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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Central e no Hospital Privado Senhor do Bonfim (Grupo Trofa Saúde)

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Academic year: 2021

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(1)

i Farmácia Central Póvoa de Varzim

Patrícia Vasques Carreira

(2)

i

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Central Póvoa de Varzim

13 de abril de 2020 a 9 de agosto de 2020

Patrícia Vasques Carreira

Orientador: Drª. Ana Sofia Madureira Pires

Tutor FFUP: Prof. Doutora Maria Beatriz Vasques Neves Quinaz

Garcia Guerra Junqueiro

(3)

ii

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 30 de setembro de 2020 Patrícia Vasques Carreira

(4)

iii

Agradecimentos

Findos estes 5 anos, começo por agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e à Comissão Orientadora de Estágio, em especial à Professora Doutora Beatriz Quinaz, minha tutora, por todo o apoio e disponibilidade prestada.

À Farmácia Central por me integrarem na equipa desde o primeiro dia, por todo o auxílio, conhecimentos partilhados, risos e acima de tudo a oportunidade de aprender. Em particular à Dra. Ana Sofia Madureira Pires, minha orientadora, pelo voto de confiança e toda a atenção disponibilizada durante estes 4 meses. À restante equipa Sr. José, Sr. Vasco, Dra. Elsa, Dra. Joana, Técnica Bárbara e à Bruna por me apoiarem em todos os momentos de dificuldade.

Às amizades que a Faculdade de Farmácia me trouxe, com quem tive a oportunidade de partilhar os momentos de maior dificuldade e de maior alegria ao longo deste percurso, agradeço terem sido o meu “Porto de Abrigo”.

Por fim, à minha família, em especial, aos meus pais e à minha irmã, que estão presentes em todos os momentos da minha vida, por todo o apoio, por tornarem isto possível e serem a razão de querer ser sempre melhor.

(5)

iv

Resumo

O Farmacêutico é o profissional de saúde que se diferencia pelo conhecimento do medicamento desde o fabrico à ação terapêutica, acrescido a isso encontra-se ainda habilitado a desempenhar um grande leque de serviços que promovem a saúde da população que servem.

Deste modo, a atividade farmacêutica é fundamental para o acompanhamento farmacoterapêuticodos utentes, assim como a promoção da adesão à terapêutica.

O estágio curricular é uma parte importante da formação, uma vez que permite contactar com a realidade profissional, colocando em prática os conhecimentos obtidos ao longo do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas e completar a formação que compete a um bom profissional.

O presente relatório surge no âmbito da unidade curricular estágio, encontrando-se dividido em duas partes:

Na primeira estão descritas as atividades que competem à gestão, funcionamento, dinamização e serviços prestados na Farmácia Central;

Já na segunda, são abordados os projetos por mim desenvolvidos que, dada a altura em que decorreu o estágio, foram pensados para se adequar às restrições provocadas pela pandemia Covid-19. O primeiro projeto abrange o desenvolvimento do website da farmácia central, no qual criei um conjunto de artigos para disponibilizar informação à população, com maior enfoque nas infeções do trato urinário, assim como para aumentar o número de visitas na página. No segundo projeto foi elaborada uma formação interna a cerca dos dispositivos de aerossolterapia e as respetivas técnicas inalatórias; no âmbito deste projeto também foi realizado um questionário à população durante a dispensa destes dispositivos, para perceber a frequência dos erros mais comuns no seu manuseamento. Na abordagem dos projetos foram descritos os objetivos, resultados e conclusões obtidos com os mesmos.

Após realizar o estágio curricular, sinto que me encontro mais preparada para a realidade de um farmacêutico comunitário.

(6)

v

Índice Geral

Declaração de Integridade ... ii

Agradecimentos ... iii

Resumo ... iv

Índice Geral ... v

Índice de Tabelas ... ix

Índice de Anexos... ix

Lista de Abreviaturas ... x

Parte I – Descrição das Atividades Desenvolvidas na Farmácia Central ... 1

Introdução ... 1

1. Farmácia Central ... 1

1.1. Localização e Horário de Funcionamento ... 1

1.2. Recursos Humanos ... 2

1.3. Instalações: Organização Física e Funcional... 2

1.3.1. Espaço Exterior ... 2 1.3.2. Espaço Interior... 2 1.4. Perfil do Utente ... 3 1.5. Promoção e Marketing ... 4

2.Gestão

da

Farmácia

... 4

2.1. Sistema Informático ... 4 2.2. Gestão de Stocks ... 5 2.3. Encomendas ... 6 2.3.1. Realização de Encomendas ... 6 2.3.2. Receção de Encomendas ... 6 2.3.3. Marcação de Preço ... 7 2.3.4. Armazenamento ... 7 2.4. Devoluções ... 8 2.5. Prazos de Validade ... 8

(7)

vi

3.Dispensa

de

Medicamentos

e

Aconselhamento

Farmacêutico

... 9

3.1. Medicamentos Sujeitos a receita Médica ... 9

3.1.1. Medicamentos Genéricos ... 9

3.1.2. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes... 9

3.2. Medicamentos não Sujeitos a Receita Médica ... 10

3.3. Medicamentos Manipulados ... 11

3.4. Dispositivos Médicos ... 11

3.5. Medicamentos e Produtos Veterinários ... 11

3.6. Suplementos Alimentares... 11

3.7. Produtos de Alimentação Especial ... 12

3.8. Produtos Cosméticos e Higiene Corporal ... 12

4.Receituário ... 12

4.1. Receita Eletrónica ... 13

4.2. Receita Manual ... 13

4.3. Validação da Prescrição ... 13

4.4. Sistema de Preços de Referência ... 14

4.5. Sistemas de Comparticipação ... 14

4.6. Processamento de Receituário e Faturação ... 15

5.Serviços

Prestados

na

Farmácia

Central

... 16

5.1. Deteção de Parâmetros Fisiológicos e Bioquímicos ... 16

5.2. Despiste da Infeção Urinária ... 17

5.3. Administração de Injetáveis ... 17

5.4. Valormed ... 17

5.5. Outros serviços ... 17

6.Operação

Luz

Verde

... 18

7.Cartão

Farmácias

Portuguesas

... 18

(8)

vii

8. Formações ... 18

Parte II – Projetos Desenvolvidos na Farmácia Central ... 19

Projeto 1 – Desenvolvimento do Website da Farmácia Central ... 19

1. Contextualização ... 19

2. Introdução ... 19

3. Conteúdo Criado para o Website ... 20

3.1. Infeções do Trato Urinário ... 20

3.1.1. Sintomas ... 20 3.1.2. Fatores de Risco ... 21 3.1.3. Diabéticos ... 21 3.1.4. Gravidez ... 21 3.1.5. Idosos ... 21 3.1.6. Crianças ... 21 3.2. Etiologia ... 21 3.3. Diagnóstico e Tratamento ... 22

3.3.1. Colheita da Amostra de Urina ... 23

3.4. Profilaxia ... 23 4. Parâmetros Bioquímicos ... 25 5. Candidíase Vulvovaginal ... 26 6. Vaginose Bacteriana ... 27 7. Objetivo e Intervenção ... 28 8. Conclusão ... 29

Projeto 2 – Dispositivos de aerossolterapia e Técnica Inalatória ... 30

1. Contexto ... 30

2. Introdução ... 30

3. Dispositivos Simples ... 31

3.1. Inaladores Pressurizados de Dose Calibrada ... 31

3.2. pMDIs de Nova Geração ... 31

4. Inaladores de Dose Calibrada com Câmara Expansora ... 31

5. Inaladores de Névoa Suave ... 32

(9)

viii

7. Sistemas de Nebulização ... 32

8. Técnica Inalatória dos Dispositivos em Aerossolterapia ... 32

9. Escolha do Inalador e Erros Mais Frequentes ... 33

10. Dispensa e Intervenção Farmacêutica ... 34

11. Objetivo ... 35

12. Intervenção ... 35

13. Resultados e Discussão ... 36

14. Conclusão ... 37

3.Outros

Projetos

e

Atividades

... 38

Considerações Finais ... 39

Referências Bibliográficas ... 40

(10)

ix

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Atividades Desenvolvidas Na FC ... 1

