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O processo de estruturação urbana de Águas Claras DF: avaliação pósocupação

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MARTA ELIZA DE OLIVEIRA

O PROCESSO DE ESTRUTURAÇÃO URBANA DE ÁGUAS CLARAS - DF: AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em

Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientadora: Dra. Lucijane Monteiro de Abreu

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Ficha elaborada pela Coordenação de Processamento do Acervo do SIBI – UCB.

27/07/2009

O48p Oliveira, Marta Eliza de

O processo de estruturação urbana de Águas Claras – DF: avaliação pós-ocupação / Marta Eliza de Oliveira. – 2009.

xviii, 156 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2009. Orientação: Lucijane Monteiro de Abreu

1. Urbanização. 2. Sustentabilidade. 3. Qualidade de vida. I. Abreu, Lucijane Monteiro de, orient. II.Título.

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A Deus

“A fé é invencível, inabalável e

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que me despertou; eu me guio com Seu conselho e me conduzo com os Seus ensinamentos, pois Ele me agarrou pelas mãos.

Aos meus filhos Leandro e Daniela, que são a razão de tudo, que me orgulham com suas conquistas e que me apóiam em todos os momentos da minha vida. Amo vocês!

Aos meus pais, Diomedes e Marieta, pelas infinitas orações por mim, pelo amor incondicional, por me impulsionarem a atingir os meus objetivos e não deixarem eu me abater diante das adversidades.

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RESUMO

Com o intuito de compreender e analisar a estruturação do espaço urbano do Distrito Federal, considerado uma configuração emblemática em termos de urbanização, muitos estudos vêm sendo realizados, produzindo avanços em diferentes aspectos. Esta dissertação propõe-se a avançar na compreensão da configuração urbana da cidade de Águas Claras, no Distrito Federal, mediante a identificação e análise dos aspectos históricos, urbanísticos, ambientais e sociais, objetivando associar esse processo de estruturação urbana com a qualidade de vida da população. O estudo constitui-se de ampla pesquisa bibliográfica e de trabalho realizado em campo, utilizando a aplicação experimental do método de Avaliação Pós-Ocupação (APO), que adota análises quantitativas e qualitativas para avaliar o ambiente natural e construído, e contemplou técnicas de aplicação de questionários, entrevistas e registros visuais descritivos. O trabalho propiciou o conhecimento e análise do espaço urbano objeto do estudo, desde o início da ocupação urbana até os dias atuais; a caracterização do espaço urbano quanto aos aspectos ambientais e sociais, notadamente características físicas e naturais, indicadores populacionais, socioeconômicos, de infra-estrutura urbana e serviços públicos; e a aferição de opiniões e necessidades a partir da percepção dos gestores urbanos e dos usuários. Assim, concluiu-se que a conformação do espaço urbano da cidade vem ocorrendo de forma simultânea ao aparelhamento do sistema urbano, a partir da priorização na infra-estrutura urbana e da melhoria da mobilidade intra-urbana, resultando na satisfação dos moradores e em um ambiente construído de forma equilibrada à manutenção da qualidade de vida urbana.

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ABSTRACT

Willing to understand and analyze the structure of Distrito Federal’s urban space, considered to be an emblematic configuration regarding urban planning, several studies have been done, resulting in advances in different aspects.

This dissertation intends to improve the apprehension of the urban configuration of Águas Claras city, at Distrito Federal, through the identification and analysis of historical, urban, environmental and social aspects, aiming on associating this process of urban structure with the population’s quality of life.

The study consists in an ample bibliographic research and field trip, utilizing the experimental application of the method of Post-Occupancy Evaluation, which uses quantitative and qualitative methods to evaluate the natural and built environments, and contemplated techniques of questionnaires application, interviews and descriptive visual records.

The paper provided the knowledge and analysis of the urban space object of study, since the beginning of the urban occupation until nowadays; the urban space characterization as for environmental and social aspects, noticeably physical and natural characteristics, indicators of population, socioeconomic factors, urban infrastructure and public services; and the investigation of opinions and needs through the perception of urban managers and users.

Thus, the conclusion is that the city’s urban space conformation is occurring simultaneously to the preparation of the urban system, prioritizing the urban infrastructure and the development of the intra-urban mobility, resulting in the inhabitants’ satisfaction and in an environment build with balance to the urban quality of life.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Síntese dos principais estudos sobre mobilidade residencial... 32

Figura 2 – Síntese sobre sustentabilidade alinhada ao ambiente urbano... 37

Figura 3 – Síntese dos aspectos de qualidade de vida... 40

Figura 4 – Tipos de Avaliações de Projetos Habitacionais... 43

Figura 5 – Fluxograma na Avaliação Pós-Ocupação... 44

Figura 6 – Esquema de Matriz Avaliativa... 48

Figura 7 – Significado dos eixos da Matriz Avaliativa... 49

Figura 8 – Síntese sobre as etapas do desenvolvimento urbano do DF... 52

Figura 9 – Síntese com períodos históricos da cidade de Brasília... 54

Figura 10 – Distribuição Territorial do Distrito Federal... 57

Figura 11 – Projeto de Águas Claras... 61

Figura 12 – Síntese com as Zonas de Uso Urbano... 65

Figura 13 – Indicadores Urbanísticos... 68

Figura 14 – Edifícios residenciais – Gabarito diferenciado Águas Claras... 70

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xi

Figura 16 – Terrenos vazios, em construção e construídos – Av. Araucárias... 83

Figura 17 – Rodovias Federais e Estaduais que circundam Águas Claras... 84

Figura 18 – Principais avenidas e ruas de Águas Claras – DF... 85

Figura 19 – Trilhos do metrô na superfície... 85

Figura 20 – Linhas do Metrô que servem Águas Claras... 86

Figura 21 – Estação Concessionárias... 86

Figura 22 – Estação Águas Claras... 87

Figura 23 – Estação Arniqueiras... 87

Figura 24 – Complexo de Viadutos Israel Pinheiro... 88

Figura 25 – EPTG - Taguatinga retorno à esquerda para Águas Claras... 88

Figura 26 – EPTG entrada principal da cidade à direita... 89

Figura 27 – Área do Parque Ecológico de Águas Claras... 91

Figura 28 – Parque Ecológico de Águas Claras – Pista de caminhada... 93

Figura 29 – Parque Ecológico de Águas Claras – Lago... 93

Figura 30 – População Urbana Residente por Sexo – Águas Claras... 95

Figura 31 – População Urbana Residente por Faixa Etária – Águas Claras... 95

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xii Figura 33 – Perfil dos compradores dos empreendimentos de Águas Claras, por RAs

de origem... 96

Figura 34 – Perfil dos compradores dos empreendimentos de Águas Claras, por idade e sexo... 97

