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Conélições
de
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ZERO
JornalLaboratóriodo Curso de JornalismodaUFSC Ano 13-
I�-Julho/96
Arte: Ivan
Jerônimo,
Solon
Soares,
Romeu
Martins,
Christina
Va
tedêo,
JoiceSabatke
Colaboração:
AlexCunha,
Josette
Goulart,
Patrick
Cruz,
TatianaRamos,
Carolina Heinen,
Rogéno
Kiefer. Nathan
Manfroi,
DubesSonêgo,
Romeu
Martins,
MichelleAraújo,
MicheleOliveira
Capa:
Foto: Elmar Meurer Arte. JoiceSabatke
Edição:
JoiceSabatke,
Christina
Va/adão,
Gladinston
Silvestrini,
MarceloSantos,
RenêMüller,
ElmarMeurer,
Daniela de PaulaQueiróz,
Barbara
Pettres,
LauraTuyama,
Paulo
Henrique
deSousa,
AlessandroBonassoli
Editoração
Eletrônica: JoiceSabatke,
ChristinaVa/adão.
Laura
Tuyama,
Daniela de PaulaQueiróz
Laboratório
Fotográfico:
BarbaraPettres,
LauraTuyama,
ElmarMeurer,
Marina
MorosMontagem:
JoiceSabatke,
Christina
Va/adãoPlanejamento
Gráfico:
Christina
Va/adão,
Joic€Sabatke
Supervisão:
ProfCarlos
Locatelli
Redação:
Curso
de Jornalismo(UFSC
-CCE),
Trindade,
Florianópolis/SC
-CEP
38040 -900 e-mail:com@cce.ufsc.br
Telefones:
(048)
231-9490
e 231-9215Telex
e Fax:(048;"234-4069
Fotolitos eImpressão:
JornalA
Notícia
Tiragem:
5mil
exemplares
Distribuição
Gretuite
Circ'riláção
Diri&Vda
---�---julho/1996
A
montagem
de
ummural
emcomemoração
ao"Dia da
Di9nidade Gay"
desencadeia
umasérie
de
rea�ões
erepercussôes
num cursoaparentemente
liberal.
Isto
levou
alunos
eprofessores
do
Jornalismo
da
UFSC
adiscutirem
publicamente
a
discriminação
das
minorias,
principalmente
de
homossexuais,
e aética
dos
futuros
jornalistas
formados
neste curso.ZERO
dedica
seuespaço
editorial
procurando
esclarecer
of'.l1isódio,
tratado
comparcialidade pela
imprensa
focal.
rar a
responsabilidade
dapichação,
Umcartazcom ainscrição
"dia 30defevereiro,
dia doorgulho
dopai
dogay"
é colocado emoutro mural do curso,conhecidocomo"MuralLegal".
À
tarde,umjomal
apócrifo
entitulado "O Cretino" é afixado no mesmomural,Ironizandoasatitudesdo gru po homossexual.
Caia
,
mascara
Dois alunos de
jornalismo
da LlFSC montamà noite, na porta do curso, urn mural sobre homosse xualismo com recortes dejornais
erevistas,em
comemoração
ao"DiadoOrgulho
Gay",
27/06
Um cartaz onde se lê "morte à
viadagem"
é colocado no mural. O autor-ou autores
-é
desconhecido,
nãosesabendonem seé docursode
jornalismo.
Nomesmodia,aresposta"nossas
expectativas
seconfirmaram., asbichasenrustidas,oshipócritas
e oscretinos
piadistas
se marufestaram" é afixadalogo
abaixo àpichação.
28/06
E solicitadaasindicância para
apu-01/07
-Asindicância é
negada pela
chefia do curso. A resposta "bichasenrustidas,
saiamde, ármário'' é colo cadajunto
ao"O Cretino". Emsegui
da, sai a
segunda publicação
dojor
nal,
com amanchete "nósnão assumimosnada", Acoordenadoria docurso
é informada
pelo
grupohomossexual de queprovidências
serãotomadas,
inclusive consultaa umadvogado.
03/07
Após
aacusação
depratica
dis curso ueo-nazista, élançado
o terceiro "c) Cretino", com um
artigo
ridicularizando Adolf Hitler.
04/07
-' �O"Mural do
Orgulho
Gay"
é des montado porseuscriadores,c:c
(.)
-'.:E.
,<LU
�
..C».
,a..
O que
Hon_a,
dia'
a
dia
25/06
05/07
'
Aquarta
publicação
de "O Creti no" ironiza a ameaça de processopolicial
contra seuseditores.09/07
-Areunião do
Colegiado
docursoparaadiscussão doassuntonãotem
quórum.
Mesmo assim é realizadoum debate, com a presença de um
candidatoa
prefeito
e umacandidata a vereadora deFlorianópolis,
umvereadore um
advogado,
convidadosdo grupo homossexual.
12/07
Reuniãodo
colegiado
do Centro deComunicação
eExpressão
- CCE-inclui naatauma
moção
derepúdio
à
qualquer
forma dedesrespeito
aosdireitoshumanos ede minorias.
o
caso,
à
luz da
lei
,
'N
odia 9 de
julho,
o cur so,dejornalismo,
c�
rajosarnente, atraues
.
deseucoordenador abriuumadis
cussão considerada tabu por pra ticamentetodaasociedade.
