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Estudo antropométrico e de aptidão física em alunos do 1.º CEB do Concelho de Mira

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Estudo Antropométrico e de Aptidão Física

em Alunos do 1º CEB do Concelhos de Mira

José António Ribeiro Santo

Orientador:

Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins

(2)

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Estudo Antropométrico e de Aptidão Física

em Alunos do 1º CEB do Concelhos de Mira

José António Ribeiro Santo

Orientador:

Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins

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III

Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins

Santo, J. (2012). Estudo Antropométrico e de Aptidão Física em Alunos do 1º CEB do

Concelho de Mira. Vila Real: Edição do autor. Dissertação de Mestrado apresentada à

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Palavras-chave:

Estudo Antropométrico, Aptidão Física, 1º Ciclo Ensino Básico, Atividade Física e Desportiva, % Massa Gorda, Obesidade

(4)

IV

Não posso deixar de endereçar alguns agradecimentos, sabendo que é difícil transmitir pela escrita, todo o meu apreço às pessoas que de uma ou outra forma contribuíram para a realização deste trabalho. Sendo assim, gostaria de agradecer:

Ao Professor Doutor Artur Martins, não somente por ter aceitado a orientação deste trabalho, mas pelo apoio, ensinamentos, partilha, conhecimentos e amizade que foi transmitindo.

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, pela sua qualidade de ensino e por ter permitido mais uma importante etapa da minha formação.

Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a todos os alunos do 1ºCEB do Agrupamento de Escolas de Mira que se disponibilizaram para participar voluntariamente neste estudo e respetivos Encarregados de Educação pela autorização concedida.

Demonstrar a minha gratidão aos colegas de profissão a lecionar nas AEC a disciplina de AFD, pela sua colaboração, permitindo que fosse feita a recolha dos dados nas suas aulas.

Endereço também os meus agradecimentos às entidades que autorizaram este estudo, nomeadamente o Agrupamento de Escolas de Mira, aos Professores Titulares de Turma a sua disponibilidade e à Câmara Municipal de Mira, responsável pelos espaços escolares onde decorreram a recolha dos dados.

Gostaria de deixar bem expresso o meu sentimento de gratidão a todos quantos prestaram ajuda na realização deste trabalho, as quais não tenho uma referência particular nestes agradecimentos, não deixando contudo de serem esquecidos ou menos importantes em todo o processo.

(5)

V

Ao meu querido filho Miguel, pelo amor que te tenho e por todos os bons e maus momentos que iremos ter.

À Cristina, pelo apoio incondicional que demonstrou ao longo dos anos que vivemos juntos…

Aos meus pais, pelo orgulho que tenho a certeza que sentirão por esta minha conquista…

Ao meu grande sobrinho Anthony pela luta constante e difícil, para vencer o tumor, enquanto eu estava a realizar este estudo. Força e coragem… tu vencerás.

(6)

VI

ÍNDICE GERAL... VI ÍNDICE QUADROS ... VIII ÍNDICE DE TABELAS ... IX ÍNDICE DE FIGURAS... X ÍNDICE DE GRÁFICOS ... X LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS... XI RESUMO ... XII ABSTRACT ... XIII Capítulo I – Introdução ... 1 1.1-PERTINÊNCIA DO ESTUDO ... 1 1.2-APRESENTAÇÃO DO ESTUDO... 4 1.3-ESTRUTURA DO TRABALHO ... 5 PARTE TEÓRICA ... 6

Capítulo II – Revisão Bibliográfica ... 7

2.1-CRIANÇAS DOS 6 AOS 10 ANOS -CARACTERIZAÇÃO GERAL ... 7

2.1.1- Crescimento corporal ... 7

2.1.1.1- Fatores que influenciam o crescimento da criança ... 9

2.1.2- Maturação biológica ... 11

2.1.3- Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce ... 12

2.1.4- Desenvolvimento cognitivo ... 13

2.1.5- Desenvolvimento motor ... 15

2.1.5.1- Aquisição de habilidades ... 16

2.1.5.2- Capacidades físico-motoras ... 18

2.1.6- Caracterização socioeducativa ... 22

2.2-AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA EM CRIANÇAS ... 24

2.2.1- Conceito de Antropometria ... 25

2.2.2- Procedimentos para a avaliação antropométrica ... 26

2.2.2.1- Posição antropométrica e pontos anatómicos ... 27

2.2.2.2- Principais medidas antropométricas ... 29

2.2.3- Avaliação ponderal e da composição corporal ... 30

2.2.3.1- Avaliação antropométrica de pregas adiposas subcutâneas e massa adiposa corporal ... 32

2.2.3.2- Percentagem de massa gorda ... 34

2.2.4- Estatuto nutricional e obesidade na infância ... 36

2.3-AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA EM CRIANÇAS ... 40

2.3.1- Conceito de Aptidão Física ... 40

2.3.2-Fatores que influenciam a Aptidão Física ... 42

2.3.3- Componentes da Aptidão Física ... 43

2.3.4- Avaliação da Aptidão Física ... 44

2.3.4.1- Baterias de testes motores ... 45

2.4-ESTUDOS REALIZADOS EM PORTUGAL A PARTIR DO ANO 2000 SOBRE ANTROPOMETRIA E APTIDÃO FÍSICA NO 1ºCEB ... 49

(7)

VII

Capítulo III – Estudo Prático ... 57

3.1.-OBJETIVOS DO ESTUDO PRÁTICO ... 57

3.1.1- Objetivos gerais ... 57

3.1.2- Objetivos específicos ... 58

3.2.METODOLOGIA ... 59

3.3-CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA ... 59

3.3.1- Amostra ... 60

3.3.2- Procedimento para as autorizações ... 60

3.4.SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS E DOS TESTES ... 61

3.4.1. Medidas antropométricas ... 62

3.4.2. Testes de aptidão física ... 64

3.5-PROGRAMA DA PESQUISA ... 65

3.6-TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS ... 66

3.6.1- Controlo da qualidade dos dados ... 66

Capitulo IV - Apresentação e Discussão dos Resultados ... 68

4.1-VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS ... 68

4.1.1- Estatura e massa corporal ... 68

4.1.2- IMC ... 70

4.1.3- Pregas adiposas subcutâneas ... 73

4.1.4- Percentagem de massa gorda ... 75

4.1.5- Perímetros braquial, abdominal e geminal ... 78

4.1.6- Comparação dos resultados das variáveis antropométricas com outros estudos ... 80

4.1.7- Correlações entre as variáveis antropométricas ... 81

4.2-VARIÁVEIS DE APTIDÃO FÍSICA ... 83

4.2.1- Coordenação motora ... 83 4.2.2- Flexibilidade ... 84 4.2.3- Força ... 87 4.2.4- Resistência ... 90 4.2.5- Velocidade ... 92 Capitulo V – Conclusões ... 94 5.1-CONCLUSÕES ... 94 5.2-CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 97

Capitulo VI – Referências Bibliográficas ... 98

ANEXOS ... 110

ANEXO 1–PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AO AGRUPAMENTO ... 110

ANEXO 2–PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO ... 111

ANEXO 3–PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO ... 112

Protocolo de avaliação antropométrica ... 112

Protocolo de avaliação da aptidão física ... 115

(8)

VIII

Quadro 1- Modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001). ... 16 Quadro 2- Pontos de referência antropométrica definidos por Sobral et al. (2007). ... 28 Quadro 3- Principais medidas antropométricas simples, segundo Sobral, et al. (2007). ... 29 Quadro 4- Principais medidas antropométricas compostas, segundo Sobral, et al. (2007). ... 29 Quadro 5- Medidas de avaliação ponderal e de composição corporal. ... 30 Quadro 6- Terminologia do IMC para o sobrepeso e obesidade recomendada pelo CDC. .... 37 Quadro 7- Definição do conceito de Aptidão Física ao longo dos anos. ... 40 Quadro 8- Componentes e fatores da Aptidão Física associada à saúde (adaptado de

Bouchard & Shephard, 1994). ... 43

Quadro 9- Descrição dos componentes funcionais e motoras da Aptidão Física (adaptado de

Neto, 2009). ... 44

Quadro 10- Componentes da Aptidão Física e respetivas baterias de testes utilizadas para a

sua avaliação (adaptado de Coelho e Silva et al. 2003, apud Cardoso, 2009). ... 45

Quadro 11- Estrutura da bateria de testes FACDEX (adaptado de Marques et al. 1991). ... 46 Quadro 12- Estrutura da bateria de testes FITNESSGRAM. ... 47 Quadro 13- Baterias de testes motores direcionadas à Aptidão Física relacionada à saúde e ao

desempenho atlético (adaptado de Neto, 2009). ... 48

Quadro 14- Estudos Antropométricos e de Aptidão Física realizados em Portugal com alunos

do 1ºCEB, a partir do ano 2000. ... 51

Quadro 15- Listagem das variáveis, unidades de medida, formato numerário e instrumentos

de medição. ... 65

(9)

IX

Tabela 1- Pontos de corte de IMC para o sobrepeso e obesidade referenciados por Cole et al.

