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Competências do jornalista multimédia

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Competências do jornalista multimédia

Relatório de Estágio

2º Ciclo em Ciências da Comunicação: Especialização em Jornalismo

Rita Daniela Marques Martins

Orientadora:

Prof.ª Doutora Maria da Felicidade Morais

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Competências do jornalista multimédia

Relatório de Estágio

2º Ciclo em Ciências da Comunicação:

Especialização em Jornalismo

Rita Daniela Marques Martins

Orientadora:

Prof.ª Doutora Maria da Felicidade Morais

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Relatório de Estágio apresentado por Rita Daniela Marques Martins, à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciências da Comunicação - Especialização em Jornalismo, sob orientação da Professora Doutora Maria da Felicidade Morais, Professora Auxiliar do Departamento de Letras, Artes e Comunicação.

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Índice

Resumo ... viii

Abstract ... ix

Introdução ...1

Parte I - Competências do jornalista dos nossos dias 1 – Jornalismo na era da Internet ...5

1.1 – Jornalismo online ...5

1.2 – Do jornalismo online ao webjornalismo...7

1.3 – Weblogs: uma nova forma de jornalismo? ... 11

2 – Jornalismo da atualidade ... 13

2.1 – Especificidades mais relevantes ... 13

2.2 – Estrutura do texto jornalístico na web ... 15

2.3 – Valores que permanecem ... 18

3– Jornalista multimédia ... 21

3.1 – Novos desafios à profissão ... 21

3.2 – Meios utilizados pelo jornalista multimédia ... 25

3.3 – Consequências do jornalismo multimédia ... 27

3.4 – O fim do jornalista tradicional? ... 29

Parte II - Descrição do estágio 4 – Estágio nos Serviços de Audiovisuais da UTAD ... 31

4.1 - Descrição e caracterização ... 31

5 – Apresentação das tarefas realizadas... 32

5.1 – Apoio às atividades académicas ... 32

5.1.1 – Dia Aberto ... 32

5.1.2 – Dia da UTAD ... 33

5.1.3 – Comemoração dos 25 anos do DLAC ... 34

5.2 – Apoio aos alunos da academia ... 35

5.3 – Jornal Universitário ... 36

5.4 – Filmagem ... 38

5.5 – Edição de vídeo ... 40

5.6 – Participação na UTAD TV como jornalista... 42

5.7 – Diário de imprensa ... 44

6 - Apreciação crítica do relatório de estágio ... 47

7 - Conclusão ... 49

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Índice de Figuras

Figura 1: Pirâmide invertida ... 15 Figura 2: Pirâmide deitada ... 17

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Índice dos ficheiros em CD-ROM

Apoio aos alunos da academia

Apêndice 1………...Dia Aberto

Filmagem

Apêndice 2………...Palestra Geociências Apêndice 3………GAIVA Apêndice 4……….Falso direto

Participação na UTAD TV como jornalista

Apêndice 5………....AAUTAD Apêndice 6……….Ser Cientista Apêndice 7……….TRAINEES PT Apêndice 8………...Jornadas equinicultura Apêndice 9……….Exposição Biblioteca Apêndice 10………...Universidade FM

Diário de imprensa

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viii

Resumo

Este trabalho procura descrever e refletir sobre as atividades realizadas durante o estágio, que teve uma duração aproximadamente de novecentas horas, com a função de técnico multimédia, assistente de realização e jornalista. Ao longo deste relatório, serão abordados alguns temas teóricos relacionados com o estágio, que demonstram a importância do trabalho realizado no âmbito do estágio para a vida profissional de um jornalista. Na primeira parte, de enquadramento teórico, destacam-se o webjornalismo, o jornalismo da atualidade, as competências do jornalista multimédia e a questão do fim do jornalista tradicional. A Internet veio revolucionar o jornalismo e o seu aparecimento levou a diversas transformações que se fazem sentir essencialmente nas rotinas jornalísticas e nos formatos de difusão de informação. O jornalista teve de se adaptar a este “novo” jornalismo – o multimédia –, que o “obriga” a adquirir conhecimentos audiovisuais e a saber aplicá-los a todos os meios de comunicação.

Na parte prática descrevo todas as tarefas desempenhadas ao longo do estágio realizado nos Serviços de Audiovisuais da UTAD, divididas por temas.

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Abstract

This paper seeks to describe and reflect on the activities carried out during the stage, which lasted approximately nine hundred hours, with the function of multimedia technical, assistant director and journalist. In it we will discuss some theoretical issues related to the stage, demonstrating the importance of the work performed under the stage for the life of a journalist. Highlight theoretical contents of the web journalism, journalism today, the skills of journalist multimedia and the question of the end the traditional journalist. The Internet has revolutionized journalism and its appearance has led to several changes that are felt mainly in journalistic routines and in dissemination of information formats. The journalist had to adapt to this "new" journalism - the multimedia, the "forced" to purchase audiovisual knowledge and knowing how to apply them to all media.

In the practical part I describe all the tasks performed during the training held in Audiovisual Services UTAD, divided by themes.

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Introdução

Este relatório de estágio surge no âmbito da unidade curricular de Estágio do segundo ciclo em Ciências da Comunicação, vertente em Jornalismo, da Universidade de Trás-os- -Montes e Alto Douro.

Realizei o estágio nos Serviços de Audiovisuais da UTAD, onde cumpri novecentas horas, entre os meses de janeiro e julho de 2011, com a função de técnico multimédia, colaborando nas tarefas que os serviços disponibilizam, bem como no apoio à realização do jornal universitário.

O estágio é sem dúvida uma mais-valia para os alunos, pois permite o contacto com a experiência profissional e é a melhor forma de aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos na componente curricular, bem como, por outro lado, perceber as verdadeiras dificuldades da profissão – daí a minha escolha em realizar o estágio em vez de dissertação ou projeto.

As razões que me levaram a escolher os Serviços de Audiovisuais para estagiar passaram por estes serviços me proporcionarem a oportunidade de trabalhar com alguns instrumentos multimédia que considero fundamentais para a profissão de jornalismo, como a filmagem e programas de edição. Possuir estes conhecimentos multimédia muitas vezes pode fazer a diferença no mercado de trabalho, pois cada vez mais as empresas procuram alguém que saiba fazer de tudo. Adquirir ritmo de trabalho e experiência profissional no meio televisivo foram também razões que contribuíram para a escolha deste local, apesar de a imprensa escrita ser a minha área de eleição. No jornalismo considero essencial que o profissional da comunicação saiba trabalhar para todos os meios. Anteriormente já havia realizado um estágio no jornal Notícias de Vila Real, pondo assim em prática os meus conhecimentos na área da imprensa, e vi nos Serviços de Audiovisuais uma oportunidade para adquirir experiência no mundo da televisão. Sendo a UTAD TV um autêntico laboratório de jornalismo televisivo, o facto de o seu estúdio ser nos Serviços de Audiovisuais era sem dúvida mais um bom motivo para a realização do meu estágio.

No que diz respeito aos objetivos traçados para o estágio, poderia resumi-los em acumular o máximo de aprendizagens na área audiovisual, que me pudessem vir a ser úteis no meu futuro profissional, e tirar partido da experiência técnica adquirida ao longo do estágio. Contudo, adquirir ritmo de trabalho, ganhar experiência no meio televisivo e aprender a

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2 trabalhar com câmaras e programas de edição são sem dúvida as metas que me proponho a cumprir.

Quando comecei o estágio, pretendia executar todas as tarefas que me fossem impostas com a maior qualidade de que fosse capaz e participar em todas as realizações dos estúdios, ver de perto o trabalho dos meus colegas e aprender a utilizar os equipamentos e

software.

