• Nenhum resultado encontrado

Como consumimos? Possibilidade de análise do consumo pela demografia: estudo do caso em Lucas do Rio Verde

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Como consumimos? Possibilidade de análise do consumo pela demografia: estudo do caso em Lucas do Rio Verde"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

1

Como consumimos? Possibilidade de análise do consumo pela demografia:

estudo do caso em Lucas do Rio Verde

*

Carla Craiceβ

Resumo: O trabalho persegue o tema consumo dentro do campo de população-ambiente a fim de explora-lo com maior solidez nos estudos da demografia. Primeiro é levantada a bibliografia para problematiza-lo e traçar caminhos possíveis a serem seguidos pelo trabalho. Uma preocupação recorrente na literatura recai sobre a unidade de análise utilizada nos estudos de consumo da população, principalmente quando se ocupam com o impacto ambiental, apontando o domicílio como uma saída. Para justifica-la, são mobilizadas características de dinâmica demográfica atual que refletem na diminuição do número de moradores médio por domicílio. Posteriormente apresenta-se um estudo do caso em Lucas do Rio Verde sobre consumo utilizando o domicílio para observar características demográficas relevantes à análise, com base em trabalhos já existentes. Os resultados mostram através de métodos estatísticas a relação entre características como tamanho do domicílio, presença de menores de 18 anos, idade do ‘dono/a’ com o gasto em energia elétrica. Eles também instigam ao demonstrar a relevância da perspectiva demográfica nos estudos de consumo.

Palavras-chave: mudança demográfica; composição de domicílios; consumo; Lucas do Rio Verde.

Introdução

Segundo estimativas da ONU, em outubro de 2011, chegamos a 7 bilhões de habitantes no planeta, um marco demográfico que renova os interesses pelos desafios envolvendo as mudanças populacionais (LAM, 2011). A grande intensidade do crescimento

* Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de Lindóia/SP – Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012.

β

(2)

2

populacional do último século junto à percepção da limitação dos recursos mobiliza discussões ambientais e suscita questões como: até quando o planeta irá suportar tamanho volume? Apesar da intensidade do crescimento populacional do meio do século XX para os dias de hoje, período que a população dobra (3 bilhões em 1960 para 6 bilhões em 1999), as projeções estimam um “freio” do crescimento, posteriormente uma estabilização do volume e uma diminuição da população dependendo do cenário considerado.

A taxa de crescimento populacional mundial estimada para 2011 é de 1,1% e, caso se mantivesse nesse patamar, a população dobraria de tamanho em cerca de 60 anos. Porém os três cenários de crescimento apresentados pelas projeções da ONU (LAM, 2011), que variam de acordo com a hipótese de mudanças na fecundidade – alta, média, baixa - indicam uma forte queda nas taxas de crescimento em qualquer circunstância. No cenário com alta fecundidade, a população dobraria de 6 para 12 bilhões em 66 anos, no ano de 2065, um período maior que os 39 anos anteriormente observados. Já nos cenários de baixa e média fecundidade, a população dificilmente dobrará, muito menos no período de 39 anos.

A bomba populacional não explodiu. Previsões catastróficas acerca do crescimento populacional, tendo como o principal expoente na demografia o neomalthusianismo, não corresponderam com a realidade. Pelo contrário, um dos principais temores passou a ser o decréscimo da população, a perda de volume populacional, a implosão da população. A partir desse quadro, deve-se olhar para outros aspectos da interação entre população e ambiente para além do crescimento populacional, e compreender outros elementos envolvidos nessa relação.

Hogan (2001) demonstrou como o campo de população e ambiente no Brasil pluralizou seus temas. Na década de 1980, as preocupações dos trabalhos do campo no Brasil giravam em torno dos migrantes envolvidos no movimento das fronteiras agrícolas, aquém dos ranços do crescimento demográfico ou as taxas de crescimento, explorando novos temas. Nos anos 90, conquista espaço a questão da distribuição espacial, um componente da dinâmica demográfica. Porém ainda há uma lacuna de pesquisas que contemplem o tema consumo dentro da população e ambiente e estabeleçam definitivamente tal debate nos meios acadêmicos. A demografia se mostra como uma área com possibilidade para contribuir nas discussões, principalmente na medida em que busca ir adiante das simplificações recorrentes no discurso político e incorpora novas perspectivas (HOGAN, 2001).

O consumo é uma das faces na interação população-ambiente que se destaca em debates políticos e acadêmicos sobre o impacto ambiental. Particularmente o consumo em massa que popularizou altos padrões de consumo presentes nos dois hemisférios do globo, em países desenvolvidos e em desenvolvimento, fez despertar a atenção para o tema e transformou-o em um problema ambiental.

