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Principais razões de inaptidão para doação de sangue na triagem clínica em um hemocentro localizado em Natal/RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

CURSO DE BIOMEDICINA

NADINE REBOUÇAS DE FREITAS

PRINCIPAISRAZÕESDEINAPTIDÃOPARADOAÇÃODESANGUENA TRIAGEMCLÍNICAEMUMHEMOCENTROLOCALIZADOEMNATAL/RN

Natal Outubro de 2019

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PRINCIPAISRAZÕESDEINAPTIDÃOPARADOAÇÃODESANGUENA TRIAGEM CLÍNICA EM UM HEMOCENTRO LOCALIZADO EM NATAL/RN

por

Nadine Rebouças de Freitas

Orientador: Prof. Christiane Medeiros Bezerra

Natal Outubro de 2019

Monografia Apresentada à Coordenação do Curso de Biomedicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como Requisito Parcial à Obtenção do Título de Bacharel em Biomedicina.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

CURSO DE BIOMEDICINA

A Monografia PRINCIPAIS RAZÕES DE INAPTIDÃO PARA DOAÇÃO DE SANGUE

NATRIAGEMCLÍNICAEMUMHEMOCENTROLOCALIZADOEMNATAL/RN

elaborada por Nadine Rebouças de Freitas

e aprovada por todos os membros da Banca examinadora foi aceita pelo Curso de Biomedicina e homologada pelos membros da banca, como requisito parcial à obtenção do título de

BACHAREL EM BIOMEDICINA

Natal, 17 de Outubro de 2019

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________ Christiane Medeiros Bezerra

(Departamento de Microbiologia e Parasitologia – UFRN)

_________________________________________ Maria Cecília Farias dos Santos

Bióloga do Núcleo de Hematologia e Hemoterapia - UFRN

_________________________________________ Larisse Araújo Dantas

Biomédica/Mestre em Bioquímica

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - -Centro de Biociências - CB

Freitas, Nadine Reboucas de.

Principais razões de inaptidão para doação de sangue na triagem clínica em um hemocentro localizado em Natal/RN / Nadine Reboucas de Freitas. - Natal, 2019.

39 f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Curso de Biomedicina.

Orientadora: Profa. Christiane Medeiros Bezerra.

1. Doação de sangue - Monografia. 2. Transfusão sanguínea - Monografia. 3. Banco de sangue - Monografia. I. Bezerra, Christiane Medeiros. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 615.38

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AGRADECIMENTOS

Devo toda gratidão à Deus, por ter guiado meus passos, dado forças, livramentos e encorajamentos para completar mais essa etapa, tão importante em minha vida.

Agradeço infinitamente por minha mãe ser guerreira e batalhadora, ter me dado todo suporte necessário e imaginário. E sei que meu pai estaria muito orgulhoso em me ver realizando o seu sonho de ter a filha formada em uma universidade pública de qualidade, colhendo o fruto de todo investimento em educação feito por eles.

Muito obrigada professora Christiane, por toda dedicação e empenho na minha orientação e formação acadêmica. Tive o enorme prazer de ser sua aluna e monitora em uma disciplina tão apaixonante e fundamental para meu curso. Tenho a senhora como um grande exemplo de educadora, de mulher e de profissional, que faz o que ama e da melhor maneira possível.

Aos amigos e colegas de curso, especialmente Graziele Domingos, Nathalia Santander e Alexa Lemos, agradeço pelo compartilhamento da vida acadêmica e por tantos momentos maravilhosos.

Ao meu namorado, por sempre me incentivar e mostrar que sou capaz. Gratidão a toda equipe do Hemonorte, especialmente à Juciara Ferreira e Pollyanna Carvalho que cederam os dados da instituição e sempre foram gentis e solícitas. Também sou grata à minha banca avaliadora, composta por profissionais altamente qualificadas, por aceitar o convite. Enfim, a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a concretização de mais uma etapa em minha vida.

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RESUMO

Com a finalidade de diminuir os riscos advindos de uma transfusão de sangue, todo o ciclo hemoterápico deve ser cumprido e atualmente este é regido no país pela Portaria 158/2016 do Ministério da Saúde que estabelece normas e critérios para a efetivação da doação e transfusão de sangue. A triagem clínica representa uma das fases iniciais deste ciclo e tem por finalidade identificar se a doação irá ou não oferecer riscos à saúde dos doadores e/ou a do receptor, sendo composta pela avaliação da história clínica do indivíduo, dos seus hábitos, comportamentos e estado atual de saúde. Ao final desta triagem os candidatos são considerados aptos ou inaptos à doação. Com o objetivo de identificar as principais razões de inaptidão para doação de sangue na triagem clínica do Hemonorte, Natal/RN, foram analisados os dados dos candidatos à doação no período de janeiro a dezembro de 2018. A partir disso, observou-se frequência de 24,2% de inaptidão na triagem clínica dentre os 51.390 candidatos à doação de sangue, sendo a maior parte dos inaptos 60,2%, do sexo masculino. Os principais motivos que levaram à inaptidão na triagem clínica foram: outras causas (19,4%); comportamento sexual de risco (14,4%); hipertensão/hipotensão arterial (13,1%); hematócrito/hemoglobina alto ou baixo (12,0%); cirurgia/endoscopia/procedimento odontológico (4,4%), uso de vacinas (4,1%) e uso de medicamentos (4,0%). Dentre os doadores de 1ª vez, 39,3% apresentaram-se inaptos na triagem clínica, enquanto que dentre aqueles considerados de retorno, a frequência de inaptidão foi de 19,6%, com P<0,001. Quanto ao tipo de doação, os dados deste trabalho revelaram que as doações espontâneas contribuíram com 25,5% de candidatos impossibilitados de doar, ao passo que as de reposição corresponderam à 23,4% de inaptidão, também com diferença estatisticamente significante (P<0,001). Sendo assim, conclui-se que o perfil dos inaptos na triagem clínica observado neste trabalho foi de candidatos do sexo masculino, com faixa etária compreendida de 16 aos 29 anos, doadores de primeira vez, com doação espontânea, tendo como motivo principal, depois de outras causas, o comportamento sexual de risco, para o sexo masculino e, para o sexo feminino, hematócrito/hemoglobina fora dos intervalos de normalidade.

