rrl
EV
TINIVERSIDADE
DE
EVORA
DEPNTTAI\IENTO
DE PEDAGOGIA
E EDTJCAÇÃO
MESTRADO EM rnUC.A.çÃO
-
VARIANTE
DE
SUPERVISÃOpg»RGOGICA
CONTRIBUTOS
DA
FORM4ÇÃO
INICIAL
NO
DESEMPENHO DOS DOCENTES DEEDUCEÇÃO MUSICAL:
UM
ESTUDO DE CASOMULTIPLO
RS
\A\-
\\o
Maria da Conceição Catela Ventura, Ilo. 3190
Orientador:
Professor Doutor Antonio NetoIJniversidade de Évora
Évora, 2009
D
I.]NTVERSIDADE DE
ÉVORA
DEPARTAMENTO
DE
PEDAGOGIA
E
EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
-
VARIANTE
DE
SUPERVISÃOppoeCÓClca
CoNTRIBUTOS
DA
FORMAÇÃO
INICIAL
NO
DESEMPENHO DOS DOCENTES DEEDUCAÇÃO
MUSICAL: UM
ESTUDO DE CASOVrÚrr1pro
!.s
i
}
[?:*
\\o
Maria da Conceição Catela Ventura, no. 3190
Orientador:
Professor Doutor António NetoUniversidade de Évora
Évora,2009
)-inquatificável e inigualável. Por toda a sua enoflne disponibilidade, rapidez de resposta, pelo estímulo, pelas suas aulas contagiantes e por em
múto
me terfeito
crescer aonível
da expressão escrita Por tudo!
Ao
Nelson, pelo grande marido epai
que é, pelo constante encorajamento, PoÍtodo
o apoio e disponibilidade, pelas suas sempre preciosas ajudas informáticas e por todas asvezes que
ficou
sozinho com a Camila paÍa que conseguisse mais rapidamenteconcluir
este
tabalho.
À
loana,
pelagrande
arrúraÃe,pela
enorme disponibitidade telefonica, pelos grandes conselhos, por toda a partilha e troca de experiências, não só anível
profissional como pessoal e, como não podia deixar de referir, pelas suas traduções.À
minha queridafilha Camil4
pelo seu sorriso constante e boa disposição contagiante.Aos colegas Entevistados, pela sua disponibilidade e colaboração neste estudo.
A
todos
os
professoresdo cunio de
Mestrado,pela
sua transmissãoe
partilha
deconhecimentos.
Aos colegas do cgrso de Meshado em Educação, variante de Supervisão Pedagógica da Universidade de Evora, do ano
lectivo
2OO512OO7, pela partitha de experiências e peloconvíüo.
Aos meus Pais e Sogros, pelo incentivo e apoio moral.
A
todos os queme
ajudarame
participararn, de algrrmaforma
nesta dissertação, umRESI]MO
Contributos
daformação
inicial
no desempenho dos docentes de educaçãomusical:
um
estudo de casomúltiPlo
O presente estudo, inserido no tema da educação musical, teve como principais objecüvos de
investigação conhecer as percepções de professores de educação musical do ensino básico sobre
a sua formação inicial, analisar o impacto que, no seu entender, a prática pedagógica podení ter
tido
no
seu actual desempeúo docentee
conhecera
forma como os mesmos professoresavaliavam
a
adequação globaldo
curso às reais necessidades de um professor de educaçãomusical.
Como alvo nuclear do estudo foram em concÍeto seleccionados, por razões de conveniênciq o curso de Professores de Educação Musical do Ensino Básico da Escola Superior de Educagão de
Setubal e o curso de Professores do Ensino Brásico, variante de Educação Musical, da Escola
Superior de Educação de
Lisbog
de acordo com os planos de estudo emvigor
antes dasmudanças introduzidas pelo regime jurídico da habilitação profissional para a docência. Para além da análise documental daqueles planos de estudo e dos programas de algumas disciplinas
fundamentais, foram ainda entrevistados tnês professoÍes que ralizaram a sua formação de base
em cada um dos cursos em referência, num total de seis entnevistados.
No
estudo,de
natureza tendencialmente descritivae
interpretativqfoi
adoptada umamodalidade de pesquisa inspirada no estudo de caso, tendo por base a realização de entrevistas semi-estruturadas aos seis docentes antes referidos, bem como a anrálise circunstanciada dos
planos de estudo e dos programas de um conjunto de disciplinas previamente seleccionadas e
categorizadas. Todo este corpus de dados foi, posteriormente, submetido a adequada análise de
conteúdo e anrilise estatística.
Foi
possível encontrarnos
discursosdos
professores algunstraços
característicos depreocupações
com
a
transmissãode
coúecimentosa
nível
pedagógico,fruto
de
umdesajustamento entre a imagem da escola concebida durante os primeiros anos da formação inicial e a realidade.
Palavras.chxez
Educqão
Mttsical; FornaçãoInicial
de Professores;Cwrículo;
PráúicaPedagógtca: Desempenho Docente.
contributions
of
theinitial
education teachers: a
multiple
case studyThis study, related
to
the subjectof
music education, had as main objectivesof
research toascertain the perceptions
of
teachersof
music education on theirinitial
training, analyse theimpact
that,
in
their
view,
pedagogical practicemay
have hadin
their
current teachingperformance and learn how the same teachers evaluated the overall adequacy of the cunent real
needs of a teacher of music education.
As nuclear target of this study were specifically selecte{ for reasons of convenience, the course
of
Teachersof
Music Educationof
Basic Educationin
the Superior Schoolof
Education inSetubal and the course
of
Teachersof
Basic Education, variantof
Music Education,in úe
Superior Schoolof
Educationin
Lisbon, accordingto
the
study plansin
force before thechanges introduced
by
the new legal regimeof
the professional qualificationfor
teaching. Besidesthe
documental analysisof
thosestudy
ptansand
of
the
curriculumof
somefundamental subjects, were also interviewed three teachers held their basic training in each
of
the courses in question, in a total of six interviewers.In this study, of nature tend to be descriptive and interpretive, was adopted a mode of research
inspired
by
the case study, basedon
semi-sfuctured interviewsto
the six
teachers abovereferred, as well as a detailed analysis of the study plans and curriculum consulting of a
goup
of subjects previously selected and categorized.
All
of those informations were then submetedto an appÍopriate content, documental and statistic analysis.
It
was possibleto find in
the
speechesof
the teachers sometaits of
concernswith
thetransmission
of
knowledge ata
pedagogical level, consequenceof
a
mismatch betrveen the image of the school conceived during the early years of training and reality.Key words:
MusicEàrcAion;
Initial
teaclpr training; Cwriculwn;
Pedagogical Practice; Teachingperfonnmce.Íxorcn
cERAL
Íxnrcn
cERAL
vrTNTRoDUÇÃo
... ...I
Justificação do
tema...