O que se observa é que, ainda que a taxa de crescimento esteja caindo, o consumo cresce. Enquanto a população dobrou entre 1960 e 1999, os gastos com a despesa doméstica (gasto de bens e serviços na família) mais que quadruplica no período, sendo 4,5 trilhões em 1960 e chegando a 20 trilhões em 2000 (GARDNER et al., 2004). Esse exemplo ilustra o descompasso do crescimento do consumo para além do crescimento demográfico.

O acesso ao consumo acontece de forma desigual: as populações ricas consomem mais que aquelas pobres. Por exemplo, sobre o mesmo gasto anterior, os países da América do Norte e Europa respondem por 60% deste consumo e abrigam 12% da população mundial. Em contraste, cerca de 30% da humanidade que vive no Sul da Ásia e na África Subsaariana representa 3,2% do consumo privado mundial (GARDNER et al., 2004). Contudo são os países em desenvolvimento (como China, Índia e Brasil) que “guardam” o grande potencial

(3)

3

de crescimento do consumo, representado pela chamada “Classe de Consumidores Globais”1

Outros aspectos da dinâmica demográfica ganham maior destaque com essas mudanças. Faz-se necessário aprofundar em características populacionais que se modificam em decorrência das mudanças demográficas e como elas se relacionam com o consumo. Nesse sentido, alguns trabalhos sobre população e consumo estão explorando aspectos populacionais que ganham importância a partir dessa dinâmica. Por exemplo, utilizar o domicílio como unidade de análise de consumo na população. Ou pensar o envelhecimento populacional e as diferenças de consumo em domicílios mais envelhecidos (CARMO e D´ANTONA, 2010).

. Essa classe já está distribuída equitativamente entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, mas o seu potencial de crescimento encontra-se no segundo grupo, pois no primeiro essa classe já corresponde 80% da população total, e no segundo apenas 17% (MELLO; HOGAN, 2007).

Visto a maneira que o consumo se altera, sua importância enquanto tema de investigação também deve crescer. O presente trabalho revisa algumas investigações já realizadas dentro da demografia sobre consumo, atentando-se aos caminhos já trilhados por esses. A partir da bibliografia explorada, faz-se um estudo do caso em Lucas do Rio Verde, relacionando características demográficas e o consumo de energia elétrica tendo por referência 500 domicílios visitados em 2009.

Consumo em trabalhos demográficos

Compreender a relação entre população-consumo a partir de uma perspectiva das Ciências Sociais mobiliza algumas agendas de estudo já consolidadas na área. Exploram-se as agendas para observar possíveis passos para a união dos campos de população-ambiente e consumo-ambiente, consolidando a investigação em população-consumo-ambiente (CURRAN; DE SHERBININ, 2004).

O consumo dentro dessa relação ganha sentido quando é entendido como uma das formas que o homem vive o ambiente. A partir da consolidação do consumo em massa, iniciada no pós 2ª Guerra principalmente nos Estados Unidos, é que se entende o consumo como um problema ambiental. O movimento ambiental volta sua atenção para esse modo de consumir por volta da década 70, tendo como um marco a crise do petróleo, que escancarou os limites dos recursos impostos pela terra (MELLO; HOGAN, 2007). Dessa forma o consumo pelas vias do consumo em massa passa a ser um problema ambiental.

Dentro das Ciências Sociais, existem três agendas que sistematicamente exploram o tema consumo. Uma delas observa seu comportamento, as diferenças de consumo através de valores, atitudes, estilo de vida que são mobilizados nessa ação aparentemente irracional, mas que dirigem escolhas cotidianas dos consumidores. Outra área investiga sobre formas de medida ambientais, como a pegada ecológica e contabilidade de fluxos materiais. O objetivo é contabilizar todo o consumo produzido envolvendo um produto da atividade humana, inclusive externalidades, mostrando que os impactos acontecem longe dos olhos daquele quem consome (CURRAN; DE SHERBININ, 2004).

A agenda onde a demografia tem desenvolvido trabalhos é relativa a explorar a unidade de análise o domicílio em detrimento de dados agregados em região, país, cidade

1

“Essas pessoas têm renda superior a US$ 7.000 anuais em termos de paridade de poder aquisitivo (uma medida de renda ajustada ao poder aquisitivo em moeda local), ou seja, aproximadamente o nível da linha oficial de pobreza da Europa Ocidental. A própria classe de consumidor global varia muito em termos de riqueza, mas seus membros caracteristicamente dispõem de televisão, telefones e Internet, junto à cultura e idéias que esses produtos transmitem. Essa classe de consumidor soma cerca de 1,7 bilhão de pessoas – mais de um quarto do mundo” (GARDNER et al., 2004, p.5).

