• Nenhum resultado encontrado

Medição da satisfação dos profissionais de saúde: uma aplicação no Agrupamento de Centros de Saúde Feira-Arouca

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Medição da satisfação dos profissionais de saúde: uma aplicação no Agrupamento de Centros de Saúde Feira-Arouca"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

w w w . e l s e v i e r . p t / r p s p

Artigo

original

Medic¸ão

da

satisfac¸ão

dos

profissionais

de

saúde:

uma

aplicac¸ão

no

Agrupamento

de

Centros

de

Saúde

Feira-Arouca

Sérgio

Dominique-Ferreira

EscolaSuperiordeGestãodoInstitutoPolitécnicodoCávadoedoAve,Barcelos,Portugal

informação

sobre

o

artigo

Historialdoartigo:

Recebidoa3dejaneirode2013 Aceitea17dejulhode2015 On-linea29deoutubrode2015 Palavras-chave:

AgrupamentodeCentrosdeSaúde Feira-Arouca Satisfac¸ãoprofissional Marketingorganizacional Análisefatorial Regressãolinear

r

e

s

u

m

o

Objetivos:Medic¸ãodasatisfac¸ãodosprofissionaisdesaúdeeidentificac¸ãodosfatoresou indicadoresquemaisinfluenciamasatisfac¸ãoglobal.

Métodos:Recorreu-seàadministrac¸ãodeumquestionárioadhocaossujeitosdetodasas categoriasprofissionaisquetrabalhamnoAgrupamentodeCentrosdeSaúde(ACES) Feira--Arouca.Primeiramente,levou-seacaboumaanálisedaconsistênciainterna,seguidode umaanálisefatorial(AF),demodoaconhecerosfatoresoudimensõesqueaescala utili-zadamedeeaadequac¸ãodosdadosparaarealizac¸ãodaAF.Seguidamente,executou-se ummodeloderegressãolinearparaidentificarquaisasvariáveisquemaisinfluenciam a satisfac¸ãodos profissionais e, complementarmente, uma análise aoscoeficientes de correlac¸ãodeSpearman.

Resultados:Osresultadosobtidosevidenciamaexistênciadeumaescalacompropriedades psicométricasaceitáveis,concretamente,comumaconsistênciainternaelevada. Comple-mentarmente,cabedestacarqueapercec¸ãodeumaapropriadasupervisãolaboral,oorgulho relativoàimagemdoACES,aremunerac¸ão,acooperac¸ãoecolaborac¸ãoentreprofissionais bemcomootrabalhomultidisciplinarsãooselementosquemaisinfluenciamasatisfac¸ão globaldosprofissionaisdasaúde.

Discussão:Asatisfac¸ãoglobalmédiadosprofissionaisinquiridosépositiva(média=3,37, numaescaladeLikertde1-5).Dadoqueépossívelidentificarelementosquecontribuem significativamenteparaoconceitolatentedesatisfac¸ão,seriaoportunodesenvolvere imple-mentarestratégiasholísticasquepermitam,nomeadamente,supervisionarotrabalhodos profissionaisefomentaracooperac¸ãoeotrabalhomultidisciplinardosprofissionais.

©2015TheAuthor.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.U.emnomedaEscolaNacionalde SaúdePública.EsteéumartigoOpenAccesssobalicençadeCCBY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Autorparacorrespondência.

Correioseletrónicos:sergio.dominique@gmail.com,sdominique@ipca.pt http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2015.07.001

0870-9025/©2015TheAuthor.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.U.emnomedaEscolaNacionaldeSaúdePública.EsteéumartigoOpen AccesssobalicençadeCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

(2)

Measuring

the

satisfaction

of

health

professionals:

An

application

on

the

Health

Centers

Group

of

Feira-Arouca

Keywords: Feira-AroucaGHC Jobsatisfaction OrganizationalMarketing FactorAnalysis LinearRegression

a

b

s

t

r

a

c

t

Objectives: Measurethesatisfactionofhealthprofessionalsandidentifytheelementsthat doinfluencethemosttheoverallsatisfactionofthoseprofessionals.

Methods: AnadhocquestionnairewasappliedtotheprofessionalsoftheHealthCenters GroupofFeira-Arouca.First,ananalysisoftheinternalconsistency,followedbyaFactor Analysis(FA)wascarriedoutinordertoknowthefactorsordimensionsthatthescale measuresandtheadequacyofthedatafortherealizationoftheAF.Then,alinear regres-sionwascarriedoutinordertoidentifythevariablesthatmostinfluencetheprofessional satisfaction,aswellasSpearmancorrelation.

Results: Theresultsshowtheexistenceofascalewithacceptablepsychometricproperties, specifically,withahighinternalconsistency.Inaddition,theperceptionofanappropriate supervisorylabor,prideontheimageoftheHealthCentersGroupofFeira-Arouca, coopera-tionandcollaborationbetweenprofessionalsandmultidisciplinaryworkaretheelements thatinfluencethemosttheoverallsatisfactionofhealthprofessionals.

Discussion: Theaverageoverallsatisfactionoftheprofessionalsispositive(Mean=3.37ona Likertscale).Itwaspossibletoidentifytheelementsthatcontributesignificantlytothe satis-factionofprofessionals.So,itwouldbeappropriatetodevelopandimplementstrategies tosupervisetheworkofprofessionalsandencouragecooperationamongmultidisciplinary professionals.

©2015TheAuthor.PublishedbyElsevierEspaña,S.L.U.onbehalfofEscolaNacionalde SaúdePública.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc¸ão

Asaúderepresentaumdossetoresmaispreponderantesa umaescalamundial1.Porexemplo,nosEUAoinvestimento

públiconosetordasaúderepresenta14%doprodutointerno bruto(PIB)1.

Anívelnacional,osgastoscomasaúdepúblicasubiram 5,6%duranteoperíodode1990-2005,ascendendoaos10,2%2.

Emconsequência,estevaloréjásuperioraovalormédioda UniãoEuropeiaa15(UE15)(8,9%),oumesmodaOrganizac¸ão para a Cooperac¸ão e Desenvolvimento Económico (OCDE). Nestesentido,todososesforc¸osdevemserreunidosdemodo anãosómaximizarautilidadedosrecursosdisponíveis,bem comoasuaotimizac¸ão.OSistemaNacionaldeSaúde(SNS) devebasear-senaevidênciacientífica,tantoemtermos clíni-cos,comonagestãoenapolíticadesaúde.

Neste sentido, na Lei de Bases da Saúde, mais concre-tamente, Base XXX, existe uma menc¸ão especial para a qualidade dos cuidados, eficiente utilizac¸ão dos recursos, satisfac¸ãodosutentes e asatisfac¸ão dosprofissionais. Em consequência, estes4 critérios converteram-se na necessi-dadedeavaliá-losoumedi-losperiodicamenteporpartedo SNS.