"""""""""3
Objectivos do estudo... 5
Plano geral da dissertação... ...5
1'PARTE
-
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO
I.
REVISÃO
DE
LITERATI]RA
1.2. Formação
inicial
de professores ... 8l.z.l.Formação
iniciat
em educaçãomusical
""""""""'16
1.3. Prática pedagógica13.1.
Pnítica pedagógica em educação musical1.4.
Currícu1o...
""""""'25
r.4.1.Currículo da formação de professores de educação musical ...271.5. Educação Musical ..29
2"
PARTE
-
ESTIJDO
EMPÍRICO
CAPÍTT]LO
II
-
METODOLOGIA
2.1.
Introdução...
"""""'34
2.l.l.Objectivos
doestudo
"""""34
2.2. Desenho metodológico ... .35
23.
Naturezado estudo ...352.4. Estratégra de Estudo de
Caso
"""""'36
....20 ....232.6. Procedimentos
metodológicos...-.
"""""""""'39
2.6.l.Recolha
dedados...
"""""39
2.6.2.A
entrevista
""""""""""'39
2.6.2.l.Preparação das
enüevistas...
"""""'40
a)
Gúão
dasentrevistas...
...-...40b) As
entreüstas
...-.---...422.6.3.Validação.
"""42
2.T.Procedimentos de análise dedados
"""""""""'44
2.1.|.Análise
de conteúdo dasenüevistas...
"""""'44
2.7.2.Anrálise documental dos planos deestudo
""""""'45
CApÍTULO
rrl
-
mfi,ISE
INTERPRETATM
DOSRESULTADOS
3.1.Introdução...
"""""47
3.2. Análise dos planos deestudo
.."""""47
o
Disciplinas específicas da formação cienúfica damusica.
...49o Pnáticapedagógica
..."""""50
o
Pedagogia e didríctica damusica.
.."""""51
o
Disciplinas não específicÍls...
-.-...53o
Psicologia e ciências daeducação
---....54o
Outrasdisciplinas
...55o
Carga honíria das diferentescategorias
...-...-..----...563.3. Análise interpretativa dos resultados das
entreüstas...
...-.--.-....59o
Caractenzaçãoprofissional dodocente
""""'61
''"T?ffiilli
;;;;;
;;;;;
::
:
::::
:::
::::
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'
""":ffiHffi;;;;;;;:::
:::
:
2:
, Instituição deforrração
...63"rlT*##;ffi
ffi
: ::: : ::
::::::::::::l
, Experiência docente antes da formaçãoinicial
...65a Fomraçiio
inicial
- O plano ctnricular e as disciplinas"""'
66o
Cancteiz.ação geral do curso 66.
Quatidade global da formação'
ÚnportÍinciadadaas diferentes iáreas docurso
""""""'68
o
Perfrl deFormação...
"""""""'69
'
Aspectos tendencialmente favoráveis"""""""
""""""69
'
Aspectos tendencialmentedesfavoúveis
""""""""""'69
'
Sugestões ... 7273 73
o
O planoctrricular
.
Ateoriaeapútica...
.
Aspectos
tendencialmente
favoráveis
à
formação
do
futuro
professor 74
.
Aspectos
tendencialmente desfavoraveisà
formação
do
futuro
'
Sugestões...-75 77
o
Ênfase dasdisciplinas...
""""""""'78
.
Disciplinas estruturantes para a formação do futuro professor...78.
Disciptinas menos adequadas ao curso ... 79r
Duração das disciplinas 79Formação
Inicial:
apráticapedagógica
""""'81
o
Estruturação da praücapedagógica
"""'81
.
Ao
longo docurso
...-.81.
Estágio
em
simultâneo
com
aulas
nL
ESE:
vantagens
I
desvantagens...
""""""84
o
Da teoria àprática
"""""""'85
'
Sentimentos e emoções no início doestágio
""""""""85
r
Preparação científica epedagógica...
""""""""'86
'
Adequabilidade da teoria àpútica
""""""'87
67
professor
o
.
Inadequabilidade da teoria à pnídca. 87o
professores
cooperantes...
"""""'91
'
Frequência da observação das aulas deestágio..."'
"""92
.
Reflexão sobre asaulas
""""""92
r
Aspectos tendencialmente favoráveis..."'
"""""""94
'
Aspectos tendencialmentedesfavoúveis
...'
""""'95
o
Partilha de experiências durante oestrágio
"""""""97
'
Ao
nível do par pedagógico e dos colegas deturma"""""""""""97
o
A
importáncia da pnítica pedagógica...
""""98
'
Expectativas /vivências...
""""""""'98
.
No desempenhodocente...
....100A
Formaçãoinicial
e a realidade doensino
....'.""""""'102
o
Adequabilidade da formaçãoinicial
à realidade doensino..
...102
.
A
nível científico epedagógico...
-..102.
A
nível das lacr.rnasidentificadas
..."""'
103o
Reestruturação documo
""
104.
Ao nível das disciplinas do curso e do estagio/
Sugestões...104 Outros cursos de formaçãoinicial
de professores de educação musical...106o
O perfil
do
professorde
educaçãomusical
de
acordocom
a
formaçãoinicial
frequentada
.."""""'106
.
Conhecimento da formaçÍioinicial
emoutas
esco1as...106!
comparaçÍio ent,e as diferentes formaçõesiniciais
...107Novos
desafios
...108o
Uma forrraçãoinicial
compaüvel com a reatidade de ensino...108.
Sryestões...
...109 oal
CArÍTULo
IV
-CONSIDERAÇÔEs FINAIS,
LftIITAÇÔrS
n
SUGESTÔES4.1.
Intodução...
""""
1II
4.2. Considerações
Finais.
"'lll
43.
Limitâções doEstudo
"'
l
184.4.Questões de partida para
futtras
investigações....-...
""'
l
19AI\IEXOS
Anexo
1-
Gúão
de Entrevista...Anexo 2
-
Exemplar de gm protocolo de entrevista da ESE de Lisboa. Anexo 3-
Exemplar de um protocolo deentevista
da ESE de SeÚbalAnexo 4
-
Plano de estudos do curso da ESE de Lisboa 165 Anexo 5-
Plano de estudos do curso da ESE deSetubat
""""'167
Anexo 6-
Quadros de indicadores dasentrevistas
"""""""""'
170Anexo
7-
Tabela
1,
Unidades curriculares,por
anos, da formação geral e específica dos cursos de formaçãoinicial
eminvestigação
""'179
LISTA
DE
TABELAS
Tabela
I
-
Unidades curriculares,por
anos, da formação geral e específica dos cursos de formaçãoinicial
em investigação-
Anexo 7 179Tabela
2-
Designação edistribúção por
anos das disciplinas específicas da formação científica da musica em ambos os ctu§os...-.. ..49Tabela
3-
Designação e distribuiçãopor
anos da disciplina de pnítica pedagógica em5l
Tabela
4-
Designação e distribuição por anos das disciplinas de pedagogia e didríctica135
145 157
damúsica em ambos os cttlsos...