Palavras-chave: doação de sangue, transfusão sanguínea, banco de sangue, inaptidão

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ABSTRACT

In order to reduce the risks arising from a blood transfusion, all the transfusion services have to follow steps according to national or local policies, since blood donors recruitment to enforce the safety of the blood. In Brazil this procedure is currently controlled by ordinance number 158 of February 4, 2016 of the Ministry of Health, which establishes rules and criteria for the effective blood donation and transfusion. The clinical screening represents one of the early stages of blood donation process and aims to identify whether or not the procedure will pose risks to the health of donors and/or blood recipients, and is composed by a health and medical history questionnaire, physical examination, and hemoglobin measurement or packed cell volume (hematocrit) testing before blood donation, and only those who meet the requirements qualify as blood donors. In order to identify the main reasons for blood donation deferral in the clinical screening of blood bank Hemonorte in Natal/RN, data from blood donation candidates from January to December 2018 were analyzed. There was a deferral rate of 24.2% in clinical screening, among 51,390 candidates for blood donation, and most of the disqualified candidates (60.2%) were male. The main reasons that led to disability were: other

causes (19.4%); ”at risk” sexual relationship/behavior (14.4%);

hypertension/hypotension (13.1%); hematocrit/hemoglobin high or low (12.0%); surgery/endoscopy/dental procedure (4.4%), vaccination (4.1%) and use of medications (4.0%). In the group of first-time donors, 39.3% were unfit for clinical screening, while among those considered "returners", the disability rate was 19.6%, P<0,001. Regarding the type of donation, data from this study revealed that spontaneous donations contributed with 25.5% of individuals unable to donate, while the so-called "replacement" corresponded to 23.4% of deferral, also statistically significant (p value < 0,001). It was concluded that the profile of the unfit in clinical screening observed in this study was male candidates, aged 16 to 29 years, first-time donors, with spontaneous donation; having as main reason, after other causes, ”at risk” sexual relationship/behavior for males and for females, hematocrit /hemoglobin outside normal ranges.

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SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS ... 9 LISTA DE FIGURAS ... 10 LISTA DE GRÁFICOS ... 11 LISTA DE TABELAS ... 12 LISTA DE ANEXO ... 13 1. INTRODUÇÃO ... 13 2. OBJETIVOS ... 25 2.1 Geral ... 25 2.2 Específicos ... 25 3. MATERIAIS E MÉTODOS ... 26 4. RESULTADOS ... 27 5. DISCUSSÃO ... 32 6. CONCLUSÃO... 35 REFERÊNCIAS ... 36

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LISTA DE ABREVIATURAS

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CSR Comportamento sexual de risco

DST Doença sexualmente transmissível

g/dL Grama por decilitros

Hb Hemoglobina

HBV Vírus da hepatite B

HCV Vírus da Hepatite C

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

HPV Papiloma vírus humano

Ht Hematócrito

HTLV Vírus linfotrópico da célula humana

Kg Quilograma

mL Mililitro

MS Ministério da saúde

NAT Teste de ácido nucléico

PR Paraná

RN Rio Grande do Norte

RS Rio Grande do Sul

SESAP Secretaria de Estado da Saúde Pública

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Breve histórico da hemoterapia no Brasil. ... 14

Figura 02. Classificação do candidato à doação de sangue quanto ao tipo de doação e tipo de doador, de acordo com a portaria 158/2016. ... 17

Figura 03. Exemplo de ciclo hemoterápico. ... 18

Figura 04. Exemplo de modelo para roteiro de entrevista da triagem clínica. ... 20

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01. Distribuição dos 51.390 candidatos à doação de sangue quanto ao critério de aptidão. ... 27 Gráfico 02. Distribuição dos 12.454 candidatos inaptos quanto à unidade de atendimento no Hemonorte. ... 27 Gráfico 03. Distribuição dos candidatos inaptos à doação de sangue, quanto ao gênero. ... 28 Gráfico 04. Classificação dos inaptos à doação de sangue quanto à faixa etária. .. 29 Gráfico 05. Principais causas de inaptidão na triagem clínica entre os candidatos à doação de sangue. ... 30 Gráfico 06. Distribuição dos principais motivos da inaptidão à doação de sangue em relação ao sexo. ... 31

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Principais causas de inaptidão temporária e tempo da inaptidão de acordo com a portaria 158/2016. ... 16 Tabela 02. Requisitos e critérios correspondentes para a doação de sangue de acordo com a portaria 158/2016. ... 21 Tabela 03. Distribuição dos valores absolutos dos 51.390 candidatos à doação de sangue. ... 28

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LISTA DE ANEXO

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13

1. INTRODUÇÃO

O ato de transfundir sangue é fundamental em inúmeras situações patológicas, podendo ser feito em casos de urgência e emergência com grandes perdas de sangue, em tratamentos quimioterápicos e radioterápicos e em doenças como a anemia falciforme e casos graves de talassemia beta, dentre outros. Porém, apesar dos benefícios, seu uso não está isento de riscos, uma vez que podem ocorrer reações transfusionais advindas desta prática terapêutica (OTTONI et al., 2013).

A partir de uma única doação voluntária, altruísta e não gratificada, várias pessoas podem ser beneficiadas através do fracionamento de hemocomponentes, os quais permitem que o receptor receba somente elementos sanguíneos dos quais tem necessidade. São exemplos de hemocomponentes o concentrado de plaquetas, concentrado de hemácias, plasma fresco e crioprecipitado, os quais podem ser obtidos por coleta convencional de bolsa total ou por aférese. Um dos mais utilizados, o concentrado de hemácias, por exemplo, é conseguido por aférese, coletado de apenas um doador, ou centrifugando uma bolsa de sangue total e eliminando a maior parte do plasma. Este hemocomponente deve ser conservado entre 2°C e 6°C e sua validade varia entre 35 e 42 dias, a depender do conservante presente na bolsa e seu principal uso é em casos de anemias e/ou hemorragias severas (BRASIL, 2010).