Deste modo, analisar a satisfac¸ão dos profissionais da saúdeconstitui-secomoumindicadordoclima organizacio-nale,emúltimaanálise,numfatorcríticodesucesso(FCS)do desempenhodoselementosqueconstituemoSNS.Neste con-texto,váriostrabalhosdefendem agrandeimportânciaque temasatisfac¸ãolaboralnaqualidadepercebidaassociadaà prestac¸ãode servic¸osde saúde porparte dosprofissionais

de saúde3–6. Neste contexto, a insatisfac¸ão laboral produz

elevadosíndicesdestressnosprofissionaisdesaúde7,8.

Por-quanto, a satisfac¸ão dos profissionais ligados ao setor da saúdeconverte-senumaspetofundamentalnaprestac¸ãodos servic¸os8–14.

Desta forma,o principalobjetivodopresentetrabalhoé medir asatisfac¸ãodos profissionais desaúde. Simultanea-mente,pretende-seconhecerquaisosindicadores(itensda escala)quemelhorpredizemdeformaestatisticamente sig-nificativaasatisfac¸ãodosprofissionais.

Satisfac¸ão

laboral

Segundo o trabalho de Castro et al.15, entende-se por

satisfac¸ãoprofissional:

Umsentimentoagradávelouestadoemocionalmentepositivodo trabalhador,resultantedapercec¸ãoeavaliac¸ãodasua experi-ência detrabalho,conforme as suasmetasevalorespessoais peranteavida,podendosermodificadoouinfluenciadoporforc¸as internasouexternasaotrabalho.

Asatisfac¸ãodosprofissionaisdosetorpúblico constitui--secomoumaproblemáticatransversalequeintegravárias componentes, incluindo a gestão estratégica domarketing público, nomeadamente, no que concerne ao marketing interno.Nestecontexto,omarketinginternodasorganizac¸ões émaisimportantedoqueomarketingexterno,umavezque osprofissionais devemservistocomo usuários(na perspe-tivadeumcapitalfundamentalparaaorganizac¸ão)16,17.As

(3)

profissionais,desenvolvendocadaorganizac¸ãocombasena criac¸ãodevalorparacadaprofissionalquedelafazparte16,17.

Nosetordaprestac¸ãodecuidadosdesaúde,ostresscausado pelainsatisfac¸ão laboral pode ter umimpacto negativo na qualidadedocuidadoaopaciente14,15,18.OtrabalhodeKumar

etal.19 eAgapitoet al.14 evidenciaqueasatisfac¸ãolaboral

influenciaoníveldeabsentismo,dedesempenhogeraldas organizac¸ões,ostressdosprofissionaisetambémaexaustão. Meloetal.20referemqueosefeitosmaiscomunsdasatisfac¸ão

notrabalhorecaemsobreaprodutividade,desempenho,absentismo, rotatividade,cidadaniaorganizacional,saúdeebem-estar. Inversa-mente,estesmesmosautores(Meloetal.20)evidenciamque

ainsatisfac¸ãoresultantedasobrecargaeprecariedadelaboral levamàexaustãofísicaemental,baixaautoestimaeperdade interessenapráticaprofissional.

Umestudode2013realizadopelaCampdenHealth21,tendo

porbaseumaamostrade1.040profissionaisdoscuidadosde saúdeprimários,evidenciouosseguintesaspetosnegativos: • 65%dosprofissionaisestavaminsatisfeitosrelativamente

aonúmeroqueconstituiasequipas;

• 48%estavainsatisfeitacomoapoiorecebidoporpartedas direc¸õesestatais;

• 46% pensa que a quantidade de formac¸ão e desenvol-vimentode competências técnico-profissionais facultada pelasentidadesresponsáveiséinsuficiente;

• 61%sentequenãorecebereconhecimentosuficientepelo trabalhoquerealiza;

• 59%sentequenãoaufereumsaláriodeacordocomo espe-rado.

Os principais aspetos positivos obtidos neste estudo21

foram:

• 65%acabaporexerceraatividadeprofissionalcomgosto; • 83%afirma queo tempodecorrido notrabalho passade

formarápida,oquesignificaque,emboraestejam insatis-feitoscomalgunsaspetosdapráticalaboral,desempenham asuafunc¸ãocomgosto;

• 86%sentequeastarefasquelhessãoatribuídastêmum nívelaceitável.

Um estudode Lima et al.22 maisrecente identificouos

seguinteselementosquemaiscausaminsatisfac¸ãoaos pro-fissionaisdecuidadosdesaúde:

• salárionãoestádeacordocomaresponsabilidadeinerente aodesempenhodasfunc¸ões;

• dificuldadesemtrabalharemequipa;

• faltadereconhecimentonotrabalhoedaformac¸ão facul-tada;

• escassezdeinstrumentosnecessáriosparaaprestac¸ãode cuidadosdesaúde;

• númerodehorasdetrabalhoalémdocontratado.

Jáquantoaosaspetosmaisrelevantes para asatisfac¸ão laboral,oestudo22apresentaosseguintes:

• satisfac¸ãodosutentesquerecebemoscuidadosdesaúdee acolaborac¸ãodestesnoprocessodecuidados/tratamentos;

• gostoemotivac¸ãoemdesempenharasfunc¸õesdecuidados desaúde;

Metodologia

Populac¸ãoeamostra

OuniversoanalisadofoioAgrupamentodeCentrosdeSaúde Feira-Arouca(ACESFeira-Arouca).Justifica-seaincidênciaem unidadesdesaúdefamiliar(USF),dadaasuaimportânciana prestac¸ão decuidados de saúdeno territórionacional18. A

amostraestavaconstituídapor189profissionaisdesaúde(46 homense143mulheres)comumamédiadeidadede42,99 (desviopadrão=10.677).Destaamostra,25%dossujeitoseram médicos,37,5%eramenfermeiros,27,8%administrativos,8% pessoalauxiliare1,7%tinhaoutra categoriaprofissional.O nívelde confianc¸aéde95% (k=2sigma)eoerroamostral associadode±4,87%(Z=1,96;p=q=50).Cabedestacarque, paraefeitosdeanálise,foramconsideradososdadosrelativos a176sujeitos,comvistaaeliminarossujeitoscomrespostas missings.

