UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
SEGMENTAÇÃO DE PÚBLICO-ALVO E PROPOSTA DE VALOR COMO DIFERENCIAL PARA UM MERCADO
COMODITIZADO
ALINE CRISTINA DA SILVA RITA DE CÁSSIA MORAES DA CRUZ
SÃO PAULO
2006
ALINE CRISTINA DA SILVA RITA DE CÁSSIA MORAES DA CRUZ
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
SEGMENTAÇÃO DE PÚBLICO-ALVO E PROPOSTA DE VALOR COMO DIFERENCIAL PARA UM MERCADO
COMODITIZADO
Monografia apresentada ao Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, em cumprimento parcial às exigências do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu, para obtenção do título de Especialista em Gestão de Comunicação e Marketing sob orientação do Prof. Dr. José Carlos de Barros.
SÃO PAULO
2006
FICHA CATALOGRÁFICA
CRUZ, Rita de Cássia Moraes da SILVA, Aline Cristina da Silva
Previdência Complementar – Segmentação e proposta de valor como diferencial para um mercado comoditizado.
Escola de Comunicações e Artes Universidade de São Paulo
Conclusão: 2006
Palavras-chave: segmentação de mercado, proposta
de valor, previdência complementar, commodities,
mercado comoditizado, fidelização.
FOLHA DE APROVAÇÃO – BANCA EXAMINADORA
Aline Cristina da Silva Rita de Cássia Moraes da Cruz
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
SEGMENTAÇÃO DE PÚBLICO-ALVO E PROPOSTA DE VALOR COMO DIFERENCIAL PARA UM MERCADO
COMODITIZADO.
Monografia de conclusão do curso de Pós-Graduação Lato Sensu, para obtenção do título de Especialista em Gestão de Comunicação e Marketing.
Aprovado em:__________________________
Aprovado por:_____________________________
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho à minha família, principalmente aos meus pais, Fernando e Mara, pelo apoio incansável.
Aos amigos que contribuíram com materiais e com incentivo para este estudo. A minha amiga Rita, que foi imprescindível na realização desse trabalho (eu não teria conseguido sem você) e por fim, ao meu querido Michel, pelo companheirismo e amor incondicional.
Aline
Dedico este trabalho em primeiro lugar a Deus, que me deu forças para prosseguir quando tudo parecia perdido. À minha mãe por sempre perguntar “você não vai dormir?” e pelo amor incondicional.
Ao meu pai, irmãos e parentes pelo apoio. A todos os meus amigos que compreenderam quando eu não podia ligar ou sair, mas que sempre estiveram presentes na minha lembrança. A todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho. Em especial a Aline, por nossa amizade e pelo grandioso trabalho que realizamos.
Rita
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus, por nos proporcionar saúde e condições para seguir em frente, sempre de acordo com nossos ideais. Agradecemos a todos, que de alguma forma contribuíram em mais essa etapa, à empresa Brasilprev pela colaboração e apoio no estudo e ao Professor José Carlos pelo incentivo e orientação na concepção deste trabalho.
“Dividir para conquistar.”
Maquiavel
RESUMO
Através de um estudo aprofundado, esse trabalho destaca o contexto histórico e atual da Previdência Social e Previdência Complementar, no Brasil e no mundo.
Descreve as causas da crise da Previdência Social e demonstra que o crescimento da Previdência Complementar é inversamente proporcional ao crescimento do déficit do Sistema de Repartição.
Aborda o desenvolvimento do mercado de Previdência Complementar no Brasil e analisa o posicionamento da empresa Brasilprev nesse mercado, sempre em comparação com suas principais concorrentes.
Para isso, contempla análise ambiental, análise GE, matriz BCG Interna e Externa e análise SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças), dessa empresa.
Apresenta também uma pesquisa qualitativa em profundidade com clientes de Previdência Complementar, que se enquadram no perfil do cliente Estilo Brasilprev, entendendo a fundo, o que esses clientes esperam dos seus planos.
A partir das conclusões das análises e da pesquisa, descreve um planejamento de comunicação para implementação de uma proposta de valor para o segmento Estilo de clientes Brasilprev, incluindo cronograma orçamentário das ações propostas.
Por fim, analisa a viabilidade de implementação da proposta de valor nesse segmento, prioritariamente.
ABSTRACT
This paper details the historical and current context of Social Welfare and Supplementary Pension, through deep study in Brazil and in the World.
It describes the causes of the crisis of Social Welfare and it demonstrates that the growth of the Supplementary Pension is inversely proportional to the growth of the deficit of the Partition System.
It approaches the development of the market of Supplementary Pension in Brazil and analyzes the positioning of the company Brasilprev in that market, always in comparison with their main competitors.
For that, it contemplates environmental analysis, GE analysis, BCG Intern and Extern and SWOT analysis (strenghts, weaknesses, opportunities and threats), of that company.
It also presents a qualitative research in depth with Supplementary Pension customers, that are in accordance to the customer Estilo Brasilprev's profile, understanding thoroughly, at those customers expect of their plans.
Starting from the conclusions of the analysis and of the research, it describes a communication plan for implementation of a proposal of value for the segment of the Estilo Brasilprev’s customers, including budget and schedule of the proposed actions.