No primeiro ponto deste relatório de estágio começo por fazer um enquadramento teórico sobre o jornalismo na era da Internet, desde o jornalismo online ao webjornalismo e quais as suas características. Destaco também os weblogs, pois atualmente são um importante meio de comunicação, bem como um novo meio de fazer jornalismo.

De seguida abordo a questão do jornalismo da atualidade, que manifesta diferenças consideráveis devido ao aparecimento da Internet, e foco as suas especificidades mais relevantes. A estrutura do texto jornalístico é também um ponto essencial no enquadramento teórico deste relatório de estágio, por isso explico as suas características e o que leva à utilização da técnica da pirâmide deitada em vez da técnica da pirâmide invertida. Apesar das mudanças que o jornalismo tem vindo a sofrer, há valores que continuam a permanecer na profissão, dos quais vou fazer uma breve descrição.

No terceiro ponto da reflexão teórica, a minha atenção recai sobre o jornalista multimédia. Começo por falar sobre os novos desafios que a profissão enfrenta, seguindo-se uma descrição dos meios utlizados pelo jornalista multimédia e quais as consequências deste “novo jornalismo”. Por fim, ainda no enquadramento teórico deste relatório, colocarei a questão do fim do jornalista tradicional, uma pergunta pertinente devido às mudanças que o jornalismo atual tem vindo a sofrer.

Na parte prática, começo com a descrição e caracterização dos Serviços de Audiovisuais da UTAD e de seguida irei descrever todo o trabalho que desenvolvi durante o estágio. Dividi esta exposição por temas para ser mais fácil a sua caracterização: apoio às atividades académicas, apoio aos alunos da academia, realização do jornal universitário, filmagem, edição de vídeo, participação na UTAD TV como jornalista e diários de imprensa.

Termino com uma apreciação crítica do estágio realizado, onde exponho as contribuições esperadas e concretizadas ao longo do mesmo e a ligação com os conteúdos do plano de estudo, bem como a apresentação das conclusões a retirar de todo este processo, que avalio tanto quanto possível de forma consciente e cuidada.

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3 Por fim, serão expostas todas as referências bibliográficas que me ajudaram a elaborar a parte teórica deste relatório, bem como a anexação em formato digital dos trabalhos realizados durante o período de estágio.

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Parte I

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1 – Jornalismo na era da Internet

1.1 – Jornalismo online

Ao longo dos últimos anos, a Internet tem-se tornado num importante meio de comunicação, e isto deve-se essencialmente à evolução técnica recente ao nível do hardware e software, à redução de preços dos equipamentos informáticos e ao crescimento da banda larga, o que, por sua vez, permitiu “unos planteamientos más experimentales en los que se desarrolan y ponen a prueba modelos informativos que exploran las características de Internet o, más particularmente, las características de la World Wide Web1” (Canavilhas 2007b: 1).

Os meios de comunicação tradicionais começaram a investir cada vez mais nas novas tecnologias desde os finais do século XX e início do século XXI. Neste contexto, surgiu o chamado “jornalismo online” que, numa primeira fase, consistiu numa simples transposição do jornalismo escrito, radiofónico e televisivo para um novo meio, a Internet (cf. Canavilhas 2003: 1).

A história dos media tem vindo a demonstrar que o nascimento de novos meios de comunicação vem introduzir novas rotinas jornalísticas adaptadas às características do novo meio, como aconteceu com o surgimento da rádio e por conseguinte da televisão. No entanto, no caso da Internet o processo inicial de adaptação foi um pouco mais demorado no que diz respeito ao aproveitamento de todas as suas potencialidades, “factores de naturaleza técnica, económica y de recursos humanos, han hecho que la web se limite a distribuir contenidos informativos idênticos a los que ya existen en los médios tradicionales” (Canavilhas 2007b: 2).

Os meios jornalísticos impressos, radiofónicos e televisivos começaram a criar versões online, pois temiam a Internet como uma ameaça à sua sobrevivência, mas apesar de a Internet ser um meio multimédia o texto continua a ser o ponto de partida para quem procura informação. A adaptação a este novo meio não foi de todo fácil, mas surgiu a necessidade de descobrir as suas características e de investir neste novo jornalismo, preparando os profissionais da comunicação para uma nova realidade.

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A Internet e a World Wide Web são duas coisas diferentes, embora estreitamente relacionadas. A Internet é um sistema que conecta milhões de computadores globalmente entre si, formando uma rede na qual qualquer computador pode comunicar com o outro, desde que estejam ambos ligados à Internet. Por sua vez, a World Wide Web é uma das formas de ter acesso à informação através da Internet, utilizando navegadores como o Internet Explorer ou Mozilla Firefox, para ter acesso às chamadas páginas Web.

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6 Esta nova realidade impôs ao jornalismo algumas mudanças que se fizeram sentir essencialmente na procura de informação, nas rotinas jornalísticas de produção de informação e nos formatos de difusão da mesma.

Neste processo de adaptação aos recursos da Internet, o jornalismo online foi adquirindo algumas especificidades, entre as quais se destacam a interatividade, existe a possibilidade de o leitor interagir e participar, o hipertexto, estabelecem-se ligações para outros textos e páginas, e a instantaneidade, as notícias são publicadas no momento. Um problema está no contacto com as fontes de informação, na medida em que as diversas fontes disponíveis aos jornalistas exigem uma maior atenção no momento de escolha da melhor fonte, estando não raro em causa o apuramento da credibilidade da mesma. Qualquer pessoa com acesso à Internet facilmente entra em contacto com o jornalista e a instantaneidade faz com a informação chegue rapidamente ao profissional. As fontes muitas vezes são os próprios leitores que têm mais informação para dar, o que redobra o trabalho do jornalista, que tem que selecionar e verificar se os factos são credíveis.

As potencialidades que a Internet proporciona estão a ser cada vez mais aproveitadas pelos jornalistas e nas plataformas online quase todas as notícias possuem conteúdos multimédia; em consequência do reconhecimento das vantagens da publicação na Internet, é cada vez mais importante a aquisição de novas ferramentas técnicas por parte dos jornalistas.

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1.2 – Do jornalismo online ao webjornalismo

O conceito mais adequado para classificar o jornalismo da Web sempre foi tema de discussão na área da comunicação. Quando falamos de uma linguagem jornalística, falamos também de técnicas de redação e de toda a construção de uma notícia. Para referir esta nova realidade, tornou-se necessário encontrar um conceito que englobasse todas estas características. O autor Cabrera Gonzalez (2000), apud Canavilhas (2007b),identifica quatro modelos de jornalismo online que correspondem a diferentes fases de evolução.

A primeira fase “denominada facsímile, corresponde a la reproducción simple de la versión impresa de un periódico, a través de su digitalización o de un PDF” (Canavilhas 2007b: 3).

A segunda fase chamada de “modelo adaptado – se caracteriza por seguir utilizando los mismos contenidos de las versiones escritas, pero empiezan a ser integrados enlaces en los textos” (Canavilhas 2007b: 3). Neste caso o jornalismo apenas oferece textos num diferente suporte, sem usar recursos multimédia. A Web passa a ser utilizada como meio de difusão de informação.

A terceira fase de evolução do jornalismo na Internet denomina-se de “modelo digital en la que los periódicos presentam un layout pensado y creado para la Web” (Canavilhas 2007b: 3). O recurso ao hipertexto e a possibilidade de comentar a informação em tempo real são presença obrigatória. As notícias de última hora representam um fator de diferenciação das versões em papel, pois estão constantemente a ser atualizadas. No entanto, esta evolução tecnológica não está presente apenas na Internet, mas também em todos os meios de comunicação. A introdução do computador no processo de criação da notícia é uma evolução comum em todos os meios, de modo que a expressão “jornalismo digital” não seria suficiente para caracterizar o jornalismo para a Web.

