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Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 14ª Vara Federal de Curitiba

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Academic year: 2021

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Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar ­ Bairro: Cabral ­ CEP: 80540­400 ­ Fone: (41) 3210­1691 ­ www.jfpr.jus.br ­ Email: prctb14@jfpr.jus.br PEDIDO DE PRISÃO TEMPORÁRIA Nº 5005760­46.2017.4.04.7000/PR REQUERENTE: POLÍCIA FEDERAL/PR ACUSADO: MARCIA CRISTINA CATAPAN ACUSADO: CAMILA MENDONCA SOVINSKI ACUSADO: MELINA DE FATIMA CATAPAN ACUSADO: KELI MENDONCA SOVINSKI ACUSADO: ANGELA MARIA DE SOUZA ZAMPIERON ACUSADO: ANEILDA JOSEFA DE JESUS ACUSADO: ADHEMAR ABREU MENDONCA ACUSADO: GISELE APARECIDA ROLAND ACUSADO: ROSE MARI VACCARI ACUSADO: KARINA MENDONCA SOVINSKI ACUSADO: MARIA AUREA ROLAND ACUSADO: FABIO PAULO CONRADO ACUSADO: JORGE LUIZ BINA FERREIRA ACUSADO: JOSE RAPHAEL MARTINS MENDONCA NETO INTERESSADO: REAGEN PRODUTOS PARA LABORATORIOS LTDA ­ ME

DESPACHO/DECISÃO

1.  Preliminarmente,  registro  que  os  pedidos  constantes  das  representações policiais  dos  eventos  1  e  8,    de  prorrogação  de  prisão  temporária  e  conversão  de  prisão temporária em prisão preventiva, ambos em face de CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA  e  TANIA  MARCIA  CATAPAN,  já  foram  analisados  nos  autos  5001346­ 05.2017.4.04.7000  (em  17/02/2017)  e  nº  5006349­38.2017.4.04.7000  (em  24/02/17), respectivamente. Destaquem­se as informações prestadas pela Autoridade Policial no evento 24.

2.  Trata­se  de  representação  formulada  pelo  Delegado  de  Polícia  Federal  que preside  o  inquérito  policial  nº  1655/2016  ­  DELECOR/DRCOR/SR/DPF/PR  (eproc  nº 5060454­96.2016.4.04.7000) pela qual requereu (eventos 1 e 8):

a)    a  prisão  temporária,  por  5  dias;  a  realização  de  busca  e  apreensão;  o sequestro de bens móveis/imóveis; e o bloqueio cautelar de valores mantidos em instituições bancárias; tudo em face de:

        REPRESENTADO       CPF/CNPJ       ENDEREÇO 1. MARCIA CRISTINA CATAPAN,

conhecida como "Kiti"

020.442.739­85 Rua  Francisco  Ferreira  Machado,  418, Bairro  Santos  Dumont,  São  José  dos Pinhais/PR. 2. GISELE APARECIDA ROLAND 610.751.169­53 Rua Agostinho Zaninelli, 312, Boa Vista, Curitiba/PR; e  Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 14ª Vara Federal de Curitiba

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Rua  do  Pavão,  28,  casa  07,  Bairro  Roça Grande, Colombo/PR.

3. MARIA AUREA ROLAND 471.009.669­49 Rua Agostinho Zaninelli, 312, Boa Vista, Curitiba/PR.

4. JORGE LUIZ BINA FERREIRA 738.958.819­53 Rua  do  Pavão,  28,  casa  07,  Bairro  Roça Grande, Colombo/PR.

5. ANEILDA JOSEFA DE JESUS 014.430.328­08 Rua Rio Amazonas, 3519, casa 5, Estados, Fazenda Rio Grande/PR

b)  a  busca  e  apreensão  na  sede  da  empresa  REAGEN  PRODUTOS  PARA LABORATÓRIO  LTDA­ME  (CNPJ  nº  82.075.748.0001­18;  Rua  Belém,  247,  Jardim Carvalho, Colombo/PR, CEP 83402­090).

Em complementação à representação inicial, a partir de informações bancárias obtidas  por  meio  da  quebra  de  sigilo  deferida  por  este  Juízo  nos  autos  nº  5001351­ 27.2017.4.04.7000,  a  Autoridade  Policial,  além  de  ratificar  os  pedidos  anteriores,  requereu também (evento 8): a) a realização de  Busca e Apreensão e a Prisão Temporária por 5 dias em face de:         REPRESENTADO   CPF/CNPJ       ENDEREÇO 1. MELINA DE FÁTIMA CATAPAN 061.609.519­80 Rua Francisco Beltrão, 1057, São José dos Pinhais/PR

b)  a  realização  de  Busca  e  Apreensão  na  sede  da  empresa  REAGEN PRODUTOS  PARA  LABORATÓRIO  LTDA­ME  (82.075.748/0001­18),  situada  no endereço Rua Willian Booth, 2482, Boqueirão, Curitiba/PR (endereço cadastrado no sistema de produtos químicos da PF); c) o Bloqueio Cautelar de Valores e o Sequestro de Bens Imóveis e Móveis de:          REPRESENTADO        CPF/CNPJ 1. MELINA DE FÁTIMA CATAPAN 061.609.519­80 2. CAMILA MENDONÇA SOVINSKI 082.133.639­81 3. KARINA MENDONÇA SOVINSKI 075.691.629­19 4. KELI MENDONÇA SOVINSKI 065.171.219­00 5. REAGEN PRODUTOS PARA LABORATÓRIO LTDA­ME 82.075.748/0001­18

d)  a  realização  de  Condução  Coercitiva  para  prestar  esclarecimentos  à autoridade policial em face de:          REPRESENTADO        CPF/CNPJ 1. ROSE MARI VACCARI 280.734.360­00 2. JOSE RAPHAEL MARTINS MENDONÇA NETO 006.580.761­83 3. ADHEMAR ABREU MENDONÇA 250.181.671­49 4. FABIO PAULO CONRADO 009.996.869­09 5. ANGELA MARIA DE SOUZA ZAMPIERON 996.578.999­15

O  Ministério  Público  Federal  opinou  favoravelmente  a  todos  os  pedidos,  à exceção  da  prisão  temporária  de  ANEILDA  JOSEFA  DE  JESUS.  Em  relação  a  essa  e também  quanto  a    CAMILA  MENDONÇA  SOVINSKI  e  KELI  MENDONÇA SOVINSKI, pugnou pela condução coercitiva. Pugnou ainda pela constrição de bens também de  CAMILA  MENDONÇA  SOVINSKI  e  KELI  MENDONÇA  SOVINSKI. Relativamente  à  empresa  REAGEN  PRODUTOS  PARA  LABORATÓRIOS  LTDA.  ­  ME, requereu  a  instauração  de  novo  inquérito  policial  para  apurar  suposto  esquema  de superfaturamento de produtos (evento 21).

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Essa é a síntese do que interessa. DECIDO.

2.  DO  INQUÉRITO  POLICIAL  nº  1655/2016  ­

DELECOR/DRCOR/SR/DPF/PR (eproc nº 5060454­96.2016.4.04.7000)

O inquérito policial nº 1655/2016 ­ DELECOR/DRCOR/SR/DPF/PR (eproc  nº 5060454­96.2016.4.04.7000) foi instaurado para apurar a ocorrência dos crimes de associação criminosa (artigo 288 do Código Penal) e de peculato (artigo 312 do Código Penal), dentre outros,  em  decorrência  de  indícios  de  realização  de  fraudes  em  pagamentos  (desvio  de recursos  públicos  federais)  realizados  no  período  de  2013  até,  ao  menos,  2016  a  título  de Auxílio a Pesquisadores, Bolsa de Estudo no País e Bolsa de Estudo no Exterior a diversas pessoas desprovidas de regular vínculo de professor, servidor ou aluno com a Universidade Federal  do  Paraná  ­  UFPR  (resultado  do  processo  administrativo  nº  TC  032.978/2016­2  da Secretaria  de Controle Externo no Estado do Paraná do Tribunal de Contas da União).

Segundo  apurado  pela  2ª  Diretoria  da  Secretaria  de  Controle  Externo/PR  do Tribunal  de  Contas  da  União  ­  Processo  de  Auditoria  TC  032.978/2016­2  (evento 1/not_crime12/inquérito policial):

"2.  (...)  foi  autuado  com  o  objetivo  de  avaliar  os  ajustes  firmados  pelas  IFES  com  suas fundações  de  apoio,  ou  outras  entidades,  que  envolvam  a  concessão  de  bolsas  para servidores, alunos e docentes dessas IFES, bem como os controles existentes na concessão e no pagamento destas bolsas. 

3. Os possíveis achados que se vislumbrava no início da auditoria diziam respeito ao acumulo indevido  de  bolsas  pelos  servidores,  professores  ou  alunos,  ao  recebimento  de  bolsas  em valores que extrapolam os limites constitucionais e legais e a ausência de controles internos relacionados à concessão e ao pagamento de bolsas. 

4.  Todavia,  quando  da  análise  dos  pagamentos  realizados  internamente  pela  própria  UFPR, por  meio  de  ordens  bancárias,  foram  identificadas  irregularidades  ainda  mais  graves, caracterizadas pela realização de pagamentos com fortes indícios de ocorrência de fraudes e possível desvio de recursos pela UFPR. 