Recolhadosdados

A administrac¸ão dos questionários foi realizada nas USF (representando56,8%daamostra),unidadesdecuidadosde saúdepersonalizados(UCSP,32,4%daamostra),unidadede apoio àgestão(UAG, 6,3%da amostra),unidades de cuida-doscontinuados(UCC,1,7%daamostra),unidadesderecursos assistenciaispartilhados(URAP,2,3%daamostra)eunidade desaúdepública(USP,0,6%daamostra).Osdadosforam reco-lhidosdeformaanónima(semidentificac¸ãodosinquiridos) etratadoscomtotalconfidencialidade,talcomogarantidoa todososinquiridos.Recorreu-seaumaamostragem probabi-lísticaaleatóriasimples.

Selec¸ãodosindicadoresdasatisfac¸ãodosprofissionais

Aselec¸ãodosindicadoresdasatisfac¸ãodosprofissionaisfoi realizadacombasenarevisãobibliográfica23–27 eoformato

paraarecolhadosdadosfoiumaescaladerespostadotipo Likert. Finalmente, os autores decidiram utilizar o instru-mentodemedidapropostoporGrac¸a23.

Por conseguinte, a escala utilizada mede 5 variáveis latentes, concretamente, «autonomia e poder» (itens 1-6); «condic¸ões de trabalho e saúde» (itens 7-10); «realizac¸ão pessoal eprofissionaledesempenho organizacional»(itens 11-17);«relac¸õesdetrabalhoesuportesocial»(itens18-22); e«outrosaspetosfuncionais»(itens23-26).

Análisedosdados

Primeiramente, procedeu-seauma análiseda consistência interna da escala. Seguidamente, e com carácter explora-tório (devido a n<200), executou-se uma análise fatorial com recurso ao método de extrac¸ão componentes princi-pais,seguidadeumarotac¸ãovarimax.Finalmente,levou-se acaboummodeloderegressãolinearcomvistaaidentificar asvariáveisqueinfluenciamsignificativamenteasatisfac¸ão

(4)

Tabela1–Descritivosparaoselementosqueconstituemaescala

N.◦ Itens Média Desviopadrão ␣ seoitem

foreliminado

Comunalidades

1 Aindependênciaeaautonomia 3,76 0,823 0,938 0,739

2 Apossibilidadeefetivaeconcretadeparticiparemprogramas 3,51 0,935 0,937 0,741

3 Claradefinic¸ãodecompetênciaseresponsabilidades 3,24 0,911 0,939 0,623

4 Percec¸ãodequeomeupapeleasminhascompetênciassão devidamentecompreendidos

3,50 0,954 0,937 0,738

5 Apercec¸ãodequeasupervisãodomeutrabalhoéadequada 3,53 0,935 0,938 0,576 6 Aoportunidadedeparticiparemprogramaseatividadesde

saúdecomunitária

3,03 1,087 0,940 0,657

7 Ascondic¸õesfísicasdolocaldetrabalho 2,92 0,988 0,940 0,662

8 Oportunidadedeparticiparemprogramas 3,09 1,034 0,939 0,641

9 Aadequadaprotec¸ãocontraosriscosprofissionais 3,03 0,979 0,940 0,769

10 Aadequadaprevenc¸ãodesituac¸õesquepossamprovocar riscosdestressnotrabalho

2,96 0,884 0,939 0,657

11 Aconvicc¸ãodequevalerealmenteapenaeuesforc¸ar-mee daromeumelhornocentrodesaúdeondetrabalho

3,54 1,129 0,938 0,676

12 Aoportunidadedeformac¸ãocontínuaedesenvolvimento pessoal,noâmbitodaminhacarreira

3,20 1,049 0,938 0,648

13 Odevidoreconhecimentodomeudesempenhoprofissional, porpartedaminhachefiahierárquica

3,40 1,044 0,937 0,650

14 Oentusiasmocomquevivoasmudanc¸asqueestãoa(ou vão)serintroduzidasnoscentrosdesaúde

3,40 0,991 0,939 0,580

15 Apercec¸ãodagarantiadequalidadedoscuidadoseservic¸os quesãoprestadosaosutentesdestecentrodesaúde,pormim epelosdemaisprofissionais

3,90 0,772 0,938 0,723

16 Oorgulhoquesintorelativamenteàimagemdocentrode saúdenacomunidadeondeestáinserido

3,64 0,998 0,938 0,744

17 Remunerac¸ão 2,38 1,209 0,940 0,536

18 Oespíritodeequipaqueunetodososprofissionaisque trabalhamcomigonestecentrodesaúde,independentemente dasuaprofissãooucarreira

3,68 0,943 0,939 0,721

19 Acooperac¸ãoeacolaborac¸ãocomquepossamcontarpor partedosmeuscolegasdeprofissão

3,94 0,895 0,939 0,757

20 Oapoiocomquepossocontarporpartedaschefias,sobretudo nosmomentosdifíceisemquealguémnecessitamaisdeajuda

3,52 0,897 0,937 0,740

21 Acooperac¸ãoecolaborac¸ãocomquepossocontarporparte doscolegasdeoutrasprofissõesoucarreiras

3,52 0,910 0,938 0,673

22 Asoportunidadesdeconvívioinformalentrefuncionários 3,42 1,045 0,938 0,702

23 Osistemademarcac¸ãodeconsultasutilizado 3,61 0,896 0,939 0,636

24 Aexistênciadelinhasdeorientac¸ãoouprotocolos,quera nívelclínico/técnico,queraníveldealgunsaspetosmais importantesdaorganizac¸ãoefuncionamentodocentrode saúde

3,22 0,944 0,938 0,693

25 Aparticipac¸ãoemreuniõesmultidisciplinaresregularespara discussãodequestõesclínicase/ouorganizativas

3,13 1,125 0,938 0,800

26 Oconhecimentoatempadodereuniõesdeservic¸oeda respetivaordemdetrabalhos

3,49 1,059 0,939 0,579

Média 3,37 0,978 – –

dosprofissionaisdasaúde.Aindanestecontextoedeforma complementar,procedeu-seaumaanáliseaoscoeficientesde correlac¸ãodeSpearman.

Resultados

Análisefatorial

Análisedaconsistênciainternadaescala

Primeiramente,cabemencionarqueaconsistênciainternada escalade26elementoséelevada(alfadeCronbach=0,941).

Seguidamente,destaca-sequenãoexistenenhumitemque quandoeliminadoincrementesubstancialmentea consistên-cia interna da escala (alfa de Cronbach). Por conseguinte, sugere-seautilizac¸ãodetodosositensconsiderados.