Tabela 2 - Tratamento Recomendado no Tratamento das ITUS. Adaptado da Norma 015/2011 da Direção Geral da Saúde(32) ... 22

Tabela 3 - Dispositivos abordados na formação interna ... 35

Índice de Anexos

Anexo I – Página web acerca do Teste de tira reativa para o despiste de Infeções

Urinárias ... 47

Anexo II- Panfletos colheita de Urina ... 48

Anexo III

– Página web parâmetros bioquímicos: Colesterol, Triglicerídeos e

Glicemia. ... 49

Anexo IV – Separador do Blog ... 51

Anexo V - Artigo do blog acerca dos cuidados com o pé diabético ... 51

Anexo VI – Artigo do blog Candidíase Vulvovaginal ... 52

Anexo VII – Artigo do blog Vaginose bacteriana ... 53

Anexo VIII – Visualizações dos últimos 30 dias do website relativamente ao dia 8

de agosto de 2020 ... 53

Anexo IX – Material disponibilizado na formação acerca dos dispositivos e técnicas

de inalação. ... 55

Anexo X

– Questionário acerca da Técnicas de Utilização dos Dipositivos

Inaladores ... 71

Anexo XI – Capa do Concurso relativo aos conhecimentos acerca da ... 76

doença Covid-19 ... 76

Anexo XII

– Tabelas com valores de referência dos parâmetros bioquímicos

determinados no sangue e pressão arterial. ... 77

(11)

x

Lista de Abreviaturas

AEU – Associação Europeia de Urologia AIM – Autorização da Introdução no Mercado AINE – Anti-inflamatório Não Esteroide ANF – Associação Nacional das Farmácias CE – Câmara Expansora

CNPEM – Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos DCI – Designação Comum Internacional

DGAV – Direção Geral de Alimentação e Veterinária DGS – Direção Geral da Saúde

IMC – Índice de Massa Corporal

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. ITU – Infeções do Trato Urinário

IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado FC – Farmácia Central

FEFO – First Expired, First Out FIFO – First in, First Out GH – Grupo Homogéneo

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MNSRM-EF - Medicamento Não Sujeito a Receita Médica exclusivo Farmácia PRM – Problemas Relacionados com o Medicamento

PVF – Preço de venda à Farmácia PVP – Preço de venda ao Público

RCM – Resumo das Características do medicamento

SAMS – Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários SARS-CoV-2 – Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 SEO – Search Engine Optimization

(12)

1

Parte I – Descrição das Atividades Desenvolvidas na Farmácia Central

Introdução

O Farmacêutico comunitário assume-se atualmente como um profissional de saúde multifacetado e em constante atualização, dado o leque de serviços que são prestados nas farmácias, assim como a rápida evolução da ciência.

O período em que decorreu o estágio foi particularmente desafiante para a farmácia, exigindo uma adaptação da equipa para que o atendimento fosse feito em condições de segurança e as dúvidas dos utentes fossem respondidas mediante as atualizações mais recentes.

O meu estágio decorreu de 13 de abril de 2020 a 9 de agosto de 2020, o que corresponde a um período de 4 meses, sob a orientação da Dra. Ana Sofia Madureira Pires. O horário foi variável ao longo do estágio, tendo-se fixado no último mês.

Na tabela 1 encontram-se descritas com pormenor as tarefas que tive a oportunidade de desenvolver na FC.

TABELA 1-ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA FC

Atividades Desenvolvidas Abril Maio Junho Julho Agosto

Arrumação de Encomendas X X X X X

Receção e Conferência de Encomendas X X X X X

Contagem Física e Controlo de prazo de

Validade X X X X X

Gestão de Reclamações X X X X

Medição de Parâmetros Bioquímicos X X X

Dispensa de Medicamentos e outros Produtos de saúde e bem estar de forma

autónoma

X X

Realização de Encomendas Instantâneas X X

Projeto 1 X X

Projeto 2 X X

1. Farmácia Central

1.1. Localização e Horário de Funcionamento

A Farmácia Central (FC) localiza-se na Rua da Junqueira 11 RC, 4490-519, no concelho da Póvoa de Varzim, distrito do Porto.

Fundada em 1909, manteve a sua localização desde então, numa das ruas de comércio mais movimentadas do centro da cidade. Combina, também, um enquadramento geográfico favorável ao acesso a partir de outras unidades de saúde, nomeadamente, uma das Unidades de Saúde Familiar da cidade, uma Clínica Dentária e um Hospital Veterinário.

(13)

2 A FC encontra-se aberta de segunda a sábado, exceto feriados, com um horário fixo das 9h30 às 13h – 14h30 às 19h30, conforme a legislação prevista na Portaria nº 277/2012 de 12 de setembro. Prestando a cada 10 dias, serviço permanente de 24h(1).

Durante o estágio curricular o horário foi variável, pelo que tive oportunidade de cobrir todos os horários de funcionamento normal da farmácia, realizei ainda um serviço, no qual fiz uma parte do horário noturno. Neste horário verifica-se que a maioria dos utentes recorrem à farmácia pela necessidade de medicação urgente, pelo que na sua maioria não são fidelizados à FC. A partir das 23h o atendimento passa a ser feito pelo postigo de forma a salvaguardar a segurança durante o atendimento noturno.

1.2. Recursos Humanos

A equipa é constituída por igual número de farmacêuticos e técnicos de farmácia, sob a direção técnica da Drª. Ana Sofia Madureira Pires, respeitando os requisitos jurídicos das farmácias de oficina(2).

A FC tem uma equipa dinâmica, sistematizada e responsável, pelo que as tarefas se encontram distribuídas por todos. Todas as semanas são realizadas duas reuniões de forma a promover a união; organização e integração da informação necessária a toda a equipa; deteção de falhas e desenvolvimento de soluções.

1.3. Instalações: Organização Física e Funcional

1.3.1. Espaço Exterior

Na fachada da FC encontra-se a designação “Farmácia Central” e a cruz verde, que se encontra iluminada durante o horário de funcionamento da farmácia, assim como durante as noites de serviço, o horário, as farmácias de serviço no município, a direção técnica e os serviços prestados conforme a legislação em vigor pelo Decreto-Lei nº 307/2007(2).

Apresenta ainda duas montras utilizadas para apresentar campanhas, produtos de interesse sazonal e informações educacionais para a saúde e bem estar.

A entrada da farmácia encontra-se ajustada aos indivíduos com mobilidade reduzida, pela adaptação de uma rampa de forma a subir o degrau que se encontra à porta de acesso à FC.

1.3.2. Espaço Interior

A partir da porta de acesso à farmácia encontra-se uma zona para desinfeção das mãos e uma área de espera com duas cadeiras. Em frente, existem vários lineares onde são expostos essencialmente produtos de dermocosmética, puericultura, alimentação e perda de peso.

Na zona de atendimento existem 4 balcões, dos quais apenas 3 estão em utilização, de forma a manter um distanciamento de pelo menos 2 metros entre cada utente; os

(14)

3 balcões estão devidamente equipados com um computador, leitor ótico, impressora, caixa registadora e terminal multibanco. Atrás dos balcões, à vista do utente estão produtos de maior interesse como os produtos de venda sazonal ou com campanhas, entre eles medicamentos não sujeitos a receita médica, suplementos alimentares e produtos de higiene oral. Existem ainda gavetas onde são armazenados os produtos mais vendidos de forma a facilitar o atendimento.

