Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar Bairro: Cabral CEP: 80540400 Fone: (41) 32101691 www.jfpr.jus.br Email: prctb14@jfpr.jus.br PEDIDO DE PRISÃO TEMPORÁRIA Nº 500576046.2017.4.04.7000/PR REQUERENTE: POLÍCIA FEDERAL/PR ACUSADO: MARCIA CRISTINA CATAPAN ACUSADO: CAMILA MENDONCA SOVINSKI ACUSADO: MELINA DE FATIMA CATAPAN ACUSADO: KELI MENDONCA SOVINSKI ACUSADO: ANGELA MARIA DE SOUZA ZAMPIERON ACUSADO: ANEILDA JOSEFA DE JESUS ACUSADO: ADHEMAR ABREU MENDONCA ACUSADO: GISELE APARECIDA ROLAND ACUSADO: ROSE MARI VACCARI ACUSADO: KARINA MENDONCA SOVINSKI ACUSADO: MARIA AUREA ROLAND ACUSADO: FABIO PAULO CONRADO ACUSADO: JORGE LUIZ BINA FERREIRA ACUSADO: JOSE RAPHAEL MARTINS MENDONCA NETO INTERESSADO: REAGEN PRODUTOS PARA LABORATORIOS LTDA ME
DESPACHO/DECISÃO
1. Preliminarmente, registro que os pedidos constantes das representações policiais dos eventos 1 e 8, de prorrogação de prisão temporária e conversão de prisão temporária em prisão preventiva, ambos em face de CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA e TANIA MARCIA CATAPAN, já foram analisados nos autos 5001346 05.2017.4.04.7000 (em 17/02/2017) e nº 500634938.2017.4.04.7000 (em 24/02/17), respectivamente. Destaquemse as informações prestadas pela Autoridade Policial no evento 24.
2. Tratase de representação formulada pelo Delegado de Polícia Federal que preside o inquérito policial nº 1655/2016 DELECOR/DRCOR/SR/DPF/PR (eproc nº 506045496.2016.4.04.7000) pela qual requereu (eventos 1 e 8):
a) a prisão temporária, por 5 dias; a realização de busca e apreensão; o sequestro de bens móveis/imóveis; e o bloqueio cautelar de valores mantidos em instituições bancárias; tudo em face de:
REPRESENTADO CPF/CNPJ ENDEREÇO 1. MARCIA CRISTINA CATAPAN,
conhecida como "Kiti"
020.442.73985 Rua Francisco Ferreira Machado, 418, Bairro Santos Dumont, São José dos Pinhais/PR. 2. GISELE APARECIDA ROLAND 610.751.16953 Rua Agostinho Zaninelli, 312, Boa Vista, Curitiba/PR; e Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 14ª Vara Federal de Curitiba
Rua do Pavão, 28, casa 07, Bairro Roça Grande, Colombo/PR.
3. MARIA AUREA ROLAND 471.009.66949 Rua Agostinho Zaninelli, 312, Boa Vista, Curitiba/PR.
4. JORGE LUIZ BINA FERREIRA 738.958.81953 Rua do Pavão, 28, casa 07, Bairro Roça Grande, Colombo/PR.
5. ANEILDA JOSEFA DE JESUS 014.430.32808 Rua Rio Amazonas, 3519, casa 5, Estados, Fazenda Rio Grande/PR
b) a busca e apreensão na sede da empresa REAGEN PRODUTOS PARA LABORATÓRIO LTDAME (CNPJ nº 82.075.748.000118; Rua Belém, 247, Jardim Carvalho, Colombo/PR, CEP 83402090).
Em complementação à representação inicial, a partir de informações bancárias obtidas por meio da quebra de sigilo deferida por este Juízo nos autos nº 5001351 27.2017.4.04.7000, a Autoridade Policial, além de ratificar os pedidos anteriores, requereu também (evento 8): a) a realização de Busca e Apreensão e a Prisão Temporária por 5 dias em face de: REPRESENTADO CPF/CNPJ ENDEREÇO 1. MELINA DE FÁTIMA CATAPAN 061.609.51980 Rua Francisco Beltrão, 1057, São José dos Pinhais/PR
b) a realização de Busca e Apreensão na sede da empresa REAGEN PRODUTOS PARA LABORATÓRIO LTDAME (82.075.748/000118), situada no endereço Rua Willian Booth, 2482, Boqueirão, Curitiba/PR (endereço cadastrado no sistema de produtos químicos da PF); c) o Bloqueio Cautelar de Valores e o Sequestro de Bens Imóveis e Móveis de: REPRESENTADO CPF/CNPJ 1. MELINA DE FÁTIMA CATAPAN 061.609.51980 2. CAMILA MENDONÇA SOVINSKI 082.133.63981 3. KARINA MENDONÇA SOVINSKI 075.691.62919 4. KELI MENDONÇA SOVINSKI 065.171.21900 5. REAGEN PRODUTOS PARA LABORATÓRIO LTDAME 82.075.748/000118
d) a realização de Condução Coercitiva para prestar esclarecimentos à autoridade policial em face de: REPRESENTADO CPF/CNPJ 1. ROSE MARI VACCARI 280.734.36000 2. JOSE RAPHAEL MARTINS MENDONÇA NETO 006.580.76183 3. ADHEMAR ABREU MENDONÇA 250.181.67149 4. FABIO PAULO CONRADO 009.996.86909 5. ANGELA MARIA DE SOUZA ZAMPIERON 996.578.99915
O Ministério Público Federal opinou favoravelmente a todos os pedidos, à exceção da prisão temporária de ANEILDA JOSEFA DE JESUS. Em relação a essa e também quanto a CAMILA MENDONÇA SOVINSKI e KELI MENDONÇA SOVINSKI, pugnou pela condução coercitiva. Pugnou ainda pela constrição de bens também de CAMILA MENDONÇA SOVINSKI e KELI MENDONÇA SOVINSKI. Relativamente à empresa REAGEN PRODUTOS PARA LABORATÓRIOS LTDA. ME, requereu a instauração de novo inquérito policial para apurar suposto esquema de superfaturamento de produtos (evento 21).
Essa é a síntese do que interessa. DECIDO.
2. DO INQUÉRITO POLICIAL nº 1655/2016
DELECOR/DRCOR/SR/DPF/PR (eproc nº 506045496.2016.4.04.7000)
O inquérito policial nº 1655/2016 DELECOR/DRCOR/SR/DPF/PR (eproc nº 506045496.2016.4.04.7000) foi instaurado para apurar a ocorrência dos crimes de associação criminosa (artigo 288 do Código Penal) e de peculato (artigo 312 do Código Penal), dentre outros, em decorrência de indícios de realização de fraudes em pagamentos (desvio de recursos públicos federais) realizados no período de 2013 até, ao menos, 2016 a título de Auxílio a Pesquisadores, Bolsa de Estudo no País e Bolsa de Estudo no Exterior a diversas pessoas desprovidas de regular vínculo de professor, servidor ou aluno com a Universidade Federal do Paraná UFPR (resultado do processo administrativo nº TC 032.978/20162 da Secretaria de Controle Externo no Estado do Paraná do Tribunal de Contas da União).
Segundo apurado pela 2ª Diretoria da Secretaria de Controle Externo/PR do Tribunal de Contas da União Processo de Auditoria TC 032.978/20162 (evento 1/not_crime12/inquérito policial):
"2. (...) foi autuado com o objetivo de avaliar os ajustes firmados pelas IFES com suas fundações de apoio, ou outras entidades, que envolvam a concessão de bolsas para servidores, alunos e docentes dessas IFES, bem como os controles existentes na concessão e no pagamento destas bolsas.
3. Os possíveis achados que se vislumbrava no início da auditoria diziam respeito ao acumulo indevido de bolsas pelos servidores, professores ou alunos, ao recebimento de bolsas em valores que extrapolam os limites constitucionais e legais e a ausência de controles internos relacionados à concessão e ao pagamento de bolsas.
4. Todavia, quando da análise dos pagamentos realizados internamente pela própria UFPR, por meio de ordens bancárias, foram identificadas irregularidades ainda mais graves, caracterizadas pela realização de pagamentos com fortes indícios de ocorrência de fraudes e possível desvio de recursos pela UFPR.