Através da mesma tabela 1, é possível verificar que a satisfac¸ãoglobalmédiaépositiva(3,37,numaescalade1-5). Emtermosdeanálisepordimensão/fator,osresultadossão: • autonomiaepoderapresentaumamédiade:3,428(fig.1); • condic¸õesdetrabalhoesaúde:3(fig.2);

• realizac¸ãopessoaleprofissionaledesempenho organizaci-onal:3,351(fig.3);

(5)

0 1 2 3 4 5 A independência e a autonomia

Participação em programas Clara definição de competências e responsabilidades Percepção do papel e competências A percepção da supervisão Poder participar em programas de saúde comunitária

Figura1–Resultadosdimensão«autonomiaepoder».

0 1 2 3 4 5 As condições físicas do local de trabalho

Oportunidade de participar em programas Proteção contra os riscos profissionais Prevenção stress no trabalho

Figura2– Resultadosdimensão«condic¸õesdetrabalhoesaúde».

0 1 2 3 4 5 Convicção da valorização do esforço

Oportunidade de formação contínua Reconhecimento do desempenho por parte da chefia Entusiasmo relativo a mudanças Percepção da garantia de qualidade dos cuidados Orgulho sentido ao centro de saúde na comunidade Remuneração

Figura3–Resultadosdimensão«realizac¸ãopessoaleprofissionaledesempenhoorganizacional».

0 1 2 3 4 5 Espírito de equipa

Cooperação e a colaboração por parte dos colegas Apoio das chefias Cooperação e colaboração dos colegas As oportunidades de convívio informal entre funcionários

(6)

0 1 2 3 4 5 Sistema de marcação de consultas utilizado

Existência de linhas de orientação ou protocolos Participação em reuniões multidisciplinares Conhecimento atempado de reuniões de serviço e da respectiva ordem de trabalhos

Figura5–Resultadosdimensão«outrosaspetosfuncionais». Tabela2–ResumodoModelo

Modelo R RQuadrado RQuadradoAjustado ErroPadrãodaEstimativa

1 ,903(a) ,815 ,783 ,749

• relac¸õesdetrabalhoesuportesocial:3,616(fig.4); • outrosaspetosfuncionais:3,363(fig.5).

Simultaneamente, é possível observar determinadas pontuac¸õesmédiaselevadas,destacando-se«acooperac¸ãoea colaborac¸ãocomquepossamcontarporpartedosmeus cole-gasdeprofissão»(3,94);«apercec¸ãodagarantiadequalidade doscuidadoseservic¸osquesãoprestadosaosutentesdeste centrodesaúde»(3,9);«aindependênciaeautonomia»sentida pelosprofissionais(3,76);«oespíritodeequipaqueunetodos osprofissionaisquetrabalhamcomigonestecentrodesaúde, independentementedasuaprofissão»(3,68);e«osistemade marcac¸ãodeconsultasutilizado»(3,61).

Contrariamente, os elementos que apresentam uma satisfac¸ãomédiamenorsãoa«remunerac¸ão»auferida(2,38); «as condic¸ões físicas do local de trabalho» (2,92); «a opor-tunidadedeparticiparemprogramaseatividadesdesaúde comunitária»(3,03); «a adequadaprotec¸ão contraos riscos profissionais»(3,03);«aparticipac¸ãoemreuniões multidisci-plinaresregulares paradiscussão dequestões clínicase/ou organizativas»(3,13).

No que concerne à variabilidade, existem alguns itens que apresentam desvios padrões superiores a um (numa escala de 1-5), nomeadamente, «a convicc¸ão de que vale realmente a pena eu esforc¸ar-me e dar o meu melhor no centrode saúde onde trabalho» (1,129);«a participac¸ão emreuniõesmultidisciplinaresregularespara discussãode

questõesclínicase/ouorganizativas»(1,125);a«remunerac¸ão» (1,209).

Seguidamente, levou-se a cabo uma análise fatorial de modo a encontrar fatores latentes. Para avaliara validade daanálisefatorialrecorreu-seaocritérioKaiser-Meyer-Olkin (KMO) com um valorde 0,911 (excelente).Através de uma soluc¸ãode6fatores,avariânciatotalexplicadaéde67,543, valorbastanteaceitável.

Modeloderegressãolinear

Cabe destacar que o coeficiente de determinac¸ão ajustado (Adjusted RSquare,quemedeaproporc¸ão davariabilidade total)éde0,783,ouseja,omodeloexplica78,3%da variabi-lidadeda variáveldependente,i.e.,dasatisfac¸ãoglobaldos sujeitosqueconstituemaamostra(vertabela2).

Dadoqueoresultadoobtidoatravésdaanálisedevariância –ANOVA–édeF=25,9com26e153g.l.eaestatísticadoteste terassociadoump-value=0,000(i.e.,significativo),épossível rejeitarH0emfavordeH1,ouseja,omodeloésignificativo(ver tabela3).

De forma complementar, verifica-se que os elementos «claradefinic¸ãodecompetênciaseresponsabilidades»(0,000), «apercec¸ãodequeasupervisãodomeutrabalhoéadequada» (0,047),«oorgulhoquesintorelativamenteàimagemdo cen-tro desaúde nacomunidade onde estáinserido» (0,045),a «remunerac¸ão»(0,010),«acooperac¸ãoecolaborac¸ãocomque

Tabela3–ANOVA

Modelo Somadosquadrados df MS F Sig.

1 Regressão 377,937 26 14,536 25,900 ,000

Residual 85,870 153 ,561

(7)

Tabela4–CoeficientesdoModelodeRegressãoLinear

Modelo Coeficientesnãopadronizados Coeficientes

estandardizados

t Sig.

B Erropadrão Beta

(Constante) 0,641 0,524 1,223 0,223

Aindependênciaeaautonomia 0,120 0,112 0,060 1,077 0,283

Apossibilidadeefetivaeconcretadeparticiparem programas

-0,079 0,111 -0,045 -0,709 0,480

Claradefinic¸ãodecompetênciaseresponsabilidades 0,621 0,061 0,601 10,137 0,000

Percec¸ãodequeomeupapeleasminhascompetências sãodevidamentecompreendidos

0,110 0,102 0,064 1,076 0,284

Apercec¸ãodequeasupervisãodomeutrabalhoé adequada

0,141 0,055 0,123 2,575 0,011

Aoportunidadedeparticiparemprogramaseatividades desaúdecomunitária

-0,002 0,067 -0,002 -0,035 0,972

Ascondic¸õesfísicasdolocaldetrabalho 0,094 0,084 0,057 1,122 0,264

Oportunidadedeparticiparemprogramas 0,035 0,082 0,022 0,427 0,670

Aadequadaprotec¸ãocontraosriscosprofissionais -0,105 0,086 -0,063 -1,223 0,223 Aadequadaprevenc¸ãodesituac¸õesquepossamprovocar

riscosdestressnotrabalho

-0,047 0,067 -0,039 -0,707 0,481

Aconvicc¸ãodequevalerealmenteapenaeuesforc¸ar-me edaromeumelhornocentrodesaúdeondetrabalho

