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Morbidade de servidores de uma universidade federal afastados para tratamento da própria saúde

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO

RENAN LAURINDO DANTAS DOS SANTOS

MORBIDADE DE SERVIDORES DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL AFASTADOS PARA TRATAMENTO DA PRÓPRIA SAÚDE

NATAL/RN 2019

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RENAN LAURINDO DANTAS DOS SANTOS

MORBIDADE DE SERVIDORES DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL AFASTADOS PARA TRATAMENTO DA PRÓPRIA SAÚDE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade da Escola de Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Mestre em Saúde e Sociedade. Linha de Pesquisa: Epidemiologia, Vigilâncias e o Cuidado em saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Lúcia Azevedo Ferreira de Macêdo.

NATAL/RN 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Santos, Renan Laurindo Dantas dos.

Morbidade de servidores de uma universidade federal afastados para tratamento da própria saúde / Renan Laurindo Dantas dos Santos. - 2019.

68f.: il.

Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Escola de Saúde, Mestrado Profissional em práticas de saúde e educação, Natal, 2019.

Orientadora: Dra. Maria Lúcia Azevedo Ferreira de Macêdo.

1. Saúde do trabalhador - Dissertação. 2. Licença médica - Dissertação. 3. Setor público - Dissertação. I. Macêdo, Maria Lúcia Azevedo Ferreira de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 6:331.47

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RENAN LAURINDO DANTAS DOS SANTOS

MORBIDADE DE SERVIDORES DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL AFASTADOS PARA TRATAMENTO DA PRÓPRIA SAÚDE

Esta DISSERTAÇÃO foi submetida ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para obtenção do título de:

MESTRE EM SAÚDE E SOCIEDADE

e aprovada em 29 de outubro de 2019, atendendo às normas da legislação vigente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________ Dra. Maria Lúcia Azevedo Ferreira de Macêdo

Presidente

______________________________________ Dra. Grácia Maria de Miranda Gondim

Membro

______________________________________ Dra. Elisângela Franco de Oliveira Cavalcante

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RESUMO

SANTOS, Renan Laurindo Dantas dos. Morbidade de servidores de uma Universidade Federal afastados para tratamento da própria saúde. 2019. 74f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.

Introdução: O adoecimento e afastamento para tratamento da própria saúde traz repercussões para a vida do servidor, como também reflete e interfere na dinâmica da instituição em que desenvolve suas atividades laborais. Objetivo: Analisar a morbidade de servidores de uma Universidade Federal brasileira afastados para tratamento da própria saúde no ano de 2016. Método: Estudo descritivo de abordagem quantitativa e delineamento transversal. A população do estudo foi composta por servidores efetivos da Universidade afastados para tratamento da própria saúde. Os dados foram coletados utilizando-se de relatórios gerenciais do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor. Resultados: Na instituição estudada, no ano de 2016, foram concedidas 410 licenças para tratamento da própria saúde de servidores, predominando o sexo feminino (72,68%), com faixa etária de 31 a 45 anos (70,73%), atividade laboral em cargo de nível médio (55,61%), e atuação na área administrativa (45,37%). Destaca-se que os transtornos mentais e comportamentais foram predominantes com 24,88% dos casos. Considerações finais: O conhecimento do perfil de adoecimento dos servidores da instituição estudada identificou a necessidade de ações preventivas a serem desenvolvidas pela gestão, relacionadas à saúde mental do servidor e ao ambiente trabalho.

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SANTOS, Renan Laurindo Dantas dos. Morbidity of Federal University servants on leave for treatment of their own health. 2019. 74f. Dissertation (Master degree) - Postgraduate Program in Health and Society, Federal University of Rio Grande do Norte, Natal, 2019.

ABSTRACT

Introduction: The illness and sick leave for treatment of one's own health has repercussions for the life of the servant, as well as reflects and interferes in the dynamics of the institution in which he develops his work activities. Objective: To analyze the morbidity of servants of a Brazilian Federal University on leave for treatment of their own health in 2016. Method: Descriptive study of quantitative approach and cross-sectional design. The subjects of the study were permanent University servants who were removed for treatment of their own health. Data were collected using management reports from the Integrated Server Health Care Subsystem. Results: in the institution studied in 2016, 410 licenses were granted to treat the health of servants themselves, predominantly females, 72.68%, aged 31 to 45 years (70.73%), work activity in mid-level position, 55.61%, and performance in the administrative area (45.37%). It is noteworthy that mental and behavioral disorders were predominant with 24.88% of cases. Final considerations: the knowledge of the illness profile of the servants of the studied institution identified the need for preventive actions to be developed by the management, related to the mental health of the server and the work environment.

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DEDICATÓRIA

À mulher de minha vida Janaina e meus filhos queridos Pedro e Artur pelo apoio incondicional em todos os momentos, principalmente nos de incerteza, muito comuns para quem tenta trilhar novos caminhos. Sem vocês nenhuma conquista valeria a pena.

Aos meus pais Ulisses e Jocinéa, que dignamente me apresentaram à importância da família e ao caminho da honestidade e persistência.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida e pela possibilidade de empreender este caminho evolutivo, por propiciar tantas oportunidades de estudos e por colocar em meu caminho pessoas amigas e preciosas.

À Prof.ª Maria Lúcia, o meu reconhecimento pela oportunidade de realizar este trabalho ao lado de alguém que transpira sabedoria; meu respeito e admiração pela sua serenidade, capacidade e pelo seu Dom no ensino da Ciência, inibindo sempre a vaidade em prol da simplicidade e eficiência.

À minha família, especialmente minha irmã Maracy, meu cunhado Ricardo e meus sobrinhos Davi, Silas e Tatiana que, mesmo estando a alguns quilômetros de distância, se mantiveram incansáveis em suas manifestações de apoio e carinho. Aos amigos do Mestrado que compartilharam comigo esses momentos de aprendizado, onde rimos, choramos e nos ajudamos mutuamente.

Aos meus nobres amigos da Seção de Perícias Médicas do Hospital de Guarnição de Natal, em especial Delasena, Lucena e Matheus, que torceram por mim acompanhando toda a trajetória desta conquista desde a aprovação no curso até a conclusão, levando sempre estímulo e força para o término desta jornada.

À PROGESP/UFRN por entender a importância deste trabalho como elemento de intervenção futura, permitindo o acesso à documentação e utilização dos dados colhidos para análise.

A toda a equipe da DAS/UFRN por disponibilizar tempo e espaço para o desenvolvimento do projeto, mantendo-se sempre com boa vontade para o pronto atendimento das necessidades da pesquisa.