(2000), para as idades referentes ao nosso estudo. ... 36

Tabela 2- Tabela de normalidade para a percentagem de massa gorda (crianças e adolescentes

de 7 a 17 anos), em função da idade e género. ... 39

Tabela 3- Distribuição da amostra em função da idade e género. ... 60 Tabela 4- Determinação do Erro Técnico de Medida, Variância Combinada e Coeficiente de

Fiabilidade para as variáveis caraterizadas (n=28). ... 67

Tabela 5- Distribuição dos valores da estatura e massa corporal em função da idade e género.

... 69

Tabela 6- Valores de IMC em função da idade e género. ... 71 Tabela 7- Comparação dos valores de corte de IMC definidos por Cole et al. (2000) para o

sobrepeso e obesidade com os P85 e P95 da amostra e percentagem de sobrepeso e obesidade, em função da idade e género. ... 72

Tabela 8- Pregas adiposas subcutâneas (tricipital, subescapular e geminal), valores médios,

desvio padrão, mínimos e máximos. ... 73

Tabela 9- Valores percentílicos das pregas (tricipital, subescapular e geminal). ... 75 Tabela 10- Valores de percentagem de massa gorda em função da idade e género. ... 76 Tabela 11- Distribuição dos valores de percentagem de massa gorda, em função da idade e

género. ... 77

Tabela 12- Perímetros (braquial, abdominal e geminal), valores médios, desvio padrão,

mínimos e máximos. ... 78

Tabela 13- Valores percentílicos dos perímetros (braquial, abdominal e geminal). ... 79 Tabela 14- Comparação dos valores médios da estatura, massa corporal e IMC em função da

idade e género, com estudos nacionais de referência realizados a Norte e Sul do Continente e nos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. ... 80

Tabela 15- Distribuição dos valores de correlação (r de Pearson) entre estatura, massa

corporal, pregas adiposas subcutâneas e perímetros, em função do género. ... 81

Tabela 16- Distribuição dos valores do teste de coordenação motora, em função da idade e

género. ... 83

Tabela 17- Distribuição dos valores alcançados no teste de senta e alcança adaptado, em

função da idade e género. ... 84

Tabela 18- Valor dos percentis no teste do senta e alcança adaptado, em função da idade e

género. ... 85

Tabela 19- Distribuição dos valores de flexibilidade no teste de amplitude de afastamento dos

MI, em função da idade e género. ... 85

Tabela 20- Distribuição dos valores do teste de força do membro superior, recorrendo à

preensão manual e ao lançamento da bola de ténis, em função da idade e género. ... 87

Tabela 21- Distribuição dos valores do teste de abdominais, em função da idade e género. . 89 Tabela 22- Distribuição dos valores do salto horizontal sem corrida de impulsão, em função

da idade e género. ... 89

Tabela 23- Distribuição dos valores na prova de resistência do vaivém, em função da idade e

género. ... 90

Tabela 24- Distribuição dos valores de VO2Máx. a partir da prova de resistência do vaivém,

em função da idade e género. ... 91

(10)

X

Figura 1- Principais fatores que regulam o crescimento. Adaptado de: Manual de

Crescimento y desarrollo del niño, Organización Panamericana de La Salud. (1994) apud Neto, (2009). ... 10

Figura 2- Planos e eixos da posição antropométrica de referência. (Adaptado de Sobral et al.

(2007). ... 27

Índice de gráficos

Gráfico 1- Valores médios da estatura dos rapazes e das raparigas em função da idade. ... 69 Gráfico 2- Valores médios da massa corporal dos rapazes e das raparigas em função da idade.

... 69

Gráfico 3- Distribuição da percentagem de indivíduos em relação ao IMC, que se encontram

Abaixo da ZSAF, na Zona Saudável e Acima da ZSAF, em função da idade e género. ... 71

Gráfico 4- Distribuição dos valores médios das pregas (tricipital, subescapular e geminal) por

idade e género. ... 74

Gráfico 5- Percentagem de raparigas e rapazes que se encontram abaixo da ZSAF, na Zona

Saudável e acima da ZSAF, em relação à %MG. ... 76

Gráfico 6- Comparação dos valores médios de IMC e %MG em função da idade e género. . 77 Gráfico 7- Distribuição dos valores médios dos perímetros (braquial, abdominal e geminal)

por idade e género. ... 78

Gráfico 8- Distribuição dos valores médios no teste do senta e alcança adaptado (diferença),

por idade e género ... 86

Gráfico 9- Distribuição dos valores médios no teste de amplitude de afastamento dos MI, por

idade e género ... 86

Gráfico 10- Distribuição dos valores médios no teste de Preensão Manual, por idade e género

... 88

Gráfico 11- Distribuição dos valores médios no teste do Lançamento da Bola de Ténis, por

idade e género ... 88

Gráfico 12- Distribuição dos valores médios no teste de Abdominais em 30seg, por idade e

género. ... 90

Gráfico 13- Distribuição dos valores médios no teste do salto horizontal sem corrida de

impulsão, por idade e género. ... 90

Gráfico 14- Distribuição dos valores médios no teste do vaivém, por idade e género ... 91 Gráfico 15- Distribuição dos valores médios de VO2 Máx, por idade e género ... 91

(11)

XI

AAHPERD American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance

AEC Atividades de Enriquecimento Curricular

AFD Atividade Física e Desportiva

ApF Aptidão Física

CDC Centers for Disease Control and Prevention

cm Centímetros

EF Educação Física

IMC Índice de Massa Corporal

Kg Quilograma

Kgf Quilograma força

KTK Körperkoordination Test für Kinder

m Metro M Média MI Membros Inferiores MG Massa Gorda mm Milímetro n Número de indivíduos

OMS Organização Mundial de Saúde

P Percentil

PACER Progressive Aerobic Cardiovascular Endurance Run Test

SPSS “Statistical Package for Social Sciences”

SD Desvio Padrão

seg Segundos

VO2máx Consumo Máximo de Oxigénio

WHO World Health Organization

ZSAF Zona Saudável de Aptidão Física

1ºCEB Primeiro Ciclo do Ensino Básico

% Percentagem

Masculino

(12)

XII

O presente trabalho tem como objetivo estudar as características antropométricas e de Aptidão Física dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico do concelho de Mira (distrito de Coimbra), com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade. O estudo contempla uma amostra de 341 alunos, sendo 154 do sexo feminino e 187 do sexo masculino.

As variáveis Antropométricas alvo de estudo foram: Estatura, Massa Corporal (peso), Pregas Adiposas Subcutâneas (Tricipital, Subescapular e Geminal), Perímetros (Braquial, Abdominal e Geminal), IMC, Percentagem de Massa Gorda, Sobrepeso e Obesidade.