Finally, it analyzes the viability of implementation of the proposal of value in that segment, priorly.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Relação de trabalhadores ativos versus inativos ... 33
Figura 2 Estrutura da Previdência Complementar no Brasil ...49
Figura 3 Processo de compra do consumidor ...64
Figura 4 Características que influenciam o comportamento de compra ...67
Figura 5 Segmentação da base de clientes Brasilprev ...77
Figura 6 Características dos serviços ...84
Figura 7 Nível de produto ...116
Figura 8 Segmentação de clientes ...136
Figura 9 Regulamentação Previdência Complementar...144
Figura 10 Posição do negócio de Previdência Complementar em seu mercado....164
Figura 11 Ciclo de Vida do cliente...181
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Participação de mercado...59
Tabela 2 Brasilprev Private PGBL / VGBL ...112
Tabela 2.1 Brasilprev Estilo PGBL e VGBL ...112
Tabela 2.2 Brasilprev Exclusivo PGBL e VGBL ...113
Tabela 2.3 Brasilprev Pecúlio PGBL e VGBL ...113
Tabela 2.4 Brasilprev Júnior PGBL e VGBL ...114
Tabela 3 e 3.1 Brasilprev Private PGBL e VGBL ...118
Tabela 3.2, 3.3 e 3.4 Brasilprev Estilo PGBL e VGBL ...119
Tabela 3.5, 3.6 e 3.7 Brasilprev Exclusivo PGBL e VGBL ...119
Tabela 3.8, 3.9 e 3.10 Brasilprev Pecúlio PGBL e VGBL...120
Tabela 3.11, 3.12 e 3.13 Brasilprev Júnior PGBL e VGBL ...120
Tabela 4 Contribuições à Previdência Complementar (EAPC + EFPC)...140
Tabela 5 Regime de Tributação Progressivo...143
Tabela 6 Regime de Tributação Regressivo ...143
Tabela 7 Metas do Milênio...150
Tabela 8 Atratividade de Mercado (GE)...157
Tabela 9 Posicionamento em seu mercado (GE)...161
Tabela 10 Dados BCG Externo ...166
Tabela 11 Dados BCG Interno...171
Tabela 12 Dados SWOT ...173
Tabela 13 Análise da base de clientes Brasilprev...183
Tabela 14Valor do cliente Estilo...183
Tabela 15 Perfil de investimento do cliente Estilo na Brasilprev...184
Tabela 16 Cálculo da Meta de Reversão...187
Tabela 17 Cartão de Fidelidade...189
Tabela 18 Pontuação Cartão Branco – Faixas 1 e 2 ...190
Tabela 19 Pontuação Cartão Amarelo – Faixas 3, 4 e 5...191
Tabela 20 Pontuação Cartão Azul – Faixa 6...193
Tabela 21 Cronograma Orçamentário...204
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Aumento da população idosa no mundo ...34
Gráfico 2 Pirâmides Populacionais no Brasil (em milhões de pessoas) – 1980 ...35
Gráfico 2.1 Pirâmides Populacionais no Brasil (em milhões de pessoas) – 2000 ...35
Gráfico 2.2 Pirâmides Populacionais no Brasil (em milhões de pessoas) – 2020....36
Gráfico 2.3 Pirâmides Populacionais no Brasil (em milhões de pessoas) – 2050 ...37
Gráfico 3 Participação dos idosos na população ...37
Gráfico 4 Déficit da Previdência Social no Brasil ...40
Gráfico 4.1 Gastos com Previdência Social no mundo – Atualmente ...40
Gráfico 4.2 Gastos com Previdência Social no mundo – Em 2050.... ...41
Gráfico 5 Benefício máximo de aposentadoria concedido pelo INSS...46
Gráfico 6 Comparativo entre déficit da Previdência Social e Evolução da Previdência Complementar ... 47
Gráfico 7 Índice de Saída Brasilprev ... 78, 182 Gráfico 8 Comparativo arrecadação (faturamento) ... 107
Gráfico 9 Comparativo clientes atendidos ... 107
Gráfico 10 Crescimento da Previdência Complementar no Brasil ...126
Gráfico 11 Quem deve suportar a maior parte do encargo?(%)...148
Gráfico 12 Expectativa média de vida ...153
Gráfico 13 BCG Externo Empresarial...168
Gráfico 14 BCG Externo Individual...169
Gráfico 15 BCG Externo Júnior...170
Gráfico 16 BCG Interno ...172
Gráfico 17 Análise SWOT ...174
Gráfico 18 Saída x Motivo x Percentual de Reversão...185
LISTA DE ABREVIATURAS
ABRAPP – Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada ANAPP – Associação Nacional de Previdência Privada
ANBID – Associação Nacional de Bancos de Investimento
ANFIP – Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência ANSP – Academia Nacional de Seguros e Previdência
BD – Benefício Definido CD – Contribuição Definida
CGPC – Conselho de Gestão da Previdência Complementar CMV – Custo de Mercadoria Vendida
CNSP – Conselho Nacional de Seguros Privados
COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira CSLL – Contribuição Social sobre Lucro Líquido
EAPC – Entidades Abertas de Previdência Complementar EFPC – Entidades Fechadas de Previdência Complementar
FENACOR – Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados
FENASEG – Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização
FIE – Fundo de Investimento Exclusivo
FUNENSEG – Fundação Escola Nacional de Seguros INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social
IR – Imposto de Renda MP – Medida Provisória
MPS – Ministério da Previdência Social
OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico PGBL – Plano Gerador de Benefício Livre
PIB – Produto Interno Bruto
RGPS – Regime Geral da Previdência Social RPPF – Regime Próprio de Previdência Funcional SPC – Secretaria de Previdência Complementar SUSEP – Superintendência de Seguros Privados UEN – Unidade Estratégica de Negócio
VGBL – Vida Gerador de Benefício Livre
SUMÁRIO
Parte I – ESTUDO TEÓRICO
I. INTRODUÇÃO
Novos rumos para um mercado comoditizado...20
II. HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES DE SEGURANÇA E BEM-ESTAR...23
2.1 O surgimento e a evolução da Previdência...25
III. A PREVIDÊNCIA SOCIAL...27
3.1 Panorama da Previdência Social no mundo...28
IV. A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL...30
4.1 A crise da Previdência Social no Brasil...32
4.2 Principais causas da crise...34
4.2.1 Fatores demográficos...34
4.2.2 Mudança no mercado laboral...38
4.2.3 A previdência para o Setor Público...38
4.2.4 A união da previdência, da Assistência Social e Saúde em um único sistema...38
4.3 O déficit da Previdência Social...39
4.4 Os possíveis caminhos para a Previdência Social...41
V. A PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR...45
5.1 A Previdência Complementar Aberta e Fechada no Brasil...49
5.2 Entidades Fechadas de Previdência Complementar...51
5.3 Entidades Abertas de Previdência Complementar...51
5.4 Como funcionam os planos de Previdência Complementar Aberta...52
VI. O MERCADO BRASILEIRO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA...55
6.1 Participação de Mercado...58
VII. A PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR E O CONSUMERISMO...60
VIII. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR...63
8.1 Processo de decisão de compra...64
8.2 Influências no comportamento do consumidor...66
IX. PROPOSTA DE VALOR...70
9.1 Estratégias de posicionamento...72
9.2 Diferenciação de commodities...73
X. SEGMENTAÇÃO DE MERCADO...75
10.1 Segmentação para Brasilprev no mercado de Previdência Complementar Aberta...76
10.2 Marketing de Segmento...79
10.3 Bases de Segmentação de Mercado...80
10.3.1 Segmentação Demográfica...80
10.3.2 Segmentação Psicográfica...81
XI. SERVIÇOS, RETENÇÃO E FIDELIZAÇÃO...83
11.1 Criando valor para o cliente...84
11.2 Fidelização e retenção de clientes...87
XII. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE MARKETING...91
12.1 Matriz de crescimento / participação do Boston Consulting Group (BCG)...92
12.1.1 Análise da posição de cada produto/UEN em relação ao seu mercado...94
12.1.2 Análise do portfolio Interno: Mix de Produtos / UEN...94
12.1.3 Análise do portfolio sobre Margem de Contribuição...95
12.2 Modelo mulfatorial GE...96
12.3 SWOT: Análise de pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças...97
12.4 Análise do ambiente mercadológico...99
12.5 Definição de objetivos e metas...101
12.6 Próximos passos...102
Parte II – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