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LISTA DE ABREVIATURAS

APF – Administração Pública Federal CB – Constituição Brasileira

CEREST – Centros de Referência em Saúde do Trabalhador

CID 10 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde – Décima Revisão

CTSST – COMISSÃO TRIPARTITE DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO DAS – Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor

LER/DORT – Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

MPS – Ministério da Previdência Social MS – Ministério da Saúde

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

NOSS – Norma Operacional de Saúde do Servidor NOST – Norma Operacional de Saúde do Trabalhador NR – Norma Regulamentadora

OIT – Organização Internacional do Trabalho OMS – Organização Mundial da Saúde

OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde PAIR – Perda Auditiva Induzida por Ruído

PASS – Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público Federal

PLANSAT – Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho

PNSTT – Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora PNSST – Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PROGESP – Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas

RENAST – Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador SIAPE SAÚDE – Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos SIASS – Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor

SIPEC – Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal

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SST – Segurança e Saúde no Trabalho SUS – Sistema Único de Saúde

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UTI – Unidade de Terapia Intensiva

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama do percurso dos servidores da UFRN e o processo de afastamento do trabalho por licença para tratamento da própria saúde. ... 36

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica dos servidores de uma Universidade Federal afastados para tratamento da própria saúde. Rio Grande do Norte, 2016. .. 39 Tabela 2 - Idade de servidores de uma Universidade Federal afastados para tratamento da própria saúde. Rio Grande do Norte, 2016 ... 39 Tabela 3 - Causas de afastamento para tratamento da própria saúde de servidores de uma Universidade Federal. Rio Grande do Norte, 2016 ... 40 Tabela 4 - Tipos de transtornos mentais que causaram afastamento para tratamento da própria saúde de servidores de uma Universidade Federal. Rio Grande do Norte, 2016 ... 41

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 14 2 OBJETIVOS ... 18 2.1 OBJETIVO GERAL ... 18 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 18 3 REVISÃO DE LITERATURA ... 19

3.1 TRABALHO, SAÚDE DO TRABALHADOR E LEGISLAÇÃO ... 19

3.2 POLÍTICA DE ATENÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL ... 24

3.3 EXAMES MÉDICOS ADMISSIONAIS E PERIÓDICOS E SAÚDE DO SERVIDOR PÚBLICO... 28 4 MÉTODO ... 33 4.1 TIPO DE ESTUDO ... 33 4.2 LOCAL DA PESQUISA ... 33 4.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO ... 35 4.4 COLETA DE DADOS ... 37

4.5 ANÁLISE DOS DADOS ... 38

4.6 ASPECTOS ÉTICOS... 38 5 RESULTADOS ... 39 6 DISCUSSÃO ... 42 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 51 REFERÊNCIAS ... 53 ANEXOS ... 62

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho, que acompanha a história da humanidade, tem forte influência na vida das pessoas, ocupa espaço fundamental na organização das sociedades modernas, e não é visto tão somente a partir da perspectiva da produção de bens e serviços, mas como elemento de constituição das identidades, subjetividades e vínculos sociais das pessoas (COTANDA, 2011).

Abrangendo parte do espaço e do tempo da vida do ser humano, o trabalho não é considerado apenas meio para prover a subsistência e a satisfação das necessidades básicas, constitui-se também em fonte de realização pessoal e de autoestima, auxilia no desenvolvimento de potencialidades do trabalhador, além de possibilitar a participação nos objetivos da sociedade (NAVARRO; PADILHA, 2007; ZANELLI; SILVA; SOARES, 2010).

A partir dos anos de 1970, verificaram-se profundas transformações no mundo do trabalho, que consistiram em iniciativas do capital em busca de aumento da produtividade e da rentabilidade do trabalho. Às mudanças no processo de produção incorporaram-se mudanças na visão e no papel do Estado, tendo consequências relevantes para a vida em sociedade (PIRES, 2008).

Essas transformações levam a novas formas de organização industrial e de relacionamento entre o capital e o trabalho, ao mesmo tempo em que impõem um perfil de trabalhador que seja mais qualificado, participativo e polivalente. Tais mudanças alcançam também as organizações públicas, que se encontram em um contexto cercado de limitações, apresentando, dentre outras, restrições orçamentárias, condições inadequadas de trabalho, insuficiência de recursos humanos e materiais, inviabilidade de ascensão e baixo poder aquisitivo do servidor (RIBEIRO; MANCEBO, 2013).

Contudo, a despeito das dificuldades a serem enfrentadas, o trabalho no serviço público continua sendo desejado por muitas pessoas. Observa-se um relevante número de trabalhadores que buscam um vínculo empregatício estável que constitui um dos grandes atrativos para o ingresso e a permanência no serviço público, e que garanta uma renda mensal (RIBEIRO; MANCEBO, 2013).

Servidores públicos, em sentido amplo, são todas as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com vínculo empregatício e com remuneração paga pelos cofres públicos (DI PIETRO, 2014).

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De acordo com o artigo 37, II, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04 de junho de 1998, “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração” (BRASIL, 1998a).

Se, por um lado, a busca pela aprovação em concursos públicos tem sido um objetivo almejado por muitas pessoas, por outro, as instituições públicas esperam admitir servidores saudáveis para o desempenho de suas atividades laborais.

A Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990 (BRASIL, 1990b), que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, no que se refere ao exame para investidura em cargo público, estabelece que:

“Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção médica oficial.

Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo” (BRASIL, 1990b).

O exame médico avaliará a capacidade física e mental do candidato para exercer as atividades do cargo público que irá ocupar, bem como os exames indicados no edital do concurso. A avaliação médica considerará também os riscos inerentes às respectivas atribuições e o prognóstico de enfermidades apresentadas pelo candidato. Os critérios devem ser estabelecidos levando-se em consideração as atividades da função que o candidato pretende exercer, os riscos inerentes ao ambiente de trabalho e os critérios epidemiológicos, que podem apontar doenças responsáveis por licenças prolongadas, readaptações e aposentadoria precoce por invalidez. Podem ser ouvidos peritos e especialistas em diversas áreas e consultados documentos técnicos atuais para melhor embasar a avaliação da capacidade laboral. O exame de investidura integra as ações de promoção à saúde. Este é o primeiro contato do candidato com o Serviço de Atenção à Saúde do Órgão, sendo uma ação integrada com as atividades de promoção em saúde, no sentido de acompanhar o futuro servidor, prevenindo os riscos de sua atividade laboral (BRASIL, 2017, p. 12).

O exame admissional é um processo de avaliação médica efetivado com o auxílio de outros profissionais da saúde, realizado por meio da anamnese do trabalhador, que busca identificar doenças, sinais e sintomas ocasionados ou não pelo trabalho (LEMOS; LEMOS, 2016).

A anamnese ocupacional abrange a investigação da história de trabalho a contar de trabalhos anteriores, a idade em que a pessoa começou a trabalhar até a

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descrição do trabalho atual, além de incluir a caracterização da ocupação e da atividade de trabalho (ASMUS; MEYER; CASTRO, 2009).

Os sistemas de atenção à saúde são respostas sociais deliberadas às necessidades de saúde das populações, sendo fundamental, dessa forma, ocorrer harmonia entre as necessidades e o modo como esses sistemas se organizam para respondê-las socialmente (BRASIL, 2015).

A Constituição Brasileira (CB) assegura o direito à saúde e cria o Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1988). No entanto, desde a sua implantação e implementação, verificam-se, ainda, problemas de acesso dos brasileiros aos serviços de saúde (LIMA et al., 2015). A sociedade brasileira convive com um avançado arcabouço legal que garante a saúde da população por meio de políticas inclusivas e universais, porém, de outra forma, há uma institucionalidade que não assegura a utilização ou o acesso aos serviços de saúde de acordo com as necessidades da cidadania (FLEURY, 2011).