5. Verificou­se que estão sendo realizados pagamentos sistemáticos, mensalmente, a título de Auxílio  a  Pesquisadores,  Bolsa  de  Estudo  no  País  e  Bolsa  de  Estudo  no  Exterior,  a  pessoas que não possuem qualquer vínculo com a UFPR, seja como professores, servidores ou alunos. Foi  constado  que  a  maioria  sequer  possui  curso  superior,  tendo  sido  verificado  ainda  que  a maioria  possui  profissões  como  cabelereiro,  motorista  de  caminhão  e  outras  atividades  que não exigem qualificação superior.  6. Os valores recebidos apenas pelos 16 principais beneficiários, no período em análise (2015 e 2016), alcançam o montante de R$ 3.845.450,00, sendo que nenhum deles possui qualquer vínculo com a UFPR.  (...)  7. Entretanto, já se apurou que a irregularidade vem ocorrendo desde o ano de 2013, sendo que  os  mesmos  16  beneficiários  acima  relacionados  receberam  a  partir  de  2013  valor  total superior a R$ 8 milhões. 

8.  Apuração  mais  detalhada  que  vise  a  identificar  todos  os  beneficiários  que  receberam  os supostos pagamentos indevidos por parte da UFPR pode evidenciar um desfalque ainda maior de recursos públicos. 

9.  Identificou­se  que  os  pagamentos  são  realizados  de  forma  sistemática,  todos  os  meses, porém  com  certa  variação  nos  valores  e  também  com  alternâncias  em  relação  aos  motivos que ensejam os referidos pagamentos. 

(...) 

11.  Importante  destacar  que  nenhuma  dessas  16  pessoas  possui  qualquer  vínculo  com  a UFPR,  seja  como  servidor,  professor  ou  aluno.  Além  disso,  sequer  possuem  currículo cadastrado  na  Plataforma  Lattes  do  CNPq,  disponível  no  sítio http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do?metodo=apresentar, condição indispensável para  a  participação  no  Programa  de  bolsas  de  iniciação  tecnológica  e  Inovação,  bem  como para  admissão  no  Programa  de  bolsas  de  estudos  de  pós­graduação  stricto  senso,  conforme disposto  nas  Resoluções  27/08­CEPE  (peça  2,  p.  2)  e  65/09­CEPE  (peça  3,  p.  10  e  11)  da própria UFPR. 

12. No que concerne às bolsas de Auxílio a Pesquisadores, embora não haja norma específica na UFPR quanto a esse auxílio financeiro, a Ifes se utiliza da Portaria 156 da Coordenação de  Aperfeiçoamento  de  Pessoal  de  Nível  Superior  (Capes)  de  28  de  novembro  de  2014, conforme  informado  no  documento  acostado  à  peça  4,  p.  6,  não  resta  dúvida  quanto  à

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necessidade prévia de inclusão do currículo dos pesquisadores na Plataforma Lattes. 

13.  Ante  a  inexistência  de  informações  sobre  o  currículo  dos  beneficiários  na  Plataforma Lattes, foi solicitado à UFPR, mediante ofício de requisição (peça 5), o currículo desses 16 beneficiários, porém até o presente momento não foram apresentadas quaisquer informações por parte da UFPR, que poderia obtê­los por simples acesso aos sistemas informatizados da Ifes. 

14.  Adicionalmente  não  foi  encontrado  na  Base  de  Projetos  de  Pesquisa  da  UFPR,  na Plataforma  Lattes  CNPq,  sítio  http://200.17.247.197/fmi/iwp/cgi?­db=Thales­Lattes&­ loadframes,  registro  de  nenhum  projeto  de  pesquisa,  concluído  ou  em  andamento,  que  tenha como membro da equipe qualquer dos 16 beneficiários supracitados. 

15.    Além  disso,  nos  termos  da  Lei  10.973/20104,  art.  2º,  VIII,  considera­se  “pesquisador público: ocupante de cargo público efetivo, civil ou militar, ou detentor de função ou emprego público  que  realize,  como  atribuição  funcional,  atividade  de  pesquisa,  desenvolvimento  e inovação”. 

16.  Já  nos  termos  do  Decreto  5.563/2005,  art.  2º,  VIII,  foi  definido  como  “pesquisador público:  ocupante  de  cargo  efetivo,  cargo  militar  ou  emprego  público  que  realize  pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico”. 

17.    Ou  seja,  pesquisadores  são  ou  foram    (aposentados)  docentes  das  Ifes  que  possuem formação  acadêmica  no  mínimo  em  nível  de  doutorado.  Em  raras  exceções,  poder­se­ia imaginar um discente em curso de pós­dourado envolvido com algum projeto de pesquisa da Ifes ser contemplado com tal benefício, mas obviamente os registros seriam detectados tanto na  plataforma  Lattes  do  CNPq  como  no  Sistema  Thales    ­    Lattes  da  UFPR,  o  que  não  se verifica para nenhum dos integrantes da listagem em apreço. 

18.  Considerando que a UFPR  utiliza a legislação da Capes para reger o auxílio financeiro a  pesquisadores,  que  não  forneceu  os  processos  administrativos  que  contêm  os  atos  de concessão  dos  benefícios,  e  que  o  sistema  que  mantém  a  base  dos  projetos  de  pesquisa  da UPFR não aponta  o envolvimento  dos beneficiários dos pagamentos em nenhuma pesquisa, buscou  ­  se  um  paradigma  da  Capes  para  servir  de  base  de  comparação  do  perfil  dos beneficiários que recebem o auxílio. 

19.  Detectou­se na Seção 3 do diário Oficial da União, de 17/9/2015, páginas 33 e 34  (peças 7 e 8 ), um ato da Capes aprovando a concessão de auxílio financeiro a pesquisadores para 29   (  vinte  e  nove  )  docentes    de  diversas  universidades,  todos  com  titulação  mínima  de doutorado, identificada na Plataforma Lattes. 

20.  Repise­se  que  em  consulta  realizada  no  Portal  da  Transparência  do  Governo  Federal, sítio  http://www.portaldatransparencia.gov.br/,  verificou­se  que  nenhum  dos  referidos beneficiários  possui  vínculo  com  qualquer  universidade  federal  de  ensino,  tampouco  são servidores  públicos  na  esfera  federal.  Outrossim,  de  forma  ainda  mais  agravante,  em consulta  ao  sistema  DGI/Seginf,  constatou­se  que  os  beneficiários,  em  sua  maioria,  não possuem  curso  superior    e,  como  anteriormente  citado,    exercem  profissões  tais  como cabeleireiro, motorista, cozinheiro, etc. e alguns deles ainda possuem cadastro em Programas Sociais do MDS , figurando como beneficiários de programas sociais. 

21.    Durante  a  execução  da  auditoria,  em  4/11/2016,    foram  solicitados,  em  campo,  alguns   processos  de  pagamento  e  respectivos  processos  de  concessão  do  benefício  aos pesquisadores.  Os  processos  de  pagamento  foram  apresentados  (peça  6),  contudo  os processos de concessão não foram apresentados. 

22.    No  tocante  aos  processos  de  pagamentos,  verifica­se  uma  notável  diferença  entre  os processos  de  pagamento  204520/15  ­  14  e  210347/15  ­  85  (peça  6  ,  p.  1  ­  17)  e  os  demais processos de pagamento constantes da mesma peça  (peça 6, p. 18 ­ 60). 

23.  No  caso  dos  dois  primeiros,  cujo  beneficiário  é  o  Sr.  Mauro  Lacerda  Santos  Filho, Professor  da  UFPR,  há  diversas  referências  ao  projeto  que  está  sendo  desenvolvido,  com listagem dos beneficiários e seus respectivos cargos/funções que os vinculam à UFPR  (peça 6, p. 3). 

24.    Já  nos  demais  processos  de  pagamento,  que  impressiona  pela  singeleza  e  cujos beneficiários não possuem qualquer vínculo com a UFPR, não há nenhuma menção ao projeto que  estaria  sendo  desenvolvido  e  tampouco  informações  sobre  o  vínculo  dos  beneficiários com  a  Ifes  (professor,  aluno  ou  servidor).  Os  processos  de  pagamento  se  resumem  a  uma  nota de empenho e a uma ordem bancária com a relação de beneficiários. 

25. A gravidade da situação, que inclusive pode tipificar crimes, em primeira análise, enseja uma  atuação  coordenada  no  âmbito  da  rede  de  controle,  com  acionamento  de  órgãos  que dispõe de instrumentos de investigação  judicial  típicos do direito penal, a exemplo da quebra do  sigilo    fiscal,    bancário  e  interceptação  telefônica,  uma  vez  que  as  evidências  apontam fortes  indícios  de  que  os  fatos  perpetrados  envolvem  elevada  materialidade,  considerável número de beneficiários de pagamentos de bolsas e auxílios financeiros a pesquisadores que não possuem formação acadêmica compatíveis com os pagamentos, atuando em conluio com gestores da UFPR para desviar recursos públicos. (destacado agora)

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Nessas  condições,  foram  identificados  até  o  momento  da  deflagração  da primeira fase ostensiva da operação 27 (vinte e sete) beneficiários formais que, ao todo, em valores históricos, receberam mensalmente durante o período entre 2013 e outubro de 2016 (data  final  da  apuração  levada  a  cabo  pelo  Tribunal  de  Contas  da  União)  o  montante consolidado  de  R$  7.351.133,10  (sete  milhões,  trezentos  e  cinquenta  e  um  mil,  cento  e trinta e três reais e dez centavos).

Em  todos  os  casos  ficaram  suficientemente  demonstradas  a  inexistência  de vínculo com a UFPR das pessoas beneficiadas por bolsas do PROAP/UFPR, a periodicidade na    realização  dos  pagamentos  ao  longo  de  anos  e  a  responsabilidade  direta  da  unidade  de orçamento e finanças da PRPPG pela elaboração da lista dos respectivos pagamentos.

