MARCELINO
OSMARVIEIRA
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DISSERTACÃO
APRESENTADA
AO
CURSO
DE
Pos-GRADUAÇÃO
EM
MEDICINA
IN-TERNA
DO DEPARTAMENTO
DE
CLÍNICA
MÉDICA
-CCs
-UFSC,
COMO
REQUISITO
PARCIAL PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU
DE
MESTRE.
FLORIANÓPOLIS
-SC
1993
MARCELINO
OSMAR
VIEIRA
O
ES'EIf!F@@ S;'@BBäE¬
BJE1L1IäCš@M.©'EÉR,
BZ/EM
Em
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~DISSERTACÃO
APRESENTADA
Ao
CURSO
DE
Pós-GRADUAÇÃO
EM
MEDICINA
IN-TERNA
Do DEPARTAMENTQ
DE
CLÍNICA
MÉDICA
-CCS
-UFSC,
CoMo
REQUIsITo
A
PARCIAL PARA
A
DBTENÇÃO Do GRAU
DE
MESTRE.
oRrENTADoRz
wALDoMIRo
DANTAS
FLORIANÓPOLIS
-SC
1993
"0
SENHOR
É
MEU
PASTOR,
NADA
ME
FAL TARÁ
".SI. 22.1
~
Aos
meus
pais, Carolina eOsmar.
À
minha
mulher
Raquel._
Aos
nossos filhos André, Daniel,Rodrigo
e Alexandre.AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
-Vl
0
Ao
meu
orientador, ProfessorWaldomiro
Dantas, pela indicaçãodo
tema, pelo substancial apoio na obtenção de literatura atualizada, pela revisãodo
trabalho e peloexemplo
de conduta profissionalque sempre
representou para seus alunos e colegas. 6Aos
amigos
Odilson Borini, Otávio Galvão Filho, José Manoel de Medeiros e AntônioCarlos Ferreira da Cunha, Professores de Gastroenterologia
do
Departamento de ClínicaMédica, pela realização,
com
a competência habitual, de todas as endoscopias digestivase biópsias gástricas
da
pesquisa.Também
aos servidores Antônio Vicenteda
Silva eAna
Lúcia Silva pela ajuda significativa
como
auxiliaresdo
setor de endoscopia.0
À
cara Professora Irene VieiraSouza
pela coordenação de todo osegmento
da pesquisarelacionada
ao
Serviço de Anatomia-Patológica. Ressalto sua organização eprofissionalismo na
condução dos
trabalhos.0
Ao
Laboratório de Análises Clínicasdo
HU: Bioquímico Moisés Isidro Coelho, ProfessorJosé
Tadeu
Pinheiro, Bioquímica Cleta Selva de Córdova, Luiz Alves deSouza
edemais
servidores. Foi gratificante contar
com
a competência eboa
vontadeque
sempre
demonstraram.
o
Ao
amigo
e Professor Alberto Chterpensque pela oportuna ajuda.0
Ao
caro Professor Antônio Carlos Scaramello pela paciente realizaçãoda
documentação
fotográfica
da
pesquisa.M
'
AGRADECIMENTQS
-vn
0
Ao
Professor Leopoldo Frederico Saldanha pela ajudaem
relação ao "Abstract".0
À
Professora Maria de Lourdes deSouza
pelo auxilio namontagem
do
projeto eao
Professor e
amigo
Lúcio José Botelho pelas orientaçõesem
relação à análise estatísticados
resultados.Ó
À
secretáriado
Mestradoem
Medicina Interna servidora Tânia Tavares, aos colegas deCurso
etambém
aos colegas professoresdo
Departamento de Clínica Médica pelo apoioem
diferentesmomentos.
0
Ao
amigo
e Professor MarceloModesto
pela colaboraçãoem
relação aos slides.Ó
Às
servidoras da Biblioteca -HU
pela colaboração na revisão bibliográfica.RESUMO
1:Í:Í:5:í:í:í:í$:í:í:f:¡:í:í:¡:Í:3:í:1:ízí:1:21:Í:i:i:1:?:i:1:í:í:1:í:¡:í:í:1:Í:I:í:1:1:1:1:Í:í:í:I:í:I:í:1:í:i:í:3:i:i:í:í:1:í:í:I:í:3:5:Í:¡:í:1:35:I;1:3:1:5:5:I:i:I:3:1;1:3:5:5:í:3:3:3:í:5;l:I:¡:3:í:í:í:¡:í:í:¡:1:í:T:í:1:í:¡:í:í:¡:¡:1:1;1:1:3:1:1:1:i:f:31111111321:1:I:1:1:1:1:Í:1:1:Í:í:í:Í:1:1:1:1:í:Í:1:í:I:I:Í1í:1:Í:1:1:11Í:í:¡:Í:í:í:3:1:2:¡:3:¡:í:Í:Í:}:Í:5:Í:3:Í:§:7:í:I:í:l:í:¡:í:¡:í:3:Ê:§:¡:í:í:1:í:i:i:í:f:1:?:1:í:¡:¡:í:i:i:§:i:§:3:í;í:í:1;?:i:í:í:í1í:i:{:{:í:}:
'
RESUMO
-IX
iššišiššíišišššišišãšššišiší2É;šiʧʚšši횧ÉEÉ5ÊEÉÉÉE5EšíšššfÉ555Ê5Ê5šššššíšëšššíšššíšišíšësiÊfšíšišíšëšíšëšiíëšišíííšššiššiiíišišíÊíšššíííšëšíšëÊ?ÊÊíšíšišššišëšiÊ?ÊíÉ5ÊššfšiÊ5ÊIÊEÉ5ÊÉÉEÉššššíš5É5ÉEÉEÊEÉEÉEšššíšíÉEÊEÊEÊEÉ5ÊEÊššíšíšíÉEšEÉEÉEÉEÊ?šššíši§5§5§5§5§5§5§5§5§;§;§â§§§&§5§5§&§5§5§2§5§â§5§;§;§555ía55§;§z§z§5§5§5i5§5§55;§;§;§5§55255§5§5§5§;§;§â¿5§5§;§;§s§â§;§z§;§5§s§â§z§z§5§;§;§z§;ifíaíaãé§;§5§;§z§5§5is§a§5§5§;§z§:§3§5§5§5§5§5§:iii§5§5§5§zššsífšsiâšíãâázšzízizši
Para estudar as caracteristicas da infecçao pelo Helicobacter pylori
no nosso meio
foram
examinados
96 pacientes submetidos à endoscopia digestiva altano
Serviço deGastroenterologia
do
Hospital Universitário daUFSC
em
Florianópolis.Em
todos ospacientes foram realizadas oito biópsias gástricas,
sendo
4 paraexame
histopatológico, 2para bacterioscopia e cultura e 2 para teste da urease, além de coleta de
sangue
para arealização de teste imunológico (IgG anti - Helicobacter pylori ).
Como
método
diagnóstico de referência ("Gold-Standard") utilizou-se a presençado
Helicobacter pylori
no
exame
histopatológico, namucosa
do
antro e/ouno
corpo gástrico, utilizando-se as coloraçoes Hematoxilina - Eosina e Giemsa.-A idade
média da
amostrados
pacientes estudados foi de 44,6anos
(i 18,1),sendo
56 (58,13%)do
sexo masculino.A
prevalência encontrada foi de 78,1% (75/96).À
presençado
Helicobacter pylori associou-se a de gastrite
em
90,6%dos
casos (68I75 p = 0,000007).Dezessete pacientes tiveram
doença
ulcerosa péptica diagnosticada,sendo que
16 delesRESUMO
-X
(94,1%)
também
tinham Helicobacter pylori presenteno
exame
histopatológico.O
testeimunológico mostrou sensibilidade de 93,0%, especificidade de 52,3%, valor preditivo
positivo de 87,5%, valor preditivo negativo de 68,7% e acurácia de 84,3%.
