CURSO
DE
c‹RADU.zxçÃo
E1\.‹1<:1ENc1ÀSEQONÕMCÀS
SOBRE
O
MÉTODO
DE
SC-HUMPETER:
PROCESSO
E
OS
FUNDAMENTOS
DE
SUAS
REFLEXÕES
Monograiia submetida ao
Departamento
de CiênciasEconômicas
para obtenção de carga. horáriana disciplina
CNM
5420
~
MoiiografiaI
.
Por
Samya Campana
Orientador: Prof. Dr. Nildo
Domingues
OuriquesÁrea. de Concentração: Teoria
Econômica
Palavras-Chaves: 1. hzíetiodologia 2. Obj etiívidade do conhecimento
3. Dinâmica. C-apitalista 4. Desêznxfâíâlvinicnto
Econômico
Florianópolis, setembro de
2002
UN1¬vERsn)ADE
FEDERAL
DE SANTA
cATAR1NA
CURSO
DE
GR»\DU.aÇÃo
E1\z¶cIÊNc:.íÀs Ec.oN<Í›1\,fl‹:zÀ.sA
Banca.Examinadora
resolveu atribuir a nota. .. . ... .. à.acadêmica
SaemyaCampana
na
disciplina
CNM
5420
~
Mons-grafia. pela apresentação deste trabalhoBanca
Examinadora:
í~/Í
Í'
Pref. nf.
Nflúa
om
nasPresidente
¶
/_. <:f>'//«Ã . .ff
;›¿. /zf Y Q'rof. Dr, Ldaleto Ma.lvezzí
Aued
v
Membro
wífióíaefiz/
Prof, Dr. `Wagner Leal Arientí l\-'Íembro
GC
Sejamos
(...) realistas e utópicos, enraizados
no
concreto e abertosao
possívelainda
não
ensaiado,andando no
vale,mas
tendo
olhos nas
montzmhas”
SWLÃRIO
CAPÍTULO
I / Introdução ... ..` ... .. 1 1 1 1 1 1 Apresentaçãodo
Tema... ... ._2 Delimitação e
Formuiação do
Problema. ... ._Objetivos ... .. 3.1 Geral ... ..x ... ._ 3.2 Específicos.. ... .. 1 .4 Iustificativa ... .. 1.5 Metodologia ... .. 1
6
Fundamentaçã.o Teórica ... _.m\PíTULo
11 2. '7 1.. 'F Q 2.2.1Procedimento do
pesquisador ... ..Perspectiva
Metodológíca
da
Economia
Política ... ..1
Formação
... ..2 Sobre a
concepção
racíonalísta.do
séc. X'v`1Í11Í ... ._2.3 Resultado dos pontos
de
vistado
naturalismo sobre as disciplinaseconômicas
... ..2.4
Resumo
explicatwo ... ... ... .. «1 J -1 3 3 U.) '¬ 3CAPÍTULO
IIIAnálise crítica.
da noção de
Objetivídade deMeo;
Weber
... .. ‹›«1\1
Alguns apontamenios
sobre a Teoria da Ciencia ... ..2 Crítica
de
1\‹ííchae1Lo\W Teoria da Ciência ... ._UL: "`\
.4 Nota. introdutória sobre o tipo icfeaí e o
método
dialéticodo
"'eZe1z›'ar-.s'edo
ab.s'tr°ato3 significado
do Tipo
Ideal ... ... ..Página
ÚÊ .... ..tÍ›6 ...ÁÍI7 ... ...11 ... ..1~›1 ... ..1Í1~ ... ..11 ... ..13 ... ..14 ...15 ... ..16 ....19 .... ..2O22
.... ..27 ...29 ....3U Lu Lu .....B8
3.5
Resumo
e:›q>1icativo ... ..45¿ç;APÍTULo
Iv
4.
Noção
de
Objetividadede
Schumpeter
... ..\.47 4.1A
teoria, os conceitos e omodelo
...4.2 Relação Sujeito-objeto ...
.S6
4.5 Objeto temáííco. ... ..6O
4.4
Resumo
ezqalicativo ... ..õ7CAPÍTULQ
V
-5. Aponta.men1ic›s sobre
algumas concepções
teórica.s-metodológicasde
Schumpeter
... ..68 5.1 1\i~íovim.entona
dinâmica ca.pitah.sta ... ... ..69Desenvc›1vimento
Ecønömicø
... .J74 5 (3Sobre
osempreendedores
... .[79 5.4Resumo
e:›§p1ícatiVo ... _.84
QAPÍTULO
V1
"T 6. Lzonsíderações Finais ... _ .S7BIBLIOGRAFIA
... .... ..91CAPÍTULQ
1c..«n›Í'rULo
t1.
1NTnonng.Ão
Esta
monografia
evidencia. e analisa anoção
de
objetividade e algumas' 'concepçõesteó1ica.s~metodológicas (pda obra)
de Schumpeter. Para
melhor
exposição esta pesquisa está estruturadaem
seis capítulos.O
próximo
capítulo descrevea
perspectivametodológica
da
.Economia
Políticaem Max
Weber.
No
terceiro capítulo são ressaltados algunsdos
apontamentos
críticos realizadospor
hzfíichael Low§‹' acercada noção
de
objetividadeem
Weber
e
apontamentos
acerca danoção
de
objetividadeem
.l\›:'Ia1:\'.O
quarto
.identificaem
Scliumpeter
o
carátermetodológico na
suabusca
do
conhecimento,
no
procedimento
do
pesquisadorcom
relação a seu objeto e nas leis ocultas
que
regem
o
sistema capitalista. C) quinto capítulo trazuma
explanação sobre suasconcepções de
movimento na
dinâmica
capitalista,de
clesenvolviinentoeconômico
ede empreendedonsino. Finalmente o
último capítulo se refere àsconsiderações finais.
1.1
nPnEsnN'racÃo
no TEMA
-
Na
tentativade
uma
posturade
pesquisador crítico, cienteda
dificiltarefaque
istoexige,
mas
sem
a. pretensãode
esgotaro
tema
definido da monografia, optou-se pela TeoriaEconômica
no
sentidode
estudos teóricos,por
compreender que
representa parte importanteda
produção
do
conhecimento,
particularmente,no
que
diz respeitoao desenvolvimento
do
sistema capitalista.
Representa.
parte
importanteporque
existem outras teorias Íilosóficas, socio1ógi.cas, etc,também
constinitivas das ciênciashumanas, que
igualmentecontribuem para
o
entendimento
do
funcionamento
do
sistema capitalista. '-
Neste
sentido as teorias
econômicas
significammuito mais
do
que
aprodução de
conhecimento:
elas são expressão, eao
mesmo
tempo
fundamento, da
própria atividade prática,política e social.
“A bem
dizer” - adverte Lefort apzzd Oliveira- “a ilusãocomeça quando
imaginamos que
de
um
ladohá
os Íatos ede
outro a teoria equando
dissimulamos a
posição1!.
conhecimento
como
se nelenão
toinãsseinos parte e fuâar suaorigem de
um
ladoou do
outro”(1998: p.24).