Figura 35 – População Urbana por atividade principal – Águas Claras... 98

Figura 36 – Distrito Federal por grupo de Ras... 99

Figura 37 – Grupos de RAs por faixa de renda per capita mensal... 100

Figura 38 – Praça “Tuim” – Qd 206...101

Figura 39 – Novo viaduto sobre os trilhos do metrô... 105

Figura 40 – Posto Policial Av. Araucárias... 106

Figura 41 – Centro Universitário UNIEURO – Campus Águas Claras... 107

Figura 42 – Ocupação dos lotes urbanos... 109

Figura 43 – Estacionamentos residenciais... 110

Figura 44 – Vista da cidade de Águas Claras – gabarito diferenciado... 111

Figura 45 – Sede da Administração Regional de Águas Claras... 112

Figura 46 – Sede do Tribunal Regional de Águas Claras... 112

Figura 47 – Tempo de moradia... 117

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xiii

Figura 49 – Motivo da opção pela cidade... 118

Figura 50 – Satisfação com a cidade... 119

Figura 51 – Infra-estrutura da quadra – questionário... 120

Figura 52 – Existência de área de lazer no prédio... 121

Figura 53 – Atendimento das necessidades – Educação... 121

Figura 54 – Atendimento das necessidades – Saúde... 122

Figura 55 – Atendimento das necessidades – Coleta de Lixo... 122

Figura 56 – Atendimento das necessidades - Segurança Pública... 123

Figura 57 – Atendimentos das necessidades – Comércio local... 123

Figura 58 – Mobilidade - Meio de transporte utilizado... 124

Figura 59 – Mobilidade Pendular... 125

Figura 60 – Mobilidade Intra-Urbana... 125

Figura 61 – Preferências – Opções de Lazer... 126

Figura 62 – Interferências na qualidade de vida – Construções e Obras Públicas. 127 Figura 63 – Interferências na qualidade de vida – Nº de moradores da quadra... 128

Figura 64 – Atendimento da demanda – Estacionamentos... 129

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xiv

Figura 66 – Elemento que MAIS gosta na cidade... 130

Figura 67 – Elemento que NÃO gosta na cidade... 131

Figura 68 – Estado Civil... 131

Figura 69 – Idade... 132

Figura 70 – Grau de Instrução... 132

Figura 71 – Composição da família... 133

Figura 72 – Renda Familiar... 133

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Regiões Administrativas do DF... 56

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xvi

LISTA DE SIGLAS

APO – Avaliação Pós-Ocupação

Av. - Avenida

CODEPLAN – Companhia de Planejamento do Distrito Federal

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

DF – Distrito Federal

EPTG – Estrada Parque Taguatinga

PDAD – Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios

PDL – Plano Diretor Local

PDOT – Plano Diretor de Ordenamento Territorial

Qd – Quadra

RA – Região Administrativa

RA XX – Região Administrativa de Águas Claras

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ... x

LISTA DE TABELAS ... xv

LISTA DE SIGLAS ... xvi

INTRODUÇÃO ... 19

Cap. 1 - REVISÃO DA LITERATURA ... 24

1.1 PROCESSO DE ESTRUTURAÇÃO URBANA ... 24

1.1.1 A cidade ... 24

1.1.2 Urbanização ... 24

1.1.2.1 Espaço Urbano ... 25

1.1.2.2 Urbanização dispersa ... 27

1.1.2.3 Mercado de moradia ... 28

1.1.2.4 Edificações no espaço público ... 29

1.1.2.5 Segregação espacial ... 30

1.1.2.6 Mobilidade residencial ... 31

1.1.2.7 Mobilidade Pendular ... 33

1.1.3 Infra-estrutura urbana ... 33

1.1.4 Impactos socioambientais ... 35

1.1.5 Sustentabilidade Urbana ... 36

1.1.6 Qualidade de Vida Urbana ... 38

1.2 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) ... 42

Cap. 2 – CONFIGURAÇÃO URBANA DE ÁGUAS CLARAS ... 51

2.1 DESENVOLVIMENTO URBANO DO DISTRITO FEDERAL ... 51

2.2 REGIÕES ADMINISTRATIVAS DO DISTRITO FEDERAL ... 55

2.3 A CIDADE DE ÁGUAS CLARAS... 60

2.3.1 Fatos históricos ... 60

2.3.2 Plano de Ocupação de Águas Claras ... 63

2.3.3 Paradoxo entre a proposta e a realidade ... 69

Cap. 3 - MATERIAL E MÉTODOS ... 72

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 72

3.1.1 Pesquisa bibliográfica e levantamento de dados ... 72

3.1.2 Aplicação da metodologia de Avaliação Pós-Ocupação (APO) ... 73

3.1.2.1 Questionário ... 75

3.1.2.2 Entrevista ... 79

3.1.2.3 Levantamento fotográfico ... 81

Capítulo 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 82

4.1 DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL ... 82

4.1.1 Estrutura do território ... 82

4.1.1.1 Parque Ecológico de Águas Claras ... 91

4.1.2 Dinâmica populacional ... 95

(18)

xviii

4.1.4 Infra-estrutura urbana e Serviços Públicos ... 101

4.2 REALIZAÇÃO DAS ENTREVISTAS ... 104

4.3 APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS ... 116

4.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 134

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ... 143

APÊNDICE I - QUESTIONÁRIO ... 146

APÊNDICE II - ROTEIRO PARA ENTREVISTA ... 149

(19)

INTRODUÇÃO

A produção do espaço urbano no Brasil, historicamente, tem demonstrado um padrão caracterizado inicialmente por migrações de longa distância, seguido na década de 1980, de fluxos migratórios de curta distância, com movimentos intra-regionais e elevadas taxas de adensamento populacional nas regiões periféricas.

No Distrito Federal observa-se que o processo de desenvolvimento e ocupação territorial urbano tem demonstrado um padrão caracterizado por migrações intrametropolitanas e segregação socioespacial decorrentes dos projetos de expansão urbana, ocupações irregulares e especulação imobiliária.

Outra constatação decorrente do processo de expansão urbana do Distrito Federal é o crescimento da mobilidade espacial, principalmente a pendular.

Assim, não obstante o planejamento da cidade de Brasília, inserida em um projeto de desenvolvimento nacional que idealizou um pólo de desenvolvimento e sede administrativa nacional, percebe-se que o processo de ocupação territorial não ocorreu da forma como foi planejada.

O estudo do espaço urbano a partir da análise configuracional revela as características do espaço como estrutura concreta e suas implicações sobre o comportamento das pessoas.