Foram  detectadas  irregularidades  em  relação  à  totalidade  de  pagamentos realizados  pela  UFPR  a  título  de  Bolsa  de  Pesquisa  e  Pós­Graduação  ­  PRPPG/UFPR  em favor de:         BENEFICIÁRIO   VALOR    RECEBIDO  1. MARIA ALBA DE AMORIN SUAREZ R$ 739.489,00 2. PEDRO AMORIM SUAREZ CAMPOS R$ 638.376,10 3. CHERRI FRANCINE CONCER R$ 624.400,00 4. ANDREA CRISTINE BEZERRA R$ 588.850,00 5. DANIEL BORGES MAIA R$ 583.150,00 6. DAYANE SILVA DOS SANTOS R$ 522.450,00 7. EDER RIBEIRO TIDRE R$ 515.350,00 8. MARCOS AURÉLIO FISCHER R$ 447.050,00 9. PAULO ALLAN ROLAND BOGADO R$ 318.550,00 10. MARIA EDUARDA AMORIM SUAREZ CAMPOS R$ 283.850,00 11. ANDREIA DE OLIVEIRA SCHLOGL R$ 280.600,00 12. CARLOS ALBERTO GALLI BOGADO R$ 271.525,00 13. ALCENI MARIA DOS PASSOS DE OLIVEIRA R$ 228.400,00 14. MICHELA DO ROCIO SATOS NOTTI R$ 201.000,00 15. ELAINE SOUZA LIMA FARIAS R$ 191.150,00 16. PATRÍCIA VARGAS DA SILVA DO NASCIMENTO R$ 158.850,00 17 DIRLENE CHAGAS LIMA ESMANHOTTO R$ 117.500,00 18. JOICE MARIA CAVICHON R$ 101.195,00 19 NORBERTO FERREIRA DOS SANTOS R$ 80.000,00 20. IVANI DE OLIVEIRA CLEVE COSTA R$ 78.923,00 21. MARCIO RONALDO ROLAND 54.000,00); R$ 81.000,00; 22. MYDHIA SILVA DOS SANTOS R$ 49.000,00 23. CHARLENE DE MELLO R$ 49.000,00 24. ELIANE CAMARGO  (ou ELIANE TABORDA DOS SANTOS) R$ 78.375,00 25. ALVADIR BATISTA DA SILVA R$ 46.700,00 26. LUZINETTE DAMASCENO SAMPAIO R$ 29.000,00 27 ARTHUR CONSTANTINO DA SILVA FILHO R$ 17.400,00         TOTAL  R$ 7.351.133,10

Enquanto  funcionários  da  UFPR,  atuaram  nos  pagamentos  dos  benefícios irregulares, segundo consignado na primeira representação policial do evento 1 dos autos nº 5001346­05.2017.4.04.7000:

(1)  a  Chefe  da  Seção  de  Controle  e  Execução  Orçamentária  da  PRPPG/UFPR, CONCEIÇÃO  ABADIA  ABREU  MENDONÇA  (CONCEIÇÃO  MENDONÇA),  assinou sempre  duas  vezes,  especificando  os  valores  a  serem  pagos  pelas  notas  de  empenho,  assim com o elaborou e assinou as planilhas de pagamentos. Sua assinatura consta de 234 processos de pagamento no valor total de R$ 7.343.333,10; 

(2)  o  Pró­Reitor  de  Pesquisa  e  Pós­Graduação  da  PRPPG/UFPR,  EDILSON  SÉRGIO SILVEIRA, assinou 19 processos de pagamento no valor total de R$ 

(6)

397.200,00; 

(3) também constou o nome do Pró­Reitor de Pesquisa e Pós­Graduação da PRPPG/UFPR, EDILSON SÉRGIO SILVEIRA, em outros 215 processos, mas quem os assinou em seu lugar apondo um carimbo logo abaixo foi GRACIELA INES BOLZON DE MUNIZ como Pró­Reitor de  Pesquisa  e  Pós­Graduação  Em  Execução.  O  valor  total  dos  pagamentos  nesses  215 processos é de R$ 6.946.133,10; 

(3)  o  Pró­Reitor  de  Planejamento,  Orçamento  e  Finanças  Substituto  –  PROPLAN,  JULIO CÉZAR  MARTINS,  assinou  a  autorização  de  pagamento  em  222  processos,  totalizando  R$ 7.031.533,10. 

(4)  nos  sistemas  informatizados,  também  consta  o  nome  da  Pró­Reitora  de  Planejamento, Orçamento  e  Finanças  –  PROPLAN,  LUCIA  REGINA  ASSUMPÇÃO  MONTANHINI  como ordenadora  dos  Pagamentos.  Ela  assinou  a  autorização  de  pagamento  em  9  processos, totalizando 298.600,00. 

(5) no âmbito do Departamento de Contabilidade e Finanças da PROPLAN, responsável pela verificação  dos  atos  de  empenho  e  de  liquidação,  também  se  observa  a  assinatura  dos seguintes  servidores  Públicos:  GUIOMAR  JACOBS,  Diretora  da  Divisão  de  Administração Financeira  –  assinou  102  processos,  totalizando  R$  3.008.599,10;  ANDRE  SANTOS  DE OLIVEIRA, ocupante do cargo de Técnico em Contabilidade da UFPR, exercendo função de Direção  na  Diretoria  da  Divisão  de  Administração  Financeira  da  UFPR  –  assinou  96 processos,  totalizando  R$  2.988.184,00;  JULIO  CEZAR  MARTINS,  já  referido  –  assinou  16 processos, totalizando R$ 616.200,00; JOSIANE DE PAULA RIBEIRO, ocupante do cargo de Assistente  em  Administração  da  UFPR,  exercendo  a  função  de  Chefe  de  Seção  de  Análise Financeira  no  Departamento  de  Contabilidade  e  Finanças/PROPLAN  –    assinou  13 processos, totalizando R$ 483.400,00; DENISE MARIA MANSANI WOLFF, ocupante do cargo de  contadora  da  UFPR,  exercendo  a  função  de  Diretora  da  Divisão  de  Contabilidade    –  assinou 6 processos, totalizando R$ 242.200,00.

A relação entre os beneficiários dos pagamentos irregulares com as servidoras públicas  CONCEIÇÃO  ABADIA  DE  ABREU  MENDONÇA  e  TÂNIA  MARCIA CATAPAN  noticiada  por  gestores  da  UFPR  foi  confirmada  pelo  resultado  de  diligências realizadas  pela  equipe  de  investigação  policial.  Nesse  sentido  é  a  informação  policial  nº 071/2016 ­ Núcleo de Análise/DELINF/SR/DPF/PR.

Até  aquele  momento  sabia­se  que,  ao  longo  de  ao  menos  três  anos,  as  duas servidoras da UFPR atuaram direta e materialmente para autorizar pagamentos mensais a um grupo de, no mínimo, 27 pessoas que jamais tiveram qualquer vínculo com a Universidade. Os desembolsos contaram, durante todo esse tempo, com a chancela expressa de outras oito pessoas  que  detinham  posição  de  relevância  na  estrutura  da  instituição  de  ensino.  Elas lançavam  suas  assinaturas  nos  singelos  processos  administrativos  que  lhes  deveriam  ser submetidos  a  análise  e  que  sequer  vinham  instruídos  com  documentos  que  minimamente comprovassem  a  titulação  dos  beneficiários  e  os  projetos  de  pesquisa  em  que  estavam engajados,  em  absoluto  desacordo  com  o  padrão  adotado  em  outros  casos  em  que  os pagamentos  eram  regularmente  autorizados.  Por  sua  vez,  quem  era  responsável  pelos controles  internos  da  UFPR  em  momento  algum  exerceu  sua  obrigação  de  efetivamente auditar  os  procedimentos  ora  reputados  irregulares  com  vistas  a  identificar  a  fraude  e  a recomendar a suspensão dos repasses.

2.1.  Dos  Elementos  de  Prova  angariados  a  partir  do  cumprimento das  Medidas  Cautelares  autorizadas  judicialmente  nos  autos  de  Pedido  de  Prisão Temporária nº 5001346­05.2017.4.04.7000/PR

Em 15/02/17 foram cumpridos dezenas de mandados de busca e apreensão, 29 mandados  de  prisão  temporária    (27  beneficiários  diretos  dos  repasses,  CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA  e  TÂNIA  MARCIA  CATAPAN)  e  8  mandados  de condução coercitiva, todos expedidos nos autos de Pedido de Prisão Temporária nº 5001346­ 05.2017.4.04.7000/PR.

Concluídos  os  interrogatórios  dos  investigados  e  analisada  parte  dos documentos  apreendidos,  entregues  voluntariamente  pelos  indiciados  e  por  seus  advogados ou  obtidos  por  meio  de  autorização  judicial,  ao  cenário  até  então  existente    revelou  a presença  de  3  núcleos  de  atuação  para  cooptação  de  terceiros  como  destinatários diretos/formais  dos  recursos  públicos  desviados,  cada  um  deles  coordenado

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por CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA,  TÂNIA MÁRCIA CATAPAN e  GISELA  APARECIDA  ROLAND,  as  quais  seriam  as  destinatárias  finais  dos  recursos públicos desviados, juntamente com seus familiares.

CONCEIÇÃO  ABADIA  DE  ABREU  MENDONÇA,  na  condição  de  Chefe da Seção de Orçamento e Finanças da Pró­Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa (PRPPG) da UFPR, e TÂNIA MÁRCIA CATAPAN, enquanto Secretária da PRPPG, operacionalizavam dolosamente as fraudes no âmbito interno da Universidade, na crença de que jamais seriam descobertas, tendo em vista o tempo de trabalho que possuíam, a confiança de que gozavam de  seus  superiores  e  a  notória  ausência  de  controle  e  transparência  do  setor  em  que trabalhavam, por omissão histórica da Instituição de Ensino. Para atingirem suas finalidades espúrias, atuavam em conluio direto com MÁRCIA CRISTINA CATAPAN, MELINA DE FÁTIMA CATAPAN (nada menos do que filhas de TÂNIA), com GISELE APARECIDA ROLAND  (pedagoga,  filha  de  MARIA  AUREA  ROLAND),  JORGE  LUIZ  BINA FERREIRA (dono da empresa REAGEN PRODUTOS PARA LABORATÓRIOS LTDA. ­  ME,  contratada  pela  UFPR,    companheiro  de  GISELE  ROLAND  e  genro  de  MARIA AUREA ROLAND) e com MARIA ÁUREA ROLAND (mãe de GISELE,  ex­funcionária da  UFPR  e  amiga  de  CONCEIÇÃO).  Em  vários  casos,  havia  ainda  o  auxílio  direto  de ANEILDA  JOSEFA  DE  JESUS,  que  agia  como  uma  espécie  de  agenciadora  de  pessoas dispostas a cederem suas contas bancárias para viabilizar o desvio de recursos.