A
bacterioscopia pelo
Gram
mostrou sensibilidade de 48,0%, especificidade de 95,2%, valor preditivo positivo de 07,2%, valor preditivo negativo de 33,8% e acuráciade
58,3%.O
teste daurease mostrou sensibilidade de 84,0%, especificidade de 100%, valor preditivo positivo de
100%, valor preditivo negativo de 63,6% e acurácia de 87,5%.
O
uso
de antibióticoprovavelmente influenciou o resultado de alguns testes imunológicos.
A
distribuiçãosegmentar da bactéria na
mucosa
gástrica, assimcomo
ouso
de bloqueadores Hz,provavelmente influenciaram alguns resultados de testes da urease.
Não
houve
crescimentoda
bactéria nas culturas.A
infecção foi proporcionalmente mais prevalente nas faixas etáriasmais avançadas e
não
se detectou preferência estatisticamente significativa por sexo.SUMÁRIO
É:}:§:f:É:É:2:Ê:E:E:É:E:É:É:2:2:fzfzE:E:É:f:z:f:§:fz§:fz5:E:f:E:z:E:§:§:§:§:§:§:§:§:§:§:§:§:f:§:§:§:§:§:§:]:§:§:E:E:]1]:{:§:§:§:f:§:}:E:E:f:E:É:E:fz{:{:§:{:§:f:§:§:§:§:{:§:§:§:§If:§:fiz:f:§:§:§Ifrfif:§2§2§:§:§:§:}:§:§:{:§:§:f:§:§:}:§:§:{:§:§:]:É:fzf:f:f:É:§:§:§:§:fgE:fiÉEEEf:f:E:ÉEÉ:E:E:fzffÉ12EfÉÉffEfEÉÉffÉ;É;É;É2ÉzzzÉzÉzfzÉ5Ê;fzfzfzÉE;ffzzzzzfzz};§zf:§:j:E:5:5:§:E:f:f:§:§:}:§:2:E:É:fzfzf:§:f:}:}:§:É1fz5:fz2:2:E:É:É:f:É$fzE:5:f:2:É12:É:É:É1É:§:§:§:§:§:§:f:§:§:§:§:f
SUMÁRIO
-xn
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71|x -
MÉTonos
D|AGNÓsT|cos
71 IX.1 -DIRETOS
71 IX.2 -INDIRETOS
78X
-TRATAMENTO
86 xl _coNs|oERAçoEs
|=|NA|s 94 5. |v|ATER|A|_E
MÉToDos
as 6.RESULTADOS
106 1.D|scussÃo
125 a.coNc|.usõEs
14a*ABsTRAcT
154REFERÊNCIAS
s|s|.|oGRÁF|cAs
167H.PYLORI
w
TABELAS
TABELAS
-XV
TABELA
I - Associação entre o diagnóstico endoscópico e histopatológico de gastrite118
TABELA
ll - Associação entre a presençado
Helicobacter pylorí e oachado
de gastrite aoexame
histopatológico118
TABELA
III -- Associação entre oachado
do
Helicobacter pylorí à histopatologia e odiagnóstico de
doença
ulcerosa péptica à endoscopia '119
TABELA
IV - Associação entre o diagnóstico de Helicobacter pylorí peloexame
histopatológico e o teste imunológico
120
TABELA V
- Associação entre o diagnóstico de Helicobacter pylorí peloexame
histopatológico e a bacterioscopia pelo
Gram
121
TABELA
VI - Associação entre o diagnósticodo
Helicobacter pylorí peloexame
histopatológico e o teste da urease 122
TABELA
VII - Associação entre o diagnósticodo
Helicobacter pylorí peloexame
histopatológico e o sexo
124
GRÁFICOS
U
¬
_
GRÁFICOS
-xvn
í:1$:1:¡:1;¡:í:í:í:¡:3:¡:?I¡:ít¡:1:111:ízí:I:í:111;2:1:1:1:1fi:I:I:I:1:Í:í:3:Í:ÍZí:í:í:5:Í:¡:5:ít3:í:¡Ê¡f¡:Í:Í:¡:ÍÍ¡Í¡ÊíÊÉ3:ífíÊíÍíÊ¡ÉÍÊíÊíÊíÊ¡ÊÍÉíÉíÊÍÊ1Ê?ÉIÉÉÉifíÊí:íÊíÊ1EifiÉ2ÉÉtfífífíštšrfifífíftšífif:}:§:§:Érf:Ê:É:E:Q:É:§:§:§:§:§:§:§:§:§:§:f:§:{:§:§:§:§:]:§:f:f:f:§:§:§:í:í:í:í:í:7:{:§:í11:í:í:¡:§:í:l:í:í:i:I:f:¡:í:í:í:Í:í:¡:í:1:!;¡:í:¡:í:1:í:1:l:í:1:1:1;l:l;í;í:5:í:¿:5:5:í3111:5:1:1:1:T:í:5:Í:I:I:1:Í:I:I:1:Y:3:I:1:I:Í:1:1:1:1:3:1:1:í:1:1:1:5:í:¡:í:í:5:í:í:Í:í:í
GRÁFICO
I - Distribuiçãodos
pacientes conforme a idade 107GRÁFICO
II Distribuiçaodos
pacientesconforme
o sexo_ 108
GRÁFICO
III - Distribuiçãodos
pacientes conforme sua procedência 109GRÁFICO
IV - Distribuiçãodos
pacientessegundo
a principal indicação paraexame
endoscópico 110
GRÁFICO V
- Distribuiçãodos
pacientes conforme o uso de anti-ácido 111GRÁFICO
VI - Distribuiçãodos
pacientessegundo
o uso de antibiótico 111GRÁFICO
VII - Distribuiçaodos
pacientes conforme o uso de anti inflamatórionão
esteróide112
GRÁFICO
VIII - Distribuiçãodos
pacientessegundo
a ocorrência de gastrite à endoscopia'
113
GRÁFICO
IX - Distribuiçaodos
pacientessegundo
a ocorrência dedoença
uicerosa pépticaO
113
GRÁFICO
X
- Distribuiçãodos
pacientessegundo
a ocorrência de gastrite à histopatologia_ 114
GRÁFICO
XI - Distribuiçãodos
pacientessegundo
o diagnóstico de Helicobacter pylori àhistopatologia 115
GRÁFICO
XII - Distribuiçãodos
pacientes conforme o teste imunológico116
GRÁFICOS
-xvm
I
GRÁFICO
XIII - Distribuiçãodos
pacientessegundo
a bacterioscopia peloGram
116 I
GRÁFICO
XIV - Distribuiçãodos
pacientessegundo
o teste da urease117
GRÁFICO XV
- Distribuiçãodos
pacientes Helicobacter pylori positivos e negativos àhistopatologia e as respectivas idades _
123
-
ANEXOS
ANEXOS
-XX
:-:¡:í:¡:¡:¡:Í:¡:¡:í:Í:Í:Í:f:¡:¡:5:3:¡:¡:3:3:í:5111211313:Í:í:í:í:1:í$:3:3:í:1:í:?:í:í:í:¡:¡:l:í:í:í:I:Í:¡:í:¡:¡:Í:5:¡:¡:1:I:3:í:3:3:1:í:í;í:í:IÉffififififiÊIÊ3Ê1ÉiÉ!ÊIÍíÊI§I§IÉI§1§ifizizlfiftfífíftE1222:§:§:§:;:¡:;:§:§:§r{:§:frf:§:§:§:§:§:§:§:§:§:§:§:§:§:§:§:;:{:§:¶:§:§:f:f:fzfzj:E:fifzfzE:fz2:{:{:í:Í:3:3:Í:í:3:í:í:í:í:§:í:í:¡:Í:¡:3:í:§:í:í:{:§:§:f:§:¡:§:f:§:E:fzí:3:7:f:¡:í:5:í:í:Í:í:í:í:í:í:í:íríií:¡:í:í:í:í:í:í:í:¡:í:1:í:¡:f:1:¡:í:1:?;l:I:1:3:í:3:l:í;í:¡:í:1:T:i:1
ANEXO
I - Parecer daComissão
de Éticado
HU
-UFSC
152ANEXO
II - Formulário padrão de coleta dosdados
153ANEXO
I|I'- Formulário padrão da anatomia patológica 155ANEXO
IV -Banco
dedados
(Estrutura) 156ANEXO
VH- Relaçãodos
diagnósticos endoscópicosdos
96 pacientes 157ANEXO
VI -Documentação
fotográfica 158H.i›vL0Ri
--V
-
INTRODUQAO
`
4
A
›
INTRODUQÃO
- 22Í
A
gastrite e a úlcera pépticasempre
infringiram consideráveis e seculares sofrimentos aboa
parcelada
humanidade.A
primeira, mais pela imprecisão conceitual freqüentementegeradora de iatrogenia.