5. Verificouse que estão sendo realizados pagamentos sistemáticos, mensalmente, a título de Auxílio a Pesquisadores, Bolsa de Estudo no País e Bolsa de Estudo no Exterior, a pessoas que não possuem qualquer vínculo com a UFPR, seja como professores, servidores ou alunos. Foi constado que a maioria sequer possui curso superior, tendo sido verificado ainda que a maioria possui profissões como cabelereiro, motorista de caminhão e outras atividades que não exigem qualificação superior. 6. Os valores recebidos apenas pelos 16 principais beneficiários, no período em análise (2015 e 2016), alcançam o montante de R$ 3.845.450,00, sendo que nenhum deles possui qualquer vínculo com a UFPR. (...) 7. Entretanto, já se apurou que a irregularidade vem ocorrendo desde o ano de 2013, sendo que os mesmos 16 beneficiários acima relacionados receberam a partir de 2013 valor total superior a R$ 8 milhões.
8. Apuração mais detalhada que vise a identificar todos os beneficiários que receberam os supostos pagamentos indevidos por parte da UFPR pode evidenciar um desfalque ainda maior de recursos públicos.
9. Identificouse que os pagamentos são realizados de forma sistemática, todos os meses, porém com certa variação nos valores e também com alternâncias em relação aos motivos que ensejam os referidos pagamentos.
(...)
11. Importante destacar que nenhuma dessas 16 pessoas possui qualquer vínculo com a UFPR, seja como servidor, professor ou aluno. Além disso, sequer possuem currículo cadastrado na Plataforma Lattes do CNPq, disponível no sítio http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do?metodo=apresentar, condição indispensável para a participação no Programa de bolsas de iniciação tecnológica e Inovação, bem como para admissão no Programa de bolsas de estudos de pósgraduação stricto senso, conforme disposto nas Resoluções 27/08CEPE (peça 2, p. 2) e 65/09CEPE (peça 3, p. 10 e 11) da própria UFPR.
12. No que concerne às bolsas de Auxílio a Pesquisadores, embora não haja norma específica na UFPR quanto a esse auxílio financeiro, a Ifes se utiliza da Portaria 156 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) de 28 de novembro de 2014, conforme informado no documento acostado à peça 4, p. 6, não resta dúvida quanto à
necessidade prévia de inclusão do currículo dos pesquisadores na Plataforma Lattes.
13. Ante a inexistência de informações sobre o currículo dos beneficiários na Plataforma Lattes, foi solicitado à UFPR, mediante ofício de requisição (peça 5), o currículo desses 16 beneficiários, porém até o presente momento não foram apresentadas quaisquer informações por parte da UFPR, que poderia obtêlos por simples acesso aos sistemas informatizados da Ifes.
14. Adicionalmente não foi encontrado na Base de Projetos de Pesquisa da UFPR, na Plataforma Lattes CNPq, sítio http://200.17.247.197/fmi/iwp/cgi?db=ThalesLattes& loadframes, registro de nenhum projeto de pesquisa, concluído ou em andamento, que tenha como membro da equipe qualquer dos 16 beneficiários supracitados.
15. Além disso, nos termos da Lei 10.973/20104, art. 2º, VIII, considerase “pesquisador público: ocupante de cargo público efetivo, civil ou militar, ou detentor de função ou emprego público que realize, como atribuição funcional, atividade de pesquisa, desenvolvimento e inovação”.
16. Já nos termos do Decreto 5.563/2005, art. 2º, VIII, foi definido como “pesquisador público: ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou emprego público que realize pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico”.
17. Ou seja, pesquisadores são ou foram (aposentados) docentes das Ifes que possuem formação acadêmica no mínimo em nível de doutorado. Em raras exceções, poderseia imaginar um discente em curso de pósdourado envolvido com algum projeto de pesquisa da Ifes ser contemplado com tal benefício, mas obviamente os registros seriam detectados tanto na plataforma Lattes do CNPq como no Sistema Thales Lattes da UFPR, o que não se verifica para nenhum dos integrantes da listagem em apreço.
18. Considerando que a UFPR utiliza a legislação da Capes para reger o auxílio financeiro a pesquisadores, que não forneceu os processos administrativos que contêm os atos de concessão dos benefícios, e que o sistema que mantém a base dos projetos de pesquisa da UPFR não aponta o envolvimento dos beneficiários dos pagamentos em nenhuma pesquisa, buscou se um paradigma da Capes para servir de base de comparação do perfil dos beneficiários que recebem o auxílio.
19. Detectouse na Seção 3 do diário Oficial da União, de 17/9/2015, páginas 33 e 34 (peças 7 e 8 ), um ato da Capes aprovando a concessão de auxílio financeiro a pesquisadores para 29 ( vinte e nove ) docentes de diversas universidades, todos com titulação mínima de doutorado, identificada na Plataforma Lattes.
20. Repisese que em consulta realizada no Portal da Transparência do Governo Federal, sítio http://www.portaldatransparencia.gov.br/, verificouse que nenhum dos referidos beneficiários possui vínculo com qualquer universidade federal de ensino, tampouco são servidores públicos na esfera federal. Outrossim, de forma ainda mais agravante, em consulta ao sistema DGI/Seginf, constatouse que os beneficiários, em sua maioria, não possuem curso superior e, como anteriormente citado, exercem profissões tais como cabeleireiro, motorista, cozinheiro, etc. e alguns deles ainda possuem cadastro em Programas Sociais do MDS , figurando como beneficiários de programas sociais.
21. Durante a execução da auditoria, em 4/11/2016, foram solicitados, em campo, alguns processos de pagamento e respectivos processos de concessão do benefício aos pesquisadores. Os processos de pagamento foram apresentados (peça 6), contudo os processos de concessão não foram apresentados.
22. No tocante aos processos de pagamentos, verificase uma notável diferença entre os processos de pagamento 204520/15 14 e 210347/15 85 (peça 6 , p. 1 17) e os demais processos de pagamento constantes da mesma peça (peça 6, p. 18 60).
23. No caso dos dois primeiros, cujo beneficiário é o Sr. Mauro Lacerda Santos Filho, Professor da UFPR, há diversas referências ao projeto que está sendo desenvolvido, com listagem dos beneficiários e seus respectivos cargos/funções que os vinculam à UFPR (peça 6, p. 3).
24. Já nos demais processos de pagamento, que impressiona pela singeleza e cujos beneficiários não possuem qualquer vínculo com a UFPR, não há nenhuma menção ao projeto que estaria sendo desenvolvido e tampouco informações sobre o vínculo dos beneficiários com a Ifes (professor, aluno ou servidor). Os processos de pagamento se resumem a uma nota de empenho e a uma ordem bancária com a relação de beneficiários.
25. A gravidade da situação, que inclusive pode tipificar crimes, em primeira análise, enseja uma atuação coordenada no âmbito da rede de controle, com acionamento de órgãos que dispõe de instrumentos de investigação judicial típicos do direito penal, a exemplo da quebra do sigilo fiscal, bancário e interceptação telefônica, uma vez que as evidências apontam fortes indícios de que os fatos perpetrados envolvem elevada materialidade, considerável número de beneficiários de pagamentos de bolsas e auxílios financeiros a pesquisadores que não possuem formação acadêmica compatíveis com os pagamentos, atuando em conluio com gestores da UFPR para desviar recursos públicos. (destacado agora)
Nessas condições, foram identificados até o momento da deflagração da primeira fase ostensiva da operação 27 (vinte e sete) beneficiários formais que, ao todo, em valores históricos, receberam mensalmente durante o período entre 2013 e outubro de 2016 (data final da apuração levada a cabo pelo Tribunal de Contas da União) o montante consolidado de R$ 7.351.133,10 (sete milhões, trezentos e cinquenta e um mil, cento e trinta e três reais e dez centavos).
Em todos os casos ficaram suficientemente demonstradas a inexistência de vínculo com a UFPR das pessoas beneficiadas por bolsas do PROAP/UFPR, a periodicidade na realização dos pagamentos ao longo de anos e a responsabilidade direta da unidade de orçamento e finanças da PRPPG pela elaboração da lista dos respectivos pagamentos.