A quarta e última fase de evolução, apresentada como “modelo multimédia”, caracteriza-se por:

Las publicaciones sacan el máximo partido de las características del médio, sobre todo en lo que toca a la interactividade y a la oferta de sonido, imágenes fijas (fotografia o ilustraciones) y gráficos. En este modelo empiezan a notarse las propriedades de un nuevo linguaje debido a la integración de diferentes elementos multimédia en el texto (Canavilhas 2007b: 4).

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8 Esta fase é sem dúvida o modelo atual de jornalismo na Internet. É a este modelo que corresponde o conceito de “webjornalismo”.

Considerando que o conceito de jornalismo está diretamente relacionado com o suporte técnico e o meio que difunde as notícias, a palavra webjornalismo é sem dúvida a mais adequada, uma vez que este termo realça a influência das características da Internet sobre o próprio texto/documento jornalístico:

Webjornalismo es el periodismo que utiliza las herramientas de Internet para investigar y producir contenidos periodísticos difundidos por la Web, y que tiene un lenguage próprio compuesto por textos, sonidos, imagénes y animaciones, conectados entre sí a través de enlaces (Canavilhas 2007b: 6-7).

Cada meio de comunicação tem características muito próprias, “a rádio diz, a televisão mostra e o jornal explica” (Canavilhas 2003: 2) e a Internet não foge à regra. Utilizar este novo meio como um simples canal de difusão de conteúdos já existentes e não aproveitar as suas potencialidades seria um desperdício. A recente introdução do conceito de webjornalismo, a distinguir de jornalismo online, procura dar conta desta nova realidade, que vai para além da mera alteração quanto ao meio de difusão.

A interatividade é um novo elemento utilizado no webjornalismo, a possibilidade de interação direta entre o jornalista e o leitor é um grande trunfo que é, e deve ser, explorado. Num jornal tradicional, o leitor que discorda de uma determinada ideia veiculada pelo jornalista pode enviar uma carta para o jornal e a aguardar a sua publicação numa edição seguinte. O que acontece por vezes é a carta ser publicada dias depois, perdendo completamente a atualidade, ou então o jornalista não responde, ou fá-lo de forma a encerrar a discussão, fechando a porta a retaliações. No webjornalismo a resposta pode ser imediata, bastando o jornalista assinar a peça com o seu endereço eletrónico ou então ter um espaço de opinião, onde seja possível o leitor deixar o seu comentário2 (cf. Canavilhas 2003: 2).

Num webjornal faz todo o sentido utilizar um conjunto de pequenos textos hiperligados entre si, dando a oportunidade ao leitor de escolher o caminho a seguir – é a isto que se chama “hipertexto”, sendo esta característica uma das grandes vantagens da Internet. Por outro lado, o webjornal pode disponibilizar vídeos, sons, imagens, animações e ainda

2

De notar que em muitos jornais online de referência atuais é habitual haver espaço para comentários, geralmente de leitores registados. A par de comentários de muitos anónimos, encontram-se outros de figuras de áreas importantes na sociedade, o que nos outros meios de comunicação não é possível acontecer.

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9 oferece a possibilidade de outras hiperligações a textos e outros elementos, aumentando deste modo a profundidade da leitura e da informação. Com o hipertexto, a seleção da informação está agora na mão do leitor.

Quanto às técnicas de escrita recomendadas, os webjornalistas (ou ciberjornalistas) devem ser concisos, exprimindo uma ideia por parágrafo e utilizar quando possível, hiperligações nas palavras-chave do texto, não exagerando nos elementos multimédia, de forma a não dificultar a leitura. Os princípios de construção de uma web notícia são necessariamente diferentes e têm como objetivo principal que o usuário não se perca na rede de hiperligações, garantindo a informação necessária para a compreensão da notícia (cf. Canavilhas 2007b: 61). Outra particularidade relevante do webjornalismo diz respeito à forma como são lidos os textos:

Um estudo efetuado por Jacob Nielsen e John Markes revela que a esmagadora maioria das pessoas que navegam na Internet (79%) não lê as notícias palavra por palavra, limitando-se a fazer uma leitura por varrimento visual (scan the page) à procura de palavras ou frases (Canavilhas 2003: 3).

A leitura não linear é outro elemento característico no webjornalismo devido à integração de elementos multimédia. Quando estamos diante de

um texto ou imagem se verifica imediatamente uma associação mental entre os dois campos. Assim, a disponibilização de um complemento informativo permite ao indivíduo recorrer a ele sem que isso provoque alterações no esquema mental de percepção da notícia, mas esse é precisamente o objectivo do webjornalismo: um jornalismo participado por via da interacção entre emissor e receptor (Canavilhas 2003: 4).

O som é outro elemento com muito potencial no webjornalismo, dando credibilidade e objetividade à notícia. A rádio fornece neste campo algumas das suas especificidades à webnotícia.

A rádio como meio encontra na voz o seu veículo privilegiado, aquele que lhe permite chegar aos ouvintes, que amputados de todos os outros sentidos como a visão ou o olfato encontram um espaço de criação nesta ausência, que constitui no fundo a própria especificidade da rádio (Bessa 2004: 4).

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10 No webjornal, o texto pode assim ganhar voz, tirando proveito desta mais-valia anteriormente quase exclusiva da rádio.

A imagem é também utilizada na webnotícia; fotografias e vídeos só a enriquecem, pois dão veracidade e objetividade à notícia: “o vídeo assume no webjornal um caráter legitimador da informação veiculada no texto” (Canavilhas 1999: 5).

A par das características já descritas existem ainda outros recursos importantes que podem e devem ser utilizados nos jornais online, a saber: distribuição, personalização e periodicidade.3

No que diz respeito à distribuição, o leitor pode receber os títulos e os principais destaques das categorias escolhidas no seu e-mail, através de uma assinatura do jornal online. Quanto à personalização, através das escolhas feitas pelo leitor, o jornal pode tornar-se num boletim informativo que garanta a informação mais importante a cada momento, destacando as áreas de interesse do leitor. E, por fim, a periodicidade não deve existir num webjornal. Uma vez que a atualização é constante e os destaques estão constantemente a ser alterados, não faria sentido que, por exemplo, houvesse uma hora certa para publicar as notícias. Estes são apenas mais três exemplos de recursos que os jornais online utilizam, mas devido aos avanços da tecnologia, às potencialidades da Internet e às exigências do leitor, cada vez mais novos elementos estão a surgir e facilmente são adaptados ao webjornalismo.

A introdução de todos estes elementos não textuais permite ao leitor explorar a notícia de uma forma mais pessoal, mas exige do jornalista uma preparação extra para produzir este verdadeiro documento multimédia (cf. Canavilhas 2003: 5-7). Falamos então em webjornalistas, um conceito que indica que o jornalista passa a ser também produtor de conteúdos multimédia.

3

A maioria dos webjornais, entre eles, as páginas de internet dos jornais de referência, disponibiliza atualmente, aos utilizadores, estes serviços.

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1.3 – Weblogs: uma nova forma de jornalismo?

Os blogs surgiram no final da década de noventa e rapidamente se tornaram uma importante ferramenta de comunicação.

Eles surgem trazendo consigo o livre direito de se comunicar via Internet, estando disponível e ao mesmo tempo ao alcance de qualquer um. Talvez seja esse o grande diferencial que o sistema tem como chamariz: a acessibilidade para todos. Nunca nenhuma outra mídia ofereceu tanto espaço e visibilidade como a Internet oferece e os weblogs surgem como passaporte para esse novo mundo (Mattoso 2003: 27).

Acessíveis a todos os internautas, os blogs possuem textos atualizados, hiperligações para páginas especializadas e sistema de comentários, o que os torna uma grande fonte de informação. Muitas vezes são mantidos por profissionais de uma determinada área, e encontra-se ali reunida uma vasta informação, rica, variada e sobretudo atual, quer sobre temas específicos, quer sobre generalidades.