(4)

4

(CURRAN; DE SHERBININ, 2004). Alguns trabalhos têm adotado tal postura em uma crítica às análises de consumo usando como unidade o indivíduo, o consumo per capita (LIU et al., 2003; MACKELLAR et al., 1995). Um estudo sobre emissão de gases mostra que a unidade de emissão per capita apenas leva em consideração o tamanho da população, mas é limitada para apreender o fenômeno com maior profundidade e como mudanças nas características populacionais suscitam consumos diferentes (O’NEILL; MACKELLAR; LUTZ, 2001 apud CURRAN; DE SHERBININ, 2004). Comparando os resultados de análises de consumo utilizando o indivíduo como unidade (consumo per capita) e aqueles apresentados por análises por domicílio, chega-se que a primeira pode subestimar o consumo e/ou impacto da população. Esse é o resultado geral dos trabalhos e será tratado com maior atenção adiante.

O domicílio enquanto unidade de análise ganha sentido dentro de mudanças ocorridas pela dinâmica demográfica. Hogan (2005) mostra a importância de observar a dinâmica demográfica para incorporar novas perspectivas dentro da análise de população-ambiente. O modo que ela acontece evidencia novos problemas e minimiza inquietações anteriores, e isso deve ter um respaldo nas perspectivas do trabalho.

O autor aponta duas características importantes de mudança dentro da América Latina. A primeira reflete a tendência geral do declínio das taxas de crescimento populacional, envolvendo a queda da fecundidade, aproximando-se inclusive ao nível de reposição, 2,1 filhos. Isso demorará em ser traduzido em crescimento zero, porém de fato o processo é mais acelerado em tais países. Outro aspecto é o declínio da taxa de crescimento urbano, que atingiu o ápice entre os anos 70 e 80, e tem decrescido desde então. Esse quadro indica que a bomba populacional foi desativada, e a população e ambiente inclui em seus debates outros aspectos da dinâmica demográfica. Um dos aspectos decorrentes desse processo é justamente mudanças no nível de domicílio. Em alguns países, sua taxa de crescimento é maior que a taxa de crescimento populacional, e isso repercute em mudanças no consumo.

O declínio das taxas de urbanização, por outro lado, foi acompanhado por mudanças importantes na estrutura familiar. Envelhecimento da população, redução do tamanho da família e novas formas de casamento têm levado a unidades domésticas multigeracionais menores e ao aumento do número de domicílios unipessoais. Entre os anos 80 e 90 o tamanho médio dos domicílios declinou em todos os países da região [...] e hoje flutua entre 5,1 pessoas por família em Honduras e 3,2 no Uruguai. A taxa de crescimento dos domicílios é hoje maior que a taxa de crescimento da população. A mudança nos padrões de consumo que isso representa terá importantes efeitos ambientais (HOGAN, 2005, p. 325).

O autor indica duas características do domicílio que podem afetar o padrão do consumo: a taxa de crescimento do domicílio maior que o crescimento populacional como já foi dito e a diminuição do tamanho médio do domicílio referente ao número de moradores.

A alteração do tamanho do domicílio provoca uma mudança na sua economia de escala. O conceito está presente principalmente nos estudos econômicos sobre consumo e tem sido utilizado como aporte para entender a relação do número de moradores com o consumo de recursos em trabalhos desenvolvidos na demografia (O´NEILL; CHEN, 2002; MACKELLAR et al., 1995). Como recurso entende-se a infraestrutura para manter uma casa e seus moradores, menos individualmente e mais aspectos básicos e essenciais, como energia elétrica, mobília, transporte, espaço, aquecimento (em regiões de baixa temperatura) (MACKELLAR et al., 1995). Quando aumenta o número de moradores, diminui o custo per capita (por morador) para manter o mesmo padrão de vida, já que os recursos serão compartilhados por um maior número de moradores. Portanto, com a diminuição do tamanho

(5)

5

dos domicílios, perde-se a economia de escala esperando um maior consumo de recursos per capita.

O trabalho de Liu et al. (2003) destaca a importância da dinâmica do domicílio para entender a perda de biodiversidade, perspectiva por vezes negligenciada na área. O artigo demonstra que existe um aumento no número de domicílios mesmo quando o tamanho da população diminui, e aponta a relação desse aumento com a diminuição do número médio de moradores. Ainda dentro do estudo, a maior preocupação recai sobre as áreas chamadas de hotspots, aquelas com grande riqueza de espécies ameaçadas por atividades humanas (inclusive o Brasil com uma parte da área do Cerrado e também da região da Floresta Atlântica). Isso porque a tendência de diminuição do tamanho do domicílio é mais forte para essas regiões em comparação com aquelas non-hotspots, áreas que não sofrem tal ameaça. A perda de biodiversidade se relaciona aos domicílios menores, pois apresentam menor eficiência do uso de recurso per capita, já que são divididos por menos pessoas (economia de escala) e também, à medida que cresce o número de domicílio, necessitaria maior quantidade de material para serem construídos. Assim os autores defendem o domicílio como unidade de análise nos estudos sobre impacto à biodiversidade por possibilitarem observar mudanças não possíveis em análises com dados agregados por regiã ou países.