Não
gostaria
demeestendernapolêmica criada
pela circulação
dopanfleto
"OCretino".Creioqueosfatos
sâo pot' demais conhecidos equea e:\7S tência deumconteúdo racista nestapublicação
é incontestáuel.À
luzdoDireito,qualquer
precon coito,independente
desuaorigem
écrime
inafiançável
eseusautoresestariam
sujeitos
aoenquadramentopenal;
inclusive com base também Cons titucional. Ooutrocrime
que.incor
reram os
auto-resde'-o Creti no",
foi
de onão
identificar
oautordocon
teúdo escrito;
rera o art.,. inciso IV: "é
li-tolerância
e democracia,
sem emitirQuanto
aosofendidos,
creio queconceitosde valoresnem"a
priori"
de estesdevemexigir
justiça
e não uinjulgamentos,
gança,superando
asmanifestaçôes
de O maisimportante
é quesejam
pura revoltae mostrarde queforma
identificados
osautoresdareferida
pu- seusvalorespermitem
umaampliação
blicaçâo,
nãocorno uma"caça
às bru- dos ualoresquehabitamoconceitoda xas" ou para eventuais cidadania,patrulhamentos
ideológi-
I
I Gostariacos, maspam quepossam
i"
•.•
entendo que "O Cretino"
I dereforçar
demaneira honestaexpres-
deva
continuar
como uma
II
uma idéiasarem seupensamento e
I
publicação
livre,
com aI
que,
deser:-defenderem
suas idéias, .°d
tOfO
-d
t
"VOlVI
nodia Nos casasde
persistência
:
I en IIcaçao
os au ores•••do
debate,
ada
transgressâo
legal,que
dequeé
aui-os mesmo
sejam identificados
epuni-
timadeumaacusação
que sabese ados,
conforme
reza aConstituição,
o intensidade da mesma é ou não Direitovigente
e apropria
LeideIrn-preconceituosa,
nãoo seuautor.prensa, Desta
forma,
entendoque "OCre-Entendo que o tino"deva continuarcorno umapu
primeiro
atoé ope-blicaçâo
livre,
corn aidentificaçâo
dos didoparticular
de autores.Paraumcrescimentoda quadesculpas
para as lidade épreciso
quesetenhamaisdo pessoasquesesenti- quesimples
oposição
deidéias,
masram
atingidas
e a re- oerdadeiros embates teóricos,trataçâo
pública
das Gostaria depodei'
voltaraescre-frases
queultrapas-
versobreestecasoondeeupossa ana-sa m omau-gostoe a lisarapenascornoumapublicação
dechacota, Eventuais
mau-gosto
oude valor estético duvifrases
que possamidentificar
osauto-doso,
não maiscomo um crime cor res corn aideologia
nazistaouquein- roem osalicercesdeumanação
basecite a violência devemSei'depronto ada em valores democráticos e
recha-çadas pelos
seusautoresque;pluralistas.
"devem,depúblico,deiw�rclarosuaop-
Rogério
Portanova,Advogado
e Professorção
pelas
regras dojogo
democrático do Curso de Direito daUFSC,
Doutor em epela ampla
liberdadedeimprensa,
Sociologia
eAntropo/Dg/
..'D/ftlea"
.••.
qualquer preconceito,
independente
de
suaorigem
é crime
inafiançável
e seusautores
estariam
sujeitos
ao
enquadramento
pena!.
.."
ure a
manifes-taçâo
dopensamentosendo veda-.do oanonimato".
Nãocreio queas medidasmera
mente
repressiuas
edecardterpuniti
vosejam
asmaisindicadasparaaresolução
dareferida
polêmica.
Creio queesteéumbelomomento deseaprender
umpoucomaissobrejulho/1996
Não
pode
rir
A
posição
do
curso
,
'E
rnborame repercussaoofato
t�nha
e tensoesgerc::.do
despropor
uma enorcionais pensamosquetantoa
Chefia
do
D'ep
artarnerito deComunicação
como aCoordenadoria do Cursoestavamdandoao caso uma
condução
correta,sériaeresponsável.
Ofato
de termosnos
negado
aabrir uma sindicância quedeveriaapurarosresponsáveis
pela picha
ção
domural,
não quer dizerque estivéssemos minimizandoouquerendo
esconderoproblema.
Entendíamos, como continuamos
entendendo,
que asindicância,
além deacirrar osânimos,
serviria apenas para uma tentativa de
punição
em
lugat·
de gerarrespeito
mútuo.Lamentamosamaneira
pela
qual
aimprensa
participou
doassuntoe otratamentodadoaele,
transformando
umproblema
internoemviasdesolução,
numaposição
genérica
e,pretensamente,assumida pal' toda auniversidade.
Quanto
aofato
do boletim chamado" O Cretino'; embora não concordemosquea
linguagem
seja
adequada,
não tomamos imediatamenteumaatitude de
repreensão
porque bistoricamente oCurso e o
Departamento
têmprocurado
ga rantirampla
eirrestritaliberdade deexpressão.
Continuamosentendendo quemaisdo querepri
mir épreciso
refletir
o que e como seproduz
equais
oslimites dalinguagem
utilizada.Finalmente
defendemos
queoDepartamento
e oCursosepreocupemcom asquestões
relativas aosdireitoshumanossem terdecercear a liber dadee odireito de cadaum."
,
,
F
ala-semas sóemaqueles
liberdade deque estãoexpressao,
do lado dos homossexuaispodem
se e.xpres sal' sempatrulhamento.
No curso defornalis modaUFSC,
pelo
menos, é istoquetentaseins taurar.Apatrulha
dopoliticamente
corretousatodososmétodos
possíveis
para tentarimpor
suasvontades.Asúltimas
ações
foram
chamarpolíticos
que não sãofa
miliarixadoscom o ambientedo curso etentar
transformar
em crime contraahumanidadeapublicação
"O Cretino".A
vinculação
dapichação
"Morte à Viadagem",
no mural doorgulho
gay, àpublica
ção
de "O Cretino" éumatentativaardilosa que sópoderia
tersurgido
daparanóia
dealguns
professores
e alunos de queasminorias estão sempreperseguidas
portrogloditas
desocupa
dos. Tal
vinculação
nãosó é mentirosa como,caso
[osse verdadeira,
careceriaainda deumaproua.
Nãohá.Logo,
nãosepode
vincularumacoisa com a outra.
"O Cretino"
surgiu
com oobjetivo
único derire
fazer
rirdaapologia
aohomossexualismo eda ditadura dasminoriasqueimpera
nocur-, sodejornalismo.
Opróprio
nomedo"jornal"
é' umdebocheà-
rotulação
feita pelos
homossexuais aos demais alunos e
professores
do curso,que
foram
tachados de "bichasenrustidas,
hipócritas
ecretinospiadistas".