Essa dificuldade de acesso à saúde pode alcançar qualquer pessoa, dentre elas, as que realizaram concurso público, podendo ser admitidas em instituições públicas com doenças preexistentes, muitas vezes assintomáticas e/ou desconhecidas pelo próprio servidor.

Podem-se citar, por exemplo, patologias como hipertensão arterial e diabetes mellitus, doenças silenciosas e que podem ocasionar consequências graves em vários órgãos do corpo humano (OLIVEIRA; MONTENEGRO JUNIOR; VENCIO, 2017).

O exame admissional, abrangendo a avaliação clínica, anamnese ocupacional, exame físico e mental e exames complementares, deve ser realizado antes que o trabalhador inicie suas atividades laborais (BRASIL, 1994a).

Durante a vida laboral a saúde do servidor público deverá ser acompanhada pela instituição por meio da realização de exames periódicos, com a finalidade de prevenir, acompanhar, tratar enfermidades que podem trazer sequelas para a vida do trabalhador, como também levar ao absenteísmo (BRASIL, 2009b).

O servidor será submetido a exames médicos periódicos, que buscam identificar previamente problemas de saúde possivelmente existentes entre os trabalhadores da instituição, antes do surgimento das manifestações clínicas, possibilitando a correção de certas anormalidades até então despercebidas e

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desconhecidas do próprio trabalhador. É através do exame periódico que se mantém a vigilância das condições de saúde dos trabalhadores (MARANO, 2001).

Na realização das minhas atividades como médico perito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte vinculado ao Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (UFRN/SIASS) desde o ano de 2015, tenho identificado que servidores públicos vêm se afastando do trabalho para tratamento da própria saúde por motivos diversos, dentre eles, os transtornos mentais e comportamentais, por longos períodos. Esta situação vem causando certa inquietação no sentido de buscar uma melhor compreensão desta problemática com vistas a mudanças no cenário apresentado.

Diante desse contexto, surgiram algumas reflexões e questionamentos relacionados à temática estudada:

 Quais patologias levaram servidores da UFRN a serem afastados para tratamento da própria saúde?

 Como se caracteriza a concessão de licenças para tratamento da própria saúde de servidores que atuam nas áreas administrativa, saúde e ensino da instituição?

Nos serviços de perícia médica do país, servidores públicos federais têm sido afastados de suas atividades laborais por adoecimento (OLIVEIRA; BALDAÇARA; MAIA, 2015; SCHLINDWEIN; MORAIS, 2014; GARCIA et al., 2013; COSTA; FERREIRA; BURNIER, 2013). Destacam-se, ainda, aqueles que se ausentam do serviço tendo sido recém-admitidos na instituição (SPADETO, 2013).

O afastamento para tratamento da própria saúde traz repercussões para a vida do trabalhador, nas suas múltiplas dimensões, como também reflete e interfere na dinâmica das instituições em que trabalham.

Este estudo justifica-se pela necessidade de conhecer e caracterizar o perfil epidemiológico dos servidores da UFRN que se afastaram para tratamento da própria saúde no ano de 2016. Esse conhecimento resultará na identificação de patologias que podem levar ao absenteísmo e/ou à incapacidade temporária ou definitiva de servidores da UFRN.

Os resultados deste estudo poderão ser utilizados como subsídio para o planejamento de estratégias visando à promoção e vigilância da saúde do servidor público da UFRN.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a morbidade de servidores efetivos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte afastados para tratamento da própria saúde no ano de 2016.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Descrever o perfil epidemiológico de servidores efetivos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que se afastaram do trabalho para tratamento da própria saúde.

 Descrever o grupo de adoecimento cuja prevalência foi a maior causa de afastamento do trabalho para tratamento da própria saúde em servidores efetivos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

Neste tópico são tratados temas referentes à legislação e à saúde do trabalhador, além da política de atenção à saúde e segurança do trabalho do servidor público federal no cenário brasileiro, e das principais legislações sobre esta temática no Brasil. Abordam-se, ainda, questões relacionadas aos exames médicos admissionais e periódicos e sua relevância para a saúde do servidor público.

3.1 TRABALHO, SAÚDE DO TRABALHADOR E LEGISLAÇÃO

As crises econômicas dos últimos anos ocasionaram mudanças na estruturação dos sistemas produtivos brasileiros. A inserção de arsenal tecnológico e maquinário com o objetivo de aumento da produtividade nas empresas suscita a necessidade de profissionais qualificados sujeitos a exigências, com impacto na diminuição de autonomia do trabalhador na execução de suas tarefas. A tecnologia da informação fornece maior vigilância e controle do trabalho, ao mesmo tempo em que as empresas exigem por parte do trabalhador envolvimento maior. Nesse cenário, observa-se intensa carga de trabalho, com repercussões importantes na saúde física e mental do trabalhador (NEFFA, 2015).

As doenças ocupacionais são fonte de sofrimento e perdas no mundo do trabalho, entretanto, ainda que sejam mais responsáveis pela morte de relevante número de pessoas do que os acidentes de trabalho, permanecem muitas vezes invisíveis. As perturbações mentais e as afecções musculoesqueléticas são agravos à saúde cada vez mais frequentes (OIT, 2013).

Verifica-se, atualmente, gradativo processo de precarização do trabalho humano com a flexibilização das relações de trabalho, utilização de terceirizações, quarteirizações, etc., de cooperativas ilegais de trabalho, dentre outras estratégias para prejudicar a aplicação das normas trabalhistas em vigor, promovendo a diminuição dos direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo dos anos (GAMBA; PIRES, 2016).

Apesar desse cenário, o trabalho é essencial à vida humana, tendo, ainda, a função de organizador social, além de ser um elemento relevante na constituição da identidade dos indivíduos, que se reconhecem e são reconhecidos em sua atividade profissional, tornando-o espaço que possibilita compreender os processos de

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construção de subjetividades da pessoa e da sociedade (MARQUES; MARTINS; CRUZ SOBRINHO, 2011).

Para desenvolver um trabalho, é preciso que o trabalhador decida mobilizar a sua força de trabalho, logo, o trabalho resulta de uma atividade humana voluntária realizada sob tensão, podendo ser executado em diversos espaços, como empresas, instituições públicas, no domicílio. Ele irá utilizar a força de trabalho nos objetos de trabalho de forma manual, ou utilizando meios de produção que, ao aumentar a força produtiva, possibilitam a produção de mais serviços, bens, informação ou conhecimentos mentalmente planejados previamente a fim de atender necessidades sociais ou pessoais (NEFFA, 2015).

O ambiente de trabalho deve ser espaço de saúde e fonte de satisfação, entretanto, quando as condições laborais são inadequadas, pode ser causa de acidentes e adoecimento dos trabalhadores.

As implicações do trabalho na vida do trabalhador têm desencadeado discussões entre estudiosos e entre formuladores de políticas públicas. Este fato demonstra a relevância do arcabouço legal disponível para a promoção da saúde e segurança do trabalho (GÓMEZ, 2013).