Nessa mesma direção, o trabalho de MacKellar et al. (1995) discute os termos da equação I=PAT – (I) impacto ambiental (Impact); (P) população (Population); (A) afluência ou consumo (Affluence); (T) eficiência tecnológica (Technology) – e suas limitações para avaliar o impacto ambiental mensurado pelo modelo. Uma das limitações do modelo consiste em omitir a interação entre as variáveis atendidas na equação, as relações existem, mas não são consideradas. Os autores atentam para o problema da equação em não evidenciar as variáveis a serem utilizadas. Nesse sentido é necessário cuidado na escolha e por isso eles demonstram os diferentes resultados obtidos de acordo com duas unidades de análise diferentes: o crescimento populacional e o crescimento por domicílios.

Assim os autores demonstram os problemas quando a unidade demográfica utilizada é o indivíduo através da medida de crescimento populacional. Em contraste, também exploram os domicílios como a unidade de consumo através do crescimento do número de domicílios, transformando a equação I=PAT em I=HAT – substituem o (P) por (H) domicílio (Household). Com isso, faz-se uma análise do impacto entre 1970-90 e desenha-se uma projeção de 1990 à 2100, utilizando o consumo de energia elétrica, considerado uma forma de impacto ambiental indireto (assim como o consumo de qualquer outro recurso).

Os autores observam que o crescimento do número de domicílios de fato é maior que o crescimento demográfico, tanto para países desenvolvidos quanto para países em desenvolvimento. Após a análise temporal e de projeção, os resultados obtidos são significativamente diferentes levando em conta os dois crescimentos, e aqueles referentes ao domicílio mostram maior impacto que por crescimento demográfico. Uma das justificativas apontadas foi justamente a economia de escala, defendendo que a diminuição no tamanho do domicílio provoca um aumento no número de domicílios, ocasionando maior impacto ambiental. Com isso concluem que as formas de decompor o impacto são sensíveis às unidades demográficas consideradas, se família, indivíduo, comunidade. Por isso defendem estudos mais profundos sobre o que realmente impacta no ambiente. E também apontam para a necessidade da reflexão sobre a unidade eleita para realizar os estudos sobre o impacto, já que isso reflete nos resultados obtidos.

Os trabalhos também destacam outros elementos referentes à dinâmica demográfica para tratar do consumo, e não a limita apenas em atribuir importância à unidade de análise domicílio. O trabalho de Mackellar et al. (1995) citado anteriormente aponta para aspectos demográficos que tem resultado na diminuição do tamanho médio dos domicílios. Afirma-se que isso acontece de certo modo devido à mudanças na estrutura etária, principalmente ao

(6)

6

fato de ser uma estrutura mais envelhecida. Isso pode ser observado pelo aumento na média de idade dos chefes de domicílio, que conforme envelhecem, aumentam o número de domicílios. Junto com isso, o quadro também se intensifica por mudanças de comportamento como os jovens se mudando mais cedo da casa dos pais, diminuição da média de idade da união consensual (e aumento da média de idade no casamento) e o aumento da tendência de idoso viverem sozinhos mais que com seus filhos. Isso é observado em regiões mais desenvolvidas no globo, mas elucida como a dinâmica demográfica reflete em alterações no número de domicílios e nas mudanças de seus formatos: mais envelhecido, com chefes mais velhos além de menores. O trabalho não aprofunda tais questões apenas indica a importância de entendê-las na discussão do domicílio.

O artigo de O´Neill e Chen (2002) defende a unidade de análise domicílio e a utiliza para observar a relação de características demográficas e o consumo de energia elétrica (uso residencial de energia) e uso de energia no transporte, avançando na discussão sobre quais características agregam à discussão. O estudo de caso é dos domicílios dos Estados Unidos através de um survey sobre consumo. São investigadas características como o tamanho do domicílio, idade do chefe, a composição através do número de adultos pensando no consumo per capita no domicílio, ou seja, o total do consumo no domicílio dividido pelo número de moradores. Por fim, isola-se o efeito da renda para observar como tais variáveis se comportam.

Os resultados demonstram que o uso de energia elétrica per capita no domicílio diminui a medida que aumenta seu tamanho. Um domicílio com duas pessoas consome em média 17% menos energia per capita que um domicílio com apenas um morador. Esse valor aumenta quando se compara domicílio com três moradores àqueles com um morador, o primeiro consome em média 30% menos que o segundo, tratando-se de energia de transporte e residencial per capita. Também existe relação com a idade do chefe, sendo que o consumo de energia residencial aumenta conforme avança a idade. Esse aumento é mais intenso entre os grupos etários 36-40 e 51-55 anos e nas outras idades acontece de forma mais branda. A composição também se relaciona ao consumo, o maior número de adultos observado de acordo com o tamanho do domicílio significa aumento no uso de energia residencial. Apesar de utilizar tal variável para observar a composição, é possível observar outros fatores como a presença de criança ou até variáveis por sexo dos componentes do domicílio. Com o efeito renda isolado, a relação entre as variáveis tratadas e o consumo permanece.