"O Cretino"identificou-se
como umapublicação
"cretinopiadista
", e passou caricaturalmente aagir
comotal.Ohumor éa
primeiro
passoparaa aceitação.
Esehouvessealguém
aqui
no CU1'SOdej
01'nalismo que não aceitasseasminorias não se
preocuparia
emfazer
"O Cretino",partiria
logo
paraalgum
método deeliminação
destaminoria.
Quem
faz
"OCretino"reconhe-ceosgayscomogruposociale
acei-,
ta-os
democraticamente,
procedi-lO� lie
t
'
mentaque nãotem
reciprocidade.
"�
�
\!
Jl' <ô
t
lL
][1l
(O)
Um veiculovoltadoàcretinice-"Antesumcretinopiadistaqueumviadomal-humorado"
Professores
Áureo
Moraese Neila Bianchin Chefe deDepartamento
eCoordenadora do Curso de Jornalismo da UFSCNúmeroI(Numeropor
extensornesrno'Porque
aquelabolinhadepois
do "n"e coisa deviadot)
*
O texto não está assinado
"Por
qu�
os
outros
viados são
mais
alegres
que
os
nossos?"
Primeira
edição
do
panfleto
apócrifo
ClQ
Cretino",
afixado
no
Mural
Legal
do
Curso
de
Jornalismo
da
UFSC
Questão
formulada
porumdosmentoresdoJornalismogerapolêmicano curso Um dosprincipais professoresdo Curso de Jornalismo daUFSCpropôsaosseuspupilosapergunta
SempToshiba "POT queOS outrosviados são mais
alegresqueosnossos'?",não obtendorespostaimedi
ata.OsJovensrepórteresforam àprocura dasolução
desteenigma primordial.masqualnãofoiasurpresa
dosaprendizesaodescobriremqueomestrejáapos
stria113pontadalíngua: "Porquenãodão! Viadnvtr
geméapiorcoisaquetem.Ou voces acham queum
viado que trepouanoite toda teriadisposiçãopara ficar colandocartazespor ai?"
E�111profícuadiscussão degênerodeu-seem
plenodia 2� dejunho. 'duranteasalegrescomemora
çõesdodia doorgulhodeservindo.edespertouou
trasquestões. comoumdilema nomelhor estilo Tostines"Ele!': são tristes porque não dãoounão dão porque sao tristes?"
Comovidos.masnão dandoaminima.a
Asso-ciaçãodes CretinosPiadistasdoCurso deJornalis
moda UniversidadeFederal de SantaCatarma,a
ACPCJUFSC.com oapoiodeumelemento quese
identiflcoucomohipócrita(não,uenhuma bicha eurustidasemanifestou)ficouintrigadacomaestra
nha datacomemorativa.Qualoorgulhoemmordera
fronha?E por que raios dia2�.enão24?E quem raioslimpaessaáguatoda que vai pratoradabacia?
Questõescomoessasreforçamuma campauhn de
couscientizaçãoquearevista MADfeznadécada de XO.que dizia:"Atenção!Se vocêsentirumapertãona
cintura.umbafo quentenanuca. umaunhapenetran do-Lheocalcanhare aestranhasensaçãode cagar para dentro CUIDADO'!! Vocêpode estar cendn enrabado!"
Parareverter estasituação deprimcnr ede deflorarashemorróidas.aACPC.njFSCgritapara o
mundoouvir "Pombana caradeles!'/"
Curso é dividido
em
cinco
categorias
Um sempreateatofuncionáriodoJomatismo.cm
seusmusesanosde estrada não deixa escapar nenhum
"suspeito"de deslizarnoquiabo.Ele carregaconsigo
umdossiê. denominado"ListaRosa".daqualnãoesca
paninguémMaso"Muro] doOrgulho Gay"osurpreen
deu."ComesseIlIUIalaí,alistajáestácommais de500
espécimes".afirma. Mas.comojádisseumprofessor
rcspeitadissimo"Muitoteenganas!Muitoteenganas!"
OJornalismoaruabneotcencontra-sedivididoemd�
versascategorias,que sâomulheres (amaioria,paraI
desg...ça daviadegem),osviados(paraadesgraçada
mulherada),osbichas earustidos(quenãosemanifes tam).ohipócrita(queapóiaoscretinospiadistas)eos
próprioscretinospiadistas,queseencontramsmdicah zadosliaACPCRJFSC.
Nadiscussão citadanamatériaprincipal.ovisio náriomostreafirmavaque vialamentavelmente que al gUlls deseusalunosestavamficando tristes, cabisbai
xes,"borocoxôs""Daquiapouco, vaicomeçaradizer queesta comumvaziointerior.queprecisadealgopara
preencheresteespaço,... edepoisvai sentar!" Franca
malte,viagadem!Comtantamu.lh.ernoClD'"SOvocês pre..
lerem ficar"bitingthepillowcase?"Ainda maisagora.
com asfuturasnutricionistascaminhandopelafamosa escada do Jornalismo. Jíquedasvãosernutricionistas. seráque nãoépossívelcomerdesdejá?' I .
, '
Humor
no
olho
dos
outros
é
refresco
"
O
Diadejunho)
Mundial dacomemoraDignidade Gay
o início da(28
luta dos homossexuaispelo
direito à uma cidadaniaplena.
Paracelebrá-lo,
eu e umcolega.
com acolaboração
daProt"
Aglair
Bernardo, montamosummural.Nele
afixamos
cópias
dereportagensderevistasejornais
que tratavam gays e lésbicas de umaforma
posi
tiva. Tínhamostambémointuitode
informar
e mostraraos nossoscolegas, futuros
jornalistas,
como otemaé tratadopela
mídiaimpressa
nacional.
As
reações
frente
ao muralforam
as maisdiversas,
uns sedetinham,
liamasmatérias,outrosseassustavamou se
indignavam.