XIII. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE CASO...10313.1 Nome e histórico da empresa...103
13.2 Por que desenvolver um planejamento de marketing estratégico...104
XIV. A EMPRESA...106
14.1 Área de atuação...106
14.2 Resultado líquido da última operação...106
14.3 A missão da empresa...108
14.4 Verba disponível para ações de marketing...109
XV. COMPOSTO DE MARKETING...110
15.1 Produto...110
15.1.1 Descrição dos produtos...110
15.1.2 Posicionamento dos produtos...115
15.1.3 Classificação do tipo de bem e grau de tangibilidade...115
15.1.4 Nível hierárquico de consumo do produto...116
15.1.5 Nível de Produto...116
15.1.6 Local de uso do produto...117
15.2 Preço...117
15.3 Distribuição...121
15.3.1 Tipo de canal...122
15.3.2 Custos de distribuição...122
15.4 Comunicação...123
15.4.1 Propaganda...123
15.4.2 Promoção de vendas...123
15.4.3 Venda pessoal...124
15.4.4 Relações públicas...125
XVI. CICLO DE VIDA DO PRODUTO...126
XVII. MARCA...127
17.1 Características da marca (atual e pretendida)...127
17.2 Posicionamento genérico e específico da marca...128
XVIII. COMPORTAMENTO DE COMPRA...129
18.1 Papéis de compra...129
18.2 Tipo de compra...130
18.3. Fatores que influenciam o comportamento de compra...130
XIX. SEGMENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DO MERCADO...132
19.1 Bases de segmentação de mercado para o produto (atuais e pretendidas) ...132
19.2 Descrição dos mercados...137
19.3 Participação do segmento no mercado penetrado...137
19.4 Tipos de demanda que influenciam o produto ...138
XX. ANÁLISE DOS AMBIENTES DE MARKETING...139
20.1 Macro-ambiente...139
20.1.1 Econômico...139
20.1.2 Político-legal...141
20.1.3 Tecnológico...145
20.1.4 Sociocultural...147
20.1.5 Ecológico...150
20.1.6 Demográfico...152
20.2 Micro-ambiente...153
20.2.1 Fornecedores...153
20.2.2 Distribuidores...154
20.2.3 Instituições financeiras...155
20.2.4 Sindicatos e associações...155
20.2.5 Empresas de comunicação... 155
XXI. ANÁLISE DO POSICIONAMENTO DA EMPRESA NO MERCADO EM QUE ATUA...156
21.1 Análise multifatorial GE...156
21.1.1 Fatores de avaliação da atratividade do mercado de Previdência Complementar...157
21.1.2 Fatores da posição do negócio no mercado de Previdência Complementar...160
21.1.3 Contabilizações dos resultados...164
21.1.4 Análise dos resultados...165
21.2 Análise BCG...165
21.2.1 Análise BCG Externo...167
21.2.2 Análise BCG Interno...170
21.3 Análise SWOT...173
21.4 Conclusões gerais da análise do posicionamento da Brasilprev...178
XXII. PLANEJAMENTO PARA IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA DE VALOR PARA O PÚBLICO ESTILO...181
23.1 Principais causas...185
23.2 Objetivos e público-alvo...187
23.3 Metas...187
23.4 Estratégias...188
23.5 Plano de Ação...188
23.6 Considerações Finais...205
XXIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...207
XXIV. BIBLIOGRAFIA...210
XXV. GLOSSÁRIO...215
XXVI. APÊNDICE...218
APÊNDIDE A - Projeto de Pesquisa...218
APÊNDIDE B - Análise dos Resultados da Pesquisa...283
APÊNDIDE C - Conclusão da Pesquisa...288
I PARTE – ESTUDO TEÓRICO
I. INTRODUÇÃO – NOVOS RUMOS PARA UM MERCADO COMODITIZADO
Em 2004 a Brasilprev, empresa de Previdência Complementar do Banco do Brasil, sofreu uma queda de participação de mercado perdendo sua posição de segunda colocada no ranking de arrecadação e posteriormente de ativos, para a Itaú Vida e Previdência.
Esse avanço da concorrente sobre a fatia, antes detida pela Brasilprev, foi reflexo naquele momento de um esforço de vendas focado no produto chamado VGBL, na época, novidade no portfolio de Previdência Complementar e também, pela compra da carteira da Cigna Previdência e Investimentos.
No entanto, algumas variáveis externas têm sido responsáveis pela desaceleração do mercado como um todo.
Após anos de desenvolvimento intenso e de demanda crescente pela Previdência Complementar, em 2005 o mercado sofreu, pela primeira vez, uma diminuição em seu crescimento.
Tal fato já era previsto por especialistas para daqui alguns anos, devido principalmente ao esgotamento do Mercado Potencial Disponível e a dificuldade de reter clientes no Mercado Potencial Disponível Qualificado, versus a impossibilidade
de criar produtos diferenciados, por imposição da legislação vigente, responsável pela comoditização dos produtos comercializados atualmente.
No entanto, em 2005, um novo fator surgiu fazendo com que a desaceleração prevista para médio e longo prazo, chegasse imediatamente: a promulgação da nova legislação que implementou leis, principalmente tributárias, responsáveis por alterar totalmente o perfil do investidor deste setor.
Antes, muitos investidores de curto prazo utilizavam a Previdência Complementar como fundo de investimento. Entretanto, com o novo regime de tributação, houve um alto índice de saída desse público, pois o produto passou a ser pouco vantajoso para eles.
Nesse cenário a previsão do especialista Eduardo Bom Ângelo – presidente da Brasilprev – em entrevista concedida para a revista Isto É Dinheiro em janeiro de 2006, é de que as empresas iniciarão, em breve, uma disputa de “rouba montes”
dentro do Mercado Penetrado, na qual a carteira de clientes da concorrência será o alvo, na tentativa de conseguir e manter participação de mercado.
Para tanto, considerando que as empresas não poderão contar com ofertas de produtos diferenciados devido à atual legislação previdenciária, será necessário buscar estratégias que visam agregar cada vez mais valor ao serviço prestado dentro do Mercado Potencial Disponível Qualificado.
Dessa forma, os objetivos deste estudo são entender em profundidade o cenário do mercado atual, o posicionamento da Brasilprev dentro desse mercado e sugerir um estudo de viabilidade para implementação de uma proposta de valor para os clientes, iniciando pelo segmento que atualmente possui a menor taxa de retenção da carteira: o Segmento Estilo.
Esse trabalho foi dividido em quatro partes:
A primeira parte faz um estudo teórico abordando o histórico e o cenário atual a fim de esclarecer diversos aspectos e contextualizar a Previdência Social e a Previdência Complementar dentro do tema. Além disso, teoriza sobre consumerismo, comportamento de consumidor, proposta de valor, serviços, retenção, fidelização e segmentação de mercado, voltados para o mercado de Previdência Complementar.
A segunda parte faz um estudo de caso sobre a empresa Brasilprev, analisando seu posicionamento no mercado e sugerindo um planejamento estratégico para implementação de uma proposta de valor para o Segmento Estilo.
A terceira parte, faz a conclusão do estudo, analisando o cenário atual de mercado e as reais condições da Brasilprev, a fim de concluir a viabilidade do planejamento estratégico apresentado.
Por fim, traz no apêndice uma pesquisa qualitativa em profundidade com cerca de 8 (oito) pessoas que embasa a construção do planejamento estratégico, levantando os pontos de importância da proposta de valor para clientes do segmento Estilo.
II. HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES DE SEGURANÇA E BEM- ESTAR
1A necessidade do ser humano em se proteger diante da onipresença do risco e do perigo, tem sido o ingrediente essencial para o surgimento e perpetuação das Instituições de Seguros e Bem-Estar. A comunidade tem cada vez mais necessidade de se organizar na tentativa de prevenir um sinistro ou resolvê-lo sem grandes prejuízos, e isto é algo que ocorre há muito tempo como mostra o breve histórico a seguir.
Na Antigüidade, surgiram as primeiras comunidades organizadas em pró do seguro, sem no entanto assumirem ainda a forma de instituições como as atuais.