-0,095 0,080 -0,065 -1,180 0,240

Aoportunidadedeformac¸ãocontínuaedesenvolvimento pessoal,noâmbitodaminhacarreira

-0,094 0,085 -0,060 -1,110 0,269

Odevidoreconhecimentodomeudesempenho profissional,porpartedaminhachefiahierárquica

0,088 0,092 0,056 0,956 0,341

Oentusiasmocomquevivoasmudanc¸asqueestãoa(ou vão)serintroduzidasnosCentrosdeSaúde

0,126 0,083 0,076 1,513 0,132

Apercec¸ãodagarantiadequalidadedoscuidadose servic¸osquesãoprestadosaosutentesdesteCentrode Saúde,pormimepelosdemaisprofissionais

0,233 0,122 0,110 1,914 0,047

OorgulhoquesintorelativamenteàimagemdoCentro deSaúdenaComunidadeondeestáinserido

-0,189 0,093 -0,116 -2,026 0,045

Remunerac¸ão 0,123 0,047 0,128 2,625 0,010

Oespíritodeequipaqueunetodososprofissionaisque trabalhamcomigonesteCentrodeSaúde,

independentementedasuaprofissãooucarreira

-0,078 0,094 -0,045 -0,826 0,410

Acooperac¸ãoeacolaborac¸ãocomquepossamcontarpor partedosmeuscolegasdeprofissão

0,123 0,106 0,067 1,157 0,249

Oapoiocomquepossocontarporpartedaschefias, sobretudonosmomentosdifíceisemquealguém necessitamaisdeajuda

-0,056 0,110 -0,031 -0,509 0,612

Acooperac¸ãoecolaborac¸ãocomquepossocontarpor partedoscolegasdeoutrasprofissõesoucarreiras

-0,173 0,069 -0,135 -2,519 0,013

Asoportunidadesdeconvívioinformalentrefuncionários 0,045 0,084 0,029 0,529 0,598 Osistemademarcac¸ãodeconsultasutilizado -0,076 0,087 -0,041 -0,873 0,384 Aexistênciadelinhasdeorientac¸ãoouprotocolos,quera

nívelclínico/técnico,queraníveldealgunsaspetos maisimportantesdaorganizac¸ãoefuncionamentodo CentrodeSaúde

-0,033 0,096 -0,019 -0,350 0,727

Aparticipac¸ãoemreuniõesmultidisciplinaresregulares paradiscussãodequestõesclínicase/ouorganizativas

0,186 0,090 0,127 2,057 0,041

Oconhecimentoatempadodereuniõesdeservic¸oeda respetivaordemdetrabalhos

0,042 0,076 0,027 0,560 0,576

possocontarporpartedoscolegasde outrasprofissões ou carreiras» (0,041) e«aparticipac¸ão emreuniões multidisci-plinares regularesparadiscussão dequestões clínicas e/ou organizativas»sãooselementosqueinfluenciam significati-vamenteasatisfac¸ãoglobaldosprofissionais.Contudo,talnão significaqueosrestanteselementosnãoafetemasatisfac¸ão dosprofissionais.Apenasnãosãoelementosestatisticamente significativosnopresenteestudo(modeloeamostratestada) (tabela4).

Coeficientedecorrelac¸ãodeSpearman

Deformacomplementaredemodoaestudaraintensidade darelac¸ãoentreasvariáveis,procedeu-seaumaanálisecom basenocoeficientedecorrelac¸ãoRódeSpearman.Comose podeverificaratravésdatabela5,todosositensconsiderados estão significativamentecorrelacionadoscomonívelglobal desatisfac¸ão,comaúnicaexcec¸ãosendo«apercec¸ãodeque asupervisãodomeutrabalhoéadequada».Verifica-se,neste

(8)

Tabela5–Coeficientesdecorrelac¸ãodeSpearman

Spearman Coeficientedecorrelac¸ão

Aindependênciaeaautonomia 0,404**

Apossibilidadeefetivaeconcretadeparticiparemprogramas 0,406**

Claradefinic¸ãodecompetênciaseresponsabilidades 0,896**

Percec¸ãodequeomeupapeleasminhascompetênciassãodevidamente compreendidos

0,477**

Apercec¸ãodequeasupervisãodomeutrabalhoéadequada -0,086

Aoportunidadedeparticiparemprogramaseatividadesdesaúdecomunitária 0,315**

Ascondic¸õesfísicasdolocaldetrabalho 0,382**

Oportunidadedeparticiparemprogramas 0,284**

Aadequadaprotec¸ãocontraosriscosprofissionais 0,199*

Aadequadaprevenc¸ãodesituac¸õesquepossamprovocarriscosdestressno trabalho

-0,365**

Aconvicc¸ãodequevalerealmenteapenaeuesforc¸ar-meedaromeumelhor nocentrodesaúdeondetrabalho

0,404**

Aoportunidadedeformac¸ãocontínuaedesenvolvimentopessoal,noâmbitoda minhacarreira

0,329**

Odevidoreconhecimentodomeudesempenhoprofissional,porpartedaminha chefiahierárquica

0,390**

Oentusiasmocomquevivoasmudanc¸asqueestãoa(ouvão)serintroduzidas noscentrosdesaúde

0,446**

Apercec¸ãodagarantiadequalidadedoscuidadoseservic¸osquesãoprestados aosutentesdestecentrodesaúde,pormimepelosdemaisprofissionais

0,407**

Oorgulhoquesintorelativamenteàimagemdocentrodesaúdenacomunidade ondeestáinserido

0,499**

Remunerac¸ão 0,743**

Oespíritodeequipaqueunetodososprofissionaisquetrabalhamcomigoneste centrodesaúde,independentementedasuaprofissãooucarreira

0,325**

Acooperac¸ãoeacolaborac¸ãocomquepossamcontarporpartedosmeus colegasdeprofissão

0,289**

Oapoiocomquepossocontarporpartedaschefias,sobretudonosmomentos difíceisemquealguémnecessitamaisdeajuda

0,393**

Acooperac¸ãoecolaborac¸ãocomquepossocontarporpartedoscolegasde outrasprofissõesoucarreiras

-0,395**

Asoportunidadesdeconvívioinformalentrefuncionários 0,434**

Osistemademarcac¸ãodeconsultasutilizado 0,367**

Aexistênciadelinhasdeorientac¸ãoouprotocolos,queranívelclínico/técnico, queraníveldealgunsaspectosmaisimportantesdaorganizac¸ãoe

funcionamentodocentrodesaúde

0,380**

Aparticipac¸ãoemreuniõesmultidisciplinaresregularesparadiscussãode questõesclínicase/ouorganizativas

0,529**

Oconhecimentoatempadodereuniõesdeservic¸oedarespetivaordemde trabalhos

0,442**

Acorrelac¸ãoésignificativanonível0,05 ∗∗ Acorrelac¸ãoésignificativanonível0,01

sentido,quetodosositensconsideradosnaescaladopresente estudo(verGrac¸a23)sãofundamentaisparaasatisfac¸ãoglobal

dosprofissionaisdasaúdeemPortugal.

