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POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

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Academic year: 2022

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POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

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Apr esentação

Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar o que você sabe. Ensinar é lembrar os outros que eles sabem tanto quanto você. Somos, todos, aprendizes, fazedores, professores. Richard Bach.

O que é aprender? O que é ensinar? Qual a relação entre ensino e aprendizagem?

São esses os principais questionamentos presentes nesta matéria.

Queridos alunos: vamos dar início a uma disciplina muito importante para quem

já é professor, porque lhe dá oportunidade de refletir sobre a sua prática pedagógica e para o que ainda não o é, de entrar em contato com um campo da ciência discriminado (que é o campo das ciências humanas) pelos que adentram nas áreas experimentais laboratoriais, mas que nos permite um conhecimento das teorias que regem o ensino e a aprendizagem.

Um professor que desconhece os saberes fundamentais que cercam os princípios da aprendizagem, como poderá oferecer um ensino que dê oportunidades de construção e produção do conhecimento de uma maneira metódica, crítica, científica e ética?

Começaremos o estudo sobre a Didática, registrando que ela sempre existiu na história da humanidade porque o homem sempre ensinou e aprendeu. No entanto, a escola como uma instituição para todos só foi instituída socialmente, como forma de transmitir o legado cultural construído pela humanidade, somente há pouco mais de duzentos anos.

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1. EDUCAÇÃO: ALICERCE FUNDAMENTAL DA SOCIEDADE

A escola é a primeira oportunidade que a criança tem para aprender a conviver com outras crianças fora do ambiente familiar. Além disso, a escola também precisa atingir quatro objetivos muito importantes:

•Transmitir conhecimentos;

•Formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres; •Preparar para o

trabalho; •Promover o desenvolvimento pessoal.

Infelizmente, milhares de crianças, adolescentes e jovens brasileiros com deficiência não têm acesso à escola e ficam à margem da sociedade. O professor pode ajudar a mudar essa história.

Muitos professores, por todo o Brasil, já estão convencidos de que a Educação Inclusiva é a melhor solução para os alunos com deficiência e para toda a sociedade. A Escola Inclusiva respeita e valoriza todos os alunos, cada um com a sua característica individual e é a base da sociedade para todos, que acolhe todos os cidadãos e se modifica, para garantir que os direitos de todos sejam respeitados.

2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA:

CONSTRUINDO UMA SOCIEDADE PARA TODOS

A Educação Inclusiva não é uma moda passageira. Ela é o resultado de muitas discussões, estudos teóricos e práticas que tiveram a participação e o apoio de organizações de pessoas com deficiência e educadores, no Brasil e no mundo. Fruto também de um contexto histórico em que se resgata a Educação como lugar do exercício da cidadania e da garantia de direitos. Isto acontece quando se preconiza uma sociedade mais justa em que valores fundamentais são resgatados como a igualdade de direitos e o combate a qualquer forma de discriminação. Percebeu-se que as escolas estavam ferindo estes direitos, tendo em vista os altos índices de exclusão escolar; populações mais pobres, pessoas com deficiência, dentre outros, estavam sendo, cada vez mais, marginalizadas do processo educacional.

Chegou-se à conclusão de que a melhor resposta para o aluno com deficiência e para todos os demais alunos é uma educação que respeite as características de cada estudante, que ofereça alternativas pedagógicas que

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atendam às necessidades educacionais de cada aluno.

Uma escola que ofereça tudo isso num ambiente inclusivo e acolhedor, onde todos possam conviver e aprender com as diferenças. Essa é a Educação Inclusiva.

3. CADA ALUNO TEM CARACTERÍSTICAS DIFERENTES

A Educação Inclusiva vem para substituir

a escola

tradicional, na qual todos os

alunos precisavam se adaptar ao mesmo método pedagógico e eram avaliados da mesma forma. Quem não se enquadrasse, estava fora dos padrões considerados aceitáveis e era encaminhado para a classe especial, para a escola especial ou, simplesmente, acabava desistindo de estudar.

Na Escola Inclusiva não existem classes especiais. Ou melhor, todas as classes e todos os alunos são muito especiais para seu professor. E você sabe que isso é verdade por experiência própria. Você sabe que o Joãozinho

aprende uma palavra muito melhor quando você faz um desenho na lousa.

Que a Mariazinha entende mais quando você canta uma música inventada para a aula de Ciências. Que o Pedro entende melhor a tabuada quando você usa palitos de sorvete ou sementes. E por isso, muitas vezes, você passa, de carteira em carteira, explicando a mesma coisa de um jeito diferente para cada um deles.

Essa é base da Educação Inclusiva: considerar a deficiência de uma criança ou de um jovem como mais uma das muitas características diferentes que os alunos podem ter. E, sendo assim, respeitar essa diferença e encontrar formas adequadas para transmitir o conhecimento e avaliar o aproveitamento de cada aluno.