Ao nível da Aptidão Física foram realizados testes de Coordenação Motora (Ria), Força (Preensão Manual, Lançamento da Bola de Ténis, Flexões Abdominais em 30seg, Salto Horizontal sem corrida de impulsão), Flexibilidade (Senta e Alcança Adaptado e Amplitude de Afastamento dos Membros Inferiores), Resistência (Teste do Vaivém) e Velocidade de Corrida (20m lançados).

O tratamento estatístico dos dados fundamentou-se essencialmente na utilização de técnicas de “estatística descritiva” aplicadas a cada uma das variáveis para o cálculo da média, desvio padrão, valor máximo e mínimo e valores percentílicos.

Os resultados obtidos constituem-se como mais um recurso para o acervo de base de dados constituído por outros estudos realizados em Portugal, que servem de referência para o conhecimento da população infantil portuguesa, importante para a intervenção profissional de professores de Educação Física, treinadores, médicos, nutricionistas e ergonomistas.

Comparando os valores médios de estatura, massa corporal e IMC com os estudos de Fragoso & Vieira (1991 e 2001); Pereira (2000); Freitas (2001); Maia & Lopes (2002) e Padez et al. (2004), podemos verificar que aos 6-7 anos, em ambos os géneros, os valores do presente estudo são inferiores a todos eles, contudo aos 10 anos, os valores médios da nossa amostra superam os valores de todos esses estudos de referência.

Quanto aos valores de prevalência de obesidade, considerando os pontos de corte de IMC de Cole et al. (2000), a nossa amostra apresentou uma taxa de obesidade de 14% nas raparigas e de 8% nos rapazes.

Ao nível da aptidão física os rapazes obtiveram melhores resultados nos testes de coordenação motora, força, resistência e velocidade, enquanto no teste de flexibilidade de amplitude de afastamento dos MI as raparigas superaram largamente os rapazes.

Palavras-chave:

Estudo Antropométrico, Aptidão Física, 1º Ciclo Ensino Básico, Atividade Física e Desportiva, % Massa Gorda, Obesidade

(13)

XIII

The present work intends to study anthropometric characteristics and Physical Fitness of Students from Elementary School in Mira (district of Coimbra), aged between 6 to 10 years old. The study includes a sample of 341 students, comprising 154 females and 187 males. Anthropometric target of study were: Height, Body Mass (weight), Subcutaneous Skinfolds (Triceps, Subscapular and Geminal), Perimeters (Brachial, Abdominal and Geminal), BMI, Percentage Fat Mass, Overweight and Obesity.

In terms of the Physical Fitness, Motor Coordination (Ria) Tests Were Carried Out, Strength (Hold Manual, Launch of Tennis Ball, Abdominal Crunches on 30'' Horizontal Jumping race without impulsion), Flexibility (Sit, Reach and Range of Adapted removal of lower limbs), Resistance (Test Shuttle) and Speed Racing (Launched 20m).

The statistical analysis of the data was based mainly on the use of techniques of "descriptive statistics" applied to each of the variables to calculate the average, standard deviation, maximum and minimum values and percentiles.

The obtained results are as an additional resource for the acquis database composed of other studies carried out in Portugal, which are used to guide the infant Portuguese population knowledge, significant for the intervention of professional physical education teachers, coaches, physicians, nutritionists and ergonomics specialists.

When comparing the average values for height, body mass and BMI with the studies of Fragoso & Vieira (1991 and 2001), Pereira (2000), Freitas (2001), Maia & Lopes (2002) and Padez et al. (2004), we can see that at 6-7 years in both genders, the values are lower, yet age 10, the average of our sample overcome the values of all these studies reference.

The values of obesity prevalence, considering the BMI cutoff points of Cole et al. (2000), our sample showed a rate of obesity of 14% in girls and 8% of boys.

At the level of physical fitness boys obtained better results in testing motor coordination, strength, endurance and speed, while the flexibility test amplitude of removal of MI girls overcame boys largely.

Keywords:

Study Anthropometry, Physical Fitness, 1st Cycle Basic Education, Sport and Physical Activit, Body Fat Percentage, Obesity.

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1

Capítulo I – Introdução

Com a realização deste trabalho pretendemos contribuir para a caracterização da população escolar do 1.º CEB relativamente às suas características antropométricas e de aptidão física (ApF).

Na dimensão antropométrica incluímos as variáveis: Estatura, Massa Corporal (peso), Índice de Massa Corporal (IMC), Pregas Adiposas Subcutâneas (Tricipital, Subescapular e Geminal), percentagem de Massa Gorda (%MG) e Perímetros (Braquial, Abdominal e Geminal). Nas variáveis de caracterização de competências físico-motoras incluímos os testes de Coordenação Motora (Ria), Força (Preensão Manual, Lançamento da Bola de Ténis, Flexões Abdominais em 30seg, Salto Horizontal sem corrida de impulsão), Flexibilidade (Senta e Alcança Adaptado e Amplitude de Afastamento dos Membros Inferiores (MI)), Resistência (Teste do Vaivém) e Velocidade de Corrida (20m lançados).

1.1- Pertinência do estudo

O estudo do desenvolvimento humano e principalmente as componentes do crescimento corporal e aptidão física e motora são, desde há muito tempo, dois dos principais temas de estudo e intervenção da Educação Física (EF). Os conhecimentos resultantes deste tipo de estudos são igualmente importantes noutras áreas do saber como a antropologia, a medicina, a ergonomia, e devem também estar presentes nas decisões políticas relativas à população infanto-juvenil.

A avaliação de dimensões corporais, bem como a avaliação da ApF, são importantes instrumentos para caracterizar a evolução morfológica e motora das populações e em particular das crianças e jovens em fase de crescimento.

Relativamente ao crescimento, é facilmente constatável uma tendência secular (Tanner, 1978; Malina, 1979; Roche, 1979; apud Fragoso & Vieira, 2006) para o aumento de algumas dimensões associadas ao crescimento, como são o caso da massa corporal e a estatura, convergindo para essa situação a influência de diversos fatores como o avanço civilizacional

(15)

2

associado à massificação do acesso ao sistema de ensino, o crescente aporte proteico alimentar, a massificação do acompanhamento médico durante a infância e a juventude, não esquecendo também o importante papel do forte incremento da mobilidade das pessoas, promotora da heterose mais associada ao aumento da estatura (Fragoso & Vieira, 2006).

A avaliação antropométrica ao longo dos tempos cumpriu objetivos muito diferenciados, começando pelo seu interesse para as artes plásticas (ex. cânones Gregos e Romanos), passando, muito mais tarde, pelo interesse forense que associava somatotipologias a perfis de criminosos, método utilizado nas esquadras de polícia e prisões portuguesas no início do século passado, até ao interesse quotidiano no apoio ao diagnóstico médico-pediátrico, ou ainda para o acompanhamento do processo de crescimento e deteção de talentos que ocorre no âmbito da EF e do treino desportivo. A todos estes objetivos podemos acrescentar um interesse de ordem sociológica, que se sintetiza na procura de efeitos de convulsões sociais, como por exemplo o presente contexto socioeconómico nacional, e que estuda os efeitos de alterações culturais e socioeconómicas no processo de desenvolvimento de crianças e jovens (Martins, 2012, c.p).

A aptidão física e motora que expressa a influência de fatores genéticos e ambientais relacionados com a atividade física habitual, a alimentação, o repouso e o acompanhamento médico, é um dos principais motivos da EF e o seu controlo é fundamental para intervenção do educador físico e do treinador desportivo.

Se outrora a aptidão física se relacionava essencialmente com motivos de preparação para a guerra e da prevenção da doença, hoje compreende-se a aptidão física e motora como um fator fundamental para a realização individual e para a vivência abrangente da vida incluindo as cada vez mais valorizadas atividades de lazer (Martins de Carvalho, 2007).

O conceito de Aptidão Física (ApF) tem sido amplamente estudado ao longo do último século, sendo um importante e fundamental elemento para o desenvolvimento motor, propiciando êxitos em diversas componentes da vida e criando expectativas de continuidade futura na adoção de estilos de vida ativos e saudáveis (Malina, 2001).