Em todos os casos, os beneficiários formais das bolsas afirmaram desconhecer a proveniência ilícita dos valores recebidos. Essa alegação está sendo considerada, desde logo, com a devida cautela e as reservas necessárias. Deverá ser esclarecida em toda a sua extensão no curso do inquérito policial.

CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA  reconheceu  sua  autoria no  cometimento  das  fraudes  da  UNIVERSIDADE  FEDERAL  DO  PARANÁ/UFPR  e afirmou  que  agiu  em  conluio  com  TANIA  MÁRCIA  CATAPAN  e  MARIA  ÁUREA ROLAND, ex­servidora da UFPR. Negou o envolvimento de seus superiores hierárquicos na fraude, os quais confiavam em sua pessoa, bem como não tinham conhecimento dos ilícitos os  demais  servidores  públicos  que  assinaram  os  processos  de  pagamento  irregulares. Entretanto, afirmou que tinham condições de apurar a ocorrência das fraudes.

TANIA  MARCIA  CATAPAN  negou  participação  nos  fatos,  embora  tenha reconhecido o vínculo com vários dos investigados.

O conteúdo dos interrogatórios das pessoas em favor das quais houve depósitos de  recursos  desviados,  mais  os  documentos  bancários  já  analisados  (ainda  não disponibilizados na integralidade pelos bancos), para além das pessoas de CONCEIÇÃO  e TÂNIA, revelam a atuação relevante e estratégica na maior parte das operações fraudulentas de GISELE APARECIDA ROLAND. Também participaram da fraude de forma relevante  MÁRCIA  CRISTINA  CATAPAN,  MELINA  DE  FÁTIMA  CATAPAN,  JORGE  LUIZ BINA FERREIRA, MARIA ÁUREA ROLAND e  ANEILDA JOSEFA DE JESUS.

Além  das  declarações  dos  beneficiários  formais  dos  recursos  desviados  no sentido  de  que  "cederam"  suas  contas  bancárias  a  pedido  das  principais  investigadas  e respectivos familiares, muitos mediante o recebimento de módica contraprestação pecuniária e outros por simples favor, foi possível aferir a proximidade existente entre MARIA AUREA

ROLAND,  GISELE  APARECIDA  ROLAND,  JORGE  LUIZ  BINA 

FERREIRA,  MÁRCIA  CRISTINA  CATAPAN,  MELINA  DE  FÁTIMA  CATAPAN  com  as  já  investigadas  CONCEIÇÃO  MENDONÇA  e  TANIA  CATAPAN,  o  que  corrobora a  participação no esquema fraudulento de desvio de recursos públicos da UFPR.

TANIA  MARCIA  CATAPAN  é  mãe  de  MÁRCIA  CRISTINA  CATAPAN (conhecida como 'KITI') e de MELINA DE FÁTIMA CATAPAN. Segundo declarações que instruem  a  investigação,  todas  as  três  teriam  atuado  diretamente  na  cooptação  de  terceiros para figurar como beneficiários formais dos recursos e elas seriam as reais beneficiárias finais das verbas desviadas.

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MARIA  ÁUREA  ROLAND  é  funcionária  aposentada  da  UFPR  e  amiga  de CONCEIÇÃO MENDONÇA e de TANIA CATAPAN. É mãe de GISELE APARECIDA ROLAND  e  sogra  de  JORGE  LUIZ  BINA  FERREIRA  (companheiro  de  GISELE ROLAND e sócio administrador da empresa REAGEN PRODUTOS QUÍMICOS LTDA. ­ ME,    empresa  fornecedora  da  UFPR  e  já  envolvida  em  fraudes  objeto  de  apuração  no Inquérito  Policial  nº  0991/2009­4­SR/DPF/PR,  apuração  essa  que  teve  como  objeto  a apuração da conduta de CONCEIÇÃO MENDONÇA quanto a pagamentos irregulares em favor da empresa!).

As  declarações  prestadas  pelos  beneficiários  formais  das  Bolsas  de  Estudo pagas  ilicitamente  pela  UFPR  revelaram  quatro  grandes  destinos  dos  recursos  públicos desviados:

a)  Contas  bancárias  titularizadas  por  terceiros  integrantes  do  círculo  de amizade/convivência das principais investigadas:

Constatou­se  a  frequente  e  contínua  utilização  de  contas  bancárias  dos beneficiários  formais  para  o  desvio  de  recursos  públicos,  na  maioria  das  vezes  de  forma remunerada  (de  no  máximo  R$  1.000,00  mensais)  e  também  mediante  uso  de  algum argumento  aparentemente  factível  para  o  convencimento  dos  titulares  das  contas  para  que cedessem  gratuitamente  seu  uso.  Posteriormente  aos  recebimentos,  os  recursos  eram repassados  às  coordenadoras  das  fraudes  mediante  saques  em  espécie  ou  transferências bancárias.

Nessas circunstâncias é que foi apurada a atuação de GISELE  APARECIDA ROLAND,  ANEILDA  JOSEFA  DE  JESUS,  CONCEIÇÃO  ABADIA  DE  ABREU MENDONÇA, TANIA MARCIA CATAPAN e MARCIA CRISTINA CATAPAN. 

Grande  parte  dos  destinatários  formais  dos  recursos  públicos  desviados afirmou a participação de GISELE APARECIDA ROLAND, CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU  MENDONÇA  e  TANIA  MARCIA  CATAPAN  nas  fraudes,  isoladamente,  em conjunto  ou  por  intermédio  de  terceiros/familiares.  Destaque­se  que  as  pessoas  abaixo indicadas não são as únicas beneficiárias formais da fraude coordenada pelas investigadas. A referência é exemplificativa e evidencia a convergência para os mesmos destinatários efetivos e o mesmo modus operandi.

Especificamente  em  relação  a  cada  uma  das  investigadas,  têm­se  os  seguintes elementos de prova até agora revelados pela apuração policial:

a.1) GISELE APARECIDA ROLAND:

Foi  ela  que  pessoalmente  pediu  'emprestada'  a  conta  bancária  de  DIRLENE ESMANHOTO para, alegadamente, receber valores da UFPR destinados a sua mãe (MARIA ÁUREA),  aposentada  daquela  instituição.  Aceitou,  por  serem  amigas  há  25  anos. Mensalmente restituía o montante integralmente via transferência eletrônica diretamente para as  contas  de  MARIA  ÁUREA  e  de  GISELE.  Extratos  bancários  apresentados  por  seu advogado comprovaram os fatos. Total desviado nessa operação: R$ 117.500,00.

Procedimento  idêntico,  inclusive  servindo­se  dos  mesmos  argumentos,  teria ocorrido  quanto  ao  dinheiro  depositado  na  conta  bancária  de  ALCENI  MARIA  DE OLIVEIRA. Ela mesma sacava os valores em espécie em casas lotéricas e agência da CEF, entregando diretamente a GISELE. Afirma conhecer, também, a pessoa de CONCEIÇÃO. Total desviado nessa operação: R$ 228.400,00. 

Já  ELIANE  CAMARGO,  também  investigada  por  ter  tido  creditados  valores em suas contas bancárias, informou trabalhar como maquiadora e depiladora há mais de 20 anos,  estando  estabelecida  cerca  de  100  metros  distantes  da  sede  da  UFPR. GISELE era sua cliente assídua e em geral a presenteava com generosas gorjetas. As gorjetas muitas  vezes  fizeram  com  que  tenha  sido  efetivamente  pago  pelo  serviço  o  dobro  do  valor

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cobrado.  Em  dado  momento,  GISELE  disse  que  precisava  de  uma  conta  bancária  para receber os depósitos de seu salário porque estava devendo no banco e, assim, evitaria que o dinheiro  fosse  apropriado  pela  instituição  como  pagamento  pelo  débito  existente.  ELIANE cedeu aos pedidos e informou seus dados. Os depósitos ocorreram em alguns meses, ocasiões em que sacava os valores e, ato contínuo, GISELE já depositava em uma terceira conta. Em dado  momento,  concluiu  que  poderia  ter  problemas  com  a  Receita  Federal  e  se  recusou  a continuar assim procedendo.  Afirmou que já visitou a casa da mãe de GISELE na cidade de Colombo/PR. Também disse que CONCEIÇÃO MENDONÇA e TANIA CATAPAN são suas clientes no salão de beleza. Conhece também ALVADIR BATISTA DA SILVA, uma vez que foi prestar serviços a ANEILDA JOSEFA DE JESUS ("Ani"), cuidadora de ALVADIR na casa dele. ANEILDA foi indicada como cliente de seus serviços profissionais por GISELE, pois eram muito amigas. Total desviado nessa operação: R$ 78.375,00.

