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O MINISTÉRIO DE JONAS

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Academic year: 2022

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JONAS

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Por volta da época de Jeroboão li e, provavelmente, de Jonas, a rainha Semíramis e seu filho Adad-Nirari 111 governam a Assíria, num período de declínio do império. Nos dias de calamidade, a Assíria dá a Israel um exemplo, embora temporário, de arrependimento e reforma (comparar com a condição posterior de

Nínive, conforme relatos de Na 3:1-4; Sf 2:15)

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Após a Assíria, durante o reinado de Adad-Nirari 111 (provavelmente Ben-Hadade 111), ter vencido Ma ri, de Damasco, Jeroboão li estende o território de Israel "até a entrada de Hamate" (2Rs 14:25), subjugando colônias assírias

e exigindo-lhes tributos (ver vol 3, p. 295, mapa B)

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Jonas mora em Gate-Hefer, no território de Zebu Iom (2 Reis 14:25)

DESERTO S(R/0

O navio (rota desconhecida) parte com destino a Társis. Muitos cogitam tratar-se de Tartessos, no - sul da Espanha, próximo a Gibraltar, uma colônia

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• Samana ~

Fenícia a cerca de 3.500 km de Jope, três vezes mais distante do que Nínive

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O MINISTÉRIO DE JONAS

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(3)

JONAS

INTRODUÇÃO

1. Título -O livro recebe o nome de seu personagem principal, Jonas, do heb. Yonah, que significa "pomba". Yonah é usado como expressão de carinho em Cânticos 2:14; 5:2; e 6:9.

2. Autoria -Embora o livro não afirme que Jonas seja o autor, a visão tradicional tem sido de que ele o é. Alguns estudiosos têm favorecido a autoria pós-exílica, embora isso não negue necessariamente a historicidade de Jonas. No entanto, argumentos usados, como a presença de traços do aramaico, são inconclusivos. O estudo do ugarítico tem demonstrado a antiguidade de muitas expressões e palavras antes consideradas de data bem posterior (ver com. de Sl2:12; ver vol. 3, p. 698). O uso da terceira pessoa é também um argumento insu- ficiente, visto que escritores antigos como Xenofonte e César empregaram essa forma nar- rativa. Autores bíblicos também, às vezes, utilizaram a terceira pessoa (Is 7:3, 20:2; Jr 20:1, 3; 26:7; Dn 1:6-11, 17, 19, 21; 2:14-20; etc.; ver com. de Ed 7:28).

Jonas é identificado como um nativo de Gate-Hefer (2Rs 14:25) que previu a prosperi- dade da nação de Israel. A prosperidade se deu nos dias de Jeroboão 11 (cerca de 793-753 a.C., ver vol. 2, p. 68). Assim, as profecias devem ter sido recebidas antes ou logo após o início do reinado de Jeroboão 11. Gate-Hefer ficava na fronteira do território de Zebulom, 4,4 km ao norte pelo lado leste de Nazaré. Esse local é Khirbet ez-Zurra'. Alega-se que uma tumba próxima seja a de Jonas; atualmente, é um local de visitação pública. Nada mais se sabe sobre Jonas do que o revelado nessa breve menção histórica em 2 Reis e no seu pró- prio livro. Também nada se sabe sobre seu pai, Amitai.

3. Cenário Histórico- O período em que Jonas profetizou foi uma época de grande angús- tia nacional (2Rs 14:26, 27). Os reis que se assentaram no trono de Israel fizeram tudo o que era mau aos olhos do Senhor, e o julgamento da nação se aproximava. Por meio de Jonas, o Senhor previu o retorno da força nacional. Parece que o alívio que se seguiu foi planejado como um incentivo para a nação voltar para Deus. A prosperidade foi uma demonstração do que a nação 1~ podia alcançar sob a bênção do Deus dos céus. No entanto, apesar da bênção divina, Jeroboão

"fez o que era mau aos olhos do SENHOR" (2Rs 14:24, ARC), assim como seus sucessores.

Os reis da Assíria, durante o reinado de Jeroboão II, de acordo com a cronologia empre- gada neste Comentário, foram Adad-Nirari III (810-782 a.C.), Salmaneser IV (782-772), Assur-Dan III (772-754) e Assur-Nirari V (754-746). Há evidências que, possivelmente, indi- quem que, durante o reinado de Adad-Nirari III, tenha ocorrido uma revolução religiosa.

Nabu (Nebo), o deus de Borsipa, parece ter sido proclamado único ou, pelo menos, o deus principal. Alguns veem uma possível conexão entre esta revolução monoteísta e a missão de Jonas em Nínive (ver vol. 2, p. 43).

4. Tema-O livro de Jonas é o único dos 12 chamados Profetas Menores que é estri- tamente narrativo em sua forma. Trata-se de um relato da missão de Jonas em Nínive e do anúncio da imediata destruição da cidade por causa de seus pecados. O profeta apresenta dúvidas e perplexidades ao ser comissionado por Deus para ir a Nínive. O pensamento de viajar a uma grande metrópole, as dificuldades e a aparente impossibilidade da tarefa o leva- ram a questionar a missão divina e a propriedade da mesma. Por ser incapaz de manter firme

(4)

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

a sua fé, o que o teria levado a compreender que com a ordem viria o poder divino para rea- lizá-la, Jonas naufragou no medo, no desânimo e no desespero (ver PR, 266). Conhecendo a bondade e a longanimidade de Deus, Jonas também temia que, se ele pregasse a men- sagem e a nação a aceitasse, a condenação anunciada não se cumpriria. Isso seria para ele motivo de humilhação, como de fato o foi, e ele não suportaria tal coisa (Jn 4:1, 2). Jonas desobedeceu a princípio, mas, por uma série de eventos, foi levado a cumprir a missão. Os habitantes de Nínive se arrependeram e, por um tempo, abandonaram seus pecados. Jonas se irou, mas Deus justificou Seu trato gracioso com os pecadores.