Vários estudos, no Brasil e no mundo, têm demonstrado que essa pedagogia centrada no aluno é benéfica para todos os estudantes com e sem deficiência por que:

• Reduz a taxa de desistência e repetência escolar;

• Aumenta a autoestima dos alunos;

• Impede o desperdício de recursos;

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• Ajuda a construir uma sociedade que respeita as diferenças.

4. EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

No Brasil, muitas leis municipais, estaduais e federais foram feitas para defender o direito das pessoas com deficiência. Diversas Leis Orgânicas (uma espécie de constituição dos municípios) e Constituições Estaduais, inspiradas na Constituição Federal de 1988, determinam que o aluno com deficiência tenha direito e deve receber, na classe comum da escola comum, todo o atendimento específico que necessitar.

5. APRENDIZAGEM COOPERATIVA

O professor coloca os alunos em grupos de trabalho, juntando alunos com dificuldades em determinada área com alunos mais habilidosos nesse

assunto. Na aprendizagem cooperativa, os alunos trabalham juntos para atingir determinados objetivos. A descoberta de interesses mútuos permite a eles explorar assuntos junto com colegas que têm interesses comuns. As estratégias de aprendizagem cooperativa melhoram as atitudes diante das dificuldades de seus colegas com ou sem deficiência e, simultaneamente, eleva a autoestima de todos.

Estratégias de aprendizagem criança a criança - Oferecem a oportunidade de compreender melhor as pessoas que, por qualquer motivo, são diferentes (maneira de vestir, crenças,

 língua, deficiências, raça,

capacidades). Quando as crianças compreendem que toda criança é diferente, deixam de fazer brincadeiras cruéis e podem se tornar amigos.



Ensino por colegas: método baseado na noção de que os

 alunos podem efetivamente

ensinar os seus colegas. Neste método, o papel de aluno ou de professor pode ser atribuído a qualquer aluno, com deficiência ou não, e alternadamente,

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conforme as matérias em estudo ou as atividades a desenvolver.

Diversos estudos demonstram que os alunos que fazem o papel de professor podem, às vezes, ser mais eficazes que os adultos para ajudar a desenvolver a leitura ou ensinar conceitos de matemática.

Pode ser que isto aconteça porque eles têm mais familiaridade com a matéria que está sendo ensinada, por compreenderem melhor a frustração dos colegas ou por usarem vocabulário e exemplos mais adequados à sua idade.

Além disso, a aprendizagem por intermédio dos colegas pode ser, também, positiva para as

crianças que ensinam, melhorando seu desenvolvimento acadêmico e social.

Apoio entre amigos: é uma forma específica de aprendizagem através de colegas, na qual o

 envolvimento acontece

principalmente com assuntos extraescolares. Por exemplo, um amigo pode ajudar um aluno com deficiência física a se sentar na carteira ou pode acompanhá-lo antes e depois das aulas.

Círculo de amigos: é uma estratégia para que os alunos de uma turma recebam um novo

 colega com deficiência e

aprendam a conhecê-lo e ajudá-lo a participar de atividades dentro e fora da escola. Inicialmente, organiza-se uma espécie de

 “comitê de boas-vindas”, formado

por alunos que, diariamente, poderão fazer visitas ou manter conversas por telefone com o novo colega e saber das suas experiências no novo ambiente escolar. O professor funciona como facilitador para criar o círculo de amigos e pode dar apoio, orientação e conselhos, à medida que o resto da classe vai sendo agregado ao circulo inicial.

 É importante deixar claro que

esse grupo de amigos não é um “projeto para amigos especiais”, para alunos

“coitadinhos”, nem tem a finalidade de

“praticar boas ações”. Pretende isto sim, criar verdadeiros laços de amizade que resultem num apoio real.

É possível que a composição do grupo mude, mas, geralmente, criam-se laços prolongados de amizade. As crianças com e sem deficiência têm a oportunidade de se beneficiar desta experiência.

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O objetivo de uma rede de apoio entre colegas é enriquecer a vida escolar de todos os alunos. É sem dúvida enorme a capacidade dos alunos para se ajudarem uns aos outros na escola, mas para que esta capacidade se exerça é necessário que os professores liderem o processo, encorajando-os.

6. POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: CONCEITOS E CONCEPÇÕES

A diversidade de abordagens e questões que envolvem as políticas públicas se insere num contexto amplo e de complexidade. Juntamente a estas reflexões estão presentes as políticas educacionais de educação especial na perspectiva inclusiva. Pontuar sobre as políticas públicas é condição para compreender seu significado, sentido, amplitude e mediações necessárias para a efetivação do direito à educação.

Inicialmente, cabe ressaltar que não é suficiente a constituição de uma política pública educacional bem definida, com conteúdo bem construído, formulado; o importante e imprescindível é trabalhar para que a política aconteça, contemplando de

forma efetiva o processo de desenvolvimento e aprendizagem do

principal sujeito da esfera educacional:

o aluno.