O grande precursor dos estudos antropométricos e de avaliação da aptidão física e motora em Portugal foi, sem dúvida, Francisco Sobral. Também Fragoso & Vieira em 1991 realizaram

(16)

3

um importante estudo antropométrico, que ultrapassa o significado e valor de estudos anteriores que quase só contemplavam o estudo de medidas simples como a massa corporal e a estatura.

Sobre a caracterização da evolução das componentes antropométricas e físico-motoras da população portuguesa a principal referência nacional corresponde aos estudos decenais desenvolvidos por Sobral e Coelho e Silva sobre a população juvenil Açoriana.

Inúmeros estudos transversais e descritivos das características antropométricas e de aptidão físico-motora têm sido realizados por todo o país, com destaque para um maior número de estudos realizados na população açoriana, madeirense, no norte do país e também no distrito de Coimbra. Mais à frente iremos apresentar muitos dos estudos realizados com alunos do 1ºCEB a partir de 2000.

As características morfológicas da população escolar portuguesa têm vindo a ser estudadas por indicadores dimensionais de observação direta (estatura, peso, perímetros musculares e pregas adiposas subcutâneas) e calculados (índice de massa corporal, % de massa gorda).

A interpretação de resultados de um determinado teste de ApF é facilitada pela sua existência num quadro normativo que nos indique o valor médio, o desvio padrão, ou os valores percentílicos que permitem localizar os desempenhos individuais no contexto populacional. Os valores normativos são tanto mais objetivos quanto mais forem representativos da população avaliada, no entanto a maior parte das tabelas com valores normativos para a antropometria como para a aptidão físico-motora, disponíveis em Portugal, provêm de estudos com grupos muito alargados e com realidades étnicas e socioculturais muito díspares (Ex. EUA) das comunidades nacionais que professores de EF, treinadores e médicos têm de avaliar. Assim é de todo importante e na impossibilidade de desenvolver estudos longitudinais, realizar estudos transversais caracterizadores de uma dada comunidade e que sejam repetíveis a cada 10 anos, como aconteceu no estudo de Sobral relativamente à população Açoriana, ou ainda em prazos menores, de forma a conhecer as transformações observadas e tomar as medidas políticas ou promover alterações no âmbito dos programas anuais de turma na disciplina de EF, de forma a resolver as insuficiências ou problemas identificados.

(17)

4

A importância social da prática de atividade física em crianças, tem a sua expressão mais significativa na generalização das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) no 1ºCEB, através das aulas de Atividade Física e Desportiva (AFD) que proporcionam às crianças variadas experiências físico-motoras. Assim achámos interessante realizar um estudo nas aulas de AFD no Agrupamento de Escolas de Mira.

Da nossa ligação profissional à lecionação dos programas de AFD do concelho de Mira e a constatação da inexistência de um estudo nesta área na população infantil de Mira, surgiu o nosso interesse em desenvolver este trabalho necessário para os dias de hoje, mas também útil para a comparação com resultados de estudos futuros.

Assim, o presente estudo propõe-se caracterizar ao nível antropométrico e de ApF, os alunos do 1ºCEB do concelho de Mira, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos, permitindo, desde logo, comparar a população infantil de Mira com a população infantil de outras áreas regionais já estudadas. A avaliação antropométrica e de ApF integra variáveis associadas à ApF relacionadas à saúde e à ApF associada ao desempenho motor.

1.2- Apresentação do estudo

O presente estudo carateriza-se por ser um estudo transversal, de carácter descritivo, relativo a componentes associadas ao processo de desenvolvimento físico e motor da criança, sendo por isso composto por duas dimensões. Uma primeira de natureza antropométrica, a qual tem como finalidade aferir a componente dimensional e morfológica da criança e uma segunda de carácter motor, com a avaliação da ApF segundo um conjunto de testes físico-motores.

A amostra do estudo é constituída por 341 alunos pertencentes a todas as turmas do 1º CEB do Agrupamento de Escolas de Mira, que participaram no estudo de forma voluntária e devidamente autorizados pelos pais e/ou Encarregados de Educação. O agrupamento de Escolas de Mira coincide com a área geográfica do concelho de Mira que pertence ao distrito de Coimbra. Trata-se assim de uma amostra abrangente, que quase coincide com a população amostral que se pretende caraterizar.

(18)

5

1.3 - Estrutura do trabalho

O presente trabalho segue uma estrutura clássica organizada em parte teórica e parte prática, subdivididas em capítulos.

O Capítulo I é um capítulo introdutório que antecede a parte teórica e visa essencialmente orientar o leitor para a estrutura do documento, contextualizar a temática abordada e apresentar as razões que conduziram à concretização da investigação.

A parte teórica é constituída pelo Capítulo II relativo à “Revisão Bibliográfica” caracterizadora do “Estado da Arte” onde se apresentam conceitos e teorias sobre antropometria e aptidão física e, estudos relativos ao processo de desenvolvimento das crianças, nomeadamente os processos de crescimento corporal e desenvolvimento motor. Neste capítulo insere-se uma resenha atualizada dos estudos realizados em Portugal, entre o ano 2000 até 2011, em que incluem uma ou as duas componentes do nosso estudo, relativamente à avaliação antropométrica e de aptidão Física, em crianças que integram o 1ºCEB.

A Parte Prática refere-se ao “Trabalho de Campo” e é constituída pelos Capitulo III, IV e V. No Capitulo III são apresentados os objetivos e descrita a metodologia utilizada, incluindo a apresentação da amostra estudada, a seleção dos testes realizados, o tratamento estatístico e os procedimentos de controle da qualidade dos dados. No Capitulo IV é feita a apresentação e discussão dos resultados em função da idade e género dos sujeitos amostrais. No Capitulo V apresentamos as conclusões finais do estudo.

No Capitulo VI é referenciada a bibliografia consultada para apoio à realização do presente estudo.

Em anexo constam os pedidos de autorização ao Agrupamento de Escolas de Mira, a autorização enviada aos Pais/Encarregados de Educação, a descrição dos protocolos de avaliação Antropométrica e de ApF utilizados para a recolha dos dados e, por último, a ficha de recolha de dados utilizada.

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Capítulo II – Revisão Bibliográfica

2.1- Crianças dos 6 aos 10 anos - Caracterização geral

O escalão etário de 6-10 anos representa a etapa final da infância e é marcada fundamentalmente pelo processo de desenvolvimento. Este processo conjuga 3 fenómenos principais: o crescimento corporal, a maturação biológica e a aprendizagem, que se refletem em dimensões frequentemente categorizadas em desenvolvimento físico-motor, cognitivo, emocional e social.

Durante décadas, muitos estudos decorreram com intenção de perceber os processos de crescimento e desenvolvimento em crianças, entre esses encontram-se os estudos feitos por Tanner (1981), Sobral (1986, 1988 e 1989), Malina & Bouchard (1991), Fragoso & Vieira (1991 e 2001), Guedes (1994) Sobral & Coelho e Silva (2001), Coelho e Silva & Malina (2003), Rito (2004), Padez et al. (2004), Maia et al. (2002, 2003 e 2006), entre outros.

2.1.1- Crescimento corporal

“O crescimento é uma das características próprias dos seres vivos que resulta, basicamente, da elaboração de células estruturais numa taxa superior à da sua degradação”(Sobral et al. 2007, p145). Para Malina & Bouchard (1991), o crescimento resulta de um complexo mecanismo a nível celular, podendo envolver três diferentes fenómenos: hiperplasia (aumento do número de células), hipertrofia (aumento do tamanho da célula) e agregação (aumento das substâncias intercelulares). Nesta mesma linha Pedraza & Queiroz (2011) caracterizam o crescimento como um processo dinâmico, contínuo, regular e extremamente organizado que tem início com a fecundação (princípio da vida), sendo expresso através do aumento do tamanho corporal. O crescimento supõe um aumento, a velocidades diferentes, do número (hiperplasia) e/ou do tamanho (hipertrofia) das suas células.