Historicamente, a transfusão de sangue no mundo passou por dois períodos: um empírico, que ocorreu até por volta do ano de 1900, no qual dentre tantos experimentos era discutido se a transfusão mais adequada seria aquela realizada entre humanos ou de animal para humano, e o segundo período, ocorrido de 1900 em diante, chamado de período científico, marcado pela descoberta do grupo sanguíneo ABO, em 1900, por Karl Landsteiner (JUNQUEIRA; ROSENBLIT; HAMERSCHLAK, 2005).

No Brasil, na década de 40, já existiam vários serviços de transfusão e em 1950, foi promulgada pelo Governo Federal a lei nº 1.075, que dispunha sobre a Doação Voluntária de Sangue. Já em 1980, o Governo Federal instituiu o Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados (Pró-Sangue), visando à organização das atividades no campo da medicina transfusional no país e criou hemocentros nas

(15)

14 principais cidades do Brasil, fundamentado na doação voluntária não remunerada de sangue e estabelecendo medidas para segurança de receptores e doadores (Figura 1) (JUNQUEIRA; ROSENBLIT; HAMERSCHLAK, 2005).

Figura 1. Breve histórico da hemoterapia no Brasil.

Fonte: Adaptado de (JUNQUEIRA; ROSENBLIT; HAMERSCHLAK, 2005).

Atualmente, a Portaria nº158/2016 do Ministério da Saúde (MS), que define o regulamento técnico dos procedimentos hemoterápicos, tem o objetivo de regulamentar a atividade hemoterápica no País, de acordo com os princípios e diretrizes da Política Nacional de Sangue, Componentes e Derivados, no que se refere à captação, proteção ao doador e ao receptor, coleta, processamento, estocagem, distribuição e transfusão do sangue, de seus componentes e derivados, originados do sangue humano venoso e arterial, para diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças (Figura 1) (BRASIL, 2016). Além dessa, a Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017, do Ministério da Saúde, que trata da consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do SUS também reforçam condutas a serem seguidas pelos serviços de hemoterapia, como a inclusão dos testes de ácidos nucléicos (NAT) na triagem sorológica.

É importante frisar que existem doadores inaptos definitivos e inaptos temporários. Os do primeiro grupo jamais poderão doar sangue para outras pessoas, podendo haver apenas doação do próprio paciente para seu uso privativo

(16)

15 (doação autóloga). Enquadra-se nessa condição o portador de asma brônquica grave e antecedente de choque anafilático; alcoolismo crônico; infecção por Plasmodium malariae; infectado pela doença de Chagas ou com antecedente epidemiológico de contato domiciliar com triatomíneo em área endêmica; portador de encefalopatia espongiforme humana; uso de drogas injetáveis ilícitas; evidência laboratorial ou clínica de infecções transmissíveis por transfusão de sangue; paciente submetido a transplante de órgãos ou de medula; infecções repetidas por doença sexualmente transmissível (DST) e consequente maior risco de reinfecção; ter antecedente de compartilhamento de seringas ou agulhas; ter "piercing" na cavidade oral e/ou na região genital, por causa dos riscos permanentes de infecção, dentre outros (BRASIL, 2016).

Os inaptos temporários estão proibidos de efetuar doação para outra pessoa por período determinado de tempo. Engloba nessa situação, por doze meses, indivíduos que: tiveram alguma DST; que tenham sofrido violência sexual ou seus respectivos parceiros sexuais; tiveram relação sexual com um ou mais parceiros ocasionais ou desconhecidos ou seus respectivos parceiros sexuais; tenham feito sexo em troca de drogas ou dinheiro ou seus respectivos companheiros sexuais; tenham tido relação sexual com pessoa portando infecção pela hepatite B, hepatite C, HIV, ou outra infecção de transmissão sanguínea e sexual; tenha sido encarcerado obrigatoriamente e não domiciliar superior a 72 (setenta e duas) horas durante os últimos 12 (doze) meses, ou os parceiros sexuais dessas pessoas; tenham feito "piercing", tatuagem ou maquiagem definitiva, sem avaliar a segurança do procedimento realizado; tiveram acidente expondo mucosa e/ou pele não íntegra com material biológico de outra pessoa; homens que fizeram sexo com outros homens e/ou as parceiras sexuais destes; sejam companheiro sexual de pacientes em uso de terapia renal substitutiva e de pacientes com histórico de politransfusões. Vale ressaltar que essas contraindicações para doação não são pautadas em preconceitos e discriminação, são evidências científicas para os fatores que aumentam o risco de infecção (BRASIL, 2016).

Procedimento endoscópico acarreta inaptidão à doação de sangue por 6 (seis) meses. Nos procedimentos odontológicos, cirurgias e procedimentos invasivos, o período de inaptidão é variável de acordo com o procedimento adotado. Alguns medicamentos, doenças e vacinas também podem ser motivo de inaptidões temporárias, conforme pode ser observado na Tabela 01 (BRASIL, 2016).

(17)

16

Tabela 01. Principais causas de inaptidão temporária e tempo da inaptidão de acordo com a portaria 158/2016.