Tabela
5
-
Designaçãoe
distribuição
por
anosdas disciplinas não
específicas emambos os cursos.. 53
Tabela
6-
Designação edistribúção por
anos das disciplinas de psicologia e ciênciasda educação 54
Tabela
7-
Designação edistibuição
por anos das unidades cuniculares não específicasda educação musical... 55
LrsrA
DE QUADROS
Quadro
I
- Descrição dos Entrevistados... .38Quadro
2 - Grelha de categorização... 596t
x
.52
curso -
Quadro
4-
Denominação do curso de forrraçãoinicial
Quadro
5 - Denominação da instituição frequentada...62
63
64
Quadro
6 -Ano
em queiniciou
a formaçãoinicial...
Quadro
7 - Tempo de serviço (no momento da enfrevista)...Quadro
8 - Experiência docente antes da formação inicial....-...Quadro
8a-
Indicadores
- Experiência docente antes da formação65
Quadro
9-
Existência depÉ-reqúsitos
para o ingresso no curso 66Quadro 9a
-
Indicadores
-
Existência
de
pré-reqúsitos
parao
ingressono
cursoAnexo
6...
...171Quadro
10 - Qualidade global da formação 67Quadro
10a-
Indicadores
- Qualidade global da fomração-
Anexo 6... ...172Quadro
11 - Importfuiciadadaàs diferentes áreas docurso..-.
.----....'."""""68
Quadro
12 - Aspectos tendencialmente favoníveis qtranto aoperfil
da formação ...69Quadro
l2a
-
Indicadores
-
Aspectos tendencialmente favonáveis quanto aoperfrl
daformação
-
Anexo
6 172Quadro
13 - Aspectos tendencialmente desfavoráveis quanto aoperfil
da formação ...70Quadro
14 - Sugestões paÍa melhoramento da estrutura do curso de formaçãoinicial
72Quadro
15 - Caracterinçáo do plano curricular quanto à componente teórica epática
73Quadro
l5a
-
Indicedores
-
Caracterizaçãodo
plano cnrricular quanto à componente...6s
teórica e pnítica
-
Anexo 6...Quadro
16 - Aspectos tendencialmente favonáveis à formação do futuro professor ...75Quadro
17 - Aspectos tendencialmente desfavoráveis à formação dofuttro
professor
.---.---.76Quadro
l7a
-
Indicedores
-
Aspectos tendencialmente desfavoníveisà
formação do futuro professor-
Anexo6...
...-...173Quadro
18-
Sugestões pammelhoramento do plano curricular do curso ...77Quadro
19 - Disciplinas esüuturantes paÍa formação do futuro professor...78Quadro
20 - Disciplinas menos adequadas ao cufito.... 79Quadro
21-
Duração dasdisciptinas...
-....-.--.-.79 173Quadro
22-
Estruttgação da pnítica pedagógica ao longo do curso...:...--...81Quadro 22t
-Estnrturação da pnítica pedagógica do curso da ESELisboa..."""""'82
Quadro
22b -Estruturação dapútica
pedagógica doctrso
da ESESeúba1..."""""83
Quadro
23 - Estrágio em simultáneo com aulas na ESE: vantagens/
desvantagens ...84Quadro
24-
Sentimentos e emoções no início do estrígio...Quadro
25-
Preparação científica e pedagógica...Quadro 25t-Indicadores
- Preparação científica e pedagógica-
Anexo6...""""174
Quadro
26-
Adequabilidade da teoria à pnâtica... 8788
Quadro 27 -lnaderyabilidade dateoria àprática
85
86
Quadro
28-
Dificuldades sentidas na prática pedagógica...Quadro 29
-
Sugestões paracolmatar as
lacunas sentidasna
passagemda teoria
à89
90 pnítica...
Quadro
30-
Qualidade da interacção com os orientadores da ESE e oom os professorescooperantes...
...""""""'91
Quadro
30a-
Indicadores
-
Qualidade da interacção com os orientadoresda
ESE ecom os professores cooperantes
-
Anexo 6...Quadro
31 - Frequência da observação das aulas deesüágio
....'92
Quadro
31a - Indicadones-
Frequência da observação da§ aulas de estrágio-Anexo
6...
...176Quadro
32-
Reflexão sobre as aulas de esüígio 93Quadro 32t-Indicadores
- Reflexão sobre as aulas de estagio - Anexo 6...---.-176Quadro
33 - Aspectos tendencialmente favonâveis na orientação dos estiígios...94Quadro
34 - Aspectos tendencialmente desfavoráveis na orientação dos esüígios ...95Quadro
35
-
PaÍtilha
de experiências duranteo
esüágio aonível do
par pedagógico e175
dos colegas de turma
Quadro
35a-
Inücedores
-
Partilha de experiências durante o estágio aonível
do par pedagógico e dos colegas de turma - Anexo6...
.-.-.177Quadro
36-
Expectativas e vivências relativas à práticapedagógica
...99Quadro
37-
Confronto elrhe as expectaüvas e asüvências...-..
...100Quadro
38-
A
importância da prática pedagógica no desempenho docente97
101
Quadro
39 - Adequabilidade da fonnaçãoinicial
à realidade de ensino a nívelcientífico
e
pedagógico...
...103Quadro
40-
Identificação das lacunas identificadas na formaçãoinicial
quanto à actual104
realidade de ensino
do
estágio...
Quadro
42 - Conhecimento da formaçãoinicial
em outrasescolas
...106Quadro 42t
-
Indicadores
-
Conhecimento da formaçãoinicial
em
outas
escolas-Anexo
6...
...178Quadro
43 - Comparaçãoente
as diferentes formaçõesiniciais...
...107Quadro
44-
Sugestões para uma formaçãoinicial
em EducaçãoMusical
concordante com as diferentes realidades deensino..
...109LISTA
DE
GRÁFICOS
GráÍico
1
-
Percentagemde
formaçãoglobal
aonível
dasdisciplinas
específicas da formação científica damusica.
...49GníÍico
2
-
Percentagemde
formação
global ao nível da prática
pedagógica emEducação
Musical
...50GníÍico
3-
Percentagem das unidades curriculares enquadradas na área da pedagogia edidráctica da
musica
...51GniÍico
4
-
Percentagem das disciplinas não específicas (disciplinas cujos conteúdos não são deduzíveis atavés da análise dos planos de estudo)...53GráÍico
5-
Percentagem das disciplinas de Psicologia e Ciências da Educação...54GÉÍico
6-
Percentagem de unidades curriculares não específicas da educaçãomusical...