Quanto  ao  beneficiário  ALVADIR  BATISTA  DA  SILVA,  restou  claro  que  se trata  de  pessoa  de  idade  avançada  e  acometida  de  diversos  problemas  de  saúde.  Sua cuidadora,  ANEILDA  JOSEFA  DE  JESUS,  foi  procurada  por  GISELE  para  que  cedesse uma conta bancária pois, segundo alegado por GISELE, deveria receber pensão alimentícia mensalmente  de  ex­marido  que  morava  no  exterior  sem  que  seu  atual  companheiro  tivesse conhecimento. Prometeu uma remuneração de R$ 500,00 para cada saque efetuado. Por isso, enquanto guardiã de ALVADIR, informou os dados bancários dele, uma vez que incumbia a ela  administrar  os  recursos  do  idoso.  Sacava  os  valores  e  entregava  em  mãos  de GISELE. Total desviado nessa operação: R$ 46.700,00.

PAULO ROLAND BOGADO é sobrinho de GISELE. Ela pediu a ele a cessão de  uso  de  sua  conta  bancária  para  receber  valores  pois,  supostamente,  se  encontrava  com restrições cadastrais. Ofereceu R$ 1.000,00 a cada depósito. Ele próprio sacava o dinheiro e o entregava,  em  espécie,  já  descontada  a  sua  remuneração,  para  GISELE.  Afirmou  que conhece  de  vista  CONCEIÇÃO,  que  trabalha  na  UFPR.  Esclarece  que  sua  tia  GISELE também conhece CONCEIÇÃO. Total desviado nessa operação: R$ 318.850,00.

GISELE também pediu a seu então namorado CARLOS BOGADO sua conta corrente  'emprestada'  sob  o  fundamento  de  que  estava  se  separando  e  precisava  manter valores a salvo do ex marido. Esclareceu que a irmã de GISELE, Márcia Regina Roland é servidora da UFPR e foi casada com seu irmão Paulo Bogado. A movimentação da conta era feita, na prática, diretamente por GISELE. Total desviado nessa operação: R$ 271.525,00.

MÁRCIO  ROLAND  é  irmão  de  GISELE.  Esclareceu  que  ela  vive  com JORGE  LUIZ  BINA  FERREIRA,  proprietário  da  REAGEN  PRODUTOS  DE LABORATÓRIO  LTDA.  ­  ME,  fornecedora  do  laboratório  da  UFPR.  Disse  conhecer CONCEIÇÃO MENDONÇA, pois é/foi muito amiga de GISELE, frequentando a casa de MARIA ÁUREA ROLAND. 

Assevera que o casal JORGE/GISELE enriqueceu  rapidamente.  Já  encontrou documentos de empenho da UFPR em favor da REAGEN na casa de sua mãe, desconfiando de que havia superfaturamento. Afirma que produtos eram vendidos e não entregues à UFPR. Viu CONCEIÇÃO entregando pacotes de dinheiro para GISELE na casa de sua mãe. Sabe que era de dinheiro pois abriu um deles. 

Certa vez, GISELE  pediu  para  utilizar  a  conta  bancária  de  MÁRCIO  porque, alegadamente,  vendera  imóveis.  Ele  aceitou  e  depois  sacava  os  valores  em  espécie  e entregava a sua irmã. Desconfiado, efetuou alguns levantamentos e descobriu que GISELE, JORGE e CONCEIÇÃO desviavam recursos da UFPR. Questionada, CONCEIÇÃO  teria admitido  a  fraude  e  oferecido  dinheiro  em  troca  do  seu  silêncio.  GISELE  também reconheceu em particular as práticas criminosas. Segundo soube, sua irmã estaria ameaçando e exigindo mais dinheiro de CONCEIÇÃO, tendo contratado dois indivíduos para esse fim,

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os quais diziam ser policiais. Afirmou não conhecer TANIA, mas disse que já ouvira menção a seu nome por parte de GISELE, segundo a qual TANIA também participava do esquema criminoso. Total desviado nessa operação: R$ 81.000,00.

Somados,  os  valores  desviados  somente  por  meio  dos  beneficiários  formais acima  referidos,  todos  diretamente  vinculados  às  condutas  de  GISELE  APARECIDA ROLAND, causaram prejuízo aos cofres públicos, em valores históricos, no montante de R$ 1.142.350,00.

a.2) ANEILDA JOSEFA DE JESUS:

  LUZINETE  SAMPAIO  afirmou  que  abriu  uma  conta  no  Banco  do  Brasil atendendo  a  pedido  expresso  de  ANEILDA  JOSEFA  DE  JESUS,  sua  vizinha  no condomínio onde mora. O argumento oferecido foi o de que "Ani" precisava receber um valor proveniente  do  exterior  destinado  a  uma  amiga  e  que  não  possuía  conta  bancária.  Então, procedeu à abertura e entregou o cartão e a senha, mediante promessa de recebimento de R$ 200,00  mensalmente.  Nunca  recebeu  valor  algum,  pois  lhe  foi  dito  que  jamais  teria  havido depósitos. Total desviado nessa operação: R$ 29.000,00.

ALVADIR  BATISTA  DA  SILVA  declarou  ser  aposentado,  desconhecer  os valores  movimentados  em  sua  conta  bancária,  a  qual  é  gerida  por  sua  sua  companheira ANEILDA JOSÉ DE JESUS. Total desviado na operação: R$ 46.700,00.

Perante a Autoridade Policial, ANEILDA JOSÉ DE JESUS declarou conhecer a pessoa de GISELE ROLAND, a qual lhe pediu sua conta bancária emprestada para receber pensão alimentícia para seu filho menor de seu ex­marido, sendo que não poderia utilizar sua própria  conta  em  razão  de  ciumes  de  seu  atual  companheiro.  Declarou  que,  para  tanto,  e mediante  promessa  de  contraprestação  pecuniária  de  R$  500,00  por  saque  (que  nunca  foi paga),  disponibilizou  a  GISELE  sucessivamente  contas  bancárias  de  titularidade  de  seu companheiro ALVADIR BATISTA DA SILVA e de sua vizinha LUZINETE SAMPAIO.

Dessa forma, os valores acima referidos são também vinculados às condutas de GISELE ROLAND (R$ 75.700,00).

a.3) CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA:

MARIA  ALBA  AMORIN  SUARES,  PEDRO  AMORIM  SUAREZ,  MARIA EDUARDA  SUAREZ  CAMPOS  e  PATRICIA  VARGAS  DA  SILVA  DO  NASCIMENTO, todos  residentes  no  Mato  Grosso  do  Sul  e  beneficiários  formais  de  recursos  desviados, afirmaram  que,    por  pedido  direto  de  CONCEIÇÃO  e  mediante  recebimento  de contraprestação pecuniária mensal que variava de R$ 500,00 a R$ 1.000,00, cederam contas bancárias  de  sua  titularidade  para  CONCEIÇÃO  sem  saber  que  seria  para  o  recebimento direto  dos  depósitos  dos  valores  desviados  da  UFPR.  Os  recursos  depositados  eram posteriormente  sacados  e/ou  transferidos  para    contas  bancárias  de  CONCEIÇÃO  ou  de terceiros por ela indicados. Total desviado nessas operações: R$ 1.820.065,10 (R$ 739.489,00 + R$ 638.376,10 + R$ 283.350,00 + R$ 158.850,00).

ELIANE  DE  FARIAS,  beneficiária  formal  de  recursos  públicos  desviados, afirmou que abriu uma conta bancária a pedido de CONCEIÇÃO para supostamente receber valores  de  fornecedores,  mediante  contraprestação  pecuniária  de  R$  100,00.  Aduziu  que  o cartão  de  movimentação  da  conta  foi  entregue  em  mãos  de  CONCEIÇÃO,  jamais  tendo ficado na posse daquele. Esclareceu ter ocorrido o saque no caixa de R$ 15.000,00 ao menos em  dez  ocasiões.  Disse  não  conhecer  TANIA  CATAPAN.  Total  desviado  por  meio  dessa conta: R$ 191.150,00.

Somente no que diz respeito aos beneficiários formais acima citados, os valores desviados  relacionados  direta  e  exclusivamente  ao  nome  de  CONCEIÇÃO  MENDONÇA totalizaram a importância histórica de R$ 2.011.215,10.

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a.4) CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA, TANIA MARCIA CATAPAN  e  MARCIA  CRISTINA  CATAPAN  (implicadas  em  conjunto  por beneficiários formais):

EDER TIDRE é companheiro de MELINA FÁTIMA CATAPAN  e  genro  de TANIA CATAPAN. Afirmou que cedeu conta bancária a pedido de CONCEIÇÃO. Sacava em espécie e restituía os valores, exceto um montante de R$ 200,00 a R$ 600,00 que ficava pra si, dependendo do total do saque. Segundo ele, CONCEIÇÃO afirmara que era dinheiro a ser pago a fornecedores. Total desviado nessa operação: R$ 515.350,00.

DANIEL BORGES MAIA é ex­genro de TANIA CATAPAN. Foi casado com MÁRCIA  CRISTINA  CATAPAN.  Afirmou  que  cedeu  conta  bancária  a  pedido  da  então sogra. Disse que o cartão ficava na posse de TANIA. Que não recebeu remuneração alguma por isso. Que conhece CONCEIÇÃO pois era amiga de sua sogra a viu duas vezes na casa de TANIA. Que conhece CHERRI FRANCINE CONCER porque sua ex esposa MÁRCIA CATAPAN  era  amiga  e  cliente  do  salão  de  beleza.  ANDREA  BEZERRA  e  DAYANE SANTOS  são  amigas  de  TANIA  e  MARCIA.  Disse  que  MARCOS  FISCHER  é  primo  de TANIA e MICHELA NOTTI é muito próxima de MARCIA CATAPAN, sendo proprietária da escola em que o filho deles estuda. Total desviado nessa operação: R$ 583.150,00.