O gabinete para consulta farmacêutica é o local onde é prestada a maioria dos serviços farmacêuticos que requerem um atendimento mais reservado, assim como as consultas de nutrição, um serviço não farmacêutico disponibilizado por um nutricionista em parceria com a FC aos utentes. Esta sala encontra-se equipada com várias fontes de informação, material necessário para determinação dos parâmetros bioquímicos e outro tipo de rastreios efetuados na FC e ainda alguns produtos necessários para o aconselhamento durante as consultas de nutrição.

A zona de receção de encomendas é composta por um balcão onde são efetuados todos os processos relacionados com a entrada e devolução de produtos.

A FC possui ainda um armazém principal, onde todos os produtos são organizados por ordem alfabética em armários ou prateleiras. No armário os medicamentos são organizados em gavetas, de acordo com o seu nome comercial e forma farmacêutica. Os medicamentos genéricos estão dispostos por Designação Comum Internacional (DCI) em prateleiras. Os medicamentos que requerem condições especiais de temperatura são colocados em frigorífico com temperatura regulada. Os estupefacientes são dispostos em local próprio e separado dos restantes medicamentos.

No armazém secundário, são colocados os medicamentos e produtos que não cabem no armazenamento principal ou lineares da farmácia. A FC possui ainda o laboratório, com o equipamento obrigatório para a preparação de medicamentos manipulados. Contudo, a FC não prepara atualmente medicamentos manipulados.

1.4. Perfil do Utente

A FC localiza-se no centro da cidade, em especial perto dos bairros mais antigos da cidade, assim uma grande parte dos utentes pertencem a uma faixa etária mais envelhecida e polimedicada. No decorrer do meu estágio foi evidente a relação de confiança com os farmacêuticos e técnicos da FC e a importância do aconselhamento e serviços farmacêuticos para este tipo de doentes. Durante o presente ano, surgiu a pandemia Covid-19, pelo que muitos dos utentes ficaram com as suas consultas médicas adiadas ou canceladas, sendo que a farmácia se tornou o seu único local de acesso a um profissional de saúde.

Contudo, a FC localiza-se num local de grande passagem o que contribui para a diversidade do tipo de utentes; dada a existência de um hospital veterinário na sua

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4 proximidade, a FC torna-se muitas vezes a primeira escolha à saída deste local e, para além disso, no verão verifica-se o acréscimo de utentes devido ao turismo sazonal relacionado com a época balnear.

As necessidades das faixas etárias mais jovens são notoriamente diferentes das mais envelhecidas, estando mais relacionadas com doenças agudas e com o aconselhamento de produtos que promovem a saúde e bem-estar, entre os quais se destacam os dermocosméticos, enquanto as mais idosas com a dispensa de receituário, suplementos para manter a função cerebral e a saúde das articulações.

1.5. Promoção e Marketing

Na FC, a equipa de promoção e marketing é constituída pela Drª Elsa Carvalho e Drª Joana Sampaio e a técnica de farmácia, Bárbara Cruz, coordenada pela diretora técnica, Drª. Ana Sofia Madureira Pires.

Desta forma, a FC tem um website pelo qual é possível fazer encomendas online e as redes sociais são utilizadas para estreitar a relação com os utentes, mostrar campanhas, produtos existentes e fidelizar novos utentes.

A Drª Elsa Carvalho é responsável pela construção da montra e da apresentação dos produtos nas mesas pelas quais os utentes passam para chegar ao balcão de atendimento. Enquanto a Drª Joana Sampaio é responsável pela atualização das campanhas e construção de conteúdo de cariz pedagógico para a promoção da literacia em saúde para o website da farmácia. A técnica Bárbara Cruz cria o conteúdo para redes sociais da farmácia, nomeadamente página de Facebook e Instagram, onde são publicados conteúdos alusivos a campanhas/ produtos e conteúdo interativo.

Durante o meu estágio, foi-me dada a oportunidade de participar em alguns destes processos, nomeadamente contribuir com ideias para dinamizar as redes sociais, apoiar a construção do site e assistir a formações em conjunto com a equipa. A necessidade de chegar aos utentes durante o confinamento levou a um grande desenvolvimento da presença online da farmácia, pelo que toda a equipa é muito proativa, inovadora e dinâmica de forma a promover da melhor maneira a farmácia.

2. Gestão da Farmácia

A gestão da farmácia comunitária é uma tarefa complexa e imprescindível. Apesar das farmácias serem um espaço de saúde, onde deve ser disponibilizado o melhor serviço possível ao utente, é necessário manter a vertente económica em equilíbrio, para que seja obtida a melhor margem possível e dessa forma manter o funcionamento da farmácia.

(16)

5 Na FC é utilizado o sistema informático desenvolvido pela Glintt®, o Sifarma 2000®. Este sistema inclui várias funcionalidades que contemplam todas as áreas de gestão da farmácia, assim como de atendimento.

A FC utiliza o Novo Módulo do Sifarma 2000®, o novo software que se destina a realizar os atendimentos, receção de encomendas e gestão das reservas. Durante o estágio, ainda era utilizada a versão mais antiga do sistema informático para algumas funções, como criar novas fichas de produto, gerar encomendas, fazer o fecho de dia, entre outras, pelo que utilizei ambas as versões do sistema, o que me permitiu reconhecer as suas diferenças. O novo módulo disponibiliza uma interface mais intuitiva para o utilizador, permite o acesso rápido à informação científica disponível acerca do produto e às reservas durante o atendimento. No entanto, a versão mais antiga continua a ser a mais eficaz para verificar o histórico da ficha do utente e permite realizar todos os passos da gestão da farmácia, enquanto o novo módulo obriga ainda à utilização, em parte, do antigo sistema para completar determinadas tarefas, como, por exemplo, a marcação de preço na receção de encomendas.

Devido à constante atualização do sistema, durante o meu estágio este foi atualizado por mais que uma vez, pelo que passou a ter uma secção de simulador que permite o teste de novas funcionalidades, assim como também me foi dada a oportunidade de assistir a uma formação da Glintt® acerca da utilização do mesmo.

2.2. Gestão de Stocks

A gestão dos stocks é essencial para a farmácia, tanto do ponto de vista económico, como para garantir a eficiência do atendimento.

Na FC existem vários fatores a ser considerados na aquisição de stock, como a sazonalidade dos produtos, média de venda mensal, prescrição médica, preferência dos utentes, campanhas publicitárias e condições especiais de aquisição.

A determinação de stocks mínimos e máximos para cada produto, a nível informático, ajuda a assegurar a disponibilidade de produtos e a agilizar as decisões de compra. Para isso, o programa Sifarma 2000® tem uma funcionalidade na ficha do produto que permite consultar o histórico de vendas e o consumo, que ajuda a definir os valores de stock adequados para a farmácia.

Conforme os valores definidos, ao atingir a quantidade mínima o sistema gera automaticamente uma sugestão de compra na encomenda, para atingir os valores de stock ideal. Esta encomenda é verificada pelo farmacêutico antes de ser enviada ao fornecedor. Por fim, na FC é ainda feito o controlo manual dos stocks através de contagem física das quantidades de produto de forma esporádica, o que permite confirmar os valores de stock informático e corrigir possíveis discrepâncias.

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6 A contagem física foi uma tarefa que desempenhei frequentemente, desde o início do estágio.

2.3. Encomendas

2.3.1. Realização de Encomendas

Todos os dias são feitas encomendas para garantir os níveis de stock na farmácia. Desta forma, diariamente são geradas duas encomendas, com base nos valores de stock mínimo e máximo de cada produto e destinam-se a repor as quantidades de produtos vendidas, designadas como encomendas “Diárias”.