Foram detectadas irregularidades em relação à totalidade de pagamentos realizados pela UFPR a título de Bolsa de Pesquisa e PósGraduação PRPPG/UFPR em favor de: BENEFICIÁRIO VALOR RECEBIDO 1. MARIA ALBA DE AMORIN SUAREZ R$ 739.489,00 2. PEDRO AMORIM SUAREZ CAMPOS R$ 638.376,10 3. CHERRI FRANCINE CONCER R$ 624.400,00 4. ANDREA CRISTINE BEZERRA R$ 588.850,00 5. DANIEL BORGES MAIA R$ 583.150,00 6. DAYANE SILVA DOS SANTOS R$ 522.450,00 7. EDER RIBEIRO TIDRE R$ 515.350,00 8. MARCOS AURÉLIO FISCHER R$ 447.050,00 9. PAULO ALLAN ROLAND BOGADO R$ 318.550,00 10. MARIA EDUARDA AMORIM SUAREZ CAMPOS R$ 283.850,00 11. ANDREIA DE OLIVEIRA SCHLOGL R$ 280.600,00 12. CARLOS ALBERTO GALLI BOGADO R$ 271.525,00 13. ALCENI MARIA DOS PASSOS DE OLIVEIRA R$ 228.400,00 14. MICHELA DO ROCIO SATOS NOTTI R$ 201.000,00 15. ELAINE SOUZA LIMA FARIAS R$ 191.150,00 16. PATRÍCIA VARGAS DA SILVA DO NASCIMENTO R$ 158.850,00 17 DIRLENE CHAGAS LIMA ESMANHOTTO R$ 117.500,00 18. JOICE MARIA CAVICHON R$ 101.195,00 19 NORBERTO FERREIRA DOS SANTOS R$ 80.000,00 20. IVANI DE OLIVEIRA CLEVE COSTA R$ 78.923,00 21. MARCIO RONALDO ROLAND 54.000,00); R$ 81.000,00; 22. MYDHIA SILVA DOS SANTOS R$ 49.000,00 23. CHARLENE DE MELLO R$ 49.000,00 24. ELIANE CAMARGO (ou ELIANE TABORDA DOS SANTOS) R$ 78.375,00 25. ALVADIR BATISTA DA SILVA R$ 46.700,00 26. LUZINETTE DAMASCENO SAMPAIO R$ 29.000,00 27 ARTHUR CONSTANTINO DA SILVA FILHO R$ 17.400,00 TOTAL R$ 7.351.133,10
Enquanto funcionários da UFPR, atuaram nos pagamentos dos benefícios irregulares, segundo consignado na primeira representação policial do evento 1 dos autos nº 500134605.2017.4.04.7000:
(1) a Chefe da Seção de Controle e Execução Orçamentária da PRPPG/UFPR, CONCEIÇÃO ABADIA ABREU MENDONÇA (CONCEIÇÃO MENDONÇA), assinou sempre duas vezes, especificando os valores a serem pagos pelas notas de empenho, assim com o elaborou e assinou as planilhas de pagamentos. Sua assinatura consta de 234 processos de pagamento no valor total de R$ 7.343.333,10;
(2) o PróReitor de Pesquisa e PósGraduação da PRPPG/UFPR, EDILSON SÉRGIO SILVEIRA, assinou 19 processos de pagamento no valor total de R$
397.200,00;
(3) também constou o nome do PróReitor de Pesquisa e PósGraduação da PRPPG/UFPR, EDILSON SÉRGIO SILVEIRA, em outros 215 processos, mas quem os assinou em seu lugar apondo um carimbo logo abaixo foi GRACIELA INES BOLZON DE MUNIZ como PróReitor de Pesquisa e PósGraduação Em Execução. O valor total dos pagamentos nesses 215 processos é de R$ 6.946.133,10;
(3) o PróReitor de Planejamento, Orçamento e Finanças Substituto – PROPLAN, JULIO CÉZAR MARTINS, assinou a autorização de pagamento em 222 processos, totalizando R$ 7.031.533,10.
(4) nos sistemas informatizados, também consta o nome da PróReitora de Planejamento, Orçamento e Finanças – PROPLAN, LUCIA REGINA ASSUMPÇÃO MONTANHINI como ordenadora dos Pagamentos. Ela assinou a autorização de pagamento em 9 processos, totalizando 298.600,00.
(5) no âmbito do Departamento de Contabilidade e Finanças da PROPLAN, responsável pela verificação dos atos de empenho e de liquidação, também se observa a assinatura dos seguintes servidores Públicos: GUIOMAR JACOBS, Diretora da Divisão de Administração Financeira – assinou 102 processos, totalizando R$ 3.008.599,10; ANDRE SANTOS DE OLIVEIRA, ocupante do cargo de Técnico em Contabilidade da UFPR, exercendo função de Direção na Diretoria da Divisão de Administração Financeira da UFPR – assinou 96 processos, totalizando R$ 2.988.184,00; JULIO CEZAR MARTINS, já referido – assinou 16 processos, totalizando R$ 616.200,00; JOSIANE DE PAULA RIBEIRO, ocupante do cargo de Assistente em Administração da UFPR, exercendo a função de Chefe de Seção de Análise Financeira no Departamento de Contabilidade e Finanças/PROPLAN – assinou 13 processos, totalizando R$ 483.400,00; DENISE MARIA MANSANI WOLFF, ocupante do cargo de contadora da UFPR, exercendo a função de Diretora da Divisão de Contabilidade – assinou 6 processos, totalizando R$ 242.200,00.
A relação entre os beneficiários dos pagamentos irregulares com as servidoras públicas CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA e TÂNIA MARCIA CATAPAN noticiada por gestores da UFPR foi confirmada pelo resultado de diligências realizadas pela equipe de investigação policial. Nesse sentido é a informação policial nº 071/2016 Núcleo de Análise/DELINF/SR/DPF/PR.
Até aquele momento sabiase que, ao longo de ao menos três anos, as duas servidoras da UFPR atuaram direta e materialmente para autorizar pagamentos mensais a um grupo de, no mínimo, 27 pessoas que jamais tiveram qualquer vínculo com a Universidade. Os desembolsos contaram, durante todo esse tempo, com a chancela expressa de outras oito pessoas que detinham posição de relevância na estrutura da instituição de ensino. Elas lançavam suas assinaturas nos singelos processos administrativos que lhes deveriam ser submetidos a análise e que sequer vinham instruídos com documentos que minimamente comprovassem a titulação dos beneficiários e os projetos de pesquisa em que estavam engajados, em absoluto desacordo com o padrão adotado em outros casos em que os pagamentos eram regularmente autorizados. Por sua vez, quem era responsável pelos controles internos da UFPR em momento algum exerceu sua obrigação de efetivamente auditar os procedimentos ora reputados irregulares com vistas a identificar a fraude e a recomendar a suspensão dos repasses.
2.1. Dos Elementos de Prova angariados a partir do cumprimento das Medidas Cautelares autorizadas judicialmente nos autos de Pedido de Prisão Temporária nº 500134605.2017.4.04.7000/PR
Em 15/02/17 foram cumpridos dezenas de mandados de busca e apreensão, 29 mandados de prisão temporária (27 beneficiários diretos dos repasses, CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA e TÂNIA MARCIA CATAPAN) e 8 mandados de condução coercitiva, todos expedidos nos autos de Pedido de Prisão Temporária nº 5001346 05.2017.4.04.7000/PR.
Concluídos os interrogatórios dos investigados e analisada parte dos documentos apreendidos, entregues voluntariamente pelos indiciados e por seus advogados ou obtidos por meio de autorização judicial, ao cenário até então existente revelou a presença de 3 núcleos de atuação para cooptação de terceiros como destinatários diretos/formais dos recursos públicos desviados, cada um deles coordenado
por CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA, TÂNIA MÁRCIA CATAPAN e GISELA APARECIDA ROLAND, as quais seriam as destinatárias finais dos recursos públicos desviados, juntamente com seus familiares.
CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA, na condição de Chefe da Seção de Orçamento e Finanças da PróReitoria de Pós Graduação e Pesquisa (PRPPG) da UFPR, e TÂNIA MÁRCIA CATAPAN, enquanto Secretária da PRPPG, operacionalizavam dolosamente as fraudes no âmbito interno da Universidade, na crença de que jamais seriam descobertas, tendo em vista o tempo de trabalho que possuíam, a confiança de que gozavam de seus superiores e a notória ausência de controle e transparência do setor em que trabalhavam, por omissão histórica da Instituição de Ensino. Para atingirem suas finalidades espúrias, atuavam em conluio direto com MÁRCIA CRISTINA CATAPAN, MELINA DE FÁTIMA CATAPAN (nada menos do que filhas de TÂNIA), com GISELE APARECIDA ROLAND (pedagoga, filha de MARIA AUREA ROLAND), JORGE LUIZ BINA FERREIRA (dono da empresa REAGEN PRODUTOS PARA LABORATÓRIOS LTDA. ME, contratada pela UFPR, companheiro de GISELE ROLAND e genro de MARIA AUREA ROLAND) e com MARIA ÁUREA ROLAND (mãe de GISELE, exfuncionária da UFPR e amiga de CONCEIÇÃO). Em vários casos, havia ainda o auxílio direto de ANEILDA JOSEFA DE JESUS, que agia como uma espécie de agenciadora de pessoas dispostas a cederem suas contas bancárias para viabilizar o desvio de recursos.