CAUSAS DE INAPTIDÃO

TEMPORÁRIA TEMPO DE INAPTIDÃO Alergias (urticária, rinite, dermatite e

outras)

Na fase aguda e durante o tratamento

Conjuntivite 1 semana após a cura

Dengue 4 semanas após a cura

Gripes ou resfriados 1 semana após cessarem os sintomas

Sinusite, amigdalite, otite, infecção urinária baixa

2 semanas após o fim do tratamento

Piercing, tatuagem ou maquiagem definitiva

6 meses após realização; 12 meses se não houver condição

de avaliação da segurança do procedimento realizado; se na cavidade oral e/ou na região

genital, devido ao risco permanente de infecção, a inaptidão é 12 meses da retirada. Extração dentária 7 dias após o procedimento

Ressecção de varizes 3 meses

Uso de Anticonvulsivantes Enquanto estiver usando o medicamento

Uso de Antidepressivos

Não contraindicam a doação, porém o doador deve ser

avaliado pelo médico

Uso de Ansiolíticos e soníferos Só contraindicam a doação se a dose for elevada

Vacina para febre amarela, sarampo, influenza

4 semanas

Vacina para tétano, HPV e cólera 48 horas

Fonte: Portaria 158/2016 (MS)

No registro do doador de sangue fica constando qual o tipo de doação que foi feita: de reposição, voluntária, autóloga ou por convocação. Na de reposição o

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17 candidato é motivado por amigos ou familiares de pacientes para fazer reposição de estoque de sangue ou faz uma doação destinada a um paciente específico. Na doação voluntária, ou espontânea, o indivíduo doa por livre e espontânea vontade. Na autóloga é realizada pelo paciente para seu próprio uso e na doação por convocação o paciente é contatado pela unidade transfusional para repor os estoques de sangue (Figura 2) (BRASIL, 2001).

O candidato à doação pode ser classificado quanto ao tipo de doador, sendo considerado 1ª vez ou retorno. O doador de 1ª vez é aquele que doa pela primeira vez naquele serviço de hemoterapia enquanto que o de retorno, ou repetição, é o indivíduo que realiza duas ou mais doações no período de 12 meses (Figura 2) (BRASIL, 2016).

Figura 02. Classificação do candidato à doação de sangue quanto ao tipo de doação e tipo de doador, de acordo com a portaria 158/2016.

(19)

18 Com o avanço da hemoterapia e das novas tecnologias, busca-se a diminuição dos riscos transfusionais, principalmente com relação à transmissão de doenças infectocontagiosas, uma vez que para acontecer a transmissão de patógenos no momento da transfusão é necessário, basicamente, que o receptor seja susceptível, que o doador tenha em seu sangue o agente e que os testes de triagem sorológica não os detecte. Desse modo, é nítida a importância de cumprir o ciclo hemoterápico de forma correta para garantir a segurança transfusional, o qual é composto pelas seguintes etapas: captação e seleção de doadores, triagem sorológica e imuno-hematológica, processamento e fracionamento das unidades coletadas, dispensação, transfusão e avaliação pós transfusional (Figura 03) (CARRAZZONE; BRITO; GOMES, 2004).

Figura03. Exemplo de ciclo hemoterápico.

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19 Como visto acima, na seleção de doadores existe a fase de triagem clínica, realizada antes da coleta em ambiente que garanta sigilo e privacidade, através de entrevista individual com profissional de nível superior da área da saúde, supervisionado por um médico, devidamente capacitado e conhecedor das normas vigentes e contidas na portaria de nº158/2016 - MS, que tem por finalidade identificar se a doação irá ou não oferecer riscos à saúde dos doadores e/ou a do receptor. Essa triagem deve prezar pelo bem estar do candidato à doação, não devendo haver julgamento, discriminação e/ou preconceito por cor, condição socioeconômica, orientação sexual, hábitos de vida, dentre outros. É obrigatório sempre haver a triagem clínica quando o indivíduo comparecer para efetuar uma doação de sangue, mesmo se ele já tiver doado alguma vez (BRASIL, 2016).

Essa fase inicial de triagem é composta pela avaliação da história clínica do paciente, dos seus hábitos, comportamentos e estado atual de saúde, podendo ser dividida em algumas agências transfusionais em três etapas: pré-triagem (verificação da temperatura, pressão arterial, pulso e peso); triagem hematológica (dosagem de hemoglobina ou hematócrito) e entrevista, a qual é realizada seguindo um roteiro, conforme Figura 04 (BRASIL, 2001).

Como visto na Figura 04, o candidato à doação de sangue deve preencher uma série de pré-requisitos e não ter doenças e características que impeçam o ato. Visando proteger o doador, várias medidas são observadas como o peso corpóreo, o limite máximo de doações, a aferição da pressão arterial, ocupações habituais, o volume coletado, a alimentação adequada, dentre outros (BRASIL, 2016).

O doador, no momento da doação, não pode estar em jejum, pois tal condição poderia trazer como consequência pós coleta, reação de hipoglicemia. Preferencialmente, deve consumir alimentos leves antes da doação, uma vez que comidas gordurosas nesse momento ocasionariam impedimento temporário para doar, por causar possível interferência nos testes sorológicos. Além disso, precisa ter dormido no mínimo 6 horas na noite anterior; evitar fumar pelo menos 2 horas antes; não ter ingerido bebida alcoólica nas 12 horas anteriores (BRASIL, 2016).

A frequência máxima é de 3 doações por ano para mulheres e de 4 doações por ano para os homens, sendo o intervalo mínimo de 8 semanas entre as doações para os homens e de 3 meses para as mulheres (BRASIL, 2016). É importante respeitar essa faixa de intervalo para que haja recuperação da reserva de ferro do indivíduo, a qual é utilizada na produção dos eritrócitos. O volume de sangue doado

(21)

20 é reposto em poucas horas, os glóbulos vermelhos entre 2 e 3 semanas, o plasma em 24 horas e a quantidade de plaquetas não tem grande diminuição (BRASIL, 2016).

Figura 04. Exemplo de modelo para roteiro de entrevista da triagem clínica.

Fonte: BRASIL, 2001

O volume máximo de sangue por doação é de 9 (nove) mL/kg de peso para os homens e de 8 (oito) mL/kg de peso para as mulheres, totalizando 450 mL podendo ser acrescido de até 45 mL para os exames laboratoriais. Por isso, é estipulado o peso mínimo de 50 kg para os doadores, com base no volume que pode ser retirado do doador, sem danos para a sua saúde e respeitando a proporção de anticoagulante dentro da bolsa de sangue. Além disso, o pulso não deve ser inferior a 50 (cinquenta) nem superior a 100 (cem) batimentos por minuto;

(22)

21 o candidato deve possuir idade entre 16 e 69 anos, devendo os menores de idade apresentar prévia autorização por escrito dos pais e o limite de idade para primeira doação é de 60 anos (BRASIL, 2016).