A configuração espacial está relacionada ao modo de vida das pessoas e, nesse prisma, é fundamental analisar como elas vivem e apreendem o espaço urbano, para conhecer a realidade socialmente construída.

As relações cotidianas no espaço urbano impulsionam e conduzem a permanente busca da melhoria dos processos físicos e sociais, articulados aos aspectos funcionais, estéticos, de conforto, acessibilidade e segurança do ambiente.

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ambientais e sociais, buscando relacionar esse processo de estruturação com a qualidade de vida urbana.

O interesse está centrado nas características do espaço urbano, nas suas formas de uso e ocupação, e nas interferências na configuração espacial, que podem ocorrer de forma desestruturada e afetar o bem-estar dos seus usuários.

A área de estudo definida, em função das características e dos objetivos pretendidos é a cidade de Águas Claras, que faz parte da poligonal da Região Administrativa XX – Águas Claras, que engloba também o Areal e Arniqueiras, contemplando na análise dos impactos socioambientais, a sua área de influência indireta.

Vale mencionar que em princípio, pretendia-se como área de estudo toda a RA XX, contudo observou-se ao longo desse estudo, que as regiões do Areal e Arniqueiras têm características físicas e sociais bastante distintas e não compatibilizariam com os objetivos propostos.

Convém evidenciar a importância de compreender os fatos históricos relacionados à expansão urbana do Distrito Federal, desde a sua criação, em 1960, até os dias atuais, os quais balizaram o aprofundamento das especificidades relativas à produção do espaço urbano da região objeto do estudo.

Entre as abordagens mais recentes é possível identificar estudos que permeiam aspectos relativos à configuração urbana de pequenas e grandes metrópoles (CHIQUITO, 2006; MAGLIO, 2005; RODRIGUES, 2005), do Distrito Federal (CAIADO, 2004; FRANÇA, 2008; PAVIANI, 2003), e ainda de Águas Claras (GOMES, 2007), contudo pretende-se avançar a discussão no sentido de conhecer a conformação do espaço urbano da cidade e avaliar a situação atual pós-ocupação em matéria de impactos socioambientais e de qualidade de vida urbana percebida pelos usuários.

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A partir desse objetivo geral, pretende-se:

Analisar a infra-estrutura urbana e a qualidade de vida presentes na cidade;

Avaliar o cenário urbano atual e as perspectivas que se vislumbram na conformação do espaço urbano da região.

Ao propósito, foi levantada a seguinte questão: “A conformação do espaço urbano de Águas Claras vem ocorrendo de forma desestruturada e produzindo significativos impactos socioambientais para a população?”.

Por conseguinte, a hipótese considerada foi: “A configuração urbanística instalada compromete o uso e a qualidade de vida da população.”

As preocupações com as questões socioambientais na gestão urbana vêm crescendo à medida que a expansão urbana vem sendo caracterizada principalmente pela segregação socioespacial e pela ineficiência de infra-estrutura urbana.

Nesse sentido, a cidade de Águas Claras representa um espaço urbano decorrente da implantação de políticas públicas de expansão do Distrito Federal, cujo processo de urbanização vem ocorrendo em ritmo acelerado sob a intensa influência da especulação imobiliária na região.

A necessidade de identificação dos desafios para a adequada gestão do espaço urbano da cidade pode ser visto como uma oportunidade para apontar caminhos para o desenvolvimento sustentável da região.

(22)

A opção pela utilização do método de Avaliação Pós-Ocupação (APO) foi precedida de análise de outras metodologias, as quais também poderiam ser adaptadas ao objetivo de estudo pretendido.

A escolha pela APO foi julgada mais adequada, visto que adaptada às condições peculiares da área objeto do estudo, possibilita a avaliação do processo de estruturação urbana e da qualidade de vida urbana, podendo subsidiar ajustes do espaço urbano e colaborando na melhoria dos ambientes construídos e na maior satisfação dos usuários. A aplicação desse método pode contribuir na obtenção de parâmetros para adoção do modelo em situações semelhantes, podendo contemplar aspectos inovadores em pesquisas de APO.

Na análise das metodologias consideradas para aplicação nesse estudo, foram verificadas as bases teóricas e práticas. Assim, além da análise da metodologia de Avaliação Pós-Ocupação (APO), foram analisadas as metodologias a seguir, apresentando um breve comentário sobre a sua aplicabilidade:

Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) – voltada à previsão e avaliação dos impactos ambientais e alternativas mitigadoras das políticas, planos, programas e projetos governamentais;

Processo Analítico Hierárquico ou Analytical Hierachy Process (AHP) – utilizada para o auxílio na tomada de decisão e definição dos pesos (grau de importância) dos diversos atributos de entrada;

Observação Direta Intensiva – emprega-se a técnica de observação assistemática, simples e ocasional da área de estudo, mediante o percurso da área diversas vezes, buscando recolher e registrar os fatos relacionados ao problema, bem como identificar suas interações.

O estudo apresenta-se estruturado em quatro capítulos, além da parte introdutória e das conclusões, quais sejam:

(23)

revisão da literatura sobre os temas relacionados com a pesquisa, especialmente as questões acerca da urbanização, infra-estrutura urbana, impactos socioambientais e qualidade de vida urbana, julgados relevantes para a compreensão dos aspectos tratados no estudo. Foram também expostas as bases conceituais da metodologia aplicada – Avaliação Pós-Ocupação (APO), desde as suas origens e aplicabilidade em âmbito nacional e internacional, e ainda a sua relação com este estudo, os quais culminaram com o trabalho de campo realizado na região.

O Capítulo 2 descreve o processo de desenvolvimento do Distrito Federal e a ocupação territorial urbana da cidade de Águas Claras, identificando aspectos históricos, urbanísticos, ambientais e sociais.

No Capítulo 3 são apresentados os procedimentos metodológicos destacando a metodologia de Avaliação Pós-Ocupação (APO) – aplicação de questionários aos usuários, entrevista pessoal e registros visuais.

Os resultados obtidos no estudo são demonstrados no Capítulo 4 através do diagnóstico socioambiental da região, assim como a configuração do espaço urbano e suas implicações sociais e ambientais.

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Cap. 1 - REVISÃO DA LITERATURA

São apresentados os aspectos teóricos afetos ao problema tratado, mediante uma revisão bibliográfica relativa ao processo de estruturação urbana, além da apresentação da metodologia de Avaliação Pós-Ocupação (APO).