Em todos os casos, os beneficiários formais das bolsas afirmaram desconhecer a proveniência ilícita dos valores recebidos. Essa alegação está sendo considerada, desde logo, com a devida cautela e as reservas necessárias. Deverá ser esclarecida em toda a sua extensão no curso do inquérito policial.
CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA reconheceu sua autoria no cometimento das fraudes da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ/UFPR e afirmou que agiu em conluio com TANIA MÁRCIA CATAPAN e MARIA ÁUREA ROLAND, exservidora da UFPR. Negou o envolvimento de seus superiores hierárquicos na fraude, os quais confiavam em sua pessoa, bem como não tinham conhecimento dos ilícitos os demais servidores públicos que assinaram os processos de pagamento irregulares. Entretanto, afirmou que tinham condições de apurar a ocorrência das fraudes.
TANIA MARCIA CATAPAN negou participação nos fatos, embora tenha reconhecido o vínculo com vários dos investigados.
O conteúdo dos interrogatórios das pessoas em favor das quais houve depósitos de recursos desviados, mais os documentos bancários já analisados (ainda não disponibilizados na integralidade pelos bancos), para além das pessoas de CONCEIÇÃO e TÂNIA, revelam a atuação relevante e estratégica na maior parte das operações fraudulentas de GISELE APARECIDA ROLAND. Também participaram da fraude de forma relevante MÁRCIA CRISTINA CATAPAN, MELINA DE FÁTIMA CATAPAN, JORGE LUIZ BINA FERREIRA, MARIA ÁUREA ROLAND e ANEILDA JOSEFA DE JESUS.
Além das declarações dos beneficiários formais dos recursos desviados no sentido de que "cederam" suas contas bancárias a pedido das principais investigadas e respectivos familiares, muitos mediante o recebimento de módica contraprestação pecuniária e outros por simples favor, foi possível aferir a proximidade existente entre MARIA AUREA
ROLAND, GISELE APARECIDA ROLAND, JORGE LUIZ BINA
FERREIRA, MÁRCIA CRISTINA CATAPAN, MELINA DE FÁTIMA CATAPAN com as já investigadas CONCEIÇÃO MENDONÇA e TANIA CATAPAN, o que corrobora a participação no esquema fraudulento de desvio de recursos públicos da UFPR.
TANIA MARCIA CATAPAN é mãe de MÁRCIA CRISTINA CATAPAN (conhecida como 'KITI') e de MELINA DE FÁTIMA CATAPAN. Segundo declarações que instruem a investigação, todas as três teriam atuado diretamente na cooptação de terceiros para figurar como beneficiários formais dos recursos e elas seriam as reais beneficiárias finais das verbas desviadas.
MARIA ÁUREA ROLAND é funcionária aposentada da UFPR e amiga de CONCEIÇÃO MENDONÇA e de TANIA CATAPAN. É mãe de GISELE APARECIDA ROLAND e sogra de JORGE LUIZ BINA FERREIRA (companheiro de GISELE ROLAND e sócio administrador da empresa REAGEN PRODUTOS QUÍMICOS LTDA. ME, empresa fornecedora da UFPR e já envolvida em fraudes objeto de apuração no Inquérito Policial nº 0991/20094SR/DPF/PR, apuração essa que teve como objeto a apuração da conduta de CONCEIÇÃO MENDONÇA quanto a pagamentos irregulares em favor da empresa!).
As declarações prestadas pelos beneficiários formais das Bolsas de Estudo pagas ilicitamente pela UFPR revelaram quatro grandes destinos dos recursos públicos desviados:
a) Contas bancárias titularizadas por terceiros integrantes do círculo de amizade/convivência das principais investigadas:
Constatouse a frequente e contínua utilização de contas bancárias dos beneficiários formais para o desvio de recursos públicos, na maioria das vezes de forma remunerada (de no máximo R$ 1.000,00 mensais) e também mediante uso de algum argumento aparentemente factível para o convencimento dos titulares das contas para que cedessem gratuitamente seu uso. Posteriormente aos recebimentos, os recursos eram repassados às coordenadoras das fraudes mediante saques em espécie ou transferências bancárias.
Nessas circunstâncias é que foi apurada a atuação de GISELE APARECIDA ROLAND, ANEILDA JOSEFA DE JESUS, CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA, TANIA MARCIA CATAPAN e MARCIA CRISTINA CATAPAN.
Grande parte dos destinatários formais dos recursos públicos desviados afirmou a participação de GISELE APARECIDA ROLAND, CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA e TANIA MARCIA CATAPAN nas fraudes, isoladamente, em conjunto ou por intermédio de terceiros/familiares. Destaquese que as pessoas abaixo indicadas não são as únicas beneficiárias formais da fraude coordenada pelas investigadas. A referência é exemplificativa e evidencia a convergência para os mesmos destinatários efetivos e o mesmo modus operandi.
Especificamente em relação a cada uma das investigadas, têmse os seguintes elementos de prova até agora revelados pela apuração policial:
a.1) GISELE APARECIDA ROLAND:
Foi ela que pessoalmente pediu 'emprestada' a conta bancária de DIRLENE ESMANHOTO para, alegadamente, receber valores da UFPR destinados a sua mãe (MARIA ÁUREA), aposentada daquela instituição. Aceitou, por serem amigas há 25 anos. Mensalmente restituía o montante integralmente via transferência eletrônica diretamente para as contas de MARIA ÁUREA e de GISELE. Extratos bancários apresentados por seu advogado comprovaram os fatos. Total desviado nessa operação: R$ 117.500,00.
Procedimento idêntico, inclusive servindose dos mesmos argumentos, teria ocorrido quanto ao dinheiro depositado na conta bancária de ALCENI MARIA DE OLIVEIRA. Ela mesma sacava os valores em espécie em casas lotéricas e agência da CEF, entregando diretamente a GISELE. Afirma conhecer, também, a pessoa de CONCEIÇÃO. Total desviado nessa operação: R$ 228.400,00.
Já ELIANE CAMARGO, também investigada por ter tido creditados valores em suas contas bancárias, informou trabalhar como maquiadora e depiladora há mais de 20 anos, estando estabelecida cerca de 100 metros distantes da sede da UFPR. GISELE era sua cliente assídua e em geral a presenteava com generosas gorjetas. As gorjetas muitas vezes fizeram com que tenha sido efetivamente pago pelo serviço o dobro do valor
cobrado. Em dado momento, GISELE disse que precisava de uma conta bancária para receber os depósitos de seu salário porque estava devendo no banco e, assim, evitaria que o dinheiro fosse apropriado pela instituição como pagamento pelo débito existente. ELIANE cedeu aos pedidos e informou seus dados. Os depósitos ocorreram em alguns meses, ocasiões em que sacava os valores e, ato contínuo, GISELE já depositava em uma terceira conta. Em dado momento, concluiu que poderia ter problemas com a Receita Federal e se recusou a continuar assim procedendo. Afirmou que já visitou a casa da mãe de GISELE na cidade de Colombo/PR. Também disse que CONCEIÇÃO MENDONÇA e TANIA CATAPAN são suas clientes no salão de beleza. Conhece também ALVADIR BATISTA DA SILVA, uma vez que foi prestar serviços a ANEILDA JOSEFA DE JESUS ("Ani"), cuidadora de ALVADIR na casa dele. ANEILDA foi indicada como cliente de seus serviços profissionais por GISELE, pois eram muito amigas. Total desviado nessa operação: R$ 78.375,00.
Quanto ao beneficiário ALVADIR BATISTA DA SILVA, restou claro que se trata de pessoa de idade avançada e acometida de diversos problemas de saúde. Sua cuidadora, ANEILDA JOSEFA DE JESUS, foi procurada por GISELE para que cedesse uma conta bancária pois, segundo alegado por GISELE, deveria receber pensão alimentícia mensalmente de exmarido que morava no exterior sem que seu atual companheiro tivesse conhecimento. Prometeu uma remuneração de R$ 500,00 para cada saque efetuado. Por isso, enquanto guardiã de ALVADIR, informou os dados bancários dele, uma vez que incumbia a ela administrar os recursos do idoso. Sacava os valores e entregava em mãos de GISELE. Total desviado nessa operação: R$ 46.700,00.