\
1.
2
DELEVÍITACÃO E
FORMÍULACÃO
DO
PR()BLEl\fíA
Conforme
0
já exposto se entendeque
a explicaçãodo
desenvolvimento
econômico
e social reveste
um
caráter importante, pois ela. funda. aação
políticabem
como
é expressãode
uma
determinada concepção de
mundo.
No
meio
acadêmico, observa-se atualmente a retomfadaído
arcabouço
teóricoschumpeteriano
ecom
reflexosno
plano político (noâmbito de
propostasde
política industrial nacional)como
proposta alternativa à Teoria OrtodoXa.1Como
Íiz partede
um
núcleo
deestudos
com
estafundamentação
teorica,nosso
interesse se manifestaem
pesquisar as raízes, ir às origens
do conjuntode
princípiosque
regem
a escola scliumpeteiianaãporém
partindode
um
posicionamento
críticoem
relação a estaforma
de
interpretaro processo
de reprodução
do
capital.Dadas
a. extensão e a abrangênciada
contribuiçãode
Scliurnpeteifl é preciso a.dverft.irque
o
exame
que
propomos
a seguirnão
pretende esgotar suadimensão. Neste
sentido, alertoque
não
énosso
objetivo entrarem
discussão sobreo
que
sedeva
entenderpor sua
teoriado
desenvolvimento
-como
está estruturada, quais suas categorias principais ecomo
serelacionam - e
menos
ainda,por
sua teoriados
ciclos.Tambem
não
é objetivo destamonografia expor
desciitivamenteoiconteúdo de
suas teorias principais.Não
obstante esta restrição, foi justamenteo conteúdo
principalde sua obra
que
deu origem
às seguintes questõesque
começam
a darformato ao
problema. destamonografia:
por
que Schumpeter
entende a realidade econômica. e socialde
uma
determinada
forma? Por
que
entendeque
a atividadeinovadora
eo
empreendedorismo
são as principais pecasque
originam o
lucro?Por
que
não menciona
a. questãodo
valor-trabalho categoria crucial para. osclassicos?
Abandonando
maiores
pretensões metodológicas e possivel identiíicarna
trajetóriade
suaobra
dois eixos distintos,embora
articulados.1
Spgundo Botelho { 1998) a. escola Neo-Scliinnpetenana, tem encabeçarlo
uma
tendência. recente de compreensãode
como
ocorre o desenvolvimento produtivoem
altemativa ao entendimento dos autores de tradição neoclássica, que advogani as tese das vantageris comparativas e a não-interferência. na operação das l`o1'ças de mercado.Em
conua. partida, a escola Neo-Schumpeteriana “aceita a existência das `irnperi`eiç-ões de mercado' e a necessidade de intervenção Estado para direcionar a alocação dos recursos” (pl0'?_}. Katz (2001), à parte outras considerações iƒelevantes, aventa que esta tendência aponta para terceira onda. de politicas
de
desenvolviniento produtivo: “depois do modelo de governabilidade baseado na trilogia empresa estatal-empresa ti'ansnacional~Estado, edo
Estado neo-utilitário, agora se con,st:róium
novo modelo de governabilidadeem
que'aO
fundamento
centralda
teoria.Schumpeteriana
está relacionado â.compreensão
do'tenômeno da
capacidade inovadora
jáque
as inovações constituiriam a força principal'do
processo
de
crescimento: “(...)Enquanto
novos produtos
enovos
processosde
p1'odi1cã.oestiverem
sendo
adotados pelo empresário inovador,com
o
auxíliodo
crédito bancário, aeconomia
estaráem
crescimento” (Souza: 1995, p.174).Em
segundo
lugar a ideiade que o
empreendedor
e'o
ator centralno
desenvolvimento
capitalistaprocede
da. hipótese
de
fine asinovações
bem-sucedidas
põem
em
movimento
o
capitalismo.t
Segundo
Schumpeter
entre todas as forçasque
leva, à. perturbmgão da. rotina,a
introdução
de
inovações tecnológicasou
organizacionais(modos
novos
ou
baratosde
produzir coisasou
modos
de
produzircompletamente novas)
se destacapor
originarum
fluxode
Zac:-fo.O
capitalista.inovador
passa a receberum
rendimento
e:-itra decorrenteda
vontade
einteligência
do
inovador que
desaparecerá assimque
outros capitalistasaprenderem
os truquesdo
pioneiro (Heilbroner:1996).Entendamos
mais
claramente, nas palavrasde
Tigre (2001: p.0`1-),por
tfüšeo
empreendedor
atraves das inovações gera. lucrosfazendo
acontecero desenvolvimento
econômico:
O
sucesso de empresários inovadoresem
capturar lucros monopolistasderivados
do
pioneirismona
introdução de novos produtos e processos é logoimitado por outros empreendedores.
Ao
reproduzir as inovaçõesbem
sucedidas, os empresários-imitadores ,gerainuma
onda
de investimentosque
at.iva.a economia, cria novos empregos. e gera prosperidade.
À
medida
que asinovações se difundem e seu
consumo
se generaliza,há
uma
tendência de reducão das margens de lucro e geração de capacidade bciosa.Conseqücntemente,
o
investimento se retrai, as empresasreduzem
custos,demitem
iniio-de-obra e a economia. entraem
recessão (...) Neste entremeioocorre a
chamada
“destruição criadora”onde
as velhas estruturas sãosucateadas para permitir
um
novo
ciclo de crescimento (pill). [sublinhado nossol.Assim,
atribuiro
papel centralna
dinâmica
capitalista àz existênciaou não
de
inovações implica
em
associa-las, respectivamente,a
períodosde
prosperidade ede
depressão.E' mais,
em
entende-lascomo
a fonte «dos lucros. '‹
_
A
noção
acima
caminha
de
mãos
dadas
com
urna certaconcepção de
produtividade
que
na
visãode Robert Kurtz
(1996, p.01) e apresentada:“ha
uma
concepção
ingênua,porém
sensata, sobre a produtividade:quanto mais
ela cresce, assimpensa o
bom
raciocíniohumano,
mais
alivio traz à vidaem
comum.
