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A fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio de Janeiro

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Academic year: 2022

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A fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio de Janeiro

Organizadores

Helena de Godoy Bergallo, Carlos Frederico Duarte da Rocha, Maria Alice dos Santos Alves

&

Monique Van Sluys

BERGALLO, H. G.; ROCHA, C. F. D.; VAN SLUYS, M.; ALVES, M. A. S. O Status atual da fauna do Estado do Rio de Janeiro: Considerações finais. In: In: H. G. Bergallo; C. F. D. Rocha; M. A. S. Alves & M. Van Sluys. (Orgs). A Fauna Ameaçada de Extinção do Estado do Rio de Janeiro. 1 ed. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2000, v. 1, p. 145-150.

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Capítulo 12

o status atual da fauna do Estado do Rio de Janeiro:

considerações finais

Helena de Godoy Bergallo, Carlos Frederico Duarte da Rocha, Monique Van Sluys & Maria Alice dos Santos Alves

elaboração da lista das espécies ameaçadas de extinção constitui um passo importante para a conservação da fauna do Estado do Rio de Janeiro. No total, foram consideradas ameaçadas de extinção 257 espécies da fauna do Estado, sendo os dados indicativos de que 37 delas já encontram-se provavelmente extintas (Figura 1).

EP 18,3%

CP 7,0%

PEx 14,4%

VU

60,3%

Figura 1 NlÍlI/('I"o e porcentage/ll deespéciespor status derisco

VU

=

Vulnerável, EP

=

Em perigo, CP

=

Criticamente em perigo ePEx

=

Provavelmente extinta.

A

(3)

Por grupo, estão ameaçados 43 invertebrados terrestres, 28 invertebrados aquáticos, 48 peixes, 4 anfíbios (do total de 159 espécies conhecidas para o Estado), 9 répteis (de 119espécies), 82 aves (de 653 espécies) e43 mamíferos (de 176 espécies)

(FIgura 2).

RE

3,5%

AV 31,9%

IA 10,9%

PE

18,7%

AN

1,6%

'\.,

IT 16,7%

Figu ra 2NÚ!I/{,/'{I eporceutaocm de espéoés nmencaaas para cadagrupo anima! 110Estado doRÚJ de/RlleilV.

MA =Mamíferos, AV=Aves, IA=lnvertebrados aquáticos, IT=lnvertebrados terrestres, AN =Anfíbios, PE

~Peixes eRE =Répteis.

o

primeiro Estado brasileiro a elaborar uma lista de espécies arncaçadas de

extinção foi o Paraná. Nesta lista, publicada em 1995 pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente daquele Estado, constam l33 animais, divididos nas categorias 'ex- tinto' (3 espécies), 'provavelmente extinto' (13), 'em perigo' (14), 'raro' (70), 'vulne- rável' (28) e 'ameaçado' (5). Porém, nesta análise foram avaliadas somente espécies de mamíferos (20 arneaçadas}, aves (91), répteis (11) e borboletas (ll).

Minas Gerais foi o segundo Estado a elaborar uma lista e nesta constam 178 espécies amcaçadas (Lins et al., 1997), das quais, 40 são mamíferos (dos 243 registrados no Estado), 83 são aves (do total de 780), 10 são répteis (do total de 179), 11 são anfíbios (do total de 156), 3 são peixes e 31 são artrópodes.

O Estado de São Paulo também publicou sua lista, e esta relaciona 317 espécies ameaçadas. A lista inclui 41 mamíferos (dos 200 encontrados no Estado), 163 aves (do total de 700), 28 répteis (do total de 197), 5 anfíbios (do total de 180), 15peixes de água doce (do total de 260) e 19 peixes marinhos (do total de 510), além de um invertebrado marinho e 45 invertebrados terrestres.