Para Maia & Lopes (2006) e Rebato (2007) crescer é bem mais complexo do que a simples junção de valores estaturais ao longo da idade, do nascimento ao estado adulto, observam-se muitas mudanças no corpo: tamanho, forma, composição, proporções e formação do

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esqueleto, mudanças que arrastam consigo alterações na proporcionalidade do corpo e nos valores do peso. As modificações de dimensão, proporcionalidade, composição e forma do corpo decorrentes do processo de crescimento são estudadas a partir da auxologia usando técnicas antropométricas (Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al. 2007).

No crescimento humano a avaliação e interpretação é importante para todos aqueles que medem e avaliam o crescimento da criança. A interpretação dos dados de crescimento, tendo em conta os efeitos ajustados de influências, tais como genes, hormonas e abuso de substâncias durante a gravidez, dão descrições dos padrões de crescimento normal e anormal. Os Métodos para medir a dimensão e maturidade, o julgamento e interpretação dos dados, avaliações de influências sobre o crescimento e o significado de crescimento anormal, serão uma fonte essencial de informações para pediatras, biólogos humanos, trabalhadores da saúde, nutricionistas, epidemiologistas e outros que são responsáveis pela saúde e o bem-estar das crianças. (Roche & Sun 2003).

Para melhor avaliar o crescimento da criança a Organização Mundial de Saúde recomenda a utilização do CDC-2000 do Centers for Disease Control and Prevention como referência para o crescimento de crianças e adolescentes entre os 5 e 18 anos. Segundo Silva, Júnior e Oliveira (2005) a monitorização do crescimento pode ser considerada como um dos mais importantes indicadores quanto à qualidade de vida de um país, ou a extensão das distorções existentes numa mesma população nos seus diferentes subgrupos.

Referente à curva de crescimento Bogin (1999, apud Fragoso & Vieira, 2006) defeniu-a como tendo quatro fases de crescimento destintas: 1ª infância (desde o nascimento até aos 3 anos), 2ª Infância (dos 3 aos 7 anos) fase juvenil (desde os 7 até aos 11 anos) e adolescência (dos 11 aos 18 anos). Embora estas fases sejam distintas, a passagem de uma para a outra não é bastante nítida, no entanto o início da puberdade é facilmente detetado pelo aparecimento das caraterísticas sexuais.

Na 2ª infância (3-7 anos) a criança passa a ter um aspeto alongado e fino, apresentando um maior desenvolvimento músculo-esquelético e uma menor quantidade de tecido adiposo. A partir dos 6 anos a desaceleração do crescimento é notória até cerca dos 10 anos de idade e as modificações morfológicas são quase inexistentes. (Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al.

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2007). Algumas crianças podem apresentar um salto de crescimento transitório aproximadamente aos 6-7 anos designado por pré-pubertário (Fragoso & Vieira, 2006).

A fase juvenil (7-11 anos) podendo ser definida como fase pré-pubertária, carateriza-se por um período de grande desaceleração do crescimento, terminando essa desaceleração quando se atinge o início da última aceleração de crescimento. O fim desta fase também coincide com a erupção do último dente definitivo, podendo acontecer entre os 10,5 e os 12 anos.

Já no salto pubertário, Fragoso & Vieira (2006) referem que o aumento brusco da estatura deve-se essencialmente ao crescimento dos MI. Este fenómeno decorre em todas as crianças, contudo a sua intensidade, duração e idade de ocorrência são muito variáveis, podendo em média ocorrer entre os 9 e os 13 anos.

Segundo Freitas, (2001) a rapariga “típica” é ligeiramente mais baixa do que o rapaz em todas as idades até á puberdade. Por volta dos 10 anos torna-se mais alta devido ao seu salto pubertário, que ocorre 2 anos mais cedo, sendo novamente ultrapassada por volta dos 14 anos de idade. As raparigas atingem em média a sua estatura adulta por volta dos 16 anos e os rapazes apenas aos 18 ou mais.

A forma como o ser humano está crescendo é o produto de uma interação entre a biologia da nossa espécie, o ambiente físico em que vivemos e o ambiente social, económico e político que cada cultura humana cria (Rebato, 2007). Os estudos antropométricos, segundo Oliveira & Guimarães (2003) são bastante importantes, pois tem grande aplicação no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de crianças, na verificação das adaptações ao treino, na seleção de atletas e em estudos de caracterização étnica.

2.1.1.1- Fatores que influenciam o crescimento da criança

O processo de crescimento é influenciado por fatores genéticos e ambientais. Nos fatores extrínsecos, destacam-se a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais com a criança, que atuam acelerando ou retardando esse processo (WHO, 1995).

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Em relação aos fatores genéticos, Malina & Bouchard (1991) apresentam uma estimativa de 60% ou superior relativamente à influência genética na altura (estatura), observável na infância e na adolescência, e ainda, na idade adulta em que se aproxima dos 100%.

Relativamente à nutrição Eckert (1993) refere que a boa ou má nutrição poderá provocar efeitos sobre o ritmo de crescimento, o tamanho final, a forma e a composição do tecido. A má nutrição parece diminuir o ritmo de crescimento, contudo as crianças recuperam desde que as condições adversas não sejam muito severas nem se prolonguem por um longo período de tempo. A má nutrição crónica durante a infância resultará em adultos menores. Gallahue & Ozmun (2001) acrescentam ao fator nutrição outros fatores ambientais como a ocorrência de doenças, as condições climáticas e o stress emocional, como fatores que influenciam o pico de crescimento na puberdade, para além de uma variedade de elementos genéticos. Também os fatores socioeconómicos podem influenciar o crescimento, contudo será de uma forma indireta, pois afeta principalmente os cuidados de saúde, os níveis de nutrição e as condições de vida. Na mesma linha, Rebalo (2007) refere que os fatores ligados direta ou indiretamente à nutrição, como o nível socioeconómico e cultural dos pais, a dimensão da família, a paridade da ordem de nascimento, os fatores psicossociais, o ambiente rural ou urbano, etc., têm de ser tidos em conta em estudos de crescimento, pois as crianças em risco de desnutrição ou de obesidade são de classes socioeconómicas baixas e do meio ambiente rural.

Em Portugal, um fator onde foram encontradas algumas diferenças em relação à altura, foi o meio em que o individuo está inserido (meio rural ou meio urbano), tendo sido identificado por Padez (1999, 2003, 2004) diferenças consideráveis entre os distritos do litoral e interior português, tendo o litoral apresentado medidas de altura mais elevadas, em relação ao interior.

Figura 1- Principais fatores que regulam o crescimento. Adaptado de: Manual de Crescimento y desarrollo del

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2.1.2- Maturação biológica

Malina (2001) define maturação como o momento e a cadência de um processo que leva ao estado biologicamente maturo. Para Guedes & Guedes (1997) a maturação serve para descrever as mudanças biológicas que ocorrem de forma ordenada e direcionada para atingir o estado adulto. A maturação biológica é um processo complexo, que tem uma forte interação dos genes com o ambiente, traçando a trajetória de cada individuo até ao estado adulto, que apesar de ocorrer em todos os indivíduos tem uma forte variabilidade interindividual (Maia & Lopes, 2006).

A avaliação do desenvolvimento implica a observação das funções neurológicas, cognitivas, afetivas e sociais (Pedraza & Queiroz, 2011). Em relação apenas ao desenvolvimento motor, Gabbard (2000) carateriza-o como sendo um processo de mudanças contínuas que ocorrem no comportamento motor de um indivíduo, desde a conceção até a morte, resultante da interação entre os fatores hereditários e ambientais.

Nesse sentido Gallahue & Ozmun (2001) referem que o conhecimento sobre os conceitos de crescimento, desenvolvimento, maturação, idade cronológica e idade biológica, são fundamentais para compreendermos o verdadeiro papel, da atividade física na criança.