Após a explosão dos blogs, surge na Internet uma nova forma de fazer jornalismo. “Os ‘journal-style weblogs’ mudaram o conceito de ‘lista de links com comentários e opiniões pessoais’ para um modelo de ‘website atualizado’ frequentemente com novos textos postos no topo da página” (Mattoso 2003: 33).

Começam então a aparecer os blogs jornalísticos4, que transmitem não só questões pessoais e uma visão crítica dos acontecimentos, como se tornam também um meio de debate sobre a atualidade. Esta “nova” forma de jornalismo não se baseia diretamente nas fontes de informação tradicionais, mas sim nas notícias, críticas, opiniões e no trabalho realizado pela imprensa em geral.

Fazer jornalismo nos blogs torna-se assim possível. No entanto, isto não significa que qualquer pessoa que crie um blog, o atualize e publique conteúdos noticiosos seja necessariamente um jornalista.

Os blogs possuem todos os meios que permitem uma atividade jornalística mais completa que a tradicional: publicam texto, imagem, áudio e vídeo, possibilitam uma

4

“Um estudo feito em 2006 pelo Bivings Group concluiu que 80 em cada 100 jornais diários nos Estados Unidos tinham pelo menos um blog de repórter em seus sites. Em 67 desses blogs, os leitores podiam adicionar seus comentários” ( Briggs 2007: 55).

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12 publicação rápida e fácil e são também um espaço público de grande alcance e, acima de tudo, interativo. Como afirma Leitão (2010):

No blog, mesmo compreendendo que existem blogs coletivos, o jornalista realiza todo o processo de criação da notícia, edita, formata, publica e recebe o feedback da informação transmitida. O jornalista é participante ativo na definição do que será notícia, na construção desta, na decisão do enfoque que será dado ao texto, quem será entrevistado, que palavras serão usadas. Ele sozinho detém o poder de informar.

Vários analistas dos media sugerem que cada repórter tenha o seu blog.

Isso pode não ser viável, mas muitos blogs de jornalistas de sucesso estão atualmente online, permitindo ao blogueiro/repórter cultivar uma comunidade com os leitores para testar ideias, receber feedback instantâneo e direto, e publicar no menor tempo possível (Briggs 2007: 54).

Um bom blog pode ajudar a aumentar a credibilidade de um jornalista numa determinada área, na medida em que ele pode publicar informações que normalmente ficariam de fora nas coberturas jornalísticas tradicionais. Por outro lado, “também ajuda a empresa jornalística a estabelecer uma relação mais profunda com seus leitores e contribuiu para aumentar a sabedoria popular, beneficiando a cobertura do repórter” (Briggs 2007: 54).

Os blogs são o resultado da evolução tecnológica, à qual o jornalismo tem vindo a adaptar-se. Por isso, o jornalismo nos blogs é possível e não é melhor nem pior do que o jornalismo feito nos outros meios de comunicação: é diferente. Trata-se de um novo formato que tem vindo a sofrer algumas mudanças, adaptando-se à evolução das ferramentas proporcionadas pela Internet, e que tem sido aproveitado nesta arte que é o jornalismo.

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2 – Jornalismo da atualidade

2.1 – Especificidades mais relevantes

O jornalismo que é feito na atualidade é sem dúvida diferente do que era feito há poucas décadas. Grande parte das diferenças resulta da adaptação a novos meios, especialmente a Internet. Diferenças muito significativas são a ubiquidade e a instantaneidade.

A notícia, atributo divino, tornou-se ubíqua – está em toda a parte, instantaneamente. E a reportagem vive também com mais preemência [sic] o preço dessa instantaneidade: é preciso noticiar sobretudo depressa, e eventualmente, se possível, bem. Interessa cada vez mais a velocidade com que os conteúdos são disponibilizados. Os antigos manuais de jornalismo ensinavam os estudantes a máxima de que ‘nada é tão velho como jornal do dia anterior’. Agora já não é precisamente assim – podemos muito bem estar a falar da novidade de há poucas horas atrás (Gradim 2000: 185).5

O jornalismo na Internet depende, nos nossos dias, da combinação de vários meios, pelo que recebe a designação de jornal multimédia. Deuze (2004) destaca dois tipos de recursos principais – a integração de diferentes meios semióticos (imagem, som, texto) e a difusão em diferentes suportes:

first, as the presentation of a news story package on a website using two or more media formats, such as (but not limited to) spoken and written word, music, moving and still images, graphic animations, including interactive and hypertextual elements; secondly, as the integrated (although not necessarily simultaneous) presentation of a news story package through different media, such as (but not limited to) a website, a Usenet newsgroup, e-mail, SMS, MMS, radio, television, teletext, print newspapers and magazines (a.k.a. – [also known as] horizontal integration of media).

Estas especificidades decorrem da adaptação do jornalismo à era multimédia, que trouxe novos hábitos em diversos aspetos, em particular ao nível da leitura, do modo como se vê e como se lê, bem como a capacidade de gerir simultaneamente múltiplas tarefas:

5

É significativo que a preocupação com a qualidade da forma da informação não seja considerada muito relevante – a autora põe o foco na pressa, apresentando só depois a preocupação com a qualidade.

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reading: people read less print, but apparently do read online—especially when they are interested in the topic on offer[…]; watching: media historian Mitchell Stephens (1998) has suggested what we are witnessing in the contemporary media sphere is a ‘rise of the image, and fall of the word’; this does not necessarily mean that people only watch television and do not read books anymore—it means that our understanding of events and the way we perceive the world around us are increasingly contextualized by the manipulation and high-speed editing of images and video; listening: people still listen to radio, but increasingly do so online through Internet radio stations while performing other tasks, which coincides with trends in watching television[…]; multitasking: what typifies contemporary media users best seems to be the title of “multitasker”, as people increasingly engage in the consumption and production of information in different media simultaneously: we watch TV (with the sound muted in order to be able to have a phone conversation), browse though a newspaper or magazine, and type in queries in search engines on topics we feel are relevant to us—all at the same time (Deuze 2004: 146-147).

A Internet é sem dúvida o meio que mais impôs mudanças no jornalismo, começando pelas notícias. Estas para além de serem objetivas e atuais têm de ser imediatas, ou seja, devem ser noticiadas instantaneamente na web. Esta é uma das diferenças que existem entre o antigo jornalismo e o atual.

Os jornalistas viram-se “obrigados” a saber escrever para a web e a saber utilizar todos os seus conteúdos multimédia.

Neste contexto, alteraram-se naturalmente as rotinas jornalísticas. A procura de informação antes era feita sempre no terreno, no contacto com as pessoas, atualmente esta não dispensa a pesquisa na web, o contacto por e-mail, muitas vezes sem sair da secretária. Na redação das notícias, a principal preocupação era escrever num estilo acessível, hoje em dia para além disso é necessário complementar a notícia com conteúdos multimédia, tornando-a assim mais abrangente.

Alguns sítios da Internet de órgãos de comunicação social começaram por ser apenas transposições de conteúdos da versão impressa para a digital. No entanto, rapidamente enriqueceram os seus sites com elementos multimédia, como links, áudio, vídeo, arquivo online, inquéritos e mais recentemente com a presença nas redes sociais, como por exemplo, o Facebook e o Twitter, que incitam aodebate e comentário por parte dos leitores.

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2.2 – Estrutura do texto jornalístico na web

Quando se fala na estrutura de textos de notícia, pensa-se imediatamente na técnica da pirâmide invertida. (Figura 1) Esta é uma das técnicas mais comuns para elaborar um bom

lead direto.