Somado ao cumprimento desses requisitos já mencionados, será também medido o hematócrito (Ht) ou hemoglobina (Hb) no momento da triagem, através de punção digital ou venosa. O valor mínimo aceitável para hematócrito é de 38% para o sexo feminino e 39% para o masculino, e da hemoglobina é de 12,5 g/dL para as mulheres e de 13,0 g/dL para homens. Vale salientar que o candidato com níveis de Hb igual ou superior a 18,0 g/dL ou Ht igual ou superior a 54% será impedido de doar (inapto) e encaminhado para investigação clínica (BRASIL, 2016).

Cidadãos que exercem determinadas profissões ou praticantes de atividades esportivas ou “hobbies” que coloquem suas vidas e/ou de outras pessoas em risco, só podem doar sangue se puderem se afastar dessas atividades por tempo determinado após o ato altruísta. É o caso da prática de paraquedismo ou mergulho, operadores de máquinas, condutores de veículos coletivos e de grande porte, pilotagem de avião ou helicóptero, dentre outros (BRASIL, 2001). Outros requisitos a serem atendidos pelos candidatos à doação estão resumidos na Tabela 02 (BRASIL, 2016).

Tabela 02. Requisitos e critérios correspondentes para a doação de sangue de acordo com a portaria 158/2016.

REQUISITOS CRITÉRIOS CORRESPONDENTES

Idade - mínimo de 16 anos;

- máximo de 60 anos para doadores de primeira vez; e de 69 para candidatos com histórico de doações recentes.

Peso mínimo - 50 Kg

Sinais vitais - temperatura corpórea menor ou igual a 37°C;

- pulso regular, rítmico, com frequência entre 50 e 100 batimentos por minutos - pressão arterial (PA):

PA sistólica - no máximo 180 mmHg e PA diastólica - no

(23)

22

REQUISITOS CRITÉRIOS CORRESPONDENTES máximo 100 mmHg e no mínimo 60 mmHg. Níveis de hemoglobina (Hb) ou hematócrito (Ht) - Mulheres: Hb no mínimo 12,5g/dL ou Ht no mínimo 38% - Homens: Hb no mínimo 13,0g/dL ou Ht no mínimo 39%. * candidato com Hb igual ou maior que 18,0g/dL ou Ht igual ou maior que 54% será impedido de doar.

Estar em boa saúde - não estar incluído nas causas de inaptidão definitiva ou

temporária. Fonte: Portaria 158/2016 (MS)

Destaca-se, ainda, a importância da triagem clínica para detectar a possibilidade de infecções, as quais podem estar em período de janela imunológica, momento em que uma doença foi adquirida recentemente e o organismo ainda não produz anticorpos suficientes para serem identificados nos exames sorológicos, podendo haver, portanto, resultados falso negativos (Figura 05) (BRASIL, 2001).

Figura 05. Representação gráfica de um período de janela imunológica.

Fonte: BRASIL, 2001

Além dessa etapa, o banco de sangue pode oferecer ao candidato, antes do procedimento técnico da doação, um formulário anônimo para voto de auto exclusão

(24)

23 do seu sangue, o qual questiona sobre relações sexuais sem preservativos, múltiplos parceiros e uso de drogas ilícitas, sendo uma ferramenta importante, pois o candidato que não se sinta à vontade para relatar o risco de transmissão de doenças através da triagem clínica, pode informar através do voto a inadequação de seu sangue para transfusão (OTTONI et al., 2013).

Estudos realizados apontam que o perfil dos inaptos na triagem clínica é constituído em sua maioria por doadores do sexo masculino, com faixa etária entre 18 e 23 anos (ROHR; BOFF; LUNKES, 2012). Segundo Vieira et al. (2015), em doadores do sexo feminino as principais causas de inaptidão foram hemoglobina ou hematócrito abaixo do valor mínimo e para os homens foi a multiplicidade de parceiras sexuais e as maiores taxas de inaptidão foram de candidatos de primeira doação em relação aos de repetição.

Outra etapa do ciclo hemoterápico, a triagem sorológica, é também regulamentada pelas Portarias nº158/2016 e nº5/2017 do Ministério da Saúde que estabelecem alguns testes sorológicos obrigatórios para serem feitos no doador, capazes de identificar infecções transmissíveis pelo sangue, sendo eles: o HTLV I e HTLV II, HIV1 e HIV2, HCV (hepatite C), HBV (hepatite B), Treponema pallidum (sífilis), T. cruzi (doença de chagas) e Plasmodium em áreas endêmicas de malária, além da obrigatoriedade de realização dos testes de ácidos nucléicos (NAT) para algumas doenças infecciosas.É importante destacar que o tropismo de agentes infecciosos por determinadas células do sangue especifica a contaminação dos diferentes hemocomponentes (concentrados de plaquetas, concentrados de leucócitos, concentrado de hemácias, e plasma), por exemplo, o vírus da Hepatite B (HBV) e o Vírus da Hepatite (HBC) agrupam-se preferencialmente no plasma e o e o Vírus da Imunodeficiência Humana Adquirida (HIV), nos leucócitos e plasma (CARRAZZONE; BRITO; GOMES, 2004; BRASIL, 2016).

Além desses testes, devem ser também realizados no sangue do doador a pesquisa de hemoglobina S, pelo menos na primeira doação, e exames imuno-hematológicos, dentre eles: pesquisa de anticorpos antieritrocitários irregulares, fenotipagem ABO e RhD, com pesquisa de D fraco, quando necessário (CARRAZZONE; BRITO; GOMES, 2004; BRASIL, 2016).