Entre as lições ensinadas pela profecia de Jonas, sobressai a verdade de que a graça de Deus traz a salvação a todos (Tt 2:ll), e que ela não era, de fato, limitada aos judeus, mas devia ser revelada também aos gentios. Deus também garante aos gentios o "arrependimento para a vida" (At 11:18). Como Pedro (At 10), Jonas percebeu relutantemente que Deus recebe os de qualquer nação que se voltam para Ele. Ao se referir aos "ninivitas" que responderam ao apelo de Jonas para o arrependimento, Jesus condenou os judeus farisaicos e orgulhosos de Sua época (ver Mt 12:41; Lc 11:32). Também condenou a todos que, em sua complacên- cia religiosa e falsa sensação de segurança, se enganam em pensar que são o povo favore- cido de Deus, e que isso lhes garante a salvação.

Jesus usou a experiência de Jonas no mar como uma ilustração de Sua morte e ressurrei- ção (Mt 12:39, 40). Sua referência ao livro de Jonas confirma a veracidade do livro.

Expositores do livro de Jonas têm seguido duas linhas principais de interpretação: his- tórica e alegórica. O segundo método é adotado pelos que negam os elementos miraculosos do livro. Eles consideram o livro variadamente como lenda, mito, parábola ou alegoria. Para quem acredita em milagres, o segundo método de interpretação é desnecessário e inútil.

~.,. Em favor do ponto de vista histórico, os seguintes argumentos têm sido apresentados:

I. A narrativa se apresenta como histórica. Não há nenhuma indicação de que o autor pretendia que fosse considerada de outra forma.

2. Jonas é um personagem histórico (2Rs 14:25).

3. Judeus consideraram o livro como histórico (Josefo, Antiguidades, ix.IO.I, 2). 4. A conversão dos ninivitas é plausível. Há uma possível sincronização histórica do livro com uma revolução religiosa na Assíria (ver p. 1099).

5. A informação sobre as dimensões de Nínive pode se harmonizar com fatos históricos (ver Nota Adicional a Jonas I).

6. As referências de Jesus ao livro (Mt 12:39, 40; Lc li :29, 30) mostram que o Senhor o considerou histórico.

Este Comentário adota o ponto de vista da historicidade do livro.

5. Esboço.

I. A comissão e a desobediência de Jonas, 1:1-17.

A. A recusa do profeta e a consequente tempestade, I: 1-1 O.

B. Jonas é engolido por um grande peixe, I: 11-17.

li. A oração e o livramento de Jonas, 2:1-10.

Ill. A pregação de Jonas e o arrependimento dos ninivitas, 3:1-10.

IV. A ira de Jonas e a repreensão de Deus, 4:1-11.

A. A queixa, 4: l-5.

13. A planta murcha e sua lição, 4:6-I I.

1100

(5)

JONAS

C APÍTUL O 1

I :2

1. Jonas é enviado a Nínive, mas foge para Társis. 4 Por causa da tempestade, 11 ele é lançado ao mar e 17 engolido por um peixe.

1 Veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo:

2 Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até Mim.

3 Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR.

4 Mas o SENHOR lançou sobre o mar um forte vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, e o navio estava a ponto de se despedaçar.

5 Então, os marinheiros, cheios de medo, cla- mavam cada um ao seu deus e lançavam ao mar a carga que estava no navio, para o aliviarem do peso dela. Jonas, porém, havia descido ao porão e se deitado; e dormia profundamente.

6 Chegou-se a ele o mestre do navio e lhe disse: Que se passa contigo? Agarrado no sono?

Levanta-te, invoca o teu deus; talvez, assim, esse deus se lembre de nós, para que não pereçamos.

7 E diziam uns aos outros: Vinde, e lancemos sortes, para que saibamos por causa de quem nos sobreveio este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas.

8 Então, lhe disseram: Declara-nos, agora, por causa de quem nos sobreveio este mal. Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual a tua terra?

E de que povo és tu?

I. Jonas. Sobre a identidade de Jonas, ver a p. 1099.

Amitai. O nome é derivado do heb.

'emeth, que significa "fidelidade" ou "ver- dade". Amitai é mencionado apenas aqui e em 2 Reis 14:25.

2. Sua malícia. Naum chamou Nínive de "cidade sanguinária", "cheia de mentiras e

9 Ele lhes respondeu: Sou hebreu e temo ao SENHOR, o Deus do céu, que fez o mar e a terra.

10 Então, os homens ficaram possuídos de grande temor e lhe disseram: Que é isto que fi- zeste! Pois sabiam os homens que ele fugia da presença do SENHOR, porque lho havia declarado.

11 Disseram-lhe: Que te faremos, para que o mar se nos acalme? Porque o mar se ia tornan-... ~

do cada vez mais tempestuoso.

12 Respondeu-lhes: Tornai-me e lançai-me ao mar, e o mar se aquietará, porque eu sei que, por minha causa, vos sobreveio esta grande tempestade.

13 Entretanto, os homens remavam, esfor- çando-se por alcançar a terra, mas não podiam, porquanto o mar se ia tornando cada vez mais tempestuoso contra eles.

14 Então, clamaram ao SENHOR e disseram:

Ah! SENHOR! Rogamos-Te que não pereçamos por causa da vida deste homem, e não faças cair sobre nós este sangue, quanto a nós, inocente;

porque Tu, SENHOR, fizeste como Te aprouve. 15 E levantaram a Jonas e o lançaram ao mar;

e cessou o mar da sua fúria.

16 Temeram, pois, estes homens em extremo ao SENHOR; e ofereceram sacrifícios ao SENHOR e fizeram votos.

17 Deparou o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites no ventre do peixe.

de roubo" (Na 3:1; cf. Na 3:19). No entanto, ainda havia esperança para a cidade, pois ela "não estava inteiramente entregue ao mal" (PR, 265).

Subiu. Expressão semelhante é usada em relação aos pecados do mundo antediluviano (Gn 6:5, 11) e dos habitantes de Sodoma e Gomorra (Gn 18:20, 21). Em ambos os casos,

(6)

1:3 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA a porta da graça estava prestes a se fechar.

Este também devia ser o caso de Nínive (ver com. de Dn 4:17).