Significa, muito simplesmente, que numa notícia, a seguir ao lead, todas as restantes informações são dadas por ordem decrescente de importância, de forma que, à medida que se vai descendo no corpo da notícia, os factos relatados se vão tornando cada vez menos essenciais, (Gradim 2000: 61)

ou seja, a informação mais importante encontra-se no topo da pirâmide e basta uma leitura deste para se ficar a compreender o geral da notícia, poupando tempo ao leitor.

Figura 1: Pirâmide invertida Fonte: Canavilhas 2007a: 5

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16 Esta técnica tem, no entanto, levantado algumas questões a nível profissional e académico, pois o uso da pirâmide invertida era adequado à publicação em papel6, mas a Internet abriu novas perspetivas. Com o desenvolvimento do jornalismo na web, esta discussão acentuou-se. Alguns autores insistem na importância da pirâmide invertida nos meios online. Outros reconhecem a importância desta técnica nas notícias de última hora mas consideram-na uma técnica limitadora quando se fala de géneros jornalísticos que podem tirar partido das potencialidades do hipertexto (cf. Canavilhas 2007a: 6-7).

As prioridades de um jornalista de imprensa em papel são diferentes das de um jornalista que escreve para a web. Enquanto o primeiro dá primazia à dimensão do texto e à preocupação com possíveis cortes para encaixar a notícia num determinado espaço no jornal, o segundo deve focar-se na estrutura da notícia, uma vez que dispõe de um espaço tendencialmente ilimitado e pode utilizar recursos como o hipertexto.

Nos últimos anos, o webjornalismo tem vindo a adotar uma técnica diferente da usada na imprensa escrita: a chamada pirâmide deitada.

A quantidade e variedade de informação disponibilizada é a variável de referência, com a notícia a desenvolver-se de um nível com menos informação para sucessivos níveis de informação mais aprofundados e variados sobre o tema em análise (…) Por aproximação à representação gráfica da técnica da pirâmide invertida, verificamos que esta arquitectura sugere uma pirâmide deitada. Tal como acontece na pirâmide invertida, o leitor pode abandonar a leitura a qualquer momento sem perder o fio da história. Porém, neste modelo é-lhe oferecida a possibilidade de seguir apenas um dos eixos de leitura ou navegar livremente dentro da notícia (Canavilhas 2007a: 13-14).

A pirâmide deitada tem assim quatro níveis de leitura: o lead que responde ao essencial, às perguntas o quê, quando, onde e quem; um nível de explicação que completa a informação essencial do acontecimento e responde às questões por quê e como; um nível de contextualização, onde é dada mais informação, que pode ter formato em vídeo, som, imagem ou infoanimação; e um nível de exploração que liga o artigo a arquivos externos ou a outras publicações. (Figura 2)

6

A estrutura da pirâmide invertida era a mais adequada à versão em papel porque muitas vezes eram necessários cortes ao texto, por razões gráficas ou por serem demasiados extensos. Os jornalistas tinham também de enviar os seus textos por telégrafo ou telex e pretendiam assegurar-se de que o mais importante chegaria à redação.

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17

Figura 2: Pirâmide deitada

Fonte: Canavilhas2007a: 15

Assim, cada leitor continua o trajeto de leitura de acordo com as expectativas e os interesses que tem em relação a cada elemento de informação. O que significa um reforço do papel do leitor no processo de comunicação, pois é o próprio leitor que vai decidir o que quer ler ou o que não quer ler; cabendo ao jornalista produzir os conteúdos de modo a deixar rotas possíveis para as diversas necessidades dos usuários. Em resumo,

a pirâmide deitada é uma técnica libertadora para utilizadores, mas também para jornalistas. Se o utilizador tem a possibilidade de navegar dentro da notícia, fazendo uma leitura pessoal, o jornalista tem ao seu dispor um conjunto de recursos estilísticos que, em conjunto com novos conteúdos multimédia, permitem reinventar o webjornalismo em cada nova notícia (Canavilhas 2007a: 16).

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2.3 – Valores que permanecem

O jornalismo tem vindo a sofrer ao longo do tempo diversas transformações em vários níveis, mas há valores que permanecem inalteráveis. Esta profissão continua a exigir do jornalista elevadas capacidades profissionais, elevados conhecimentos e uma boa cultura geral. Exige ainda atenção à atualidade, domínio de vários assuntos e discernimento para distinguir o essencial do acessório. Um bom jornalista tem que estar preparado para tudo e muitas vezes é exposto a sacrifícios físicos, tem que possuir conhecimentos de direito e deontologia para saber até onde ir sem pôr em causa o órgão de comunicação onde trabalha. É essencial dominar a língua materna e entender outras línguas, principalmente a língua inglesa, tem que ser humilde e aceitar críticas fundamentadas ao seu trabalho, tem que ser curioso, dinâmico e ter iniciativa.

Nas palavras de Gradim (2000), o jornalista deve ainda ser

inteligente, pensar pela sua própria cabeça, possuir uma dose suficiente de sentido crítico, e auto-estima em níveis razoáveis para não se deixar influenciar indevidamente pelos outros nem sucumbir a pressões. Num certo sentido, será individualista. Gozando profissionalmente de grande autonomia e liberdade de movimentos quando realiza um serviço, ele é juiz e soberano do seu próprio trabalho; e quando toma decisões, deverá ter a certeza de que foram as melhores decisões possíveis, quer quanto ao material noticioso, quer quanto aos seus pares – que podem simplesmente estar a fazer coisas diferentes ou de outra maneira (Gradim 2000: 35).

Todos estes aspetos caracterizam o quotidiano do jornalista, seja em rádio, imprensa, televisão ou Internet, mesmo com as novas formas de obtenção e difusão de informação. Os valores do jornalismo tradicional continuam válidos na atualidade: a imparcialidade, o rigor, a veracidade e a objetividade são ainda requisitos do texto jornalístico, independentemente da plataforma usada para divulgação do texto. O que mudou foi essencialmente a apresentação dos conteúdos jornalísticos.

Do ponto de vista deontológico e legal, não há regulamentação específica da atividade do webjornalista – devendo, portanto, este reger-se por normativos como o Estatuto do Jornalista, o Código Deontológico do Jornalista, as leis da imprensa, rádio e televisão, bem

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19 como outras orientações emanadas da ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

Independentemente do meio em que estão inseridos, um indivíduo é considerado jornalista quando, segundo o Estatuto do Jornalista, aprovado em 13 de janeiro de 1999, tem

como ocupação principal, permanente e remunerada, exerce funções de pesquisa, recolha, selecção e tratamento de factos, notícias ou opiniões, através de texto, imagem ou som, destinados a divulgação informativa pela imprensa, por agência noticiosa, pela rádio, pela televisão ou por outra forma de difusão electrónica.

O Código Deontológico do Jornalista, aprovado em 4 de maio de 1993, pelo Sindicato dos Jornalistas, apresenta as máximas da profissão, das quais importa aqui salientar as seguintes: “O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade”; “O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem provas e o plágio como graves faltas profissionais”; “O jornalista deve assumir a responsabilidade por todos os seus trabalhos e actos profissionais”; “O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da cor, raça, credos, nacionalidade, ou sexo;” “O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos excepto quando estiver em causa o interesse público”; “O jornalista não deve valer-se da sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesse”.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social, criada pela Lei nº 53/2005, de 8 de novembro, substituindo a antiga Alta Autoridade para a Comunicação Social, é

uma pessoa colectiva de direito público, dotada de autonomia administrativa e financeira e de património próprio, com natureza de entidade administrativa independente, exercendo os necessários poderes de regulação e de supervisão. Tem por objecto a prática de todos os actos necessários à prossecução das atribuições que lhe são cometidas pela Constituição, pela lei e pelos presentes Estatutos (cf. Lei nº 53/2005).