De acordo com a legislação vigente no país, é dever dos serviços de hemoterapia convocar e orientar os doadores com testes sorológicos positivos ou inconclusivos e encaminhá-los aos serviços de assistência para realizar tratamento

(25)

24 e/ou confirmação diagnóstica (BRASIL, 2016). Além disso, os motivos de inaptidão temporária ou definitiva para doação de sangue, constatados na triagem clínica, devem ser esclarecidos ao doador. O aconselhamento ou entrega de resultados, deve ser feita de maneira sigilosa e sem a presença de outras pessoas, em ambiente distinto da triagem clínica (BRASIL, 2001).

O hemocentro Dalton Cunha é referência no estado do Rio Grande do Norte, integra a Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP) e coordena a política estadual de sangue e hemoderivados do Ministério da Saúde. Tem a missão de fornecer para a população norteriograndense, sangue com qualidade garantida, propiciar atendimento aos portadores de hemopatias e contribuir para o ensino e pesquisa nas áreas de hematologia e hemoterapia (GOVERNO DO ESTADO DO RN, 2019).

O presente trabalho é o primeiro do estado a estudar os motivos de inaptidão em candidatos à doação de sangue em um hemocentro público e foi motivado pelo interesse na área após as disciplinas de hematologia, imunohematologia e ao realizar uma visita guiada, hemotour, pelo referido hemocentro.

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2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Identificar as principais razões de inaptidão para doação de sangue na triagem clínica do Hemonorte, localizado em Natal/RN.

2.2 Específicos

● Obter a frequência de inaptos na triagem clínica no ano de 2018;

● Obter o percentual, dentre os inaptos na triagem clínica, quanto ao tipo de doação (reposição ou espontânea) e quanto ao tipo de doador (1ª vez ou retorno);

● Correlacionar as razões da inaptidão com o sexo e idade dos candidatos à doação de sangue.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho retrospectivo, foram analisados dados referentes à inaptidão na triagem clínica de candidatos à doação de sangue no hemocentro Dalton Cunha (Hemonorte), localizado em Natal/RN, no período de janeiro a dezembro do ano de 2018.

O hemocentro Dalton Cunha está vinculado à SESAP e é o serviço público de referência no atendimento hemoterápico no estado do Rio Grande do Norte e os dados incluídos no presente trabalho contemplaram as unidades localizadas em Natal, a saber: sede do Hemonorte, unidade da Zona Norte e unidade móvel (ônibus de campanha).

Os dados necessários para a realização deste trabalho de conclusão de curso foram obtidos após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, parecer 3.435.287, em 03 de julho de 2019 (CAAE 15858519.0.0000.5537) (Anexo I).

As informações foram solicitadas ao Hemonorte mediante ofício emitido pela coordenadora da pesquisa e sob o consentimento dos responsáveis pelo núcleo de educação permanente do referido hemocentro. Foram colhidos no mês de julho de 2019 e extraídos do sistema informatizado Hemovida, tendo sido disponibilizados pelo setor de estatística do Hemonorte, sob a forma de planilha eletrônica, em formato Excel, respeitando o anonimato dos doadores.

Os dados consistiram no quantitativo geral de doadores e de inaptos na triagem clínica, no referido ano, de acordo com as faixas etárias, gênero, tipo de doação (reposição ou espontânea) e tipo de doador (primeira vez ou retorno). Além de uma tabela constando todos os motivos de inaptidão na triagem clínica, a data de nascimento, o gênero e o estado civil dos candidatos à doação sanguínea.

As análises descritivas da população estudada foram realizadas através da apresentação de tabelas e gráficos de frequências para as variáveis categóricas. As frequências dos aptos e inaptos quanto ao sexo, tipo de doador e modalidade da doação foram comparadas através do Teste do Qui-quadrado. Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando os softwares “PEPI” (Gahlingher e Abramson, 1995) e “SPSS for Windows”- versão 20.0. Foram considerados como significantes p valores ≤ 0,05.

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4. RESULTADOS

No ano de 2018 o Hemonorte registrou um total de 51.390 candidatos à doação, tendo sido considerados aptos 75,8% (38.936) e, inaptos na triagem clínica, 24,2% (12.454) (Gráfico 01), distribuídos em relação à unidade de atendimento, conforme Gráfico 02.

Gráfico 01. Distribuição dos 51.390 candidatos à doação de sangue quanto ao critério de aptidão.

Gráfico 02. Distribuição dos 12.454 candidatos inaptos quanto à unidade de atendimento no Hemonorte.

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28 Em relação ao quantitativo de inaptos, 60,2 % (7.498) eram do sexo masculino e 39,8 % (4.956), do sexo feminino (Gráfico 03).

Gráfico 03. Distribuição dos candidatos inaptos à doação de sangue, quanto ao gênero.

A Tabela 03 apresenta os valores absolutos dos candidatos à doação de sangue quanto ao tipo de doador e tipo de doação, bem como o P valor de cada uma dessas variáveis.

Tabela 03. Distribuição dos valores absolutos dos 51.390 candidatos à doação de sangue.

Variável Apto Inapto Total P

Tipo de doador 1ª vez 7.390 4.777 12.167 <0,001* Retorno 31.546 7.677 39.223 Tipo de doação Espontânea 14.947 5.114 20.061 <0,001* Reposição 23.985 7.340 31.325 Autóloga 4 0 4 TOTAL 38.936 12.454 51.390

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29 Conforme visualizado na tabela acima, considerando a proporcionalidade dos candidatos à doação, identificou-se que dentre os doadores de 1ª vez, 39,3% apresentaram-se inaptos na triagem clínica, enquanto que dentre aqueles que realizavam doação de retorno, a frequência de inaptidão foi de 19,6%. Esses valores foram estatisticamente significativos (P<0,001).

Tendo em consideração os candidatos quanto ao tipo de doação (espontânea ou reposição), observou-se que as doações espontâneas contabilizaram 25,5% de inaptidão, ao passo que as doações de reposição alcançaram 23,4% de inaptidão (Tabela 03). Valores também estatisticamente significativos.