A política educacional só terá sentido quando democraticamente construída por uma identidade coletiva e não individual e singular. “O Estado é um dos principais lugares da política e um dos principais atores políticos. Em seu sentido mais simples, a política é uma declaração de algum tipo – ou ao menos uma decisão sobre como fazer coisas no sentido de “ter” uma política -, mas que pode ser puramente simbólica, ou seja, mostrar que há uma política ou que uma política foi formulada”. (BALL, MAINARDES, 2011, p. 14). A educação não deve ser pensada de forma abstrata e a implementação das políticas educacionais são necessárias à sensibilização e à qualificação de todos os sujeitos envolvidos no processo, para que, então, sejam criadas as políticas de Estado e não políticas de Governo, lembrando que nem tudo que serve para o Governo serve para a escola, para a educação.

Cabe ressaltar a presença do Banco Mundial (BM) através de suas políticas estratégicas e suas intervenções educacionais, principalmente no que refere às políticas para a Educação Básica pública.

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O Banco Mundial surgiu em 1944, no contexto do término da II Guerra Mundial, com o objetivo imediato de cuidar da reconstrução das economias devastadas e como credor dos países afetados pela guerra. Desde esse período, exerce participação de prestígio na implementação das políticas educacionais, sendo o Brasil um dos países em que a educação é financiada e sofre a intervenção dessa organização financeira.

Realmente, a atual perspectiva de educação se insere, em geral, na tendência mundial ou global de mercantilização dos direitos básicos a partir da adoção de políticas externas que se coadunam às diretrizes reformistas propostas ou impostas pelas implementações das políticas públicas, entre elas, a política educacional constituída pelo Banco Mundial, FMI e outros. Não apenas formulam condições para empréstimos, como também atuam paralelamente ao Estado como implementadores de reformas educacionais.

Dentre essas reformas, destaca-se a prioridade dos investimentos na educação primária, visando uma formação para o mercado de trabalho onde não há espaço para o desenvolvimento de sujeitos críticos e

reflexivos que estejam aptos a produzir ciência e conhecimento.

Em vista disto o Banco Mundial vem trabalhando de maneira direta na educação há mais de quatro décadas, tanto que se transformou, nos últimos anos, no organismo com maior visibilidade no cenário educativo mundial e acabou por ocupar espaços antes conferidos à UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), organismo especializado em educação.

Atualmente, é a “principal agência de assistência técnica em matéria de educação para os países em desenvolvimento e, ao mesmo tempo, a fim de sustentar tal função técnica, em fonte e referencial importante de pesquisa educativa no âmbito mundial”.

7. ESCOLAINCLUSIVA: AS CRIANÇAS AGRADECEM

A década de 1990 foi rica no estabelecimento de metas sociais para a Educação, trazendo à cena os excluídos, os menos favorecidos, os portadores de deficiências, os analfabetos, os evadidos e tantos outros que, por alguma razão, não mais frequentavam a escola ou nunca tinham tido acesso a ela.

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A realização do Congresso Mundial de Educação para Todos, em 1990, na Tailândia, contribuiu para que fossem criadas duas metas de importância capital para uma sociedade democrática – a erradicação do analfabetismo e a universalização do ensino fundamental, comprometendo-se as nações que dele participaram, como o Brasil, a promover ações que visassem à erradicação do analfabetismo em um prazo de dez anos.

Com a realização da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada em 1994, na Espanha, nasce a

Declaração de Salamanca, que representa “os princípios, a política e a prática em Educação Especial”.

Reforçando as metas do Congresso da Tailândia, a Conferência assume o compromisso com a inclusão, por reconhecer que “inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e ao desfrutamento e exercício dos direitos humanos”. (BRASIL, 1994a).

Não há como negar a importância social das metas estabelecidas, na medida em que explicitam o direito de todos à educação, exigindo, com isto, o ajustamento dos sistemas escolares no sentido de rever paradigmas e melhorar o ensino oferecido. As três metas hoje

colocadas favorecem a valorização da escola, reconhecendo ser ela um espaço privilegiado para a construção de uma sociedade democrática, apontando não só para a qualidade de ensino, como para a possibilidade de contribuir para as modificações de atitudes discriminatórias, já que na escola inclusiva, com a presença das diversidades sociais e culturais, hão de se criar mecanismos que minimizem as barreiras elitistas presentes hoje na sociedade.

Essa proposta anuncia que a função da escola é buscar condições para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades para o exercício da cidadania, entendendo que o termo

“necessidades educacionais especiais” se refere a “todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem” (BRASIL, 1994a). No entanto, dadas as dificuldades em implementar as propostas anunciadas, a UNESCO chama para uma reunião, os Ministros da Educação da América Latina e do Caribe para a realização da

VII Sessão do Comitê

Intergovernamental Regional do Projeto Principal para a Educação, em março de 2001, em Cochabamba, na Bolívia, que

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originou um documento que reafirma a importância de se consubstanciar as metas de universalização do ensino fundamental e a erradicação do analfabetismo, ampliando o prazo de execução para 2015, dando, assim, tempo para que os governos implementem ações que favoreçam a consecução de propostas necessárias à inclusão.