1.1 PROCESSO DE ESTRUTURAÇÃO URBANA

Os referenciais teóricos sobre a estruturação do espaço urbano balizaram as bases conceituais que serviram de suporte à compreensão e análise proposta nesta pesquisa e contemplaram: a cidade, urbanização, infra-estrutura urbana, impactos socioambientais, sustentabilidade urbana e qualidade de vida urbana.

1.1.1 A cidade

Segundo Guerra e Cunha (2006) a cidade é tradicionalmente vista como aglomeração urbana ou um espaço de assentamento urbano, de obras, de estruturação e funções específicas. É o centro da vida social e política, composta de diferentes áreas ou ambientes construídos e diferentes classes sociais.

Sobre a cidade, Machado (1993, apud GUERRA E CUNHA, 2006) afirma: “As cidades são sistemas abertos e complexos, ricos de instabilidade contingência.”.

Forattini (1991) afirma sobre o ambiente urbano: “A cidade constitui ecossistema antrópico, onde o grau de artificialidade atinge seu nível mais elevado.”.

(25)

Observa-se que as intensas modificações no ambiente urbano, decorrentes do processo de urbanização, podem influenciar o estado físico e emocional dos habitantes, e conseqüentemente a qualidade de vida da população.

Esse crescimento acelerado do ambiente urbano, via de regra, não se faz acompanhar por adequada implantação de infra-estrutura básica, resultando em condições precárias do meio em que vive a população e da dependência de suas regiões de influência direta e indireta1.

Na concepção de Forattini (1991) o processo de urbanização chega praticamente a desvincular o ser humano de seu relacionamento com a natureza, devido à intensa concentração em áreas relativamente limitadas.

O autor cita, de maneira genérica, as características do ambiente urbano:

Afastamento e ausência de contato com o meio natural;

Concentração e elevada densidade populacional, em espaço limitado;

Predominância de atividade industrial e de prestação de serviço.

Para compreender o processo de urbanização, foram trabalhadas as terminologias: espaço urbano, urbanização dispersa, mercado de moradia, edificações no espaço público, segregação espacial da população, mobilidade residencial e mobilidade pendular.

1.1.2.1 Espaço Urbano

1

(26)

Pode-se dizer que o espaço urbano é constituído pelas áreas edificadas e áreas livres interligadas por um sistema de infra-estrutura urbana, resultado de drásticas transformações antrópicas sobre o meio físico ao longo dos anos.

O espaço urbano globalizado é marcado por relações sociais, econômicas e culturais em constante e acelerada mutação Santos (1994, apud LIMA e MENDONÇA, 2001).

O estudo de França (2008) identifica que os níveis de uso2 e ocupação3 dos espaços urbanos retratam como é a relação dentre o que foi oferecido e como de fato as coisas acontecem.

Com a ocupação e crescimento dos espaços urbanos, a tendência é crescer os problemas sociais e os desequilíbrios ambientais, produzindo reflexos na qualidade de vida da população.

Compreender a dinâmica que envolve o processo de urbanização e buscar soluções concretas para a adequada gestão do espaço urbano, são questões que devem estar associadas à implementação de políticas públicas alinhadas aos padrões de sustentabilidade urbana.

Nesse sentido, expressam Galindo e Furtado (2003):

A compreensão da cidade como um organismo viva – com formas de organização e funcionamento expresso em tempos e movimentos próprios, modificada cotidianamente pela ação dos homens, impõe a necessidade de se buscar formas de administrá-la e de administrar os processos sociais que a produzem e modifica, na perspectiva de melhorar a qualidade de vida, transformando a cidade num locus sustentável e saudável para a vida

do homem em sociedade.

Sobre a construção de um urbanismo que esteja voltado para a construção de cidades sustentáveis, Magalhães (2006) alerta que o grande desafio é envolver questões qualitativas e quantitativas no planejamento e gestão do território,

2

O uso são as práticas relacionadas às atividades no espaço. (FRANÇA, 2008)

(27)

representando uma verdadeira inovação e uma ruptura com os paradigmas até aqui dominantes.

1.1.2.2 Urbanização dispersa

Tratando-se de urbanização, uma questão importante a ser evidenciada é a urbanização dispersa. Segundo Dagger (2003, apud OJIMA e HOGAN, 2008), a dispersão urbana é resultado das escolhas individuais, isto é, a opção por viver em áreas relativamente próximas aos centros urbanos, mas com proximidade a valores relacionados ao meio ambiente.

Sendo assim, entre os principais aspectos que são considerados como efeitos negativos nos modelos de urbanização dispersa estão o uso intensivo de transporte automotivo, sobretudo o de uso individual, e conseqüentemente aumentando significativamente a pegada ecológica4 das cidades. Outro destaque negativo é que essa fragmentação cria espaços vazios e amplia as demandas por serviços públicos, aumentando a demanda por linhas de transmissão, rede de água e esgoto, sistema viário, escolas, segurança etc.

Nesse contexto, Dias (2006) em seu livro “Educação e Gestão Ambiental” argumenta:

Aumentamos a produção, aumentamos o consumo, aumentamos a degradação ambiental e estamos sempre prontos para justificar mais degradação, desde que criemos novos empregos para atender cada vez mais pessoas que nascem e começam a consumir, produzir resíduos e aumentar a pressão sobre os recursos naturais.

Por outro lado, ao expandir os núcleos habitacionais residenciais para as fronteiras do perímetro urbano, normalmente desconectados da malha urbanizada central, o custo das unidades habitacionais tende a ser inicialmente reduzido,

4

(28)

produzindo efeitos positivos na medida em que amplia o acesso de uma parcela da população a condições de moradia de “melhor qualidade”.

Além disso, os espaços vazios criados podem ser uma oportunidade para ocupação pelo setor de serviços e comércio. E ainda aqueceria o mercado imobiliário.

Na visão de PAVIANI (1996) a cidade deve crescer planejadamente, sem rupturas, de forma agradável, sem distâncias imensas a serem vencidas, conforme retratado na sua afirmação:

Adensar não significa construir um continuum de concreto, inumano, e

árido. É possível planejar uma ocupação contínua, com múltiplos usos, sem que haja uma setorização rígida. A cidade deve crescer com habitações, comércios, parques, serviços locais de lazer, emprego, jardins.

1.1.2.3 Mercado de moradia

Para Harvey (1980, apud GOMES, 2007), há diversos atores no mercado de moradia, determinando maneiras diferentes do valor do uso e do valor de troca do produto – o imóvel:

Usuários;

Corretores;

Proprietários;

Incorporadores e Indústria da Construção Civil;

Instituições Financeiras;

Instituições Governamentais.

(29)

o primeiro se preocupa com o valor no momento da compra e em eventuais reformas, e o segundo se preocupa com o limite do seu investimento na moradia.