Estudiosos do período acreditam que os gregos foram os pioneiros através do chamado Sinédrio2, que pode ser considerado como os primórdios de sociedades mútuas de seguros.
Na Idade Média, as associações de assistência mútua começaram a surgir como meio de defesa pessoal perante os senhores feudais. O primeiro contrato de seguro foi documentado em 1347, na cidade de Gênova. Alguns anos depois, a partir de 1393 há registro das primeiras companhias de seguros, fato seguido em ____________
1 Capítulo baseado em Póvoas, 2000.
2 Dicionário Aurélio: Sinédrio sm. Entre os antigos judeus, tribunal que julgava questões administrativas e criminais.
1401 pela celebração dos primeiros contratos de seguro de vida.
Já no final desse período, a sociedade organiza-se cada vez mais na forma ativa de assistências e socorros mútuos, formando montepios, confrarias, misericórdias e demais associações.
Ao final do século XVII, foi possível observar grande amadurecimento e sedimentação no campo dos contratos de seguros em todo o mundo, mas principalmente na Europa.
A partir do século XVIII houve forte desenvolvimento no setor, com a constituição de várias companhias de seguros por todo o mundo, ainda organizadas com base na experiência acumulada dos séculos anteriores e com parâmetros empíricos.
Nessa época também há registros da evolução técnica do negócio, principalmente do seguro de vida, quando a Equitable Society3 passou a exigir dos segurados a declaração de saúde, que minimizava expressivamente os riscos de sinistro.
Já no século XIX essa evolução tornou-se expressiva quando surgem registros do aperfeiçoamento atuarial da atividade.
Nesse momento, o seguro começa a obter as características que atualmente o definem. Com o passar do tempo, ocorre a melhoria das instituições, nos âmbitos regulamentar e técnico. A consciência da comunidade em relação à segurança atinge altos níveis de demanda e abre caminho para exploração de novos ramos do seguro, como por exemplo, incêndio, responsabilidade civil, acidentes e acidentes de trabalho, roubo e finalmente o seguro de vida, baseado em estudos atuariais.
____________
2.1 O surgimento e a evolução da Previdência
A chegada da era da Revolução Industrial e a extinção do corporativismo medieval desencadearam na Europa uma onda de pobreza inicial responsável por criar uma legião de pessoas famintas e doentes.
No primeiro século da Revolução, entre 1760 e 1860, a questão social surgiu e consolidou-se na Inglaterra, na França e na Alemanha.
A Inglaterra foi a pioneira na criação de leis e organizações de assistências à camada popular, mesmo antes da Revolução, promulgando em 1601, a Poor Law, a lei dos pobres que tinha por objetivo instituir um sistema assistencial suportado economicamente por um imposto instituído para os chefes de família.
No entanto, somente dois séculos depois, com enriquecimento do Estado e das empresas que forneciam serviçospúblicos, a Inglaterra começou a experimentar os primeiros esquemas de pensões de aposentadoria, que precederia a criação de fundos de pensão.
Já em meados do século XIX o sistema assistencial inglês ganhou maior consistência, com a constituição do primeiro fundo de pensão, pela Gas Light and Coke Company.
Na França o sistema de assistência aos pobres ganhou apoio da burguesia.
Com a Declaração dos Direitos do Homem em 1793, o governo criou o Estado- Providência, responsável por inaugurar em 1801 o Departamento de Beneficência para Ajudar os Necessitados.
Em 1818, a poupança surge como instrumento social, seguida nos próximos anos de uma enorme onda de associações beneficentes e mutualistas, que foram se firmando, cada vez mais, como uma solução previdenciária.
Em 1850 foi criado um simulacro do sistema de pensões por velhice e dois anos depois foi criado o sistema de Caixas de aposentadoria.
Com o desenvolvimento do cálculo atuarial, as associações privadas passaram a oferecer planos grupais previdenciários e a concorrência entre seguradoras de vida e sociedades mútuas, na oferta desse produto aumentou.
Para organizar a oferta, em 1890, foi criada a Ligue National de la Prévoyance et de la Mutualité.
Na Alemanha, a principal ação para criação e consolidação do “sistema de seguros sociais” foi a promulgação de três leis. A primeira em 1883 sobre o seguro- doença; a segunda em 1884 sobre acidentes de trabalho; e a terceira em 1889 sobre o seguro velhice-invalidez.
Essas leis foram mais tarde codificadas sob o nome de Código de Seguros Sociais de 1911 e tornaram-se referência em todos os demais países evoluídos, preocupados com as questões sociais.
Torna-se notável, no decorrer de toda a história do seguro e da previdência, que o principal motivo responsável por impulsionar o setor a se desenvolver, mais uma vez, é a consciência generalizada do povo, que percebe a necessidade de proteger e garantir o seu futuro.
Um reflexo dessa preocupação popular se traduz em alguns países, nos quais a instituição dos fundos de pensão aconteceu antes mesmo da Previdência Social.
Esse foi o caso dos Estados Unidos, onde o primeiro fundo de pensão privado data de 1875 na cidade de Nova Iorque. A Previdência Social somente foi criada em 1935 através do Social Security Act.
III. A PREVIDÊNCIA SOCIAL
Após a Segunda Guerra Mundial, os países desenvolvidos começaram a sentir a necessidade de revisar o modelo previdenciário existente, de forma que fosse possível obter uma estrutura dentro das premissas do bem-estar social e que tivessem por objetivo conceder aposentadoria digna aos trabalhadores.
Para isso, era necessário construir rapidamente um sistema que garantisse esse benefício para todos e, como as populações cresciam depressa, fazia sentido criar um modelo em que os jovens (que eram muitos) pagariam a aposentadoria dos mais velhos (que eram poucos). Criou-se então o sistema previdenciário conhecido como Regime de Repartição.
No entanto, com o passar dos anos e devido as várias mudanças populacionais esse regime tornou-se estruturalmente inviável provocando déficits enormes ao redor do mundo. Isso porque, atualmente, alguns mitos e tabus sobre natalidade estão sendo quebrados. Antigamente, acreditava-se que a população continuaria a crescer em ritmo acelerado, o que garantiria uma população jovem e numerosa no mercado de trabalho. Porém, nas últimas décadas, o ritmo de natalidade diminuiu, a qualidade de vida melhorou, a medicina acabou com uma série de doenças e o perfil da população mudou drasticamente.
Hoje, já se vive muito mais e nascem menos pessoas proporcionalmente e tudo isso leva a um "xeque-mate" no antigo sistema de repartição da previdência.
Portanto, a solução tem sido substituir o sistema de repartição que somente tem sucesso em um cenário estático, onde há crescimento demográfico elevado e
rentabilidade baixa das aplicações financeiras, e adotar um modelo mais moderno, onde cada indivíduo cuida do próprio futuro, sacrificando parte do consumo hoje para aplicar o dinheiro e poder pagar as contas quando parar de trabalhar. Esse é o modelo conhecido como Sistema de Capitalização, que vem se impondo, cada vez mais, como a única opção viável, no Brasil e no Mundo (PÓVOAS, 2000).
3.1 Panorama da Previdência Social no mundo
O sistema público norte-americano é muito mais rígido do que a maioria dos sistemas europeus. O benefício médio é de US$ 875,00¹ por mês, o que significa um pouco mais da metade da renda que define a linha da pobreza neste país.