A
segunda
pela freqüênciada
sintomatologia dolorosaque
determina, assim
como
pela suas conhecidas complicações, eventualmente fatais.-
Desde que o
termogastrite foi
usado
pela primeira vezem
1728 (Oliveira, Lima, Nogueira, 1993), várias classificações clínicas, histopatológicas e endoscópicas sesucederam, todas tentando explicar o
que
realmente tal diagnóstico significaria.Embora
muitos fatores tivessem ficado
ao
longodo tempo
bem
estabelecidoscomo
causas degastrite (ex:
uso
de anti-inflamatóriosnão
esteróides, álcool, radiação, sífilis, distúrbioimunológico, etc.), muitos casos ficavam
sem
um
diagnóstico preciso,embora
estigmatizantee iatrogênico.
O
diagnóstico de úlcera péptica,doença que acomete
8 a12%
da populaçãodos
E.U.A. (Castro
&
Coelho, 1993a), por outro lado, equivalia auma
sentença condenatóriaperpétua
em
funçãodo
antigo aforismo largamente aceitono meio
médico:"Uma
vezulceroso,
sempre
ulceroso".Também
porque"sem
_ iN'rR01)U‹¬¡Ão
_ 23
ácido
não há
úlcera", este diagnóstico implicavano cumprimento
de prescrições dietéticasmais
ou
menos
esdrúxulas,no uso
de anti-ácidos convencionaisou
de bloqueadores dereceptores
Hz
em
esquemas
de ataque e manutenção, a realização dealgumas
endoscopiasdigestivas e, talvez, até de Iaparotomia.
O
diagnóstico de úlcera, portanto, gerava ansiedadeno
paciente,compaixão nos
familiares e amigos, e insegurançano
médico.Esta era a realidade até 10
anos
atrás.Exatamente
em
junho de 1983, J. Robin Warren e Barry Marshall, respectivamentepatologista e gastroenterologista australianos,
em
carta enviada ao periódico The Lancet,descreveram
uma
bactéria de 0,5um x 2,5um, flagelada, de formato encurvado, tantoem
exame
histopatológico de biópsias gástricas,como
em
culturaem
meio
para Campylobacter,sugerindo
que
amesma
poderia ter relação de causalidadecom
a gastrite antral.Em
junho
de 1984, osmesmos
pesquisadores publicaramtambém
no
The Lancet trabalhoque
incluiu a análise de 100 pacientes submetidos à endoscopia digestiva altacom
duas
biópsias antrais,uma
para cultura e outra para histopatologia. Encontraram a bactériaem
58 pacientes,ao
exame
histopatológico eem
11 delestambém
em
cultura. Sugeriram onome
de "Campylobacterpyloridis"ou
"pyloric campylobacter", é enfatizaram fortemente seupossível papel
como
agente etiológico da gastrite crônica antral e provavelmentetambém
da úlcera péptica (Marshall
&
Warren,1984).Na
realidade,mesmo
antes destesegundo
trabalho de Marshall e
Warren
ser publicado,também
em
cartaINTRODUQÃO
_ 24ao editor
do
The Lancet, McNulty&
Watson
(1984), pesquisadoresem
Worcester (Inglaterra),confirmaram os
achados
iniciaisdos
pesquisadores australianos.No
mesmo
ano,também
Langenberg
et al (1984)em
Amsterdam
e Burnett et al (1984)em
Glasgow,em
estudos similares, reproduziram osachados
em
relação à bactéria e sua possivel relaçãocom
agastrite e a úlcera péptica.
Estava aberta
uma
nova
era na gastroenterologia. Então oestômago não
era inóspitolUma
bactéria tinha conseguido condições necessárias para habitá-lo e eventualmente lesá-lo.Surgia a fascinante hipótese da possível etiologia infecciosa para as gastroduodenopatias.
A
dimensão
destesachados
iniciaisganhou
proporções universais,sendo que
também
outros serviços de gastroenterologia espalhados pelomundo
passaram
a identificara bactéria na
mucosa
gástrica etambém
relacioná-la fortementecom
a gastrite e a úlcera péptical.Caracterizada a alta freqüência e a ubiqüidade da bactéria, logo se
passou
a questionar seu real papelcomo
agente causal de gastroduodenopatias.Não
seriaapenas
mais
uma
casualidade? Porque
alguns individuoscom
a bactérianão
tinham gastrite aoexame
histopatológico e muitoscom
gastritenão
tinham úlcera?~
H
.PYLORI
INTRODUQÃO
- 25Historicamente já havia sido negligenciado o
achado
de bactéria namucosa
gástrica? Marshall
não
estava disposto a deixar relegado ao esquecimento sua descoberta.Assim, publicou trabalho
em
que
procurou verificar o preenchimentodos
4 postuladosenunciados por Koch,
um
século atrás,que
basicamentebuscavam
estabeleceruma
relaçaode causalidade agente infeccioso<:>doença (Marshall et aI,1985a). Ele
mesmo,
após
verificarpor endoscopia
com
biópsiasque
não era portadornem
da bactéria,nem
de gastrite, ingeriuuma
cultura de Campylobacter pyloridis, desenvolveu sintomas dispépticos e gastriteaguda
histológica
com
bactéria espiralada nos fragmentos demucosa
gástrica obtidos pornova
endoscopia. Esta experiência,
que
mais tarde seria repetida por outro pesquisador (Morris&
Nicholson, 1987) de fom1a mais detalhada, não resolveu integralmente o problema da
causalidade.