PAULO ROLAND BOGADO é sobrinho de GISELE. Ela pediu a ele a cessão de uso de sua conta bancária para receber valores pois, supostamente, se encontrava com restrições cadastrais. Ofereceu R$ 1.000,00 a cada depósito. Ele próprio sacava o dinheiro e o entregava, em espécie, já descontada a sua remuneração, para GISELE. Afirmou que conhece de vista CONCEIÇÃO, que trabalha na UFPR. Esclarece que sua tia GISELE também conhece CONCEIÇÃO. Total desviado nessa operação: R$ 318.850,00.
GISELE também pediu a seu então namorado CARLOS BOGADO sua conta corrente 'emprestada' sob o fundamento de que estava se separando e precisava manter valores a salvo do ex marido. Esclareceu que a irmã de GISELE, Márcia Regina Roland é servidora da UFPR e foi casada com seu irmão Paulo Bogado. A movimentação da conta era feita, na prática, diretamente por GISELE. Total desviado nessa operação: R$ 271.525,00.
MÁRCIO ROLAND é irmão de GISELE. Esclareceu que ela vive com JORGE LUIZ BINA FERREIRA, proprietário da REAGEN PRODUTOS DE LABORATÓRIO LTDA. ME, fornecedora do laboratório da UFPR. Disse conhecer CONCEIÇÃO MENDONÇA, pois é/foi muito amiga de GISELE, frequentando a casa de MARIA ÁUREA ROLAND.
Assevera que o casal JORGE/GISELE enriqueceu rapidamente. Já encontrou documentos de empenho da UFPR em favor da REAGEN na casa de sua mãe, desconfiando de que havia superfaturamento. Afirma que produtos eram vendidos e não entregues à UFPR. Viu CONCEIÇÃO entregando pacotes de dinheiro para GISELE na casa de sua mãe. Sabe que era de dinheiro pois abriu um deles.
Certa vez, GISELE pediu para utilizar a conta bancária de MÁRCIO porque, alegadamente, vendera imóveis. Ele aceitou e depois sacava os valores em espécie e entregava a sua irmã. Desconfiado, efetuou alguns levantamentos e descobriu que GISELE, JORGE e CONCEIÇÃO desviavam recursos da UFPR. Questionada, CONCEIÇÃO teria admitido a fraude e oferecido dinheiro em troca do seu silêncio. GISELE também reconheceu em particular as práticas criminosas. Segundo soube, sua irmã estaria ameaçando e exigindo mais dinheiro de CONCEIÇÃO, tendo contratado dois indivíduos para esse fim,
os quais diziam ser policiais. Afirmou não conhecer TANIA, mas disse que já ouvira menção a seu nome por parte de GISELE, segundo a qual TANIA também participava do esquema criminoso. Total desviado nessa operação: R$ 81.000,00.
Somados, os valores desviados somente por meio dos beneficiários formais acima referidos, todos diretamente vinculados às condutas de GISELE APARECIDA ROLAND, causaram prejuízo aos cofres públicos, em valores históricos, no montante de R$ 1.142.350,00.
a.2) ANEILDA JOSEFA DE JESUS:
LUZINETE SAMPAIO afirmou que abriu uma conta no Banco do Brasil atendendo a pedido expresso de ANEILDA JOSEFA DE JESUS, sua vizinha no condomínio onde mora. O argumento oferecido foi o de que "Ani" precisava receber um valor proveniente do exterior destinado a uma amiga e que não possuía conta bancária. Então, procedeu à abertura e entregou o cartão e a senha, mediante promessa de recebimento de R$ 200,00 mensalmente. Nunca recebeu valor algum, pois lhe foi dito que jamais teria havido depósitos. Total desviado nessa operação: R$ 29.000,00.
ALVADIR BATISTA DA SILVA declarou ser aposentado, desconhecer os valores movimentados em sua conta bancária, a qual é gerida por sua sua companheira ANEILDA JOSÉ DE JESUS. Total desviado na operação: R$ 46.700,00.
Perante a Autoridade Policial, ANEILDA JOSÉ DE JESUS declarou conhecer a pessoa de GISELE ROLAND, a qual lhe pediu sua conta bancária emprestada para receber pensão alimentícia para seu filho menor de seu exmarido, sendo que não poderia utilizar sua própria conta em razão de ciumes de seu atual companheiro. Declarou que, para tanto, e mediante promessa de contraprestação pecuniária de R$ 500,00 por saque (que nunca foi paga), disponibilizou a GISELE sucessivamente contas bancárias de titularidade de seu companheiro ALVADIR BATISTA DA SILVA e de sua vizinha LUZINETE SAMPAIO.
Dessa forma, os valores acima referidos são também vinculados às condutas de GISELE ROLAND (R$ 75.700,00).
a.3) CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA:
MARIA ALBA AMORIN SUARES, PEDRO AMORIM SUAREZ, MARIA EDUARDA SUAREZ CAMPOS e PATRICIA VARGAS DA SILVA DO NASCIMENTO, todos residentes no Mato Grosso do Sul e beneficiários formais de recursos desviados, afirmaram que, por pedido direto de CONCEIÇÃO e mediante recebimento de contraprestação pecuniária mensal que variava de R$ 500,00 a R$ 1.000,00, cederam contas bancárias de sua titularidade para CONCEIÇÃO sem saber que seria para o recebimento direto dos depósitos dos valores desviados da UFPR. Os recursos depositados eram posteriormente sacados e/ou transferidos para contas bancárias de CONCEIÇÃO ou de terceiros por ela indicados. Total desviado nessas operações: R$ 1.820.065,10 (R$ 739.489,00 + R$ 638.376,10 + R$ 283.350,00 + R$ 158.850,00).
ELIANE DE FARIAS, beneficiária formal de recursos públicos desviados, afirmou que abriu uma conta bancária a pedido de CONCEIÇÃO para supostamente receber valores de fornecedores, mediante contraprestação pecuniária de R$ 100,00. Aduziu que o cartão de movimentação da conta foi entregue em mãos de CONCEIÇÃO, jamais tendo ficado na posse daquele. Esclareceu ter ocorrido o saque no caixa de R$ 15.000,00 ao menos em dez ocasiões. Disse não conhecer TANIA CATAPAN. Total desviado por meio dessa conta: R$ 191.150,00.
Somente no que diz respeito aos beneficiários formais acima citados, os valores desviados relacionados direta e exclusivamente ao nome de CONCEIÇÃO MENDONÇA totalizaram a importância histórica de R$ 2.011.215,10.
a.4) CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA, TANIA MARCIA CATAPAN e MARCIA CRISTINA CATAPAN (implicadas em conjunto por beneficiários formais):
EDER TIDRE é companheiro de MELINA FÁTIMA CATAPAN e genro de TANIA CATAPAN. Afirmou que cedeu conta bancária a pedido de CONCEIÇÃO. Sacava em espécie e restituía os valores, exceto um montante de R$ 200,00 a R$ 600,00 que ficava pra si, dependendo do total do saque. Segundo ele, CONCEIÇÃO afirmara que era dinheiro a ser pago a fornecedores. Total desviado nessa operação: R$ 515.350,00.
DANIEL BORGES MAIA é exgenro de TANIA CATAPAN. Foi casado com MÁRCIA CRISTINA CATAPAN. Afirmou que cedeu conta bancária a pedido da então sogra. Disse que o cartão ficava na posse de TANIA. Que não recebeu remuneração alguma por isso. Que conhece CONCEIÇÃO pois era amiga de sua sogra a viu duas vezes na casa de TANIA. Que conhece CHERRI FRANCINE CONCER porque sua ex esposa MÁRCIA CATAPAN era amiga e cliente do salão de beleza. ANDREA BEZERRA e DAYANE SANTOS são amigas de TANIA e MARCIA. Disse que MARCOS FISCHER é primo de TANIA e MICHELA NOTTI é muito próxima de MARCIA CATAPAN, sendo proprietária da escola em que o filho deles estuda. Total desviado nessa operação: R$ 583.150,00.
MARCO AURÉLIO FISCHER disse que emprestou sua conta bancária a CONCEIÇÃO para que fosse por ela utilizada. Recebia R$ 300,00 por mês por isso. Afirma que TANIA CATAPAN é sua prima. Conhece CHERRI FRANCINE CONCER, cabeleireira. Afirmou que ANDREA BEZERRA é amiga de TANIA CATAPAN. Conheceu DANIEL MAIA por meio de TANIA. Já presenciou MICHELA na casa de MARCIA CATAPAN. Também informou que viu GRACIELA MUNIZ na casa de TANIA por ocasião de um aniversário. EDER TIDRE é genro de TANIA CATAPAN. Afirmou que cedeu conta bancária a pedido de CONCEIÇÃO. Sacava em espécie e restituía os valores. Afirmou que deliberadamente não queria saber qual seria a origem dos valores. Total desviado nessa operação: R$ 447.050,00.