Em valores absolutos o Estado de São Paulo foi o que apresentou o maior número de espécies arneaçadas, seguido pelos Estados do RiodeJaneiro, Minas Gerais c Paraná (Tabela J). Contudo, se levarmos em consideração a área geográfica total,

/

(4)

o Estado do Rio de Janeiro fica numa primeira poslçao em número de espécies ameaçadas por quilômetro quadrado. Assim, hipoteticamente ao se percorrer uma área de apenas 172 quilômetros quadrados deste estado, haveria a probabilidade de se encontrar uma espécie ameaçada (Tabela 1). Deve-se ressaltar que, na prática, não é o que ocorre, pois devido

à

diversidade de hábitats ao longo do continuo geográ- fico, algumas áreas concentram maior número de espécies quando comparadas com outras.

Tabela 1 Índices da founa ameaçada nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo,

Paranã

e Minas Gerais

Estado Total de espécies Área necessária para se Porcentagem da fauna (Área em km/) ameaçadas encontrar uma espécie de vertebrados superiores

ameaçada ameaçados'

Rio de Janeiro

(43.909,7) 257 172 km2 12,4

São Paulo

(248.808,8) 317 833km2 18,6

Paraná

(199.709,1) 133 1.493km2 10,6

Minas Gerais

(588.383,6) 178 3.333km2 -

'Número de espécies ameaçadas de mamíferos, aves, répteis e anfíbios dividido pelo número total de espécies destes grupos registrados para o Estado.

Pôde-se observar, com os resultados obtidos, que a principal ameaça

à

fauna fluminense, independente do grupo taxonômico, foi a destruição do hábitat (Figura 3); que reduziu consideravelmente a área de distribuição das espécies, le- vando muitas vezes grupos populacionais ao isolamento ou ao declínio. Adicional- mente, a exploração predatória pelo homem (caça, coleta, comércio da fauna e per- seguição) foi outro fator identificado como de grande ameaça (Figura 3), em especial para aquelas espécies de valor econômico.

Assim, as medidas de proteção propostas pelos grupos de trabalho para as

espeCles em perigo no Estado foram compatíveis com as diferentes categorias de

ameaça (Figura 4). As principais medidas indicadas foram a preservação do hábitat,

a criação de novas unidades de conservação, a localização e a proteção de popula-

ções remanescentes, a fiscalização e a educação ambiental (Figura 4).

(5)

100

80

~..J

« 60 :::>

I-z

w 40

oa:

wIl.

20

o

CRITERIOS UTILIZADOS PARA INCLUSÃO NALISTA OFICIAL

Figura 3 Porcentagemdoscritérios usados parainclusãodasespéciesna lista(mudas espéciesforam inciuidas em mais de um cr/téno). Opadrão das barras dos cntérios para inclusão na lista, corresponde ao padrão utilizado fiaFigura 4, relativo as medidas propostas.

DH=Destruição dohábitat, PP

=

Populações pequenas, PI=Populações isoladas, PD=Popu- laçõesem declínio, DR=Distribuição restrita, DM=Distribuição marginal, CO=Comércio, CA=Caça, CL

=

Coleta, PE

=

Perseguição eDI

=

Dados insuficientes.

100

80

ê..J

« 60 :::>

I-

z 40

wo a:w a,

20

O

PH UC LP CR TF FI EA PB

MEDIDAS PROPOSTAS PARA APROTEÇÃO DAS ESPECIES

Figura 4 Porcentagem dasmedidas propostas para a proteçãodas espécies(muitas espécies fomm incluídasem maisde1/11I0medida). Opadrãodas barras dasmedidaspropostas, correspondeao padrãoutilizado

110Figura 3,relativo aoscritériospara inclusão 1/0 lista.

PH

=

Proteção dohábitat, UC=Criaçãodeunidades de conservação, LP=Localização eproteção de populações remanescentes, CR=Criação emcativeiro ereintrodução, TP=Transposição de fauna, FI

=

Fiscalização, EA =Educação ambiental e PB

=

Pesquisa básica em biologia da conservação.

o

Estado do Rio de Janeiro é coberto principalmente pela Mata Atlântica e formações vegetais associadas - das restingas e mangues às matas de encosta, das planícies litorâneas aos campos de altitudes. Estas diferenças no relevo, no clima e nas formações vegetais no Estado do Rio de Janeiro, resultam em uma região que abriga uma elevada diversidade biológica e com elevados índices de endemismo,

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sendo por isso considerado um "hot spot ".De toda esta exuberância e riqueza restam apenas cerca de 17% da cobertura original e de forma muito fragmentada.