Nessa perspectiva, a saúde do trabalhador é uma área da saúde pública que tem por objeto de estudo e intervenção as relações entre o trabalho e a saúde. Seus principais objetivos são a promoção e a proteção da saúde do trabalhador (FORTE et al., 2014). Constituindo-se em forma de valorização do ser humano, a saúde do trabalhador é elemento fundamental em qualquer processo de trabalho.

O desenvolvimento nos campos político e teórico voltados à saúde do trabalhador tem colaborado para a criação de legislação específica, contendo diretrizes políticas de atenção à promoção da saúde do trabalhador (MENDES; WUNSCH; OLIVEIRA, 2014). A seguir são relacionados regulamentos referentes à saúde do trabalhador no Brasil.

O SUS foi criado no Brasil no ano de 1988, a partir da promulgação da nova Constituição Brasileira. No seu artigo 196, este documento estabelece que “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Assim, a saúde do trabalhador passou a ser competência do SUS, que tem, dentre outras atribuições, executar as ações de saúde do trabalhador;

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colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (BRASIL, 1988).

Promulgada em 1990, a Lei Orgânica da Saúde nº 8.080 (BRASIL, 1990a) trata das condições para promover, proteger e recuperar a saúde, além da organização e o funcionamento dos serviços também relacionados à saúde. Esta Lei inclui no campo de atuação do SUS, a execução de ações de saúde do trabalhador, que se destinam, por meio das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, “à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho” (BRASIL, 1990a).

Essas ações compreendem a (BRASIL, 1990a):

- assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho;

- participação em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;

- participação na normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;

- avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

- informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;

- participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;

- revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e

- garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores (BRASIL, 1990a).

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A Portaria MS n° 3.120, de 1° de julho de 1998, aprova a Instrução Normativa de Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS, definindo os procedimentos básicos para o desenvolvimento das ações nesta área (BRASIL, 1998b). A Norma Operacional de Saúde do Trabalhador (NOST), aprovada pela Portaria MS nº 3.908, de 30 de outubro de 1998, estabelece procedimentos para orientar e instrumentalizar as ações e serviços de saúde do trabalhador no SUS (BRASIL, 1998c).

A fim de definir o perfil de adoecimento da população trabalhadora para o estabelecimento de políticas públicas no campo da saúde do trabalhador, foi instituída, por meio da Portaria MS nº 1.339, de 18 de novembro de 1999, a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (BRASIL, 1999), instrumento que possibilita identificar tanto a frequência, como a distribuição das doenças, permitindo a definição e a implementação das ações de assistência e de vigilância à saúde do trabalhador no SUS (BRASIL, 2001).

A Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador – RENAST foi criada pela Portaria MS nº 1.679, de 19 de setembro de 2002 (BRASIL, 2002), organizada com a finalidade de implementar ações assistenciais, de vigilância, prevenção e de promoção da saúde, no campo da saúde do trabalhador.

Em 13 de fevereiro de 2004, foi constituído pela Portaria MPS/MS/MTE nº 153 o Grupo de Trabalho Interministerial composto por representantes do Ministério da Previdência Social, Ministério da Saúde e Ministério do Trabalho e Emprego, tendo como um de seus objetivos elaborar proposta de Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (BRASIL, 2004).

O texto base da Minuta de Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho elaborada pelo Grupo de Trabalho instituído pela Portaria Interministerial nº 153, de 13 de fevereiro de 2004, foi publicado por meio da Portaria MPS/MS/MTE nº 800, de 3 de maio de 2005 (BRASIL, 2005).

De acordo com a Portaria MS nº 2.728, de 11 de novembro de 2009, a RENAST deve integrar a rede de serviços do SUS por meio de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST, além de desenvolver protocolos, propor e estabelecer linhas de cuidado, e instrumentos que favoreçam a integralidade das ações, envolvendo a atenção básica, de média e alta complexidade, serviços e municípios sentinela (BRASIL, 2009c).

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O CEREST tem por função fornecer apoio técnico especializado para o SUS nas ações de promoção, proteção, vigilância, diagnóstico e tratamento, além da reabilitação em saúde de trabalhadores (BRASIL, 2009c).

O Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011, dispõe sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST, que tem por objetivos a promoção da saúde, a melhoria da qualidade de vida do trabalhador, a prevenção de acidentes e doenças relacionados ao trabalho, por meio da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho (BRASIL, 2011).

No intuito de articular ações dos mais diferentes atores sociais no encalço da execução da PNSST, foi construído, a partir do diálogo e da cooperação entre órgãos governamentais e representantes dos trabalhadores e dos empregadores, o Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PLANSAT (CTSST, 2012).

O PLANSAT tem por objetivos: inclusão de todos os trabalhadores brasileiros no Sistema Nacional de Promoção e Proteção da Segurança e Saúde no Trabalho (SST); harmonização da legislação previdenciária, trabalhista e sanitária e outras relacionadas à SST; integração das ações governamentais de SST; adoção de medidas especiais para atividades laborais com alto risco de doenças e acidentes de trabalho; estruturação de uma rede integrada de informações em SST; implementação de sistemas de gestão de SST nos setores público e privado; criação de uma agenda integrada de estudos e pesquisas em SST (CTSST, 2012).

A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora – PNSTT foi instituída pela Portaria MS nº 1.823, de 23 de agosto de 2012, e tem por objetivos: fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador e a integração com os demais componentes da Vigilância em Saúde; promover a saúde e ambientes e processos de trabalhos saudáveis; garantir e assegurar a integralidade na atenção à saúde do trabalhador; ampliar o entendimento de que a saúde do trabalhador deve ser compreendida como uma ação transversal (BRASIL, 2012a).

Essa mesma Portaria traz, ainda, os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem seguidas pelas três esferas de gestão do SUS, federal, estadual e municipal, para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, visando à promoção e à proteção de sua saúde e à diminuição da morbimortalidade resultante do adoecimento e dos agravos nas atividades laborais (GÓMEZ, 2013).

A PNSTT incorpora a categoria trabalho como um dos determinantes do processo saúde/doença dos indivíduos e da coletividade, incluindo-a nas análises de

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situação de saúde e nas ações de promoção em saúde; assegura que a identificação da situação do trabalho dos usuários seja considerada nas ações e serviços de saúde do SUS e que a atividade de trabalho realizada pelas pessoas, com as suas possíveis consequências para a saúde, seja considerada no momento de cada intervenção em saúde; e assegura a qualidade da atenção à saúde do trabalhador usuário do SUS (BRASIL, 2012a).

São sujeitos da PNSST todos os trabalhadores, homens e mulheres, independentemente de sua localização, urbana ou rural, de sua forma de inserção no mercado de trabalho, formal ou informal, de seu vínculo empregatício, público ou privado, assalariado, autônomo, avulso, temporário, cooperativado, aprendiz, estagiário, doméstico, aposentado ou desempregado (BRASIL, 2012a).

A Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional. São eles: Acidente de trabalho com exposição a material biológico, Acidente de trabalho grave, fatal e em crianças e adolescentes, Intoxicação exógena (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados) (BRASIL, 2016a).