Discussão

dos

resultados

e

conclusões

Com base nos resultados obtidos,corrobora-se novamente que a escala proposta por Grac¸a23 apresenta propriedades

psicométricasadequadasparaoestudodasatisfac¸ãodos pro-fissionaisdasaúde.Concretamente,oelevadovalordoalfa deCronbachpermiteconstatarqueaconsistênciainternada escalaéelevada.

Seguidamente,destaca-sequeatravésdaexecuc¸ãodeum modeloderegressãolinearobteve-seumvalorcoeficientede

determinac¸ãoelevado(0,783),ouseja,épossívelexplicar78,3% davariabilidadedasatisfac¸ãoglobaldosprofissionaisatravés doselementosconsiderados.Nestesentido,comprova-seque aescalaapresentaumaadequadacapacidadenoestudoda satisfac¸ãodosprofissionaisdesaúde,emlinhadosresultados obtidosemestudossimilaresCastro15eGrac¸a23.

Complementarmente,referirque,emboraasatisfac¸ão glo-balmédiadosinquiridossejapositiva(3,37,numaescalade 1-5),ovalorsuperaemapenas0,38umníveldeinsatisfac¸ão laboral, peloque especialatenc¸ão deveser prestadaaeste aspeto.Concretamente,existemelementosqueapresentam umasatisfac¸ãoelevada.Porexemplo:

• «A cooperac¸ão e a colaborac¸ão com que podem contar por parte dos colegas de profissão». Estes

(9)

resultados são contrários aos que foram obti-dos em investigac¸ões como Campden Health (2013) e Lima, Pires Fortes e Medeiros (2014). Relativamente a este ponto e de modo a aumentar o seucontributoparaasatisfac¸ãodosprofissionais, sugere--se umaumento de atividades formativas no âmbito da gestão de equipas, lideranc¸a e comunicac¸ão, oferecidas pelatutela(e.g.:administrac¸ãoregionaldesaúde–ARS). • «A percec¸ão da garantia de qualidade dos cuidados e

servic¸os que são prestados aos utentes deste centro de saúde», em linha dos resultados obtidos em Campden Health(2013).Nosentidodeaumentaraindamaisonível desatisfac¸ãocomesteitem,sugere-seque:i)porumlado, existaumaampliac¸ãodonúmerodeUSFqueadministre questionáriosquevisemaavaliac¸ãodeíndicesdesatisfac¸ão com os cuidados prestados; ii) por outro lado, que seja melhorajustadaaofertadeformac¸õesespecíficasacada grupoprofissional.

• «A independência e autonomia», em consonância com CampdenHealth(2013).

• «Oespíritodeequipaqueunetodososprofissionais»–ou seja,aspetoscondicionados fortementepelas competên-ciastécnicasehumanasdosprofissionais,contrariamente aosresultadosobtidosemCampdenHealth(2013)eLima, Pires Fortes e Medeiros (2014). Destaca-se, neste ponto, que o facto de as USF poderem escolher a sua própria equipadetrabalho,melhoraosíndicesdesatisfac¸ão rela-tivos ao trabalho em equipa. Tal acaba por refletir-se de forma positiva nos utentes. Seria também relevante fomentar a «participac¸ão em reuniões multidisciplina-res regulares para discussão de questões clínicas e/ou organizativas».

Contrariamente,existemelementosnosquaisseobserva umíndicedesatisfac¸ãomenorequeparecemserfrutode decisõesexternasàsUSFanalisadasnesteestudo, designada-mente:

• remunerac¸ão auferida, em consonância com trabalhos comoCampdenHealth(2013)eLima,PiresFortese Medei-ros(2014),mascontrárioaosresultadosobtidosemCastro (2011). Neste âmbito, claramente que os cortes salari-ais a que a administrac¸ão pública em geral (incluindo osprofissionais desaúde)foi submetida,levaram auma maiorinsatisfac¸ãoprofissionaleconsequentediminuic¸ão motivacional. Destaca-se, também, que os profissionais que exercem atividade profissional em USF modelo A estão privados de benefícios, comparativamente às USF modeloB;maisconcretamente,os incentivosfinanceiros que cada profissional recebe no seu salário mensal. Em várioscasos,estasituac¸ãodeve-seàdemoranaaprovac¸ão da transic¸ão de modelo A para modelo B. Porquanto, umamaior celeridade neste processo aumentaria certa-mente os níveis de satisfac¸ão e motivac¸ão da equipa profissional;

• condic¸õesfísicasdolocaldetrabalho.Nesteponto, verifica--se quehá umalimitada manutenc¸ãode equipamentos, substituic¸ãodemateriaisdetrabalhos;

• aoportunidadede participar emprogramaseatividades de saúde comunitária, em concordância com Campden

Health (2013). Neste apartado, poderia ser interessante, por exemplo, as USF estarem mais presentes em ac¸ões de sensibilizac¸ão de públicos específicos. Por exem-plo, presenc¸a em escolas primárias com campanhas de sensibilizac¸ãodehábitosalimentaressaudáveisehigiene, emlaresdeterceiraidadeparafomentodeexercíciofísico apropriadoaidadesmaisavanc¸adas,entreoutras iniciati-vas;

• aadequadaprotec¸ãocontraosriscosprofissionais.Neste ponto, seria importante todas as USF terem um pro-fissional de seguranc¸a que visa manter a seguranc¸a nos espac¸os,poisobservam-se cada vezmais comporta-mentos desviantes. Por exemplo, parece verificar-se um aumento de falta de civismo e compreensão por parte de alguns utentes e, nalguns casos, acabam por ter ati-tudes e comportamentos inapropriados face à equipa profissional.

Estes resultados e implicac¸ões em termos de gestão organizacional são tão mais relevantes quanto indica a análise à variabilidade dos resultados. Concretamente, os resultados evidenciam a existência de alguns itens que apresentamdesviospadrõessuperiores aum(numa escala de 1-5), nomeadamente, «a convicc¸ão de que vale real-mente a pena eu esforc¸ar-me e dar o meu melhor no centrode saúdeonde trabalho»(1,129);«a participac¸ãoem reuniõesmultidisciplinaresregularesparadiscussãode ques-tões clínicas e/ou organizativas» (1,125); a «remunerac¸ão» (1,209).