Apesar
da verdadeira explosão mundial de publicações confinnando e fazendoespeculações. sobre estes achados, esta questão central ficou
em
aberto por algunsanos
(Rabeneck
&
Ransohoff, 1990).A
verificação inequívoca deque
a erradicação da bactériamelhorava e
mesmo
fazia desaparecer as alterações histológicas de gastrite-3, assimcomo
oacúmulo
progressivo de evidênciasque
esta erradicação implicava na diminuição expressivana recidiva da
doença
ulcerosa péptica4, mantiveram muito vivo o interessedos
pesquisadores
no
assunto.Começou
a se vislumbrarcom
'consistência a possibilidade dealterar a história natural
da
úlcera péptica, dentro da perspectiva"uma
vez ulceroso...nem
sempre
ulceroso".~
H.PYLORI
2v<zr
REWSAO DA
LITERATURA
irem "H_1sTÓRrC0", p. 33-*ver
REWSAO DA
LITERATURA
ítem "ABACTERIA
E
A
GASTRJTE", p. '49 -INTRODUÇÃQ
- 26Visando consolidar os conhecimentos a respeito da causalidade bactéria <:> úlcera
(duodenal),
Mégraud
&
Lamouliatte (1992) fizeram interessante análisebaseados
'nos 6*critérios de causalidade propostos por Hill (1965) concluindo
que
"a associação entre ainfecção pelo Helicobacter pylori e a úlcera
duodenal
é forte e consistente. Existe relaçãotemporal e plausibilidade biológica, e a erradicação
tem
um
efeito excepcional.A
coerênciacom
oque
é conhecido a respeito da evolução dadoença no que
se refereao
sexo edistribuição temporal está presente. Contudo,
como
em
muitasdoenças
infecciosas, o agenteinfeccioso sozinho
não
é suficiente para provocar a doença. Fatores ambientais eprovavelmente genéticos
são
também
importantes".É
oque
atualmente se aceita.Não
bastasse a relevância desses conhecimentos, sabedores deque
gastrite crônicaatrófica se constituía
em
lesão pré-cancerosa, eque
a infecção pelo Helicobacter pyloritambém
induziaao
desenvolvimento de gastrite atrófica (Blaser, 1992), logo secomeçou
aespecular a respeito
do
possível papel da bactériano
câncer gástrico. Vários estudos, então,passaram
a mostrar consistência na associação5, de forma progressiva, até a publicaçãodo
"Eurogast Study"(Fom1an, 1993),
que
considerou osachados
epidemiológicos consistentesao ponto de afinnarem
que
o risco de câncer gástrico é 6 vezes maiorem
populaçõescom
100%
de infecção pelo Helicobacter pyloricomparado
com
populações quenão
tem
infecção.~
I-LPYLORI
INTRODUQÃO
- 27Na
América Latinatem
havido interessantes estudos sobre otema no
Peru (Ramirez-Ramos,
1993) e na Venezuela (Piñero&
Poleo, 1993).No
Brasil, importantes estudostem
sidorealizados
em
Belo Horizonte (Coelho at al, 1987/Castro&
Coelho, 1993b ), além de outraseventuais publicações (Pontes, 1987/Ferrari Jr. et al, 1989).
No
nosso
estadonenhuma
pesquisa sistematizada ainda foi realizada. Exatamente para conhecer as caracteristicas da
infecção pelo Helícobacterpylori
no nosso
meio,no que
se refere à idade, sexo, prevalência,métodos
diagnósticos maisadequados
e sua relaçãocom
as gastroduodenopatiasendoscópica e histologicamente diagnosticadas é
que
esta pesquisa foi estruturada. Especialatenção foi
dado ao
método
diagnóstico imunológico, muitopouco
utilizadono
Brasil,mas
de grande importância,
não
só pelo fato de nãodepender
da realização deexame
endoscópico,
mas também
porque abre perspectivas paraamplos
estudos epidemiológicosno nosso
meio, assimcomo
também
deacompanhamento
terapêutico(Kosunen
et al, 1992).OBJETIVO
GE
RA
L
~
---~---›---‹---V----‹-~-~/--~--‹-‹›~-‹~~-›~'---'~~~~-H-H*-~-^^^'-“-"“^“"""'*"":1::I::IIII:it:itIIlI1:t::13121::11111111131I::2::II3í3:ZZ:IItZt:::::::::::1:::I:::ti1:21:II:ZII11I12:3222II1t::í:t2::::::::ZZZI::íZ:I
OBJETIVO
GERAL
- 29Estudar as caracteristicas da infecção pelo Helícobacter pylori
em uma
amostra depacientes submetidos à Endoscopia Digestiva Alta
no
Sen/iço de Gastroenterologiado
Hospital Universitário -
UFSC
de Florianópolis.OB
IETWOS
ESPECÍFICOS
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
- 31E1EIE1EIEIÉ2EIšišišiífiííšíífffííšiíiíiE5?IEÊÍÊÍÊÉ5555555ÍÉÍÊÍÉÍÍÉÍEÉEÍEÉEÊIEÊ?ÍÉÍEÍÉ5555555EÍÉÊÍÊÊÉÊEÊEÊEÍEÍEÊEÍEÍEÍ5ÍEÍÉÊÊÍÍÊEÊEÊÍEÍEÍEÊEÊE5255ÍÉÊE5ÉÊEÍÉÊÉÍÉÊEÊÍÊEÊÊÊEÊÍÊEÊEÍÊÍÉÊE5152ÊEÊEÉÍEÍÉÊEÊEÊEÊEÊEÊÉÊEÊEÊEÊÉÍÉÊÉÊÉÍEÍEÊÊÊš52ÍEÊÊÍÊÊÊÊÊÊEÍEÍEÊÊÍEÊE5ÉÊEÍEÊEÊÊÍEÍEÊEÉÉÉEfEÉÉÊÊÍÉÊÉÊÉÊEÊEÉEÉEÉEÉíÍÉÊSÉEÊ5ÊZÊEÉ5?Eʧʧɧɧɧš§Ê§É§fEʧɧÊ5ÊšE§É;Ê;ɧE§É;É;Ézšíšffzšff;É5§§í;š§Ê5É55555E3E5É5É555E5E5É2E55;EÊE§Ê§§§š;E§§§§§E;ɧʧš5É;E555€5252;É5255555Ê5É5E§É5{§É§E;E§§z§
01. Diagnosticar a infecção através de
métodos
dependentes da endoscopiacom
biópsias(teste da urease, bacterioscopia, cultura e histopatológico) e de
método
não dependente damesma
(teste imunológico por ELISA).02. Estabelecer a sensibilidade, especificidade e valor-preditivo de cada
um
dos
testes,utilizando o
exame
histopatológicocomo
"Gold-Standard" (padrão-ouro).03. Correlacionar a presença
do
Helícobacter pyloricom
as entidades nosológicas digestivasdiagnosticadas pela endoscopia e/ou
exame
histopatológico.04. Determinar a prevalência da infecção na amostra,
bem como
sua distribuição por idade esexo.