Classificando os inaptos na triagem clínica por faixa etária, foram obtidos os seguintes resultados: dos 16 aos 29 anos observou-se frequência de inaptidão em 47,7% (5.945); dos 30 aos 39 anos, 28,1% (3.503); dos 40 aos 49 anos, 15,1% (1.877); dos 50 aos 59 anos, 7,5% (937) e dentre os maiores de 60 anos 1,6% (192) apresentou-se inapto para a doação (Gráfico 04).

Gráfico 04. Classificação dos inaptos à doação de sangue quanto à faixa etária.

Para análise dos dados referentes às causas de inaptidão, alguns ajustes foram necessários, na intenção de agrupar os motivos que apresentavam pouco quantitativo de ocorrência.

Desse modo, a partir da planilha Excel recebida pelo Hemonorte, as informações que foram mencionadas menos de 08 vezes, foram adicionadas à categoria outras causas, conforme detalhado a seguir: fraturas espontâneas (1); uso de cigarro nas últimas 2 horas (6); transplante de córneas ou materiais biológicos a base de dura-máter (3); epidemiologia para doença da vaca louca (2); desejo de

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fazer exames laboratoriais (1); alterações/doenças endócrinas (8);

alterações/doenças reumatológicas (7); problemas psiquiátricos (1); idade superior a 65 anos (3); inapto na triagem em atendimento anterior (1).

Em relação às principais causas de inaptidão na triagem clínica entre os candidatos à doação de sangue, o motivo outras causas foi o mais prevalente, correspondendo à 19,4% (2.412 indivíduos), seguido de comportamento sexual de risco com 14,4% (1.790 pessoas) e hipertensão/hipotensão arterial com 13,1% (1.637 candidatos). Os demais motivos que mais contribuíram para a inaptidão clínica dos candidatos à doação foram: Ht/Hb alto ou baixo com 12,0%, cirurgia/endoscopia/procedimento odontológico com 4,4%, uso de vacinas correspondendo a 4,1% e uso de medicamentos com 4,0% (Gráfico 05).

Gráfico 05. Principais causas de inaptidão na triagem clínica entre os candidatos à doação de sangue.

Estratificando os candidatos inaptos em relação às causas X gênero, a distribuição dos dados absolutos e percentuais pode ser visualizada no Gráfico 06 abaixo. Foi observado que em números absolutos, a razão outras causas contribuiu como o principal motivo de inaptidão clínica tanto para o sexo masculino quanto feminino, seguida de comportamento sexual de risco como segunda causa para o sexo masculino e Ht/Hb baixo/alto, para o sexo feminino.

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Gráfico 06. Distribuição dos principais motivos da inaptidão à doação de sangue em relação ao sexo.

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5. DISCUSSÃO

De acordo com a Portaria nº 158/2016, doador de sangue é definido como aquele que vai ao serviço de hemoterapia com a finalidade de realizar uma doação de sangue, ato que se concretiza após sua aprovação na triagem clínica, seguida da coleta de sangue (BRASIL, 2016).

No processo da triagem clínica de doadores, o profissional avaliará os antecedentes e o estado atual do candidato a doador para determinar se a coleta pode ser realizada sem lhe causar prejuízo e se a transfusão dos componentes sanguíneos, preparados a partir dessa doação, pode vir a causar risco para os receptores. Somente os candidatos considerados aptos nesta primeira triagem, serão submetidos à triagem sorológica (BRASIL, 2016).

Visando diminuir o perigo de transfusões sanguíneas durante o período de janela imunológica, algumas das perguntas da triagem são focadas em elementos de risco para doenças sexualmente transmissíveis e infecciosas. A triagem clínica também é crucial para a redução da transmissão de doenças emergentes e infecciosas, as quais não são testadas na rotina dos bancos de sangue, ou quando não existe teste laboratorial (ROHR; BOFF; LUNKES, 2012).

Dados do Ministério da Saúde em 2016, nos serviços de hemoterapia que atendem ao SUS, apontaram uma estimativa de inaptidão clínica no país de 18,6%. Considerando apenas a Região Nordeste, a estimativa foi de 22,74%, tendo sido esperado para o estado do Rio Grande do Norte uma taxa de inaptidão clínica de 32,79% neste mesmo ano (BRASIL, 2018).

No presente trabalho foi observada uma frequência de inaptidão na triagem clínica de 24,2% entre todos aqueles indivíduos que se candidataram à doação de sangue no Hemonorte no ano de 2018. Esses dados são semelhantes àqueles observados em outros estudos, como aos 23,9% de inaptidão na triagem clínica, encontrados por Rohr, Boff e Lunkes (2012), em trabalho que buscou traçar o perfil dos inaptos na doação de sangue em um serviço de hemoterapia no município de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul (RS) e aos 17,2% encontrados por Campos, Kiel e Bordignon (2013), em um banco de sangue do município de Cascavel (PR).

Do total de candidatos inaptos no presente estudo, a maioria era do sexo masculino 60,2 %, semelhante ao analisado por Vieira et al. (2015) que observaram que a prevalência de homens inaptos era de 57,7%, além de outros estudos que

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33 também registraram a maior frequência de inaptos no sexo masculino (ROCHA et al., 2018; BRENER et al., 2008). Este fato pode ser explicado pela maior procura masculina aos serviços de hemoterapia devido ao intervalo de doação ser inferior ao feminino (VIEIRA et al., 2015; ROCHA et al., 2018), bem como às campanhas realizadas em organizações como as forças armadas, o que contribui para a representatividade destes nos hemocentros. É válido destacar que os dados publicados mais recentes em relação ao perfil dos doadores do sistema público no Brasil, apontaram estimativa de que o sexo masculino contribuía com 61,24% das doações na Região Nordeste do país, o que reforça, portanto, as informações destacadas acima (BRASIL, 2018).