...55Introduçêio
INTRODUÇÃO
Apesar de,
já
em
1966, adisciplina
de EducaçãoMusical
fazer parte da escolaridadeobrigatóri4
ainda nesse anoa
legislação entãoem
vigor
previa
quea
nomeação dos docentes para a sua leccionação fossefeita
sob proposta da Mocidade PoÚuguesa e/oude entre
os
que
prestassemserviço nos
estabelecimentosde
ensino dependentes daDirecção Geral
do
Ensino Tecnico Profissional
ou de
entre diplomados
peloConservatório Nacional (Decreto
-Lei
47211, de 23 de Setembro de 1966 e Decreto-Lei473ll,de
12 de Novembro de 1966).Estes diplomados detinham uma formação musical credível, mas não tinharn qualquer
preparação
pedagógica.
Muitos
docentes realizavam
o
"Esüágio
Pedagógico" posteriormente.A
direcção
do
estrígiodos
candidatosa
professoresde
EducaçãoMusical
era normalmenteentegue a indiüdualidades
nacionaisou
estangeiras que setivessem distinguido pela sua cultura pedagógica na área (Decreto-Lei 48541, de 23 de Agosto de 1968).
A
ausência de cursos orientadospaÍa
a
formação básica de professoresde
educação musical não seviria
amodificar
até à criaçÍio da licenciatura em Ciências Musicais na Facutdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa,em
1980. Apesar de a referida licenciaturanlio
se ter aplicado apenas à formação de professores,permitiu, a
partir de
1986, a possibilidadede os
alunos estudarem algumas unidades cgrriculares ligadas as pedagogias e didácticas musicais e, mais tarde, apartir de
1989, realizarem um estiágio pedagógico @ecreto 67180, de 20 de Agosto).Com
o
aparecimentodas
Escotas Superioresde
Educação@SE's),
a
formação de professores alterou-se. Estas instituições surgiram na sequência da definição da rede deestabelecimentos do Ensino Superior Politécnico,
em
1979, os quais passariam a formar educadores deinÍiincia
e professores do ensino primário e preparatório.A
estrutgra dos cgrsos de formaçãoinicial
de educadores deinÍiincia
e professores do ensinoprimário
nasESE's vem
expostono
Decreto-Lei
59/86,de
2l
de
Março.
O mesmo referia quea
formação parao
ensino brásico deveria englobarum
conjunto deseis semesües de preparação para a leccionação
do
l.ociclo
do ensino básico mais dois semestes paru apreparação num determinado grupo de docência do 23ciclo'
Seria, assim, nesse contexto que
viria
a
ser criadoo
primeiro
curso de Professores doEnsino
Básico-
variante de
EducaçãoMusical, na ESE
do Instituto
Politecnico
do porto. Estefoi
o primeiro
curso a apresentar um currículo pensado para a formação de professores de Educação Musical do 2.o ciclo do ensino basico (Portaria 579186, de 7 deOutubro).
Posteriormente,
outros
cuÍsosda
mesma ttafixezaforam
criados, nomeadamente nasESE,s da Guarda (Portaria 598/86,
de
13 de Outubro), deViana do
Castelo (Portaria60llg6,de
14 de Outubro) e,no
ano seguinte, nas ESE's de Coimbra (Portaria 572187' de 8 de Jutho) e deLeiria
@ortaria 596187, de 9 de Jutho).Mais tarde foram criados, enüe 1991
e
1997,nas ESE's, mais oito cursos de professores de Educação Musical com uma estrutura semelhante-
seis semestes para pÍeparaçÍ[o deprofessores
do
1."ciclo
maisdois
semestresde
especializaçdoem
Educação Musical @SE de Lisboa em 1991).Os referidos cursos apresentavam currículos com formação
na
ánea das Metodologias eDid.ácticas
e com Pnítica
Pedagógicainclüda
ao longo
do
curso.No
entanto, até aoÍinal
dos primeiros seis semestres, essa prática era direccionada essencialmente paÍa o1.o ciclo do ensino brfuico.
A
ESE
de
Setubalviria" por
suavez, a criar, em
1993,o
curso
de
Professores de Educação Musical do Ensino Biísico, com um currículo totalmente dedicado à formação de professores para as disciplinas de Educação Musical e Musica e pondo de parte todaa formação para
o
l.ociclo
(Portaria 1137193, de 4 de Novembro).E neste sentido que o estudo que aqui apresentanos procurou analisar as semelhanças e diferenças
ente
duas formaçõesiniciais ministadas por
duas escolas diferenciadas. Segundo os guias de habilitações e qualificações profissionais, estaspossibilitart
iguat acessoà
habilitação paraa
leccionação dadisciplina
de EducaçãoMusical no
ensino básico,pelo
quefoi
tambémum objectivo
nucleardo
estudoavaliar em
que medidaIntrodução
essas fomrações
iniciais
representamuma mais-valia
parao
futuro
desempenho do professor de educação musical.Para
tal,
foram
escolhidas asESE's
de
Lisboa
e de
SeÚbal, as quais,devido
à
sua localiz.açáogeográfica
e
por
se
encontrarem relativamente
perto uma
da
outr4
facilitavam o acesso do investigador ao terreno da pesqúsa empírica.Não podemos deixar, finalmente, de
referir
que, enquanto decorriao
longo processo dercalízação da presente investigação, e
iâ
com todos os dados empíricos recolhidos,foi
entretanto alteradoo
quadro normativo da formaçãoinicial
de professores em Portugal, sendo agora configuradopelo novo
regimejurídico
da habilitaçãoprofissional
para adocência
na
educação pré-escolare
nos ensinos básicoe
secundário (DecretoLei
n.o 43t2OO7 de 212). Por essemotivo,
os dois cursos de formação aqui em referência foramjá
alterados, tendo passado a designar-se por Mestrado/
Ensino de EducaçdoMusical
no
cÍrsoda ESE de Lisboa
e
Mestradoem Ensino de
EducaçãoMusical no
Ensino Básico no caso da ESE de Setubal.JustiÍicação
do úemaTendo por base a formação
inicial
que adquirimos e após seis anos de contacto directo, enquanto professora,com
a realidade da educação musical no nosso país, pareceu-nos chegadoo
momento de parar parareflectir,
neste âmbito. Julgárnos, assim, importante ponderar sobre a quatidade da formação, tanto dos novos docentes como dos docentesjá
em serviço que, em muitos casios, possam não tertido
a formaçãoinicial
mais desejável.Pareceu-nos, nomeadamente,
faltar
algrrma sistematizaçãoque
integre as
diferentes formaçõesiniciais
de professores de educação musical, fazendo a ponteente
a teoria e a prática e, sobrefudo, tornando visível o que se aprendeu no currículo de fonnação.Foi
neste sentido que se nosafigtrou
pertinentea
realizaçãrlde um
estudo empíricofocalizado para essa problemítica,
a
cuja
pertinência
acresce
o
interesse
e
apreocupação que a mesma nos suscita.