Os corretores de imóveis visam obter lucro mediante a cobrança de custos pela efetivação da transação imobiliária de compra ou venda da moradia. Atuam como intermediários e não têm interesse no seu valor de uso e nem na qualidade de vida da cidade, somente com os incentivos financeiros.

Os proprietários dos imóveis, não têm a moradia como valor de uso para si mesmo, e em sua maioria, objetiva o valor de troca, atuando como investidores. Esses adquirem o imóvel para alugar: à vista, visando obter renda mensal do capital investido em curto prazo ou por meio de financiamento imobiliário visando obter renda para amortizar a sua dívida e simultaneamente aumentar sua riqueza.

Os incorporadores e a indústria da construção civil visam obter o lucro e se preocupam em proporcionar valor de uso necessário para maximizar o lucro na transação imobiliária.

As instituições financeiras utilizam seus fundos em moradia como um investimento lucrativo e seguro. Têm interesse em obter valor de troca proporcionando a oportunidade para o usuário obter valor de uso.

As instituições governamentais interferem no processo de moradia implementando políticas para beneficiar principalmente os usuários de baixa renda. Além disso, atuam na criação, aplicação e fiscalização das normas urbanísticas de uso e ocupação do solo.

1.1.2.4 Edificações no espaço público

(30)

caracterizada pelos tipos de edificações e de suas fachadas, atuando como ferramenta de produção do espaço construído.

Na proposta de edifícios de apartamentos os códigos sociais são estabelecidos de forma coletiva e a verticalização excessiva da estrutura, pode influenciar a relação entre as moradias e seus usuários, na medida em que há um proporcional aumento de moradores.

1.1.2.5 Segregação espacial

O significado de segregação espacial pode ser visto como uma conseqüência da distribuição da moradia no espaço urbano.

A segregação espacial é um processo que adquire características específicas a cada conjuntura da dinâmica social e que subentende as desigualdades e os conflitos de interesses que determinam a produção do espaço (CASTELS, 1983 e LOJKINE, 1981 apud CAIADO, 2004).

Na visão de Villaça (2001) apud Mancini (2008), essa segregação refere-se ao processo em que diferentes classes ou camadas sociais tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões, não impedindo, contudo o crescimento de outras classes no mesmo espaço.

Percebe-se que a distância espacial pode causar a forte dependência das áreas dotadas de serviços públicos e privadas, bem como detentoras das oportunidades de trabalho.

Quanto à segregação socioespacial no aglomerado urbano do Distrito Federal, Guia (2006) aponta três cenários distintos interligados:

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2) Área Intermediária – com média concentração de empregos, alta densidade demográfica e elevada rotatividade populacional;

3) Área Periférica – com baixa concentração de empregos em franco processo de expansão territorial e demográfica e elevada absorção de migrantes intrametropolitanos.

Esse processo de segregação intensificado pela crescente urbanização implica na expansão da mobilidade espacial, tanto residencial quanto pendular.

1.1.2.6 Mobilidade residencial

Segundo Caiado (2004), os estudos sobre mobilidade residencial têm sido apresentados em diversos trabalhos, a partir de diferentes abordagens.

(32)

AUTOR ABORDAGEM

TURNER (1968) Associação à mobilidade social, em que cada segmento da população corresponderia uma determinada localização espacial, sendo que os migrantes tenderiam a se localizar inicialmente nas áreas centrais da cidade e posteriormente, com a sua inserção no mercado de trabalho, se mudariam para as periferias conforme sua capacidade de pagar pela moradia.

VILLAÇA (2001) A disputa pela localização é uma disputa pela otimização (não necessariamente pela minimização) dos gastos de tempo e energia.

WOLPERT (1965)

e SIMMNONS

(1970)

Eixo central é o ajuste dos indivíduos a determinada localização, segundo seus desejos, buscando sua melhor utilidade locacional, considerando atributos de localização, perfil social, fase do ciclo vital, condições de acesso à renda e condições de ocupação da moradia.

ABRAMO e

FARIA (1998)

Associam às decisões de mobilidade residencial à atuação do mercado imobiliário formal e informal e a algumas características sociodemográficas, isto é, condições familiares individuais e estruturais.

CONWAY e

BROWN (1980)

Partem de um modelo itinerário intra-urbano que atenderia três prioridades: acessibilidade5, segurança do titulo de propriedade garantindo a estabilidade e amenidades sociais, como localizar-se próximos a amigos e parentes.

VILAÇA (1991) A classe dominante comanda a apropriação do espaço urbano, obtendo vantagens com melhores condições de deslocamentos.

Figura 1 – Síntese dos principais estudos sobre mobilidade residencial

5 A acessibilidade consiste em proporcionar a possibilidade de se entrar em determinado local ou

(33)

1.1.2.7 Mobilidade Pendular

Conforme Caiado (2004), a mobilidade pendular consiste nos deslocamentos populacionais diários, com diferentes motivações, tais como atendimento às demandas por trabalho, educação, consumo, serviços sociais e mesmo por atividades de lazer.

Esse fenômeno é percebido nas movimentações diárias das pessoas que deixam as cidades vizinhas localizadas no entorno imediato do Distrito Federal ou mesmo as regiões administrativas localizadas, em direção ao Plano Piloto ou outras regiões onde estão concentrados os empregos.

Paviani (1996) destaca que a organização do espaço urbano do Distrito Federal processou-se sob o formato de assentamentos esparsos, distantes entre si e do Plano Piloto de Brasília. Em razão desse padrão estabelecido, definiu-se Brasília como “metrópole polinucleada”.

1.1.3 Infra-estrutura urbana

Conforme estudos de Zmitrowicz e De Angelis Neto (1997), a infra-estrutura urbana constitui-se de um conjunto de sistemas técnicos de equipamentos e serviços necessários ao desenvolvimento das funções urbanas, relacionadas aos aspectos sociais, econômicos e institucionais.

Essas funções visam promover condições de moradia, trabalho, lazer e segurança, além de propiciar os meios necessários para o desenvolvimento de atividades de produção, comercialização de bens e serviços, e político-administrativas.