Sempre que é necessário um produto para o qual a farmácia não tem stock, é feita uma encomenda específica para o mesmo, designando-se este tipo de encomendas como “instantâneas”, por vezes, estas encomendas podem ser efetuadas por telefone ou através do gadget do fornecedor, gerando uma encomenda manual. Este tipo de encomenda é feita aos distribuidores grossistas de acordo com a rentabilidade e período de entrega.

Os principais distribuidores grossistas a que a FC recorre são a OCP Portugal, a Cooprofar e a Plural. Alguns produtos são comprados diretamente aos laboratórios, de forma a conseguir melhores condições de aquisição.

Adicionalmente, existem ainda as encomendas efetuadas pela via verde do medicamento, utilizada para obter medicamentos que a farmácia não tem stock e que constam na lista de medicamentos cuja exportação/distribuição intra-comunitária é sujeita a notificação prévia à Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (Infarmed). Neste tipo de encomendas é necessário indicar o número da receita a que se destinam os medicamentos pedidos.

Devido à pandemia Covid-19, a entrega de encomendas foi reduzida durante o período de confinamento, pelo que durante esta altura apenas era realizada uma encomenda diária, isto também causou algum transtorno no atendimento, dado que quando a farmácia não tinha stock de um produto, o utente só o conseguia adquirir no dia seguinte.

Durante o estágio curricular, realizei várias encomendas instantâneas no decorrer do atendimento. Esta tarefa relativamente simples, requer responsabilidade para que o pedido seja feito ao fornecedor parceiro mais rentável de forma a gerar a maior margem de lucro possível à farmácia.

2.3.2. Receção de Encomendas

Aquando da chegada das encomendas é necessário proceder à sua receção no sistema informático. Ao iniciar a receção é necessário colocar alguns dados presentes na fatura (número de fatura, quantidade de referências e valor a pagar).

(18)

7 Algumas encomendas não têm um número associado no sistema informático, desta forma, antes de rececionar o produto é necessário criar a encomenda de forma manual.

Todos os produtos devem ser conferidos durante a receção, sempre que possível pelo identificador único, o código bidimensional (datamatrix), deve ser verificado o preço de venda à farmácia (PVF), preço de venda ao público (PVP), prazo de validade dos produtos e estado da embalagem. Antes de terminar a receção da encomenda deve ser verificado o valor total, que deve coincidir com o valor apresentado na fatura. Na receção, deve ser dada prioridade aos medicamentos termolábeis, que, pela sua natureza, necessitam de condições especiais de armazenamento.

Mais uma vez, a pandemia Covid-19 obrigou ao estabelecimento de regras adicionais para a receção de encomendas, deste modo nas primeiras seis semanas de estágio o atendimento era feito pelo postigo, pelo que as encomendas eram todas deixadas à entrada da farmácia e, antes de serem levadas para a zona de receção, as banheiras que continham os produtos tinham de ser desinfetadas de forma a aumentar a segurança dos profissionais e utentes.

Durante os primeiros 2 meses de estágio procedi à receção de quase todas as encomendas, após este período o meu tempo na farmácia foi sendo cada vez menos dedicado a esta tarefa. A receção é uma das tarefas mais importantes ao começar o estágio, uma vez que permite conhecer os produtos que existem na farmácia, assim como nomes comerciais de muitos medicamentos, tornando mais fácil o atendimento dos utentes.

2.3.3. Marcação de Preço

Os Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) têm PVP autorizado pelo INFARMED conforme previsto no Decreto-Lei n.º112/2011 e Decreto-Lei nº 134/2012, pelo que o preço vem inscrito na cartonagem(3) (4).

O mesmo não ocorre para os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e outros produtos de saúde e bem-estar cujo preço é calculado conforme o preço de custo, o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e a margem de comercialização do produto. De acordo com a legislação em vigor, estes produtos devem ser marcados com PVP, em local que não tape o lote, prazo de validade ou outras informações relevantes(5).

2.3.4. Armazenamento

Após a receção de uma encomenda, segue-se a arrumação dos medicamentos e produtos farmacêuticos, pelo que é necessário controlar as condições de temperatura, humidade e luminosidade, de forma a assegurar a qualidade e segurança até à dispensa ao utente.

Deste modo, a temperatura da farmácia não deve ultrapassar os 25ºC e a humidade os 60%. Os produtos termolábeis, requerem condições especiais de temperatura, pelo que

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8 são armazenados no frigorífico, cuja temperatura deve encontrar-se entre os 2ºC e 8ºC. De forma a fazer a monitorização destes parâmetros na FC existem termo-higrómetros, cujo registo é depois verificado pela diretora técnica.

Os medicamentos estupefacientes devem ser colocados em local próprio e isolado dos restantes medicamentos.

O armazenamento é feito em armários com gavetas deslizantes ou prateleiras fixas de acordo com o princípio First Expired, First Out (FEFO), de forma a que os produtos com prazo de validade mais curto sejam os primeiros a ser dispensados. Quando os medicamentos e outros produtos farmacêuticos não cabem no armazém principal, são levados para o armazenamento secundário, segundo os mesmos critérios.

Quando não existe stock de um produto na farmácia, frequentemente faz-se uma reserva para o utente. Estas são organizadas conforme o dia e o número de reserva.

Estas são alvo de grande atenção por parte da equipa, uma vez que os produtos têm prazo de devolução ao distribuidor. Desta forma, se o utente não levantar a sua reserva no prazo de uma semana é contactado e, no caso de não pretender o produto, esta é anulada, evitando-se a acumulação de produtos sem rotação.

A arrumação foi uma das primeiras tarefas que me foi atribuída, o que me ajudou a conhecer tanto os produtos que existiam na FC, como os locais onde se encontravam, fator essencial para tornar o atendimento mais eficiente. O correto armazenamento dos produtos evita que se perca muito tempo à sua procura, bem como a sua perda por falta de prazo de validade e as devoluções.

2.4. Devoluções

A devolução de produtos pode ocorrer por aproximação do prazo de validade; pedidos por engano; desistência da reserva por parte do utente; embalagem estragada; entre outras razões. Nestes casos, é emitida uma nota de devolução, na qual é indicado o produto, quantidade e PVF do produto a devolver.

Este documento é impresso em triplicado, de forma a que o original e duplicado sigam com o produto e o triplicado, devidamente assinado e carimbado, fica arquivado na farmácia.

As devoluções podem ou não ser aceites pelo fornecedor, quando aceites é emitida uma nota de crédito, a ser regularizada pela farmácia, ou troca por produto igual.

2.5. Prazos de Validade

De forma a garantir a segurança dos medicamentos e outros produtos farmacêuticos dispensados e evitar as devoluções, mensalmente é retirada a listagem através do sistema informático dos produtos cujo prazo de validade termina dentro de um determinado período de meses, que é estipulado pelo responsável. O prazo de validade dos produtos da lista é conferido de forma a confirmar as validades que estão no sistema

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9 informático e os produtos em que se verifique uma validade curta para venda são devolvidos.

Na FC realizei esta tarefa com o acompanhamento do técnico responsável, onde pude constatar a importância da gestão das validades, dado que é obrigação legal da farmácia garantir que todos os produtos dispensados se encontram dentro do prazo de validade(2).

3. Dispensa de Medicamentos e Aconselhamento Farmacêutico

A dispensa e aconselhamento farmacêutico é uma das atividades mais importantes e desafiantes na farmácia comunitária, cabendo ao farmacêutico verificar a prescrição médica, de forma a identificar e solucionar problemas relacionados com o medicamento (PRM), comunicar ao doente toda a informação necessária para o tratamento e possíveis efeitos secundários, responder às suas dúvidas, assim como promover o uso racional do medicamento.