CHERRI CONCER é cabeleireira e afirmou conhecer TANIA e MARCIA CATAPAN (madrinha de seu filho). Há alguns anos tanto MARCIA quanto CONCEIÇÃO propuseram que ela ingressasse no programa de pesquisas da UFPR, o que não ocorreu à época. Cedeu sua conta bancária a TANIA para que essa utilizasse, porque acreditou no que ela havia dito no sentido de que estava com o 'nome sujo'. Não recebeu remuneração em dinheiro, mas alguns auxílios em necessidades do salão e de casa tanto de TANIA como de MARCIA. Afirmou conhecer CONCEIÇÃO por intermédio de MÁRCIA há muito tempo. Disse que MARCOS FISCHER é primo de TANIA. MICHELLA NOTTI, DAYANE SANTOS MELLO e MARCIA CATAPAN formam um grupo de amigas. Conheceu MICHELLA por intermédio de MARCIA e DAYABE e CHARLENE por meio de MICHELLA. EDER TIDRE é genro de TANIA CATAPAN. Afirmou que cedeu conta bancária a pedido de CONCEIÇÃO. Sacava em espécie e restituía os valores, não recebendo um percentual dos valores, mas TANIA CATAPAN e MARCIA CRISTINA CATAPAN lhe ajudava com necessidades de casa e do salão de beleza, como alimentos, móveis, etc. Afirmou ainda que conhece CONCEIÇÃO MENDONÇA desde a época em que tem relacionamento pessoal com a sua “comadre” MARCIA CATAPAN e a encontra em eventos familiares de TANIA CATAPAN. Disse que MARCOS AURÉLIO FISCHER é seu conhecido, pois é parente de TÂNIA. É amiga de MICHELA DO ROCIO SANTOS NOTTI há mais de 20 anos, tendoa conhecido por meio de MARCIA CATAPAN. Que MICHELA, DAYANE SILVA DOS SANTOS, CHARLENE DE MELLO e MARCIA CATAPAN formam um grupo de amigas. DAYANE SILVA DOS SANTOS e CHARLENE DE MELLO são suas amigas desde que também conhece MICHELA. Total desviado nessa operação: R$ 624.400,00.
MICHELLA NOTTI disse ser amiga desde a infância de MARCIA CRISTINA CATAPAN ("KITI"), por meio da qual conheceu TANIA CATAPAN e CONCEIÇÃO MENDONÇA. A despeito de ter recebido valor expressivo em sua conta
bancária, negou conhecer os fatos. Pode atestar, contudo, a teia de relacionamentos que une vários dos beneficiários a TANIA e MÁRCIA, bem assim a proximidade entre TANIA e CONCEIÇÃO. Total desviado nessa operação: R$ 201.000,00.
CONCEIÇÃO pediu a ANDREA BEZERRA em 2013 que 'emprestasse' uma conta bancária para pagamento de fornecedores da UFPR. Recebia cerca de R$ 500,00 mensais por isso. O cartão magnético ficava de posse de CONCEIÇÃO, que garantia que não havia nenhuma ilegalidade nisso. Não tem ideia do quanto de dinheiro circulou na conta nem sabe seu destino. Conhece TANIA CATAPAN, por ter trabalhado com sua filha por um tempo. Também conhece vários dos outros beneficiários e expõe, também, a relação existente entre eles, TANIA e MARCIA. Já elaborou declaração de IRPF para Graciela Ines Bolzon de Muniz. EDER TIDRE é genro de TANIA CATAPAN. Afirmou que cedeu conta bancária a pedido de CONCEIÇÃO. Segundo ela, CONCEIÇÃO afirmara que era dinheiro a ser pago a fornecedores. Total desviado nessa operação: R$ 588.850,00.
DAYANE SILVA DOS SANTOS (irmã de MYDHIA e de CHARLENE) esclareceu que sua conta é movimentada na prática por CONCEIÇÃO desde 2013, a quem conheceu por meio de TANIA e MARCIA CATAPAN, que são suas amigas há 18 anos. Recebia de R$ 400,00 a R$ 500,00 mensais por isso. O cartão magnético foi entregue a CONCEIÇÃO e os saques eram feitos por ela e por MARCIA CATAPAN. A oferta foi feita por CONCEIÇÃO na casa de MARCIA. Também esclareceu sobre as relações entre outros envolvidos com TANIA e MARCIA. DAYANE ofereceu a possibilidade de cessão de contas a suas irmãs MYDHIA e CHARLENE, tendo em ambos os casos sido elas contatadas por CONCEIÇÃO, após pedido feito pela interroganda a MARCIA CATAPAN. Total desviado nessa operação: R$ 552.450,00.
MYDHIA conheceu MARCIA CATAPAN e TANIA CATAPAN porque tem um salão de beleza móvel e as atendia em casa. Tornaramse amigas. MARCIA hoje é madrinha de seu filho. Em 2015 MARCIA solicitou a abertura de uma conta na CEF, sob o fundamento de possuir restrição cadastral. O cartão da conta ficava com MARCIA. Desconfiada, pediu o cartão de volta. Nunca recebeu valor algum por isso. Total desviado nessa operação: R$ 49.000,00.
CHARLENE DE MELO disse que participa de grupo de amigas no WhatsApp, do qual fazem parte suas irmãs, bem como MICHELA e CONCEIÇÃO. A pedido desta cedeu sua conta corrente e cartão magnético para que fossem efetuados depósitos. Recebeu R$ 500,00 por isso. Afirma ter uma amiga chamada "KITI" que foi quem lhe apresentou, em casa, CONCEIÇÃO. Não ficou para si com nada além dos R$ 500,00. Total desviado nessa operação: R$ 49.000,00.
Essas operações totalizam o montante de R$ 3.610.250,00 e envolvem os nomes de CONCEIÇÃO, TANIA e MARCIA, não estando ainda suficientemente esclarecido acerca do quanto foi destinado diretamente a cada uma delas ao final. Somente com a apresentação de todos os extratos bancários e a análise dos depoimentos/interrogatórios de todos os envolvidos será possível uma constatação mais acurada.
b) Aquisição de Joias
Também a partir de declarações prestadas por beneficiários formais dos recursos públicos desviados, verificouse que a final destinação de parte do numerário foi a aquisição de joias diretamente por CONCEIÇÃO e TÂNIA, conduta essa que pode tanto significar materialidade da conduta de peculato como também o crime de lavagem de dinheiro.
Nesse sentido relevante foram as declarações prestadas pela investigada ANDRÉIA SCHLOGL. Informou que trabalha há 20 anos com venda de joias e semijoias. Disse que seu marido é aposentado há 15 anos da UFPR. Tem renda mensal de cerca de R$ 3.000,00. Realizou vendas de joiais para CONCEIÇÃO e TANIA em 2005, tendo retomado em 2013 as negociações, que se tornaram cada vez mais frequentes. Esclareceu que, pelo que recorda, CONCEIÇÃO realizou pagamentos também em espécie e em cheque. Que TANIA
pagava também em dinheiro. Por fim, as transferências bancárias da conta da UFPR para a sua conta bancária pessoal foram, todas, para pagamento de joias. Total desviado nessa operação: R$ 272.000,00.
Idêntica situação envolveu IVANI CLEVE COSTA. Disse ser vendedora autônoma com renda mensal de R$ 5.000,00 decorrente do comércio de joias. Confirmou que recebeu os valores descritos no relatório do TCU, mas como pagamento pelas vendas dos produtos a CONCEIÇÃO, desconhecendo a sua proveniência ilícita. Conhece CONCEIÇÃO e TANIA há 20 anos. Não tem vendido joias a esta última. Total desviado nessa operação: R$ 78.923,00.
c) Pagamento de honorários advocatícios para encaminhamento de questões jurídicas pessoais de CONCEIÇÃO MENDONÇA
A partir das declarações prestadas por ARTUR DA SILVA FILHO, beneficiário direto de pagamentos pela UFPR, verificouse que CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA efetuou o pagamento por serviços de assessoria jurídica prestados por aquele com dinheiro que deveria ter sido utilizado para pagamento de bolsas de pesquisa. ARTUR, advogado, fora contatado por ADHEMAR ABREU MENDONÇA, irmão da servidora da UFPR e seu vizinho, para regularizar um imóvel em Campo Grande/MS pertencente à família. Cobrou R$ 2.000,00 de honorários, aos quais foram adicionados os custos de ITBI, notariais e registrais. Ao fim, tudo foi devidamente saldado com dinheiro sangrado dos Cofres Públicos. Total desviado nessa operação: R$ 17.400,00.
d) Aquisição de Roupas
Parte dos recursos públicos desviados por meio da fraude objeto de investigação tiveram como destino final o pagamento de roupas adquiridas por CONCEIÇÃO, para si e também para suas filhas. O pagamento da despesa deuse mediante a inserção da comerciante como bolsista da UFPR.