A lista nacional de doenças e agravos a serem monitorados por meio da estratégia de vigilância em unidades sentinelas foi definida pela Portaria nº 205, de 17 de fevereiro de 2016. São eles: Câncer relacionado ao trabalho, Dermatoses ocupacionais, Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – LER/DORT, Perda Auditiva Induzida por Ruído – PAIR relacionada ao trabalho, Pneumoconioses, Transtornos mentais relacionados ao trabalho (2016b).

Assim, entende-se como de fundamental importância o conhecimento e aplicação das políticas públicas voltadas para a saúde do trabalhador, no sentido de promover a saúde e a segurança no trabalho nas instituições públicas.

3.2 POLÍTICA DE ATENÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

De acordo com Ramminger e Nardi (2007), as políticas públicas voltadas à saúde do trabalhador tinham como foco principal os trabalhadores das organizações privadas, deixando uma lacuna na atenção à saúde para os servidores públicos.

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Esses autores ressaltam que, nas Conferências Nacionais de Saúde do Trabalhador, ao se referir ao tema da saúde do servidor público, o destaque sempre esteve na formação e na remuneração do servidor público, sem privilegiar a relação entre saúde e trabalho.

A falta de uma política nacional de saúde do servidor e a necessidade de responder por ações em saúde e segurança do trabalho do servidor público federal possibilitou que os Ministérios e os demais órgãos que compõem o Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal (SIPEC) compusessem equipes que abordassem esta temática de acordo com seus entendimentos, com recursos financeiros, estruturas físicas e organizacionais e critérios periciais diferenciados (BRASIL, 2010a).

O perfil de adoecimento do servidor era desconhecido, uma vez que não existia um sistema de informações que notificasse os agravos à saúde, impedindo a identificação da situação das questões referentes à saúde do servidor (BRASIL, 2010a).

No ano de 2003, foi criada pelo Governo Federal a Coordenação-Geral de Seguridade Social e Benefícios do Servidor e, em 2006, o Sistema Integrado de Saúde Ocupacional do Servidor Público Federal – SISOSP. Porém, é a partir de 2007 que se estabelece o compromisso de construir e implantar uma Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público Federal – PASS. A partir deste movimento foi criado o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor – SIASS, instituído pelo Decreto nº 6.833, de 29 de abril de 2009 (BRASIL, 2010a).

A experiência com os estados e os debates nos diversos fóruns de participação levaram à substituição do SISOSP pelo SIASS (MARTINS et al., 2017).

O SIASS vem promovendo transformações no que se refere à política de saúde destinada aos servidores públicos federais, promovendo mudanças importantes na organização e no ambiente do trabalho, a partir da busca ativa de doenças, da prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais e da capacitação para a adoção de práticas que melhorem a qualidade de vida e de trabalho (BIZARRIA; TASSIGNY; FROTA, 2013).

A PASS foi estabelecida quando foi instituído o SIASS. Esta política incentiva a constituição de acordos de cooperação técnica: com otimização de recursos e formação de redes de serviços; com gestão compartilhada das ações relacionadas à

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saúde e segurança nos locais de trabalho apoiadas por sistemas de informação (CARNEIRO, 2011).

A construção da PASS deu-se de forma coletiva, em que foram realizados oficinas, encontros e reuniões com as áreas de recursos humanos, entidades sindicais e técnicos de saúde, com o objetivo de compartilhar experiências, comprometer gestores, incentivar parcerias e construir princípios, diretrizes e ações na área de saúde e segurança no trabalho. Trata-se da criação e consolidação de uma política transversal de gestão de pessoas, com participação dos diferentes órgãos da Administração Pública Federal, com ações na área de saúde e segurança no trabalho público federal (BRASIL, 2010a).

A PASS é sustentada por eixos (BRASIL, 2009b): I - Assistência à saúde do servidor

Provimento de recursos direcionados para a reparação do estado de saúde, com o fim de manter ou restabelecer a saúde ou minimizar os danos resultantes de enfermidades ou acidentes.

II - Perícia em saúde

As ações voltadas à área da perícia em saúde visam à padronização de procedimentos, transparência dos critérios técnicos, eficiência administrativa, atendimento humanizado, racionalidade de recursos, bem como ao apoio multidisciplinar e às relações com as áreas da assistência e da promoção à saúde. A informatização da perícia, com a introdução do prontuário eletrônico possibilita transparência e uniformização das perícias oficiais em saúde.

III - Vigilância e promoção à saúde

Realizar ações de vigilância e de promoção à saúde que transformem ambientes e processos de trabalho e causem impactos positivos sobre a saúde dos servidores federais é o grande desafio da política de atenção à saúde do servidor (BRASIL, 2009b).

Destaca-se aqui a importância da relação entre a vigilância em saúde e monitorização do ambiente de trabalho para determinar a exposição dos trabalhadores a riscos ocupacionais, e, ainda, se alguma doença adquirida pelos trabalhadores se relaciona com a atividade desempenhada. Apesar de a vigilância médica ter por objetivos principais identificar precocemente o impacto para a saúde e desencadear ações preventivas, possibilita, ainda, o reconhecimento de doenças profissionais que têm períodos longos de latência (OIT, 2013).

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A estratégia fundamental para promover saúde é conciliar um sistema de vigilância epidemiológica que interprete dados da saúde do servidor a ações de vigilância aos ambientes e processos de trabalho e com a negociação das prioridades estabelecidas nos locais de trabalho (BRASIL, 2010a).

Na PASS as ações de vigilância e de promoção à saúde baseiam-se tanto no conhecimento multidisciplinar, como na participação dos servidores em todas as etapas do processo de intervenção nos ambientes, no intuito de melhor compreender a relação saúde-trabalho (BRASIL, 2010a).

São relevantes a valorização e a atenção à saúde dos servidores públicos, uma vez que o cuidado com essas pessoas, no que se refere à promoção da saúde, prevenção e acompanhamento de doenças, poderá repercutir em melhor prestação de serviços à sociedade (BRASIL, 2017).

A PASS vem sendo aprimorada, com a colaboração de profissionais dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional (BRASIL, 2017). Dentre as estratégias para desenvolver a PASS, encontra-se o SIASS, criado pelo Decreto nº 6.833, de 29 de abril de 2009. Este Sistema é estruturante de gestão de pessoas, que tem por objetivo articular os recursos existentes e propor medidas para a implementação das ações da PASS (BRASIL, 2010a).

Integrando um conjunto de ações da Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público Federal, foi instituída em 07 de maio de 2010, por meio da Portaria Normativa nº 03, a Norma Operacional de Saúde do Servidor – NOSS (BRASIL, 2010b), com o objetivo de definir diretrizes gerais para a implementação das ações de vigilância aos ambientes e processos de trabalho e promoção à saúde do servidor público federal.

Essa mesma Portaria determina, no seu art. 12, que, na falta de regulamentação legal voltada aos servidores públicos, devem-se buscar referências específicas em normas nacionais, internacionais e informações científicas atualizadas (BRASIL, 2010b).