MARCO  AURÉLIO  FISCHER  disse  que  emprestou  sua  conta  bancária  a CONCEIÇÃO para que fosse por ela utilizada. Recebia R$ 300,00 por mês por isso. Afirma que TANIA CATAPAN é sua prima. Conhece CHERRI FRANCINE CONCER, cabeleireira. Afirmou  que  ANDREA  BEZERRA  é  amiga  de  TANIA  CATAPAN.  Conheceu  DANIEL MAIA  por  meio  de  TANIA.  Já  presenciou  MICHELA  na  casa  de  MARCIA  CATAPAN. Também  informou  que  viu  GRACIELA  MUNIZ  na  casa  de  TANIA  por  ocasião  de  um aniversário.  EDER  TIDRE  é  genro  de  TANIA  CATAPAN.  Afirmou  que  cedeu  conta bancária a pedido de CONCEIÇÃO. Sacava em espécie e restituía os valores. Afirmou que deliberadamente  não  queria  saber  qual  seria  a  origem  dos  valores.  Total  desviado nessa operação: R$ 447.050,00.

CHERRI  CONCER  é  cabeleireira  e  afirmou  conhecer  TANIA  e  MARCIA CATAPAN (madrinha de seu filho). Há alguns anos tanto MARCIA quanto CONCEIÇÃO propuseram  que  ela  ingressasse  no  programa  de  pesquisas  da  UFPR,  o  que  não  ocorreu  à época. Cedeu sua conta bancária a TANIA para que essa utilizasse, porque acreditou no que ela  havia  dito  no  sentido  de  que  estava  com  o  'nome  sujo'.  Não  recebeu  remuneração  em dinheiro, mas alguns auxílios em necessidades do salão e de casa tanto de TANIA como de MARCIA. Afirmou conhecer CONCEIÇÃO por intermédio de MÁRCIA há muito tempo. Disse  que  MARCOS  FISCHER  é  primo  de  TANIA.  MICHELLA  NOTTI,  DAYANE SANTOS  MELLO  e  MARCIA  CATAPAN  formam  um  grupo  de  amigas.  Conheceu MICHELLA  por  intermédio  de  MARCIA  e  DAYABE  e  CHARLENE  por  meio  de MICHELLA.  EDER  TIDRE  é  genro  de  TANIA  CATAPAN.  Afirmou  que  cedeu  conta bancária a pedido de CONCEIÇÃO. Sacava em espécie e restituía os valores, não recebendo um percentual dos valores, mas TANIA CATAPAN e MARCIA CRISTINA CATAPAN lhe ajudava  com  necessidades  de  casa  e  do  salão  de  beleza,  como  alimentos,  móveis,  etc. Afirmou  ainda  que  conhece  CONCEIÇÃO  MENDONÇA  desde  a  época  em  que  tem relacionamento pessoal com a sua “comadre” MARCIA CATAPAN e a encontra em eventos familiares  de  TANIA  CATAPAN.  Disse  que  MARCOS  AURÉLIO  FISCHER  é  seu conhecido, pois é parente de TÂNIA. É amiga de MICHELA DO ROCIO SANTOS NOTTI há mais de 20 anos, tendo­a conhecido por meio de MARCIA CATAPAN. Que MICHELA, DAYANE  SILVA  DOS  SANTOS,  CHARLENE  DE  MELLO  e  MARCIA  CATAPAN formam um grupo de amigas. DAYANE SILVA DOS SANTOS e CHARLENE DE MELLO são suas amigas desde que também conhece MICHELA. Total desviado nessa operação: R$ 624.400,00.

MICHELLA  NOTTI  disse  ser  amiga  desde  a  infância  de  MARCIA CRISTINA  CATAPAN  ("KITI"),  por  meio  da  qual  conheceu  TANIA  CATAPAN  e CONCEIÇÃO  MENDONÇA.  A  despeito  de  ter  recebido  valor  expressivo  em  sua  conta

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bancária, negou conhecer os fatos. Pode atestar, contudo, a teia de relacionamentos que une vários  dos  beneficiários  a  TANIA  e  MÁRCIA,  bem  assim  a  proximidade  entre  TANIA  e CONCEIÇÃO. Total desviado nessa operação: R$ 201.000,00.

CONCEIÇÃO pediu a ANDREA BEZERRA em 2013 que 'emprestasse' uma conta  bancária  para  pagamento  de  fornecedores  da  UFPR.  Recebia  cerca  de  R$  500,00 mensais  por  isso.  O  cartão  magnético  ficava  de  posse  de  CONCEIÇÃO,  que  garantia  que não havia nenhuma ilegalidade nisso. Não tem ideia do quanto de dinheiro circulou na conta nem sabe seu destino. Conhece TANIA CATAPAN, por ter trabalhado com sua filha por um tempo. Também conhece vários dos outros beneficiários e expõe, também, a relação existente entre eles, TANIA e MARCIA. Já elaborou declaração de IRPF para Graciela Ines Bolzon de Muniz. EDER TIDRE é genro de TANIA CATAPAN. Afirmou que cedeu conta bancária a pedido de CONCEIÇÃO. Segundo ela, CONCEIÇÃO afirmara que era dinheiro a ser pago a fornecedores. Total desviado nessa operação: R$ 588.850,00.

DAYANE  SILVA  DOS  SANTOS  (irmã  de  MYDHIA  e  de  CHARLENE) esclareceu que sua conta é movimentada na prática por CONCEIÇÃO desde 2013, a quem conheceu  por  meio  de  TANIA  e  MARCIA  CATAPAN,  que  são  suas  amigas  há  18  anos. Recebia  de  R$  400,00  a  R$  500,00  mensais  por  isso.  O  cartão  magnético  foi  entregue  a CONCEIÇÃO e os saques eram feitos por ela e por MARCIA CATAPAN. A oferta foi feita por CONCEIÇÃO na casa de MARCIA. Também esclareceu sobre as relações entre outros envolvidos com TANIA e MARCIA. DAYANE ofereceu a possibilidade de cessão de contas a  suas  irmãs  MYDHIA  e  CHARLENE,  tendo  em  ambos  os  casos  sido  elas  contatadas  por CONCEIÇÃO, após pedido feito pela interroganda a MARCIA CATAPAN. Total desviado nessa operação: R$ 552.450,00.

MYDHIA  conheceu  MARCIA  CATAPAN  e  TANIA  CATAPAN  porque  tem um  salão  de  beleza  móvel  e  as  atendia  em  casa.  Tornaram­se  amigas.  MARCIA  hoje  é madrinha de seu filho. Em 2015 MARCIA solicitou a abertura de uma conta na CEF, sob o fundamento  de  possuir  restrição  cadastral.  O  cartão  da  conta  ficava  com  MARCIA. Desconfiada,  pediu  o  cartão  de  volta.  Nunca  recebeu  valor  algum  por  isso.  Total  desviado nessa operação: R$ 49.000,00.

CHARLENE DE MELO disse que participa de grupo de amigas no WhatsApp, do  qual  fazem  parte  suas  irmãs,  bem  como  MICHELA  e  CONCEIÇÃO.  A  pedido  desta cedeu sua conta corrente e cartão magnético para que fossem efetuados depósitos. Recebeu R$ 500,00 por isso. Afirma ter uma amiga chamada "KITI" que foi quem lhe apresentou, em casa,  CONCEIÇÃO.  Não  ficou  para  si  com  nada  além  dos  R$  500,00.  Total  desviado nessa operação: R$ 49.000,00.

Essas operações totalizam o montante de R$ 3.610.250,00 e envolvem os nomes de  CONCEIÇÃO,  TANIA  e  MARCIA,  não  estando  ainda  suficientemente  esclarecido acerca  do  quanto  foi  destinado  diretamente  a  cada  uma  delas  ao  final.  Somente  com  a apresentação  de  todos  os  extratos  bancários  e  a  análise  dos  depoimentos/interrogatórios  de todos os envolvidos será possível uma constatação mais acurada.

b) Aquisição de Joias

Também a partir de declarações prestadas por beneficiários formais dos recursos públicos desviados, verificou­se que a final destinação de parte do numerário foi a aquisição de  joias  diretamente  por  CONCEIÇÃO  e  TÂNIA,  conduta  essa  que  pode  tanto  significar materialidade da conduta de peculato como também o crime de lavagem de dinheiro.

Nesse  sentido  relevante  foram  as  declarações  prestadas  pela  investigada ANDRÉIA SCHLOGL. Informou que trabalha há 20 anos com venda de joias e semijoias. Disse que seu marido é aposentado há 15 anos da UFPR. Tem renda mensal de cerca de R$ 3.000,00. Realizou vendas de joiais para CONCEIÇÃO e TANIA em 2005, tendo retomado em 2013 as negociações, que se tornaram cada vez mais frequentes. Esclareceu que, pelo que recorda, CONCEIÇÃO realizou pagamentos também em espécie e em cheque. Que TANIA

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pagava também em dinheiro. Por fim, as transferências bancárias da conta da UFPR para a sua  conta  bancária  pessoal  foram,  todas,  para  pagamento  de  joias.  Total  desviado nessa operação: R$ 272.000,00.