8. A INCLUSÃO

A partir de 1994, com a Declaração de Salamanca, resultado da

“Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais:

Qualidade e Acesso” solidificam-se as metas do Congresso Mundial de Educação para Todos, realizado em 1990, na Tailândia, que previa a erradicação do analfabetismo e a universalização do ensino fundamental.

Na Espanha, acrescentam-se os princípios norteadores da Educação Inclusiva.

Todos esses movimentos, de direito do cidadão, trouxeram para a escola um novo contingente de personagens que não encontraram uma escola preparada para recebê-los. Se por um lado a educação inclusiva enfatiza a qualidade de ensino para todos, por

outro, a escola precisa urgentemente se reorganizar para dar conta da multiplicidade de questões inerentes ao trabalho educacional. Somente a partir de uma profunda revisão da prática pedagógica docente é que será possível ultrapassar os preconceitos que acabam gerando a exclusão.

O desafio é seguir adiante e entender que o desenvolvimento humano se estabelece, desde o nascimento, na relação com outras pessoas, e, portanto, se constitui em tarefa conjunta e recíproca que ocorre em qualquer circunstância em que as formas de relações sociais e o uso de signos se encontrem presentes.

Utilizando-nos da perspectiva dialética, perceberemos que cada ato ou papel assumido pelo indivíduo só será

compreendido dentro de uma determinada situação, o que se verifica a partir da totalidade como ação indissociável.

Essa postura nos leva a entender que será pelo confronto de idéias e posições que se pode perceber a situação como um todo e, assim, construir alternativas possíveis de significação e ressignificação para o grupo. Será na perspectiva desses caminhar que os conteúdos escolares passarão a ser apreendidos de forma

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historicizada e na relação com outros conceitos, possibilitando a intervenção na prática dos alunos e, consequentemente, guiar suas ações.

9. LEGISLAÇÃOE POLÍTICAS PÚBLICAS

Após inúmeras pressões políticas, sociais e educativas, atualmente tem-se medidas legislativas que atestam o direito às pessoas com necessidades educativas especiais de frequentarem as instituições de ensino, fato que cresce a cada dia. Conforme a Organização das 8188 Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Brasil é o país da América Latina que mais insere alunos com necessidades especiais em escolas regulares, seguido de México e Chile (Boletim da UNESCO, 1998).

Examinando a legislação de vários países do mundo, como o artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Convenção dos Direitos da Criança (1989) e as Diretrizes da Primeira Conferência Mundial sobre a Educação, reunida em Jomtien, Tailândia (1990); o Fórum Mundial sobre a Educação, realizado em Dakar, Senegal (2000), Estatuto da

Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), dentre outras é possível evidenciar o que consta sobre a educação, como sendo um direito humano inalienável, que proporciona aos cidadãos o conhecimento necessário para viver com dignidade.

Há unanimidade nas questões econômicas, sociais, políticas, culturais e sanitárias de que não haverá desenvolvimento expressivo nestes setores, sem um investimento na

educação (BIANCHETTI, 1995;

SASSAKI, 1997). Investir em educação constitui a primeira etapa indispensável para assegurar os direitos humanos, tais como a postura de aceitação das desigualdades e da diversidade, a redução da pobreza, a aceitação de avanços na saúde e nutrição, o controle de crescimento demográfico, dentre outros.

Ao longo da história, o cenário, particularmente no que se refere às pessoas com necessidades especiais nem sempre foi o de aceitação das desigualdades. Até meados do século XVIII algumas práticas eram executadas com estas pessoas, tais como abandono, afogamentos, asfixia, dentre outras. Ao final do século XVIII e nas três primeiras décadas do século XIX teve início, nos países escandinavos e na América do

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Norte, o período de institucionalização especializada de pessoas com deficiências, nomenclatura adotada na época. A partir daí surgiu a Educação Especial. A sociedade tomou consciência da necessidade de atender as pessoas denominadas como deficientes, mas a forma de atendimento priorizava um caráter assistencialista.

A assistência era prestada em Centros Especializados, nos quais as pessoas recebiam atendimento de vários profissionais: médicos, psicólogos, psicopedagogos, assistentes sociais, dentre outros. No século XX a

desinstitucionalização começou a ocorrer, com programas escolares para deficientes mentais. Os serviços especiais foram diversificados, e as classes especiais passaram a integrar o contexto escolar. No Brasil, as classes especiais foram criadas entre 1960 e 1965, em todo o país, para pessoas excepcionais. Este era o termo empregado exclusivamente para as pessoas que frequentavam as classes especiais. Estas classes especiais contribuíram novamente para a segregação e exclusão.