Não imaginávamos
que matérias dejornal,
que nãoatacavam
ninguém, pudessem
causartantodesconforto.
Surgiram reclamações, pichações, ''piadas''
afixadas
sobreo muralepublicações
ridicularizandoosgays.As
manifestaçôes
depreconcei
to, dissimuladoem
gracejos,
setornaraminsus tentáveis para osGIS(Gays,
LésbicaseSimpa
tizantes).
Mascomo somos umaminoria,acha vam quenãotínhamossensode burnor.Quem
sedepara
a vida inteira com opreconceito é maissensível à ele. Eum
jornalista
responsável
devesepreocuparcom asvárias leiturasqueumtexto
pode
receber. Osautoresdas
piadas
e muitosdos queas leram não conseguiram
vera virulência eagressividade
contida,
não sócontra osgays, mastambém contraasmulheres. Faltou sensibilidadeamuitagen teque nãosedeucontadeestar
magoando
outrosseres
humanos,
colegas
eprofessores
com osquais
convivem.Ninguém
zombaria de ummural comemorando o Dia Internacional da Mulherou oaniversáriodamortede Zumbi dos Palmares. Mascomo oalvoeram oshomosse
xuais....
Sea
repercussâo
ameaçouaimagem
doCurso
dejornalismo,
foi,
issosimpelo fato
de manifestações
preconceituosas
terem tido livre trânsito. Nãosepode
julgar
uma minoriapela
ótica damaioria. Nessaperspectiua,
caiporter ra arecomendação
de quesedeveouvirosdoislados,
como sehouvesseumasimetriadepoder
entreosdois.Um
jornalista
preconceituoso pode
destruir vidas de inocentese nadapior
para um cursode
comunicação
quereceberesterótulo. Essadiscussão deve terlevadoaspessoasarefletirem
e areflexão
sempreéprodutiva,
Nãopretendíamos
fazer "apologia"
da homossexualidade,
mas mostrarparte da realidade que vivemos. Historicarnentefomos,
eaindasomos, tratadoscompreconceito,
mas tambémtemos direito àumlugar
aosolequeremosserrespei
tados. Secom um
jornalzinho
afixado
num muralestes
futuros jornalistas
conseguem causartantatristeza,
imaginem
quando
estiveremtra balhandoem umjornal
de verdade,"Cláudio
NarcisoAluno da 5� fase do Jornalismo
\ { !
---julho
/1996
o
último
vigia
do
mar
Seu
Modesto
Vasques
da Silva
é
umaqncuitor
de
12 anosJ
"nascido
ecriado",
comodiz
amoda,
noMuquém
do Rio Vermelho. Todos
osanosJ
quando chega
omês de
maio,
ele
seiranstorma
noprotaqonista
de
umatradição
secular da
Ilha de
Santa Catarina:
seuModesto
é
vi9ia
da
pesca da
tainha,
napraia
de
Moçambique,
há
38
anos.
Essa
profissão
está
desaparecendo.
Quando
apesca
tinha
maior
importância
econômica,
a.té
adécada de
50J
lá
trabalhavam
quatro
vig;asJ
mas
hoje
só restou
um porM��rício
GiraldiTodas
asmanhãs,bem
cedo,
opatrão
dapescavemdosIngle
ses,numcaminhão
basculan-te,
pegando
pessoas
paratrabalhar-nos dois barcos eajudar
apuxarasredes.Logo
quechegam
napraia,
vãotodaspara dois barracões de
madeira,
enquantoseuModesto sobeo morrodo
costãoe seinstalaem seulocal detra balho. Doalto deuma
pedra
no morro,numlocal
estratégico
bemde fren teparaomar,ele passaodia todosentado,
embaixo deumjirau
coberto depalha,
olhando parao mar.Ficadas seis da manhã às�is
datame,
esperando
pelos
cardumes
de tainha quechegam
do
sul,
com ofrio doinverno.Suaidade
avançada
nãooimpede
de
cont�lUar
atrabalhar.Ã<>
vezes,seuModesto diz parao
patrão
que não vaimais pescar, que
já
estávelho. "Senão estiveres lá no morro,pode
abanar.
quem
for;
queeunâoponho'os
barcos
�C'TJ1<"11'" "_", ,
'l{r"5... ,ese!.v.preª�PQSt&i I
'I.
Elecontaque consegue veraté qua trooucincotainhas nadando
juntas
eque
aprendeu
sozinhoa enxergarospeixes.
"Desdeos 15anos,quando
já
era
pescador
decaniço,
via ospeixes
debaixo
d'água.
Depois
quemecasei, me puseramdevigia."
Além da visãoexcepcional
edemuitapaciência
para passar mais de dois meses por anoolhandoparao
mar�seu
Modestotembastante
experiência
napesca. Ele pas soumuitosanosembarcadocomopescadorprofissional
noRioGrande doSul.SALVA-VIDAS- SeuModesto conhece muitode "entrada decanoana
água",
decorrentesede marés.
"Ã<>
vezestempeixe,
mas acorrenteza daágua
está paraaspedras.
Porpeixe
nenhum,
eu voucolocaremriscoavida deseisousete chefes de família". Ele
já
salvoupescadores
inexperientes
queentravªq_l.· P9fJll!T.�
"Defendi
gente,mandei
"saif"!)c9!(\.t�:
.!)" I ." �')"c.','
"
I �
Mauricio Glraldl/ZERO
Cercade 50moços,velhosecrian ças,passamodianosbarracões dema
deira,
na beira docostãodapraia
deMoçambique,
somenteesperando
al gum sinal dovigia.
Entre conversas, brincadeirasedescanso,
ficam atentos aosmovimentos deseuModesto.Lá decima,
comalguns
poucas sinais, ou"abanos",
ele transmiteaospescadores
o tamanho docardume,
sualocalização,
profundidade
e adireção
emqueestãoindo. Indica tambémcomoobar codeveentrarnamar,
atingir
ocardu me e"darolanço".