A fim de garantir a regularidade dos estoques de sangue nos serviços de hemoterapia, o Ministério da Saúde e os hemocentros promovem, frequentemente, campanhas nacionais e locais de incentivo à doação voluntária de sangue.

Dados do presente trabalho mostraram que no ano de 2018, apenas 23,7% do total de candidatos à doação estavam se dirigindo pela primeira vez ao serviço do Hemonorte e as doações provenientes destes foram responsáveis por 39,3% das inaptidões clínicas, enquanto que doadores de retorno contribuíram com 19,6% das inaptidões. Este fato pode ser explicado pela carência das informações básicas quanto ao processo e critérios da doação sanguínea para aqueles que se dirigem pela 1ª vez a um hemocentro (VIEIRA et al., 2015). Com base nisso, é importante reforçar a necessidade da manutenção e aprimoramento das estratégias educativas e de conscientização na captação de doadores.

No tocante ao tipo de doação, as espontâneas atingiram 25,5% de inaptidão, ao passo que as doações de reposição somaram 23,4% de inaptidão, tendo sido observada diferença estatisticamente significante (P<0,001). Isso pode ser atribuído ao fato de que os doadores espontâneos não possuem vínculo com o receptor do sangue, dessa maneira, talvez acabem tendo menos cuidado com quem receberá sua doação. Além disso, pela inexistência de vínculo familiar e de amizade, alguns desses candidatos à doação espontânea podem estar com interesse apenas pelo resultado dos testes sorológicos, omitindo informações importantes da triagem clínica (ROHR; BOFF; LUNKES, 2012).

A faixa etária com maior índice de inaptos foi dos 16 aos 29 anos com 47,7%, em conformidade com outro trabalho, o que comprova a evidência da população

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34 juvenil ser mais suscetível a comportamentos de riscos, influenciando, desse modo, na rejeição da triagem clínica (VIEIRA et al., 2015).

De acordo com a legislação hemoterápica atualmente vigente, são várias as razões que podem levar à inaptidão dos candidatos à doação de sangue, seja de forma temporária ou definitiva, conforme já explicitado anteriormente neste trabalho.

Um estudo realizado no Rio Grande do Sul demonstrou que o principal motivo de inaptidão entre as mulheres, excluindo outras causas, foi o hematócrito baixo e dentre os homens, o comportamento sexual de risco (CSR) (ROHR; BOFF; LUNKES, 2012), dados que também foram observados neste trabalho de conclusão de curso. De modo semelhante, Azevedo et al., (2015), conduzindo um estudo no Hemocentro Regional de Campos, Rio de Janeiro, também obtiveram outras causas como principal razão de inaptidão.

A hemoglobina/hematócrito abaixo dos valores normais são indicativos de anemia e em função da perda menstrual, o sexo feminino tem maior chance de apresentar a doença. Já dentre os homens, a maior incidência de CSR na inaptidão clínica, pode ser explicada pela diminuição do uso de preservativo, tendência a manter relações extraconjugais, maior liberdade sexual e relacionamento homossexual (ROHR; BOFF; LUNKES, 2012).

Outro trabalho realizado em um hemocentro privado de Natal entre os anos de 2010 a 2015, apontou como principais causas de inaptidão na triagem clínica outras causas, como exposto no presente trabalho, seguido pela anemia, tendo sido esta também mais prevalente entre as mulheres (COSTA, 2016).

Uma série de motivos podem explicar o fato da categoria outras causas ter sido considerada a principal responsável pela inaptidão na triagem clínica, uma vez que o ministério da saúde mantém padrões de motivos pré-determinados a serem preenchidos no momento da triagem clínica e o que estiver excluído dessa listagem deve ser incluído na categoria outras causas. É o que ocorre com doenças e exames de criação recente, os quais não existiam a um tempo atrás e por isso não eram bloqueados pelo sistema de triagem. Além disso, às vezes, alguns motivos dependem da subjetividade do profissional triador e em qual categoria ele julga mais conveniente inserir o motivo.

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6. CONCLUSÃO

No presente trabalho foi observada frequência de 24,2% de inaptidão na triagem clínica dentre os candidatos à doação de sangue no ano de 2018.

As principais razões de inaptidão identificadas foram: outras causas (19,4%); comportamento sexual de risco (14,4%); hipertensão/hipotensão arterial (13,1%); hematócrito/hemoglobina alto ou baixo (12,0%); cirurgia/endoscopia/procedimento odontológico (4,4%), uso de vacinas (4,1%) e uso de medicamentos (4,0%).

Foi observado que dentre os doadores de 1ª vez, 39,3% apresentaram-se inaptos na triagem clínica, enquanto que dentre aqueles considerados de retorno, a frequência de inaptidão foi de 19,6%, com valor P<0,001. Quanto ao tipo de doação, os dados deste trabalho revelaram que as doações espontâneas contribuíram com 25,5% de candidatos impossibilitados de doar, ao passo que as de reposição corresponderam à 23,4% de inaptidão, também evidenciando diferença estatisticamente significante (P<0,001).

O perfil dos inaptos na triagem clínica observado neste trabalho foi de candidatos do sexo masculino, com faixa etária compreendida de 16 aos 29 anos, doadores de primeira vez, com doação espontânea, solteiros, tendo como motivo principal, depois de outras causas, o comportamento sexual de risco e para o sexo feminino Ht/Hb fora dos intervalos de normalidade.

Com base no que foi apresentado, é evidente a necessidade de ações de políticas públicas com o intuito de conscientizar e educar sobre as condições necessárias à doação de sangue, bem como facilitar o acesso da população a testagem de doenças sexualmente transmissíveis, para que esse público com comportamento sexual arriscado não busque os serviços de hemoterapia com interesse apenas nos resultados dos exames.

Acredita-se na importância de mais projetos voltados ao público escolar, principalmente do ensino médio, conscientizando sobre a importância da doação sanguínea com responsabilidade e os estimulando a serem futuros doadores.

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REFERÊNCIAS

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