A partir de 1980 a terminologia deficiente alterou-se para pessoas portadoras de deficiência.

A partir de 1986 houve a substituição da mesma, de pessoas portadoras de deficiência, bem como de excepcionais, específica das classes especiais, para pessoas com necessidades educativas especiais. Mas, a adoção desta terminologia foi um processo lento. Ainda hoje em dia é

possível ouvir referências aos deficientes, aos excepcionais, apesar da existência legal das nomenclaturas oficiais. Tal questão pode ser atribuída à lentidão na aceitação real da educação inclusiva e nas resistências às mudanças no cotidiano da educação.

As pessoas com necessidades educativas especiais passam a ser vistas como cidadãs, com direitos e deveres de participação na sociedade. A educação de pessoas com necessidades educativas especiais trilhou um caminho que, em uma fase inicial foi eminentemente assistencial, até chegar ao que hoje se denomina de educação inclusiva.

10. INCLUSÃO EDUCACIONAL

Um pressuposto frequente nas políticas relativas à inclusão supõe um processo sustentado unicamente pelo professor, no qual o trabalho do mesmo é concebido como o responsável pelo seu sucesso ou fracasso.

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É claro que a aprendizagem dos alunos é uma das metas fundamentais, não só dos professores, mas de todo o profissional que esteja implicado com a educação e, sem dúvida, uma prática pedagógica adequada é necessária para alcançá-la.

Porém, acreditar que este objetivo possa ser alcançado apenas com a modificação destas práticas é uma simplificação que não dá conta da realidade de nossas escolas. Convém aqui lembrar um trecho da declaração de Salamanca que destaca: “A preparação adequada de todo pessoal da educação constitui um fator-chave na promoção do progresso em direção às escolas inclusivas”. Uma política educativa que afirme que sobre o professor recaem as esperanças de melhoria da educação brasileira tem como único efeito situar o professor frente a um ideal que adquire mais a dimensão de um “fardo” a ser carregado solitariamente que de uma possibilidade a ser concretamente alcançada.

Esta situação é facilmente verificável através das inúmeras queixas veiculadas pelos professores, muitas vezes impotentes, diante das dificuldades para atender a diversidade de seus alunos. Sabemos que um professor sozinho pouco pode fazer

diante da complexidade de questões que seus alunos colocam em jogo. Por este motivo, a constituição de uma equipe interdisciplinar, que permita pensar o trabalho educativo desde os diversos campos do conhecimento, é fundamental para compor uma prática inclusiva junto ao professor.

É verdade que propostas correntes nessa área referem-se ao auxílio de um professor especialista e à necessidade de uma equipe de apoio pedagógico. Porém, a solicitação destes recursos costuma ser proposta apenas naqueles casos em que o professor já esgotou todos os seus procedimentos e não obteve sucesso. A equipe, não raro, ao invés de estar desde o princípio acompanhando o trabalho do professor com toda a turma, é utilizada como último recurso para encaminhar

somente aqueles alunos com dificuldades extremas em relação à aprendizagem. Neste sentido, o papel da escola fica restrito ao encaminhamento para serviços outros que, via de regra, só reforçam a individualização do problema e desresponsabilizam àquela em relação às dificuldades do aluno.

Uma proposta baseada em tal concepção caminha na contramão do processo de inclusão já que coloca uma divisão entre os alunos, sublinhando

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aqueles que necessitam da intervenção de uma equipe e aqueles que não a necessitam. Fazer com que alguns alunos fiquem “marcados” como problemáticos e como únicos casos que demandam apoio da equipe só contribui para que sua dificuldade de inserção no grupo se acentue. É preciso considerar não só o aluno a ser incluído, mas também o grupo do qual ele participará.

Algumas metodologias para tratar dessa questão propõem a individualização do ensino através de planos específicos de aprendizagem para o aluno.

Esta concepção tem como justificativa a diferença entre os alunos e o respeito à diversidade. Porém, como pensar a inclusão se os alunos com dificuldades e, apenas eles, têm um plano específico para aprender? Um plano individualizado, nessa perspectiva, pode ser um reforço à exclusão. Levar em conta a diversidade não implica em fazer um currículo individual paralelo para alguns alunos.

Caso isto aconteça, estes alunos ficam à margem do grupo, pois as trocas significativas feitas em uma sala de aula necessariamente acontecem em torno dos objetos de aprendizagem.

As flexibilizações curriculares são fundamentais no processo de inclusão educativa. Porém, é necessário pensá-

las a partir do grupo de alunos e a diversidade que o compõe e não para alguns alunos tomados isoladamente.

Como aponta Páez (2001) atender à diversidade é atender as crianças com deficiências, mas também todas as outras diversidades que aparecem

cotidianamente na comunidade.