A
maior
produtividade permitemais bens
com
menos
trabalho. (...);não
diminuio
número
de empregos,
mas
é responsável,ao
contrário, peloseu
crescimento (_. _ .)”.9
Segundo
este autorhá
uma
contradição entre a idéia naturalde
que
oaumento da
produtividade facilita a vidados
homens
e a racionalidade das empresas:Um
axioma
da teoriaeconômica
afirma que o objetivo da produção é suprirafalta de bens da população. Ora, isso é
uma
pura banalidade.Todos sabem
que o objetivo da produçãomoderna
e originarum
lucro privado.A
venda dos bens produzidos deve render mais dinheirodo
que o custo de sua produção.Qual
a relação interna entre esses dois ob_ietivos`?Os
economistasdizem
que
Q
segundo objetivo é apenas
um
meio
(na verdade omelhor
meio) de 'atingir afprimeira meta. E.
no
entanto. e evidente queambos
objetivosnão
são
idênticos: o primeiro refere-se à
economia
como
um
todo,o segundo
aeconomia
das empresas. Disso resultam contradições que, desde seu inicio,tomaram
instável o sistemaeconômico
moderno
[sublinhado n_osso}(l{u1tz:l996,
pfll)
A
contradição entre0
velhoaxioma
da
teoriaeconômica
e a racionalidade dasempresas
fica
evidenteao
reíletirmos sobreduas
questões reais:o uso da
capacidade produtivae
o aumento
do
desemprego
correspondentea
um
aumento
da
produção.Na
primeira questãoo uso da
capacidade produtiva. -Kuitz (1996)
enfatiza.que
se aprodutividade visasse suprir as próprias necessidades
dos homens,
aevolução
dosmétodos
edos meios
seria utilizada para trabalharmenos
e desfrutardo
maior
tempo
livre.Mas
0
que
ocorre e
que
a produtividade representa.um
trunfo contra a concorrênciasendo
revertidaem
beneficio da
diminuição dos custos da empresa, enão
em
favorda maior
comodidade
dos
homens.
Jáque
a evoluçãodos
metodos
emeios
é utilizada para diminuir custos e, portantopara
que
menos
trabalhadoresproduzam
mais
produtos, pode-se inferirque
os assalariadoshoje
trabalham mais
e durantemais
tempo do
que
oscamponeses
daIdade
Média.,enquanto
outros trabalhadores (“superfluos”) são -demitidos
ao
correspondente crescimentodos
lucrosdas empresas.
A
segunda
questão está ligadaao
fatode
um
aumentodo
desemprego corresponder
a.
'um
aumento
da
produção.Para
Kurtz
(_ 1996),desde
a saturaçãodo
modo
fordistade
produção,
na
década de
1970,estamos
vivendo
a terceira revolução industrial,da
microeletrônica,na
qualnovos
produtospassaram por
um
processosemelhante
de
barateamento
(àmaneira dos automóveis
e geladeiras)~
e cheiosde
esperanças, alguns teóricosresgataram
Schumpeter do
anonimato.Desta
`”vez,porem, o
surtoeconômico
irãocausou
correspondente
aumento
de empregos,
e a eficáeiade
uma
fase expansiva, criadorade
empregos deixou de
existir.Desta
forma o
próprio interesseeconômico
dasempresas
restringe-se a transformar
o
excedente produtivoem
mais produção
e, portantoem
mais desemprego.
São
justamente estas reflexões críticasde Kuitz (1996) que
ineitammais ainda
a produtividade, trariam benefícios a todos
gerando
urnaonda
de
investimentos,novos
empregos
e prosperidade,promovendo
o
desenvolvirnentoeconômico.
Í,
Não
há. dúvida'
de
que
as divergências entre taisconcepções acima
resultamdos
diferentespontos de
vistade
seus autores, pois estes refletem diferentes perspectivas teóricas-metodológicas.
Assim,
para
Lowy
(1996)
aprodução
do
conhecimento,
como
qualquer outro tipode
investigação científica,não
e neutrana medida
em
que
está intrinsecamente associada aurna
vrÍs¿:`‹'o social
de
rrzzmclo.De
acordo
com
Lefevre (1979: p.lO)uma
concepção
de
n-zzmdo éuma
visão
de
conjuntoda
natureza edo
homem
que,em
primeiro lugar, implicanuma
ação: “(...)a
atividade prática, social e política,embora
de-sdenhadaou
relegada parasegundo plano
(..._)constitui parte integrante das
concepções de
mundo”.2
Em
segundo
lugar,não
eobra
desteou
daquele pensador: “trata-se, antes,
do
produto
eda
expressãode
uma
época”.A
partir destaabordagem
eao
contrári.odo
que muitos pensam,
as “teorias”não
estão “distantes”de nossa
realidade cotidianaporque
estãoembebidas
em
visões sociaisde
mundo.
Se
diferentes visõesde
mundo
acarretamnum
determinado
tipode
atividade prática, social e políticados
homens
então,no
âmbito
da
produção
do
conlrecirnento científico, tais visõesimplicam
em
diferentes perspectivas teóricas-metodológicas.*
Para
Lowy
(1978)
estas diferentes perspectivasrepresentam
diferençasde
problemática que,
por
sua vez, designarn“campos
de
visibilidade” diferentes.As
perguntasfeitas por certas correntes
definem
a
_prz`orium
“horizonte”onde
certos aspectos são “visíveis” e outros não, poisnão
existem.nem
mesmo
corno objetos.Este sentido fornecido
por
Lowy
éque
alimenta nossa. investigação sobre aperspectiva teórica-metodológica
que
sustentao corpo
da
obra de Schumpeter.
No
entantonão
pretendemos,
nesta monografia, investigara
qual visão socialde
mundo
que
Schumpeter
estáassociado
bem
corno
realizarum
estudo tentando entenderde
que
forma
sua realidade se inserenesta visão e
como
seupensamento
foi evoluindo.Por
agorasomente
gostaríamosde
anteciparum
breve registrode
como
consideramos
importanteum
estudo histórico sobre estas questões eque
isto será certamente tratadoem
pesquisas futuras.A
presente in/vestigação estámais
.relacionada
aparte
epistemológica.Diante destas
reflexões
formula-seo
seguinteproblema:
Para evitar qualquer confusão terminológica e conceitual, utilizaremos daqui pra frente a expressão de
Lowy
visão social de fm/ndo, aoreseentanglo sua definição à. mencionada explicação de Lefebvre. Para
Lowy
“visõessocios de
mundo
seriam, portanto, todos aqueles conjuntos estruturados de valores, representações, idéias e orientações cognitivas. Conjuntos esses unificados poruma
perspectiva determinada, porum
ponto de vista. social,~
11
QUAL.
É
*OPRocEsso
E
Q
FLc\n)AM5NTo
Das
REFLEXÕES»
DE.
SCHUMPETER?
1.3
OBJETIVOS
1.3. 1
GERAL
Ewidenciar e analisar
0
processo eo
fundamento
das reflexõesde Schumpeter.
1.3.2
EsPEcii‹¬1cos
"a)
Apontar a
noção
de
objetividadede Schumpeter;
a.1) identificar
o
caráter metodológico:da
suabusca
do
conhecimento,
no
procedimento
do
pesquisador e,do
objeto temático edo
caráter das leisocultasque
regein
o
sistema capitalista;i
”
b) Evidenciar
algumas concepções
teóricas-metodológicas sobreSchumpeter;
b.1) explanar sobre suas
concepções de
movimento na
dinâmica
capitalista, '-dedesenvolvimento
econômico
ede
empreendorismo;
V'
1.4
JUSTIFICATIVA
Verifica-se
que o corpo de
princípios orgânicosda
obra.de
Schumpeter
vêm
alimentando as discussões
em
torno-fdasmutações econômicas
ede
industrializaçãocontemporânea. Observa-se
aretomada da
teoriade
Schumpeter no meio
acadêmico
como
reflexo
do
plano político,de
alternativade
política industrial. .A
primeirapercepção que
deliberadamenteexpressamos de
forma
provocativaindica
que
o espaço
teóricoocupado
pelainovação da obra de Schumpeter' raramente
foi alvode maiores questionamentos por
partedos
economistas.Mas,
recentemente,o
tema.tem
surgidono
debatecomo
frutoda retomada dos
estudosde Schumpeter
devido a necessidade crescentede
precisaro
papelque
as inovaçõesassumem no
âmbito
da dinâmica
capitalista.Entende-se
que
e necessário, antesde
tuilo, interpretar, respeitando aquiloque
o
autor quis realmente dizer ou,
de
outra forma, decifrar0
enigmasdo
textoo
que
dizo
autor e,
metodologicamente, por que
*eleo
faz destemodo.