MARADENTRO
-Rapidamente,
todoscorrempara colocaras barcosna
água
epoucos instantesdepois,
lávãoospescadoresmar
adentro,
levando apenas os remose asredes,
de500braças
decomprimento,
cercade 1.100metros.Quando
tudo dá certo,podem
trazer até 10 miltainhas,
oqueexige
muitaf01"Çl
para retirarasredes daágua.
Depois
detantoesforço,
é feitaapartilha dos
peixes,
em"quinhões".
Odono da redeficacom a
metade,
a outrametade é divididaentrea"camara
dagem":
opatrão,
ospescadores,
ovigia
e asajudantes.
"Masquemestiverna
praia,
tambémganha
uma ouduastainhas",
contaseuModesto.Opatrão
ficacom umpouco mais, porque é
dono do
barco,
do barracãoe arcacom asdespesas
dealimentação
dos pesca dores.SeuModestonuncavendeuumsó
:�e! Ele abastece
suacasaeados filhos
casados,
.àJ.�de
vi.zi.nhos,:limig<í>Si
eparentes. O que
sobra,
quando
80-bra,
suaesposa, dona"Mimosa",
escalae seca aosol. 'Atainha bem
sequinha
dura muito
tempo",
ensina.Apesar
da pescaartesanalestardiminuindo,
seuMpdesto
nãoacredita queopeixevá
acabar. "O queDeusfez,
dura,
nãoacaba".Paraele,
nem apescapredatória
industrial vaipôr
fim à artesanal. "Os barcosmatammuitopei
xe emalto mar,
40,
até60toneladas,
masmuito
peixe
escapa. Esteana mesmo,viumamantade tainhacommais
de500mil". Ele acredita que,
pior
queodescaso das autoridades
pela
faltadefiscalização
napesca,sãoostarrafeiros,
que espantamoscardumes. "O
peixe
paraaterranãocorre,elecorreparao
mar",
declara. Elecontaqueháalguns
anos,"ficavapeixe
o anotodo",
escondidosnas
pedras.
"Umavez,mateitrês tainhasnodia24dedezembro",
recorda.
Paraseu
Modesto,
ofuturo da profissão de
vigia
éincerto.Ele acredita que atualmenteé difícilumapessoareunir todasasaptidões
necessáriasàprofis
são. "Muito moço vê ocardume na
água,
masnãotemexperiência
com obarco", declara.
ORQUÍDEAS
-Masapaciência
deseuModestonão serviusomenteparalhe
ajudara
esperaroscardumes de tainha.Desdemenino,elecultiva
orquidáceas
e
bromélias,
numlocal escondidonas encostasdoMuquém.
"Com 10anos, ialevar comidaparameupadrasto
nalavouraeencontravaas
plantas
corta das de facão.Traziacomigo
eiaplan
tando nochão". Destemodo,
foi for mando umacoleção
quecalcula
ter maisde 20 mil mudas. Seuorquidário
mais pareceumjardim
natural,
onde asárvoresepedras
sãototalmenteto madaspelas
plantas.
Quem
vêasimplicidade
deseuMo destonãoimagina
que ele éumprofunda conhecedor de
orquídeas
ebromeliáceas. Aos poucos, foi apren dendocomos
pesquisadores
ecoleci onadores de todoopaís
edoexterior,que
já
visitaramsuacoleção.
"Elesfala vamo nomecientíficoe euaprendia",
conta.Sua
coleção
já
foitemade repor tagensdejornais
e revistasestrangei
ras,oque é motivo deorgulho
paraseuModesto.
Sua
coleção
possui
quase todasasespécies
deorquídeas
ebromélias daMataAl:lântica.Dascentenasde
espéci
es que
possui
em seujardim,
muitas delasseencontramemextinção
na natur-eza.SeuModesto diz que nãogosta de pensarnisso, mas sabe que suas
plantas
valemmuitodinheiro. Ele até vendealguma
muda,
mas sedesfazerdas
plantas
não fazpartedosseuspla
nos.SeuModesto dizpreferir
asplan
tas nacionais. '�plantas estrangeiras
nãosãotão-bonitas comoasbrasilei-,
�",r�V€bt.,�
oU 'P"·.... 'i I" i·.li.-1C'!.0
• ". '.. !._':I �. J :... ..:. ) 1 _,;.' .... - ,. . --.-.- • ...�,,- :...::.. � ? r - T �julho/1996
"Ehhh,
mardita!"
A
cachaça,
bebida
mais
tradicional
do
Brasil,
ainda
encontra
seusmelhores
produtores
entre
ospequenos
alambiques
porRogério Kiefer ode atéser
invenção
docapeta,mas ocertoé que a
achaça
é a bebida destilada mais
popular
doBrasil.Chega
a sertidacomo umsímbolo da ale
gria
nacional-ao lado da
mulata,
do futebol e do carnaval. Encon trada em
qualquer botequim
debeira de
estrada,
a"branquinha"
tem no preço um de seus
princi
pais
atrativos,
o litro dealgumas
marcas custa menos de 1 real.
Além
disso,
serve paraafogar
asmágoas.esquecer do'
abandonodamulher,
da derrota do time decoração
ou apenas regar e animar umbate-papo.
Essasqualidades
fazem dapinga
oprincipal
produto de venda de
alguns
bares. Aprodução
brasileira é desconhecida,
pois,
peque,nosagricultores
fa bricam seu destilado artesanal mente semregistro.
O
agricultor
Oswaldo Merkletemasmãos
calejadas
pormais de40anos de trabalho naroça. Des
cendente de
alemães,
como amaiorpartedos
produtores
daregião
deJoinville,
conta que seupai
começou aproduzir cachaça
em 1930.Hoje,
com aajuda
dofilho
Alexandre,
Oswaldo Merklechega
aproduzir
60litros pordia,
entretanto, revela que as vendas
andambaixas e a maiorparte da
produção
temficado armazenadanos
alambiques.
Segundo
ele,
quetemumbarnabei ra da estrada onde vende
principal
mentepara turistas
de passagem, nun cahouveumapara
lisação
tãogrande
na comercializa
ção.