A Lei da Imprensa, Lei n.º 2/99, de 13 de janeiro7,consagra: “o reconhecimento dos direitos e liberdades fundamentais dos jornalistas, o direito de fundação de jornais de quaisquer outras publicações, independentemente de autorização administrativa, caução ou

7

A Lei n.º 2/99, de 13 de janeiro, foi retificada pela Declaração de Rectificação n.º 9/99, de 18 de fevereiro, e alterada pelo artigo 95.º da Lei n.º 19/2012, de 8 de maio.

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20 habilitação prévias e o direito de livre impressão e circulação de publicações, sem que alguém a isso se possa opor por quaisquer meios previstos na lei”. Segundo a Lei da Imprensa, “integram o conceito de imprensa, […] todas as reproduções impressas de textos ou imagens disponíveis ao público, quaisquer que sejam os processos de impressão e reprodução e o modo de distribuição utilizado”.

A Lei da Rádio,Lei n.º 54/2010, de 24 de dezembro, “tem por objecto regular o acesso à actividade de radiofusão sonora e o seu exercício no território nacional”. Segundo a Lei da Rádio, radiofusão consiste na “transmissão unilateral de comunicações sonoras, por meio de ondas radioeléctricas ou de qualquer outra forma apropriada, destinada à recepção do público em geral”.

A Lei da Televisão, Lei n.º 8/2011, de 11 de abril, “tem por objecto regular o acesso à actividade de televisão”. Segundo a mesma lei, a atividade de televisão “consiste na organização, ou na selecção e agregação, de serviços de programas televisivos com vista à sua transmissão, destinada à recepção do público em geral”.

Também entre os jornalistas, parece assumir-se como natural a ligação entre jornalismo e webjornalismo. Num inquérito conduzido por Bastos (2010) junto de webjornalistas portugueses (englobando jornais, revistas, rádios, televisões e jornais publicados exclusivamente na Web), a análise das respostas a questões sobre ética levou o autor a concluir:

A percentagem é sobremaneira eloquente: 96.9% dos respondentes consideram que, em termos de ética, jornalistas e ciberjornalistas devem partilhar os mesmos valores e standards. Deste modo, em vez de uma posição de ruptura com a tradição, verifica-se antes uma lógica de continuidade e assumpção do património ético adquirido (Bastos 2008: 188).

Os mesmos inquiridos reconhecem, no entanto, que o webjornalismo levanta novas questões éticas – em grande parte, decorrentes da indefinição legal em assuntos relacionados com a Internet, a par de outras questões com a política de hiperligações e as novas formas de pressão comercial e de marketing (cf. Bastos 2008: 188).

Em conclusão, reconhece-se que o webjornalismo deve seguir os normativos que regulam o jornalismo da imprensa, rádio e televisão, não estando previstas na lei normas específicas para a atividade do webjornalista.

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3– Jornalista multimédia

3.1 – Novos desafios à profissão

Desde o aparecimento da Internet, cada vez mais se ouve falar em jornalismo multimédia. Como reagem os jornalistas às novas tarefas que lhes são atribuídas? Quais as mudanças mais evidentes neste “novo” jornalismo? Miguel Gaspar, jornalista do Diário de

Notícias, descreve-nos muito bem, no artigo em baixo, o jornalista do século XXI.

O jornalista multimédia

01 abril 2005

O "jornalista multimedia" é uma das mais interessantes ficções mediáticas surgidas nos últimos anos. A ideia soa a fresco, a tecnológico, a moderno. Na verdade, soa a económico. Mas o que é, exatamente, o jornalista multimédia, com aspas ou sem elas?

A ideia de partida é a de um jornalista polivalente, capaz de trabalhar para todos os meios, ou seja, imprensa, televisão, rádio ou Internet. E, à partida, a ideia parece virtuosa.

No plano prático, as aplicações do conceito traduzem outra realidade, que é a de uma adequação do jornalista ao universo da concentração dos média, onde cada grupo dispõe de órgãos de comunicação de todos os tipos. E o jornalista, em vez de trabalhar para o jornal ou para o canal de televisão, trabalha para o jornal e para o canal de televisão. Ou para mais meios.

Isto coloca vários problemas. Desde logo, e à cabeça, o dos direitos de autor. Mas também o facto de se pressupor que o jornalista é uma espécie de operador técnico de génio que consegue fazer uma entrevista enquanto segura uma câmara, um microfone, um gravador e um bloco notas (ou mesmo um telemóvel). Seria necessário o contributo de Luís de Matos para ter êxito nessa ciclópica tarefa. Mesmo assim, não deixaria de ser um truque.

As tentativas de desmultiplicação dos profissionais da informação surgidas por esse mundo fora não têm obtido grandes resultados. Ele contribui para uma desvalorização do papel do jornalista e representa uma sujeição

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absoluta deste a uma estratégia de rentabilização que é, na verdade, ilusória e contraproducente.

Um efeito lateral desta ilusão é o escamotear de algo realmente importante. É que o jornalismo contemporâneo é, de facto, multimedia e o seu desempenho exige dos jornalistas uma compreensão da linguagem específica de todos os meios. A Internet introduziu essa mudança, ao afirmar-se como espaço jornalístico autónomo, onde se combinam todas as linguagens dos meios offline. A isso, a Internet acrescenta especificidades como a bidireccionalidade, a pesquisa online e o hipertexto.

Devido à Internet, as pessoas vão mudar o modo como se relacionam com a informação. No sentido em que se habituam a organizá-la por si próprios e a procurar a informação associando palavras e conceitos, na lógica do hipertexto.

A revolução não se traduz em proezas tecnológicas baratas, mas numa mutação da forma de pensar o jornalismo. Ter essa compreensão multilingue do jornalismo é a chave para compreender os caminhos da mudança na maneira de contar histórias. E a verdadeira questão é saber se os jornalistas vão acompanhar os leitores...

Miguel Gaspar miguel.gaspar@dn.pt

Este artigo de opinião do jornalista Miguel Gaspar mostra um jornalista capaz de trabalhar para todos os meios de comunicação e de dominar todos os equipamentos multimédia. Hoje em dia, o jornalista, para além de desempenhar o seu trabalho, tem de saber filmar, fotografar, editar e ainda publicá-lo na Internet. No entanto, Miguel Gaspar destaca o problema dos direitos de autor e a dificuldade do profissional em conseguir realizar tantas tarefas ao mesmo tempo, o que muitas vezes pode pôr em causa a qualidade do seu trabalho.

Também entre os investigadores que se interessaram pelo webjornalismo surge a questão das novas exigências. Há cerca de uma década, Gradim (2002) apresentava como “jornalista do futuro” alguém que, em larga medida, representa já grande parte dos jornalistas da atualidade:

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O jornalista do futuro será uma espécie de MacGyver. Homem dos mil e um recursos, trabalha sozinho, equipado com uma câmara de vídeo digital, telefone satélite, laptop com software de edição de vídeo e html, e ligação sem fios à Internet. One man show será capaz de produzir e editar notícias para vários média: a televisão, um jornal impresso, o site da empresa na Internet, e ainda áudio para a estação de rádio do grupo. Esta é pelo menos a visão dos entusiastas da convergência, o super eficiente jornalista multimédia que revoluciona a produção e transmissão de notícias do futuro, e de que haverá alguns exemplares no mercado. Que apaixona alguns, mas atemoriza outros (Gradim 2002: 1).

O jornalista está assim perante uma nova realidade profissional e tem de se adaptar a um “novo jornalismo, o multimédia, que usa uma combinação de textos, fotos, vídeo, áudio, animação e gráficos, apresentados num formato não linear e não redundante que intensifica as possibilidades de escolha do leitor” (Gradim 2002:7).