Até Mim. Comparar com Gn 18:20, 21.

Deus mantém uma conta com as nações.

Cada um tem o seu período de prova. Deus procura conquistar a lealdade de todos e assegurar a cooperação dos povos com o pro- grama do Céu.

3. Jonas se dispôs. O profeta se levan- tou, não para obedecer a Deus, mas para fugir. Como o jovem rico, ele não quis entre- gar a própria vontade à vontade de Deus (Mt 19:21, 22). Como muitos dos discípulos do Senhor, Jonas achou a ordem dura demais para suportar e, assim como aqueles, ele sen- tiu que, nesse caso, era melhor abandonar tudo (Jo 6:60, 66). O profeta não entendia que, ao colocar um fardo sobre alguém para ser levado segundo a Sua vontade, Deus lhe dá forças para tanto. Cada ordem divina porta o poder para cumpri-la. O profeta errou em não colocar "em primeiro lugar o reino de Deus, e a Sua justiça" (Mt 6:33, ARC). Por não gostar da missão que devia cumprir, ele estava disposto a se separar do serviço de Deus, pondo-se numa posição em que, sem a intervenção da graça divina, ele poderia perder a salvação.

Társis. É geralmente aceita como a clássica Tartesso, situada na costa sul da Espanha. Era uma cidade proverbial por sua riqueza e que mantinha um extensivo comércio de exportação de prata, ferro, esta- nho e chumbo para a cidade fenícia de Tiro e outras regiões (ver Ez 27:12). Naquele local distante e movimentado, Jonas espe- rava escapar de seu dever e também da voz da consciência.

Jope. O atual porto marítimo de Jaffa, 54 km a noroeste de Jerusalém, e uma das cidades mais antigas do mundo. Era o único porto de importância pertencente aos judeus. Através de Jope foi levada para Jerusalém a madeira para o templo de

Salomão (ver 2Cr 2: 16) e também a madeira para a restauração do mesmo (ver Ed 3:7). Da presença. Literalmente, "de diante da face do Senhor". Quão impossível é fugir da presença de Deus (ver Sl139:7-12)1

4. Um forte vento. O Senhor não aban- donou Jonas mesmo quando o profeta ten- tou fugir dEle. Por uma série de "provações e providências estranhas", Deus tentou efe- tuar uma mudança na atitude e na conduta de Jonas (ver PR, 266, 267). Deus realizou Sua vontade por meios simples e naturais: o vento (Jn 1:4), um grande peixe (1:17), a dor (2:10), uma planta (4: 6), um verme (4:7), o vento e o sol (4:8).

A ponto de se despedaçar. A frase pode ser traduzida como "e o navio sen-

*

tiu que ia se despedaçar". Se esta tradução fosse adotada, haveria aqui uma figura de personificação.

5. Ao seu deus. A nacionalidade e a reli- gião dos marinheiros não são identificadas.

Alguns deviam ser fenícios, outros de várias nações, representando assim uma variedade de religiões.

A carga. Do heb. l~elim, "vasos", "reci- pientes", "equipamentos". Não se sabe se toda a carga e todo equipamento foram lan- çados ao mar.

Porão. Do heb. yarhah, "o lado poste- rior", com frequência usada com o sentido de a parte mais remota.

Dormia profundamente. Do heb.

radham, "roncar", "dormir pesadamente".

Não se sabe a causa do sono pesado de Jonas.

6. Mestre do navio. Literalmente,

"marinheiro-chefe". A palavra para "mari- nheiro" vem de uma raiz que significa

"ligar", a partir da qual o substantivo para

"corda" é derivado. Embora não se indique,

presume-se que Jonas tenha atendido ao pedido do mestre do navio.

7. Lancemos sortes. Os marinheiros sentiram que alguém havia provocado a ira dos deuses. O Senhor controlou o método a 1102

(7)

JONAS 1:17

fim de determinar quem era o culpado, de modo que "a sorte caiu sobre Jonas" (sobre o método de se lançar sortes, ver com. de Ez 21:21).

8. Declara-nos. As muitas perguntas curtas dão uma vívida impressão sobre a agi- tação a bordo do navio em perigo.

9. Hebreu. O nome pelo qual o israe- lita era designado, com frequência, por parte daqueles que não eram de sua etnia (Gn 39:14; 40:15; 41:12; Êx 1:16; 2:7; 3:18;

1Sm 4:6; sobre a origem do nome, ver com.

de Gn 14:13).

SENHOR. Do heb. Yahweh, o nome pes- soal de Deus (vervol. 1, p. 149, 150). O termo

"Deus" (do heb. 'Elohún) é um nome gené- rico para a Divindade e "Senhor" (do heb.

'Adhonai) é um título. A palavra 'elohim é usada, com frequência, para falsos deuses (Êx 18:11; etc.). O nome Yahweh, portanto, designa o Deus verdadeiro.

Deus do céu. Ver Gn 24:7; Dn 2:37, 44.

Que fez. Um dos traços distintivos apre- sentados para mostrar a superioridade do Deus verdadeiro (Jr 10:10-12). Não se sabe se os marinheiros estavam familiarizados com o poder do Deus de Jonas por um conheci- mento prévio dEle (ver Êx 15: 13-16; Js 5:1;

1Sm 4:5-9). Mas, dadas as circunstâncias, temendo a morte e, sem dúvida, interpre- tando o caráter de Yahweh por seus próprios conceitos pagãos, eles ficaram aterrorizados.

10. Que é isto que fizeste! Uma excla- mação e não um pedido ele informação.

11. Que te faremos [ ... ]?Jonas devia ser o único que tinha familiaridade com Yahweh e conhecia o modo como a ofensa podia ser expiada.

O mar ia se tornando. O idioma hebraico aqui mostra que a tempestade estava crescendo em fúria.

12. Lançai-me. Aqui não é claro se Jonas falou por inspiração divina. De qual- quer forma, sua ação foi corajosa. Ele optou por não envolver outros em sua ruína.

Faltava a Jonas coragem moral (v. 2, 3), mas não física.