Julgamos,
aindq
importante destacaro
contributo de Carlos dos Santos Ltldize Crisüna Faria na realizaçlo do turico trabalho encontrado, relacionado, em patte, com o tema emqgestão.
O
mesmo intihrla-se "Formaçãode
Professoresde
EducaçãoMusical
parao
Ensino
Basico
-
Anrálisedos
Planos
de
Estudo das
vráriasInstituições
de
EnsinoSuperior:
Escolas
Superioresde
Fducação;
Universidades;Escolas
Superiores de Musica e AcademiaNacional Superior deOrquesta",
elaborado em Janeiro de 2005.A
maneira como a educação musical é apresentada inár, em parte, determinar a ideia quealunos,
pais
e
outos
professoresterão
acercada disciplina
e
da própria
musica" enquanto área fundamental para a formação integral do ser humano.Na
qualidade de professores de educaçãomusical
somos educadores e, comotal,
não podemos deixar de pensar em finalidades educativas, reflectindo sobre a nossa formaçãoinicial
e
consequentemente sobre desempenho docente. Conscientementeou
não,
anossa prática pedagógica dependerá necessariamente das nossÍls próprias concepções de musica e de educação.
Tendo em conta a velha miáxima de que os professores, na ausência de
um
suporte de formação suficientementeforte,
ensinam de formamuito
parecida como aprenderam-princípio do
isomorJismopedagógico
(Mota,
2003a)-
propomo-noscontribuir
paranma nova visão
sobre
a
formação
inicial em
educação
musical,
capaz
de consciencialízar,de forma clara,
esta associaçãoe
de ajudaros futuros
professores adesenvolverem instrumentos
que lhes
permitam fazer opções
independentes eIntrodução
Obiectivos
do estudoNa medida em que nos parece pertinente estudar os contributos da formação
inicial
no desempenho dos docentes de educação musical foram definidos os seguintes objectivos de investigação:(J!)
Conhecer
a
estrutura
curricular dos dois tipos
de
formação
inicial
de professoresde
educaçãomusical que
habilitam
para
o
mesmo
grupo
de docência;(Í)
Conhecer a opinião global dos entrevistados sobre a sua formaçãoinicial
em educação musical, em particular sobre o plano curricular do curso;(Jí)
Caracterizãro
tipo
de influência que
a
prática
pedagógicarealizada
na formaçãoinicial
pode tertido
no actual desempenho dos inquiridos, enquanto professores de educação musical;(í)
Conhecer a forma como os entevistados avaliavam a adequação global do seucurso de formação
inicial
às reais necessidades profissionais de um professor de educação musical;(Í)
Contribuir
para
a
tomada
de
consciência,
por
parte
das
instituições formadoras, sobre a importÍincia da formaçãoinicial
no desempenho docente.Plano
Geral
da DissertaçãoA
presente dissertação
é
constituída
por
duas
grandes
partes, sendo
elas
o
Enquadramento Teórico e o Estudo Empírico. Contudo, antes da
l"
parte, é apresentadaa tntodução a
estetrabalho, a qual
inclui
ajustificação
do temae
os objectivos
do estudo.À
l"
partediz
respeitoo
capítulo
I
-
Revisãode
Literatura.Nele
são abordados os seguintes conceitos: FonnaçãoInicial
de Professores, Prática PedagógicqCtrrículo
eEducação Musical.
A
2"
parte
-
EstudoEmpírico
-
é
constituídapor
três
capítulos.O
capítulo
II
diz
respeito à metodologia que engloba os objectivos do estudo, o
deseúo
metodológico, a naturezado
mesmo, a estratégiade
estudo de caso, os protagonistasdo
estudo, assim como os procedimentos metodológicos e de análise de dados. Segue-seo
capítuloIII
-an:ílise interpretativados
resultados referentes aosplanos
de estudo analisadose
as entrevistas realizadas.No
capífulo
IV
são apresentadas as consideraçõesfinais
destetrabalho,
assentesnos objectivos que delineiam
o
presente estudo,as limitações
doestudo e as questões de partida para futuras investigações'
por
ultimo,
segue-se aBibliografia
consultada" tendo sido elaborada de acordo com asEnquadramento
Teórico
CAPÍTTILO
I
REYISÃO
DE
LITERATI]RA
l.1.Introdução
É
muito mais importantea
selecçâo de um professor demúsica...
do
quea
escolhado
directorda
ópera em Budapeste... porque ,'m director ruim falha uma única vez, mas um professor ruim continua a falhar durante trinta anos, destruindo o amor pela música em trinta grupos de crianças.(Kodály citado por Goldemberg" 2002').
Tendo por base o tema do trabalho de investigação que nos propusiemos desenvolver e
os objectivos que o
orientaÍr, seú
apresentada uma revisão de literatura que nos paÍeceestuturante as
diferentes
áreastemáticas inerentes
a
estetrabalho.
Serão, assim, abordados os seguintes conceitos: Formaçãoinicial
de professores; Formaçãoinicial
em educaçãomusical; Prática
pedagógica;
Púúica
pedagógicaem
educação musical;Currículo;
Currículo da
formação
de
professoresde
educaçEiomusical
e
EducaçÍlo musical.1.2.
Formação
inicial
de professoresSegundo
I.
Alarcão, Freitas, Ponte, J. Alarcão e Tavares (s.d.), durante as decadas de 60,70
e
80
do
séculoXX,
com a
expansãoe
generalização da escolaridade obrigatória, Portugal não só viveu um período de grande carência de professores, como tarrrMmum
outro problema subjacente, nomeadamente o da qualidade da formação, tanto dos novos docentes
como
dos docentesjá
em
serviço que,em muitos
casos, não puderamter
a formaçãoinicial
mais desejável.De acordo com os mesmos autores,
as mudanças educativas reclamadas e, em alguns casos,
já
previstas na legislação em vigorrequer€m gm novo perfil de saberes e competências profissionais que muitos dos docentes, apesar de terem recebido uma formação inicial de índole profissionalizante, não tiveram
Capítulo
I
Revisdo deLiteratura
Alarcão et
al.
(s.d.) referem,aindq
que a experiência de vrírias décadas de formação de professorese
a
investigação educacional,tanto
no
nosso paíscomo
no
estangeiro,mostavam
quea
formaçãoiniciat
não sepodia
reduzirà
aprendizagem de contetrdos organizadospor
disciplinas.