De acordo com Guedes & Guedes (1997), algumas crianças podem apresentar velocidade de maturação mais acelerada que outras (precoce) ou mais lenta (tardia). “Duas crianças praticantes de desporto com a mesma idade cronológica, que apresentam semelhanças anatómicas em termos de altura, peso e desenvolvimento muscular, podem ter idades biológicas e aptidões diferentes para o desempenho de uma tarefa de treinamento” (Bompa, 2002 p14). A diferença entre idade cronológica e idade maturacional ou biológica aumenta à medida que a criança se vai desenvolvendo, podendo ter um desvio até 2 anos na infância Fragoso & Vieira (2006).

Segundo Eckert (1993) e Fragoso & Vieira (2006) os indicadores biológicos que mais se utilizam para avaliar o nível maturacional são: a idade gestacional, a idade morfológica, a idade dentária, a idade óssea e a idade de aparecimento das características sexuais secundárias.

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Para Freitas (2001) o melhor sistema referenciado pela literatura para avaliar a idade biológica ou o estatuto maturacional é a maturação esquelética através do método TW2 (Tanner et al. 1983) sendo um método associado a valores elevados de fiabilidade inter e intra observadores. Num estudo realizado pelo mesmo autor com 1470 indivíduos da Madeira com idades compreendidas entre os 7 e os 18 anos, utilizando este método, verificou que os rapazes de maturação atrasada (P5º) alcançavam o estado adulto aos 17,6 anos e as raparigas aos 17,2 anos. Já os de maturação avançada (P95º) atingiam esse ponto final aos 14 anos e as raparigas aos 13 anos. Malina & Bouchard (1991), apud Freitas (2001) referem que as crianças que crescem a uma taxa mais rápida, estão mais próximas da sua estatura adulta final, quando comparadas com outras crianças da mesma idade cronológica, estando mais avançadas no seu estado de maturação.

Ao nível do desempenho físico-motor Fragoso & Vieira (2006) são da opinião que os indivíduos mais desenvolvidos fisicamente, têm mais sucesso em algumas tarefas motoras comparando com crianças menos maturas. Partindo desse ponto de vista Sobral (1988) e Malina & Bouchard (1991), referem que todas as alterações, decorrentes do crescimento e maturação biológica, têm particular efeito no comportamento motor e aptidão física de crianças e adolescentes.

2.1.3- Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce

A Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce pode ser entendida como um processo de adaptação biológica que envolve um número muito grande de variáveis e informações capazes de provocar adaptações morfológicas e fisiológicas individuais, em pequenos grupos ou mesmo em populações (Fragoso & Vieira, 2006).

Observações conduzidas em diversos países apontam para um aumento médio na estatura de 1 cm em cada década no escalão dos 5 aos 7 anos, 2,5 cm na adolescência e 1 cm por década no adulto (Sobral et al. 2007). Segundo Coelho e Silva (2008) as variações estaturais de 1904 (Lacerda, 1904) para 1996 (Padez, 1998), são de 8,9cm para a média nacional cm e 8,6 cm para o distrito de Coimbra. Entre 1960 e 1990 (Castro et al. 1998), a variação estatural foi de 5,4 cm (1,8 cm/década) e entre 1950-1980 (Sobral, 1988), o acréscimo absoluto da estatura média foi de 4,4 cm (1,5 cm/década) (Coelho e Silva, 2008).

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Fragoso & Vieira (2006) refere que em Portugal uma criança hoje com 7 anos de idade apresenta uma estatura de uma criança que há 100 anos teria 9 anos, ou seja uma diferença aproximada de 2 anos. Também Padez (2003) encontrou uma tendência secular positiva para a estatura em jovens adultos (aos 18 anos de idade), existindo o aumento médio de 8,93cm, equivale a uma taxa de 0,99cm por década.

Segundo Padez (2003) e Sobral & Coelho e Silva (2007) tudo indica que uma das hipóteses para a tendência positiva do crescimento secular foi a melhoria das condições de vida das populações nos países industrializados a partir de meados do século XIX, e que essa tendência em Portugal se deve especialmente da melhoria ao nível da nutrição e do sistema de saúde. Padez (2003) refere ainda que tendo em conta as diferenças socioeconómicas existentes entre distritos, os resultados sugerem que a tendência secular positiva referente à altura, deve continuar para a população portuguesa nas próximas décadas.

2.1.4- Desenvolvimento cognitivo

Piaget é um dos principais autores de referência no entendimento do processo de desenvolvimento cognitivo. A teoria de Piaget (1978) concebe o desenvolvimento cognitivo como um processo organizado e sequencial constituído por 4 estádios. A inteligência é concebida como um caso particular de adaptação biológica resultante do equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. Todo o desenvolvimento cognitivo resulta no fundo, da equilibração entre a assimilação e a acomodação permitindo assim ao ser humano, seja qual for o estádio em que se encontre, resolver os problemas se lhe deparam e adaptar-se à realidade circundante.

Segundo Piaget (1978) é a aprendizagem que uma criança efetua durante um estádio que lhe permitirá a passagem ao estádio seguinte: 1-Estádio sensório-motor (período antes do aparecimento da linguagem); 2- Estádio pré-operatório (período que vai desde o aparecimento da linguagem até aos 7 ou 8 anos); 3-Estádio das operações concretas (vai desde os 7 anos aos 12 anos); 4-Estádio das operações formais (depois dos 12 anos).

O estádio das operações concretas, corresponde à maioria dos indivíduos amostrais do nosso estudo prático, inicia-se por volta dos sete ou oito anos e termina na transição da infância para

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a adolescência. Durante este estádio surge a capacidade de se efetuarem análises lógicas, dá-se um aumento de simpatia com os dá-sentimentos e atitudes dos outros (ultrapassagem do egocentrismo) e começa a haver compreensão das relações causa/efeito mais complexas. É também durante este estádio que se dá um salto no desenvolvimento da capacidade de uso do pensamento simbólico. No início do estádio das operações concretas, a criança já é capaz de compreender a propriedade transitiva desde que aplicada a objetos concretos que tenha visto. No entanto não é ainda capaz de compreender a propriedade transitiva quando aplicada a objeto hipotéticos. Ao longo do estádio das operações concretas, a criança irá perceber as propriedades dos objetos como a conservação de volume, de massa e de comprimento. Para Piaget (1978) cada estádio de desenvolvimento integra-se no seguinte, as aquisições feitas num determinado período serão a base das aquisições a realizar no período seguinte, daí existir a necessidade que o educador conheça, por um lado, o processo de construção da inteligência infantil e por outro, tenha esses conhecimentos em conta ao planificar atividades para o nível em que a criança se encontra. O professor é um auxiliar do desenvolvimento tendo como principal papel o de promover a aprendizagem ativa das crianças.

Ao nível comportamental, para Gesel et al. (1977) aos 6 anos a criança manifesta a sua bipolaridade, salta rapidamente dum extremo para outro. “ Chora, mas o seu choro transforma-se facilmente em riso e o riso em lágrimas.” Diz gostar muito da mãe e rapidamente afirmar que a detesta. Uma caraterística dominante é a fraca capacidade de modulação. Ao nível motor passa a ser mais ativa, encontrando-se em atividade constante, querendo estar em toda a parte.

Aos 7 anos, em muitas crianças verificam-se prolongados períodos de aquietação e de concentração em si mesma, relacionando experiências novas com antigas. Nesta idade a criança é um bom ouvinte e a sua bipolaridade explosiva está a dar lugar a uma consolidação interior, atingindo um nível mais elevado de maturidade. A capacidade de socialização transparece mais claramente na escola, manifestando também um caracter de independência que se vai acentuando cada vez mais. Ao nível motor mostra-se menos brusca, sendo mais calculosa, e repete um exercício várias vezes até conseguir executá-lo bem.

As crianças de 8 anos entregam-se mais a brincadeiras de luta e a jogos violentos, sendo crianças mais saudáveis e cansam-se menos que as de 7 anos. Também no aspeto físico começam a ser mais amadurecidas, apresentando algumas modificações como prenúncio da

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puberdade. Nesta idade os dois sexos começam a enveredar por trilhos separados, levando-os a um afastamento e vergonha de tocarem uns nos outros, mesmo em brincadeiras normais. Na escola já não são tão dependentes da professora. Ao nível motor, estão constantemente ativas, os movimentos são ágeis, graciosos e elegantes, tendo consciência da sua própria postura.