De
acordo
com
Oliveira. (1998: p.26) “prejulgarou
então fugirà verdade
inerenteao
texto sãoprocedimentos que
todosnós
ãio
nossa.
iinamaçäo
o
itineráriode
construçãodo pensamento do
outro, tratandode
desfigurá-lo".
O
exercíciode
reconstruçãodo
itineráriode
construçãodo pensamento
de
Schumpeter
partirádo
aspectometodológico
de
sua teoria e istopressupõe
entenderseu
método
enão
somente
um
conjuntode
técnicas:“método
envolve, sim, técnicas,que
-devem
estar sintonizadascom
aquiloque
se propõe;mas, alem
disso, diz respeito afundamentos
e processos,nos
quais se apóia.a
reflexão” (Oliveira:I998, p.21).3- Assim,
interessa descobrir qual
0
processo efundamento
nos
quais seapoiaram
as reflexõesde Schumpeter.
E
por
essemotivo
queremos
evidenciar suanoção
de
objetividadena
ciência.econômica
ealgumas de
suasconcepção
teóricas-metodológicas.No
que
se refereao
termo
oltzjetivíclacíedo
con?-zecímentoreportamos
às palavrasde
Lotvy
(1978): é possível a. objetividade nas ciências sociais? Trata-sede
uma. objetividadedo
mesmo
tipoque
a das ciências naturais?Não
é a ciência social necessariamente “engajada”,quer
dizer, ligadaao ponto
de
vistade
uma
classe social? Essas questões seencontram
no
centro
do
debatemetodológico
na
sociologia,na
história,na
Teoria Econômica.,na
antropologia,na
ciência política ena
epistemologiahá mais de
um
século.Contudo,
não
enosso
objetivoresponder
a estas questões: estaspossuem
caráter indicativo.Ao-que
se segue,pretendemos apenas
evidenciarem
linhas geraiso que
parece sero
sentido essencial, aconcepção de
objetividadena
ciênciaeconômica de
Schumpeter
já.que
isto
nos
revelará.o
processode
suas reflexões.O
processo das reflexões sera analisado a partirde
seumétodo
de busca
do
conhecimento
verdadeiro,do
seuprocedimento
enquanto
pesquisador
com
relação a seu objetode
pesquisa, e a partirdo
caraterdas
leisque
para eleregulam
a vidaeconômica
e social._
Em
segundo
lugar, explicitaralgumas de
suasconcepções
teóricas-metodológicassignifica aqui trazer a luz alguns
fundamentos de
suas reílexöes.Mas
qual a “importânciade
sesaber sobre estas
concepções?
Segundo
Lefehvre
(1979: p.l0)“em
primeiro lugar,toda
concepção
do
mundo
implicauma
ação, isto é, algomais
do
que
uma
'atitude filosóficafiMesmo
que
taloração
não
estejaformulada
explicitamenteunida
à doutrina,mesmo
que
os3 Para
Oliveira ( o metodo de
um
autor não é entendido meramentecomo
instrumental da nietodologia,como
se apenas representasseum
conjunto de tecnicas das quais o pesquisador pudesse dispor, independente de sua concepção demundo
e da relação ent1'e~sujeito e objeto de pesquisa, respectivamente o fundamento e 0 processo de suas reflexões. Entretanto, o fato de não ser abordado nesta rnonografia sobre qual seria a. concepçãode
mundo
de Schumpeter e sua relaçãocom
as transformações vivenciadas não significa desconsideração quantoà importância desse assunto,mas
prolong_a.mento exaustivoem
se tratando deuma
monografia.Também
nãosignifica desacordo
com
a definição de Oliveira (1996) 0 fato de que passaremos a considerar ofirrzdairzerzto das reflexões de Schumpetercomo
.sendo algumas de suas principais concepções teóricas-metodológicas. Estas por estarem embebidasem
determinada visão demundo
já vão nos sinalizar, apontar, sobreuma
possível visão demundo. Quanto ao processo das reflexões de Sc-humpeter considerarernos alem da relação entre sujeito e objeto de pesquisa (como enfatizado por Oliveira), o metodo de busca do conhecimento verdadeiro e o carater das leis
13
seus vínculos
permaneçam
indefinidos e aação
implícitanão
produza
um
prog.1~'amz:z,nem
por
isso a sua existência émenos
real”.É
uma
conseqüência
que a
atividade prática, social e~politica,
embora
desdenhada
e relegada asegundo
plano pelas filosofias tradicionais, constitua parte integrante dasconcepções de
mundo
(Lefebvre:l979).Assiin, evidenciar tais
concepções enquanto fundamentais ao
processo reflersivo significadecompor
em
partes principaiso
caráter das relações sociais e econômicas. Isto e feito analisando-seem
Schumpeter
a
concepção de
movimento
na
dinâmica. capitalista,de
desenvolvimento
econômico
ede
empreendedorismo.4
'
Neste
sentido é que- se constitui a importância. desta pesquisa:na
medida
em
que
apontar a
noção
de
objetividade e evidenciaralgumas concepções
teóricas-metodológicasde
Schumpeter
nos
permite fazer inferências sobreo
processo efundamento
de
suas reflexões e entender, finalmente, aforma
com
que
entende a realidadeeconômica
e social.51.5
l\/IETODULOGIA
A
pesquisaem
Schumpeter
estábaseada nos
livros Inzperialismo e Cla.s.ses S'ociaz`s;Teoria
do
.Desenvolvimento Económr'co,' Capitalismo, Socíafisrizo re.Democracia
e Hf.s¿ór'¡ada
A
fiálíseEconômica.
`
Para
aconsecução dos
objetivos propostos é realizado,em
primeiro lugar,um
estudo
do
artigoA
oZzjetz'i.=i‹;1m;1edo
cofiliecímefrtonas
cíéiiczas sociaisde
Max
Weber,
pois setrata de
um
autor cujaformulação
é a “(...)mais
profunda,mais
interessante emais
produtivada
doutrinada
ciência livrede
juízode
valor” (L-oWy:1996, p.35).A
partir destaabordagem
e ressaltada a críticade
Weber
(1998)
à.Economia
Política
no
que
se refereao
modo
de encarar seu
objeto. Para. seentenderojpor que de
tal crítica e importante eêâplicitar asformulações de
Weber
a. respeitoda
objetividadedo
conhecimento
nas ciências sociaisbem
como
seuposicionamento
ciiticoem
relaçãoao
positivismo.