O jornalista multimédia tem assim de conseguir trabalhar com todos os instrumentos da sua profissão e, no caso da Internet, colocar a informação online o mais rápido possível, ainda mesmo no local do acontecimento, e enviar o seu trabalho já editado para a redação.

É cada vez mais comum o aparecimento do chamado jornalista móvel, conhecido também por “mojo”8

. Este jornalista mochileiro pode carregar consigo uma grande quantidade de ferramentas para o local do acontecimento para produzir notícias de uma forma totalmente multimédia.

Como exemplo deste profissional temos o jornalista móvel Kevin Sites do Yahoo, que viajou para países de guerra para descrever o que se passava no local. Uma das suas reportagens, “In The Hot Zone”, no Yahoo News, foi lida semanalmente por 2 milhões de leitores, em 2006 (Briggs 2007: 41).

Uma das regras fundamentais do jornalista móvel é “manter um fluxo constantemente atualizado de informações locais na Web – independentemente dos critérios tradicionais de avaliação de noticiabilidade, para desenvolver a leitura tanto da versão online como da impressa do seu jornal” (Briggs 2007: 41).

Os desenvolvimentos tecnológicos, aliados a uma crescente competição entre órgãos de comunicação social que funciona ao ritmo do minuto a minuto, tornam mais significativos os constrangimentos de tempo com que o jornalista se depara. É preciso chegar cedo, escrever

8

Os “mojos” são cada vez mais comuns no jornalismo, o que pode indicar um futuro em que os jornalistas são cada vez mais móveis e flexíveis na produção de informação.

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24 mais depressa e transmitir com rapidez a informação no local do acontecimento, com a ajuda do computador portátil, iPad e telemóvel, instrumentos agora indispensáveis na profissão de jornalista.

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3.2 – Meios utilizados pelo jornalista multimédia

O jornalista teve de se adaptar às novas ferramentas multimédia e delas tirar partido para acompanhar o avanço tecnológico, pois “o jornalismo está continuamente a reinventar-se, frequentemente tirando proveito das novas tecnologias que vão aparecendo” (Sousa 2001: 17).

A redação de notícias continua a ser a tarefa predominante no dia a dia de um jornalista multimédia; no entanto, a pesquisa online e a adaptação de conteúdos do jornal para a web tornaram-se também essenciais.

No que toca ao contacto com fontes de informação, o telefone é bastante utilizado, tal como o contacto online, que usufrui de meios como o chat, messenger, redes sociais e Skype. A gestão do correio eletrónico é também muito importante, pois é por este meio que o jornalista recebe geralmente os press releases, comunicados, convites e, por outro lado, é o meio mais utilizado para comunicar com os leitores. O computador9 tornou-se um instrumento essencial para o jornalista, pois é a partir dele que tem acesso à web e onde edita as imagens, os vídeos e as infografias através dos programas de tratamento dos mesmos. A câmara fotográfica e a de filmar são também aparelhos que o jornalista deve manusear facilmente.

O conceito de Crowdsourcing, que significa conteúdos produzidos por usuários da web, tem sido introduzido nas rotinas jornalísticas. Esta é uma forma de usar o público como fonte de informação, o que muitas vezes supera a atuação de um grupo de profissionais experientes e pagos. Como exemplo,

no Verão de 2006, o jornal News-Press em Fort Myers, Florida, pediu aos leitores que ajudassem na investigação sobre o aumento dos gastos públicos. A audiência respondeu com números surpreendentes, dando subsídios para um artigo a respeito. O jornal foi pego desprevenido pelo volume de ligações telefónicas e dos e-mails que recebeu (Briggs 2007: 49).

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Com o avanço da tecnologia, surgem cada vez mais aparelhos sofisticados com acesso à internet. Para além do computador, o jornalista dispõe agora de telemóveis com sistemas operativos, entre eles, Android e Windows Mobile, que possuem ferramentas semelhantes a um computador. Tal com o iPad, que surge no final de 2010, e integra algumas funcionalidades de um computador, como aplicações, acesso à web, músicas, vídeos, entre outros, funcionando como uma plataforma audiovisual.

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26 O Crowdsourcing vem reforçar, de uma forma contínua, o poder da comunidade na melhoria da informação pública.

Na escrita para a web, o jornalista tem vindo a adicionar vários elementos ao seu texto. O uso de hiperligações é um exemplo de uma boa ferramenta, que é utilizada para apoiar o leitor, com base na distribuição de texto. No entanto, é necessário ter em conta algumas regras na sua utilização:

destacar los enlaces mediante palabras que tengan una relación semántica fuerte con el contenido del nodo; destacar las palabras enlazadas del resto del texto (subrayado o diferente color); no aglutinar demasiados enlaces en un párrafo; usar los enlaces una sola vez por cada nodo de información; ubicar los enlaces preferentemente al final de las oraciones; hacer una distribución de enlaces a lo largo de toda la noticia com el objetivo de que funcionen como ancla para los ojos, porque se sabe que la lectura en los monitores se hace en diagonal; la utilización de enlaces externos debe utilizarse sólo en la oración final de un nodo (Canavilhas 2007b: 215-216).

O som é também um elemento primordial – recorrer às declarações originais gravadas acrescenta credibilidade ao texto, pois uma coisa é ler as declarações do interveniente, outra coisa é ouvir, visto que a veracidade da informação se consegue perceber através do tom de voz e do timbre utilizado; por outro lado, a reprodução das declarações gravadas complementa o texto e oferece uma melhor compreensão. O vídeo é sem dúvida o elemento que dá maior credibilidade ao texto. Pode ser utilizado de duas formas numa webnotícia: de forma sincrónica, as declarações de alguém correspondem exatamente ao som escutado; ou de forma não sincrónica, a imagem não corresponde diretamente ao que está escrito. O vídeo é, também, utilizado muitas vezes quando a informação não é suficiente para descrever o acontecimento. A infoanimação é utilizada pelo jornalista quando, tal como no vídeo, a informação não é descritiva o suficiente para compreender a mensagem, no entanto, nem sempre é possível obter imagens da situação e, por isso, os esquemas animados podem ser uma alternativa para ajudar a compreender o texto. O uso da imagem já é bastante frequente na imprensa escrita, ilustrando a realidade e dando veracidade à notícia, e na web não é diferente, mas é possível ainda acrescentar links que façam da imagem um ponto de partida para mais informação. Por fim, o comentário livre tornou-se essencial em qualquer artigo pois fomenta a discussão sobre o tema, acrescenta dados novos e além disso uma notícia com mais comentários torna-a mais lida pelos internautas.

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3.3 – Consequências do jornalismo multimédia

O jornalista multimédia é visto como um jornalista “que faz tudo”, escreve o texto, filma, edita, atualiza o blog, no entanto é quase impensável substituir uma equipa por apenas um jornalista, por mais que este saiba fazer de tudo. Isto porque são demasiadas tarefas para uma só pessoa, o que pode acabar por produzir jornalismo de má qualidade. Esta é uma das consequências do jornalismo multimédia, mas existem outras.

No que diz respeito às fontes de informação, o jornalista consegue rapidamente aceder a várias, o que é vantajoso, no entanto tem que ter a capacidade de decidir quais as melhores fontes para determinado assunto, o que por vezes não é fácil, mas pode constituir uma mais- -valia – como escreve Gradim (2002:3),

O acesso às fontes agiliza-se, e as trocas com os leitores são exponenciadas, facto que se fragiliza o jornalista (os leitores, colectivamente, sabem mais que ele próprio), pode e está a ser aproveitado para produzir melhor jornalismo e para refinar os processos de verificação dos factos.

Atualmente, o fator económico é também muito importante. Contratar um profissional que domina as ferramentas multimédia, é uma vantagem para as empresas, contudo isso pode levar à extinção de alguns postos de trabalho.