O´Neill e Chen (2002) criticam a posição de apenas considerar mudanças no tamanho da população em estudos de consumo ou de emissão de gases, não aproveitando o que a demografia pode corroborar com tal tema. Eles afirmam a importância em entender melhor as influências de características demográficas para pensar cenários futuros de demanda de energia e mesmo utilizá-las para compreender mais completamente mudanças no passado. E o caso mostrado pelo trabalho ilustra como a abordagem demográfica é relevante. Por fim apontam que em outros países, principalmente aqueles em desenvolvimento, as características do domicílio estão mudando substantivamente, e isso deve ter reflexos no uso de energia.

Como foi mostrado, existe uma literatura que vem tratando do tema consumo dentro da demografia. O interesse relaciona-se em aprofundar a discussão população e ambiente, considerando o consumo/uso de recursos como uma forma indireta de impacto, e a emissão como impacto direto. Alguns trabalhos se esforçam em indicar a importância da unidade de análise na investigação sobre o tema, com ênfase no domicílio. E existem avanços em explorar como características demográficas influenciariam no uso, consumo ou emissão de gases. O estudo de caso proposto pelo presente trabalho objetiva explorar alguns caminhos indicados por O´Neill e Chen (2002) e demonstrar a importância em discutir o consumo, mais especificamente, o consumo de energia elétrica no campo da demografia.

(7)

7 Estudo de caso: a cidade de Lucas do Rio Verde

Para a análise proposta foi utilizado o banco de dados desenvolvido pelo projeto Desflorestamento da Amazônia e a Estrutura das Unidades Domésticas executada pelo Núcleo de Estudos de População (NEPO/UNICAMP) em parceria com a Universidade de Indiana (ACT/IU). Na cidade de Lucas do Rio Verde foram aplicados 499 questionários em domicílios dentro da área urbana no ano de 2009, coletando informações em nível de domicílio e também sobre os membros que o compõe. A princípio, a entrevista deveria acontecer com a “dona”, a chefe do domicílio, caso surgisse algum problema (ausência, sem disponibilidade), poderia ser realizado com o “dono”, o chefe do domicílio.

A amostragem é representativa tanto da população como para unidades domésticas no município. Foi feita uma amostra de 500 unidades domésticas em uma seleção de etapas múltiplas. Dentro da base municipal de Lucas do Rio Verde, fez-se uma amostra de cinco setores com a probabilidade proporcional do tamanho (baseado nos últimos dados de população de 2007). Dentro de cada setor ocorreu um levantamento inicial da vizinhança para gerar uma lista de todas as unidades domésticas ocupadas nos setores selecionados. Depois dessa etapa, foram sorteadas aleatoriamente 500 unidades domésticas, 50 de cada setor. Por problemas em campo, foram contabilizadas 499 entrevistas.

Como será observado, o recorte de renda que pretende minimizar seu efeito diminui o número de casos, contudo a representação do município não é preocupação central do trabalho, e sim o é explorar como as variáveis demográficas se relacionam com o gasto com energia elétrica. Nem sempre estão disponíveis as informações para cada um dos domicílios, as informações missing, por isso, algumas vezes, aparecem diferenças no número de casos trabalhados.

Foram coletadas diversas informações com o questionário, interessando ao trabalho o gasto com a energia elétrica do domicílio, características gerais dos membros para análise de composição, a renda e a idade do chefe. Com isso são exploradas variáveis baseando-se no trabalho de O´Neill e Chen (2002) com algumas diferenças. São elas: gasto per capita com a energia elétrica, tamanho do domicílio, total de renda, número de membros menores que 18 anos, idade do dono/a mais velho.

O gasto com a energia elétrica per capita está expresso em reais e mostra o valor médio da conta de energia elétrica nos últimos três meses dividido pelo número de moradores no domicílio. Esse valor representa a quantidade de energia média consumida na residência através de valor monetário, o que valida seu uso. O tamanho do domicílio mostra o total de pessoas que ali residem. O total de renda considera não apenas salários, também ganhos monetários com algum tipo de comércio, renda do governo, entradas financeiras no domicílio. Para a análise de composição foi selecionada os menores de 18 anos, uma das possibilidades sugeridas por O´Neill e Chen (2002) inclusive com esse recorte etário. O que envolve a escolha é que essa população menor de 18 anos, ainda dependente financeiramente de um responsável, apresentaria menor consumo. Por último, a idade do dono/a refere-se à idade da dona ou dono mais velho existente na residência.