Nesse sentido, destacam-se as Normas Regulamentadoras (NRs) de saúde e segurança no trabalho do Ministério do Trabalho NR 7 (BRASIL, 1994a) e NR 9 (BRASIL, 1994b).

A NR 7 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. Este Programa

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deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos exames médicos: admissional; periódico; de retorno ao trabalho; de mudança de função; demissional. Estes exames compreendem: avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental; exames complementares, realizados de acordo com os termos específicos nesta NR (BRASIL, 1994a).

Já a NR 9 determina a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais (BRASIL, 1994b).

Destaca-se, ainda, a Portaria Normativa nº 03, de 25 de março de 2013, que institui as diretrizes gerais de promoção da saúde do servidor público federal que visam orientar os órgãos e entidades do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal – SIPEC (BRASIL, 2013).

3.3 EXAMES MÉDICOS ADMISSIONAIS E PERIÓDICOS E SAÚDE DO SERVIDOR PÚBLICO

A Lei nº 8.112/90 (BRASIL, 1990b) prevê que servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público. São servidores públicos as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta que têm vínculo empregatício e com pagamento da remuneração feita pelos cofres públicos (DI PIETRO, 2014).

No âmbito federal, quanto aos cargos públicos, a Lei 8.112/1990 (BRASIL, 1990b) refere, em seu artigo 3º, que: “cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor”.

O trabalho no serviço público tem características que podem influenciar na saúde ou no adoecimento do servidor, dentre elas: a variedade de cargos e funções com diversidade de riscos; os conflitos entre exigências burocráticas e demandas políticas; a diversidade de estratos sociais; a estabilidade no emprego; as exigências

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de produtividade; a imagem negativa do funcionalismo público perante a sociedade (CARNEIRO, 2011).

O cargo público possui atividades pelas quais o servidor será cobrado em seu desempenho. A admissão em um cargo público resulta de uma nomeação, e a posse determina a bilateralidade de relação de investidura do servidor no serviço público no seu cargo. A posse prevê a aceitação do servidor no que se refere às suas atribuições, direitos e deveres para com a Administração, e, em consequência, desta para com o novo servidor (REIS, 2012).

Para ingresso no serviço público após concurso, os candidatos deverão realizar exames clínicos e/ou avaliações médicas, e, ao finalizar a avaliação admissional, o candidato receberá um laudo atestando se está apto para posse e exercício no cargo público pretendido (BRASIL, 2009b).

O exame admissional tem por objetivos: possibilitar a inserção do trabalhador em serviços adequados às suas condições psíquicas e físicas; permitir que as pessoas que se candidatam a um emprego tenham conhecimento sobre o seu estado de saúde; preservar a saúde e a segurança da comunidade trabalhadora, identificando na admissão pessoas que podem agravar estados patológicos preexistentes; propiciar o acesso do candidato a orientações sobre saúde ocupacional; e cumprir as determinações legais referentes à obrigatoriedade de realização desse exame (MARANO, 2001).

O exame médico periódico, instituído pela Lei nº 8.112, de 1990 (BRASIL, 1990b), e regulamentado pelo Decreto nº 6.856/2009 (BRASIL, 2009b), possibilita avaliar a condição de saúde dos servidores e, precocemente, identificar doenças relacionadas ou não ao trabalho, por meio de exames clínicos e avaliações laboratoriais. A avaliação fundamenta-se nos fatores de riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômicos, mecânicos e psicossociais a que estão expostos os servidores durante o desenvolvimento de suas atividades laborais. A realização dos exames médicos possibilita a consolidação de informações para o perfil epidemiológico dos servidores federais (BRASIL, 2010a).

As patologias são inúmeras, muitas delas silenciosas, podendo ser de conhecimento ou não do servidor. Daí a importância da realização de exames admissionais e periódicos criteriosos que avaliem a saúde do servidor, seja no processo de posse, ou no transcorrer de sua vida laboral.

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Em pesquisa realizada junto a servidores públicos municipais, identificou-se que em torno de 50% dos afastamentos dos servidores aconteceram nos três primeiros anos de carreira. Os autores referem haver a possibilidade de lacunas na avaliação pericial durante o processo de posse, ou, ainda, a presença de patologias com longo período de latência que se manifestam nos primeiros anos de serviço, ainda no estágio probatório (LEÃO et al., 2015).

Estudo acerca do absenteísmo, desenvolvido com servidores públicos federais recém-admitidos, identificou que mais da metade das pessoas admitidas no período pesquisado solicitou afastamento de suas atividades para tratamento de saúde, indicando que já deveriam apresentar algum transtorno ou fragilidade em sua saúde. Tal fato traz à tona a necessidade de se fazer uma reflexão sobre o processo de perícia admissional para os ingressantes na carreira pública, uma vez que a incidência de ausentismo já é verificada entre os servidores no estágio probatório (SPADETO et al., 2013).

A ausência do trabalhador ao trabalho por doença é um problema de saúde pública (ROELEN et al., 2010). No âmbito do serviço público, a ausência ao trabalho motivada por doença assume importância, em virtude do volume de licenças médicas e de dias não trabalhados (RODRIGUES et al., 2013).

O ausentismo ou absenteísmo genericamente define-se como a ausência do trabalhador no local de trabalho, e se coloca entre os efeitos maléficos ao processo de trabalho, bem como ao suporte social do trabalhador. O absenteísmo traz consequências danosas tanto do ponto de vista do trabalhador, pela possibilidade de desconto em seus proventos, de demissão, entre outras, como da perspectiva da organização do trabalho, pela dificuldade de cumprimento do trabalho esperado e os prejuízos decorrentes (PENATTI; ZAGO; QUELHAS, 2006).

O absenteísmo pode estar relacionado a diversas causas, como férias, casamentos, nascimentos, óbitos, mudanças de domicílio, problemas de saúde do trabalhador ou de seus dependentes, ou a outros fatores (PENATTI; ZAGO; QUELHAS, 2006).

Dentre os tipos existentes na realidade brasileira, o absenteísmo médico é o mais mencionado, provavelmente porque tenha um maior controle documental, em virtude da necessidade de apresentação de licença médica (OENNING; CARVALHO; LIMA, 2012).

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Para analisar a capacidade laborativa do servidor diante de uma doença ou agravo, são necessários competência técnica, habilidade para avaliar a saúde, além de conhecimentos da relação saúde e trabalho. O perito deve estar inteirado do trabalho realizado pelo avaliado, e, principalmente, identificar as condições em que as atividades laborais são desenvolvidas, abrangendo o ambiente e a organização do trabalho, assim como suas relações sociais e familiares, podendo ainda realizar visitas ou inspeções ao posto de trabalho (BRASIL, 2017).

Destaca-se aqui que a temática da organização do trabalho se relaciona, dentre outros, à divisão do trabalho, ao sistema hierárquico, ao conteúdo da tarefa, às formas de comando, às relações de poder e às questões de responsabilidade, desempenhando uma ação sobre o ser humano cujo impacto é observado no aparelho psíquico. Em certas condições surge um sofrimento mental, que se inicia quando a pessoa não pode modificar sua tarefa no trabalho para torná-la conforme as suas necessidades e desejos (DEJOURS, 2018).