Idêntica  situação  envolveu  IVANI  CLEVE  COSTA.  Disse  ser  vendedora autônoma com renda mensal de R$ 5.000,00 decorrente do comércio de joias. Confirmou que recebeu  os  valores  descritos  no  relatório  do  TCU,  mas  como  pagamento  pelas  vendas  dos produtos  a  CONCEIÇÃO,  desconhecendo  a  sua  proveniência  ilícita.  Conhece CONCEIÇÃO  e  TANIA  há  20  anos.  Não  tem  vendido  joias  a  esta  última.  Total  desviado nessa operação: R$ 78.923,00.

c)  Pagamento  de  honorários  advocatícios  para  encaminhamento  de  questões jurídicas pessoais de CONCEIÇÃO MENDONÇA

 A partir das declarações prestadas por ARTUR DA SILVA FILHO, beneficiário direto  de  pagamentos  pela  UFPR,  verificou­se  que  CONCEIÇÃO  ABADIA  DE  ABREU MENDONÇA efetuou o pagamento por serviços de assessoria jurídica prestados por aquele com dinheiro que deveria ter sido utilizado para pagamento de bolsas de pesquisa. ARTUR, advogado,  fora  contatado  por  ADHEMAR  ABREU  MENDONÇA,  irmão  da  servidora  da UFPR  e  seu  vizinho,  para  regularizar  um  imóvel  em  Campo  Grande/MS  pertencente  à família. Cobrou R$ 2.000,00 de honorários, aos quais foram adicionados os custos de ITBI, notariais  e  registrais.  Ao  fim,  tudo  foi  devidamente  saldado  com  dinheiro  sangrado  dos Cofres Públicos. Total desviado nessa operação: R$ 17.400,00.  

d) Aquisição de Roupas

Parte dos recursos públicos desviados por meio da fraude objeto de investigação tiveram como destino final o pagamento de roupas adquiridas por CONCEIÇÃO, para si e também  para  suas  filhas.  O  pagamento  da  despesa  deu­se  mediante    a  inserção  da comerciante como bolsista da UFPR.

Nesse sentido foram as declarações prestadas por JOICE CAVICHON. Quando interrogada,  Joice  afirmou  que  comercializa  roupas  e  CONCEIÇÃO  MENDONÇA  é  sua cliente há 10 anos. Estima que ela comprava cerca de R$ 15.000,00 anuais, havendo alguns anos em que esse valor era superior a esse patamar. As compras eram em grande quantidade e se  destinavam  à  própria  adquirente  e  a  suas  filhas.  Os  pagamentos  eram  mensais.  Afirmou desconhecer  a  origem  dos  valores.  Sabia  que  CONCEIÇÃO  era  servidora  da  UFPR. Conhece  TANIA  CATAPAN  porque  era  a  pessoa  que  estava  na  companhia  de CONCEIÇÃO quando das compras de roupas. Disse que os valores globais eram inferiores àquele  cujo  recebimento  lhe  fora  atribuído  na  investigação.  Total  desviado  nessa  operação: R$ 101.195,00.

2.2. Análise documental parcial do fluxo financeiro dos valores desviados Mais  detalhes  acerca  do  papel  de  cada  um  dos  envolvidos,  inclusive  com  o acréscimo  de  algumas  pessoas  cujos  envolvimentos  até  então  não  eram  conhecidos,  bem como  do  caminho  percorrido  pelas  importâncias  desviadas,  foram  apresentados  pela Autoridade  Policial  em  sua  representação  complementar,  fornecendo  o  suporte  fático necessário para amparar e ampliar as afirmações dos investigados colhidas após a efetivação de suas prisões temporárias no último dia 15/02.

A  analise  dos  documentos  de  movimentações  de  contas  bancárias disponibilizados até agora somente pela Caixa Econômica Federal revelou a participação de  outras  pessoas  no  esquema  de  fraude  conduzido  pelas  investigadas  CONCEIÇÃO, TANIA, MARIA ÁUREA e GISELE.

A despeito de representar um cenário parcial, o resultado não é por isso menos estarrecedor  e  fornece  a  verossimilhança  indispensável  para  corroborar  o  panorama descortinado a partir das declarações dos investigados.

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Cabe destacar, ainda, que muitas vezes os valores eram sacados em dinheiro no caixa diretamente por CONCEIÇÃO, TÂNIA e GISELE, as quais mantinham em sua posse os  cartões  magnéticos  dos  correntistas  que  por  elas  foram  utilizados  como  verdadeiros "laranjas".  Essas  operações,  portanto,  não  foram  objeto  de  análise  acima  porque  não  são passíveis de rastreio eletrônico de transferência. Por enquanto, as declarações prestadas pelos investigados  quando  de  seus  interrogatórios  servem  como  ponto  de  partida  para  a constatação do destino de parte do dinheiro apropriado por elas dos Cofres Públicos. Tem­se, assim,  um  indicativo  seguro  de  como  eram  as  ações  das  investigadas  para  se  apossarem concretamente  dos  valores  que  desviavam  da  UFPR  nos  casos  em  que  não  era  feita transferência bancária direta para suas contas ou de seus parentes próximos.

A  título  exemplificativo,  do  total  de  R$  739.489,00  recebidos  irregularmente por  MARIA  ALBA,  R$  687.959,19  foram  sacados  e  em  ato  continuo  repassados  para CONCEIÇÃO, conforme declarado

A  análise  dos  documentos  bancários  até  o  momento  disponibilizados  revelou que  contas  geridas  na  prática  por  CONCEIÇÃO  MENDONÇA,  TÂNIA  CATAPAN  e GISELE  ROLAND  bem  como  por  familiares  muito  próximos  dessas,  recepcionaram recursos  decorrentes  de  transferências  bancárias  realizadas  a  partir  de  contas  tituladas  por diversos dos beneficiários formais dos recursos públicos desviados.

Conforme  consignado  na  representação  policial  em  análise,  a  partir  da documentação até o momento disponibilizada somente pela Caixa Econômica Federal, as contas a seguir analisadas receberam R$ 5.129.839,00 da Universidade Federal do Paraná, por  meio  de  550  transferências,  conforme  a  seguinte  distribuição  por  montante  de  valores recebidos:

CPF­CNPJ/ Nome/Banco/Agência/Conta/Quantidade/Soma

Os maiores destinatários das contas dos beneficiários da UFPR, adotando­se a linha de corte de recebimento de mais de R$ 20.000,00 no período analisado foram:

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Também  foi  demonstrada  contínua  movimentação  bancária  entre  beneficiários formais de valores repassados pela UFPR a TANIA MARCIA CATAPAN e seus familiares.

TÂNIA  CATAPAN  recebeu  R$  250.400,00  em  transferências  bancárias originadas  a  partir  das  contas  titularizadas  por  ANDRÉA  CRISTINE  BEZERRA  (57 operações,  no  valor  total  de  R$  135.500,00);  DANIEL  BORGES  LIMA  (24  operações,  no valor toral de R$ 44.200,00); DAYANE SILVA DOS SANTOS (14 operações, no valor final de  R$  26.300,00);  MARCOS  AURÉLIO  FISCHER  (13  operações,  no  valor  total  de  R$ 22.050,00);  CHERRI  FRANCINE  CONCER  (5  operações,  no  valor  total  de  R$  9.350,00); EDER RIBEIRO TIDRE (3 operações, no valor total de R$ 7.500,00); e ELAINE SOUZA LIMA FARIAS (3 operações, no valor total de R$ 6.000,00).

Conta  titularizada  por  MÁRCIA  CRISTINA  CATAPAN,  filha  de  TÂNIA CATAPAN, recebeu R$ 459.765,00 em transferências efetuadas a partir de conta bancárias tituladas  por  CHERRI  FRANCINE  CONCER  (96  transferências,  no  montante  de  R$ 188.170,00);  DAYANE  SILVA  DOS  SANTOS  (85    transferências,  no  total  de  R$ 166.390,00),  MICHELA  DO  ROCIO  SANTOS  NOTTI  (29  transferências,  no  total  de  R$ 66.505,00);  DANIEL  BORGES  MAIA  (13  transferências,  no  total  de  R$  17.900,00); CHARLENE DE MELLO (3 transferências, no total de R$ 3.000,00); MYDHIA SILVA DOS SANTOS  (3  transferências,  no  total  de  R$  9.000,00);  EDER  RIBEIRO  TIDRE  (1 transferência, no valor de R$ 1.500,00); e ANDRÉA CRISTINE BEZERRA (1 transferência no valor de R$ 1.300,00).

Conta  titularizada  por  MELINA  DE  FÁTIAM  CATAPAN,  também  filha  de TÂNIA CATAPAN, recebeu transferências bancárias no montante de R$ 191.900,00, a partir de  contas  tituladas  por  EDER  RIBEIRO  TIDRE  (39  operações,  no  valor  total  de  R$ 73.650,00); MARCOS AURÉLIO FISCHER (34 operações, no valor total de R$ 60.100,00); DANIEL BORGES MAIA (29 operações, no valor total de R$ 34.400,00); ELAINE SOUZA LIMA  FARIAS  (15  operações,  no  valor  total  de  R$  22.400,00)  e  ANDRÉA  CRISTINE BEZERRA (2 operações, no valor total de R$ 1.350,00).

EDER RIBEIRO TIDRE, companheiro de MELINA DE FÁTIMA CATAPAN e  genro  de  TÂNIA  CATAPAN,  além  de  ser  beneficiário  formal  de  recursos  públicos desviados  da  UFPR,  também  recebeu  em  sua  conta  transferências  de  outros  beneficiários formais,  no  total  de  R$  165.150,00  (recebeu  transferências  de  DANIEL  BORGES  LIMA, ELAINE  SOUZA  LIMA  FARIAS  e  MARCOS  AURÉLIO  FISCHER).  A  partir  de  conta bancária  de  sua  titularidade  foram  realizadas  transferências  eletrônicas  de  recursos diretamente  em  favor  de  TÂNIA  CATAPAN,  CONCEIÇÃO  MENDONÇA,  MELINA CATAPAN, MÁRCIA CATAPAN e em seu próprio favor. A movimentação da conta 42360 de  EDER  RIBEIRO  TIDRE  aponta  que  ele  recebeu  R$  753.469,22  em  créditos,  sendo  R$

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515.350,00  em  transferências  diretas  da  UFPR  e  R$  165.150,00  provenientes  de  DANIEL BORGES MAIA, dele próprio EDER, de ELAINE SOUZA LIMA FARIAS e de MARCOS AURÉLIO  FISCHER.  Do  total  de  R$  753.469,22  que  foram  creditados  em  sua  conta,  R$ 753.423,75 foram posteriormente debitados. A análise bancária apontou desse montante total foram  sacados  da  conta  de  EDER  R$  608.696,50  no  período  sob  investigação.  Como anteriormente  registrado,  EDER  declarou  que  repassava  a  CONCEIÇÃO  os  recursos sacados.