Muitos animais que vivem nesse ecossistema (especialmente aqueles de nível trófico elevado) precisam de grandes áreas contínuas preservadas, o que suge- re que várias espécies já devam estar extintas. As espécies terrestres de maior porte, como a anta (239 quilos de massa) e a onça-pintada (94 quilos de massa), encon- tram-se, sem dúvida, entre as mais ameaçadas no território fluminense.

Muitas espécies ameaçadas de extinção no Estado habitam formações asso- ciadas à Mata Atlântica, como as matas de baixada e mata paludosa (ex., a borbo- leta

Parides ascanius,

o mutum-do-sudeste Crax biumenbachu, o saí-verde Chlorophanes spiza, a preguiça-de-coleira Bradypus torquatus, o mico-leão-dourado Leontopithecus rosalia), os campos de altitude (ex., a borboleta Dasyophthalma geraensis, as pe- rerecas

Paratelmatobius

Iutzii e

Holoaden

bradei, o tatu-canastra Myrmecophaga tridactyla), as cavernas (ex., o morcego Natalus

stramineusi,

as restingas (ex., a borboleta Mimoides lysithous, a lagartixa-da-areia

Liolaemus lutzae,

o sabiá-da- praia Mimus gilvus, o formigueiro-do-litoral

Formiciaora

.littoralis) e as matas de encosta (ex., a perereca Thoropa

petropolitana,

a jararaca-verde Bothrops bilineatus, a surucucu-pico-de-jaca Lachesis muta rhombeata, o socó-boi-escuro Tigrisoma fasciatum, o urubu-rei Sarcoramphus papa, o gavião-real

Harpia

harpyja, o sagm-

da-serra Callithrix aurita, o mono-carvoeiro Brachyteles arachnoides, o rato-do- mato-vermelho Rhagomys rufescens).

Além da destruição do hábitat, uma educação ambiental incipiente e uma falta de fiscalização adequada ameaçam algumas espécies que sofrem com a caça e o comércio ilegal, tais como, a anêmona-do-mar

Condyiectis

gigantea, o pitu Macrobrachium carcinus, o guaiamum Cardisoma guanhuml~ a borboleta Agrias claudina, a mariposa

Captopterux

semiramis phoenix, o surubim Steindachneridion parahybae, o cavalo-marinho Hippocampus

reidi,

o jacaré-de-papo-amarelo Caiman

Iatirostris,

o papagaio-do-peito-roxo Amazona pinacea, o sabiá-da-praia M. gilvus, o macuco Tinamus sohiarius, o coleiro-do-brejo Sporophila collans, a preguiça-de-coleira B. torquatus, o sauá Callicebus personatus, a onça-pintada Panthera onca, a anta Tapirus terrestris, o queixada

Tauassu

pecari, o veado-mateiro Mazama americana, o veado-catingueiro Mazama gouazoupira.

Como pudemos constatar ao longo dos capítulos dos diferentes grupos tra- tados neste livro, a destruição dos hábitats constitui uma das principais forças que vêm conduzindo várias espécies da fauna do Estado do Rio de Janeiro à extinção.

Em grande parte isto resulta deste Estado ter sido um dos primeiros a ser colonizado e sofrer, ao longo de cinco séculos, contínua exploração e dilapidação de seus recur- sos naturais. Éfundamental que estes importantes recursos naturais sejam, cada vez

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mais, tratados dentro de uma política que conjugue o desenvolvimento sustentável com a conservação destes recursos.

Para definir a política de conservação das espécies que ainda mantêm po-

pulações no Estado, apesar de toda a devastação, é fundamental possuir o conheci-

mento da situação destes importantes recursos naturais. Assim, com a edição desta

publicação, o poder público possui mais um instrumento para auxiliar no estabele-

cimento de políticas conservacionistas que venham a proteger o patrimônio genético

que existe neste ecossistema único que é a Mata Atlântica.

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