(34)

a cidade, contudo alertam que eles devem sempre ser analisados em conjunto haja vista estarem associados às questões habitacionais e de meio ambiente. São eles:

a) Subsistema Viário – deve ser adequado às condições topográficas, delinear deslocamentos fáceis e rápidos e propiciar a implantação de outros serviços de infra-estrutura necessários. É composto de uma ou mais vias de circulação, de acordo com o espaço urbano e complementado pelo sistema de drenagem pluvial que assegura o seu uso;

b) Subsistema de Drenagem Pluvial – tem como função promover o adequado escoamento das águas das chuvas, assegurando o trânsito público e as edificações. Constituiu-se das ruas pavimentadas, incluindo guias e sarjetas, e redes de tubulações e suas captações;

c) Subsistema de Abastecimento de Água – objetiva o provimento de água sanitariamente pura para todos os usos, observando-se qualidade e quantidade. Compõem-se da captação, adução6, recalque7, tratamento e distribuição de água.

d) Subsistema de Esgotos Sanitários - visa promover o imediato afastamento e destino à água utilizada, deteriorada e contaminada. Compreende: a rede de canalizações e órgãos acessórios, órgãos complementares e dispositivos de tratamento de esgotos;

e) Subsistema Energético – a energia elétrica destina-se à iluminação de locais e movimentação de motores, e a energia do gás à produção de calor (cozinhar, esquentar água, aquecer ambientes). Para a energia elétrica é necessário processos de fornecimento, geração, transmissão e distribuição. A distribuição da energia a gás é feita por meio do gás combustível;

6

Processo constituído pelo conjunto de peças especiais e obras de arte destinadas a ligar as fontes de água bruta (mananciais) às estações de tratamento e redes de distribuição (ZMITROWICZ e DE ANGELIS NETO, 1997).

7

Sistema constituído por um motor, uma bomba hidráulica e seus acessórios, utilizado quando o local da captação da água está em nível inferior (PUPPI, 1981 apud ZMITROWICZ e DE ANGELIS NETO,

(35)

f) Subsistema de Comunicações - compreende a rede telefônica e a rede de televisão a cabo. As conexões são feitas por condutores metálicos e mais recentemente por fibras óticas, cabos terrestres ou submarinos e satélites.

1.1.4 Impactos socioambientais

O crescimento acelerado da ocupação urbana pode resultar em problemas sociais, econômicos e ambientais.

Na visão de Guerra e Cunha (2006) os impactos ambientais promovidos pelas aglomerações urbanas são, simultaneamente, produto e processo de transformações da natureza e da sociedade. Afirmam ainda que os impactos ambientais alteram as estruturas de classes sociais e transformam o espaço.

Sendo assim, afirmam:

No estágio de avanço da ocupação do mundo, torna-se cada vez mais difícil separar impacto biofísico de impacto social. Na produção dos impactos ambientais, as condições ecológicas alteram as condições culturais, sociais e históricas, e são por elas transformadas. (GUERRA & CUNHA, 2006, P. 25).

Assim, os estudos de impactos ambientais não devem se limitar a associar o crescimento urbano ou características demográficas as alterações ecológicas, mas também a compreender a cidade, as formas de produção, as dinâmicas de infra-estrutura urbana e serviços públicos, e ainda a organização social do espaço urbano.

Desse contexto, percebe-se a visão da extensão dos impactos decorrentes da urbanização como parâmetro que agrega os fatores sociais e ambientais.

(36)

energia, absorção dos resíduos sólidos, esgotamento sanitário, drenagem pluvial e comunicações e conseqüentemente na vida da sociedade, podendo ainda afetar as condições climáticas, principalmente aumento da temperatura e alterações de precipitação pluvial, os solos, os recursos hídricos e a cobertura vegetal, que por sua vez contribuiu para a retenção, estabilização dos solos e prevenção das erosões.

Com relação aos impactos socioambientais decorrentes do processo de urbanização, Mancini (2008) destaca o surgimento de uma “urbanização sem desenvolvimento”, que propicia o aumento da informalidade na ocupação do solo e nas relações de trabalho, transformações socioeconômicas na sociedade, intensificação dos problemas de transportes e comunicações, induzindo a busca constante de conforto, tranqüilidade e qualidade de vida, que para muitos já não existem.

Segundo Entrena (2004, apud MANCINI, 2008) os efeitos negativos do processo acelerado de urbanização podem acarretar conflitos de uso e ocupação do solo, transformações nocivas à paisagem natural, necessidade crescente de dotação de serviços públicos apropriados, dificuldades de gestão territorial, aumento dos custos da infra-estrutura, além de afetar os aspectos de mobilidade e transporte.

1.1.5 Sustentabilidade Urbana

A partir do relatório Nosso Futuro Comum8 e do documento Agenda 219 foram estabelecidas as premissas para o conceito de sustentabilidade, resultando em tratados e convenções assinados em eventos internacionais.

8

Relatório produzido em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), chefiada pela primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland que apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável como “um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação de desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas”. (CMMAD, 1991 apud

DIAS, 2006, p.31).

9 Documento resultante da Conferência das nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

(37)

A aplicação do conceito de sustentabilidade ao ambiente urbano contemplou os estudos de Maglio (2005), sendo os principais enfoques teóricos apresentado na Figura 2, a seguir:

AUTOR ENFOQUE TEÓRICO

Moreira, 1997 É o resultado da profunda transformação do ambiente para adequá-lo às necessidades da aglomeração e para transformá-lo no habitat da população e das atividades humanas aglomeradas.

Axelrad, 1999 É vista pela capacidade das políticas urbanas adaptarem-se à oferta de serviços urbanos, à quantidade e qualidade das demandas sociais, buscando o equilíbrio entre as necessidades e os meios de satisfazê-las.

Moura Costa, 2000 O espaço é freqüentemente ignorado nas noções de sustentabilidade, permanecendo subestimada a dimensão espacial/urbana nas análises.

Harvey, 1996 Não somente o processo ecológico deve ser incorporado na vida social, mas também os fluxos de moeda e mercadorias, e as ações transformadoras dos seres humanos, como por exemplo, a construção de sistemas urbanos.

Figura 2 – Síntese sobre sustentabilidade alinhada ao ambiente urbano

Conforme Axelrad (1999, apud MAGLIO, 2005), há três articulações lógicas nas formas distintas de representação das cidades, baseadas nos conceitos de racionalidade ecoenergética, modelo de metabolismo urbano e espaço da qualidade de vida.

(38)

No modelo do metabolismo urbano, a cidade é composta por movimentos interativos de circulação, troca e transformação de recursos em trânsito, realçando a incapacidade de adaptação das estruturas urbanas às condições materiais requeridas.

E no modelo da cidade como espaço da qualidade de vida, a sustentabilidade é baseada na universalização de direitos à saúde, à educação e às condições sanitárias e ambientais adequadas, expressas em políticas urbanas que reflitam a cidadania das populações.

Em suma, o autor conclui que para a construção efetiva da sustentabilidade urbana deve incorporar a dimensão espacial/urbana e a dimensão política e econômica do espaço urbano em sua complexidade social e histórica.