13. Os homens remavam, esforçando- se. Talvez houvesse dúvida quanto ao fato de o Deus de Jonas exigir medida tão extrema.

Alcançar a terra. Era costume dos antigos navios viajar ao longo da linha cos- teira, por isso o navio não estava muito longe da terra.

14. Rogamos-te. Os marinheiros esta- vam apreensivos para não ofender ainda mais ao Senhor, lançando um ele Seus adoradores à morte. Suas orações foram dirigidas, não a seus deuses, mas a Yahweh.

15. E cessou o mar da sua fúria. Com- parar com Mt 8:26. A calma veio repentina- mente; portanto, os marinheiros reconheceram isso como um ato de intervenção divina.

16. Temeram. Nesse episódio, o poder do Senhor foi tão visível sobre a natureza e tão marcante foi o cumprimento das pala- vras ele Jonas (v. 12) que não é de admirar a reação dos marinheiros.

Ofereceram sacrifícios. Os homens fizeram o que em seu limitado conhecimento julgaram apropriado.

17. Deparou. Do heb. manah, "deter- minar". A palavra foi assim traduzida em Daniel 1:5 e lO.

Um grande peixe. O registro não indica se o peixe foi criado para a ocasião, ou se o Senhor empregou um tipo existente capaz de engolir um homem. O peixe não é iden-... ~

tificado, e a especulação sobre esse ponto é irrelevante. O hebraico usa o termo gené- rico para "peixe". No NT, na referência a esta experiência (Mt 12:40), o peixe é designado pelo gr. lwtos, "monstro do mar". A LXX diz hetos (em Jn l: 17).

Três dias e três noites. O período envolvido nesta expressão tem gerado dis- cussão, visto Jesus ter declarado: "Porque assim como esteve Jonas três dias e três noi- tes no ventre elo grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites

(8)

1:17 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA no coração da terra" (Mt 12:40). Pode-se

demonstrar que, de acordo com o hebraico, a expressão não significa necessariamente três dias completos de 24 horas, um total

de 72 horas (sobre este problema, ver com.

de Mt 12:40).

No hebraico e na LXX, o v. 17 é o pri- meiro do cap. 2.

NOTAADICIONALAJONAS 1

Nínive era uma das mais antigas cidades da Assíria, a Ninua assíria. De acordo com o regis- tro bíblico, seu fundador foi Ninrode (ver com. de Gn lO: 11). Evidências arqueológicas também atestam sua antiguidade. Várias vezes, em sua história de muitos séculos, Nínive serviu como capital do reino assírio, que alcançou sua maior importância durante o período do império, a partir do 9° para o 7° século a.C., especialmente durante o reinado de Senaqueribe, que a transformou na cidade mais gloriosa de seu tempo. A partir da descrição do layout geral e dos palácios da cidade, pode-se ter uma ideia da antiga metrópole. Desde 612 a.C., quando os babi- lônios e os medos destruíram Nínive completamente, a cidade permaneceu em ruínas. Mesmo a localização foi esquecida até ser redescoberta em meados do século 19 (ver vol. 1, p. 89).

Nínive ficava na margem oriental do rio Tigre, em frente à atual cidade de Mosul.

Antigamente, o rio corria ao longo do muro ocidental da cidade e, assim, formou uma pro- teção adicional daquele lado. Desde então, o rio mudou seu curso, e corre cerca de 500 m a oeste de seu antigo leito.

Dois montes de ruínas dentro da área de Nínive cobrem os principais palácios e templos da antiga cidade. Um deles é Nebi Yunus, sob o qual o palácio de Esaradon está enterrado.

O outro monte, Kuyunjih, contém as ruínas dos palácios de Senaqueribe e de Assurbanípal.

Nebi Yunus tem sido pouco explorado pela arqueologia. Uma aldeia fica em cima desse sítio, bem como o túmulo tradicional do profeta Jonas, o que torna impossível ao arqueólogo traba- lhar nesse monte. Kuyunjih, por outro lado, tem sido alvo de várias explorações. O trabalho nesse monte foi iniciado em 1840, por Paul Emile Botta. Peças dos palácios de Assurbanípal e Senaqueribe já foram descobertas. No palácio de Assurbanípal, Austen Henry Layard e Hormuzd Rassam encontraram uma biblioteca real com cerca de 20 mil tabletes, que é atualmente um dos principais tesouros do Museu Britânico. Estes textos revelaram muito sobre a história, a cultura e a religião dos povos antigos da Mesopotâmia.

A dimensão da antiga Nínive pode ser estabelecida com segurança porque os muros da cidade ainda são claramente visíveis, mesmo em seu estado arruinado. Sob a forma de ele- vações interrompidas por lacunas onde os portões se encaixavam, essas paredes podem ser vistas a uma grande distância. O perímetro chega a cerca de 12 km, e a área de 660 hecta- res dá ao mapa a aparência de um triângulo irregular e alongado (ver p. 1106).

Um prisma de argila octogonal descreve a atividade de construção de Senaqueribe, que ampliou a cidade, muito tempo depois de Jonas. Ali há o nome das 15 portas da cidade, das quais sete estavam nos muros sul e leste, três no muro norte, e cinco no muro ocidental.

Durante suas escavações, Layard encontrou uma das portas do norte em bom estado de con- servação, ladeada por touros colossais, que ele deixou em sua posição original. Visitantes ainda podem vê-la ali. Duas elevações na parede, cobrindo torres de vigia, atingem uma altura de 18 metros. O muro oriental, levemente inclinado, tem 5,1 km de extensão, 4,3 km a oeste,

~.,. 1,9 km ao norte e 8,0 km ao sul. O muro, de acordo com a descrição de Senaqueribe, tinha 1104

(9)

JONAS 2:1

12m de largura e 18 de altura. Do lado leste, Nínive estava protegida não apenas por seus muros, mas também por vários aterros paralelos, cujos restos ainda são visíveis.