Nesse sentido foram as declarações prestadas por JOICE CAVICHON. Quando interrogada, Joice afirmou que comercializa roupas e CONCEIÇÃO MENDONÇA é sua cliente há 10 anos. Estima que ela comprava cerca de R$ 15.000,00 anuais, havendo alguns anos em que esse valor era superior a esse patamar. As compras eram em grande quantidade e se destinavam à própria adquirente e a suas filhas. Os pagamentos eram mensais. Afirmou desconhecer a origem dos valores. Sabia que CONCEIÇÃO era servidora da UFPR. Conhece TANIA CATAPAN porque era a pessoa que estava na companhia de CONCEIÇÃO quando das compras de roupas. Disse que os valores globais eram inferiores àquele cujo recebimento lhe fora atribuído na investigação. Total desviado nessa operação: R$ 101.195,00.
2.2. Análise documental parcial do fluxo financeiro dos valores desviados Mais detalhes acerca do papel de cada um dos envolvidos, inclusive com o acréscimo de algumas pessoas cujos envolvimentos até então não eram conhecidos, bem como do caminho percorrido pelas importâncias desviadas, foram apresentados pela Autoridade Policial em sua representação complementar, fornecendo o suporte fático necessário para amparar e ampliar as afirmações dos investigados colhidas após a efetivação de suas prisões temporárias no último dia 15/02.
A analise dos documentos de movimentações de contas bancárias disponibilizados até agora somente pela Caixa Econômica Federal revelou a participação de outras pessoas no esquema de fraude conduzido pelas investigadas CONCEIÇÃO, TANIA, MARIA ÁUREA e GISELE.
A despeito de representar um cenário parcial, o resultado não é por isso menos estarrecedor e fornece a verossimilhança indispensável para corroborar o panorama descortinado a partir das declarações dos investigados.
Cabe destacar, ainda, que muitas vezes os valores eram sacados em dinheiro no caixa diretamente por CONCEIÇÃO, TÂNIA e GISELE, as quais mantinham em sua posse os cartões magnéticos dos correntistas que por elas foram utilizados como verdadeiros "laranjas". Essas operações, portanto, não foram objeto de análise acima porque não são passíveis de rastreio eletrônico de transferência. Por enquanto, as declarações prestadas pelos investigados quando de seus interrogatórios servem como ponto de partida para a constatação do destino de parte do dinheiro apropriado por elas dos Cofres Públicos. Temse, assim, um indicativo seguro de como eram as ações das investigadas para se apossarem concretamente dos valores que desviavam da UFPR nos casos em que não era feita transferência bancária direta para suas contas ou de seus parentes próximos.
A título exemplificativo, do total de R$ 739.489,00 recebidos irregularmente por MARIA ALBA, R$ 687.959,19 foram sacados e em ato continuo repassados para CONCEIÇÃO, conforme declarado
A análise dos documentos bancários até o momento disponibilizados revelou que contas geridas na prática por CONCEIÇÃO MENDONÇA, TÂNIA CATAPAN e GISELE ROLAND bem como por familiares muito próximos dessas, recepcionaram recursos decorrentes de transferências bancárias realizadas a partir de contas tituladas por diversos dos beneficiários formais dos recursos públicos desviados.
Conforme consignado na representação policial em análise, a partir da documentação até o momento disponibilizada somente pela Caixa Econômica Federal, as contas a seguir analisadas receberam R$ 5.129.839,00 da Universidade Federal do Paraná, por meio de 550 transferências, conforme a seguinte distribuição por montante de valores recebidos:
CPFCNPJ/ Nome/Banco/Agência/Conta/Quantidade/Soma
Os maiores destinatários das contas dos beneficiários da UFPR, adotandose a linha de corte de recebimento de mais de R$ 20.000,00 no período analisado foram:
Também foi demonstrada contínua movimentação bancária entre beneficiários formais de valores repassados pela UFPR a TANIA MARCIA CATAPAN e seus familiares.
TÂNIA CATAPAN recebeu R$ 250.400,00 em transferências bancárias originadas a partir das contas titularizadas por ANDRÉA CRISTINE BEZERRA (57 operações, no valor total de R$ 135.500,00); DANIEL BORGES LIMA (24 operações, no valor toral de R$ 44.200,00); DAYANE SILVA DOS SANTOS (14 operações, no valor final de R$ 26.300,00); MARCOS AURÉLIO FISCHER (13 operações, no valor total de R$ 22.050,00); CHERRI FRANCINE CONCER (5 operações, no valor total de R$ 9.350,00); EDER RIBEIRO TIDRE (3 operações, no valor total de R$ 7.500,00); e ELAINE SOUZA LIMA FARIAS (3 operações, no valor total de R$ 6.000,00).
Conta titularizada por MÁRCIA CRISTINA CATAPAN, filha de TÂNIA CATAPAN, recebeu R$ 459.765,00 em transferências efetuadas a partir de conta bancárias tituladas por CHERRI FRANCINE CONCER (96 transferências, no montante de R$ 188.170,00); DAYANE SILVA DOS SANTOS (85 transferências, no total de R$ 166.390,00), MICHELA DO ROCIO SANTOS NOTTI (29 transferências, no total de R$ 66.505,00); DANIEL BORGES MAIA (13 transferências, no total de R$ 17.900,00); CHARLENE DE MELLO (3 transferências, no total de R$ 3.000,00); MYDHIA SILVA DOS SANTOS (3 transferências, no total de R$ 9.000,00); EDER RIBEIRO TIDRE (1 transferência, no valor de R$ 1.500,00); e ANDRÉA CRISTINE BEZERRA (1 transferência no valor de R$ 1.300,00).
Conta titularizada por MELINA DE FÁTIAM CATAPAN, também filha de TÂNIA CATAPAN, recebeu transferências bancárias no montante de R$ 191.900,00, a partir de contas tituladas por EDER RIBEIRO TIDRE (39 operações, no valor total de R$ 73.650,00); MARCOS AURÉLIO FISCHER (34 operações, no valor total de R$ 60.100,00); DANIEL BORGES MAIA (29 operações, no valor total de R$ 34.400,00); ELAINE SOUZA LIMA FARIAS (15 operações, no valor total de R$ 22.400,00) e ANDRÉA CRISTINE BEZERRA (2 operações, no valor total de R$ 1.350,00).
EDER RIBEIRO TIDRE, companheiro de MELINA DE FÁTIMA CATAPAN e genro de TÂNIA CATAPAN, além de ser beneficiário formal de recursos públicos desviados da UFPR, também recebeu em sua conta transferências de outros beneficiários formais, no total de R$ 165.150,00 (recebeu transferências de DANIEL BORGES LIMA, ELAINE SOUZA LIMA FARIAS e MARCOS AURÉLIO FISCHER). A partir de conta bancária de sua titularidade foram realizadas transferências eletrônicas de recursos diretamente em favor de TÂNIA CATAPAN, CONCEIÇÃO MENDONÇA, MELINA CATAPAN, MÁRCIA CATAPAN e em seu próprio favor. A movimentação da conta 42360 de EDER RIBEIRO TIDRE aponta que ele recebeu R$ 753.469,22 em créditos, sendo R$
515.350,00 em transferências diretas da UFPR e R$ 165.150,00 provenientes de DANIEL BORGES MAIA, dele próprio EDER, de ELAINE SOUZA LIMA FARIAS e de MARCOS AURÉLIO FISCHER. Do total de R$ 753.469,22 que foram creditados em sua conta, R$ 753.423,75 foram posteriormente debitados. A análise bancária apontou desse montante total foram sacados da conta de EDER R$ 608.696,50 no período sob investigação. Como anteriormente registrado, EDER declarou que repassava a CONCEIÇÃO os recursos sacados.
CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA recebeu, apenas mediante transferência bancária R$ 142.617,00 em recursos públicos desviados das bolsas da UFPR provenientes das contas mantidas na Caixa Econômica Federal pelos beneficiários MARIA ALBA DE AMORIN SUAREZ (31 operações, no total de R$ 57.150,00); CHERRI FRANCINE CONCER (15 operações, no total de R$ 35.804,00); ANDRÉA CRISTINE BEZERRA (7 operações, no total de R$ 15.000,00); MARCOS AURÉLIO FISCHER (4 operações, no total de R$ 9.000,00); DANIEL BORGES MAIA (5 operações, no total de R$ 7.663,00); EDER RIBEIRO TIDRE (2 operações, no valor de 5.000,00); ALCENI MARIA DOS P. DE OLIVEIRA (1 operação de R$ 3.000,00); CHARLENE DE MELLO (1 operação de R$ 3.000,00); MICHELA DO ROCIO SANTOS NOTTI (1 operação de R$ 3.000,00); MARCIO RONALDO ROLAND (1 operação de R$ 1.500,00); MYDHIA SILVA DOS SANTOS (1 operação de R$ 1.500,00); e DAYANE SILVA DOS SANTOS (1 operação de R$ 1.000,00). Além de ser destinatária das transferências bancárias, CONCEIÇÃO era uma das beneficiária dos recursos em espécie sacados por EDER RIBEIRO TIDRE, ELAINE SOUZA LIMA FARIAS e MARIA ALBA DE AMORIM SUAREZ.
Inclusive foram verificadas transferências de recursos entre contas geridas por CONCEIÇÃO, o que evidencia intenção de ocultar a origem espúria do numerário e dificultar o rastreamento de seu destinatário final. Nesse sentido, foram verificadas transferências a partir de contas titularizadas pelos beneficiários formais dos recursos desviados em favor de CAMILA MENDONÇA SOVINSKI, KELI MENDONÇA SOVINSKI, filhas de CONCEIÇÃO MENDONÇA. Essa constatação evidencia o uso por CONCEIÇÃO do nome de suas filhas para ocultar os recursos desviados, o que é provável também quanto à sua filha KARINA MENDONÇA SOVINSKI. Essa constatação evidencia o uso de nome de terceiro para ocultar os recursos desviados possível crime de lavagem de dinheiro. A partir da documentação bancária disponibilizada pela CEF, foram verificados ainda repasse dos recursos desviados da UFPR em favor de ROSE MARI VACCARI, no montante de R$ 26.000,00 a partir de transferências de contas titularizadas por ANDREA CRISTINE BEZERRA, DANIEL BORGES MAIA e MARCOS AURÉLIO FISCHER.
Novamente oportuno relembrar que perante a Autoridade Policial, ANDREA CRISTINE BEZERRA e MARCOS AURÉLIO FISCHER afirmaram que suas contas bancárias que recepcionaram os valores desviados da UFPR eram movimentadas por CONCEIÇÃO MENDONÇA, a qual tinha a posse dos respectivos cartões. Por sua vez, DANIEL BORGES MAIA afirmou que abriu a conta que recepcionou os valores desviados da UFPR a pedido de CONCEIÇÃO MENDONÇA, a qual tinha a posse do respectivo cartão.
Há indicativos, ainda, de participação no esquema criminosos de outros familiares de CONCEIÇÃO: seu irmão ADHEMAR ABREU MENDONÇA e seu sobrinho JOSÉ RAPHAEL MARTINS MENDONÇA.
Em declarações à autoridade policial, CONCEIÇÃO MENDONÇA declarou ser de sua propriedade o apartamento em Campo Grande/MS onde reside seu irmão ADHEMAR ABREU MENDONÇA, imóvel esse que provavelmente é produto do crime de lavagem de dinheiro, situação que necessita ser mais aprofundada. Destaquese o fato de que diversos dos beneficiários formais dos recursos desviados afirmaram ter repassado dinheiro em espécie para CONCEIÇÃO.
Registrese mais uma vez que ARTUR DA SILVA FILHO, beneficiário direto de pagamentos pela UFPR, justificou o recebimento de valores de CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA com a prestação de serviços de assessoria jurídica, contratados por seu vizinho ADHEMAR ABREU MENDONÇA (irmão de CONCEIÇÃO), para regularização de um imóvel em Campo Grande/MS pertencente à família. Esclareceu que cobrou R$ 2.000,00 de honorários, aos quais foram adicionados os custos de ITBI, notariais e registrais. Ao fim, tudo foi devidamente saldado com dinheiro sangrado dos Cofres Públicos. Total desviado nessa operação: R$ 17.400,00.
Por outro lado, verificouse que JOSÉ RAPHAEL MARTINS MENDONÇA o filho de ADHEMAR ABREU MENDONÇA, sobrinho de CONCEIÇÃO e residente em Campo Grande, figurou como beneficiário de pagamento por parte de UFPR (R$ 800,00) em 17/06/2013, operação essa posteriormente cancelada. Há indícios, portanto, da utilização também de seu nome na fraude objeto de investigação, o que também necessita ser melhor esclarecido.
Também foram verificados repasses de valores dos beneficiários formais de recursos desviados da UFPR para GISELE APARECIDA ROLAND, assim como para sua mãe MARIA ÁUREA ROLAND e seu companheiros JORGE LUIZ BINA FERREIRA (sócio administrador da empresa REAGEN Produtos Laboratoriais Ltda. ME). Essa constatação corrobora declarações prestadas por diversos dos beneficiários formais dos recursos públicos desviados no sentido de que cederam suas contas bancárias para GISELE APARECIDA ROLAND.
Seguramente não por mera casualidade, sua mãe, MARIA ÁUREA ROLAND, servidora aposentada de UFPR e amiga de CONCEIÇÃO e TANIA, recebeu mediante transferências bancárias na importância de R$ 38.000,00, provenientes de ALCENI MARIA DOS P DE OLIVEIRA (R$ 22.000,00, mediante oito operações); DIRLENE DAS CHAGAS LIMA (R$ 6.000,00, mediante duas operações); NORBERTO FERREIRA DOS SANTOS (R$ 6.000,00, mediante 2 operações); e MARCIO RONALDO ROLAND (R$ 4.600,00, mediante 5 operações).
Como bem observado na representação policial:
Recordese que ALCENI MARIA DOS PASSOS DE OLIVEIRA, grau de instrução ensino fundamental incompleto, artesã, afirmou que sua amiga GISELE APARECIDA ROLAND pediu emprestada a conta corrente da interrogada na Caixa Econômica Federal para receber supostos valores de sua mãe, MARIA ÁUREA ROLAND. Deslocouse várias vezes em casas lotéricas e agências da CEF junto com GISELE para sacar os valores, sendo que era GISELE quem a busca e a a levava no banco para efetuar os saques. Conhece CONCEIÇÃO MENDONÇA.
Relembrese que DIRLENE DAS CHAGAS LIMA ESMANHATO, empresária dona de cancha de futebol, segundo grau completo, afirmou que foi procurada no ano de 2013 por sua amiga GISELE APARECIDA ROLAND, que lhe pediu “emprestada” a sua conta bancária para que nela fossem depositados valores provenientes da UFPR destinados à mãe da mesma, MARIA AUREA ROLAND. GISELE explicouà interrogada que MARIA AUREA era funcionária da UFPR, porém, por já ser aposentada, não poderia receber proventos daquela universidade. GISELE ainda argumentou que o seu nome não ‘estava limpo’, razão pela qual não poderia ‘emprestar’ sua conta para sua mãe MARIA AUREA. Que pela amizade de 25 anos que tinha com GISELE, aceitou prestar o favor que ela pediu, fornecendo os dados de sua conta para que MARIA AUREA recebesse o seu pagamento da UFPR. Que mensalmente a UFPR passou a depositar valores nas contas que a interrogada tem no Bradesco e na CEF. Assim que os valores eram depositados a interrogada fazia a transferência eletrônica para as contas de MARIA ÁUREA ou da própria GISELE. Algumas vezes a interrogada sacou integralmente o valor e o entregou, integralmente, à GISELE. Que não ficou com nada do que a UFPR depositou na sua conta, tendo repassado integralmente os valores para MARIA ÁUREA ou GISELE.
JORGE LUIZ BINA FERREIRA, companheiro de GISELE APARECIDA ROLAND, genro de MARIA AUREA ROLAND e sócio administrador da empresa REAGEN PRODUTOS PARA LABORATÓRIOS LTDA. ME, recebeu R$ 27.930,00