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Rev. latinoam. psicopatol. fundam. vol.3 número3

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Academic year: 2018

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R E V I S T A L A T I N O A M E R I C A N A D E PSIC O PA TO LO G IA F U N D A M E N T A L

Ve ra Lo p e s Be sse t

La t u sa

Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., III, 3, 124-126

Revista Latusa, nos 4/5

Escola Brasileira de Psicanálise Rio de Janeiro 2000

Latusa é uma publicação regular da Seção Rio da Escola

Brasileira de Psicanálise do Campo Freudiano. Reúne textos de psicanalistas filiados a esta instituição, refletindo o trabalho nela desenvolvido, mas recebe igualmente contribuições de outros autores, nacionais e estrangeiros. Privilegia temas relevantes da clínica, buscando promover o debate sobre questões atuais de interesse para os psicanalistas. Sua última edição, reunindo os números 4 e 5, tem como tema a angústia, fundamental na

psi-copatologia. Diante da angústia, que escapa à palavra, o psicanalista convida o sujeito a falar. Proposta ousada e (ain-da) revolucionária, num tempo em que a clínica do medicamento promove o apagamento da angústia, trazendo a

ameaça de desaparecimento da dimensão desejante, propriamen-te subjetiva, que faz a singularidade do humano. Não recuar diante da angústia talvez seja o desafio atual imposto ao

psica-nalista pelos avanços da ciência e da tecnologia, no contemporâneo. É o que faz, com os meios a seu dispor, a re-vista Latusa, trazendo à luz contribuições que demonstram a

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RESEN HA DE LIVRO S

São inúmeros textos, dezessete artigos e um ensaio, que têm em comum, além da referência à clínica, a qualidade da escrita e da reflexão. Dados os limites dessa resenha, uma escolha se impõe, necessariamente arbitrária, atrelada a meus inte-resses atuais de pesquisa. Espero, de todo modo, contribuir para despertar alguma curiosidade que possa remeter os leitores à publicação original. Inicialmente, entre os textos que articulam filosofia e psicanálise, destaco o ensaio de Bernard Baas, A Angústia e a verdade. Nele, o autor promove um animado debate, confronto de

idéias entre a filosofia e a psicanálise, valendo-se das concepções de Kierkegaard, Heidegger, Freud e Lacan, que enfatizam as relações entre a angústia e a verdade. Alguns autores articulam os fenômenos do estranho (Unheimlich), e o da

angús-tia. Marcus André Vieira, no artigo A inquietante estranheza: do fenômeno à estrutura, demonstra que o estranho não coincide com a angústia, relevando a

in-cidência clínica desta distinção teórica. Angela Folly Negreiros, em Um corpo enigmático, desenvolve uma discussão exemplar da articulação viva entre teoria e

clínica a partir de um caso clínico no qual a angústia de uma mulher se manifesta no estranhamento do corpo próprio. Dois trabalhos discutem a questão do pânico,

nova forma de apresentação da angústia. Carlos Augusto Nicéas, em Pânico e an-gústia, propondo um diálogo com a psiquiatria, sublinha o fato da clínica do medicamento concorrer para que o sujeito permaneça sem saber sobre seu

sinto-ma. Tânia Coelho dos Santos discute, em De que desejo do Outro a angústia é o sinal?, à luz de um caso clínico, as relações entre a angústia, o desejo e o gozo,

relacionando as patologias contemporâneas a um declínio da função paterna. Em uma articulação da psicanálise com a medicina, Sara Fux, em Sobre a dor, busca

nos escritos freudianos os elementos para delimitar a especificidade da dor física,

apontando a autonomia do sofrimento do corpo em relação ao sofrimento da neu-rose, desprazer. A autora se vale dessa reflexão para fazer uma interessante

aproximação, relevante para a clínica, entre a dor e a angústia: ambas são sinal e não enganam quanto à natureza do perigo.

Registramos, por outro lado, A angústia e o nada: Freud e Heidegger, em

que Maria Angela Maia fala do desamparo como a condição radical do ser, a partir do trauma, como vivência de dor. Em Sobre a angústia em Freud, Graziele Maia

traz um percurso na teoria freudiana da angústia. Em A angústia de Hans e o amor perdido de Max Graf, Ana Martha Wilson Maia discute alguns aspectos da

biogra-fia do paciente de Freud. Em A angústia em O Seminário, livro 4: a relação de objeto, Mônica Rollo discorre sobre a fobia. A angústia e os limites da interpreta-ção, de Márcia Botelho de Souza, discute as relações entre a angústia e o gozo.

Em Simbolicamente real, Sônia Vicente concebe a angústia como uma das faces

do gozo. S (A/), de Celso Rennó Lima, traz a questão da angústia no percurso do

tratamento. Angústia e final de análise, de Ana Lúcia Ribeiro, aborda as relações

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Ricar-126

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do de Sá, trata do ato analítico. Apresentando o fenômeno do estranho como simi-lar à angústia, temos O ex-sistencial da angústia, de Gilsa F. Tarré de Oliveira e A morada no Outro, de Vanda Assumpção Almeida. Em Um ódio sem limite, Maria

Inês Lamy se apóia em heróis trágicos para pensar amor e ódio. Por fim, na Seção Clínica, temos Hipertireoidismo, um caso deexcessos, em que Maria Aparecida Telles

Bueno traz uma interessante discussão sobre uma paciente com problemas psicos-somáticos.

Resta assinalar o acabamento impecável desta edição de Latusa, que exibe em

sua capa um primoroso desenho de Regina de La Rocque Mendes, um louva-deus,

Referências

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