A média do gasto com energia é 33,17 reais, com uma variação entre 4 e 300 reais. Algumas declarações de renda mostram valores muito acima da média, por volta de 3.850 reais, sendo que o máximo chega a 71.500 reais. Alguns casos apresentam valores muito altos, casos atípicos, que serão tratados adiante. A média do tamanho do domicílio está em 3,47, chegando a 14 em um caso. Existe aproximadamente um menor por domicílio, contudo 208 casos (cerca de 41%) não contam com a presença de nenhum menor. A média de idade do chefe mais velho é de 42,74 anos e o intervalo é longo, com chefes entre 17, muito jovens, e 95 anos, idade mais avançada.

(8)

8

Variáveis Média N Mínimo Máximo

Gasto per capita com energia elétrica 33,17 477 4 300

Total da renda 3.842,78 448 100 71.500

Tamanho do domicílio 3,47 498 1 14

Idade do dono/a mais velho 42,74 498 17 95

Membros menores que 18 anos 0,98 498 0 5

Média, número de casos, mínimo e máximo dos valores encontrados da amostra de Lucas do Rio Verde, 2009 (N = 499).

Tabela 1

Fonte: elaborada pelo autor.

Para observar a relação entre o gasto de energia e os outros aspectos do domicílio foram utilizados testes estatísticos, mais precisamente, a correlação entre as variáveis. Como os dados apresentaram uma distribuição muito assimétrica e com valores discrepantes, optou-se por aplicar uma abordagem não-paramétrica do coeficiente de correlação r de Spearman2 Para dar continuidade com o teste, foi necessária uma ordenação dos valores do gasto com energia. Os casos foram em grupos divididos a partir dos valores gastos em ordem crescentes cerca de 10%, 30%, 20%, 30%, 10% referentes respectivamente ao grupo 1, 2, 3, 4 e 5. As porcentagens são aproximadas pela repetição de valores, e com essas categorias serão realizados os testes de correlação.

(BARBETTA, 2007). Grupos (R$) % % acumulada 4-9 10,7 10,7 10-21 31,4 42,1 22-32 21,2 63,3 33-67 27,5 90,8 67-300 9,2 100,0

Fonte: elaborada pelo autor Tabela 2

Gasto de energia per capita por grupos da amostra de Lucas do Rio

Verde, 2009 (N = 499)

Com a ordenação foi possível prosseguir com a análise. Foi calculado o coeficiente de Spearman (r) que mostra a correlação das variáveis analisadas por teste unilateral, pois existem hipóteses para a direção da relação baseadas na literatura já exposta (BARBETTA, 2007).

2

O coeficiente de Spearman descreve a correlação linear de duas variáveis quantitativas com distribuições muito assimétricas ou valores muito discrepantes (não-paramétrica), sendo necessária variáveis ordinais. Seu valor varia entre 1 e -1 e indica a força da relação. Quanto mais próximo de ±1 melhor, pois indica uma correlação forte (BARBETTA,2007).

(9)

9 Variáveis Coeficiente de correlação r Significância N r2 Total da renda ,361 ,000 430 13,0% Tamanho do domicílio -,290 ,000 477 8,4%

Idade do dono/a mais velho ,157 ,000 477 2,5%

Membros menores que 18 anos -,268 ,000 477 7,2%

Fonte: elaborada pelo autor.

Correlação por coeficiente de Spearman da variável "Categorias de gasto per capita com energia elétrica"da amostra de Lucas do Rio Verde, 2009 (N = 499)

Tabela 3

Todos os testes deram significantes, ou seja, os valores do teste de significância foram menores que 0,053

Para as variáveis tamanho, idade do mais velho e menores de 18 a correlação é de força fraca, ou seja, apresenta um valor entre 0 e ±0,29 segundo Cohen (1988 apud FIELD, 2009). A renda apresenta uma associação média, entre ±0,30 e ±0,49.

(<0,05), o que indica que as variáveis estão relacionadas de algum modo com o gasto com energia (FIELD, 2009). Para a renda e a idade dono/a mais velho essa relação é positiva, ou seja, conforme essas variáveis aumentam os valores, também aumenta o gasto com energia. Já o tamanho de domicílio e o número de menores apresentam uma relação negativa, o que indica que quanto mais moradores de domicílio ou o número de menores, menos é o gasto com energia elétrica. As relações encontradas corroboram com a literatura.

O coeficiente de determinação (r2), calculado elevando-se o r ao quadrado (FIELD, 2009), indica o quanto cada variável explica a variação do gasto com energia. Novamente os valores são baixos, sendo que o maior é relativo à renda 13%, o restante estando em patamares abaixo. Pode-se afirmar que o tamanho do domicílio explica 8,4% da variabilidade do gasto com energia.