1.1.6 Qualidade de Vida Urbana

O conceito de qualidade de vida urbana é bastante abrangente e possui múltiplas abordagens.

Por englobar uma ampla série de fatores, de diferentes naturezas, a avaliação da qualidade vida urbana torna-se uma tarefa que encerra muitos elementos, no entanto é bastante discutida no âmbito das políticas públicas.

Em grande parte das abordagens sobre qualidade de vida urbana, os estudos destacam a importância de se desenvolver indicadores para sua mensuração, compreensão de suas formas e tendências.

(39)

Sob a perspectiva de Vaz (2006) é importante ter claro que os indicadores de qualidade de vida urbana não podem ser tomados como forma absoluta de explicação ou de comparação, devendo-se levar em conta as especificidades de cada situação.

Importante ressaltar que esta pesquisa não se aprofundará no âmbito da temática de “indicadores” de qualidade de vida urbana, por não ser o foco do trabalho.

Rocha et al (2000) destaca que conceituar qualidade de vida é um desafio contínuo e mensurá-la seria mais pretensioso ainda, já que o tema induz à uma reflexão qualitativa sobre as condições de vida individuais e coletivas.

(40)

ASPECTOS REFERÊNCIAS

MATERIAIS Necessidades básicas, como por exemplo, condições de habitação, de abastecimento de água, sistema de saúde.

IMATERIAIS Relacionados ao ambiente, ao patrimônio cultural e ao bem estar.

INDIVIDUAIS Referem-se à condição econômica, pessoal e familiar, aos relacionamentos pessoais.

COLETIVOS Serviços básicos e serviços públicos.

OBJETIVOS Definidos por indicadores de natureza quantitativa.

SUBJETIVOS Referem-se à percepção dos indivíduos quanto à qualidade de vida, que varia de pessoa para pessoa.

Figura 3 – Síntese dos aspectos de qualidade de vida

Nahas (2008), em trabalho publicado na Revista Eletrônica de Jornalismo Científico – ComCiência, afirma que a expressão “qualidade de vida” tão comum, antiga, e de uso universal, quando acrescida do termo “urbana” muda radicalmente seu sentido. Sendo assim, descreve as seguintes fases do conceito de qualidade de vida:

1. Década 1960 – consolidação do conceito de qualidade de vida agregando-o quando referir-se ao desenvolvimento dos países;

(41)

3. Década 1990 – relevância nas discussões sobre qualidade de vida urbana e incorporação como expressão da preocupação mundial com as conseqüências socioambientais do acelerado processo de urbanização.

Cabe destacar a afirmação de Nahas (2008) sobre a questão conceitual:

O conceito de qualidade de vida urbana se situa entre o de “qualidade de vida” e o de “qualidade ambiental”.

Para Kran e Ferreira (2006) a mescla de conceitos entre qualidade de vida e qualidade ambiental dificulta estabelecer se a qualidade de vida é um dos aspectos da qualidade ambiental, ou se a qualidade ambiental é um componente do conceito de qualidade de vida.

Percebe-se a qualidade de vida como um conceito central da problemática ambiental e do desenvolvimento sustentável, que exige a disponibilidade de infra-estrutura social e pública para atuar em benefício do bem comum (FRANK, 2000 apud KRAN E FERREIRA, 2006)

Conforme colocado por Forattini (1991) citando Coimbra (1985), a qualidade de vida seria a somatória de fatores decorrentes da interação entre sociedade e ambiente, notadamente às questões concernentes as necessidade biológicas e psíquicas.

Hornquist (1982, apud FORATTINI, 1991) define qualidade de vida como sendo o grau de satisfação atingido no âmbito das áreas física, psicológica, social, comportamental e estrutural.

(42)

1.2 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO)

Considerando a opção pela aplicação da metodologia de Avaliação Pós-Ocupação (APO) como um dos procedimentos metodológicos a ser utilizado nesse estudo, além da pesquisa bibliográfica e levantamento de dados de fontes secundárias e de órgãos do governo, é fundamental explicitar as suas bases teóricas e conceituais.

De acordo com Ornstein e Bruna (2004), a APO teve origem conceitual e teórica na Europa e nos EUA, na década de 1960, com os estudos realizados no campo da psicologia ambiental. Aplicada sistematicamente em outros países, a APO busca estabelecer recomendações que minimizem ou corrijam problemas detectados no ambiente construído submetido à avaliação, bem como utilizar os resultados da avaliação na otimização do desenvolvimento de projetos futuros.

No Brasil, teve início na década de 1970, em pesquisa sobre conjuntos habitacionais do estado de São Paulo, consolidou-se a partir de meados da década de 1980 como atividades de ensino e pesquisa na Universidade de São Paulo e difundiu-se a partir da década de 1990 com a formação de pós-graduandos na área e com os núcleos de pesquisa afins.

Segundo Ornstein (1992) esta metodologia pretende a partir da avaliação de fatores técnicos, funcionais, econômicos, estéticos e comportamentais do ambiente em uso, e tendo em vista a opinião dos usuários, diagnosticar aspectos positivos e negativos, e definir recomendações para minimizar ou corrigir problemas detectados no ambiente construído. Pretende também utilizar os resultados dessas avaliações para realimentar o ciclo do processo de produção e uso de ambientes semelhantes, buscando otimizar o desenvolvimento de futuros projetos.

(43)

São avaliações ex-post, pois revelam os resultados imediatos das ações e

o grau de satisfação da população beneficiada. As avaliações de pós-ocupação podem ser definidas como avaliações de resultados e de primeiros impactos. Esse tipo de avaliação não se confunde com medições de encerramento de obras e é fundamental considerar o nível de satisfação da população beneficiária. Na pós-ocupação é essencial verificar se o projeto deu certo, se foi adequado ou não adequado para aquela população e situação urbana.

Nesse documento, estão explicitadas as diferenças entre as avaliações da política, do programa/projeto e da pós-ocupação, objetivando clarificar a construção do processo avaliativo da pós-ocupação, e não confundi-lo com outros tipos de avaliação na concepção e desenho da gestão pública, conforme demonstrado na Figura 4 a seguir:

Figura 4 – Tipos de Avaliações de Projetos Habitacionais Fonte: Ministério das Cidades, 2004

(44)

A formulação da APO deve ser prévia e cuidadosamente formulada, constituindo-se de um planejamento da pesquisa, levantamento adequado dos dados e posteriormente avaliação dos resultados obtidos.