Tinha
de
integrar uma
parte
pnáticae
reflexiva
que facultasseo
reconhecimentodos principais
caminhosa peÍcoÍrer
no
contactocom
apnática profissional. Nos modelos de formação
inicial
existentes em Portugal, tudo istoera
concretizado,não só pelo
estágio pedagógicocomo
por
outras disciplinas
que forneciamo
acesso aos problemas dapnítica
designadaspor
prática pedagógica e /ou acções pedagógicas de observação e aniílise.Neste contexto, Roldão (2000)
salienta
que
discuür
a
formação
de
professores pressupõe necessariamente relacionar duas vertentes de análise, consubstanciadas nasduas questões seguintes:
"1." Que profissional é este que queÍemos formar? 2." Que campo de acção é o seu?" (p.3)
Segundo
Damião (1997),
umareflexão
sobrea
formação de professores não põe em causa a necessidade dessa formação, massim
a forma como a mesma se deve realizar.A
criação de modelosde
formação que dêem resposta às necessidadesda
escolae
atodo o seu meio envolvente parece, segundo Estrela e Estrela (1997), ter uma função, de
certo modo, evolutiva.
É neste contexto que um dos objectivos do estudo que
realiámos
se integra, realçandoa
forma como os
cuÍsosde
formaçãoinicial
em
aniálisevão
aoenconto
dessas tais necessidades referenciadas.A
formaçãoinicial
constitui
o
primeiro
elo
formal de
um
longo
percursoque
seirá
prolongar durante toda a carreira de professor, preparando-o para uma realidade a todo o
A
necessidade de reatizar uma formação iniciat de qualidade em Portugalencontravrse
bem
expressanum
documento elaborado pela Comissãoad
hoc
do
CRUPI, onde
se destacavam algumas orientações, atítulo
sugestivo,no
que respeita aos processos de aprender a ensinar e queaqú
interessa salientar (Ponte et a1.,2000,p. l2-15):
(Í1)
Aíormação
inicial
constitui a componente basedaformação
do professor e,como tal, precisa de ser articulada com aformaçtio
pós-inicial;
(lJ)
A
formação
inicial
deveproporcionar um
coniunto
coerentede
saberes estruturados de umaforma progressiva, apoiados em actividades de campoe
de
iniciação
à
prática
profissional,
de
modo
a
desenvolver
asc ompet ênc ias pr ofi s s ionai s ;
(11)
A
formaçdo
inicial
tem
de
saber
partir
das
crenças,
concepções econhecimentos dos iovens candidatos a professores;
$\
e
formaçdo
inicial
tem
a
reqnnsabilidade
depromover
a
imagem do professor comoprofissional
reflextvo, empenhado em investigar sobre a suaprática profissional de
modo
a
melhorar
o
seuensino
e as
instituições educativas;@) e
formaçdo
inicial
deve contemplar uma diversidadede
metodologias deensino, aprendizagem e avaliaçdo do desempenho doformando.
para que os
profissionaisdo
ensino pudessem usufinrirde
instnrmentos pedagógico-didrícticos essenciais à interacção com os alunos,foram
criados ctlÍsos de formação de professores que, como enquadralnento legal, se regiam pelaLei
de Basesdo
SistemaEducativo
de
1986
(Lei
n.o
46186de
14 de
Outubro
de
1986,
com as
alterações introduzidas pelaki
n."
ll5t97
de
19 de Setembro). Ficavam, assim" definidos aoerca da formação de professores os seguintes princípios (Campos, 1995):I
Capítulo
I
Revisão deLiteratura
-
Competia as instituições de ensinosuperior
realizara
fonnaçãode
todos osprofessores, em cuÍsos que atribússem o grau de licenciatura;
-
A
aquisição de qualifrcação profissional específica ocorria antesdo
exercício da função docente;-
Ocritério
de adequação da qualificação profissional advinha das necessidades educativasdos
alunos, expressasnos
planosctrriculares de
cadanível
de ensino;-
Os planos de formação englobavam os conteúdos das disciplinas a ensinar e osaspectos
pedagógicos2,dando
a
devida
ênfase
à
interacção
entre
ascomponentes teórica e prática;
-
A
formação
inicial
dos
professoresdeveria ser
complementadacom
uma formação contínua adequada;-
Toda
a
formação deveria ser
perspectivada,de forma
a
proporcionar
aosprofessores
práticas reflexivas
de
auto-aprendizagem,
favorecendo
a investigação e a inovação educativa.No
entanto, devemoster em
conta que estalei, tal
como
qualquer outra" nasceu num contexto propiciado por uma dada conjuntura educativa determinada pelo poderpolítico
e económico, indelevelmente relacionado como
significado que a escola,o
currículo e o ensino assumem num determinado contexto temporal.Parece-nos também importante salientar que os saberes adquiridos durante a formação
inicial,
ao
invés de assumiremum
carácter exclusivarnente académico, devem, antes,2
A
formação pedagógica englobava duas vertentes fundamentais, a de Ciências da Educação e a de Prática Pedagógica. Por sua ve1 e ÍB generalidade dos cursos de formação de professores, a componente de Ciências da Educação abodava áÍeas da Psicologi4 da Sociologia da Educação, da Didáctica Geral e
das Didácticas Específicas, podendo ainda ser aflorados aspectos relacionados oom
a
Filosofia da Educação, a História da Educação e a Artminisfi'ação Educacional. No que se rclaciona com aHtica
Pedagógica esta é sempre consumada oom o recurso à Supervisão e a uma responsabilização crescente do aluno, firturo professor.
abranger também aspectos multidisciplinares, orientados para questões de investigaçáo, como referido anteriormente.
Alarcão et
al.
(s.d) acrescentam,por outro
lado, que uma formaçÍioinicial
demasiado longa nãoimplica,
necessariamente, um profissional mais competente parainiciar
a sua actividade:Há mútas vertentes do desempeúo profissional que só se podem adquirir na prática e são melhor adquiridas se essa prática for acompanhada, na fase inicial da carreirq por mecanismos adequados de indução profissional, com acções de acompanhamento e apoio ao novo docente.
(p. lo)
Um
professor deve, em suma, serum
profissional com uma dupla especialização: emcoúecimentos
científicos
de
basee em
conhecimentose
competênciasde
cariícter educacional. Assim, como referem ainda os autores antes referenciados,tal como um engeúeiro, um professoÍ tem de ser capaz de conceber artefactos
-
neste caso,aulas e materiais de ensino. Tal como um médico, um psicólogo ou um sociólogo, o professor
tem de ser capaz de diaposticar
e
equacionar problemas-
neste caso, problemas deaprendizagem de alunos e grupos e de alunos. (p.11)
Segundo Ponte
et
al.
(2000),
ensinara
ser professorimplic4
dessemodo, não só
a aprendizagem dos conteúdos disciplinares, mas tambémo
"como ensinar e do como seinserir no contexto educativo escolar e na profissão docente"(s.p.). Ter-se conhecimento profundo dos corúeúdos científicos de uma detenninada área disciplinar não pressupõe,
todavia,
o
domínio
do
conhecimento
curricular
ou
didráctico(Shulman, 1987
eGrossman, 1990).