3.1. Medicamentos Sujeitos a receita Médica

Os MSRM consistem em medicamentos que podem constituir um risco para a saúde, mesmo quando utilizados para o fim a que se destinam, pelo que o seu uso deve estar ao abrigo de vigilância médica, quando são utilizados com frequência para um fim diferente daquele a que se destinam, quando possam causar efeitos secundários que devem ser explorados e controlados ou quando os medicamentos prescritos pelo médico se destinam a administração parentérica(6).

3.1.1. Medicamentos Genéricos

Um Medicamento é considerado genérico quando apresenta a mesma substância ativa, dosagem, forma farmacêutica e indicação terapêutica que o medicamento de marca. Estando a sua aprovação dependente da demonstração de Bioequivalência.

No atendimento procurei informar os utentes da existência do medicamento genérico, sendo que muitas pessoas optaram por este dada a vantagem de apresentarem preço mais baixo, no entanto algumas ainda demonstram desconfiança, preferindo os medicamentos de marca, mesmo após lhes ser explicado que os medicamentos genéricos são seguros e eficazes e que a redução de custo se deve em parte à ausência de gastos com a investigação e desenvolvimento da substância ativa que permite assim a redução no custo.

3.1.2. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes

Alguns medicamentos, pela associação frequente a atos ilícitos e ao potencial de provocar dependência obedecem a regras especiais de controlo.

A dispensa é feita como para os demais medicamentos, no entanto, o sistema informático solicita dados adicionais que permitem identificar o médico responsável pela

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10 prescrição, o doente e o adquirente, que pode ser o próprio ou seu representante (nome, data de nascimento, morada, número e data do cartão de cidadão/ Bilhete de identidade, em alternativa a carta de condução e para cidadãos estrangeiros o número do passaporte)(7,8).

Quanto às receitas manuais ou eletrónicas materializadas o adquirente deve assinar de forma legível no verso da receita, a farmácia é responsável por guardar o Documento de Psicotrópicos durante 3 anos.

Para além disso, anualmente é enviado o balanço das entradas e saídas destes medicamentos(9).

3.2. Medicamentos não Sujeitos a Receita Médica

Os MNSRM são os que não se incluem nos critérios dos MSRM descritos acima. Estes medicamentos não são comparticipados, salvo algumas exceções que, por razões de saúde pública, o Estado assume parte do encargo de forma a aumentar a acessibilidade aos mesmos. Os MNSRM comparticipados ficam sujeitos às mesmas regras de comparticipação dos MSRM.

Os MNSRM destinam-se ao tratamento de afeções menores e podem ser procurados pelo próprio ou podem ser indicados pelo farmacêutico. Existem ainda os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Exclusivo em Farmácia (MNSRM-EF) cuja dispensa está condicionada à intervenção de um farmacêutico, no seguimento dos protocolos de dispensa, motivo pelo qual a sua venda é restringida a farmácias.

O aconselhamento deve ter em conta interações que possam surgir, o que é de grande importância nos doentes polimedicados e, se for o caso, alergias do doente. Deve ainda atuar de forma a promover o uso racional do medicamento, elucidar possíveis efeitos secundários e indicar medidas não farmacológicas.

Durante o meu estágio na FC, o aconselhamento foi a tarefa mais desafiante dada a variabilidade de situações que levam as pessoas a procurar o farmacêutico, assim desde o início foi-me colocado à disposição material de apoio como os protocolos de indicação farmacêutica, assim como me apoiaram em todas as dúvidas que surgiram durante o atendimento. Verifiquei também que a farmácia é para muitas pessoas o primeiro local para a procura de um profissional de saúde.

Na FC dispensei vários MNSRM e para fazer o aconselhamento comecei por colocar as questões que considerei pertinentes para o caso apresentado. Ao longo do tempo que passei no atendimento, dispensei frequentemente medicamentos para a diarreia, nestes casos em particular tentei perceber se o doente tinha começado a tomar algum medicamento recentemente, com uma atenção especial para os antibióticos, tendo acabado por constatar um possível caso de uma diarreia que surgiu como reação adversa a um medicamento. Adicionalmente, foi frequente o aconselhamento de AINES, para

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11 situações como a dor muscular e a dismenorreia e anti-histamínicos, relacionados com as alergias e urticária.

3.3. Medicamentos Manipulados

Os medicamentos manipulados compreendem as fórmulas magistrais ou preparados oficinais dispensados sob a responsabilidade de um farmacêutico(10).

Na FC não são preparados manipulados, por isso, quando aparecem prescrições que implicam a dispensa dos mesmos, são enviadas para outra farmácia que procede à sua preparação.

3.4. Dispositivos Médicos

O Decreto-lei nº 145/2009 define os dispositivos médicos como “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação … cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios”, com objetivo de diagnóstico; prevenção; controlo; tratamento ou atenuação de uma doença; lesão ou deficiência; podem ainda destinar-se ao estudo, substituição ou alteração da anatomia ou mecanismo fisiológico ou ao controlo da conceção(11,12).

Na FC era dispensada uma grande variedade de dispositivos médicos, em particular o material de autocontrolo da diabetes como as lancetas e as canetas de administração de insulina; material de penso; termómetros, para os quais houve um aumento de procura, dada a pandemia Covid-19, e dispositivos para o diagnóstico in vitro como as tiras-teste para determinação da glicémia e frascos para a colheita de urina.

3.5. Medicamentos e Produtos Veterinários

Os medicamentos veterinários correspondem a uma substância ou associação de substâncias que possuem propriedades preventivas ou curativas de doenças animais, ou dos seus sintomas, ou com fim de estabelecer um diagnóstico(13).

Na FC são dispensados sobretudo desparasitantes externos e internos para os animais de companhia. No entanto, também são utilizados medicamentos de uso humano sujeitos a receita médica para o tratamento de animais e neste caso estes medicamentos não são comparticipados e só podem ser dispensados mediante receita do médico veterinário, como é o caso dos antibióticos para os quais se tira uma fotocópia à prescrição para arquivar na farmácia.

3.6. Suplementos Alimentares

Os suplementos alimentares destinam-se a complementar ou suplementar um regime alimentar normal, constituindo, por isso fontes concentradas de nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional ou fisiológico(14).

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12 Como são considerados géneros alimentícios e não medicamentos, a autoridade responsável pela sua orientação é a Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) conforme o Decreto-Lei nº118/2015(15).

A quantidade de suplementos alimentares no mercado é cada vez maior, pelo que é necessário conhecer bem os produtos para selecionar os que apresentam mais vantagens para o consumidor.

Para além disso, os suplementos apesar de não serem medicamentos, têm doses recomendadas e podem não estar indicados para pessoas com determinadas patologias ou que tomam determinados medicamentos, como, por exemplo, suplementos que ajudam a estimular o sistema imunitário a doentes imunossuprimidos ou com doenças autoimunes. Adicionalmente, o farmacêutico, na altura da dispensa deve ter em conta que estes produtos podem ter interações com medicamentos.

Na FC eram dispensados frequentemente suplementos alimentares, destacando-se os multivitamínicos, assim como os suplementos de magnésio e glucosamina, que eram muito procurados para ajudar a manter os ossos e articulações saudáveis.

3.7. Produtos de Alimentação Especial

Os produtos de alimentação especial são géneros alimentícios que se distinguem dos demais pela sua composição ou processos de fabrico especiais que permitem colmatar as necessidades nutricionais de indivíduos com assimilação ou metabolismo alterado e lactentes ou crianças em bom estado de saúde(16).

Deste modo, este tipo de produtos são dispensados sobretudo para crianças ou idosos, neste último caso, especialmente, para fornecer todos os nutrientes necessários a idosos acamados ou com dificuldade em deglutir.