Atualmente a seguridade social ainda possui verba, o que garante ao sistema permanecer com superávit. No entanto, a previsão é de um déficit de 5% do PIB em 2040 (ao longo de 30 anos).
A solução americana é semelhante às européias: atrasar o momento de começar a pagar os benefícios. Atualmente um cidadão americano se aposenta aos 67 anos. Porém, até o final da década essa idade deverá chegar a 75 anos
A Previdência Social na Europa Ocidental e na América Latina – segundo suplemento especial da Revista Exame, de 2005 – possuem sistemas muito semelhantes, baseados no Regime de Repartição. Devido a isso, enfrentam grave crise financeira nesses sistemas, que ao longo do tempo se mostram incapazes de permanecer saudáveis. Isso tem levado ambas as regiões a adotar projetos de reforma na busca de equilíbrio fiscal .
Quando o assunto é Previdência Social, o Chile é um modelo a ser seguido.
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¹ Base de Novembro de 2005, suplemento especial da Revista Exame.
Sob a ditadura do governo de Augusto Pinochet, o governo chileno mudou seu sistema previdenciário público. O problema chileno começou a ser resolvido em 1981, quando o sistema de repartição, nos moldes do brasileiro, foi substituído por um regime de contas individuais, gerenciado por administradores de fundos de pensões privados. Os segurados, que já estavam inscritos na Previdência Social, foram transferidos compulsoriamente para o novo sistema e automaticamente inseridos na Previdência Complementar.
O sistema previdenciário chileno é o único modelo privado com financiamento via capitalização individual. Os trabalhadores contribuem com 10% do seu salário mensal, depositados em contas individuais de finalidade específica junto a administradores privados de recursos. O governo garante uma pensão mínima de 22% do salário médio dos últimos 20 anos de contribuição, caso o saldo da conta não seja suficiente para pagamento desse piso. O governo também garante contribuição de 12% da média dos salários durante o período que o trabalhador estiver desempregado2.
O sistema é estruturalmente superavitário, duramente fiscalizado pelas autoridades e é extremamente competitivo para os beneficiários. No entanto, nem sempre foi assim e apesar das críticas no momento da sua implantação, o modelo chileno hoje é considerado um inegável sucesso.O depoimento do economista Juan Yermo, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), diz que: “A reforma conseguiu sanar os principais problemas da Previdência Social na América Latina, que são a baixa cobertura e a transferência de renda dos pobres para os ricos” (Revista Exame, Estudo Exame Previdência Privada, 2005).
______________
2 Informação extraída do site
www.ead.fea.usp.br/Semead/4semead/artigos/financas/Securato_e_Rodrigues.PDF - PDF 12 Acesso em 26/10/2006
IV. A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL
A mutualidade chegou ao Brasil, nas primeiras décadas após o descobrimento, ou seja, ainda no período colonial, foram criadas as primeiras medidas de proteção social.
Tais manifestações englobavam a criação de uma ampla rede de casas de misericórdias, e depois de montepios1.
Essas instituições foram criadas com objetivos muito simples, corporais e espirituais, que consistiam desde dar comida, vestuário, assistência à enfermos até a consolar os tristes, perdoar injúrias, entre outros.
A primeira casa de misericórdia no país data de 1539, em Olinda. Logo após, em 1543 foi instituída por Brás Cubas a Santa Casa de Misericórdia de Santos e desde então a rede de misericórdias cresceu, atuando ainda hoje no Brasil.
No ano de 1998, que comemorou o V Centenário da Instituição das Santas Casas da Misericórdia, existiam 2.136 Santas Casas espalhadas por todos os Estados brasileiros, que representavam mais de 60% dos leitos hospitalares disponíveis em todo o Brasil (FERREIRA DA SILVA apud PÓVOAS, 2000, p.223).
____________
1 Montepios são instituições em que, mediante o pagamento de cotas cada membro adquire o direito de, por morte, deixar pensão pagável a alguém de sua escolha. São essas as manifestações mais antigas de Previdência Social.
Já os montepios surgiram no Brasil e chegaram até os dias atuais, atravessando séculos, sem serem considerados nas diversas legislações que regulamentaram as seguradoras. A primeira forma de montepio, data de 1543, quando Brás Cubas, após constituir a Santa Casa de Santos, instituiu um plano de pensão para os seus empregados. A partir daí, os montepios prosperaram e tornaram-se prestigiosas instituições.
O mais antigo montepio que ainda existe, é o Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado. Considerado a primeira iniciativa oficial para estabelecer a Previdência Social no Brasil, fundado em 1835, e conhecido hoje por Mongeral Previdência Privada.
A regulamentação mais remota da atividade seguradora data de 1791, quando foram promulgadas as Regulações da Casa de Seguros de Lisboa, que foram mantidas em vigor até a proclamação da independência em 1822. Anos antes, em 1808, com a abertura dos portos brasileiros, tivera início a exploração de seguros marítimos, através da Companhia de Seguros Boa Fé, sediada na Bahia. Foi a primeira seguradora a funcionar no país.
No entanto, em relação à previdência, de acordo com Póvoas (2000), a primeira Constituição da República, promulgada em 1891, limitava-se a dizer, em seu artigo 76 que a aposentadoria apenas poderia ser dada aos funcionários públicos em caso de invalidez ao serviço da nação. Somente na Constituição de 1934, artigo 121, a Previdência Social foi tratada de maneira completa.
O ponto de partida da Previdência Social ocorreu em 1923 com a conhecida Lei Elói Chaves, que determinou a criação de uma Caixa de Aposentadoria e Pensões para os empregados de cada empresa ferroviária.
A partir daí, passou por várias mudanças conceituais e estruturais, envolvendo o grau de cobertura, o elenco de benefícios oferecidos e a forma de financiamento do sistema.
Inserido no contexto da América Latina, o sistema funciona através do Regime de Caixa, ou também conhecido como Regime de Repartição Simples. Esse sistema é um pacto social entre gerações, em que os ativos financiam os inativos, ou seja, todas as contribuições realizadas para o INSS vão para um fundo comum e o pagamento dos benefícios aos aposentados é realizado utilizando-se diretamente as contribuições feitas pelos trabalhadores da ativa.
4.1 A crise da Previdência Social no Brasil
Previdência Social é uma instituição pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A renda transferida pela Previdência Social é utilizada para substituir a renda do trabalhador contribuinte quando ele perde a capacidade de trabalho.
Entretanto, atualmente a Previdência Social brasileira é incapaz de atender à esse propósito pois tem sido cada vez mais difícil equilibrar as necessidades crescentes dos aposentados em contrapartida de manter a saúde das contas públicas.
Dessa forma, passou a ser vista com olhos críticos e nada complacentes pela população brasileira, pois justamente nos momentos mais difíceis, em que os indivíduos perdem a possibilidade de gerar renda, ela deixa a desejar e não consegue atender satisfatoriamente às suas demandas. A raiz da questão está no Regime de Repartição (Revista Exame, Estudo Exame Previdência Privada, 2005).