CONCEIÇÃO  ABADIA  DE  ABREU  MENDONÇA  recebeu,  apenas mediante transferência bancária R$ 142.617,00 em recursos públicos desviados das bolsas da UFPR  provenientes  das  contas  mantidas  na  Caixa  Econômica  Federal  pelos  beneficiários MARIA ALBA DE AMORIN SUAREZ (31 operações, no total de R$ 57.150,00); CHERRI FRANCINE  CONCER  (15  operações,  no  total  de  R$  35.804,00);  ANDRÉA  CRISTINE BEZERRA  (7  operações,  no  total  de  R$  15.000,00);  MARCOS  AURÉLIO  FISCHER  (4 operações, no total de R$ 9.000,00); DANIEL BORGES MAIA (5 operações, no total de R$ 7.663,00); EDER RIBEIRO TIDRE (2 operações, no valor de 5.000,00); ALCENI MARIA DOS P. DE OLIVEIRA (1 operação de R$ 3.000,00); CHARLENE DE MELLO (1 operação de  R$  3.000,00);  MICHELA    DO  ROCIO  SANTOS  NOTTI  (1  operação  de  R$  3.000,00); MARCIO  RONALDO  ROLAND  (1  operação  de  R$  1.500,00);  MYDHIA  SILVA  DOS SANTOS (1 operação de R$ 1.500,00); e DAYANE SILVA DOS SANTOS (1 operação de R$ 1.000,00). Além de ser destinatária das transferências bancárias, CONCEIÇÃO era uma das beneficiária dos recursos em espécie sacados por EDER RIBEIRO TIDRE, ELAINE SOUZA LIMA FARIAS e MARIA ALBA DE AMORIM SUAREZ.

Inclusive foram verificadas transferências de recursos entre contas geridas por CONCEIÇÃO,  o  que  evidencia  intenção  de  ocultar  a  origem  espúria  do  numerário  e dificultar  o  rastreamento  de  seu  destinatário  final.  Nesse  sentido,  foram  verificadas transferências  a  partir  de  contas  titularizadas  pelos  beneficiários  formais  dos  recursos desviados  em  favor  de  CAMILA  MENDONÇA  SOVINSKI,  KELI  MENDONÇA SOVINSKI, filhas de CONCEIÇÃO MENDONÇA. Essa constatação evidencia o uso por CONCEIÇÃO  do nome de suas filhas para ocultar os recursos desviados, o que é provável também quanto à sua filha KARINA MENDONÇA SOVINSKI. Essa constatação evidencia o uso de nome de terceiro para ocultar os recursos desviados ­ possível crime de lavagem de dinheiro. A partir da documentação bancária disponibilizada pela CEF, foram verificados ainda  repasse  dos  recursos  desviados  da  UFPR  em  favor  de  ROSE  MARI  VACCARI,  no montante  de  R$  26.000,00  a  partir  de  transferências  de  contas  titularizadas  por  ANDREA CRISTINE BEZERRA, DANIEL BORGES MAIA e MARCOS AURÉLIO FISCHER.

Novamente  oportuno  relembrar  que  perante  a  Autoridade  Policial,  ANDREA CRISTINE  BEZERRA  e  MARCOS  AURÉLIO  FISCHER  afirmaram  que  suas  contas bancárias  que  recepcionaram  os  valores  desviados  da  UFPR  eram  movimentadas por CONCEIÇÃO MENDONÇA, a qual tinha a posse dos respectivos cartões. Por sua vez, DANIEL BORGES MAIA afirmou que abriu a conta que recepcionou os valores desviados da  UFPR  a  pedido  de  CONCEIÇÃO  MENDONÇA,  a  qual  tinha  a  posse  do  respectivo cartão.

Há  indicativos,  ainda,  de  participação  no  esquema  criminosos  de  outros familiares de CONCEIÇÃO: seu irmão ADHEMAR ABREU MENDONÇA e seu sobrinho JOSÉ RAPHAEL MARTINS MENDONÇA.

Em  declarações  à  autoridade  policial,  CONCEIÇÃO  MENDONÇA  declarou ser  de  sua  propriedade  o  apartamento  em  Campo  Grande/MS  onde  reside  seu  irmão ADHEMAR ABREU MENDONÇA, imóvel esse que provavelmente é produto do crime de lavagem de dinheiro, situação que necessita ser mais aprofundada. Destaque­se o fato de que diversos dos beneficiários formais dos recursos desviados afirmaram ter repassado dinheiro em espécie para CONCEIÇÃO.

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Registre­se mais uma vez que ARTUR DA SILVA FILHO, beneficiário direto de pagamentos pela UFPR, justificou o recebimento de valores de CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA com a prestação de serviços de assessoria jurídica, contratados por  seu  vizinho  ADHEMAR  ABREU  MENDONÇA  (irmão  de  CONCEIÇÃO),  para regularização  de  um  imóvel  em  Campo  Grande/MS  pertencente  à  família.  Esclareceu  que cobrou R$ 2.000,00 de honorários, aos quais foram adicionados os custos de ITBI, notariais e registrais. Ao fim, tudo foi devidamente saldado com dinheiro sangrado dos Cofres  Públicos. Total desviado nessa operação: R$ 17.400,00.

Por outro lado, verificou­se que JOSÉ RAPHAEL MARTINS MENDONÇA o filho  de  ADHEMAR  ABREU  MENDONÇA,  sobrinho  de  CONCEIÇÃO  e  residente  em Campo Grande, figurou como beneficiário de pagamento por parte de UFPR (R$ 800,00) em 17/06/2013,  operação  essa  posteriormente  cancelada.  Há  indícios,  portanto,  da  utilização também de seu nome na fraude objeto de investigação, o que também necessita ser melhor esclarecido.

Também  foram  verificados  repasses  de  valores  dos  beneficiários  formais  de recursos desviados da UFPR para GISELE APARECIDA ROLAND, assim como para sua mãe MARIA  ÁUREA  ROLAND  e  seu  companheiros  JORGE  LUIZ  BINA  FERREIRA (sócio  administrador  da  empresa  REAGEN  Produtos  Laboratoriais  Ltda.  ­  ME).  Essa constatação  corrobora  declarações  prestadas  por  diversos  dos  beneficiários  formais  dos recursos públicos desviados no sentido de que cederam suas contas bancárias para GISELE APARECIDA ROLAND.

Seguramente não por mera casualidade, sua mãe, MARIA ÁUREA ROLAND, servidora  aposentada  de  UFPR  e  amiga  de  CONCEIÇÃO  e  TANIA,  recebeu  mediante transferências bancárias na importância de R$ 38.000,00, provenientes de ALCENI MARIA DOS P DE OLIVEIRA (R$ 22.000,00, mediante oito operações); DIRLENE DAS CHAGAS LIMA  (R$  6.000,00,  mediante  duas  operações);  NORBERTO  FERREIRA  DOS  SANTOS (R$  6.000,00,  mediante  2  operações);  e  MARCIO  RONALDO  ROLAND  (R$  4.600,00, mediante 5 operações).

Como bem observado na representação policial:

Recorde­se  que  ALCENI  MARIA  DOS  PASSOS  DE  OLIVEIRA,  grau  de  instrução  ensino fundamental  incompleto,  artesã,  afirmou  que  sua  amiga  GISELE  APARECIDA  ROLAND pediu emprestada a conta corrente da interrogada na Caixa Econômica Federal para receber supostos valores de sua mãe, MARIA ÁUREA ROLAND. Deslocou­se várias vezes em casas lotéricas e agências da CEF junto com GISELE para sacar os valores, sendo que era GISELE quem  a  busca  e  a  a  levava  no  banco  para  efetuar  os  saques.  Conhece  CONCEIÇÃO MENDONÇA.

Relembre­se que DIRLENE DAS CHAGAS LIMA ESMANHATO, empresária dona de cancha de futebol, segundo grau completo, afirmou que foi procurada no ano de 2013 por sua amiga GISELE APARECIDA ROLAND, que lhe pediu “emprestada” a sua conta bancária para que nela fossem depositados valores provenientes da UFPR destinados à mãe da mesma, MARIA AUREA  ROLAND.  GISELE  explicouà  interrogada  que  MARIA  AUREA  era  funcionária  da UFPR,  porém,  por  já  ser  aposentada,  não  poderia  receber  proventos  daquela  universidade. GISELE  ainda  argumentou  que  o  seu  nome  não  ‘estava  limpo’,  razão  pela  qual  não  poderia ‘emprestar’ sua conta para sua mãe MARIA AUREA. Que pela amizade de 25 anos que tinha com GISELE, aceitou prestar o favor que ela pediu, fornecendo os dados de sua conta para que MARIA AUREA recebesse o seu pagamento da UFPR. Que mensalmente a UFPR passou a  depositar  valores  nas  contas  que  a  interrogada  tem  no  Bradesco  e  na  CEF.  Assim  que  os valores  eram  depositados  a  interrogada  fazia  a  transferência  eletrônica  para  as  contas  de MARIA ÁUREA ou da própria GISELE. Algumas vezes a interrogada sacou integralmente o valor  e  o  entregou,  integralmente,  à  GISELE.  Que  não  ficou  com  nada  do  que  a  UFPR depositou  na  sua  conta,  tendo  repassado  integralmente  os  valores  para  MARIA  ÁUREA  ou GISELE.

JORGE  LUIZ  BINA  FERREIRA,  companheiro  de  GISELE  APARECIDA ROLAND,  genro  de  MARIA  AUREA  ROLAND  e  sócio  administrador  da  empresa REAGEN  PRODUTOS  PARA  LABORATÓRIOS  LTDA.  ­  ME,  recebeu  R$  27.930,00

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