3.8. Produtos Cosméticos e Higiene Corporal

Os cosméticos correspondem a qualquer substância ou mistura de substâncias que se destinam ao contacto com as partes externas do corpo ou com os dentes e as mucosas bucais, com o fim de limpar, perfumar, proteger, modificar o aspeto, manter em bom estado ou corrigir odores corporais(17).

A FC possui uma vasta gama de produtos cosméticos, pelo que a formação e atualização é constante, dada a velocidade de renovação do mercado. Durante o meu estágio, apesar de terem sido poucas as formações nesta área, ainda consegui assistir a algumas formações apresentadas pelos delegados na farmácia, o que foi uma mais valia para conhecer melhor estes produtos.

4. Receituário

A dispensa de receituário constitui uma grande parte dos atendimentos, desta forma é frequente a dispensa de medicamentos comparticipados pelo estado, assim como por

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13 outros subsistemas de saúde, pelo que é necessário conhecer as condições legais para que a receita seja válida para os regimes de comparticipação de forma a que a farmácia receba esta parte da faturação. A Portaria nº 390/2019 e a Portaria nº224/2015 estabelecem o regime jurídico a que obedecem as regras de prescrição existentes em Portugal. Deste modo, encontra-se previsto que a prescrição deve ser eletrónica, estando a prescrição manual contemplada apenas em casos excecionais(18,19).

4.1. Receita Eletrónica

As receitas eletrónicas contribuem para aumentar a eficiência do Sistema Nacional de Saúde (SNS) através do aumento do controlo e segurança dos medicamentos prescritos, para além de contribuir para a redução do impacto ambiental, conseguidos com a desmaterialização das receitas(18).

Desta forma, a maior parte das receitas eletrónicas são desmaterializadas, isto é no momento da prescrição é feita a validação e registo no sistema central de prescrições, ficando acessível a partir de equipamentos eletrónicos(20).

No entanto, as receitas eletrónicas podem ser materializadas ao serem impressas aquando da prescrição e, para isso, nesse momento, as receitas são validadas e registadas na Base de Dados Nacional de Prescrições(20).

A minha experiência no atendimento, revelou que a maioria da população que recorre à FC ainda tem desconhecimento de como verificar os medicamentos prescritos através das receitas eletrónicas desmaterializadas, especialmente a população mais idosa, já que grande parte não dispõe de meios para aceder à Área do Cidadão do Portal SNS ou à aplicação para telemóvel “MySNS Carteira”, pelo que, muitas vezes, o profissional responsável pela dispensa tem um papel fundamental para ajudar o utente a gerir as suas receitas.

4.2. Receita Manual

Segundo a Portaria nº 224/2015 as prescrições manuais podem ser feitas mediante as seguintes exceções: falha informática, prescrição ao domicílio e para quem prescreve até um máximo de 40 receitas por mês; tendo em conta a Portaria nº 390/2019 a justificação para os prescritores não adaptados aos meios informáticos deixou de ser possível a 31 de março do presente ano(18,19).

Este tipo de receita constituiu para mim um desafio maior durante o tempo que passei no atendimento, por causa da dificuldade em entender a caligrafia, e de forma a garantir que era dispensado o medicamento correto, assim como para verificar que eram cumpridas todas as regras de prescrição para que a farmácia recebesse o valor da comparticipação.

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14 Para que as receitas sejam válidas têm que obedecer a determinadas regras, e independentemente do tipo de prescrição, é necessário que tenha: o número de receita, local de prescrição, identificação do prescritor, nome e número do utente, entidade financeira responsável, número de beneficiário e, se for o caso, o regime especial de comparticipação do qual o utente beneficia.

Os medicamentos devem ser identificados por DCI, forma farmacêutica, dosagem, quantidade por embalagem, Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM), posologia e número de embalagens(20).

Excecionalmente, a prescrição pode indicar a designação comercial ou o titular da Autorização da Introdução no Mercado (AIM), mediante uma das seguintes justificações: medicamento para o qual não exista genérico, medicamentos que apenas podem ser prescritos para determinadas indicações terapêuticas ou por insuscetibilidade à troca do medicamento (devido a tratamento continuado, índice terapêutico estreito ou reação adversa a outro medicamento com a mesma substância ativa e outro nome comercial)(19). No caso das receitas manuais, estas devem conter a vinheta identificativa do prescritor, assinatura e data(19). As receitas manuais têm validade de 30 dias após a prescrição, não podem conter rasuras, caligrafias e canetas diferentes, o uso de lápis não é válido. As eletrónicas materializadas têm uma validade de 30 dias, que pode ser renovável até 6 meses. Este tipo de prescrição pode conter um total de 4 unidades, até 2 unidades de cada, com exceção de medicamentos em embalagem unitária que podem conter 4 unidades.

As prescrições eletrónicas podem ter até um máximo de 6 embalagens de cada medicamento, com uma validade de 6 meses(20).

4.4. Sistema de Preços de Referência

O sistema de preços de referência foi criado para estabelecer o valor a partir do qual é calculada a comparticipação do estado para um medicamento para o qual já existem genéricos autorizados, comparticipados e em comercialização dentro de um determinado grupo homogéneo (GH)(21).

Um GH é constituído pelos medicamentos com a mesma composição quantitativa e qualitativa de substância ativa, dosagem, via de administração e com formas farmacêuticas iguais ou equivalentes, desta forma, o preço de referência para um medicamento corresponde ao valor médio dos cinco mais baratos do seu GH(22).

Assim, a farmácia deve dispor de pelo menos três medicamentos que façam parte dos 5 mais baratos do GH. Neste sentido, o farmacêutico é responsável por informar o utente da existência dos mesmos(21).

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15 De forma a melhorar o acesso ao medicamento, existem regimes de comparticipação, nos quais o Estado é responsável por parte do PVP de determinados medicamentos.

No regime geral de comparticipação, que abrange a maioria dos utentes, o Estado paga 90% do PVP dos medicamentos que pertencem ao escalão A, 69% do escalão B, 37% do escalão C e 15% dos medicamentos do escalão D.

O regime especial de comparticipação por beneficiário abrange pensionistas com um baixo rendimento, deste modo aos medicamentos do escalão A é acrescida uma comparticipação de 5%, e 15% aos restantes escalões. Se o pensionista optar por um medicamento com preço igual ou inferior ao 5º mais baixo do seu grupo homogéneo, o mesmo passa a ser comparticipado em 95%(21).

Os indivíduos com determinadas patologias ou que pertençam a grupos especiais, também têm um sistema para a comparticipação de medicamentos, no entanto, a comparticipação pode ser restrita a determinadas indicações terapêuticas, conforme indicado pela Portaria que abrange o doente.

Existem várias doenças que são abrangidas por este tipo de comparticipação como lúpus e hemofilia, no entanto, durante o meu estágio, a mais frequente foi o regime para a Paramiloidose, nos quais os doentes registados no Centro de Estudos de Paramiloidose têm os medicamentos que se dispensam em farmácia comunitária para o tratamento totalmente comparticipados, segundo o Despacho 4521/2001 de 31 de janeiro(23).

Os produtos para o autocontrolo da diabetes mellitus, nomeadamente as tiras-teste para determinação da glicemia, cetonemia e cetonúria têm comparticipação de 85% do PVP, já as agulhas, seringas e lancetas são totalmente comparticipadas(24).

As câmaras expansoras (CE) têm comparticipação de 80%, sendo que o PVP não exceda 28€, cada utente tem direito a uma câmara expansora por ano. Por sua vez, os utentes ostomizados, com incontinência ou retenção urinária têm os dispositivos médicos de apoio totalmente comparticipados.