O
objetivoda
incursão neste autor consisteem:
a) evidenciar a perspectivametodológica
da CiênciaEconômica
nascente e; b)fomecer
elementos para identificar algunsprincípios
fundamentais
referentes à objetividadea serem
analisadosem
Schumpeter.
4 Muito
interessante seria. incluir sua reflexão acerca do juroë do crédito, do capital e dos ciclos tornando a pesquisa mais completa,
mas
isto será ser tratadoem
futuras pesquisas." Aqui
sim, se quiséssemos analisar 0 por quê deste entendimento seria necessário efetuar
um
amplo estudo histórico da época de Schumpeter para então evidenciar as trat1sforrna.ções no seu pensamento.A
exposição elucidativa aqui realizada sobreWeber
jamais teve a pretensãode
“inaugurarmais
um
retrato” entrandoem
discussãoaprofundada
sobre este autor»
de
modo
algum
serão identificados seus elementos teóricos centrais e reavaliadoso
seu alcance. 6Neste
sentido é ressaltado algunsdos apontamentos
críticos realizadospor
Lowy
acerca
da
noção
de
objetividadena
ciência socialem
Weber.
Em
seguida é feitauma
análise criticacom
basenos
conceitos concreto e abstratode
Marx
a respeitoda
forma
de construçãoconceitual Weberiana., a saber,
o
conceitode
tipo ideal.Estes passos
marcados
a
partirde
Weber
e l\/Iarts permitirão: a) apontar anoção
objetiva
de
Schumpeter
enquanto
vinculada a perspectiva.metodológica
das ciências naturais;b) criticar a. construção ideal
enquanto
recursometodológico
paraapreender
a realidade.A
analise critica sobre
o
processo e algunsdos
fundamentos
das reflexõesde
Schumpeter
e'realizado
com
baseem
dois referenciais teóricosque
apesarde
distintos,convergem na
importância
dos
valores pessoais, das ideologias parao
processode conhecimento.
A
partir dasformulações de Weber, de
autores marxistas -bem
como
de
Man;
-nosso
caminho
de metodologia
analítica e constituídopor
doismomentos
que
se articulamdialeticamentez a)
o da
críticaao
naturalismoSchumpeteriano
e aconseqüente
ruptura.com
asformas
mistiiíicadorasde
interpretaçãoda
realidade; b)o da percepção de que
essa crítica sópode
se realizarquando
a teoria é arremetida à própria realidade.1.6
FtJ1\DMrENrACÃo
TEÓRICA
Dado
que
não há
em
nenhum
dos
escritosde
Man;
uma
sistematizaçãode sua
teoria
do
conhecimento
científico eque
tal feito resultariamuito
trabalhoso e extenso para serabordado
nestapesquisa,muito além de nossa
capacidade, éque
esta monografia. terácomo
referencial teórico analítico principal as
formulações de
autores marxistas (Lovvy: 1978: 1996, Lefebvre:1979)
~a respeitoda
objetividadedo
conhecimento
nas ciências sociais e das visõessociais
de
mundo,
e aformulaçãode
Marx
sobreo
metodo
da
Economia
Políticaem
que
trata, entre outros assuntos, os conceitos concreto e abstrato.São .diversas as lentes sob as quais
Weber
vem
sendo retratado. E-ste autor tem sido moldado a. partir dediferentes perspectivas teóricas,
nem
todas compa.11'\›'eis entre si, fiisando-se este ou aquele pensamento e obra.“Assi;¡n, temos o
Weber
de Talcott Parsons, quaseum
'sóciopscic-ólogo`_, oWeber
positivista deAdorno/`Horl<h.eimer,
um
apologista do smrus quo, oWeber
fenomenológico de Alfred Schutz, e oWeber
presoà ilusão objetivista, de LucienGoldmarm
e Michel Lowy, inter alia” (Lazarte: 1996, p.27)CAPÍTULQ
IIÀ.
PERSPECTIVA
METQDOLÓGICA DA
Ecofiíöívflâ
POLÍTICA
cnrtfroro
2
2.
PERSPECTIVA
NIETODOLÔGICA
DA ECONONHA
POLÍTICA
A
finalidade deste capítulo,a
partirde
um
conhecido
artigode
Weber
(1998), éentender a. constituição
da
perspectiva metodológica.da
Economia
Politica e para tantotemos
que
entenderpor
quê
a perspectivametodológica
da
Economia
Politica se constituiusemelhante à das Ciências pda
Natureza
ecomo
sedeu
esta semelhança.Neste
sentido,o
capítulo estaordenado
em
três partes: a seção 2.1 tratada formação da
perspectivametodológica
da
Economia
Politicacom
baseem
Weber;
a seguinte seção 2.2 fazuma
explanação
acercada concepção
racionalistado
séc.BIVHI
edo
procedimento
do
pesquisador;na
seção 2.3 e tratadodo
ponto de
vistade
Weber
o
principal resultado dos pontosde
vista.do
naturalismo sobre as disciplinas
econômicas;
a seção 2.4 trazum
resumo
explicativo.2.1
FURMAQÃO
Para
Weber
(1998)
aEconomia
Políticaenquanto
e.sz“ua'0 mciorzalnasceu
atreladaa.
concepção de
mundo
do
séc.XVIH,
deixando de
seruma
féérfzica. Porern,_ ao eleyar-seã
condição de
ciência racional.,o
que
lhe permitiuo
estudo racionalda
realidade social,continuou
semelhante as ciênciasda
natureza.no
modo
de
encarar seu objeto.A
concepção
do
sec.
XVIII
de
caráter racional e orientada pelo direito naturalsignificoua
racionalizaçãoda
teoria e
da
prática e neste sentido? aeconomia
enquanto
ci.ên.cia socialfocou
seu objetoda
mesma
forma
que pressupunha o
método
das Ciênciasda
Natureza.-1'Na
perspectivametodológica
das Ciênciasda
Natureza,em
consonância
com
aconcepção
racionalista, a racionalizaçãoda
teoria sigmificavao
caminho
generalizadorda
abstração
enquanto que
ada
prática significava a analisedo
einpílico,ambas
orientadaspara
relações legais, genéricas.
Assim
esperava-se chegar aum
coiiliecimentopuramente
objetivo e1
Segundo llfeber, “( a Economia Politica tinha sido originariamente
uma
'tecnica", pelomenos no
que diz respeito ao núcleo dos seus estudos, isto é, considerava os fenômenos da realidade deuma
perspectiva. pratica dovalor, estável e univoca pelo
menos
na aparência.: da perspectiva do crescimento da 'riquezaf da populaçãonum
país. Por outro lado, desde o inicioem
que a Economia Politica não foi apenasuma
'técnica , tendoem
vista que se incoiporou à poderosa. unidade da concepção domundo
do século XVIII, de caráter racionalista e orientada pelo direito natural.Mas
a particularidade dessa concepção do mundo,com
sua fé otimista na racionalização teórica e pratica do real, comportouum
efeito essencial ao evitar que fosse descoberto o carater problemático da perspectiva que ele pressupunha evidente.Do
mesmo modo
que o estudo racional da realidade social 'havi.anascido
em
estreita relaçãocom
a evolução moderna das ciências da natureza, contirniou semelhante nomodo
de encarar o seu objeto” [sublinhado nosso] (Weber, :l998,p.113).'