O´Neill e Chen (2002) indicava que poderia haver um efeito renda na análise. Por isso foram criados grupos de renda para minimiza um possível efeito e observar com mais segurança os efeitos de características demográficas. Os casos foram divididos em 3 grupos de renda: com ganho até R$1.200; entre R$1.200 à R$2.800; mais de R$2.800.

3 O índice de significância mínimo que valida o teste é 0,05, o que significa que ele é válido para 95% dos casos analisados. Os resultados com valores ,000, mostra que a correlação é significante para 99,9% dos casos

(10)

10

Variáveis

Coeficiente de

correlação r Significância N r2

Tamanho do domicílio -,469 ,000 72 22,0%

Idade do dono/a mais velho ,167 ,080* 72

-Membros menores que 18 anos -,360 ,001 72 13,0%

Tamanho do domicílio -,275 ,000 186 7,6%

Idade do dono/a mais velho ,213 ,002 186 4,5%

Membros menores que 18 anos -,276 ,000 186 7,6%

Tamanho do domicílio -,406 ,000 172 16,5%

Idade do dono/a mais velho ,200 ,004 172 4,0%

Membros menores que 18 anos -,205 ,003 172 4,2%

Fonte: elaborada pelo autor.

Tabela 4

Correlação por coeficiente de Spearman da variável "Categorias de gasto per capita com energia elétrica" divido por grupos de renda da amostra de Lucas do Rio Verde, 2009 (N = 499)

Até 1.200,00

Entre 1200,00 e 2800,00

Mais que 2800,00

* não-significante >0,05

Apenas uma correlação não foi significante: na faixa até R$1.200 de rendimento para a idade do dono/a mais velho. Todas as outras variáveis apresentaram valor significante, possuindo assim relação com o gasto de energia.

O tamanho do domicílio apresentou valores mais expressivos que na correlação sem divisão de renda, chegando a força média (entre ±0,30 e ±0,49) para as duas faixas extremas (‘até R$1.200’ e ‘acima de R$2.800’). Permanece a relação negativa com o gasto de energia, assim conforme aumenta o número de moradores, diminui o gasto com energia por pessoa no domicílio. Também aumentam os coeficientes de determinação (r2), sendo que o tamanho do domicílio explica 22% da variação do gasto com energia para a primeira faixa e 16,5% para a última faixa. Para a idade do dono/a nas faixas de renda com correlações significantes o valor do coeficiente aumenta não tanto quanto para o tamanho do domicílio, ainda apresentando uma relação fraca (entre 0 e ±0,29). A relação ainda é positiva, sendo que conforme aumenta o número de moradores, cresce o gasto com energia. Com isso aumentam os coeficientes de determinação, mas ainda são valores abaixo de 5%. A variável de composição (número de membros menor que 18 anos) apresenta força média na faixa de renda até R$1.200, refletindo no coeficiente de determinação de 13%. Para as outras faixas, a correlação permanece com força fraca, não apresentando mudanças significativas.

Os cálculos de correlação sem divisão de renda já demonstravam um efeito do tamanho do domicílio e da composição, avaliada pela quantidade de menores de 18 anos, no gasto com energia elétrica per capita dos domicílios. Quando se minimiza o efeito da renda, a contribuição dessas variáveis intensifica-se, e os resultados destacam a contribuição do tamanho do domicílio, e também mostram alguma importância da idade do dono/a. As variáveis se correlacionaram da mesma forma em todos os testes, sendo uma relação positiva para a idade do dono/a e negativa para o tamanho do domicílio e o número de menores, ponto que ressalta nos resultados encontrados.

Ainda permanece um efeito residual substancial para ser compreendido. Também a subdivisão de renda trouxe prejuízos quanto ao número de casos (N). Contudo os resultados

(11)

11

já possibilitam observar a relação entre algumas características de composição em maior ou menor intensidade influenciando variação no consumo de energia.

Considerações finais

Apesar de o ranço neomalthusiano permanecer em alguns debates sobre o impacto da população no ambiente, o consumo tem aparecido como uma preocupação crescente. As informações trazidas por Gardner (2004) dimensionam o tamanho do problema a ser enfrentado pelo campo população-ambiente, quando o consumo cresce mais acelerado que a população, e obviamente os impactos na oferta de água, qualidade do ar, florestas, biodiversidade não passarão despercebidos.

O consumo tem aparecido como tema da demografia e pouco a pouco conquista um espaço de debate dentro do campo. Um dos debates que mais tem se desenvolvido preocupa-se com a unidade de análipreocupa-se do consumo e coloca em cheque a análipreocupa-se pelo crescimento populacional, enfatizando o domicílio como uma saída mais próxima da realidade para observar o impacto. Por trás dessa diferença estão mudanças populacionais atuais que afetam a configuração dos domicílios: o envelhecimento populacional, mudanças em favor da família nuclear, aumento das taxas de divórcio, maior propensão em morar sozinho (O´NEILL; CHEN, 2002). Essas razões são trazidas com recorrência na bibliografia para justificar o crescimento do número de domicílios acima do crescimento populacional.