Existem ainda regimes que co-comparticipam os medicamentos, como é o caso dos Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários (SAMS), Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Quadros e Técnicos Bancários (SAMS Quadros) e seguros de saúde.

Entre estes, contactei com os regimes de co-comparticipação mencionados e com a dispensa de produtos no âmbito do protocolo da diabetes e para os ostomizados, de forma que pude constatar que existem muitos tipos de dispositivos que até então desconhecia, o que constituiu um desafio para o atendimento, para isso, contei com o apoio da equipa que me acompanhou sempre que necessário.

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16 Ao longo de todo o mês, a farmacêutica responsável por esta tarefa faz a conferência do receituário dispensado.

Aquando da dispensa de uma receita manual, o sistema gera um documento de faturação que deve ser impresso no verso da receita; este documento tem o organismo responsável pela comparticipação, número de lote, número da receita, data de dispensa, os medicamentos efetivamente aviados e o preço, devendo ser assinado pelo utente e depois assinado e carimbado pelo farmacêutico. Para as receitas que são comparticipadas por outros organismos além do SNS, também é emitido um documento com informação dos medicamentos dispensados que deve ser assinado pelo utente e é depois enviado para a entidade que faz a co-comparticipação.

Para além disso, ainda é necessário conferir a validade das receitas aviadas e organizar por organismo e lote, sendo que cada lote tem no máximo 30 receitas. O fecho da faturação, é efetuado no final de cada mês, sendo impresso o verbete de identificação de lote, o resumo de lotes e fatura para cada entidade.

Assim, os documentos são enviados pelos CTT para o Centro de Conferência de Faturas dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, EPE, para as comparticipações que cabem ao SNS e as que cabem a outros subsistemas de saúde são enviadas para a Associação Nacional das Farmácias (ANF).

Esta foi uma tarefa que nunca desenvolvi, apenas acompanhei a farmacêutica responsável pela mesma.

5. Serviços Prestados na Farmácia Central

No sentido de prestar um apoio mais completo aos utentes, a FC disponibiliza um conjunto de serviços que promovem a saúde e o bem-estar da população.

Estes devem ser realizados de forma a garantir a segurança do doente, pelo que, devem ser levados a cabo apenas por profissionais habilitados, cumprindo todas as condições legais.

5.1. Deteção de Parâmetros Fisiológicos e Bioquímicos

Na FC é feita a avaliação de vários parâmetros fisiológicos como o peso, altura e pressão arterial.

O peso corporal e a altura são medidos numa balança que está ao dispor dos utentes, onde automaticamente é calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) e os resultados são apresentados na forma de talão.

Já a pressão arterial é medida no interior de uma sala que proporciona um ambiente calmo e condições adequadas.

Os parâmetros bioquímicos determinados na FC são a glicémia, o colesterol total, os triglicéridos e o perfil lipídico.

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17 Após a determinação dos parâmetros, os valores são registados num cartão da farmácia. Frequentemente estes serviços são requisitados pelos doentes hipertensos e diabéticos, de forma a monitorizar os seus valores. Desta forma, o farmacêutico desempenha um papel importante, recomendando medidas não farmacológicas e comunicando a importância da adesão à terapêutica.

A medição dos parâmetros bioquímicos foi a primeira atividade em contacto com os utentes que me foi atribuída, pelo que, aproveitava esta altura para ouvir as suas preocupações, assim como para fazer questões a cerca do estilo de vida e do regime farmacoterapêutico, sensibilizando os utentes com doenças crónicas que os resultados dentro dos valores de referência normais são um indício da eficácia da terapêutica, motivo pelo qual não devem ser interrompidos sem indicação médica, para além disso, esta abordagem acabou por permitir uma adaptação gradual ao contacto com o público.

5.2. Despiste da Infeção Urinária

O despiste da infeção urinária é feito a partir de uma tira de reagente para análise da urina. A FC dispõe de um equipamento para fazer a leitura dos resultados de forma a dispor de valores mais exatos. Idealmente a análise deve ser feita à primeira urina da manhã, caso não seja possível deve ser feito a uma urina com pelo menos 3h em relação à micção anterior.

5.3. Administração de Injetáveis

Na FC são administradas vacinas que não pertencem ao plano nacional de vacinação. Este serviço é realizado por farmacêuticos que disponham de formação específica para tal, dispondo de todos os requisitos necessários para a segurança do procedimento.

5.4. Valormed

Este serviço procede à recolha de medicamentos fora de uso ou com prazo de validade expirado, de forma a que sejam tratados de forma segura, evitando a contaminação ambiental.

Durante o estágio, verifiquei que este é um serviço que tem muita procura, um fator indicativo da consciencialização dos utentes para o tratamento destes resíduos.

5.5. Outros serviços

A FC dispõe ainda de outros serviços como as consultas de nutrição, realizadas por um nutricionista de forma a colmatar a preocupação cada vez maior com o sobrepeso e escolhas que proporcionem um estilo de vida mais saudável.

Para além disso, existem outros serviços farmacêuticos menos requisitados, como o teste de gravidez que pode ser feito com o acompanhamento de um farmacêutico, o teste

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18 de anticorpos para o vírus SARS-CoV-2, que passou a ser disponibilizado no seguimento da pandemia Covid-19 e, ainda, o serviço de furação de orelhas.

Durante o meu estágio tive oportunidade de realizar os testes de anticorpos para o SARS-CoV-2, o teste tinha por base uma cromatografia, a partir de uma pequena amostra de sangue recolhida por capilaridade. Com o teste era obtido um resultado qualitativo para a presença de anticorpos para o novo coronavírus, IgM (especificidade relativa de 96,0% e sensibilidade relativa de 85,0%) e IgG (especificidade relativa de 98,0% e sensibilidade relativa de 100%). Sendo que, o teste realizado na farmácia apresentava certidão do infarmed para a comercialização e o resultado era obtido em 10 minutos(25,26).

Foi-me dada, também, a oportunidade de aprender a perfurar orelhas.

6. Operação Luz Verde

De acordo com o Despacho n.º 4270-C/2020 como resposta à pandemia Covid-19 os serviços farmacêuticos hospitalares, devem assegurar um serviço de proximidade, de forma a minimizar o risco de exposição e assegurar a disponibilidade da terapêutica a doenças de assistência no ambulatório hospitalar(27).

Nesse sentido foi criada a Operação Luz Verde, na qual o utente pode escolher uma farmácia da sua proximidade para onde é enviada a medicação. A dispensa é feita por um farmacêutico em articulação com a Linha de Apoio ao Farmacêutico.

Na FC existia um utente que beneficiava deste serviço, no início gerou algumas dúvidas para as quais a Linha de Apoio foi importante para ajudar a resolver.

7. Cartão Farmácias Portuguesas

O cartão saúda é uma valência das Farmácias Portuguesas, através do qual o utente recebe pontos na compra de produtos de saúde e bem-estar, que depois pode utilizar para abater no valor da fatura a pagar ou para levar produtos de forma gratuita.

Durante o meu estágio tentei dinamizar o cartão saúda, promovendo a adesão de novos utentes ao cartão, assim como, sugerindo produtos úteis ao utente que poderia levar gratuitamente através dos pontos acumulados.

Esta foi uma tarefa na qual considero que fui bem-sucedida, uma vez que, parte das pessoas tinham o cartão, mas utilizavam os pontos apenas para reduzir o valor da fatura a pagar. No sentido de dinamizar a dispensa de produtos através do cartão aproveitei para fazer sugestões às pessoas durante o atendimento, tendo obtido uma boa recetividade e interesse, pelo que uma grande parte das pessoas abordadas por mim optou por levar uma das sugestões.