Reduziu-se o número de jornalistas em algumas redações, bem como o número de colaboradores e correspondentes, o que agravou a carga de trabalho por jornalista e diminuiu o tempo que cada jornalista pode disponibilizar a cada história (Sousa 2001: 37).

O jornalismo tem-se tornado também bastante sedentário, o jornalista sai menos vezes para o terreno, obtendo a informação apenas através da Internet: “o facto de saírem muito pouco das redações em serviço de reportagem inibe, quase por completo, a possibilidade de se produzirem reportagens multimédia no terreno” (Bastos 2008: 190).

Com o avanço da tecnologia, o jornalista tem ao seu dispor novas ferramentas que o ajudam a aceder mais rápido à informação, a tratá-la e a publicá-la instantaneamente. O dever do jornalista continua a ser informar o seu público, que está cada vez mais exigente, e o

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28 jornalista multimédia tem que estar preparado para responder a essas exigências, pois para além

de uma preparação técnica diversificada, para dominar pelo menos os instrumentos básicos da produção multimédia, o jornalista vai necessitar ainda de melhor preparação intelectual. Porque tudo lhe vai ser exigido. Depressa e bem. Sem cometer erros, que numa profissão de tão elevada exposição pública se pagam normalmente caro. A convergência pode ser inimiga da excelência, e a pressa é-o sempre da perfeição. É este paradoxo que terá de domar (Gradim 2002: 14).

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3.4 – O fim do jornalista tradicional?

Atualmente o jornalismo tradicional é posto, de certa forma, em causa na medida em que a Internet veio revolucionar a profissão. Foram várias as mudanças que os meios utilizados pelo jornalismo sofreram – e, por conseguinte, o jornalista tradicional teve que acompanhar essas mudanças.

A questão que está mais em voga é a do fim do jornalista gatekeeper. Durante anos, o

gatekeeper deteve um papel importante nos media – controlar o fluxo de informação.

Contudo, com a evolução do jornalismo na era digital este papel ficou um pouco de parte. Há quem defenda que o jornalista gatekeeper está em risco de deixar de existir, pois quando as suas fontes se tornam acessíveis às audiências, o jornalista deixa de determinar aquilo que é ou não notícia (cf. Aroso 2003: 3).

Passa a ser o leitor a escolher o que quer ler, a decidir o que é mais importante e a seguir o caminho que quer seguir, e o jornalista deixa de desempenhar esse papel.

No entanto há quem defenda que o jornalista gatekeeper não tem um fim, uma vez que a Internet é um meio vasto onde existe a mais variada informação, o jornalista passa a ter uma nova função, saber selecionar qual a verdadeira e isenta, garantindo assim ao leitor a credibilidade e qualidade da informação. É necessário uma boa filtragem de conteúdos, facilitar boas conversações online, organizar arquivos, comparar e reformular a informação recolhida de muitas fontes que facilmente estão ao seu alcance. A Internet proporciona, portanto, novos papéis e funções: “o jornalismo terá todas as condições para ser reinventado, em vez de, como proclamam alguns, ser gradualmente eliminado” (Aroso: 2003: 3).

O jornalista tem de adequar os seus valores a este novo meio e cada vez é mais importante o seu papel. Para que o jornalismo na web tenha credibilidade, o jornalista torna-se indispensável, “agora, mais do que nunca, precisamos de jornalistas profissionais que ajudem a distinguir o trigo de notícias de confiança e opiniões credíveis do joio de rumores e propaganda que abundam na Internet” (Aroso 2003: 5).

Outra questão que se levanta é se os jornais online vão eliminar os jornais em papel. A médio prazo pode dizer-se que não, mas a longo prazo pode tornar-se um cenário provável visto que os jornais tradicionais têm apostado em versões online e estas têm tido uma boa adesão por parte dos leitores. Para além disso, o crescente preço do jornal em papel, o aparecimento do e-paper e as potencialidades da Internet podem contribuir para o fim do jornal.

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Parte II

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4 – Estágio nos Serviços de Audiovisuais da UTAD

4.1 - Descrição e caracterização

Os Serviços de Audiovisuais integram-se nos Serviços de Documentação e Bibliotecas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e existem na UTAD desde 1977. Têm como missão disponibilizar serviços de produção de conteúdo audiovisual e multimédia, o registo e a sua validação, a reprodução, o arquivo e o armazenamento dos meios nos diferentes formatos e assegurar o apoio às componentes pedagógicas e científicas, assim como contribuir para a divulgação e consolidação da imagem da UTAD.

De entre várias competências, este setor destaca-se pela promoção de uma cultura baseada em valores de qualidade, de inovação, criatividade e de responsabilidade, distinguindo-se na diferenciação dos produtos apresentados e com vista à otimização dos resultados.

No que diz respeito às áreas de intervenção, os Serviços de Audiovisuais gerem todo o processo afeto à unidade, assim como os recursos associados, nomeadamente o estúdio de gravação, o auditório e o estúdio de filmagens em direto.

O responsável pelos serviços é o Nélson Monteiro, e com ele trabalham mais dois técnicos, Rogério Monteiro e Francisco Aguiar. Prestam apoio tanto a alunos como a docentes da Universidade, bem como a instituições e outras entidades que o solicitem, como por exemplo a Associação Académica da UTAD e a Câmara Municipal de Vila Real, de forma a contribuir para uma melhorada e sólida imagem da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

As competências deste serviço são várias: - Filmagens;

- Edição de vídeo e áudio:

- Reprodução de documentos áudio-scripto-visuais; - Apoio às atividades letivas;

- UTAD TV.

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5 – Apresentação das tarefas realizadas

5.1 – Apoio às atividades académicas

Uma das principais funções dos Serviços de Audiovisuais da UTAD é apoiar as atividades que a Universidade e os cursos organizam – como, por exemplo, conferências, debates e palestras. Este apoio destina-se à parte técnica do evento, nomeadamente na filmagem, edição de vídeo e de outras tarefas audiovisuais. Os Serviços de Audiovisuais possuem também um auditório que pode ser utilizado por toda a academia mediante requisição prévia. Muitas vezes preparei os equipamentos multimédia para alguma palestra ou aula que iria decorrer nesse mesmo auditório.

Foram algumas as atividades académicas em que participei, dando sempre o meu melhor contributo. No entanto, destaco três acontecimentos que considero mais importantes: o Dia Aberto, o Dia da UTAD e a comemoração dos 25 anos do Departamento de Letras, Artes e Comunicação (DLAC).

5.1.1 – Dia Aberto

As Jornadas de Divulgação do Ensino Superior Público, conhecidas como Dia Aberto, são sem dúvida um acontecimento muito importante para a UTAD. Alunos do secundário de vários distritos têm oportunidade de conhecer os cursos e o campus universitário, através de visitas guiadas, exposições, participação em experiências, entre outros. Esta visita é fundamental, pois tem como principal objetivo atrair futuros alunos à Universidade. No entanto, é necessário cativar as escolas para que estas tragam os seus alunos, e um dos meios utilizados para esse fim é a realização de um vídeo direcionado às escolas, que demonstre que o Dia Aberto é um dia benéfico para os seus alunos.

Quando iniciei o estágio, a realização do vídeo do Dia Aberto era a tarefa que os técnicos dos audiovisuais estavam a preparar, mediante as indicações do Gabinete de Comunicação e Imagem da UTAD. O vídeo tinha que conter um texto previamente escolhido e algumas fotografias do Dia Aberto do ano letivo anterior, mas o mais importante era realizar um vídeo cativante para atrair o seu público-alvo.

Imagem

Figura 1: Pirâmide invertida  Fonte: Canavilhas 2007 a : 5
Figura 3: Printscreen com exemplo de utilização do Premiere Pro.

Referências

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