~
1.‹racional.
O
interessedos
pesquisadores,por
eles próprios,enquanto
talnão
era consideradoum
interesse científicode
forma
que não
haviaespaço
para as opiniões morais, valores pessoais,ou
ideologiasgAlém
da
dominação
sobre todos as ciênciasdo metodo
racional, exposto acima,Vlíeber explicou ainda a influência
da evolução
da
íizvestigação biológrfcqg edo
paníogzfsmo
izegeliaiioí
de
talforma
que
“dir-se-iaque
sobre todas as ciências pairavaameaçadoramente
o
crepúsculo
dos
deusesde
todas as perspectivas axiológicas”(Weber:l998,
p. 1 14).Weber
combatia
este sentido, esta a .noçãode que
as ciênciashumanas
deveriam
ser
abordadas
pelo ladoem
que
se apresentarmais
afastadode
suas manifestações particulares(0 geral,
o
generico,o
legalem
detiimentodo
particular e singular). Cito:Para as ciências exatas da natureza, as leis são tanto mais importantes e valiosas quanto mais geral é sua validade. Para o conhecimento das condições concretas dos
fenômenos
históricos, as leis mais gerais sãofreqüentemente
menos
valiosas, por serem as mais vazias de conteúdo. lsto porque, quanto mais vasto é ocampo
abrangido pela validade deum
conceito generico
~
isto é, quanto maior a sua extensão~
tanto mais nosafastada riqueza da realidade, posto que, para poder abranger
o que
existe decomum
no
maiornúmero
possivel de fenõiiienos, t`o.rçosamen.te deve ser o mais abstrato e pobre de conteúdo.No
campo
das ciências da cultura,o
conhecimento geral nunca. tem valor por si proprio. (Weber: 1998, p. lüšíf).
Para
Weber
(1998)
aconseqüência
destaabordagem
nas ciênciashumanas,
éque
o
objeto tende a ser vistocomo
algo externo aos indivíduosque o
pesquisam.Mas
esta crítica3
“(_..[) Nas *disciplinas das ciências da natureza, [especificamente a fisica e maternátíca] a perspectiva. prática do
valor, rela1_iva ao que é diretamente útil, eiicontra-se tecnicamente
em
estreita 1'ela.ç'z`izocom
a. esperança-
herdadada Antiguidade e desenvolvida posteriormente -› de que, por meio do caminho generalizador da abstração e da
análise alo empírico, orientadas para as relações legais, seria possível chegar a
um
conhecimento puramente 'objetivo`- isto e, aqui,um
conhecimentosem
relaçãocom
todos os valores~
e, aomesmo
tempo, absolutamenteracional ~~ ou seja,
um
conliecimento monista de toda?-a realidade, livre de qualquer 'contingência individual, sobo aspecto de
um
sistema conceitual de validade rnetafisica e forma matemática.As
disciplinas das ciências danatureza., que se encontram ligadas a pontos de vista axiologicos, tais
como
a medicina clinica, e mais ainda, achamada "tecnologia`, converteram-se
em
puras "artes`pràticas. Desde o princípio estavam determinados os valores a que deveriam servir: a saude ao paciente, o aperfeiçoamento tecnico deum
processo de produção etc.Os
meios a que recorreram, eram, e só podiam ser, a aplicação prática dos conceitos de lei descobertos pelas disciplinas teóricas. Qualquer progresso de principio na formação de leis eratambém
e podia. sê-lo um' progressona disciplina pratica. Porque, quando os fins permanecem, a redução progressiva das questões práticas
(um
caso de doença,um
problema técnico) a leis de validade geral e à conseqüente ampliação do conhecimento teórico, se liga à ampliação das possibilidades técnicas- e práticas e se identifica.com
ela” [sublinhado nosso] (W
eber:1998,p.l13). _ _
3
Isto signific-ou o
momento
em
que a biologia nloderrla conseguiu englobar os elementos da realidade quenos interessam historicamente (Í_...) dentro do conceitp de
um
principio de evolução de validade geral, que, pelomenos
na premência- mas
não na realidade~
pennitiaorderiar todo o essencial daqueles objetos dentro deum
esquema de leis corno validade geral (...)” (Weber: l998,`p,l Ill),
4 “Visto que
tambem
o chamado devir histórico erafiragniento da realidade total e que o princípio da causalidade
-
premissa de qualquer ti'aballío'ciei1tíÍico.-' a redução de todo o devil' a 'leis' devalidade geral, e visto o descomunal êxito ciên.cía;s da natureza, que haviam incorporado esse principio, parecia impossivel conceber
um
trabalho cientízfico que não fosse o da descoberta de leis do devirem
geral”ç_u.zebâfz199s,p.i1zi). _
"
'__' .
de
Weber
sótem
real significadona
medida
em
que
deferido a relevânciados
valores individuaisno
processodo
conlrecirnentosEsta parte
da
teoriada
ciênciade
Weber,
em
que
ressaltamos a perspectivametodológica
das Ciências Naturais representao
propósitodo
autorem
e\‹idenciar aimportância
dos
valoresna
formulação
da
pesquisa cientifica,na definição
do
objeto edo
aparelho conceitual. . ..
Então,
como
as ciênciashumanas
deveriam
abordar seu objeto?Para
Weber,
quando
se tratade
saber a causade
um
fenômeno
singular,a
perguntado
cientistanão
estáenderaçada ao conhecimento de
leis, ruas aconexões
causais concretas, cujarrelexfânciaexplicativa
pode
serdeterminada
com
o
auxiliodo
saber nomo.l.ógico,ou
seja,nosso
conhecimento
das regvularidadesdo
acontecer histórico-social (Lazarte:l996, p.74).Entretanto, a
preocupação de
Weber
com
a individualidadedos
fenômenos não
dispensao
recurso a elaboração
de
“leis”dos
fenôrnenos-
à.hora da
explicação- mas
tal recurso eaentendido
como
uma
tarefa a.uxiliarno
traballiodo
cientista social enunca
um
tim
em
simesmo.