8. Formações

Durante o estágio tive a oportunidade de assistir a algumas formações apresentadas por delegados, maioritariamente apresentadas por videoconferência, com

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19 duração de 1h, no entanto, na fase final do meu estágio voltaram a existir algumas formações presenciais na farmácia.

Deste modo, pude também usufruir de vários webinares disponibilizados através de plataformas online, nomeadamente da Escola de Pós-graduação em Saúde e Gestão tendo assistido a: Marketing para a farmácia em tempos de pandemia, Formação semestral Sifarma e Resiliência: Viver o Presente, preparando o Futuro. Para além disso, tive ainda a oportunidade de assistir com a equipa a um conjunto de formações de Marketing Digital, assim como de vários laboratórios nomeadamente NAOS (Bioderma®), Pharma Nord (Bioativo®), Tilman®, Sensilis®, Papillon®, Pierre Fabre (Eludril® e Elgydium®) e Mylan®.

Parte II – Projetos Desenvolvidos na Farmácia Central

Projeto 1 – Desenvolvimento do Website da Farmácia Central

1. Contextualização

Com o distanciamento social imposto pela pandemia Covid-19, verificou-se um aumento da procura pelas compras online.

A FC localiza-se numa rua de comércio onde não existe trânsito, exigindo deslocação a pé e durante o confinamento a população evitava deslocar-se desta forma, por causa do risco de exposição ao novo Coronavírus, SARS-CoV-2.

Para tentar adequar-se às necessidades dos utentes a FC colocou à disposição a compra online através do seu website, pelo que a adequação das vias digitais ao mercado é de extrema importância.

2. Introdução

Segundo a American Marketing Association, Marketing é a atividade, conjunto de instituições e processos, para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que têm valor para os consumidores, clientes, parceiros e a sociedade(28).

O Marketing digital é definido pela mesma associação como o uso dos canais digitais ou sociais para promover uma marca ou alcançar os consumidores(28).

Em Portugal, verifica-se que o sexo feminino tem uma percentagem de compra online ligeiramente superior em relação ao masculino, a faixa etária que mais compra online está entre os 25 aos 34 anos, seguida da entre os 35 e 44 anos, sendo que as faixas etárias com idade superior aos 45 têm uma baixa taxa de compra por meios digitais(29).

Em 2019, verificou-se um crescimento superior a 20% do mercado online nas categorias de produtos de puericultura, suplementos alimentares e em produtos farmacêuticos e similares, o que revela a importância do enquadramento das farmácias no mercado online(29).

Uma das formas de ajudar a tornar um website relevante para o cliente, prestando um serviço de maior qualidade é a disponibilização de conteúdo informativo. Para criar este

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20 tipo de conteúdo deve ter-se em conta a forma como os clientes efetuam a pesquisa, para isso são utilizadas ferramentas para obter um melhor posicionamento das páginas do website no motor de busca, como por exemplo a escolha das palavras mais pesquisadas sobre um tópico para formar os títulos e corpo do texto e uso de hiperligações para outras zonas do site de forma a levar o navegador a explorar outras páginas do website(30).

3. Conteúdo Criado para o Website

3.1. Infeções do Trato Urinário

As infeções do trato urinário (ITUs) são uma causa frequente de consulta dos cuidados de saúde primários, estimando-se que cerca de 50% das mulheres terão pelo menos uma infeção durante a sua vida(31).

As ITUs caracterizam-se por um processo inflamatório de origem infeciosa que pode afetar as vias urinárias superiores e/ou inferiores(32).

A infeção resulta da interação do agente patogénico com o hospedeiro, dependendo da quantidade, virulência e os fatores de defesa do indivíduo.

Geralmente os microrganismos responsáveis pela infeção provêm do períneo ou da porção distal da uretra, podendo afetar qualquer parte do trato urinário; sendo assim, a infeção é designada de uretrite quando afeta a uretra, cistite na bexiga e pielonefrite quando afeta os ureteres e os rins.

Se não tratada, uma infeção do trato urinário inferior pode progredir para uma infeção do trato urinário superior, dando origem a uma pielonefrite e, em último caso, a uma infeção generalizada, sépsis(33).

As ITUs são consideradas não complicadas se o trato urinário não apresenta alterações funcionais ou anatómicas, distúrbios da função renal e não existem comorbilidades que possam favorecer o desenvolvimento de complicações(34).

A mais frequente das ITUs é a cistite, afetando sobretudo as mulheres, para as quais o pico da incidência da cistite não complicada verifica-se entre os 18 e os 39 anos e segundo a Direção Geral da Saúde, a cistite não complicada está definida como “episódio agudo e não recidivante de infeção da bexiga na mulher não grávida, não menopáusica e sem comorbilidades ou outras condições associadas a risco aumentado de falência da terapêutica ou de complicações sistémicas (antibioterapia recente, diabetes, insuficiência de órgão, imunossupressão, obstrução urinária, dispositivos médicos implantados)”(32).

3.1.1. Sintomas

Os sintomas associados à cistite são urgência urinária, disúria, polaquiúria, dor suprapúbica, hematúria e urina turva ou um com odor forte; outros sintomas como febre, dor no flanco ou dor lombar são indicadores de uma infeção no trato urinário superior(35).

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3.1.2. Fatores de Risco

Os principais fatores de risco para as ITUs não complicadas são ser do sexo feminino devido ao menor comprimento da uretra e maior proximidade da abertura da uretra ao ânus em relação ao sexo masculino, atividade sexual, uso de espermicidas, novo parceiro sexual, histórico de ITU prévio ou em familiares de primeiro grau(36).

No entanto, existem fatores que predispõem ao desenvolvimento de uma infeção urinária complicada; estes, geralmente estão associados a um risco aumentado de complicação ou a uma abordagem terapêutica mais complexa e são: refluxo vesico‐uretral, indivíduos com cateter permanente, bexiga neurogénica, quando existem anomalias anatómicas do trato urogenital, litíase renal, imunodepressão, diabetes mellitus, transplantes, neoplasias em estado avançado e insuficiência renal crónica(33,35).

3.1.3. Diabéticos

Indivíduos com diabetes têm maior taxa de bacteriúria assintomática, mesmo com níveis de glicémia controlados. Para além disso também está reportado menor capacidade de defesa contra os microrganismos infeciosos, especialmente na diabetes mal controlada, uma vez que, a glicosúria está relacionada com diminuição da resposta dos neutrófilos e aumento da adesão bacteriana às células uroepiteliais(33).

3.1.4. Gravidez

Nas mulheres grávidas a bacteriúria assintomática está relacionada com o desenvolvimento de pielonefrite, por isso a Direção Geral da Saúde recomenda o despiste trimestral. Sabe-se que 20 a 40% das bacteriúrias assintomáticas, neste período, quando não tratadas dão origem a pielonefrite e que o tratamento da mesma evita 80% das pielonefrites durante a gravidez(32,35).

3.1.5. Idosos

As ITUs recorrentes são mais frequentes nesta faixa etária sendo maioritariamente causadas por um agente infecioso, no entanto em indivíduos cateterizados aumenta o número de ITUs provocados por mais que um microorganismo(37).

3.1.6. Crianças

Nas crianças os sintomas da ITU são frequentemente não específicos o que dificulta o diagnóstico, nomeadamente febre, dor abdominal, urina fétida e vómitos.

A ITU na criança pode ser um sinal de malformação do aparelho urinário, para além de que pode levar a lesão renal permanente, daí a importância do diagnóstico precoce(38).

3.2. Etiologia

Os principais microrganismos implicados nas ITU são gram negativo da família das Enterobacteriaceae, sendo que a mais frequente é a Escherichia coli, seguida da Klebsiella spp. e Proteus spp., no entanto também podem ser provocadas por bactérias

Referências

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