Alguns estimam que a população da cidade murada era de 160 mil habitantes. Não se sabem quantas pessoas viviam fora dos muros. Alguns escritores interpretam a referência em Jonas 4:11, às 120 mil pessoas que não podiam discernir entre a mão direita e a esquerda, como apli- cada apenas às crianças. Eles estimam a população total de Nínive de 600 mil a 2 milhões.

Como uma população tão grande não poderia ter vivido dentro de Nínive, eles incluíram na Nínive de Jonas a "cidade de Sargão", hoje chamada de Khorsabad, 19,2 km ao norte de Nínive, e Calá, hoje Nimrud, ao sul de Nínive, na confluência dos rios Zab Maior e Tigre. No entanto, as cidades, embora pertencentes à Assíria, eram unidades separadas com seus muros de prote- ção e administrações próprias, e nunca são incluídas em Nínive em registros históricos antigos.

Consequentemente, alguns comentaristas acreditam que as 120 mil pessoas de Jonas 4: li são apenas as crianças e que o escritor se refere só à própria Nínive. Assim, eles consideram o livro como fictício. À luz do tamanho real da cidade, Jonas 4:11 pode se referir, de fato, a pessoas que eram incapazes de distinguir entre o certo e o errado (ver com. de Jn 4: 11). Se 120 mil for concebido como uma aproximação do total da população da cidade propriamente dita, seria um número razoável, em comparação com a moderna Mosul, que é só um pouco maior e tem mais de duas vezes essa população.

A declaração feita em Jonas 3:3 de que "Nínive era uma cidade mui importante [ ... ] de três dias para percorrê-la" provavelmente significa que uma pessoa levaria três dias para cobrir todo o seu território, subindo e descendo ruas, a fim de alcançar a todas as pessoas que viviam dentro de seus muros.

Além disso, deve-se lembrar que, para um israelita da Palestina, Nínive era uma cidade que não se podia comparar em extensão a nenhuma outra cidade conhecida da Ásia Ocidental.

Samaria, a capital do reino de Israel, cobria apenas 19 acres (7,7 hectares), e nenhuma outra cidade da Palestina era maior, exceto Jerusalém (ver Nota Adicional a Neemias 3). Para as pessoas pro- venientes desse país, Nínive, estimada em mais de 600 hectares, era "uma cidade muito grande".

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE I, 2-CBV, 473

1-3-PR, 266

4-8- PR, 267 9-17- PR, 268

CAPÍTULO 2

1 A oração de Jonas. 1 O Ele é salvo do peixe.

l Então, Jonas, do ventre do peixe, orou ao

SENHOR, seu Deus,

2 e disse: Na minha angústia, clamei ao

SENHOR, e Ele me respondeu; do ventre do abis- mo, gritei, e Tu me ouviste a voz.

3 Pois me lançaste no profundo, no coração

dos mares, e a corrente das águas me cercou;

todas as Tuas ondas e as Tuas vagas passaram por cima ele mim.

4 Então, eu disse: lançado estou ele diante dos Teus olhos; tornarei, porventura, a ver o Teu-.ª santo templo?

(10)

NÍNIVE E SEUS ARREDORES

(7° século a.C. )

*Os números de 1 a 15 indicam os portões da cidade;

Mosul (quadro menor) é mostrada para comparação das dimensões (ver Jn 4:11)

o

* De acordo com Alfred Jeremias (Das A/te Testament im Lichte dei

Altes Orients)

500 1000 1500 2000 m

L---~----~----~----~

(11)

JONAS 2:5

5 As águas me cercaram até à alma, o abis- mo me rodeou; e as algas se enrolaram na minha cabeça.

6 Desci até aos fundamentos dos mon- tes, desci até à terra, cujos ferrolhos se corre- ram sobre mim, para sempre; contudo, fizeste subir da sepultura a minha vida, ó SENHOR,

meu Deusl

7 Quando, dentro de mim, desfalecia a minha

I. Jonas [ ... ] orou. A oração descreve a experiência de Jonas enquanto esteve no ventre do peixe. Ele reconhece o livramento como um fato consumado. As passagens que falam de oração respondida e de libertação, provavelmente, são expressões da forte fé de Jonas na sua libertação e da certeza divina de que sua vida havia sido poupada.

A oração de Jonas faz referência a certos salmos. A maioria dos estudiosos modernos atribui esses salmos ao período pós-exílico;

consequentemente, eles deram uma data pós-exílica ao livro de Jonas. No entanto, aqueles que defendem a autoria pré-exílica desses salmos (ver as introduções aos sal- mos em questão; ver também vol. 3, p. 697) não encontram dificuldade para datar o livro de Jonas durante, ou antes, do tempo de Jeroboão II (ver p. 1099), época em que Jonas viveu, de acordo com 2 Reis 14:25. As alusões mostram que Jonas, como um pie- doso israelita, estava familiarizado com o palavreado dos salmos.

Sempre que estiverem em necessidade, os filhos de Deus têm o precioso privilé- gio de apelar a Ele por ajuda. Não importa quão inadequado possa ser o local, os ouvi- dos misericordiosos de Deus estão abertos a seu clamor. Lugares desolados e escuros se transformam em verdadeiro templo através da oração de um filho de Deus.

2. Na minha angústia. Ou, "em minha aflição". Comparar com o clamor do sal- mista (Sl18:6; 120:1). Como o filho pródigo

alma, eu me lembrei do SENHOR; e subiu a Ti a minha oração, no Teu santo templo.

8 Os que se entregam à idolatria vã abando- nam aquele que lhes é misericordioso.

9 Mas, com a voz do agradecimento, eu Te oferecerei sacrifício; o que votei pagarei. Ao

SENHOR pertence a salvaçãol

lO Falou, pois, o SENHOR ao peixe, e este vo- mitou a Jonas na terra.

(Lc 15:17), Jonas, em sua condição miserá- vel e desesperadora, caiu em si, mediante o reconhecimento de seu desamparo, da lou- cura de se rebelar contra a vontade de Deus e de sua necessidade de libertação.

Ele me respondeu. Comparar com SI 50:15; 107:6.

Abismo. Do heb. she'ol, o lugar figurativo da morada dos mortos (ver com. de Pv 15: 11).