1950 - 8:1 1970 - 4,2:1 1990 - 2,5:1 1996 - 2,1:1 2003 - 1,2:1 2005 - 1:1
Relação Ideal Aproximadamente 5:1
Empregados Aposentados
Relação Ativos / Inativos Decrescente
1950 - 8:1 1970 - 4,2:1 1990 - 2,5:1 1996 - 2,1:1 2003 - 1,2:1 2005 - 1:1
Relação Ideal Aproximadamente 5:1
Empregados Aposentados
Empregados Aposentados
Relação Ativos / Inativos Decrescente
Como a base desse regime, consiste em trabalhadores ativos sustentarem os inativos, quando falta dinheiro, o governo cobre a diferença com impostos. No entanto, o rombo tem sido cada vez maior. No Brasil atualmente, há mais gente contribuindo que gente aposentada.
Mas a tendência é de uma piora progressiva nessa realidade. A Figura 1 a seguir, exemplifica e compara a relação de ativos versus inativos a partir da década de 50.
Figura 1 Relação de trabalhadores ativos versus inativos
Fonte: ANAPP – Associação Nacional de Previdência Privada (2005)
O esgotamento desse modelo previdenciário é mundial e, embora adquira matizes diferentes de um país para o outro, as causas são sempre muito parecidas.
0 500 1000 1500 2000
1950 1980 2000 2025 2050
Mundo Mais Desenvolvidos Menos Desenvolvidos Europa Pessoas com 60 e mais anos de idade
0 500 1000 1500 2000
1950 1980 2000 2025 2050
Mundo Mais Desenvolvidos Menos Desenvolvidos Europa 0
500 1000 1500 2000
1950 1980 2000 2025 2050
Mundo Mais Desenvolvidos Menos Desenvolvidos Europa Pessoas com 60 e mais anos de idade
4.2 Principais causas da crise 4.2.1 Fatores demográficos
A redução da taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida, proporcionados pelos avanços da medicina e das condições sanitárias, representam mudança nos fatores demográficos que têm contribuído para a relação trabalhadores ativos versus inativos.
O resultado foi o envelhecimento da população e o aumento do número de aposentados em relação às pessoas que ainda estão na ativa. Para ter uma idéia da magnitude desse fenômeno, ao longo do século passado a expectativa de vida dos brasileiros mais que dobrou: era de 34 anos em 1900 e foi para 69 anos em 2001 (CARO, 2005, p.18).
A afirmação de Caro (2005) é reforçada pelo Gráfico 1 a seguir que demonstra o aumento da população idosa no mundo.
Gráfico 1 Aumento da população idosa no mundo
Fonte: United Nations World Population, revisão 2004 apud pesquisa O futuro da aposentadoria, HSBC (2005)
As pirâmides a seguir (Gráficos 2, 2.1, 2.2, 2.3), demonstram a evolução da expectativa de vida no Brasil.
Gráfico 2 Pirâmides Populacionais no Brasil (em milhões de pessoas) - 1980
Fonte: ANAPP (2005) Através do gráfico podemos observar que em 1980 a taxa de natalidade era muita alta, e a população era relativamente jovem. O número de homens e mulheres era muito semelhante. A quantidade de pessoas com mais de 50 anos era muita baixa quando comparado à quantidade de crianças e jovens.
Porém, vinte anos depois, este cenário já apresenta relativa mudança conforme Gráfico 2.1.
Gráfico 2.1 Pirâmides Populacionais no Brasil (em milhões de pessoas) - 2000
Fonte: ANAPP (2005)
Pode-se observar que aumentou significativamente o número de pessoas com idades entre 30 e 50 anos. E o número de mulheres também aumentou nesta faixa etária.
A expectativa de vida prevista para o ano de 2020 (Gráfico 2.2) apresenta nitidamente o envelhecimento da população, pois até os 45 anos o número de homens e mulheres é semelhante ao número de crianças e jovens.
Gráfico 2.2 Pirâmides Populacionais no Brasil (em milhões de pessoas) - 2020
Fonte: ANAPP (2005)
Para 2050, o número de mulheres com idade entre 40 e 70 será quase igual ao número de crianças e jovens. O número de homens na mesma faixa etária apresentará pequena diferença, mas mantendo a mesma tendência.
HOJE
Mundo
BRASIL 9%
10%
EM 2050
Mundo
BRASIL 25%
21%
HOJE
Mundo
BRASIL 9%
10%
EM 2050
Mundo
BRASIL 25%
21%
Gráfico 2.3 Pirâmides Populacionais no Brasil (em milhões de pessoas) - 2050
Fonte: ANAPP (2005)
Esses fatores aliados, significam de forma resumida, que a quantidade de ativos está diminuindo ao mesmo tempo que os inativos passaram a receber benefícios por muito mais tempo, o que inviabiliza o sucesso atuarial do sistema.
Gráfico 3 Participação dos idosos na população
Fonte: Revista Época, Sua aposentadoria em xeque, (2006, p. 36)
Mas, no Brasil pesou ainda outros fatores.
4.2.2 Mudança no mercado laboral
Conforme sugere Beltrão (2004) na década de 80 a inflação elevada e a crise das finanças públicas contribuíram para o quadro, aliadas recentemente às mudanças no mercado de trabalho refletidas no aumento da informalidade.
Existem estimativas que 40 milhões de pessoas não contribuam para a Previdência Social, o que faz com que a base de arrecadação de recursos para financiar as aposentadorias fique cada vez menor (CARO, 2005).
Em 1988, o que ampliou ainda mais o déficit brasileiro, foi a nova Constituição que estendeu o beneficio da aposentadoria a milhões de pessoas que nunca contribuíram.
4.2.3 A Previdência para o Setor Público
Outro fato agravante da situação, que não pode ser desprezado, é que grande parte da arrecadação da Previdência Social vai para o bolso dos inativos do serviço público. Esses que somam cerca de 3 milhões de inativos, ficam com 40%
de todo o dinheiro da Previdência Social. Os demais 24 milhões de aposentados e pensionistas dividem os 60% da receita que restam. Diante desse fato, o Brasil é recordista mundial em despesas com servidores públicos (Revista Época, Sua aposentadoria em xeque, 2006).
4.2.4 A união da Previdência, da Assistência Social e Saúde em um único sistema
Boschetti (in: MORHY, 2003, p. 36) esclarece que “o termo seguridade social
foi institucionalizado no Brasil apenas com a Constituição de 1988, que alojou sob essa designação as políticas de saúde, previdência e assistência social”.
Dessa forma, dissecando os três setores e contrariando as teses de que a Previdência Social é deficitária, a ANFIP (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência) fez um estudo, em 2001, sobre o orçamento da seguridade social. Ao apresentar o resultado surpreendente, foi possível constatar que a Previdência Social, em si, não apresentava déficit.
O resultado negativo vinha da saúde e assistência social, devido ao fato de que a verba proveniente das fontes criadas para cobrir esses direitos, tais como COFINS, CPMF e CSLL, não eram completamente utilizadas para esse fim.
Fazendo com que o governo utilize as contribuições da Previdência para custear todo o sistema de seguridade social.
4.3 O déficit da Previdência Social
A pouca saúde financeira da Previdência Social impacta inclusive a dívida pública causando aumento das contas, já que para cobrir o rombo o governo se vê obrigado a emitir títulos para honrar os pagamentos dos aposentados. Todo dinheiro que falta para o pagamento de aposentadorias é coberto com tributos arrecadados de toda a população.