Finalmente e com base na análise do coeficiente de correlac¸ãode Spearman,osresponsáveis pelaspolíticasna área da saúde devem prestar especial atenc¸ão a todos os itensqueconstituemaescalautilizadanopresenteestudo. Comprova-se,novamente,queoinstrumentodemedida pro-posto por Grac¸a23 deve ser tido em especial considerac¸ão

noestudodasatisfac¸ãodosprofissionaisdesaúde, especial-mentenestemomento emqueaprestac¸ãodecuidadosde saúdeécadavezmaisrequisitada.

Limitac¸ões

e

propostas

para

futuros

estudos

O tamanho amostral poderá ser identificado como uma possívellimitac¸ãodoestudo,peloquedispordeuma amos-tra constituída por profissionais de outros ACES poderia ajudar a configurar uma imagem mais clara e holística da satisfac¸ão dos profissionais da saúde a nível nacio-nal. Seria também interessante dispor de uma amostra representativa de USF modelo A e USF modelo B, de modo a poder comparar se existem diferenc¸as significati-vasnos níveisdesatisfac¸ãolaboral dessesprofissionais de saúde.

Poroutrolado,levaracabomodelosdeequac¸ões estru-turais,eventualmente,atravésdemodelosreflexivos,poderia permitirprocederàcompreensãodehipotéticasrelac¸õesentre os constructos medidos (variáveis latentes). Neste sentido, dadaaprováveldificuldadeempoderoperarcomtamanhos amostraisamplos,sugere-seautilizac¸ãodemodelos forma-tivoscombaseemtécnicasdemínimosquadradosparciais (PartialLeastSquares–PLS28).

(10)

Anexo

1.

Matriz

de

componentes

proveniente

da

Análise

Factorial

Anexo Componente

1 2 3 4 5

Aindependênciaeaautonomia 0,686 0,002 -0,328 0,059 0,308

Apossibilidadeefetivaeconcretadeparticiparemprogramas 0,762 0,002 -0,365 -0,007 0,086

Claradefinic¸ãodecompetênciaseresponsabilidades 0,613 0,028 -0,287 -0,104 0,389

Percepc¸ãodequeomeupapeleasminhascompetênciassão devidamentecompreendidos

0,785 -0,073 -0,275 -0,111 0,153

Apercepc¸ãodequeasupervisãodomeutrabalhoéadequada 0,716 0,008 -0,220 -0,115 0,045 Aoportunidadedeparticiparemprogramaseatividadesde

saúdecomunitária

0,518 -0,075 -0,171 0,135 0,029

Ascondic¸õesfísicasdolocaldetrabalho 0,490 0,593 0,252 0,018 0,066

Oportunidadedeparticiparemprogramas 0,561 0,442 0,330 0,066 0,084

Aadequadaprotec¸ãocontraosriscosprofissionais 0,476 0,666 0,242 -0,169 -0,024

Aadequadaprevenc¸ãodesituac¸õesquepossamprovocarriscos destressnotrabalho

0,549 0,536 0,153 -0,202 0,045

Aconvicc¸ãodequevalerealmenteapenaeuesforc¸ar-meedar omeumelhornocentrodesaúdeondetrabalho

-0,282 0,189 0,699 0,056 -0,235

Aoportunidadedeformac¸ãocontínuaedesenvolvimento pessoal,noâmbitodaminhacarreira

-0,275 0,122 0,475 -0,007 0,064

Odevidoreconhecimentodomeudesempenhoprofissional, porpartedaminhachefiahierárquica

-0,175 -0,020 0,723 -0,255 -0,146

Oentusiasmocomquevivoasmudanc¸asqueestãoa(ouvão) serintroduzidasnosCentrosdeSaúde

-0,260 -0,014 0,637 -0,007 -0,284

Apercepc¸ãodagarantiadequalidadedoscuidadoseservic¸os quesãoprestadosaosutentesdesteCentrodeSaúde,por mimepelosdemaisprofissionais

-0,115 -0,115 0,660 0,070 -0,356

OorgulhoquesintorelativamenteàimagemdoCentrode SaúdenaComunidadeondeestáinserido

-0,018 -0,036 0,698 0,077 -0,384

Remunerac¸ão 0,146 0,168 0,533 0,093 -0,253

Oespíritodeequipaqueunetodososprofissionaisque trabalhamcomigonesteCentrodeSaúde,

independentementedasuaprofissãooucarreira

-0,160 -0,340 0,424 0,577 0,254

Acooperac¸ãoeacolaborac¸ãocomquepossamcontarporparte dosmeuscolegasdeprofissão

-0,345 -0,404 0,218 0,623 0,185

Oapoiocomquepossocontarporpartedaschefias,sobretudo nosmomentosdifíceisemquealguémnecessitamaisde ajuda

-0,240 -0,236 0,154 0,757 -0,098

Acooperac¸ãoecolaborac¸ãocomquepossocontarporpartedos colegasdeoutrasprofissõesoucarreiras

-0,272 -0,291 0,229 0,671 -0,104

Asoportunidadesdeconvívioinformalentrefuncionários -0,104 -0,247 0,417 0,649 -0,146

Osistemademarcac¸ãodeconsultasutilizado 0,313 -0,002 0,161 0,246 0,600

Aexistênciadelinhasdeorientac¸ãoouprotocolos,queranível clínico/técnico,queraníveldealgunsaspectosmais

importantesdaorganizac¸ãoefuncionamentodoCentrode Saúde

0,127 -0,073 0,102 0,485 0,648

Aparticipac¸ãoemreuniõesmultidisciplinaresregularespara discussãodequestõesclínicase/ouorganizativas

0,059 -0,141 0,158 0,494 0,698

Oconhecimentoatempadodereuniõesdeservic¸oeda respectivaordemdetrabalhos

(11)

Conflito

de

interesses

Osautoresdeclaramnãohaverconflitodeinteresses.

r

e

f

e

r

ê

n

c

i

a

s

b

i

b

l

i

o

g

r

a

f

i

a

1. Associac¸ãoEmpresarialdePortugal.Saúde.Lisboa: Associac¸ãoEmpresarialdePortugal;2003.

2. SilvaSN,SimõesJ.Envelhecimentoeadaptac¸ãodaspolíticas desaúdeàestruturaetáriadapopulac¸ão.AnuárioJANUS. 2009.

3. BandeiraM,PittaAM,MercierC.EscalasdaOMSdeavaliac¸ão dasatisfac¸ãoedasobrecargaemservic¸osdesaúdemental.J BrasPsiq.1999;48:233–44.