"A recessãocausada
pelo
governo
atingiu
bastante o comércio de
cachaça",
reclama. Não existe muito
segredo
paraproduzir
umaboapinga.
Para seuOswaldo,
o essencial é cuidar da hi
giene
doproduto,
filtrandoagarapa(caldo
decana)
antes dadestila-"j
A família de Oswaldo Merkle faz
cachaça
desde 1930e
hoje
vende.a maiorparte
daprodução
aosturistas que passampelo engenho
gem e a
cachaça
pronta, com fil trodealgodão,
antesde iraoalambique,
"pra
não entrarvinagre
eazedar tudo".Além
disso,
épreci
soquea
"branquinha"
saia fria dodestilador,
para manter o gostooriginal
e queseja
bem armazenada. Os
alambiques
devem serlimpos
e feitos de madeira resis tente.AGUADA - A
qualidade
da canatambém é
importante, pois
quan do é pequena edoce, exige
maisfermentação,
masdá umproduto
final melhor. O
engenheiro agrô
nomoJosé
Salvador,
extensionista daEpagri
emLuísAlves,
acapital
catar-inense da
cachaça,
explica
queem
períodos
demuitachuva,
a cana cresce efica
aguada.
"Com muitaágua
a canaficamenosdoceCada
povo
tem
a
pinga
que
merece
Todos
ospovos têm
suasbebidas tradicionais. Os
japoneses
por
exemplo,
fermentam
o arrozpara fazer
osaquê,
ositalianos
a uvapara
ovinho. Antes do
descobrimento,
oshabitantes da
terraque viria
a ser oBrasil
usavam umfermen
tado
em suascerimônias
religiosas.
Eram
osíndios
tupis,
que preparavam
suabebida,
ocauim,
commandioca
emilho
mastigados.
Mais
tarde,
com achegada
dos
portugueses
e ocomeço do ciclo da cana-de
açúcar
foram
trazidos muitos africanos para
otrabalho
escravo nopaís.
Os negros
também
possuíam
suaprópria
bebida,
feita
no seucontinente. Não acharam
os mesmosprodutos
noBrasil
ecomeçaram
aproduzir
usando
arapadura
e obagaço
de
canaque tinham facilmente.
Surgiu
assim
acachaça
noBrasil.
.
Os negros bebiam para
sefortalecer
e em suascerimônias
religiosas.
Até
hoje,
toda sessão de terreiro que
sepreze
usacachaça
para animar
osespíritos.
Essa
crença é tão
forte,
que
qualquer
bebedor oferece
umpouco de
suacaninha
"pro
santo" de
devoção
antesdo
primeiro gole.
A bebida fez
um sucessotão
grande,
que
em13 de setembro de
1649 Po
rtugal
baixou
umaprovisão régia proibindo
oconsumo emtodo
opaís.
Achava que
acachaça
poderia atrapalhar
acolonização,
deixando
opovo desmotivado para
otrabalho.
Mas,
comotudo que é bom não
pode
serproibido, ninguém ligou
para
anovalei
e abranquinha
continuou imbatível
napreferência popular.
e muito
grande.
Assim, oprodu
tor
pode
deixara garapa fermentando pormenostempomas,tem um
produto
inferiore em menorquantidade".
A cana docepode
render até 200 litros de destilado para cada millitros de garapa,enquanto com amais
aguada
oprodutor tira apenas a metade. Por
isso, omelhor
período
deprodu
ção
é o inverno,quando
chove menos.O
produtor
Eriço João
Fleight
aprendeu
a fazerpinga
com opai
egarantenãotemer aconcorrência as
grandes
indústrias.Eriço
afirma que a
cachaça
artesanal mantém bebedorescativos, prin
cipalmente
por não ter conservantes, e ter um gosto melhor.
Chega
aproduzir
200 litros numúnico diaeembora tenha diminu
ídosuas
vendas,
acredita que noinvernoelas melhorem.''As indús trias estão fazendo uma
cachaça
de menor
qualidade
e isto temajudado
osprodutores
a manterseus
compradores",
arremata. "Seu" Oswaldo revela que conheceumaboa
cachaça pelo
chei ro eque atualmenteapinga
vempiorando.
Ele acredita que o ex cessodeprodutos
químicos,
usados para aumentaro rendimen
to, tem feitoas pessoas tomarem "umverdadeiro veneno".Umadas formas de reconhecer a
qualida
de da
pinga
é chacoalhara garrafa,
a boa faz bolhas pertodo gargalo.
No entanto,alguns
engar rafadores "batizam" a bebidacom
água
para que ela rendamaise misturam soda para que conti
nueborbulhando.
Acana não é oúnico
produto
quepode
ser usado no feitio dapinga.
O mele abananatambémpodem
serusados naprodução.
Segundo
Oswaldo Merkle a demel,
que é misturada comágua
e destilada cinco diasdepois,
éa melhor de todas porser"mais suave". Suave, éuma
palavra
estranha
quando
se falaem cachaça... O grau alcólico da bebida
varia de até
60%,
aprimeira
asairdo destilador e por isso co
nhecida como "de
cabeça",
a21%, chamada
"água
fraca". Umacerveja
tem um teor alcó lico poucosuperior
a 5%. MISTURA - Oswaldo contaque
depois
de pronta, apinga
pode
receber vários
ingredientes
para mudar seu sabor. "Muita coisapode
sercolocadajunto
noalambique,
como porexemplo:
cascasde
laranja,
cerne depessegueiro,
butiá,
gengibre
eoutrosprodu
tos,dependendo
dogostode cada um".Eriço
Fleight
diz que a madeira de que é feitoo
alambique
também
pode
fazerdiferença
naqualidade
da bebida. Umamadeiramuitousada na
construção
dosbarris éo
arariba,
porserbastan te resistente e duraralgumas
décadas. No entanto, ele assegura que a melhor "caninha" é a do
alambique
de carvalho,Depois
dealguns
anos "descansando" namadeira "a
cachaça
fica mais 'nobre',
com cordewhisky
e um sabor melhor do que as outras"
completa,
fazendopropaganda
deseu
produto.