cPor
isso,Weber
lamentou
a influênciado
método
biológico, naturalista,sobretudo
na. ciência econôrnica apesarde
os socialistas e os .historiadores játerem
começado
a criticar este pressupostode
que
a ciênciaeconômica
sópode
ser eientíficaao
pretender ser neutra, livrede
valores ena
medida
em
que
sefundamenta
em
perspectivas axio_lógicas.6Para
combater 0
positivismo nas ciênciashumanas
atacou principalmenteo
positivismona
Economia
Política:porque
“os economistasforam
os primeiros aproclamar que
as leis sociaissão tão necessarias
quanto
as leis fisicas.Segundo
eles, -é tão impossível a. concorrêncianão
nivelar
pouco
1a.pouco
os preços,quanto
e impossível aos corposnão
cair seguindo a linhavertical” (Durldteim
apud
L-oWy:l996, p.4l).Ao
contráriodo
Positivismo,que dava maior
ênfase aos fatos, à realidade empírica,transformando
o
pesquisadornum
mero
registradorde
informações,Weber
5
Weber
era contra a. ideia. de que o elemento cientifico essencial dos fenômenos apenas podia ser constituido pelo aspecto 'legal`, ao passo que os 'acontecimentos individuais 'só podiam ser levados
em
conta.como
'tipos",o que significa, aqui,
como
representativos das leis.O
interesse por eles próprios [dos pesquisadoresl, enquantotais, não era. considerado
um
interesse 'crentifico {_Weber:l998, p.1l3-114)6
Lowy
(1996: p.49) interpreta que essa. influência teve dois resultados negativos para Weber: “o primeiro foiachar que se pode entender a realidade social por
um
conjunto de leis de tipo cientitico-natural; depois ele criticaa ( ilusão de que o crepúsculo dos deuses' dos pontos de vista asiologicos se estenderá a todas as ciências.
Nas
ciências naturais, os deuses, os valores culturais ou religiosos, vão deixando de jogarum
papel importante, vão desaparecendo ( Cada. vez mais nas ciências naturais, os valores culturais, religiosos ou políticos, vãoempalidecendo, vão desaparecendo até que esta ciência. se liberte completamente (Í
A
ilusãoe' acreditar que este “crepúsculo dos deuses' se estenderá
também
às ciências sociais, que pouco a pouco os valores, as ideologias, os pontos de vista culturais e sociais vão perdendo o seu valor, a sua influência e que as ciências sociais vão se tomando tão objetivas e neutras quanto as ciências naturais”.19
reconhecia
que
os valoresdo
pesquisador, nas ciências sociais,desempenhavam um'
papel
destacado
na
seleçãodo
objetoda
pesquisa,na
determinação
das questões aserem
estudadas.2.2
SOBRE A
CONCEPÇÃO
RACIONALISTA
DO
SÉC
XVIII
Veremos
em
seguidauma
explanaçãoda formação
do metodo
eprocedimento
racionais
complementar
a explicaçãodo
“espíritodo
monismo
naturalista”que
pai1'ava sobre todas as ciências~
explicaçãode
Weber
sobre a relaçãoda
perspectiva metodológica.da
Economia.
ser amesma
das C-i.ências Naturais.Para. Oliveira.
(1998) o
método
enquanto
forma
de
construçãoda
representação das questões aserem
estudadas, foi constituidono
âmbito de
um
movimento
cujaorigem remonta
aos séculos
XVI
eXVII
e valoiizava a capacidadedo pensamento
racional.Esse
discernimento associava. a razão dos
homens
â possibilidadede provocar
mudanças na
'vida social significandoo questionamento
do
saber diletante e contemplativo,propugnando
a desvinculaçãoda
produção
do
saberda
órbita. eclesiástica.Quando
o desenvolvimento metodológico
se transformanum
recurso imprescindível para influenciar inoclificaçõesna
sociedade, a.produção
do
saber se consagracomo
fontede
poder. “Politica e ciênciarecebem
enfim
o reconhecimento
generalizadocomo
instrumentos capazes
de
promover
o dominio da
natureza ede
disciplinar os liomeps à lógi.cada
produtividade eda
acumulação.(...)” (Oliveira: 1998, p.ÍZ2-23).Desta
maneira,cuidou-se, então, de construir
meios
confiáveis para observar, para promoxfer experimentos,bem
como
para elaborar hipóteses e principios.Q
desenvolvirnento destes instrumentos foi concomitante ao das técnicas; postulava~se_ afinal¬uma
ciência de intervenção que fosse atuantena
prática e que estivesse. aum
só tenipojsintoiiizada.com
a expansão capitalista egcom
oaumento
da capacidade produtiva.. Ordenar as coisas, sistemat.izá~las,identificar unidade e diversidade, mensurar. de-compor o todo
em
partes. analisar-
eis resumidamente a empreitada que se queria consolidar (...).[sublinhado nosso] (Oliveira:l99õ, 13.22-23).
O
metodo
que
valoiizava a capacidadede
pensamento
racional entroucomo
luva para0 desenvolvimento
do
modo
de produção
capitalistaporque 0
potencializavacomo
recurso imprescindível para
dominar
a natureza e disciplinar oshomens
à. lógica.da
produti\.idade e
da acumulação.
Deve-se
perceberque
em
seumovimento
históricoo
desenvolvimentodo método
durante
todo
um
periodo, as ciênciasda
naturezaforam
o
comeco
de
um
combate
ideológico.Enfatiza
Lowy
(1973: p.16)que
“(...)do
século Bfif'ao XL\{
as classesdominantes
clérico- feudais resistiram as ciênciasda
naturezaque
constituíamum
desafio
a seu sistema ideológico(..._)”,
mas
a. partirdo
XIX
esteveem
sintoniacom
a consolidaçãodo
projeto burguês, epor
conseguintecom
o
modo
de produção
capitalista (Lowy:l996i).“É
somente
graças à. liquidaçãodo
modo
de produção
feudalieo desaparecimento
(ou
'rnodcrnização")de
sua ideologia,que
a ciência natural se tornou,progesshfamente,
um
terreno 'neutro`
do
ponto de
vista ideológico”,de
maneira.que
“a luta. contra os precon.ceitosmuda
radicalmentede
função:de
uma
luta utopica, critica, negativa., revoluci‹mári.a, passa aser
uma
luta conservadora”(Lowy:1978,
p.16; 1996, p.39).Assim,
não
se tratade
afirmarque o
racionalismo e seumétodo
seja errado,mas
que
a partirde determinado
momento
histórico ele passa a. servircomo
instrumentode
legitimação
da
sociedade existente via positivismo e via ideologiaburguesa
(quepreconizam
uma
certa racionalidadena
ordem
estabelecida)(Lowy:
1996).Antes
disso “(...)pode-se
dizerque
foiuma
conquistada
frlosofia das luzes,do
racionalismo edo
pensamento
liberalmoderno,
romper
com
a.concepção
do
dogma
ou do
argumento da
autoridade, e criar apossibilidade da discussão cientifica. c
da
discussão racional”(Lowy:
1996, p.6='i).Acrescentamos,
portanto,que além
entender aformação da
perspectivametodológica
daEconomia
Política,conforme Weber,
atrelada. aum
entendimento
da
realidade
por
um
conjuntode
leis cientifico-natural e desconsiderando qualquer tipode
Valores
do
pesquisador, preciso entende-lado
ponto de
vista. histórico: jánasceu
vinculada. 51concepção de
mundo
do
sec.XVIII
de
caráter racionalista-conservador emanteve-se
submetida
as influênciasda
evoluçãona
in\‹'estiga.çäo biológica edo
panlogismo
hegel.ian.o;de
outro
modo,
ao
tempo
em
que
a constituiçãodo
modo
de produção
capitalista. foitransformando
a. relação entre ciência e sociedade eque
aprodução
do
saberpassou
a ser,fonte de poder, instrumento
da reprodução do
capital: este foio
momento
em
que nasceu
aEconiorria Politica
enquanto
ciência, ria.metodo
racionalista e ideologia burguesa., jávinculada aos propósitos
do
modo
de
-produção capitalistaenquanto
instrumentalcomprometido
com
aexpansão
ca.pitalista ecom
o
aumento
da
capacidade produtiva.2.2. l
PROCEDIIWENTO
DO
PESQUISADOB
Na
medida
em
que
aprodução
do
saber se transformavaem
fontede poder
do
21
necessidades deste
modo
de produção:
tratava~sede
ordenar e sistematizar as coisas, identificarunidade
e diversidade, mensurar,decompor
0 todo
em
partes, analisa.r.7Um
mito
se constróiem
tomo
do
suieitodo
conhecimento
com
o concurso
do
método
racional: são figuraspoderosas
edominadoras,
capazesde tudo
entender esubmeter
às suas explicações.