Em relação à criança aos 9 anos, esta torna-se mais segura de si, adquire novas formas de dependência, que modificam a relação com a família, a escola e os companheiros. A auto motivação é a principal característica gostando de classificar, identificar e organizar a sua informação. Em geral não é agressiva e revela um grande sentido de justiça, e até mesmo sensatez. Ao nível motor a criança de 9 anos é mais hábil e interessa-se por desportos de competição. Os rapazes são impetuosos e rapidamente apresentam uma postura ativa de combate.

Aos 10 anos, as diferenças entre géneros começam a ser evidentes. A rapariga tem mais postura, bom senso e interessa-se por assuntos relacionados com casamento e família. Os rapazes exprimem os sentimentos de camaradagem com os colegas empurrando-se, enquanto as raparigas passeiam umas com as outras abraçadas. Ao nível motor, a criança gosta de estar em atividade e a sua grande paixão é a vida ao ar livre. O seu maior gosto são jogos de muito movimento, correr, deslizar, trepar, saltar, patinar e andar de bicicleta.

2.1.5- Desenvolvimento motor

O desenvolvimento motor estuda as mudanças que ocorrem no comportamento motor humano a partir dos movimentos reflexos, rudimentares até aos movimentos complexos altamente organizados e coordenados e pode ser analisado em duas vertentes, a aquisição de habilidades motoras e o estado das capacidades físico-motoras (Gallauhue & Ozmun, 2001). Esta subdivisão é essencialmente teórica porque a aquisição de habilidades é influenciada pelo nível de desenvolvimento das capacidades físico-motoras e as capacidades físico-motoras são avaliadas através de testes que determinam o desempenho motor, muitas vezes influenciado pelo nível de aprendizagem das habilidades presentes nesses testes (Martins de Carvalho, 2007).

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Quadro 1- Modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001).

Fases do desenvolvimento motor Período de idade aproximada

do desenvolvimento

Estádios do desenvolvimento motor

Fase dos Movimentos Reflexos Pré-natal aos 4 meses 4 meses a 1 ano

Codificação da Informação Descodificação da informação Fase dos Movimentos Rudimentares Nascimento até aos 12 meses

1 aos 2 anos

Inibição de Reflexos Pré-controlo Fase dos Movimentos Fundamentais

2 aos 3 anos 4 aos 5 anos 6 aos 7 anos Inicial Elementar Maduro Fase dos Movimentos Especializados

7 aos 10 anos 11 aos 13 anos 14 anos em diante

Transição Aplicação

Utilização ao longo da vida

2.1.5.1- Aquisição de habilidades

Segundo Magill (2001), habilidade motora pode-se entender como, qualquer tarefa simples ou complexa que, por intermédio da exercitação, pode passar a ser efetuada com elevado grau de qualidade, podendo chegar à automatização.

Para Meinel (1984) na primeira idade escolar (7-10 anos), o desenvolvimento é marcado pelo rápido aumento da aquisição de habilidades motoras, devido aos rápidos progressos no aspeto físico e psíquico principalmente aos 9 e 10 anos. O traço básico dominante do comportamento motor é a vivacidade e a flexibilidade. As crianças começam a dominar os seus impulsos conseguindo concentrar-se nas atividades que estão a realizar, sendo mais conservadoras e equilibradas no rendimento.

Kail (2004) considera que as habilidades motoras finas e grossas melhoram significativamente nos anos escolares, pois as crianças crescem e tornam-se mais fortes, correndo cada vez mais rápido e pulando cada vez mais longe. Quando chegam aos 11 anos as crianças conseguem lançar uma bola 3 vezes mais longe do que conseguiam aos 6 anos e saltar quase o dobro. Nas habilidades motoras grossas, as raparigas destacam-se na flexibilidade e equilíbrio, enquanto os rapazes levam vantagem em todas as habilidades que dependem da força. Já nas habilidades motoras finas as raparigas tendem em destacar-se na caligrafia.

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Segundo o modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001), na fase dos movimentos fundamentais, estes podem ser caraterizados com estabilizadores, locomotores ou manipulativos. Nos movimentos estabilizadores, a criança é envolvida em constantes esforços contra a força de gravidade na tentativa de obter e manter a postura vertical (equilíbrio). A categoria de movimentos locomotores, referem-se aos movimentos que indicam uma mudança na localização do corpo em relação a um ponto fixo na superfície, sendo o exemplo caminhar, correr, saltar, pular ou saltitar. A categoria de movimentos manipulativos, referem-se às manipulações motoras, como tarefas de arremessos, receção, chutos e interceção de objetos, que são movimentos manipulativos grossos. Como movimentos manipulativos finos podemos ter o escrever e cortar com tesoura.

Gallahue & Ozmun (2001) divide a fase dos movimentos fundamentais em três estágios: estádio inicial, estádio elementar e estádio maduro. Os movimentos locomotores, manipulativos e estabilizadores de crianças de dois anos de idade estão enquadrados no estádio inicial, que representa a primeira meta orientada da criança na tentativa de executar um padrão de movimento fundamental em que os movimentos espaciais e temporais são pobres. O estádio elementar já envolve um maior controle e coordenação rítmica dos movimentos fundamentais. As crianças de desenvolvimento normal tendem a avançar para o estágio elementar através do processo de maturação. O estádio maduro é caracterizado como mecanicamente eficiente, coordenado, e de execução controlada. As crianças atingem este estádio perto dos 5 ou 6 anos tendo potencial de desenvolvimento na maioria das habilidades fundamentais, podendo iniciar a transição para a fase de movimentos especializados. No entanto, certos padrões maduros nunca chegam a ser atingidos, pois este depende basicamente do ensino, do encorajamento e das oportunidades de prática.

A fase de movimentos especializados enquadra-se nas idades da nossa amostra. Esta fase está relacionada com a especialização e é um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas, são progressivamente refinadas e combinadas de forma a serem utilizadas em situações mais complexas e de maior grau de dificuldade. Os movimentos especializados são movimentos fundamentais que foram refinados e combinados, e podem ser agora utilizados em muitas atividades motoras complexas presentes na vida diária, na recreação e lazer, ou em atividades desportivas. Esta fase é dividida em três estágios: transição, aplicação e utilização para a vida. No estágio de transição (dos 7 aos 10 anos) a criança começa a combinar e aplicar habilidades dos movimentos fundamentais. No estágio

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de aplicação (11 aos 13 anos), a criança é capaz de realizar uma variedade de habilidades complexas, devido ao aumento da sofisticação cognitiva e da ampliação das experiências de base. Essas habilidades devem ser refinadas e aplicadas a um desporto tanto ao nível do lazer como competitivo. O estágio de utilização ao longo da vida, inicia-se por volta dos 14 anos e prolonga-se pela fase adulta. O nível de refinamento das habilidades aumenta. A performance pode variar com a participação em atividades amadoras, a desportos de alta competição ou profissionais.

2.1.5.2- Capacidades físico-motoras

Há basicamente duas escolas na sistematização das qualidades e capacidades físico-motoras. Nos autores portugueses destacamos a sistematização de Sobral, que representa a linha de pensamento anglo-saxónica e estabelece 5 qualidades e capacidades principais: coordenação, flexibilidade, força, resistência e velocidade. Cada capacidade é composta por várias subcapacidades.

Ainda na versão anglo-saxónica, Gallahue distingue as capacidades motoras e as capacidades físicas, conforme o fator motor ou o fator orgânico sejam mais determinantes para a sua expressão, considerando como capacidades motoras a coordenação motora e a velocidade, e como capacidades físicas a flexibilidade, a força e a resistência.

Um pouco nesta linha, os “autores de leste” tal como Grosser (1983), dividem-se em dois domínios as capacidades motoras desportivas: o domínio condicional (quantitativo) e o domínio coordenativo (qualitativo).