4. BandeiraM,PittaAM,MercierC.Escalasbrasileirasde avaliac¸ãodasatisfac¸ão(SATIS-BR)edasobrecarga (IMPACTO-BR)daequipetécnicaemservic¸osdesaúde mental.JBrasPsiq.2000;49:105–15.

5. HespanholA.Satisfac¸ãodosprofissionaisdoCentrodeSaúde SãoJoão(2007ecomparac¸ãocom2001a2006).RevPortClin Geral.2008;24:665–70.

6. Rebouc¸asD,AbelhaL,LegayLF,LovisiGM.Otrabalhoem saúdemental:umestudodesatisfac¸ãoeimpacto.CadSaude Publica.2008;24:624–32.

7. LippME.Manualdoinventáriodesintomasdestresspara adultos.SãoPaulo:CasadoPsicologo;2000.

8. ReidY,JohnsonS,MorantN,KuipersE,SzmulkerG, ThornicroftG,etal.Explanationsforstressandsatisfaction inmentalhealthprofessionals:Aqualitativestudy.Soc PsychiatryPsychiatrEpidemiol.1999;34:301–8.

9. StampsPL,PiedmontEB,SlavittDB,HaaseAM.Measurement ofworksatisfactionamonghealthprofessionals.MedCare. 1978;4:337–52.

10.MooreK,CooperCL.Stressinmentalhealthprofessionals:A theoreticaloverview.IntJSocPsychiatry.1996;42:82–9. 11.Grac¸aL.Satisfac¸ãoprofissionaldosprofissionaisdesaúde:

umimperativotambémparaagestão.RevPortSaúdePública. 2010;28:3–6.

12.HespanholA,PereiraA,SousaPintoA.Insatisfac¸ão profissionalemMedicinaGeraleFamiliar:umproblema intrínsecodosmédicosoudascondic¸õesdetrabalho?Rev PortClinGeral.2000;16:183–99.

13.GasparD,JesusSN,CruzJP.Motivac¸ãoprofissionalde médicosinternosdeMedicinaGeraleFamiliaremPortugal:

estudodeadaptac¸ãodeuminstrumentodeavaliac¸ão.Rev PortSaúdePública.2000;28:67–78.

14.AgapitoSM,SousaFC.Ainfluênciadasatisfac¸ãoprofissional noabsentismolaboral.RevPortSaúdePública.2010;28: 132–9.

15.CastroJ,LagoH,FornelosMC,NovoP,SaleiroRM,AlvesO. Satisfac¸ãoprofissionaldosenfermeirosemCuidadosde SaúdePrimários:ocasodoCentrodeSaúdede

Barcelos/Barcelinhos.RevPortSaúdePública.2011;29:157–72. 16.KotlerP.Marketingmanagement-analysis,planning

implementationandcontrol.10thed.EnglewoodClifts,NJ:

Prentice-Hall;2000.

17.SalemK.Therelationshipbetweeninternalmarketing orientationandemployeejobsatisfactioninpublicsector.Int JLearn&Dev.2013;3:111–20.

18.RamosV.UnidadesdeSaúdeFamiliar:continuidadedeum processo.RevPortClinGeral.2005;23:3–4.

19.KumarR,AhmedJ,ShaikhBT,HafeezR,HafeezA.Job satisfactionamongpublichealthprofessionalsworkingin publicsector:AcrosssectionalstudyfromPakistan.Hum ResourHealth.2013;11:1–5.

20.MeloMB,BarbosaMA,SousaPR.Satisfac¸ãonotrabalhoda equipedeenfermagem:revisãointegrativa.RevLatino-Am Enfermagem.2011;19:1–9.

21.CampdenHealth.Jobsatisfaction:Asurveyofjobsatisfaction amongprimaryhealthcareworkers.CampdenHealth;2013. 22.LimaT,PiresDE,ForteEC,MedeirosF.Jobsatisfactionand

dissatisfactionofprimaryhealthcareprofessionals.EscAnna Nery:RevEnf.2014;18:17–24.

23.Grac¸aL.Instrumentosparaamelhoriacontínuada qualidade:asatisfac¸ãoprofissionaldosprofissionaisde saúdenosCentrosdeSaúde.Lisboa:Direcc¸ãoGeraldaSaúde. Sub-Direcc¸ãoGeralparaaQualidade;1999.

24.HespanholA,PereiraA,SousaPintoA.Satisfacciónlaboralen losmédicosportuguesesdemedicinageneral.AtenPrimaria. 1999;24:456–61.

25.MiguelS.Desempenhoprofissionalnumaorganizac¸ãode saúde:ummodelodeanálise.RevPortBrasilGestão. 2009:37–53.

26.BovierPA,PernegerTV.Predictorsofworksatisfactionamong physicians.EurJPublicHealth.2003;13:299–305.

27.DemirF,PinarAY,ErbasM, ¨OzdilM,YasarE.Theprevalence ofdepressionanditsassociatedfactorsamongresident doctorsworkinginatraininghospitalinIstanbul.Turk PsikiyatriDergesi.2007;18:31–7.

28.LohmöllerJB.Latentvariablepathmodelingwithpartialleast squares.Heidelberg:Psysica-Verlag;1989.

Imagem

Tabela 1 – Descritivos para os elementos que constituem a escala
Figura 3 – Resultados dimensão «realizac¸ão pessoal e profissional e desempenho organizacional».
Figura 5 – Resultados dimensão «outros aspetos funcionais».
Tabela 4 – Coeficientes do Modelo de Regressão Linear
+2

Referências

Documentos relacionados

Na apropriação do PROEB em três anos consecutivos na Escola Estadual JF, foi possível notar que o trabalho ora realizado naquele local foi mais voltado à

Assim, almeja-se que as ações propostas para a reformulação do sistema sejam implementadas na SEDUC/AM e que esse processo seja algo construtivo não apenas para os

Na experiência em análise, os professores não tiveram formação para tal mudança e foram experimentando e construindo, a seu modo, uma escola de tempo

Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade de Brasília, 2007. A organização como fenômeno psicossocial: notas para uma redefinição da psicologia organizacional e

Em que pese ausência de perícia médica judicial, cabe frisar que o julgador não está adstrito apenas à prova técnica para formar a sua convicção, podendo

dois gestores, pelo fato deles serem os mais indicados para avaliarem administrativamente a articulação entre o ensino médio e a educação profissional, bem como a estruturação

Os falsos cognatos entre o português e o espanhol que podem ser vistos com bom humor quando, por exemplo, se confunde a palavra “taza” (xícara) em espanhol com “taça”

- desenvolver a pesquisa de acompanhamento das atividades de ensino desenvolvidas nos cursos na modalidade à distância; - participar de grupo de trabalho para o desenvolvimento