Tu me ouviste. Ver com. do v. l.

3. Pois me lançaste. Ou, "jogaste".

No profundo. Jonas dá uma vívida descrição poética de sua angustiante experiência.

Tuas vagas. Comparar com SI 42:7;

88:6, 7.

4. Eu disse. Ver SI 31:22.

A ver. A LXX coloca esta passagem na forma de uma pergunta: "Quer que eu realmente olhe para o Teu santo templo?"

Uma mudança na pontuação da vogal pro- duz a mesma leitura no hebraico. A questão parece preferível na medida em que o con- texto indica que, neste ponto, a esperança ainda não havia se estabelecido.

Teu santo templo. Comparar com 1Rs 8:30; Sl 18:6; 28:2; Dn 6:10.

5. Alma. Do heb. nefesh, aqui empre- gado com o sentido de "vida" (ver com. do SI 16:10). Ou, as águas o atingiram até o ponto de tirar sua vida (cf. SI 69: I, 2).

As algas se enrolaram. Há dúvidas quanto a interpretar esta linguagem alta- mente poética de forma literal. Jonas está

(12)

2:6 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

descrevendo o destino de alguém consignado às profundezas, portanto, com imagens dra- máticas e vívidas, apresentando-se adornado com um turbante de algas!

6. Aos fundamentos. Literalmente,

"estacamento de base", provavelmente sig- nificando os alicerces.

Terra. Do heb. 'erets, que é traduzido como "solo" com mais frequência do que

"terra". Jonas pode estar designando a terra como she'ol (ver com. do v. 2), que fecha as barras de ferro em torno de quem entra lá.

Para ele, parecia que estaria lá "para sem- pre". Isto não implica que Jonas não acre- ditasse numa futura ressurreição. A palavra traduzida como "para sempre", le'olarn., denota tempo estendido no futuro inde-

~.,. finido. Às vezes, isso significa eternidade;

em outros momentos a duração é limitada pelas circunstâncias (ver com. de Êx 21:6).

A LXX atribui le'olarn. a "barras": "Eu fui para baixo da terra, cujas barras são pri- sões eternas."

Sepultura. Do heb. shachath, "poço", com frequência usado como sinônimo de

she'ol para representar o reino figurado dos mortos (ver com. de Pv 15:11).

8. Idolatria vã. Jonas contrasta sua experiência feliz com o destino daqueles que adoram ídolos (ver SI 31:6).

Misericordioso. Do heb. chesed (ver Nota Adicional ao Salmo 36). Segundo alguns, Jonas se refere ao único Deus ver- dadeiro. Outros acham que ele se refere às obras de bondade e benevolência de Deus que Ele revela a todos (cf. Sl145:8, 9; Is 55:3;

At 14:15-17).

9. Sacrifício. Ver SI 50:14; Ec 5:4, 5.

Salvação. Comparar com SI 3:8; Ap 7:10.

10. Falou. Deus está no controle das cria- turas que Ele fez. O conhecimento desse fato fundamental fortalece contra teorias falsas sobre Deus, que O descrevem como sujeito às leis naturais ou como parte inseparável da própria natureza. A concepção bíblica de Deus é que Ele é o criador da natureza, aquele que, à parte dela, dirige e sustenta o universo, e que está sobre todas as coisas (ver Jó 38, 39, Sl19; Cl1:12-17; Ap 14:7).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1, 2-PR, 268 3-9- PR, 269

CAPÍTULO 3

1 Jonas prega aos ninivitas. 5 O arrependimento de Nínive. 1 O Deus Se arrepende.

l Veio a palavra do SENHOR, segunda vez, a Jonas, dizendo:

2 Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e proclama contra ela a mensagem que Eu te digo.

3 Levantou-se, pois, Jonas e foi a Nfnive, se- gundo a palavra do SENHOR. Ora, Nfnive era ci- dade mui importante diante de Deus e de três dias para percorrê-la.

4 Começou Jonas a percorrer a cidade

caminho de um dia, e pregava, e dizia: Ainda quarenta dias, e Nfnive será subvertida.

5 Os ninivitas creram em Deus, e proclama- ram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor.

6 Chegou esta notícia ao rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou de si as vestes reais, cobriu-se de pano de saco e assentou-se sobre cinza.

1108

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JONAS 3:6

7 E fez-se proclamar e divulgar em Nínive:

Por mandado do rei e seus grandes, nem ho- mens, nem animais, nem bois, nem ovelhas pro- vem coisa alguma, nem os levem ao pasto, nem bebam água;

8 mas sejam cobertos de pano de saco, tanto os homens como os animais, e clamarão forte- mente a Deus; e se converterão, cada um do

1. Segunda vez. Sem repreensão pela deserção anterior de Jonas, o Senhor repete a comissão de pregar aos ninivitas. Não mais cedendo à inclinação humana, Jonas presta pronta obediência ao chamado celestial e, sem mais demora, parte para Nínive.

2. Dispõe-te, vai. Devido à repetição destas palavras (ver Jn 1 :2), alguns acredi- tam ser provável que, quando Jonas foi vomi- tado pelo "grande peixe", ele foi a Jerusalém

~ .. para oferecer "sacrifícios" e pagar os votos, em alusão à sua oração de ação de graças (Jn 2:9). Isso é conjectura.

Nos tempos antigos, um navio que fosse de Jope para Társis, provavelmente, segui- ria a linha costeira em direção ao norte da Palestina. Se o incidente com o peixe ocor- reu no início da viagem, Jonas poderia estar muito mais perto de Nínive do que quando ele embarcou (ver com. de Jn 1: 13; ver mapa nap. 1098).

Proclama. Do heb. qara', palavra tradu- zida por "clama" (Jn 1:2).

Que Eu te digo. O encargo de Jonas é dado a cada pregador da palavra. Somente a palavra de Deus deve ser proclamada do púlpito, e não a palavra do homem (ver 2Tm 4:1, 2). Pessoas ansiosas e perplexas anseiam pelo conselho de Deus e não por raciocí- nios incertos e filosofias de seres humanos falíveis como elas mesmas. Elas preferem um "assim diz o Senhor" a um "assim diz o homem".