As capacidades condicionais são determinadas pelos mecanismos que conduzem à obtenção e transformação de energia, isto é, os processos metabólicos nos músculos e nos sistemas orgânicos. São predominantemente direcionadas para a condição física tendo por isso um caracter quantitativo.

As capacidades coordenativas têm um caráter qualitativo, pois constituem o pressuposto fundamental para a aprendizagem e desenvolvimento das habilidades motoras e, consequentemente, para a assimilação dos gestos técnicos de forma mais correta e eficiente.

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Estas capacidades devem ser trabalhadas nos primeiros anos de escolaridade, pois é dos 6 aos 12 anos que elas se desenvolvem, devido a existirem pressupostos sociais, psíquicos, anatómico-fisiológicos e motores favoráveis ao rápido desenvolvimento destas capacidades. Na fase da puberdade existe um rápido crescimento, facto que pode levar a estagnação ou mesmo a um retrocesso no desenvolvimento das capacidades coordenativas. As capacidades coordenativas permitem que a criança consiga aprender gestos motores e dominar de forma segura e económica as ações motoras, tanto nas situações previsíveis como imprevisíveis.

Para Gallahue & Ozmun (2001), a coordenação motora liga-se às componentes de aptidão motora, de equilíbrio, de velocidade e de agilidade. Contudo, não está diretamente ligada à força e à resistência. Quanto mais complexas forem as tarefas motoras, maior será o nível de coordenação necessário para um desempenho eficiente. Assim, o comportamento coordenado requer que o individuo desempenhe movimentos específicos em série, com rapidez e precisão considerando ainda, a integração dos sistemas motor e sensorial num padrão de ação harmonioso e lógico, como que uma combinação concordante dos deslocamentos dos segmentos corporais, no tempo e no espaço.

Segundo Lopes et al. (2003) estudar a coordenação motora de crianças em idade escolar é importante pela sua associação a aspetos ligados à aprendizagem motora e controle motor nas mais diversas tarefas do seu dia-a-dia, como também pelas implicações pedagógicas e educativas que decorrem das aulas de EF. Ao nível da ApF a bateria de testes KTK é a mais utilizada para avaliar a coordenação motora das crianças. O teste da Ria proposto por Martins de Carvalho (2007) vem aliviar a necessidade da aplicação de uma bateria completa apenas para avaliar a coordenação. Outras soluções são encontradas na literatura e em alguns casos a opção foi a de selecionar apenas um dos testes do KTK.

Ao nível da flexibilidade, Weineck (1999), refere que o género feminino apresenta uma maior flexibilidade do que o género masculino, devido às diferenças hormonais, em que o género feminino apresenta um alto nível de estrógeno que provoca uma maior retenção de água e também uma maior presença de tecido adiposo e menor massa muscular do que a observada no género masculino, proporcionando condições favoráveis a um maior nível de flexibilidade.

Para Meinel (1984) é uma das capacidades a trabalhar desde idades muito jovens. Sabe-se que ao contrário de outras capacidades, a criança nasce com uma ótima capacidade de

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flexibilidade e que esta se vai perdendo se não for trabalhada, fundamentalmente após os 10 anos. No escalão etário dos 6/10 anos, a flexibilidade é muito acentuada, devendo ser privilegiada a flexibilidade geral. Os desportos que exigem grandes amplitudes articulares obrigam a uma exercitação da flexibilidade específica em idades muito jovens (a partir dos 6 anos).

Na avaliação da flexibilidade, o teste mais utilizado nos estudos de ApF em crianças e adolescentes é o teste do senta e alcança. A sua grande utilização deve-se ao facto do movimento se assemelhar com algumas ações do quotidiano, à grande facilidade na sua aplicação e porque avalia a flexibilidade ao nível da coluna e dos músculos isquiotibiais, que estão associados à maioria das dores ao nível da coluna vertebral. Contudo, deve-se ter em conta que um elevado índice de flexibilidade na região do quadril não reflete necessariamente um bom índice em qualquer outra zona do corpo e deve ter-se também em conta os riscos associados a este teste.

Relativamente à força, Meinel (1984) refere que na fase dos 7-10 anos o desenvolvimento da força decorre relativamente lento quando não é promovido e as diferenças entre géneros não são ainda substanciais.

Na idade pré-pubertária deve-se procurar em primeiro lugar, desenvolver a força geral, com o aumento da força geral e postural. Os exercícios devem ser executados procurando a amplitude máxima dos movimentos, que evitam o encurtamento muscular prejudicial ao crescimento.

Para muitos autores a força explosiva é a capacidade representativa das capacidades motoras condicionais dos 6 aos 14 anos, sendo o seu desenvolvimento máximo entre os 16/18 anos, dependendo do grau de maturidade sexual (maior massa muscular na adolescência devido aos elevados níveis de testosterona). Segundo Eckert (1983) e Kail (2004) na infância os rapazes tendem a ser superiores às raparigas em atividades que requerem força.

Um dos testes mais utilizados para avaliar a força ao nível da ApF é a Preensão Manual, por os resultados deste teste apresentarem as correlações mais elevadas com outras provas de força resistente e força máxima.

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A capacidade de resistência aeróbia é treinável em todos os períodos, na infância e na puberdade. A finalidade do treino de resistência (componente aeróbia) é proporcionar ao jovem uma estabilidade orgânica, sobretudo do sistema cardiovascular, sendo também importante a consolidação do tecido conjuntivo e do aparelho de sustentação (ossos, ligamentos e articulações).

Segundo Léger (1996) apud Silva (2002) a potência aeróbia máxima ou consumo máximo de oxigênio (VO2máx), a eficiência mecânica e o limiar anaeróbio, são componentes que

“funcionam” de forma diferenciada na criança e no adolescente em relação ao adulto, sobretudo devido a influência da maturação.

Segundo Diniz (1998), alguns autores como Bar-or (1983) salientaram que os jovens pré-adolescentes têm poucas possibilidades de resposta positiva ao treino aeróbio, devido a níveis habituais de atividade espontânea já muito elevados, pois segundo Shephard et al. (1977) crianças com idade inferior a 8 anos não dominam suficientemente bem ao nível motor, nenhuma atividade física que lhes permita ter uma atividade física suficientemente vigorosa. Sobral (1988) refere que também existem dificuldades em estudar atividades anaeróbias em crianças pelo facto de as provas de avaliação imporem situações de prestação máxima e requererem uma grande capacidade de empenho volitivo.

Segundo Bangsbo (1994) a resistência anaeróbia láctica só deve ser desenvolvida a partir da segunda fase da puberdade (adolescência 14/15 anos), porque em idades mais baixas os jovens apresentam: menor concentração de determinadas enzimas (glicolíticas) o que implica uma atividade das enzimas glicolíticas mais baixa, uma menor tolerância ao ácido láctico, dependência da maturidade hormonal (testosterona) e maior necessidade do tempo de recuperação.

Vários são os testes utilizados para avaliar capacidade cardiorrespiratória, entre eles podemos encontrar a corrida da milha, caminhada/corrida de 1600m, corridas com a duração de 7 / 9 e 12 minutos e o teste do vaivém. Este último, tem sido o teste mais utilizado na avaliação da resistência em Portugal na última década.

Em relação à velocidade, Meinel (1984) refere que entre os 7 e os 10 anos a velocidade desenvolve-se de maneira consideravelmente rápida, existindo altas cotas de crescimento

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Figura 1- Principais fatores que regulam o crescimento. Adaptado de: Manual de Crescimento y desarrollo del  niño, Organización Panamericana de La Salud
Tabela  1-  Pontos  de  corte  de  IMC  para  o  sobrepeso  e  obesidade  referenciados  por  Cole  et  al
Tabela 2- Tabela de normalidade para a percentagem de massa gorda (crianças e adolescentes de 7 a 17 anos),  em função da idade e género
Tabela 3- Distribuição da amostra em função da idade e género.
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Referências

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