Focando a atenção Íras metas e finalidades da formação
inicial
de professores, Marcelo(1999)
considera,
na
mesrna
linha,
que
estas
incluem
as
dimensõesrelativas
aconhecimentos
(saber,
saber-fazer
e
saber porquê),
capacidadese
atitudes
ou disposições. Prosseguindoa
sua argumentaçfu,
o
autor
especificaque
a
dimensãorelativa
ao
conhecimento
profissional
inclui
o
coúecimento
psicopedagógico, o conhecimento do conteúdo e o conhecimento didáctico do conteúdo.Capítulo
I
Revisão deLiteratura
Shulman
(1987),
acrescentaque
o
conhecimento pedagógicodo
conteúdo
é
uma construçãoindividual, fruto
tanto da fomraçãoinicial
e contínua do professor quanto dasua pnítica docente diária complementada pela sua experiência de vida.
A
formaçãoinicial
como
preparaçãoprofissional
tem, em
suma,um
papel
crucial,possibilitando
que os
professoresse apropriem
de
determinados conhecimentos deforma a desenvolverem as competências necessiárias para actuar.
Parece-nos, assim, que a formação de um profissional de educação devení ser capaz de
o
estimular
a
aprender,a
pesqúsar,
a investir
na
pópria
formaçãoe
a
usaÍ
a
sua inteligência, criatividade, sensibilidade e capacidade de interagir com outras pessoas.Ponte
(20M),
refere ainda que, no nosso país,a
forrração de professores seguia, até àpublicação
do novo
regimejurídico
da
habilitaçãoprofissional para
a
docência, na generalidade, um de dois modelos:(Jl)
Cursos específicos,com
entrada directano
início
do
ensino superior, conro eram o caso dos cursos de educadores de inffincia, de professoresdo
lociclo
do
ensino básico ede
alguns cursos de formação de professores dos outros ciclos e níveis de ensino;(J1) Cursos de formação de professores associados a outros cursos, uns
com
um tronco comumcom
outas
licenciaturas,explícito ou implícito,
situação que era frequente nas áreas de ciências eoutos
como cursos complementares de formação que se seguiarn a umalicenciahra inicial,
situação que também era frequente nas iíreas de letras, tecnologias e artes.Com
a
Declaração deBolonhg
a actual estrutura de formaçãodo
ensino superior emPortugal
e
na
Europa está,no
entanto,a
transformar-se.As
alteraçõesmais
visíveisdizem
respeitoao
actualmodelo de
ciclo
único, que
esüía
ser substituídopor
uma oryanização baseadaem
tês
ciclos
de
formação-
correspondentesaos
graus
delicenciado,
mestre
e
doutor,
o
ultimo
dos quais
corresponderaa
um
curso
de especialização-
e a
inclusão
nos
planos curriculares
de
um
sistemade
créditosdenominado ECTS @uropean Credit Transfer System), que perrritiná
o recoúecimento
comum dos graus e das formações nos cerca de quarenta países signatrírios.O
principal objectivo da
consfiução deste espaço europeu deensino
superioré
o
de garantir uma maiormobilidade
dos cidadãos e das suas formações.Ou
seja, na teoria será possívela
qualqueraluno pedir
transferência para uÍna universidade europeia e prosseguirali
os estudos ou a um trabalhador diplomado conseguir emprego na sua área de formação em qualquer país.Ao
mesmo tempo, pretende-se favorecer a implementâção deum
sistema de avaliação da qualidade da formação e das instituições forrradoras à escala europeia. No quadro deprincípios
atás
enunciados,o
documentopropõe
que os
cursosde
educadores deinância e
professoresdo lo ciclo do
Ensino
Brásico@B)
devamter um lo ciclo
deformação
comum,
envolvendo esfudos
nas
fueas
disciplinares
fundamentais, correspondentes às definidas nos documentos curriculares para a educação de inÍância epara
o
1ociclo do
EB,
formação
educacional, formação pnáticae
ainda
formaçãoculfural,
pessoal,social
e
ética.
Estes esfudosconstituirão
genericamenteum
maior
(formação generalista) de formação em educação e disciplinas de
base-Para
além
disso,
este
ciclo
de
formação
pode
contemplar
ainda
um
minor
(especialização) numa iárea específica, preparando desde
já
a opçãoa
escolherno
2ociclo
de formação.A
conclusão deste lociclo
de formação qualifica para o exercício de funções de técnico superior de educação. Com esta formação, o aluno podení prosseguiros
seus esfudos superioresou
ingressarno
mercado
de
frabalho,
desempenhandofunções
em
escolas
ou
outras instituições (incluindo
autarqüas,
organizações eempresas), onde seja requerida uma sensibilidade paÍa
o
fenómeno educativo, mas não necessariamenteuma
capÍrcidadede
planeare
conduzir
autonomamente actiüdades educativas.O
2ociclo
de formação superior envolve estudos complementares que permitem entãoo
exercício autónomo de todas as actiüdades profissionais específicas de um educador de inÍância ou de um professor
do
lociclo
do EB. Esta formaçãocontemplq
tanrbém, umaprofundamento
de
formação
nas
áreas disciplinares
relevantes
(por
exemplo, Poúuguês, Matemática, Ciências,História
e
Geografia, Educação Física, Expressões,CaPítulo
I
Revisão deLtteratura
etc.). Este
ciclo
de formação envolve ainda uma importante vertentepníticq
integradorade
saberese
promotora
das competências profissionais,bem como uma iniciação
à investigação educacional.Os cursos
de
fomraçãode
professòs parao
3ociclo
do EB
edo
Ensino
Sectrndrírio(ES), tendo uma
matriz disciplinar ou pluridisciplinar,
permitem uma organizaçáo emque
o
lo ciclo
de esfudos superiores corresponde, em termos gerais,à
formação na(s)disciplina(s)
de
especialidadede
docência
e
o
2o
ciclo
de
estudos
superiorescorresponde,
no
essencial,
à
formação
de
cunho
profissionalízarúe,
de
índole educacional, pnático e de iniciação à investigação educacional.Nas condições acima referidas, a saída profissional paÍa os diplomados com
o
lo ciclo
de estudos superiores é idêntica à dos diplomados pela generalidade dos cursos de letras e ciências. Para os professores do 2ociclo do EB,
prevê-se uma diversidade de vias de formação.Uma
delas senía
realizaçãode
uma formaçãopor
umavia
idênticaà
dos educadores deinftncia
e professoresdo
1ociclo do EB,
fazendo depois um 2ociclo
deestudos superiores orientado para a docência numa das iáreas disciplinares do 2o
ciclo
doEB.