3. Levantou-se, pois, Jonas. O profeta estava pronto para realizar a comissão dada

seu mau caminho e da violência que há nas suas mãos.

9 Quem sabe Se voltará Deus, e Se arrepen- derá, e Se apartará do furor da Sua ira, de sorte que não pereçamos?

lO Viu Deus o que fizeram, como se conver- teram do seu mau caminho; e Deus Se arrepen- deu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez.

por Deus tanto quanto no passado ele estava pronto a evitá-la.

Mui importante. Do heb. le'lohim, lite- ralmente, "para Deus", um modo idiomático de designar extrema grandeza (sobre a exten- são da cidade, ver Nota Adicional a Jonas 1).

4. Caminho de um dia. Isto não indica que Jonas caminhou por um dia inteiro antes de começar a pregação. A declaração é, pro- vavelmente, um registro da pregação do pri- meiro dia. Logo depois de entrar na cidade, sem dúvida, Jonas começou a anunciar a mensagem de advertência.

Ainda quarenta dias. Isto, sem dúvida, não era o texto completo da mensagem de Jonas. Estas palavras eram, no entanto, o tema predominante na advertência.

Subvertida. Do heb. hafak, a mesma palavra usada para descrever a destruição de Sodoma (Gn 19:21, 25, 29).

5. Creram em Deus. Ou, "acreditaram em Deus". Há um possível cenário que teria contribuído para o sucesso da pregação de Jonas (ver p. 1099).

Panos de saco. Um material grosseiro e escuro, tecido de pelo de cabra e usado em momentos de luto e de calamidade (ver Dn 9:3; Mt 11:21, Lc 10:13).

6. Ao rei. Possivelmente, Adad-Nirari III (ver p. 1099). O sentimento de contri- ção e de arrependimento parece ter surgido espontaneamente nas pessoas sem qualquer ordem do rei (v. 5). Deve ter sido notável ver o rei do império mais poderoso da época se humilhando "nas cinzas", como resultado da

(14)

3:7 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA pregação de um profeta judeu. Isto foi uma

repreensão aos orgulhosos governantes de Israel e às pessoas, que persistentemente se recusavam a humilhar o coração sob o impacto de um ministério profético ainda mais extensivo e contínuo (ver 2Rs 17:7-18).

7. E fez-se proclamar. Quando a onda de penitência e humildade, que começou com as pessoas, chegou até o rei, ele con- firmou o jejum por um decreto oficial. Seus nobres se associaram a ele na emissão deste decreto, indicando que o espírito do rei e da corte estava unido na crise.

Nem animais. Um decreto estranho, mas deve-se lembrar que foi emitido por um rei pagão que havia sido apenas parcial- mente esclarecido. Costume semelhante é referido no livro apócrifo de Judite, prova- velmente escrito no 2° século a.C.: "Todos os homens de Israel clamaram a Deus com grande ardor e com grande ardor jejuaram: eles, suas mulheres, seus filhinhos e seus rebanhos; e todos os estrangeiros residen- tes, seus assalariados e seus escravos cin- giram os rins com pano de saco" (Judite 4:9, 10). Heródoto relata que, em certa oca- sião, os persas cortaram o próprio cabelo e

o cabelo (crinas e caudas?) de seus cavalos e animais de carga em um momento de luto geral (ix.24). Mas não se sabe até que ponto essas práticas podem ter refletido os costu- mes assírios.

8. E se converterão. Isto é, os homens.

Atos religiosos exteriores são sem valor espi- ritual, a menos que sejam acompanhados de sincera reforma de caráter.

Violência. Comparar comAm 3:10.

9. Quem sabe [ ... ]? É duvidoso que Jonas tenha dado qualquer garantia de pos- sível reversão do decreto divino. Sua raiva contra a preservação da cidade (]n 4:1) indica que ele não o fizera. No entanto, ele estava bem ciente do caráter misericordioso de Deus (]n 4:2).

10. Como se converteram. Comparar com Mt 12:41; ver PR, 363. ..§

Deus Se arrependeu. Deus não muda, mas as circunstâncias mudam (cf. Jr 18:7- 10; Ez 33: 13-16). Seus pronunciamentos ele juízo são, frequentemente, profecias condi- cionais (ver com. de Ez 25:1; sobre o arre- pendimento de Deus, ver com. de Gn 6:6;

1Sm 15:11). Deus fala aos homens em ter- mos de sua própria experiência.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE 1, 2-PR, 269

1-5- PR, 339, 363 3-PR, 265

3-9- PR, 270 3-10- LS 62

4-T1, 56

9- TS, 78

10- PR, 271; PP, 97

CAPÍTULO 4

1 Jonas se aborrece com a misericórdia de Deus. 4 Ele é reprovado, com a ilustração de uma planta.

l Com isso, desgostou-se Jonas extremamen- te e ficou irado.

2 E orou ao SENHOR e disse: Ahl SENHOR!

Não foi isso o que eu disse, estando ainda na

minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para rsis, pois sabia que és Deus clemente, e mise- ricordioso, e tardio em irar-Se, e grande em be- nignidade, e que Te arrependes do mal.

1110

(15)

JONAS 4:6 3 Peço-Te, pois, ó SENHOR, tira-me a vida,

porque melhor me é morrer do que viver.

4 E disse o SENHOR: É razoável essa tua ira?

5 Então, Jonas saiu da cidade, e assentou-se ao oriente da mesma, e ali fez uma enramada, e repousou debaixo dela, à sombra, até ver o que aconteceria à cidade.

6 Então, fez o SENHOR Deus nascer uma planta, que subiu por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o li- vrar do seu desconforto. Jonas, pois, se alegrou em extremo por causa da planta.