H.PYLORI
" - '¿:¡:¡:¡:;:;:¡:;:¡1;:z:¿:¡:;:¡:¡:;:;:¡:;:¡:¡:;:;:¿:¡:;:¡:¡:¡1;1;:;1;:;:¡:;:¡:¡:;:;:;:;:;:¡:;:¡:;:¡:¡:¡:¡:¡:;:;:;1;;:¡:¡:;:;:;:¿:;:;:;:;:;:¡:;:¡:¡:;:¡:-:-:-:-:-:-:-:-:-:‹:-:-:-:-:-:›:›:~:-:~:~:~:~:‹:‹:-:-:‹:‹:‹:‹:-:-:-:-:-:-:-:›;-:-:‹:‹:~:‹:‹:‹:-:-:‹:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:›:›REVISÃO
DA LITERATURA
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REVISÃO
DA LITERATURA
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r-
Hisrómcoz
A
história da bactéria hojedenominada
Helícobacter pylori é longa e se iniciouno
século passado. Procuraremos detalhá-la
nos
seus aspectos mais relevantes, até porquedemonstra
com
muita propriedadecomo
se progrideem
ciência,como
as "verdadescientificas"são transitórias e
como
muitas vezes oconhecimento
central fica perdidonum
emaranhado
de informações contraditórias.0 1893: Bizzozero (1893)
em
estudo sobre a anatomia das glândulasmucosas
gastrointestinais de vertebrados, publicou o
achado
de espiroquetasem
secreções demucosas
gástricas de 6 cães examinados.0 1896: Salomon,
apud
Palmer .(1954), relatou a presença de espiroquetas namucosa
gástrica de cães, gatos e ratos.
Em
1906, Krienitzapud
Freedberg&
Barron (1940), relatoua presença de espiroquetas
em
estômagos
de pacientescom
câncer gástrico ulcerado.0 1924:
Luck
e Seth,apud
Dooley (1993a), descreveram a atividadeda
urease namucosa
gástrica.
~
REVÍSAO
DA
LITERATURA
340 1938: Doenges,
apud
Freedberg&
Barron (1940), relatouque
espiroquetas poderiam serencontradas
em
43%
de biópsias gástricas deestômagos
humanos
examinados
àautópsia.
0 1940: Freedberg
&
Barron,em
Boston, publicaram ilustrativa pesquisa na qualdemonstraram
a presença de espiroquetasem
13 pacientes, deum
total de 35,que
foramsubmetidos à ressecçao parcial
do
estômago
por carcinoma (19 casos), úlcera duodenal (14casos) e úlcera gástrica (2 casos). Concluiram
que
as espiroquetaseram
freqüentementeencontradas
em
estômagos
cujasmucosas
se apresentavam doentes por ulceraçõesmalignasebenignas,equeaimpregnação
pela prata eraum
bom
método
diagnóstico,inclusive ilustrando o trabalho
com
3 fotomicrografiascom
as espiroquetas"muitobem
evidenciadas.
No
finaldo
artigo,no
ítem"DISCUSSÃO",
Dr FrankGorham
assim se manifestou: "Cada vez mais existe a tendência para separar as possíveis causas das úlceras pépticasagudas
cíclicas das causas determinantes das úlceras pépticas crônicasque
serecusam
a cicatrizarcom
osesquemas
usuais. Neste último grupo,eu
tenhousado há
10anos
bismuto intra-muscularcom
resultados encorajadores... Acreditoque
pesquisasadicionais deveriam ser feitas para determinar a presença
de
um
microrganismo que,ao
crescer
em
meio contendo
ácido clorídrico, seja possível fatorde
cronicidade, senão
um
fator etiológico
na
úlcera péptica .o 1950: Fitzgerald e
Murphy apud
Marshall (1988), estudaram a ureaseem
estômago
dehumanos
ressecados por úlcera péptica. Inferiramque
esta enzima protegia amucosa
gástricado
ácido, portamponar
os íons hidrogêniocom
amônia, tendo inclusive tratadoseus pacientes ulcerosos
com
amônia.REVISÃO DA
LITERATURA
_ 351954: Palmer,
em
Washington,baseado nos
estudos anteriores, desenvolveu estudono
qual obteve 1180 amostras de
mucosa
gástrica de 1000 pacientes por técnica detubagem
e
não
encontrou espiroquetasem
nenhuma
das espécimes analisadas, concluindoque
"espiroquetas
não são
parte de quadros hístológicos demucosa
gástrica de indivíduossaudáveis
ou
mesmo
de
doentes antesdo
óbito".1955: Kornberg
&
Davies,apud
Dooley (1993a), concluíramque
a ureaseque
detectaramera produzida principalmente
no
corpo gástrico e era de origem bacteriana.1959: Liebre
&
Lefevre,apud
Marshall (1988), notaram o desaparecimentoda
ureasegástrica
após
a administração de tetraciclina.1975: Steer
&
Colin-Jones (1975),usando
microscopia eletrônica,demonstraram
.apresença de bactéria
sob
a lâmina demuco
do estômago
em
pacientescom
doença
ulcerosa,
mas
nãoem
individuos nonnais.Ao
tentar cultivar a bactéria, nas culturascresceu
Pseudomonas
aeruginosa.1981: Warren dá a Marshall o
nome
de 25 pacientes nos quais tinha encontrado bactériasem
biópsias gástricas,mas
este não conseguiu estabelecernenhum
quadro clínico característiconos
mesmos.
Iniciaram, então, estudoem
100 pacientes.No
312,conseguiram cultivar a bactéria,
em
condições para cultivo de Campylobacter, por sorte,uma
vezque
as placasque
estavamsendo
desprezadasno 32
dia, por causa deum
feriado na Páscoa, ficaram na incubadora por mais 2 dias (Marshall, 1988).
REVISAO
DA LITERATURA
- 36~
Q 1983:Warren
e Marshall publicaramem
The Lancet osachados
iniciais.0 1984:
Os
mesmos
autores publicaram osachados
da pesquisa nos 100 pacientes,sugerem
onome
da bactéria de Campylobacter pyloridisou
"pyIoric campy!obacter" erelacionam-na à gastrite antral e à úlcera péptica. Neste
mesmo
ano,Langenberg
et al,confirmam os
achados
de Warren e Marshall echamam
atenção para a grandeprodução
de urease pela bactéria cultivada.
0 1987:
O
nome
émudado
para Campylobacterpylori.o 1989:
Após
verificaremnumerosas
diferenças estruturais e funcionais entre a bactériadescoberta e o gênero Campylobacter, taxionomistas criaram
um
novo
gênero,passando
o Campylobacterpylori chamar-se Helicobacterpylorí (Editorial
The
Lancet, 1989).n-A
BAcTÉR|Az
||.1_-GÊNERo
"He/¡coz›â¢fer"z
Criado
em
1989, inicialmenteduas
espécies foram incluidas nessenovo
gênero: Helicobacter pylori, o patógeno gástrico
humano,
e o Helicobacter mustelae,encontrado
no estômago do
furão. Outros patógenosdo
gênero atualmente incluem:REVISÃO
DA LITERATURA
- 37Helicobacter heilmani ("GastrospiriIIum hominis"), identificado
em
0,3%dos
pacientessubmetidos à gastroduodenoscopia, inclusive
podendo
determinar gastrite (Queiroz&
Mendes, 1993), já tendo sido descrito
em
associaçãocom
o Helicobacter pyloriem
paciente
com
úlcera péptica gástrica (Queiroz et al, 1990).Helicobacter felis, encontrado
no estômago
de gatos, muito raramentepode
infectar ohomem. Quando
o faz,pode
determinar intensa gastrite (Lee&
O'Rourke, 1993).Helicobacter nemestrinae, cultivado na
mucosa
gástrica damacaca
nemestrina (Lee&
O'Rourke, 1993).Helicobacter muridarum, isolado da
mucosa
do
estômago, íleo e ceco decamundongos
(Queiroz
&
Mendes, 1993).Outros: Helicobacter acinonyx, Helicobacter jennelliae e Helicobacter cinaedi (Lee
&
O'Rourke, 1993).II.2-MORFOLOGIA:
O
Helicobacter pylori éuma
bactéria gram-negativa, encun/adaou
espiralada, desuperficie lisa e extremidades arredondadas,
medindo
de 2,5 a 3pm
decomprimento
por0,5a1
um
de diâmetro, possuindo de 1 a 6 flagelos polares, os quaispossuem
bainha de revestimento (Buck, 1990).