A
cachaça,
certamente, éa bebida com o maior número de si nônimos que existe. Amansa-so gra,
pé-de-briga,
baixa-pau,
leitede-onça,
choramenina.obrigação
depobre,
martelada,suor
de alambique
e muitos outros: Mas, obom bebedor sabe que em
qual
quer
botequim
bastaencostarnobalcão,
levantar o dedo e dizer"me dáuma" que virá uma bran
quinha
da boa.-O
) I 'I I '1.... :...s.. ,o,
Baleias
Todos
osà
vist.a
anos,Santa
Catarina ironsiorma-se
emberçário
para
asbaleias
francas,
asegunda
espécie
mais
ameaçada
de
extinção
nomundo
por Daniela QueirozeMariaAugusta Carvalho
Entre
maio e
outubro,
nosso litoral recebe de zenas de baleiasfrancas.
Saindo dos mares frios da
Antártida,
elasviajam
até3
mil km em busca deáguas
maisquentes
e calmas para os seusfuturos
filhotes. Dos4
mil cetáceos restantesdessa
espé
cie. agrande
maioria acaba enC";ntrando na Península de
Valdés,
Argentina,
condições
fa voráveis para oparto,
mas algumas
chegam
até o litoral Suldo Brasil.
Denominada cientificamen teEubalaena
australis,
abaleiafranca é assim conhecida PQPU larrnente por ser extremamen te dócil e lenta
-atinge
no máximo 15
km/h
- oque facilita muito a sua
captura.
Pode serreconhecida
pelo
corpo todo negro. àexceção
de uma man ch.r branca nabarriga.
Uma das características maispeculiares
dcsxaespécie
são as"verrugas"
bra nco-amareladas na
cabeça.
Dilcrcrn de animal para
animal,
como se fossem
impressões
digitais,
permitindo
aospesqui
sadores o estudo do seu pro cesso de
migrações.
As baleias francas possuem a cauda mui tolarga,
a nadadeirapeitoral
em forma detrapézio
oe
o "esguicho"
em forma de"V",
bemvisível
quando
respiram
-na
verdade é o ar
quente
que sairápido
dospulmões,
e nãoágua.
As baleias dessaespécie
podem alcançar
18 metros decomprimento,
echegam
a pe sar cerca de 40 toneladas.MIG
RAÇÕES
-Segundo
o biólogo
Paulo AndréFI�res,
do"Projeto
BaleiaFranca",
o ciclodesse cetáceo está dividido em
duas etapas
alimentação
e reprodução,
que influenciam di retamente nosprocessos de migração.
Floresexplica
que du rante o verão no hemisférioSul,
asbaleias procuram os ma res frios daAntártida,
onde há"krill" em
abundância,
um crustáceo
parecido
com ocamarão,
base da dieta das francas. Co
mo não possuem
dentes,
massim
barbatanas,
elasnadamcom abocaaberta,
próximas
à superfície,
"filtrando" o seu alimento. O
estômago
de um animaladulto
pode
armazenar até3
toneladas de alimento.
PROMISCUIDADE- Com ache
gada
doinverno,
as baleias pro curamáguas
maisquentes
e cal mas para areprodução.
A°
mai
or
parte
migra
para a Penínsulade
Valdés,
onde mais de 1.200 baleiasjá
foram identificadaspelos
padrões
de calosidadesnacabeça.
Outraschegam
atéoSuldo Brasil. Durante seis meses
elas quase não se alimentam.
É
umperíodo
dedicado somenteao processo de
cópula
eparto.
A
"promiscuidade"
é uma dascaracterísticas
reprodutivas
dessa
espécie.
Vários machos ten tamcopular
com uma sófêmea,
que
pode
aceitarumpretenden
te ou
rejeitar
a todos. Paraisso,
ela dificulta a
aproximação
doJoséTrudlVDlvulgaqão
macho virando o ventre para cima. Mas acaba voltando à po
sição
normal pararespirar,
fi cando vulnerável àcópula.
.
Depois
de umperíodo
de9
a 12 meses, a baleia franca dá à
luz a apenas um
filhote,
quejá
nasce com cercade5
metros.No momento doparto,
a fêmeachega
a seaproximar
até 20 metros dapraia.
Na amamentação,
não há um contato direto entre mãe e cria porque as
glândulas
mamárias dos cetáceos são internas. Com a con
tração
dos músculos ao redordessas
glândulas,
o leite éespir
rado para fora. Pelo alto teor de
gordura,
olíquido
nãosedissol ve naágua,
formandoespécies
de "bolos" dos
quais
o filhotesealimenta. O
período
de amamentação
dura cercadeumano,sendo que o filhote passa mais
dois ou três anos com a mãe até
que ela acasale novamente. Du rante esse
tempo,
eleaprende
a se alimentar e a realizaras migrações.
O
...
julho/1996
---Turismo
ecológico
é
opção
de
inverno
Baleias
trancas
podem
atrair
turistas
para
olitoral
catarinense
eestimular
aatividade
durante
achamada baixa
temporada
H
áum ano, a baleia fran ca é
considerada
Monumento
Natural
deSanta Catarina.
Único
animal areceber tal
classificação
no estado,
aproteção
daespécie
conta com o
trabalho
do "Projeto
BaleiaFranca",
uma associação
entreorganizações
nãogovernamentais
(ONGs)
estrangeiras
e o governo do estado.
Criado em
1982,
oprojeto
monitora a
população
de balei as francas no Sul dopaís,
alémde criar medidas de
proteção
e educar a
população
para apreservação
daespécie,
através de cartazes,folhetos
explica
tivos e
palestras
em escolas."As pessoas, em
especial
as cri anças, têm sem mostrado mui toreceptivas
e interessadas no nossotrabalho",
confirma o biólogo
Flores. Ele aindaprevê
para este ano ainstalação
deplacas explicativas
nos locaisonde
as baleias sãoavistadas
na ilha.Paralelamente a esse
proje
to, existe o
Programa
Baleia àVista,
quepretende
aumentaro turismo no litoral catari nense incentivando a observa
ção
de baleias francasno inverno e assim acabar com a cha
mada
"baixatemporada".