Seguindo ainda a presente reflexão, encontra-se em alguns textos a nítida separação entre objetivos de natureza acadêmica e objetivos de natureza funcional. Esta separação entre a aprendizagem e a integração social é artificial, pois sabemos que estes dois fatores são indissociáveis: fazer parte de um grupo implica compartilhar interesses e aprendizagens feitas no mesmo.

Que inclusão pode ocorrer caso um grupo todo esteja trabalhando

determinado tema, determinado problema, com exceção dos alunos A e S, que têm objetivos de natureza funcional a serem alcançados e não de natureza acadêmica, como seus colegas?

Com base em que trocas será feita a socialização e a integração dos mesmos no grupo? Uma proposta educativa que não esteja atenta a tais questões apenas cristaliza a diferença do aluno com deficiência dentro da sala regular e reforça a sua exclusão, ainda

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que compartilhe o mesmo espaço físico que os outros.

11. UM PROCESSO EM CONSTRUÇÃO

O mundo vive a era da globalização em que, a cada dia que se passa mais e mais teorias são criadas e as antigas teorias são abandonadas, avanços científicos, descobertas, lançamentos de novos satélites, foguetes, mudanças ocorrem no clima, na geografia, na política, na sociedade, enfim, ocorre o tempo todo, principalmente na política, no convívio das pessoas e mais particularmente na forma capitalista de se organizar a economia e todas as demais instituições.

Diante deste contexto fortemente marcado pela ditadura do sistema capitalista, cabem algumas perguntas, tais como: - o que é uma escola inclusiva? Será aquela que prepara para o mercado de trabalho, para a produção industrial, ou será aquela que tem uma sala de recursos para atender alunos tipo DA - deficiente auditivo, ou DV – deficiente visual ou, ainda, é aquela que tem alunos em cadeiras de rodas ou com diferentes problemas de ordem motora, ou com síndromes diversas etc.;

todos esses alunos estudando nas classes comuns.

Será que essas escolas são realmente inclusivas? Em um primeiro momento, poder-se-ia até dizer que a segunda opção está até correta, que seria uma escola inclusiva. Mas pergunta-se: será que realmente essas unidades escolares não segregam e excluem as crianças com deficiências de alguma forma dentro de suas próprias estruturas? Sabe-se, hoje, que não basta apenas matricular as pessoas com necessidades especiais e colocá-las para dentro da escola, a unidade escolar precisa de toda uma estrutura adaptada para atendê-las: precisa de professores capacitados, requer profissionais para apoio pedagógico, psicológico, estrutura física e pedagógica diferenciados, enfim, uma gama de profissionais e atendimentos é necessária para todos da escola, tanto para os rotulados como

“normais” como para os rotulados de

“especiais”.

Uma escola somente poderá ser considerada inclusiva quando estiver organizada para favorecer a cada aluno um ensino significativo, independentemente de etnia, sexo, idade, deficiência, condição social ou qualquer outra situação. Um ensino significativo é aquele que garante o

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acesso ao conjunto sistematizado de conhecimentos como recursos a serem mobilizados e implementados (ARANHA, 2004). Construir uma escola inclusiva não é simples, a lei é vital, mas por si mesma não constrói uma escola inclusiva, precisa de toda uma infraestrutura física e humana. A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que

obtenham sucesso na corrente educativa geral (MANTOAN, 2003).

A luta em se construir uma escola inclusiva ainda aparece bastante tímida e de nada adianta matricular estudantes com necessidades especiais e colocá-los em uma classe comum, se os deixarem segregados, exclusos, vegetando em sala de aula. A pessoa com necessidades especiais tem que se sentir acolhida, valorizada, e com capacidade de aprender, assim como os demais estudantes. Cada um possui seus próprios limites, até os “ditos normais”

também possuem, o que o professor não pode é enfatizar a limitação das pessoas e, sim, mostrar-lhes que são capazes de evoluir sempre, que cada conquista não

é o ponto final, é apenas o estímulo para buscar cada vez mais.

O professor que enfatiza o fracasso da outra pessoa, que é indiferente, não pode ser chamado de educador. Não se deseja, de forma alguma, dizer que o ofício de professor é simples ou de que ter alunos com necessidades especiais em sala de aula não é algo extremamente exigente, ou que todos são iguais, que todos os professores estão preparados e sabem lidar com as necessidades especiais de cada aluno.

O que não se pode aceitar é o docente desanimar diante das dificuldades do aluno com necessidade especial, ou que ele aja com indiferença, ou que não busque novos conhecimentos e metodologias para que este aluno aprenda e seja incluído acadêmica e socialmente. Neste contexto, a escola inclusiva é aquela que garante a qualidade de ensino educacional a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades (ARANHA, 2004).