É fundamental a busca pelo conhecimento dos fatores envolvidos nos processos de adoecimento dos servidores para a consolidação de ações dirigidas à atenção à saúde, uma vez que o desenvolvimento dessas ações possibilita melhor qualidade de vida no trabalho, podendo levar à diminuição do quantitativo de adoecimentos, absenteísmos e afastamentos. Nessa perspectiva, aspectos como o desconhecimento das condições de trabalho, a ausência de dados epidemiológicos, dentre outros, traduzem-se em uma carência de informações que causa entraves tanto à PASS, como ao planejamento de ações (BIZARRIA; TASSIGNY; FROTA, 2013).

A qualidade dos dados é fundamental para a concepção de uma estratégia preventiva eficaz (OIT, 2013).

É competência, no campo previdenciário, do perito médico a função de estabelecer uma relação entre a doença apresentada pelo trabalhador e seu trabalho (SANTANA; DIAS; SILVA, 2014). Cabe ao perito, após a confirmação da existência de enfermidade ou agravo, identificar a atividade exercida pelo servidor e emitir a conclusão sobre a limitação laborativa. O pleito sobre a incapacidade laboral poderá ser deferido ou negado (BRASIL, 2017).

Após a realização dos exames periciais necessários, a perícia oficial em saúde emitirá laudos ou pareceres conclusivos que servirão de base nas decisões

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da Administração Pública Federal – APF (BRASIL, 2017). Especialmente neste estudo, no que se refere à licença para tratamento da própria saúde do servidor.

A licença por motivo de saúde é o direito de o servidor ausentar-se sem prejuízo da remuneração a que fizer jus, dentro dos prazos previstos conforme a legislação em vigor. A avaliação pericial presencial é imprescindível nos processos de licença para tratamento de saúde (BRASIL, 2017).

A perícia oficial em saúde é de competência de médicos e cirurgiões-dentistas designados para auxiliar a APF nas questões relacionadas à saúde, e incumbe aos demais profissionais subsidiá-la, quando solicitado, por meio de parecer específico. Inicia-se a perícia oficial em saúde identificando-se o periciado, seu local de trabalho, sua função e a atividade desenvolvida. Uma anamnese completa acompanhada de exame físico criterioso são fundamentos relevantes para a avaliação pericial e elementos primordiais para a formação da opinião do perito (BRASIL, 2017).

Para uma adequada avaliação pericial são fundamentais o conhecimento do desenvolvimento das doenças, sua etiologia e manifestações clínicas. Além disso, contribuem para avaliação da capacidade laborativa os exames complementares e os relatórios de especialistas e de outros profissionais de saúde (BRASIL, 2017).

Na história da doença, o perito deve apurar as condições do afastamento do trabalho e se ele é consequência direta ou não do estado mórbido apresentado (BRASIL, 2017).

Diante do exposto, verifica-se a relevância da realização dos exames admissionais e periódicos como momento oportuno para a identificação de estados mórbidos, possibilitando identificar patologias latentes e sujeitas à necessidade de tratamento, controle e um melhor entendimento das patologias que levam à incapacidade laboral dos servidores.

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4 MÉTODO

4.1 TIPO DE ESTUDO

O estudo é de abordagem quantitativa, descritivo de delineamento transversal. O estudo transversal é um método para detectar a frequência da doença e de fatores de risco, identificar os grupos na população que estão mais afetados ou menos afetados; os resultados de um estudo transversal informam sobre a situação existente em um particular momento, o que é muito útil em planejamento de saúde (PEREIRA, 2013).

O estudo transversal aborda populações bem definidas e possibilita informar sobre a dimensão e a gravidade dos problemas de saúde em nível populacional. Não trata apenas de doenças ou agravos, mas qualquer estado relacionado ao processo saúde/doença de interesse (SANTANA; CUNHA, 2013).

4.2 LOCAL DA PESQUISA

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte é composta pelo Campus Universitário Central em Natal, além do Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES – Campus Caicó, Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES – Currais Novos, Escola Agrícola de Jundiaí – EAJ – Campus Macaíba e Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi – FACISA – Campus Santa Cruz (UFRN, 2019).

Atualmente, a UFRN oferece, entre cursos de graduação e pós-graduação, mais de 200 oportunidades de capacitação. Sua comunidade acadêmica é formada por mais de 43.000 estudantes e cerca de 5.500 servidores, entre técnico-administrativos e docentes efetivos, além dos professores substitutos e visitantes (UFRN, 2019).

O local do estudo foi a Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS/UFRN), que se localiza no campus central da Universidade, na cidade de Natal/RN, à qual compete planejar, coordenar, controlar, dirigir e supervisionar as atividades relacionadas à saúde dos servidores, segurança no trabalho e perícia oficial em saúde (UFRN, 2015). No âmbito da UFRN, o serviço de saúde do trabalhador se concentra na Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS).

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A DAS/UFRN é o órgão responsável pela gestão de ações referentes à atenção à saúde, perícia em saúde, vigilância e segurança no trabalho e qualidade de vida, constituindo-se pela Direção; Coordenadoria de Atenção à Saúde do Servidor; Coordenadoria de Apoio Psicossocial do Servidor; Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Perícia em Saúde; Coordenadoria de Promoção da Segurança do Trabalho e Vigilância Ambiental; e Secretaria Administrativa (UFRN, 2015).

À Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Perícia em Saúde compete: desenvolver ações de vigilância epidemiológica e de controle de doenças transmissíveis e relacionadas ao trabalho; proceder ao acompanhamento do servidor que se encontre com seu processo de saúde/doença afetado, bem como realizar os devidos encaminhamentos; realizar perícia em saúde para concessão de licenças e benefícios ao servidor, bem como emitir pareceres e laudos para fins de posse, remoção, readaptação de função e avaliação da capacidade laborativa; elaborar, implementar e coordenar o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional nas diversas unidades da UFRN; coordenar e acompanhar a realização dos exames médicos periódicos; planejar e executar ações de promoção da saúde ocupacional baseadas nos indicadores epidemiológicos; emitir, através de junta médica, parecer médico para concessão de regime de exercícios domiciliares aos alunos de graduação, quando a coordenação do curso julgar necessário (UFRN, 2015).

A DAS/UFRN sedia a Unidade do SIASS da UFRN desde o ano de 2010, por meio de acordo de cooperação técnica com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O SIASS reúne 33 instituições públicas federais, e através desse Sistema tem-se acesso a informações periciais, exames periódicos e promoção à saúde do servidor público federal, sendo de acesso exclusivo para servidores habilitados no Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos – SIAPE Saúde, protegidos por normas de sigilo e segurança. De acordo com o Decreto nº 6.833, de 29 de abril de 2009 (BRASIL, 2009a), o SIASS objetiva

coordenar e integrar ações e programas nas áreas de assistência à saúde, perícia oficial, promoção, prevenção e acompanhamento da saúde dos servidores da administração federal direta, autárquica e fundacional, de acordo com a política de atenção à saúde e segurança do trabalho do servidor público federal, estabelecida pelo Governo (BRASIL, 2009a, p. 1).