Berzoini (in: MORHY, 2003) afirma que em 2002, a arrecadação tributária do setor público destinou R$ 56 bilhões ao pagamento dos benefícios nos dois sistemas previdenciários existentes. O regime do INSS precisou de R$ 17 bilhões para fechar suas contas e cumprir seus compromissos com 19 milhões de beneficiários. Já o sistema do setor do público precisou de R$ 39 bilhões, o que representa mais que o dobro, para pagar benefícios a 3,2 milhões de pessoas (funcionários públicos).
4%
4,4%
4,7%
5%
9%
9,2%
12%
12,1%
14,2%
18,8%
Nova Zelândia EUA Canadá Reino Unido Bélgica Suécia BRASIL França Itália Alemanha
Hoje
4%
4,4%
4,7%
5%
9%
9,2%
12%
12,1%
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18,8%
Nova Zelândia EUA Canadá Reino Unido Bélgica Suécia BRASIL França Itália Alemanha
Hoje
Foram R$ 894 para cada beneficiário do INSS e R$ 12.187 para cada beneficiário dos regimes dos servidores públicos.
O Gráfico 4 a seguir, demonstra a evolução desse déficit ao longo dos últimos anos.
Gráfico 4 Déficit da Previdência Social no Brasil
Fonte: Revista Exame, Estudo Exame Previdência Privada, (2005).
Num período de quatro anos o déficit da Previdência Social no Brasil quase triplicou passando de 11 bilhões de reais em 2001, para 32 bilhões de reais em 2005.
A seguir, um comparativo de quanto os países gastam atualmente e quanto deverão gastar no futuro para cobrir do déficit com a Previdência Social (em % do PIB).
Gráfico 4.1 Gastos com Previdência Social no mundo - Atualmente
Fonte: Revista Época, Sua aposentadoria em xeque, (2006) -1 1 -1 5
-2 5 -3 0 -3 2 E m b ilh õ e s d e R $
2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5
-1 1 -1 5
-2 5 -3 0 -3 2 E m b ilh õ e s d e R $
2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5
7,5%
6,2%
6,4%
5,5%
13%
10,8%
20%
14,5%
14,4%
13,8%
Nova Zelândia EUA Canadá Reino Unido
Bélgica Suécia BRASIL França Itália Alemanha
Em 2050
7,5%
6,2%
6,4%
5,5%
13%
10,8%
20%
14,5%
14,4%
13,8%
Nova Zelândia EUA Canadá Reino Unido
Bélgica Suécia BRASIL França Itália Alemanha
Em 2050
Fazendo o comparativo, pode-se observar que para cobrir o déficit da Previdência Social, alguns países já terão contornado razoavelmente a situação em 2050, apresentando nítida redução. Porém, o Brasil aparece em destaque como o país que mais gastará para cobrir o déficit, passando de 12% no PIB atualmente para 20% do PIB.
Gráfico 4.2 Gastos com Previdência Social no mundo – Em 2050
Fonte: Revista Época, Sua aposentadoria em xeque, (2006)
4.4 Os possíveis caminhos para a Previdência Social
Mesmo num cenário como este, até hoje no Brasil e no mundo as reformas propostas e realizadas têm levado apenas a reformas “cosméticas”, apesar da urgência em sanar os problemas dos sistemas antes de suas prováveis quebras.
Os problemas apresentados pela seguridade social atingem a sociedade como um todo, mas principalmente a camada mais pobre e carente que não possui renda suficiente para contribuir voluntariamente num sistema de Previdência Complementar.
Com a expectativa de vida crescendo a cada ano, a população está envelhecendo e cada vez mais se agrava os problemas com a Previdência Social.
Neste cenário, Póvoas (2000) prevê que a previdência social passe da administração pública para a administração privada, com o respectivo custeio a ser totalmente suportado ou diretamente pelo indivíduo, ou indiretamente pela empresa onde trabalhe, limitando-se o Estado a exercer o papel de garante final do sistema.
A reforma da Previdência Social é pauta na maioria dos governos e é imprescindível para atingir os níveis de segurança exigidos pela população.
Nesse contexto Follador (2003) descreve em linhas gerais, uma proposta especifica para equilibrar financeira, atuarial e gradualmente os dois regimes compulsórios de previdência.
• Regime Geral da Previdência Social (RGPS):
- Separar a Previdência Social da Assistência Social;
- Promover a inclusão de parcela maior da população economicamente ativa no regime de previdência, mediante adoção de novos critérios de financiamento e amplo trabalho de comunicação e conscientização;
- Desvincular a correção do benefício da correção do salário mínimo;
- Adotar idade mínima crescente de acordo com o crescimento da longevidade para aposentadorias por tempo de serviço / contribuição;
- Rever a forma e custeio do sistema, desonerando a folha de pagamentos, com vistas a estimular a formalização de mão-de-obra;
- Rever, para todos os segurados, critérios de elegibilidade de dependentes para fins de pensão.
• Regime Próprio de Previdência Funcional (RPPF):
- Implantar fator previdenciário para todos os servidores públicos de todos os níveis, que estimule o adiamento da aposentadoria, revendo os critérios de elegibilidade aos benefícios, de forma a respeitar a Constituição que estabelece a obrigatoriedade do equilíbrio financeiro e atuarial dos regimes próprios públicos de previdência;
- Criação de fundos previdenciários para os atuais e futuros servidores públicos, com Planos de Beneficio Definido, financiados por capitalização coletiva;
- Manter os atuais inativos e pensionistas em plano próprio, com benefícios financiados pelo Tesouro, até sua extinção;
- Cobrar contribuições progressivas, atuarialmente calculadas de inativos e pensionistas na parcela do beneficio que excede o teto do RGPS;
- Possibilitar a implantação de Planos de Benefício e de Custeio diferenciados por categorias especificas;
- Instituir para os atuais servidores ativos e futuros concursados, o escalonamento progressivo da contribuição, atuarialmente calculada, tal como no RGPS;
- Rever critérios de elegibilidade de dependentes para fins de pensão;
Entretanto, para Marcelo Pimentel, ex-ministro do trabalho, a reforma da Previdência deve ser uma coisa permanente, mas respeitando-se os direitos adquiridos. Tudo o que se pensa de reforma está voltado para o setor público cujo o déficit está na casa dos R$ 40 bilhões, enquanto no INSS algo em torno de R$ 25 bilhões, crescendo ano após ano, devido exatamente aos beneficiados sem contribuição. “Se não se revolver melhor o problema de contribuições, através do
progresso e aumento do PIB, (...) o problema vai se avolumar incontrolavelmente.”
(PIMENTEL, 2003, p. 368).
Ainda existem mais brasileiros ativos contribuindo que brasileiros aposentados. No entanto, o valor das contribuições, claramente, não cobre o valor das aposentadorias e pensões.
Por isso, vislumbrando pouquíssimas perspectivas de mudança, a população apresenta um quadro de demanda crescente pela Previdência Complementar, nos últimos anos, como rota alternativa para os trabalhadores ativos que pretendem manter o seu padrão de vida após a aposentadoria, sem que para isso precise contar com um sistema público que apresenta claros sinais de declínio.