Percebe-se claramente que o sistema educacional vigente ainda está fortemente calcado de pré-conceitos e na divisão de alunos “normais” e/ou alunos

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“deficientes”, “professores generalistas” e

“professores especialistas”; “ensino regular” e “ensino especial”; e que muitas vezes ignoram a pessoa, o subjetivo, o afetivo e desrespeita a diversidade e a necessidade inerente a cada ser humano.

O ensino inclusivo acolhe, passa a conhecer, a respeitar e parte das deficiências e diferenças de cada sujeito, reconhece que todo ser humano é único, diferente um do outro e que a maioria das escolas e dos velhos paradigmas educacionais precisam ser transformados, para atender às necessidades individuais de todos os educandos, tenham eles ou não algum tipo de necessidade especial.

É preciso apreender esta nova visão educacional, é preciso romper com velhos paradigmas e fazer a reviravolta que a inclusão propõe, criando uma escola única, que receba seus alunos com dignidade, uma escola com base no direito a educação de qualidade para todos e não uma escola fragmentada, cartesiana e que não ensina/educa ninguém. Para se ter um sistema educacional inclusivo, na visão ampla do conceito, é preciso partir do princípio de que todas as pessoas podem aprender, que se respeite e reconheça as diferenças de idade, sexo, etnia, língua,

deficiências diversas ou inabilidades, que o sistema metodológico atenda às necessidades de todos os alunos.

É preciso buscar um processo abrangente, dinâmico, que evolui constantemente, não limitado ou restrito por salas de aulas lotadas de alunos, nem por falta dos recursos adequados.

É urgente o desafio de se construir uma escola inclusiva dentro da diversidade do Brasil; é urgente, também, que se faça uma redefinição curricular, que se construam novos projetos políticos pedagógicos em todas as escolas com base nas atuais políticas públicas de inclusão educacional; é urgente que se construa uma escola voltada para a cidadania planetária, plena livre de preconceitos, discriminações variadas, que reconheça e valorize “o outro”, o diferente de mim, as diferenças e o direito de todos a uma educação de qualidade.

Recriar um novo modelo educativo com ensino de qualidade que diga não á exclusão física, sensorial, social, econômica e cultural, implica a exigência de condições de trabalho pedagógico e uma rede de saberes que se entrelaçam e caminham no sentido contrário ao paradigma tradicional de educação segregadora e bancária (FREIRE, 2006). Trata-se de uma

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reviravolta completa, um novo modelo educacional que está nascendo sobre

“duras dores” de parto, que exige que se lute por este paradigma, que se aperfeiçoe e se esteja aberto a colaborar na busca dos caminhos pedagógicos da inclusão. O currículo, a metodologia, os conteúdos, a gestão escolar e todo o processo de avaliação deverão ser reformulados dentro do paradigma da inclusão educacional.

Também, ao se lidar com alunos com necessidades especiais, não se pode julgar todos iguais, cada qual tem suas capacidades, suas limitações e habilidades próprias; e trabalhá-las, desenvolvê-las é mais importante do que um simples número ou um conceito de avaliação,

que restringe, bitola e até estigmatiza uma pessoa. Sabe-se que nem todas as diferenças, necessariamente, inferiorizam as pessoas. Elas têm diferenças e igualdades, mas entre elas nem tudo deve ser igual, assim como nem tudo deve ser diferente. Então, “é preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza” (MANTOAN, 2003, p. 34).

Para se construir uma escola inclusiva, levando em consideração todo

o progresso da legislação educacional em vigor, que apontam metas e ideais a serem atingidos, confrontando-se com a dura realidade da maioria das escolas públicas no Brasil, “escolas de massa para pobres e negros”, poder-se-ia dizer que, primeiramente, é preciso reformar as mentalidades, libertar-se das falsas ideologias políticas e econômicas que desvalorizam o “ser” sobreposto pelo

“ter” ou primando apenas pela tríade do capital “produzir-consumir-existir”. É preciso criar uma nova cultura, a cultura da inclusão, uma sociedade administrada para atender a todos, tendo como base o “ser” e não o simples

“ter” desnecessário. Entretanto, não se conseguirá criar esta nova cultura, sem que se realize uma ampla reforma estrutural do sistema capitalista, perpassando por todas as suas instituições, dentre elas o Estado, a escola e a família que excluem fortemente os grupos economicamente minoritários.

A luta pela construção da escola inclusiva, embora seja contestada e tenha até mesmo assustado a

comunidade escolar, pois exige mudança de hábitos e atitudes, pela sua lógica radical e ética, nos remete a refletir que se trata de um posicionamento pessoal, político e

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social, que garanta a vida com igualdade, pautada pelo respeito às diferenças pessoais, culturais, religiosas, de gênero etc.

Portanto, conscientes que o direito à vida e à educação pública gratuita de qualidade para todos está garantido e reconhecido pela Constituição Federal de 1988 e em muitas outras leis posteriores que reafirmam este direito inviolável, a escola deve se planejar para

gradativamente implementar as adequações necessárias, de modo a garantir o acesso de alunos com necessidades educacionais especiais à aprendizagem e ao conhecimento.