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Na DAS/UFRN são realizados atendimentos ao servidor envolvendo assistência multidisciplinar nas áreas de medicina, psicologia, assistência social, enfermagem e odontologia. Os atendimentos nas especialidades médicas, em caráter ambulatorial, são em clínica médica, psiquiatria, ginecologia, endocrinologia, hematologia, cardiologia, geriatria e medicina do trabalho. Servidores e estudantes da UFRN também são atendidos em pequenas urgências no horário das 07:00 às 19:00.

4.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO

A população desta pesquisa foi de servidores efetivos da UFRN, vinculados ao SIASS, afastados para tratamento da própria saúde no ano de 2016.

Destaca-se que inicialmente objetivou-se coletar dados referentes aos anos de 2016 a 2018, entretanto, pela dificuldade de tempo disponível para levantamento dos dados, foram colhidos os dados do ano de 2016.

Os critérios de inclusão utilizados foram: servidores efetivos da UFRN, de ambos os sexos, com idade inferior a 50 anos, que se afastaram para tratamento da própria saúde no ano de 2016.

Não foram incluídos no estudo servidores efetivos que tiveram outros tipos de licenças concedidas.

O diagrama a seguir (Figura 1) apresenta a dinâmica institucional quanto ao percurso dos servidores da UFRN e o processo de afastamento do trabalho por licença para tratamento da própria saúde.

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Figura 1 - Diagrama do percurso dos servidores da UFRN e o processo de afastamento do trabalho por licença para tratamento da própria saúde.

Servidor com atestado médico interno ou externo à Instituição

Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP)

Chefia imediata do servidor

Homologação da licença do servidor

Término da licença

O servidor retorna às atividades laborais

Se renovação da licença, o servidor realizará uma nova perícia Sessão de perícias na DAS/UFRN

O atestado médico do servidor pode ser homologado diretamente

Se necessário o servidor poderá ser encaminhado para perícia para melhor

caracterização da enfermidade

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4.4 COLETA DE DADOS

Foram coletados dados agregados de servidores efetivos da UFRN registrados no SIASS que tiveram licença para tratamento da própria saúde concedida durante o ano de 2016.

As variáveis de estudo foram: sexo, idade, cargo, área de atuação, diagnóstico de acordo com a 10ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID 10).

Quadro 1 - Variáveis sociodemográficas, ocupacionais e relacionadas à licença para tratamento da própria saúde de servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Variáveis Critérios

Sexo (1) Feminino (2) Masculino

Idade (1) Até 30 anos (2) 31 – 45 anos (3) Acima de 45 anos

Cargo (1) Nível superior (2) Nível médio

Área de atuação (1) Administrativa (2) Ensino (3) Saúde

CID 10 Categorizado de acordo com o diagnóstico

O SIAPE Saúde sistematiza dados que colaboram para a organização de um perfil epidemiológico, permitindo orientar programas e ações de promoção à saúde e de prevenção de doenças, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida no trabalho dos servidores públicos federais (BRASIL, 2017).

Esse Sistema contempla informações sobre a saúde do servidor público do Poder Executivo Federal, incluindo os aspectos relativos às perícias em saúde, exames médicos periódicos, promoção à saúde, vigilância dos ambientes e processos de trabalho, concessões de adicionais ocupacionais, exames, além de informações gerenciais (BRASIL, 2017).

Criado para a gestão e controle das ações da saúde e segurança no trabalho dos servidores, na forma de prontuário eletrônico de saúde, o SIAPE Saúde tem como especificidade o acompanhamento da Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor – PASS dos servidores abrangidos pelo Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor – SIASS. O acesso é via Internet, e a coleta, a sistematização e a análise de informações coletivas do sistema constituirão a base para a formação do perfil epidemiológico dos servidores,

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para a gestão qualificada das questões relativas à saúde do servidor (BRASIL, 2017).

A coleta de dados no SIASS ocorreu por meio da consulta ao prontuário eletrônico de cada servidor afastado para tratamento da própria saúde. Esses dados foram extraídos desse Sistema pelo pesquisador.

4.5 ANÁLISE DOS DADOS

A análise e a sistematização dos dados ocorreram a partir da coleta das informações contidas no SIASS referentes aos dados levantados nos prontuários dos servidores selecionados.

O banco de dados foi construído em formato EXCEL, versão 2017; para realização das tabelas descritivas e aplicação de testes estatísticos utilizou-se o software Statistica SPSS, versão temporária 25.0.

4.6 ASPECTOS ÉTICOS

Este estudo foi realizado após as autorizações do coordenador do SIASS/RN e do Diretor da DAS/UFRN, por meio do consentimento escrito por carta de anuência, e da aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sendo viabilizada a sua execução após aprovação por meio do Parecer nº 3.052.406, CAAE 02978918.5.0000.5537 (ANEXO A).

A pesquisa respeitou os aspectos éticos contidos na Resolução n° 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012b), que trata da pesquisa envolvendo seres humanos.

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5 RESULTADOS

Na instituição estudada, no ano de 2016, foram concedidas 410 licenças para tratamento da própria saúde de servidores. Desses, 72,68% eram do sexo feminino, e 27,32%, do sexo masculino. Com relação à faixa etária, até 30 anos (10,00%), 31 a 45 anos (70,73%) e acima de 45 anos (19,27%). No que se refere ao cargo, 55,61% exerciam cargo de nível médio e 44,39%, superior. Quanto à atuação, tem-se as áreas administrativa (45,37%), saúde (32,93%) e ensino (21,70%) (Tabela 1).

Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica dos servidores de uma Universidade Federal afastados para tratamento da própria saúde. Rio Grande do Norte, 2016.

Características Frequência %

Sexo Feminino 298 72,68

Masculino 112 27,32

Faixa etária Até 38 anos 214 52,20

Acima de 38 anos 196 47,80

Faixa etária

Até 30 anos 41 10,00

31 - 45 anos 290 70,73

Acima de 45 anos 79 19,27

Nível do cargo exercido Médio 228 55,61

Superior 182 44,39 Área exercida Administrativa 186 45,37 Saúde 135 32,93 Ensino 89 21,70 Total 410 100,00 Dados: Pesquisa 2019

A idade média dos servidores é de 38,63 anos, com desvio padrão de 6,37, variando entre 24 e 62 anos (Tabela 2).

Tabela 2 - Idade de servidores de uma Universidade Federal afastados para tratamento da própria saúde. Rio Grande do Norte, 2016

Variável Mínimo Máximo 25% Mediana 75% IQ Médi

a

DP CV

Valor-p Idade

(em anos) 24,00 62,00 34,00 38,00 43,00 9,00 38,63 6,37 16,48 <0,001

Fonte: Pesquisa 2019 IQ: Intervalo Interquartílico. DP: Desvio Padrão CV: Coeficiente de Variação (1) Teste de Shapiro Wilks para verificar a normalidade dos dados

Ao analisar as principais causas de afastamentos (Tabela 3), destacam-se transtornos mentais e comportamentais (24,88%), doenças infecciosas e parasitárias (23,66%), doenças do aparelho respiratório (21,95%), doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (20,73%), gravidez, parto e puerpério

Referências

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