REVISÃO
DA LITERATURA
- 38A
cultura prolongada dá origem a formas cocóides,que
provavelmente sao importantesna sobrevivência
do
organismoem
condições desfavoráveis(Goodwin
&
Worsley, 1993).lI.3-TIPOS:
Várias cepas de Helicobacter pylori
tem
sido obtidas(Goodwin
&
Worsley,1993), tendo inclusive estudos de
DNA
-DNA
hibridização mostradoque
possivelmenteas variações
genõmicas
dasmesmas
podem
ser responsáveis pela codificação dediferentes fatores de virulência, capazes de determinar tipos diferentes de lesões
no
hospedeiro (Yoshimura, Evans,
Graham,
1993).II.4-HABITAT:
O
Helicobacter pylori utiliza de fonna absolutamente surpreendente amucosa
gástrica
humana
banhada
por ácidocomo
nicho ecológico ideal,ao
ponto de colonizaraproximadamente
50%
da população mundial (Newell, 1991).No
estômago,pode
localizar-seno
fundo eno
corpo,mas
é principalmenteno
antroonde
é encontradoem
maior densidade (Bayerdörffer et al, 1992).
Ao
longo damucosa
gástrica, a bactériapode
se distribuir focal, segmentar
ou
difusamente (Warren&
Marshall, 1983), localizando-seno
interiorou sob
acamada
demuco
que
recobre o epitélio da superfícieou
dasfovéolas,
em
íntimo contatocom
amembrana
luminal da célula epitelial gástrica,~
H
PYLORI
1
REVISÃO
DA LITERATURA
- 39na proximidade
ou
nas junções intercelulares (Queiroz&
Mendes, 1993).No
duodeno, oHelicobacter pylori coloniza áreas de metaplasia gástrica (Marshall et al, 1985), fator de
grande importância para sua patogênese na úlcera péptica duodenaló.
Sua
presençatambém
já foi detectadaem
mucosa
esofágica nonnal (Coelho et al, 1989),em
mucosa
gástrica ectópicano
esôfago (Talley et al, 1988) eem
diverticulo de Meckel (Cothi,Newbold, O'Connor, 1989).
Thomas
et al (1992),mencionam
o encontro de Helicobacterpylori
em
placa dentária, a detecção pelaReação
em
Cadeia de Polimerase (PCR) deDNA
bacteriano nas fezes, e o
que
é mais importante, relataque
conseguiu cultivar omicrorganismo nas fezes de 9 crianças africanas, habitantes de região de alta prevalência
dainfecçao.
ll.5-ASPECTOS
EPIDEMIOLÓGICOS:
MODO
DE
TRANSMISSÃO:
omecanismo
de transmissãodo
Helicobacter pylori estáperfeitamente claro
em
situaçõescomo
a ingestão voluntária da bactéria porpesquisadores (Marshall, 1985/ Morris 8. Nicholson, 1987).
Há
também
nítidas evidênciasda transmissão via "endoscópio"contaminado
no passado (Ramsey
et al, 1979). Maisrecentemente
Mégraud
(1993a) cita estudos confirmando estes achados,mencionando
que
os endoscopistas correm grande risco de se infectarem, fatotambém
constatado porGoh
& Ong
(1993) na Malásia. Vários estudos,no
entanto,demonstram
claramenteque
atransmissão dá-se principalmente de pessoa para pessoa, por via fecal-oral (Berkowicz
&
Lee, 1987/
Thomas
et al, 1992), possivelmente através da contaminaçãoda
água
(Kleinet al, 1991).
No
~
H
PYLORI
REVISÃO
DA LITERATURA
_ 40Chile, a ingestão de vegetais crus, irrigados durante o cultivo
com
água
contaminada,provavelmente representa
uma
importante fonte de transmissão (Hopkins et al, 1993).O
encontro
do
Helicobacter pylorí viávelem
placa dentária levantou a possibilidade datransmissão
também
ocorrer por via oral-oral (Mégraud, 1993).PREVALÊNCIA
E
INCIDÊNCIA: inicialmente os estudos epidemiológicosdo
Helicobacterpylorí foram realizados
em
pacientes submetidos à endoscopia por sintomasrelacionados ao aparelho digestivo proximal. Assim, Jones, Lessels, Eldridge (1984),
em
pacientes
com
estas caracteristicas, encontraram taxa de prevalência de62%
em
Manchester. Coelho et al (1987)
em
Minas Gerais, 78%. Coelho et al (1989)em
Londres,52%
, Ferrari Jr. et al (1989)em
São
Paulo, 77%, Morris et al (1989) naNova
Zelândia, 46%,Ramirez-Ramos
(1993)no
Peru, 84%.Em
estudo inverso,ou
seja,em
pacientessem
sintomas digestivos, Dooley (1989)
em
Los
Angeles encontrou taxa de prevalência de32%. Posteriormente,
com
avanço
nas pesquisas e conseqüente desenvolvimento detestes diagnósticos
não
dependentes da endoscopia, imunológico porELISA
principalmente, iniciaram-se diversos estudos populacionais
que
pennitiramuma
avaliação mais precisa da epidemiologiado
Helicobacter pylorí (Mégraud, 1993b). Destamaneira, descobriu-se ser esta a infecção bacteriana crônica mais
comum
do
homem,
sendo que
em
determinadas regiões da África a prevalência é praticamente100%
em
adultos
(Holcombe
et al, 1992). Notou-setambém
que
nos países sub~desenvolvidos ainfecção é adquirida muito precocemente
(Thomas
et al, 1991/Sack
e Gyr, 1993),em
função
dos
baixos niveis sócio-econômico-sanitários,em
estreita correlaçãocom
as viasprincipais de transmissão da bactéria (fecal-oral/oral-oral).
Em
Gâmbia, por exemplo,quase
90%
das crianças estão infectadascom
5anos
de idade(Thomas
et al, 1991).Ao
contrário I
nos
países desenvolvidos aH
PYLORI
REvisÃ0
DA
LiTERAT'uRA
- 41infecção
tem
uma
prevalênciaem
torno de 25 -50%
nos
adultos assintomáticos e ainfecção dá-se mais tardiamente (Parsonnet et al, 1992). Nestes paises,
também
corroborando a hipótese da transmissão fecal-oral/oral-oral, as taxas de prevalência mais
elevadas se
dão
intra-domiciliarmenteou
entre individuos institucionalizados (Sack&
Gyr, 1993). Estes conhecimentos
em
relação aomomento
do
contatocom
a bactéria estãocada vez mais
sendo
valorizados namedida
em
que
a precocidade estaria possivelmenterelacionada
com
o desenvolvimentodo
câncer gástrico, enquanto o contato mais tardiopoderia estar relacionado
ao
desenvolvimento de úlcera péptica(Graham
&
Go, 1993).Outro aspecto importante a ressaltar é
que
as curvas de prevalência retiradas deestudos transversais das populações nestes últimos anos,
em
diferentes países, narealidade refletem o nível de infecção
em
cada grupo etário na sua juventude, vistoque
ainfecção é muito prolongada. Isto se
chama
fenômeno
de grupo, e mostraque
a idade,tida por muito
tempo
como
fator importante nas taxas de prevalência, na realidadenão
oé (Mégraud, 1993a). Suportando esta assertiva, estudos
como
o deVan
Zanten et al(1992),
no
Canadá, e Parsonnet (1992), nos Estados Unidos,mostram que
as taxas deconversão de soro positivo para soro negativo,
ou
vice-versa, situam-se abaixo de1%
aolongo de muitos anos.