Outro
aspecto destemito
refere-se à ideiade que o procedimento
do
pesquisador
em
relação a.seu
objetopesquisado
deve
ser inteiramente positivo: neutro,assexuado, isento
de
valores, livrede
quaisquer ideologias.Neste
sentido,Lowy
(1978)
ressalta a idéia centralda
corrente positivista.: nasciências sociais,
como
nas ciênciasda
natureza, necessário afastar os preconceitos e aspressuposições, separar os
julgamentos de
fatodos julgamentos
de valor, a ciênciada
ideologia..
A
fnalidadedo
sociólogoou
.l1isto.iiaclo1'deve
ser ade
atingir amesma
neutralidade serena, imparcial e objetivado
físico,do
químico
edo
biólogo. Esta conclusão positivista. étão im.porlia.n.'te
quanto
aque
preconizaque
as leisque
regem
oshomens
sãode
origem
natural.Tal
postura cientificaque
“(...)não
admira
nem
amaldiçoa. os fatos politicos (_...)”(Lowy:l996,
p.40),que
se apresentacomo
livrede
juízosde
valor, neutra, ac-abatendo
uma
função
politica e ideológica:(...) Significa. que a concepção positivista é aquela que afirma a necess'ida'de
e a poss.ibil.i.dade de
uma
ciência social completamente desligada de qualquervinculo
com
as classes sociais,com
as posições políticas, os valores morais, as ideologias, as utopias, as visões demundo.
Todo
esse conjunto de elementos ideológicos,em
seu sentido amplo, deve ser eliminado da ciência social.O
positivismo geralmente designa esse conjunto de valoresou
de opções ideológicascomo
prejuizos, preconceitosou
prenoções.A
idéiafundamental
do método
positivista e de que a ciência sópode
ser objetiva e verdadeirana medida
em
que eliminar totalmente qualquer interferência desses preconceitosou
prenocões. (Louzy: 1996, 13.36).Neste' sentido a
recomendação
dada ao
pesquisadorna
ciência positiva eque deve
fazer calar seus preconceitos e a suas paixões.
Se
simpatizarcom
o
individualismo, com.o
socialismo,
com
o
liberalismo,com
os trabalhadores, _corn os empresários, enfim,qualquer
37
Oliveira observa que “não deixa. de ser curioso notar,
com
lvlaria Sylvia de Canfallio Franco, que a essemovimento de dess-acralização
do
conhecimento correspondeu a sacraliqéação do traballio. Foram veementecontestados o exercicio contemplativo, o ócio, as festas, as formas de ocupação do tempo economicamente
improdutivas, ao
mesmo
tempoem
que se cultuava a disciplina do corpo e do pensamento, a n1ecani:¿a.çã.o docorpo pela técnica e o adestramento da mente pelo método.
A
construção destemodo
de pensar foi concomitanteà. ascensão burguesa e constituiç-ão das bases jurídicas
em
que se assentou sua einergënciacomo
força politicapreponderante { \fan`adas formas de enfrentamento não impediram que o Dezenove assistisse à consolidação
do projeto burguês. Politica e ciência recebem entim o reconheciinento generalizado
como
instrumentos capazes de promover o dominio da natureza ede
disciplinar oshomens
á. logica da produtividade e da acumulação.Estava, pois, definitivamente interiorizado nos
homens
o relógio moral desta outra dinâmica.,como
diriaEdward
Palmer
Thompson”
(Oliveira: 1996, p.22 e 23).que
seja. sua simpatia,ou
a sua paixão,ou
preconceito,deve
faze-lo calar e graças a esse silênciopoderá
iniciaro
discurso objetivoda
ciência (L-oWy:l978). -Este
modelo
de
objetividade científica inspirado nas ciências naturais “(...)que
supõe
a possibilidadede
neutralização ideológica.,que
supõe o
esforço individualde
objetividade,
de
autoneutralização ideológicado
cientista social (...)”, reaparece dasmaneiras
mais
variadas e imprevistasnos
pensadores positivistasmais
inteligentes e sofisticados,não
só
no
século XL'-XÍ,mas
também
no
seculo Entretanto,ha
uma
diferença: a pretensãode
neutralidade destes últimos,
em
certa medida, éuma
“mentira”,uma
ocultação deliberada.(Lowy:
1996:p.44).Diferentemente, sobre a teoria positivista clássica,
Lowjg (1996)
vai colocarque
existe
um
certo el.emen.tode
mistificação,de
ilusão:lsto quer dizer que,
em
certa medida, Durkheiinou
Comte
ou
os outrosposi.ti.vistas eram sinceros ao pretender que sua ciência fosse neutra. Pode-se
muito
bem
supor que eles efetivainente acreditassem que seumetodo
fosse eficaz e sua obra cientifica fosse realmente neutra e livre de juízos de valor,porque existe
um
importante elemento de auto-ilusãono
procedimento dospositivistas (p.44_}.
Para
Lowy
(1996)
a contribuiçãodos
positivistasavança muito
pouco
no
caminho
da formulação de
uma
metodologia. rca]do
conhecimento
objetivoapenas nos
permitindoeliminar
o
que
épura
mistificaçãoquando
ela. se apresentacomo
ciência-
quando afirmam
que
não
é possivel chegarao conhecimento
ciemííficoda
realidadesem
a intenção racionaldo
conhecimentos
2.3
RESULTADO DOS PONTOS DE
VISTA
DO
NATURALISÍVÍO
SOBRE
AS
DISCIPLINAS
E(IONÔl\'f[l1ÇÍASVimos
que
paraWeber
(1998),não
foisomente
devido àconcepção
racionalistaque
a.Economia
Política deixou dereconhecer
toda a amplitudeda
relaçäo entre o conceito-eEntretanto Lovvy (1996:p.45) menciona. que nas colocações dos positivistas “(...`) existe
um
nucleo de verdade(.L.) que é 0 seguinte: deve existir
um
esforço do cientista social,uma
intenção de chegar ao conhecimento,objetivo e verdadeiro. Obviamente, nunca haverá