Outravia
seráa
realizaçãa deum lo ciclo
de estudos superiores numa área com especial afinidade com uma ráreadisciplinar
do 2"ciclo
do EB (por exemplo, EducaçãoFísica
ou
EducaçãoMusical),
fazendo depoisum
2ociclo
de estudos superiores com uma orientação profissional.No
quediz
respeito ao cruzamento das competências e quatificação profissionais com operfit formativo
dos sub-sistemas univesitrário e politécnico, a formaçilo dos educadores deinftincia
e dos professoresdos lo e
2ociclos do EB
pode serfeita com
a qualidadedesejávet
tanto
nos estabelecimentosde
ensino universitáriocomo politécnico,
desdeque
cumpram
as
necessárias condiçõesem
recursos humanose
materiais,
na
sua organizaçfu e no seu projecto institucional de formação.euanto
à formação dos professores do 3ociclo
do EB e do ES, ela "deve continuar a ser feita, como até aqui, em estabelecimentos de ensino universitário, dada a importância da formação nas ríreas de especialidade dadocênciq
queenconta
nestes estabelecimentos condições favoráveis de realizaçÍto ". (Costa, s.d.)1.2.1.
X'ormaçãoinicial
em educaçãomusical
Segundo
Mateiro (2003),
a
formação musical académica estrí desfasadada
realidade prática.Na
suaopinião, a
realidade escolar exige uma formação pedagógrca aberta a relações sociais, além de uma aptidão musical específica.Na
sua opinião,"a
actividade pedagógica não selimita
apenasà
pnítica da sala de aula mas também compreende a dimensão do contexto escolar" (s.p.).Rrímon Orcasitas, citado por Mateiro (2003), salienta, nessa mesma perspectiva,
que'bs
professoresde
musicaterão [obviamente]
de
saberde
musica,
no
entanto, deverão amptiara
sua basecuttural
de maneira afacilitar
a comunicação dos saberesfora
dos âmbitos especializados para que possam produzir cultura" (s.p.).De acordo com Santos (2006), a fomração do professor de musica deve, porém, passar
poÍ
uma
reflexão intensa
e
vasta
do
seu
currículo formal.
É
necessiírioreflectir,
comparaÍ, analisar, interpretar, assim como entender
o
lugar da musica no tempo e na cultura onde esta inserida.Tais
saberes sãoindispenúveis,
uma vez que a experiênciavivida
pelos futuros professoresirá ter
influência na suaprópria
acgão pedagógica. Omesmo
autor
defende
tamMm que
o
coúecimento teórico não
é
suficiente.
A
necessidade da pnítica é imprescindível, apesar de a falta de articulação entre a teoria e
a prática ser ainda sentida na preparação do
futuro
professor.A
formação do professorde música serviu como objecto
de
estudo àqueleautor, pelo facto de
o
mesmoter
constatado que as falhas sentidas ao
nível
dos cursosde
formação de professores demúsica
apenas constifuíremum
"esvaziamento"de
conteúdos. Para se compreendermelhor
esta questâo,o
autor reporta-se à necessidadede
recuperaro
valor atribuído
à educação musical, aprofundandoo
temaa partir
de
reflexões,cuja origem
estavajá
presente em Platão o qual reconheceu haver estreitas relações entre a prodtrção musicale
o
sistemasocial
e político,
uma vez
que,no
entenderdo
grandefilósofo,
não
sepoderia mudar a música se não se mudasse primeiro a constituição do Estado
@'Olivet,
2002).Um
dos
aspectosimportantes
a
senem consideradosno
processode
ensino
e
de aprendizagemé
procurarna
músicaa
essência davida.
A
musica podefacútar,
por
meio
de vivências profundas, experiências expressivase coúecimentos
significativos sobre a sociedade, a cultura e a política (Santos, 2006).CaPítulo
I
Revisão deLiteratwa
A
educaçãomusical
vê*se, desse modo, perante um desafio qu€ s€ apresenta coÍrK) o alicerce parauma pnítica sólida
do
ensinoda
musica, devendopromover, de
modo amplo e democratico, um ensino de quatidade em todos os níveis de educação e ensino. Santos (2006), menciona ainda que,com o processo de globalização surgem novas influências na produção do conhecimento, e a formação do professor de musica, imerso nesse contexto, apresenta novas questões que disputam outros redimensionamentos parô os conteúdos curicúares. (Santos, 2006, s.p.)
Por vezes, a estrutura curricular das instifuições de ensino leva o professor em processo
de
formaçãoa
tornar-seum
mero executor de tarefas, deixando de partea
realidadeexterior que circunda
o
contexto institucional.
As
transformaçõesculturais
e
sociaisdeverão, desse
modo,
fazet
repensar
os
processosde
ensino
e
aprendizagem, reflectindo-se sobre a formação de professores de música (Santos,2006).De
acordocom Ben
e
Hentschke QO02),"quanto mais
completae
abrangentefor
acultura geral
e
musical
do
licenciado
em
música,
maior
amplitude
e
domínio
ele demonstrará na práticade
sala deautq pois
musicae cultura
são elos importantes no processo de ensino aprendizagem' (s.p.).Almeida, citado
por
Penna(s.d.),
mostra-nosque
a
contrataçãode
músicospara
a leccionação, sem exigênciade
formação académica, baseia-se na falsa crençade
que não tuí necessidade de uma preparação específica para a actuação docente: 'oquem não sabe ensina"; sendo este provérbio,na
ánea da música, convertido para "quem não tocaensind'.
Penna(s.d.)
cotoca-nos, então,a
segUinte questão:"Se,
para ensinar, basta tocar, para quê uma licenciatura em música?". Acrescenta também que a ideia de quepara
ensinar bastatocar
é
correntementetomada
como
verdadedentro
do
modelo "conseroatorial" de ensino de musica.Atendendo
a
que, actualmente, a educação musical integra os currículos dos diversos níveisdo
ensino básico, sení que existe a necessidade de uma licenciatura em música paÍa ocupaÍ esse espaço com uma maior qualidade? Ou sení que basta mandar paralá
quem toca?penna (s.d.) a essas questões apresenta as seguintes considerações a nosso ver bastante opoúunas
euem toca, tendo-se fomrado por um modelo conservatorial, vai provavelmente ensinar como
foi ensinado, o que pode funcionar bem numa escola espocializada (um conservatório), mas não numa salia de aula do ensino regular, com os seus próprios desafios:
.
Como lidar com condições de tabalho tão diferentes das do conservatório (um piano, um quadro pautado e poucos alunos por turrna)?. Como lidar com as diferentes vivências musicais e, por conseguinte, com as diferentes músicas que os alunos mzem para a sala de aula?
. Como lidar com as diferentes expectativas em relação à aula de educação musical? (s.p.)
Estes desafios
exigem novas
reflexões
e
uma outra
formação,
com
base
numa concepção de musica bastante arnpla. Essa é, mais uma vez, apenipectiva de Pena (s.d.), apresentada pelo autoÍ do seguinte modo:Uma licenciatura em música é necessária poryue não basta tocar embora nela tanrbém se toque. Se não basta tocaÍ, uma licenciatura deve ser muito mais, baseando-se no compromisso social,
humano e cultural de agir em diferentes contextos educativos; no compromisso de tentar compreender as necessidades