Il.6 -
FATORES
DE
COLONIZAÇAO
EMECANlSMOS
PAToGÊN|cosz
Qualquer infecção bacteriana
pode
ser consideradacomo
bem
sucedida se oorganismo pode
colonizar o hospedeiro, seja transitoriamenteou
por longo prazo, emultiplicar-se suficientemente ao ¿
REVISÃO
DA LITERATURA
- 42ponto de poder transmitir-se a
um
novo
hospedeiro susceptível. Nestes termos, oHelicobacter pylori representa
um
microrganismo extraordinariamentebem
sucedido,colonizando o
estômago
de provavelmente50%
da população mundial (Newell, 1991).O
resultado maiscomum
da infecção crônica pelo Helicobacter pylori éuma
gastriteassintomática. Por
que
só alguns pacientesdesenvolvem
úlcera e outrospoucos
câncergástrico
permanece
como uma
questão central não totalmente resolvida, até porque faltam conhecimentos mais precisos sobre o processo inflamatórioque
a bactériadetermina
(Graham
e Go, 1993).Mas, se os
mecanismos
patogênicosque
levam ao desenvolvimento de gastrite,úlcera péptica
ou
carcinoma gástrico são imprecisamente entendidos, o processo deveser discutido na perspectiva de alteração
do
equilíbrio entre fatores agressivos e a habilidade damucosa
gastroduodenal proteger-sedos
mesmos
(Vaira et al, 1992).O
sucesso do
Helicobacter pyloricomo
patógenodepende
de fatores de colonizaçãoe de
mecanismos
patogênicos.Os
fatores\de colonização são o formato espiralado e aK
motilidade, as enzimas e proteinas de adaptação e a capacidade de aderência às células
da
mucosa
e aomuco
gástrico.Os
mecanismos
patogênicos são aquelesque
desintegram a barreira
mucosa
gástrica, incluindo toxinas e mediadores da inflamação,ou
sue
contribuem para a atividade ‹_:_l_o'ridrico-pépticado estômago
(Dun_n, 1993).H PYLORI
1
REVISÃO
DA LITERATURA
_ 43Segundo Graham
& Go
(1993), os passos para a infecção pelo Helicobacter pyloricompreendem:
0 Ingestão da bactéria.
0
movimento
para dentro e através dacamada
demuco.
0 fixação na
mucosa.
0 multiplicaçao bacteriana.
0 invasão (em geral entre mucócitos) e lesão tissular.
0 internalização.
0 tentativa de erradicação pelo hospedeiro:
- resposta neutrofílica.
- resposta celular inflamatória crônica.
- resposta
imuno
humoral.0 controle da infecçao.
0
modulação
da respostaimune segundo modelo
dedoença
crônica.1
A
ureasecompreende
6%
do
total de proteinas sintetizadas pelo Helicobacter pylori, oque
representaum
significativo investimento energético motivado pela sua açãoessencial na colonização (Newell, 1991).
Sua
ação' fundamental parece ser a de,ao
hidrolisar a uréiaem
amônia
e água, manterum
pH
próximo da neutralidadeem
tornodo
seu micro-ambiente (Dunn, 1993).
1
REVISÃO
DA LITERATURA
'- 44O
formato espiralado e a motilidade conferida pelos flagelos são consideradosessenciais para os rápidos
movimentos
da bactéria atravésdo
muco
em
busca deum
micro-ambiente mais adequado,
que nonnalmente
significauma
íntima proximidadecom
a superficie endotelial, proximidade esta
que
lhe garante maior facilidade para atenderseus requerimentos nutricionais (Newell, 1991).
O
Helicobacter pylori fixa-se na face apical das células epiteliais, principalmente nas/junções
intercelulares. Esta aderência é específica para o epitélio gástrico e a bactérianão
é encontrada fixando-seem
outro tipo de célula (Vaira et al, 1992). Este processo,que
envolve moléculascomplexas
da bactéria ("adesinas") e da célula epitelial("receptores"), na microscopia eletrônica é observada
como
uma
justaposição dasmembranas
celulares bacterianas emucosas,
oque
forma "pedestais de adesão"semelhantes aos observados na Escherichia coli enterotoxigênica (Dunn, 1993).
É
importante registrar a alta taxa de aderência
do
Helicobacter pylori a células da linhagemdo
carcinoma gástrico(KATO
lll)em
estudos experimentais quantificados por citometriade fluxo (Dunn, Altmann, Campbell, 1991).
/,
/ `
Está descrita a produção de toxina vacuolizante pelo Helicobacter pylori,
bem
como
aV/
produção
de anticorpos neutralizantes por partedo
organismohumano
infectado (Vaira/
et al, 1992). Esta citotoxina vacuolizante
pode
serum
importante fator de virulenciano
homem
naturalmente infectado, tendo-se inclusive descritoque
sua atividade seria maispotente
em
individuoscom
doença
ulcerosa péptica/doque
naquelesapenas
com
gastrite (Dunn, 1993). Dentro desta perspectiva, recentemente foi estabelecida
uma
associação direta entre a expressão de
uma
proteína de 120kDa
em
cepas deHelicobacterpylori e o potencial citotóxico
dos
mesmos
(Crabtree et al, 1992).A
~
H.PYLORI
~
REVISAO
DA LITERATURA
- 45atividade da urease, descrita
como
fator importante para a colonizaçãodo
Helicobacterpylori,
ao
gerar amônia, produto reconhecidamente tóxico para diversas células,também
é considerada
como
fator agressivo capaz depromover dano
tissular gástrico (Blaser,1992). Corroborando esta visão, Takahashi et al
apud
Vaira et al (1992)demonstraram
uma
correlação significante entre onúmero
de Helicobacter pylori, a severidade da gastrite e os niveis deamônia no suco
gástricoem
150 biópsias gástricas estudadas.Outras enzimas
como
mucinase, lipase e fosfolipaseA2
sãotambém
citadascomo
produtos bacterianos potencialmente tóxicos, capazes de
promover
lesão epitelialcom
conseqüente
desencadeamento
de processo inflamatório (Dunn, 1993).A
atividade da gastrite associada ao Helicobacter pylori é caracterizada' pelamarcada
acumulação
de polimorfonucleares neutrófilos namucosa
gástrica,que
representa omecanismo
padrão inespecífico da respostaimune
em
caso de infecção (Hatz et al, 1992).Segundo
estes pesquisadores, o recrutamento neutrofílico envolve doismecanismos
principais:
secreção de fatores quimiotáticos pelo tecido gástrico lesado, tais
como:
Ieucotrieno 4,interleucina 8,
C
5a e fator ativador plaquetário.efeito quimiotático das proteínas exibidas pelo próprio Helicobacter pylori, incluindo o
fator ativador plaquetário.
V
REVISÃO
DA LITERATURA
_ 46Os
neutrófilospodem
penetrarno
epitélio gástrico para fagocitar o Helicobacterpylori sobre a superfície Iuminal das células. Isto,
no
entanto, éum
evento infreqüente, oque pode
representar a falta de anticorpos opsonizantesou
a expressão de proteinascom
atividade hidrofóbica pela bactéria (Newell, 1991). Ressalte-seque
a hidrofobicidadeda
mucosa
gástrica, caracterizada pela propriedade damesma em
repelir soluçõesaquosas, inclusive ácido (Spychal et al, 1990), mostrou-se efetivamente reduzida
em
portadores de
doença
ulcerosa péptica e Helicobacter pyloriem
pesquisa recente(Goggin et al, 1992).