V. A PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
Quando ainda a maioria dos países latino-americanos, apesar de sentirem a fragilidade de seus sistemas de seguros sociais, não tinha nem sequer idéias definitivas sobre a forma de resolverem os problemas que se avizinham, o Brasil, sem qualquer pressão nem do povo nem do Estado, instituiu um notável sistema de previdência privada promulgando a Lei no. 6.436, em 15 de julho de 1977 (PÓVOAS, 2000, p.264).
A Previdência Complementar surge num contexto brasileiro e mundial como importante elo na cadeia dos mecanismos de proteção contra os riscos da aposentadoria e da velhice, em que as pessoas percebem que não podem simplesmente contar com o Estado para garantir uma vida mais tranqüila nesse momento.
Beltrão (2004, p. 15) define Previdência Complementar, ou Privada, como complemento ou suplemento dos benefícios e serviços do seguro social básico.
Trata-se, “de uma escolha individual exercida a partir do poder aquisitivo de cada um, contraposto ao nível de benefício que deseja auferir ao final de sua vida”.
Também nessa linha Derzi e Zappa (2006, p.63) defendem que “a Previdência Privada possui caráter complementar, facultativo e autônomo em relação ao Regime Geral de Previdência Social“.
Atualmente, quem está acostumado a viver com uma renda acima do teto do benefício do INSS, terá dificuldades para manter o padrão de vida quando parar de trabalhar. É por isso que, cada vez mais, as pessoas vêem nos planos de
Previdência Complementar, a solução para garantir uma aposentadoria tranqüila, confortável e de acordo com o padrão de vida que já está acostumado.
A revista Exame, em 2005, trouxe em um suplemento especial sobre Previdência Complementar a informação de que, segundo pesquisa do governo, apenas 1% dos idosos brasileiros conseguem manter uma renda satisfatória com a aposentadoria. De acordo com o estudo, a maioria vive com a ajuda de parentes e amigos, ou então precisam continuar trabalhando (Revista Exame, Estudo Exame de Previdência Privada, 2005).
No Gráfico 5 a seguir, fica clara a defasagem da renda do trabalhar ativo versus a renda após a aposentadoria. Quanto maior a renda, maior a defasagem:
Gráfico 5 Benefício máximo de aposentadoria concedido pelo INSS1
Fonte: Unibanco AIG (2005)
Assim, em média as pessoas necessitam de no mínimo 60% de sua última renda para manter seu padrão de vida no período pós-carreira.
____________
¹ Extraído do site http://www.unibancoaig.com.br/artigo.asp?artigo=12 . Acesso em 07/10/2005.
A incerteza em relação à Previdência Social tem sido o principal motivo para alavancar as vendas de planos privados. Contudo, mesmo tendo como objetivo principal a complementação da renda da aposentadoria oficial, atualmente o setor privado é visto como um importante instrumento de acumulação de recursos, devido às suas características de fundo de investimento. Muitos adquirem o produto para garantir, ao final do período de acumulação, a faculdade dos filhos, por exemplo.
A seguir o Gráfico 6 demonstra a evolução do mercado de Previdência Complementar proporcional ao crescimento do déficit da Previdência Social.
Gráfico 6 Comparativo entre déficit da Previdência Social e Evolução da Previdência Complementar2
Fonte: Revista Exame, Estudo Exame Previdência Privada, 2005.
A Previdência Complementar tem importância estratégica também para o país, em duas frentes. A primeira por seu caráter social, pois segundo Derzi e Zappa (2006) a Previdência Complementar tem como função aperfeiçoar o sistema público, _____________
2Dado atualizado com base em informação da ANAPP (2006)
-11 -15
-25 -30 -32
23 28
47
64
77¹
Déficit da Previdência Social
Em bilhões de R$
Crescimento da Previdência Complementar
Em bilhões de R$
2001 2002 2003 2004 2005
2001 2002 2003 2004 2005 -11 -15
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Déficit da Previdência Social
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Crescimento da Previdência Complementar
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2001 2002 2003 2004 2005
seja concedendo proteção quando da falta da proteção pública, ou apenas melhorando-a quando já exista.
A segunda, por seu caráter econômico-financeiro, pois por se tratar de uma poupança de longo prazo, alavanca investimentos em diversos setores da economia.
Devido a isso, é comum em vários países que o governo se utilize de favorecimento fiscal para incentivar essa prática.
Dessa forma, cumpre com três objetivos principais: a) a necessidade de auxiliar as pessoas para manterem padrões de vida próximos ao período de atividade; b) o impacto macroeconômico positivo derivado do incentivo ao aumento da poupança pessoal e c) a redução do custo dos planos estatais obrigatórios de seguridade social (FARIA, 2004).
Póvoas (2000) conclui que a Previdência Complementar é resultado do interesse manifestado pela população, não apenas por trabalhadores que não encontram no sistema da Previdência Social a segurança que gostariam no futuro, mas também por empresários que consideram que a empresa e o trabalhador são sócios num processo produtivo, que determina a força da Previdência Complementar.
Assim, no âmbito brasileiro, esse setor tem muito a ser explorado, quando comparado com os números em outros países. De acordo com estudos, no final de 2004, a Previdência Complementar representava o equivalente a 1,28% do PIB brasileiro. Nos Estados Unidos, no qual o mercado é mais maduro, essa proporção era de 4,38 % do PIB. Na França esse índice era de 6% e no Chile de 2,6%. A estimativa de crescimento também se baseia no fato de que mais de 50% da população economicamente ativa do Brasil, não possui nenhum tipo de previdência pública ou privada (Jornal Valor Econômico, dezembro de 2005).
No Brasil, como na maior parte do mundo, já se pratica atualmente o sistema previdenciário dos três pilares, ou sistema de tripé. O primeiro pilar é o da Previdência Social, que em geral é universal e atende a todos que de alguma forma contribuíram. O segundo é a Previdência Privada Coletiva, muitas vezes de caráter compulsório, que tem por objetivo a formação de um plano coletivo, oferecido normalmente pelas empresas a seus colaboradores. O terceiro é a Previdência Privada individual, totalmente voluntária (BARREIROS, 2006, p. 113).
5.1 A Previdência Complementar Aberta e Fechada no Brasil
Dentro do sistema dos três pilares, o segundo e o terceiro dizem respeito ao sistema de Previdência Complementar. De acordo com a Lei Complementar 109/01 o sistema de Previdência Complementar no Brasil deve ser composto por Entidades Fechadas de Previdência Complementar – as EFPC e por Entidades Abertas de Previdência Complementar – as EAPC.
A Figura 2 a seguir demonstra a estrutura da Previdência Complementar no Brasil:
Figura 2 Estrutura da Previdência Complementar no Brasil
Fonte: ANAPP (2006)
Sistema Complementar
Sistema de Aposentadoria
Fechada
Sistema de Aposentadoria
Aberta
Fundo Fechado Multipatrocinado Fundo Fechado
Próprio
Seguradoras
Entidade Jurídica 1 patrocinadora Condomínio
Várias Patrocinadoras
Planos constituídos nas Seguradoras
(PGBL/VGBL) Sistema Complementar
Sistema de Aposentadoria
Fechada
Sistema de Aposentadoria
Aberta
Fundo Fechado Multipatrocinado Fundo Fechado
Próprio
Seguradoras
Entidade Jurídica 1 patrocinadora Condomínio
Várias Patrocinadoras
Planos constituídos nas Seguradoras
(PGBL/VGBL)