faixas de tamanho dos plantéis existia a superioridade do elemento feminino em relação ao masculino. Esta característica do sistema escravista é decorrência da importância da manufatura dos panos de algodão. Douglas Libby

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(1997) ao estudar a produção têxtil em Minas Gerais, observa que as mulheres dominavam este tipo de atividade. O aumento da taxa de masculinidade em 1818 e 1829, anos que o pano de algodão não era tão importante para a economia da Vila reflete esta situação.

A baixa taxa de masculinidade, além de refletir a peculiaridade do sistema escravista de Mogi, juntamente com o índice elevado de crianças (33,6%), número elevado de escravos nascido no Brasil (75%), número elevado da relação criança/mulher (805) e de escravos que haviam conhecido o casamento legal, (30%), nos chamou a atenção para o fato da existência e importância da reprodução natural no contexto de seu sistema escravista. Tal importância ficou ainda mais explícita ao identificarmos que no momento em que a economia da Vila de Mogi sofreu um processo de estagnação, o número de escravos ficou inalterado. Juntamente com a estabilidade no número de escravos entre 1801 e 1818 e o crescimento da população escrava entre 1818 e 1829 ocorreu poucas mudanças nas variáveis demográficas. A taxa de masculinidade em 1801, 1818 e 1829 foi respectivamente de 46,0; 50,5 e 52,9. O número de escravos com até 14 anos em 1801; 1818 e 1829 foi respectivamente de 33,7%; 31,4% e 31,6%.

Dessa forma, os resultados encontrados permite concluir que a mortalidade de escravos, no início do século XIX, fo i suprida em grande parte pela reprodução natural.

Dessa forma, pode-se concluir, então, que nos momentos em que a economia se expandia visando o mercado, o número de escravos crescia significativamente, não apenas pelo processo de reprodução natural dos escravos, mas também em decorrência do fluxo de escravos via tráfico. Assim sendo, as evidências para Mogi das Cruzes aproximam-se dos resultados encontrados por Douglas Libby e Clotilde Paiva (1995), que demonstram que, no início do século XIX, o número elevado de escravos nas Minas Gerais – maior sistema escravista do Brasil – foi o resultado de um processo de reprodução natural aliado ao fluxo contínuo de escravos, via tráfico.

A situação encontrada em Mogi das Cruzes distancia-se, por sua vez, da paranaense verificada por Horacio Gutiérrez (1987), que constatou um crescimento anual de 1,20 no número de escravos no Paraná, no início do século XIX que ocorreu, particularmente, em razão do processo de reprodução natural e não pela inserção de cativos via tráfico transatlântico e/ ou interno.

Neste sentido, as características demográficas de Mogi, aliadas às hipóteses a respeito da reprodução natural de escravos levantadas por Paiva & Libby (1995) e Gutiérrez( 1987 ; 1988) e outros possibilitam concluir que, em economias que não tinham ligações intensas com o mercado externo, embora a oferta de escravos fosse altíssima, como foi o início do século XIX, os proprietários de escravos utilizavam a reprodução natural para manter suas posses, recorrendo ou não, de maneira simultânea, ao tráfico transatlântico de escravos.

Assim sendo, as evidências das características demográficas de Mogi confirmam a associação entre economia voltada para o mercado interno e reprodução natural, antes do fim do tráfico transatlântico de 1850.

Por outro lado é possível verificar que os aspectos singulares da economia da Vila de Mogi possibilitaram a formação de um sistema escravista peculiar, evidenciando assim, a validade do uso desse tipo de estudo em diferentes contextos econômicos e também, que a análise dos regimes escravistas de forma localizada permite a compreensão da complexidade do regime escravista brasileiro.

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