Além dos
neutrófilos, os eosinófilos sãotambém
parte integrantedo
infiltrado inflamatório da
mucosa
gástrica infectada peloHeIicobacter pylori,sendo
provavelmente responsáveis pela liberação de proteinas
que
podem
aumentar
odano
damucosa
(McGovern
et al, 1991).A
A
esta fase de respostaimune
inespecifica neutrofílica, segue-seuma
respotaimune
específica, caracterizada por
um
infiltradomononuclear
na lâmina própria damucosa
gástrica, aspecto característico desta infecção, proporcional
ao
grau damesma
(Hatz et al, 1992). Nesta fase ocorreuma
respostaimune
local e sistêmica.A
nivel sistêmico há aprodução
significativa de anticorpos da classe IgM, IgA e IgG contra diferentes epitopos da bactéria (Perez-Perez et al, 1988). Localmente háuma
marcada produção
de IgA,que
mesmo
assim se mostra incapaz de erradicar a infecção (Hatz et al, 1992). Aceti et al(1991)
mostraram que
o Helicobacterpylori induztambém
uma
respostaimune
na direçãoda
produção
de lgE especifica,que ao
se ligarcom
os mastócitos namucosa
gástrica,levam à degranulação
dos
mesmos com
conseqüente liberação de histamina, substânciaque pode
ser importante na evoluçãodo
processo inflamatório na ulcerogênese. NestaREVISÃO
DA LITERATURA
- 47perspectiva, Queiroz et al (1991a)
demonstraram que
crianças colonizadas pelo Helicobacter pylori tinhammenor
concentração de histamina namucosa
gástrica,principalmente se portadoras de úlcera péptica.
Em
adultos, Queiroz et al (1991 b)também
encontraram
achados
semelhantes, exceto por níveis (baixos) de histamina tantoem
ulcerosos
como
em
não ulcerosos infectados.Com
base nessesachados
eentendendo
que
a histamina é substância fundamental namodulação
da secreção gástrica,que
a gastrite peIoHeIicobacter pylori ao apresentaredema,
vaso-dilatação e infiltrado celular inflamatório, comporta-secomo uma
"respostamediada
pela histamina", Bechi et al(1993)
buscaram
recentemente de fonna experimentalem
ratoscomprovar
o estudo deQueiroz et al
em
humanos,
tendo efetivamente conseguido. VParalelamente à anticorpogênese local e sistêmica, na
mucosa
gástrica a respostacelular
imune ao
Helicobacter pylori implica na secreção de linfocinas, principalmente ainterleucina-1(i, interleucina-6 e fator de necrose tumoral-ot, cujo real significado
patogênico
não
estábem
determinado (Hatz et al, 1992).`
Negrini et al (1991), sugeriram fortemente a presença de autoanticorpos
com
capacidade de reagir
com
amucosa
gástricano
cenário da patogênese da infecção peloHelicobacter pylori. Esta hipótese
ganhou
mais forçacom
a identificação de"proteínas
do choque
ténnico"na superficie da bactéria, moléculas essascom
estruturahomóloga
aos constituintes celulareshumanos,
oque
poderia induzir à reaçãoimunológica cruzada (Vaira et al, 1992). Nesta
mesma
perspectiva de lesão pormecanismo
autoimune, demonstrou-seque
áreas demucosa
gástricacom
infecção peloREVÍSAO
DA LITERATURA
- 48pylori
têm
uma
forte expressao deHLA-DR
aberrante sobre as células epiteliaisque
estãona proximidade
do
infiltradomononuclear
(Wee, Teh, Kang, 1992), potencialmente capazde induzir anticorpogênese.
Finalmente, dentre os
mecanismos
patogênicos envolvidos na infecção peloHelicobacter pylori,
merece
destaque o papel da gastrina, pepsina eprodução do
ácidoclorídrico pelo estômago.
A
gastrina éum
peptídeo secretado pelas célulasG
do
antro,que
estimula as células parietais a secretarem ácido e,em
menor
grau, as célulasprincipais a secretarem pepsina,
sendo no mínimo
tão importantecomo
a estimulaçãovagal
no
controle da secreção gástrica (Dunn, 1993). Diversos estudosbuscaram
estabelecer os distúrbios
que
explicassem o excesso de secreção de gastrina relacionadocom
a infecção pelo Helicobacter pylori (Brady Ill et al, 1988/Graham
et al, 1991 alMoss
et al, 1992). Mais recentementeGraham
& Go
(1993)sumarizam da
seguinte maneira ocontroverso assunto: "A gastrite pelo Helicobacter pylori está associada
com uma
diminuição
do
número
de
célulasD
eG
no
antro, aindaque
a proporção célulasG/D
não
pareça estar alterada.
A
secreção exagerada de gastrina associada à infecção peloHelicobacter pylori
não
é decorrente da ureaseou
de outro produto bacteriano,porém
parece ser secundária à
produção de
citocinas.A
rápida reversãoda
exagerada secreçãode
gastrina associada à terapia antimicrobiana étambém
muito consistentecom
ainteração
de
mediadores químicoscom
as células G, enão
em
conseqüênciada
alteraçãodo
número
dasmesmas".
_
REVISÃO
DA LITERATURA
- 49-
Além
da hipergastrinemia,um
nivel elevado de pepsinogênioI
também
tem
sidoassociado à infecção pelo Helícobacter pylori,
sendo que
uma
maior atividade pépticapoderia estar associada à degradação
do
muco
econseqüentemente
determinar maiorpotencial ulcerogênico (Vaira et al, 1992). Esta hiperpepsinogenemia
também
revertecom
a erradicação da bactéria (Dooley, 1993a).
Em
relação à secreção ácida, há controvérsias. Levi et al (1989)demonstraram que
pacientes
com
úlcera colonizados pelo Helícobacter pylorítêm
maior produção de ácidoquando comparados
com
pacientes nos quais a bactéria não foi detectada.Wagner
et al(1989),
no
entanto,não
conseguiram demonstrar qualquer relação entre a infecção pelo Helícobacter pylorí e aprodução
de ácido.A
depleção de histamina, importantemediador
para a
produção
de ácido, namucosa
gástrica infectada pelo Helícobacter pylori,como
jáfoi analisado,
pode
representar na realidadeuma
secreção ácida cronicamente elevada(num,
1993).m-A
BAc'rÉR|A
E
A
‹;AsTRlTEz
"A microbiologia gástrica
tem
sido tristemente negligenciada.Metade dos
pacientesencaminhados
à gastroscopia e biópsia apresentam colonização bacterianados seus
estômagos,
marcadamente
relacionadascom
alterações histológicas. Durante os últimostrês
anos
tenho observadopequenos
bacilos encun/adosem
135 biópsias gástricas.A
bactéria estava muito próxima à superfície endotelial, dentro
ou
entre as fovéolasgástricas.
A
distribuição era continua, segmentar,ou
focal... Classifiquei as biópsiascomo
"sem
inflamação", "gastrite crônica"(infíltrado mononuclear) e "gastrite crônicaativa" (infiltrado polimorfonucleaü...
Quando não
havia inflamação a bactéria erarara...