Debruçar-se sobre as características demográficas do domicílio ainda é um desafio. Essa perspectiva essencial à demografia deve ser levada adiante nos estudos de consumo. Os dados trazidos para a análise do caso de Lucas de Rio Verde tornou palpável a relação entre as características do domicílio e o modo como se organiza o consumo, mostrando evidências através das correlações, que mostra uma abertura por onde expandir o estudo. Para além da renda, o consumo mostra relação com o tamanho do domicílio e sua composição. Cabe aprofundar as formas que acontecem tais relações e desvendar esse campo fértil de pesquisa.

Referências:

BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às Ciências Sociais. 7. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2007.

CARMO, R. L.; D´ANTONA, A. O. Transição Demográfica e a questão ambiental: para pensar população e ambiente. In: D'ANTONA, A. O.; CARMO, R. L. (Orgs.). Dinâmicas demográficas e ambiente. Campinas: Nepo/Unicamp, 2010.

CURRAN, S.; DE SHERBININ, A. Completing the picture: The Challenge of bringing “Consumption” into Population-Enviroment Equation. Population and Enviroment. v.26, n.2, London: Human Science Press , p. 107-131, 2004.

FIELD, A. Descobrindo a estatística usando SPSS. 2. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2009. GARDNER, G.; ASSADOURIAN, E.; SARIN, R. O Estado do consumo hoje. In: Worldwatch Institute. Estado do mundo, 2004: estado do consumo e o consumo sustentável. Salvador: Uma Ed., 2004.

HOGAN, D. J. Demographic dynamics and environmental change in Brazil. Ambiente e Sociedade, vol. 4, n. 9, p. 43-73, 2001.

(12)

12

________. Mobilidade populacional, sustentabilidade ambiental e vulnerabilidade social. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 22, n. 2, p. 323-338, 2005.

LAM, D. How the World Survived the Population Bomb: Lessons From 50 Years of Extraordinary Demographic History. Demography, v. 48, p. 1231–1262, 2011.

LIU, J.; DAILY, G. C.; EHRLICH, P. R.; LUCK, G. W. Effects of household dynamics on resource consumption and biodiversity. Nature, vol. 421(6922), 2003.

MACKELLAR, F. L.; LUTZ, W., PRINZ, C.; GOUJON, A. Population, Households, and CO2 emissions. Population and Development Review, 21(4), p. 849-865, 1995.

MELLO, L.; HOGAN, D. J. População, consumo e meio ambiente. IN: HOGAN, D. J. (Org.) Dinâmica populacional e mudança ambiental: cenários para o desenvolvimento brasileiro. Campinas: NEPO/UNFPA, 2007.

MELLO, L. F. População, consumo e mudança climática. IN: HOGAN, D. J.; MARANDOLA JR., E. (Orgs.). População e mudanças climáticas: dimensões humanas das mudanças ambientais globais. Brasília: UNFPA, 2009.

O´NEILL, B. C.; CHEN, B. S. Demographic determinants of household energy use in the United States. IN: LUTZ, W.; PRSKAWTZ, A.; SANDERSON, W. C. (Eds.). Population and Environment: Methods of Analysis. Special Supplement to the Population and Development Review, v. 28, p. 53–88, 2002.

SAWYER, D. Population and sustainable consumption in Brazil. In: HOGAN, D. J.; BERQUÓ, E.; COSTA, H. S. M. Population and environment in Brazil: Rio+10. Campinas: CNPD, ABEP, NEPO, 2002.

Referências

Documentos relacionados

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

O Fórum de Integração Estadual: Repensando o Ensino Médio se efetiva como ação inovadora para o debate entre os atores internos e externos da escola quanto às

Assim, de forma a avaliar a influência da técnica de reforço NSM no incremento de capacidade de carga e na redistribuição de momentos em elementos contínuos de CA, um

[r]

Verificar a efetividade da técnica do clareamento dentário caseiro com peróxido de carbamida a 10% através da avaliação da alteração da cor determinada pela comparação com

Declaro meu voto contrário ao Parecer referente à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apresentado pelos Conselheiros Relatores da Comissão Bicameral da BNCC,

Neste estágio, assisti a diversas consultas de cariz mais subespecializado, como as que elenquei anteriormente, bem como Imunoalergologia e Pneumologia; frequentei o berçário

Super identificou e definiu construtos e a respectiva interacção no desenvolvimento da carreira e no processo de tomada de decisão, usando uma série de hipóteses: o trabalho não