12. O SUPORTE EMOCIONAL

Em primeiro lugar, deve reconhecer-se que o contato e o convívio, formal e informal, entre os diversos alunos, com e sem deficiências, é um meio para que os comportamentos, típicos de cada um e/ou de cada deficiência se normalizem.

É uma oportunidade para a construção de relações afetivas, que podem vir a revelar-se, ao longo dos anos, como um suporte emocional

fundamentalnaconstruçãoda personalidadedosalunoscom

deficiência. Faz com que ganhem forças para superar modificações sociais,

geralmente mais autónomas e diversificadas. Por sua vez os alunos ditos “normais” poderão desenvolver uma maior capacidade da aceitação da diferença.

13. SUPORTE SOCIAL E

INSTRUÇÃO

Num envolvimento normal, as pessoas com deficiência podem ter um suporte social e/ ou um suporte instruidor. A convivência com colegas, o apoio destes nas atividades da escola contribui para um suporte social. O suporte instruidor deriva da aprendizagem cooperativa, da aprendizagem por imitação, etc. Estes suportes são bastante importantes no desenvolvimento dos alunos com deficiência mental acentuada. No entanto, especialistas concluem que não se têm valorizado suficientemente o papel que as redes de suporte social podem fazer com estas crianças, bem como com as suas famílias.

O apoio de especialistas pode ir reduzindo as distâncias entre crianças normais e crianças com deficiência, os professores de apoio que trabalham fora da sala de aula, com pequenos grupos

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de alunos, podem passar a dar apoio dentro dela. Este caminho implica a organização do trabalho interagindo, solidariamente, os dois professores (normal e de ensino especial) assim, podem definir e construir a melhor forma de trabalharem.

Algumas pessoas entendem que o apoio na sala de aula pode ter algumas consequências negativas nas aprendizagens, como por exemplo, uma quebra de atenção por parte do aluno durante a realização de uma tarefa, situações de discriminação, etc. No entanto, o objetivo fundamental é

criar melhores condições de aprendizagem para todos os alunos, a presença de outros recursos na sala de aula, no caso um segundo professor, pode constituir uma ajuda importante.

O aluno com necessidades especiais necessitará sempre de apoio extra aula, o apoio na sala de aula é importante mas não é o suficiente, este deve ser alargado a outros espaços/ambientes.

14. COOPERAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA SALA DE AULA

Uma boa organização na sala de aula exige a presença de regras claras,

quer no que respeita ao comportamento, como na forma de execução das tarefas e atividades de aprendizagem. No entanto, todo esse processo de organização e funcionamento deve passar pelo respeito mútuo, pela

aceitação e compreensão das necessidades do outro, por um processo aberto e dinâmico de negociação onde o aluno se sente responsável e participante.

15. INCLUSÃO E SUPORTE SOCIAL ÀS FAMÍLIAS

A implementação da inclusão escolar não deve ignorar o funcionamento das famílias com crianças deficientes. O facto de crianças com necessidades educativas especiais frequentarem uma escola regular é uma fonte geradora de stress.

16. STRESS FAMILIAR E A ESCOLA A ESCOLHEREM

Como já referimos anteriormente as famílias de pessoas com necessidades educativas especiais, embora consideradas competentes e capazes de responder às necessidades dos seus filhos, são particularmente vulneráveis ao stress. Assim, a deficiência influencia

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as relações familiares a vários níveis tais como a ruptura matrimonial, os desentendimentos entre pais e filhos, a qualidade da relação entre irmãos, o aumento das dificuldades económicas, num maior isolamento, etc.

Mudar a escola tornando-a mais receptiva à diferença (mais inclusiva) é difícil, se esta não se ajustar às expectativas e necessidades das famílias e dos alunos será um fator/fonte considerável de stress e violência para o aluno e para a família. O aumento do stress familiar, motivado pela decisão da criança com deficiência frequentar uma escola regular, parece resultar de vários fatores, tais como:

 Do confronto diário com a diferença entre os seus filhos e as crianças ditas “normais”;

  Do sentimento de discriminação;

  Das dificuldades encontradas na

adaptação social e escolar dos seus filhos;

  Do receio da integração levar à

 perda de outros serviços

prestados à criança e à família;

  Do receio de colocarem os seus

filhos num envolvimento que consideram “não preparados”

para recebê-los e onde estarão

 “menos protegidos”.

A diversidade de apoios sociais, formais e informais, parece reduzir o stress familiar. Uma investigação mostrou que as famílias que apresentam menos stress são as que recebem ajudas a vários níveis. Os parentes e amigos podem desempenhar um papel fundamental no alargamento das relações sociais das famílias com crianças deficientes.

Também os profissionais são um apoio importante com que as famílias deverão contar apesar da história de relações entre pais e profissionais nem sempre tenha sido positiva.

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Referências

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