SónaPenínsula
deValdés,
em1993,
o turismoecológico
gerou mais deUS$
27 milhões paraa
Argentina.
NoBrasil,
nesse mesmo ano, aobservação
decetáceos rendeu
US$
7 milhões,
mas nem um centavofoi
embolsado por Santa Catarina. No ano
passado,
68
francasfo
ram avistadas noestado,
e estima-se para este ano um nú-mero ainda maior.
.
Paulo
Croccia,
oceanólogo
e um dos coordenadores do
programa,
explica
que o turismo
ecológico
não iráprejudi
caras
baleias,
já
que a observação
é feita por terra. Na Praia doRosa,
lugar
defreqüentes
avistagens,
umapousada
construiu um mirante para facilitar
a
observação
aos turistas. Masjá
houveincidentes
comcuriosos que não se contenta
ram em ficar em terra
firme,
como um
cinegrafista
do SBTque levou um susto e foi parar
na
água depois
de incomodar umafranca
e seufilhote.
Crocciatambém
lembra
a faltade
fiscalização
naEnseada
dosCurrais,
próxima
à Ilha de Anha tomirim. Todos os finais de se mana e durante atemporada,
dezenas de
embarcações
inva dem olocal
atrás dosgolfinhos.
"Já
estácomprovada
uma alteração
nocomportamento
dosanimais com a
aproximação
dos
barcos,
da música alta e aprópria
gritaria
dosturistas",
diz ooceanólogo.
Mas ele garante que com as francas será
diferente,
graças ao trabalhode
conscientização
que está sendofeito
junto
à população.(D.Q.,
M.A.C.)
O
Na
época
dasuareprodução,
asbaleias francas JoséTruda/Dlvulgaçãoaproximam-se
muito dacosta,dando inúmerossaltoseexibindoa caudacaracterísticaHistórias
de
pescador
de quatro ou cinco baleias porano e até 1973
ninguém
nunca falouemproibição", explica.
Ovelho
pescador
temrazão. Em1946
foi colo cadaemvigor
umaleiproibindo
apesca da baleia.Masamatança continuou.Entre1952e1973cerca
de 350 baleias francas foram mortas no litoral
catarinense,
quando
só então aArmação
deImbituba,
amais ativadoestado,
fechousuaspor tas emfunção
dodesaparecimento
das suaspresas.
Segundo
Esperandio,
aúnicaempresadeFlorianópolis
comcondições
de realizar apesca baleeiraera a
"Pioneira",
atualmenteumadasmaioresindústriasdosetor.Apar tirdo século
20,
oóleodasfrancas passou aserutilizadonaconservação
decouros e naprodução
de sabão. Noentanto, a caçacontinuoua serfeitacomonoséculo passa
do,
usando-se umarpão
com dinamite."Sempre
nosaproximávamos
pela
frente da ba leia. Porsuagrande quantidade
degordura,
quefaz com que flutue
depois
de morta, e por suadocilidade,
abaleiafranca foiumdosprimeiros
eprincipais
alvos da pesca artesanal desdeoséculo17.Acredita-se queeramencontradas desde Santa
Catarina atéa
Bahia,
existindo indícios decaptu rainclusivenaBaíadeGuanabara. Misturando-se oóleocombarro,
cal de conchaqueimado
eareia grossa, obtinha-seumcimento de ótimaqualida
de. OFortedeAnhatomirim,
assimcomo amaior parte das casasaçorianas
dailha,
foi todo construídocom essematerial. Comasbarbatanasfaziam-se
espartilhos,
golas
de camisaeagulhas.
Acameserviapara
alimentação
dosescravos e com osossos erafeitafarinha paraosanimais. Somen tenoséculopassado,
mais de 100 mil baleiasfrancasforam mortas, reduzin- doa
população
a ní veistãobaixos que che- gou-se aduvidar deuma
possível
recuperação.
Esperandio
João
dos Santos nãogosta de fa lardaépoca quando
caçava baleias. Esse pesca dor de
63
anos, nascidoecriadonaPraiadaArma
ção,
ao Sul dailha,
teme sercondenadoporumaatitudena
qual
não enxerga cri mealgum.
"Pescávamoscerca.A
..
.'
Entãoumdenós fincavao
arpão",
conta.Abaleiaten tavaselivrar,
masdepois
de cinco minutos vinha aexplosão. "Às
vezestínhamosque esperar até24horas paraabaleiaboiar,
masnãoperdíamos
orastrograças aoóleo que ela iasoltando",
lembraopescador
Já
Aldo Correia de Souza, 56anos,tam-bém
pescador
nativo daArmação,
lembra que,quando
garoto,pegavaossosde baleia para vender. "Havia uma cerca de ossos emtoda a
praia,
construída ainda notempodosescravos",
lembra Aldo.Os
pescadores
nãovêemcombons olhosofato de Santa Catarinaserberçário
natural das baleias francas. "Elasse
aproximam
demaiseacabamlevandoedestruindonossas
redes",
recla maAldo. Opescador já
viuoscartazes�
do
"Projeto
Baleia Franca" embares ,I.
. erestaurantesdaArmação,
ereconhe"'I::'
.'D'
ce aimportância
dapreservação
da .;.Jt.'1
espécie.
No entanto,cOnfessa,
estar"
1.
muito maispreocupado
com aex-l'
tinção
da pescaartesanal,
seuganha
'" ..
f.
pão
de toda avida. '�cho válido que
-:1
haja
gente lutandopela
vida �c;,.L_.J/_ das baleias. Masospes-�
cadores artesanaistam-�
�.',/"
t
bémestãoameaçados
-...,.__"
Q'(
_1/..
i
eninguém
faznada",
ifIll&t.[Mr..·.p
....t1�
dizo.pescador.
€)
r ,... '<I ,
. .