7 Mas Deus, no dia seguinte, ao subir da alva, enviou um verme, o qual feriu a planta, e esta se secou.

1. Desgostou-se. O cap. 4 apresenta um contraste entre a impaciência do coração humano e a longanimidade de Deus. Jonas ficou mais do que descontente, ele se irou intensamente porque "Deus Se arrependeu do mal" (Jn 3:10). Em vez de alegria porque a graça de Deus alcançara os ninivitas arrepen- didos, ele permitiu que seu coração egoísta e pecaminoso o tornasse ressentido. Uma vez que o que ele profetizou não aconteceu, sen- tiu que seria considerado um falso profeta.

Sua reputação valia muito mais para si mesmo do que todas as pessoas da capital assíria. Ele também podia ter arrazoado que a onisciên- cia de Deus seria desacreditada entre os gen- tios por causa dessa profecia não cumprida.

Ficou irado. A misericórdia de Deus para com os ninivitas (Jn 3:10) enfureceu Jonas. A mesma misericórdia poupara sua vida quando ele foi desobediente, mas ele teve ciúmes quando Deus a estendeu a outros.

2. E orou. São bem diferentes as cir- cunstâncias desta oração, em comparação

~"'com a do cap. 2, bem como o espírito que a

originou. Lá, ele orou pela vida, aqui, pela morte. Lá, ele foi humilde, aqui, está irado.

3. Tira-me a vida. O apelo de Jonas a Deus é bem diferente do de Moisés, que, no

8 Em nascendo o sol, Deus mandou um vento calmoso oriental; o sol bateu na cabeça de Jonas, de maneira que desfalecia, pelo que pediu para si a morte, dizendo: Melhor me é morrer do que viver I

9 Então, perguntou Deus a Jonas: É razoável essa tua ira por causa da planta? Ele respondeu:

É razoável a minha ira até à morte.

10 Tornou o SENHOR: Tens compaixão da planta que te não custou trabalho, a qual não fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa noite pereceu;

11 e não hei de Eu ter compaixão da grande ci- dade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão di- reita e a mão esquerda, e também muitos animais?

verdadeiro espírito de autossacrifício, estava disposto a ter seu nome apagado do livro da vida para que seu povo transgressor pudesse viver (ver Êx 32:31, 32). Jonas deu lugar ao completo desânimo.

4. Ira. A ira de Jonas foi gerada total- mente pelo egoísmo e não por nobre indig- nação, como a de Cristo ao expulsar os cambistas do templo (ver ]o 2:13-17). Por seu espírito apressado, o profeta impediu a si mesmo de receber uma grande bênção (ver Pv 14:29; 16:32).

5. Até ver o que aconteceria. Alguns têm sugerido que Jonas teria interpretado a pergunta "É razoável essa tua ira?" (v. 4) como sugerindo que, em sua pressa, ele cal- culou mal a intenção divina; e, portanto, ainda havia a possibilidade de Nínive serdes- truída. Outros acham que Jonas pode ter avaliado que o arrependimento do povo de Nínive não era sincero, e que Deus os puni- ria depois de tudo. Pode ser que sua reação apenas refletisse sua atitude de teimosia e a insistência de que Deus cumprisse o que havia anunciado.

6. Fez. Do heb. manah, "designar".

Planta. Do heb. qiqayon, uma planta desconhecida. Várias identificações foram

(16)

4:7 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

propostas, como a planta do óleo de rícino e uma variedade de pepinos. A planta cresceu milagrosamente, e não é necessário identi- ficá-la com qualquer espécie conhecida que cresce rapidamente, ainda que possa ter sido de uma variedade bem conhecida naquelas regiões, talvez a não identificada kukkãn!tu, do acadiano.

Desconforto. Do heb. ra'ah, uma palavra genérica para mal, desgraça, problema, misé- ria. O desconforto de Jonas não era tanto físico quanto mental e espiritual, devido ao vexame, à humilhação e frustração que ele estava sofrendo.

7. Enviou. Ver com. do v. 6.

Secou. Muitas vezes ocorre que, quando um novo dia de alegria e regozijo parece pres- tes a começar, algum verme da desgraça ou da tristeza transforma a esperança em desespero.

8. Mandou. Ver com. do v. 6.

Bateu. Do heb. charishith, uma palavra que ocorre somente aqui e, talvez, signifi- que "abrasador".

9. É razoável. O impaciente e teimoso profeta defendeu sua ira e a resolução de morrer. Deus procurava estimular nele uma atitude razoável.

10. Tens compaixão. O "tu" é enfá- tico no hebraico. Jonas, o profeta zangado e antipático, estava disposto a mostrar pie- dade e poupar uma planta inconsequente e de pouco valor, na qual ele não tinha empre- gado nenhum trabalho ou esforço, mas não

mostrava a mesma consideração para com o povo de Nínive. A LXX traduz a primeira parte do versículo como: "E disse o SENHOR:

Tu tiveste compaixão da planta que tu não criaste e pela qual não sofreste."

Jonas ficou irado porque Deus não des- truiria os ninivitas (v. 1, 4) e, ao mesmo tempo, porque Deus permitiu que a planta murchasse (v. 9). Seu sistema de valores estava distorcido. Jonas se importava mais com a planta do que com as pessoas de Nínive a quem tinha advertido.

11. Compaixão. Do heb. chus, "entris- tecer-se". Chus é traduzido como "mostrar compaixão por", no v. lO.

Mais de cento e vinte mil. Sobre a população de Nínive, ver Nota Adicional a Jonas 1.

Não sabem discernir. Alguns têm apli- cado esta expressão às crianças sem idade suficiente para determinar que mão é mais forte e mais útil. Se for assumido que essas crianças compunham um quinto da popula- ção, Nínive seria uma cidade com cerca de 600 mil habitantes. Esse número é incrivel- mente alto e não pode ser conciliado com a dimensão de cidades antigas conheci- das. Parece melhor considerar a expressão,

"que não podem discernir", como metafó- rica, designando quem possuía um conhe- cimento imperfeito do bem e do mal. Se a expressão for considerada como literal, então se refere a Nínive com o seu entorno (ver Nota Adicional a Jonas 1).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1, 2- LS, 78 1-3-PR, 271

1112

2-CC, 10; TS, 649 4-11 - PR, 272

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