Ornstein (1992) sugere na APO de ambientes construídos, a adoção do fluxograma de atividades, dividido em etapas de coleta ou levantamento de dados, diagnóstico, recomendações para o ambiente e finalmente insumos para novos projetos, conforme modelo demonstrado na Figura 5 a seguir, adaptado de Ornstein (1992):

Figura 5 – Fluxograma na Avaliação Pós-Ocupação:

Na visão de Ornstein (1992), a APO poderá estar voltada tanto para a pesquisa quanto para a consultoria sobre os temas que seguem, dentre outros:

 Acessibilidade a deficientes físicos, crianças e idosos;

(45)

 Segurança contra fogo, roubo e acidentes pessoais;

 Sinalização e comunicação visual;

 Informatização de ambientes;

 Edifício inteligente;

 Aspectos ergonômicos;

 Melhoria e reparos de aspectos técnicos, funcionais e comportamentais;

 Fluxo de circulação em ambientes complexos de grande porte (hospitais, aeroportos, rodoviárias, etc.);

 Aspectos comportamentais específicos, como privacidade, controle de dispersão ou atração de pessoas, vandalismo, criminalidade, etc.;

 Aspectos culturais, e antropológicos;

 Reformas e alterações de áreas comerciais;

 Revitalização/renovação de áreas urbanas;

 Diretrizes e recomendações para ambientes construídos de interesse social, tais como habitações, escolas e postos de saúde;

 Manuais de projetos, construções, operação e manutenção de ambientes construídos;

(46)

 Organização da transferência de mobiliário, equipamentos e usuários de um dado ambiente complexo (antigo), para um novo, como hospitais;

 Projetos e execução de obras significativas para a cidade, como áreas comerciais e de lazer;

 Intensificação da participação dos usuários no gerenciamento e controle de qualidade de ambientes construídos;

 Análise de planos diretores urbanos;

 Macro e micro estudos do impacto ambiental de empreendimentos urbanos.

A APO é aplicada por meio de sistemática de multimétodos, levando-se em conta, além do parecer de especialistas/avaliadores, o nível de satisfação dos usuários, mensurado por meio de uma ampla variedade de procedimentos, podendo-se citar:

 Vistorias técnicas e medições;

 Registros visuais descritivos (fotos e vídeos);

 Observações de atividades, por escrito ou desenhadas de atividades dos usuários;

 Elaboração de mapas comportamentais;

 Entrevistas;

 Questionários com resposta múltipla-escolha, escala de valores e respostas abertas;

(47)

 Desenhos representativos da percepção.

A utilização de métodos e técnicas combinados possibilita o confronto comparativo com aqueles de aferição de opiniões, de necessidades, de comportamentos e de percepção dos usuários dos ambientes.

Na abordagem apresentada por Ornstein e Bruna (2004), a APO tem sido aplicada ao controle da qualidade do ambiente urbano, que pressupõe o controle de alterações resultantes das atividades humanas que, conforme o art.1º da Resolução nº. 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), afetem:

 A saúde, a segurança e o bem-estar da população;

 As atividades sociais e econômicas;

 A biota;

 As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

 A qualidade dos recursos ambientais.

Sob a perspectiva de Ornstein e Bruna (2004), essas atividades estão relacionadas ao comportamento dos usuários dos ambientes construídos que podem estar alterando o meio construído ou suas qualidades físicas, químicas e biológicas.

(48)

Figura 6 – Esquema de Matriz Avaliativa Fonte: Ministério das Cidades, 2004

Para a aplicação da Matriz Avaliativa é importante a compreensão do significado de cada terminologia utilizada. Os três eixos – Moradia e Inserção Urbana, Inclusão Social e Satisfação do Morador partem de um conceito amplo sobre “moradia digna”10.

10

(49)

A Figura 7, a seguir, apresenta o significado de cada terminologia utilizada:

Figura 7 – Significado dos eixos da Matriz Avaliativa Fonte: Ministério das Cidades, 2004

Nesse contexto, Ornstein (1992) apresenta uma proposta diferenciada para uma matriz avaliativa, mais simples, que a autora denomina de “Matriz de Tabulação de Dados”. Trata-se de uma planilha que agrupa os dados tabulados e as análises básicas dos procedimentos metodológicos adotados, como questionário, entrevistas, etc.

(50)

No direcionamento proposto pela metodologia APO, além de possibilitar intervenções que afetem as efetivas necessidades dos usuários, conforme citado anteriormente, percebe-se o seu alcance na responsabilidade sobre o meio ambiente natural e construído, e conseqüentemente na sustentabilidade ambiental.

Nessa vertente, os procedimentos utilizados na aplicação da APO tem evoluído e se tornado mais abrangentes, considerando além dos processos de produção, uso, operação, manutenção e gerenciamento de ambientes construídos, as questões ambientais, conforme legislações específicas aprovadas nas últimas décadas, notadamente a avaliação do impacto ambiental e seu respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente, de acordo com Resolução do CONAMA 001/1986.

(51)

Cap. 2 – CONFIGURAÇÃO URBANA DE ÁGUAS CLARAS

A apresentação da configuração urbana da cidade de Águas Claras consistiu na abordagem dos seguintes aspectos: desenvolvimento urbano do Distrito Federal, as regiões administrativas do Distrito Federal e a cidade de Águas Claras, enfatizando os fatos históricos, o seu Plano de Ocupação e o paradoxo entre o planejado e o executado.

2.1 DESENVOLVIMENTO URBANO DO DISTRITO FEDERAL

A implementação do território do Distrito Federal teve como base a abertura do país para uma nova fase de desenvolvimento, no governo do presidente Juscelino Kubitschek, a partir da transferência da capital, do Rio de Janeiro para o interior do estado de Goiás.

Desde a criação de Brasília, o Distrito Federal cresceu de forma acelerada em virtude da vinda dos migrantes para a nova capital.

Sobre a demarcação das etapas da organização e os períodos nos quais a urbanização se efetivou em Brasília, encontram-se diversos estudos que procuraram delimitar e caracterizar a formação do aglomerado urbano de Brasília, cada um a partir de especificidades inerentes ao foco de seus trabalhos.

(52)

Em linhas gerais, o contexto apresentado por Paviani e Gouvêa (2003) está demonstrado na Figura 8, a seguir:

ETAPA CARACTERÍSTICAS

Etapa 1 – Fase de Implementação de Brasília (de 1956 A 1969)

- A nova capital foi projetada e construída em sintonia com parâmetros elevados de qualidade de vida e de qualidade ambiental;

- O Estado foi o principal agente na estruturação do espaço; - Expansão não planejada do tecido urbano, por meio da criação das cidades-satélites, geridas por autoconstrução e com padrões altamente diferenciados do que havia sido planejado, para abrigar os migrantes pobres; o processo de assentamento foi feito pela Novacap11

- Na prática, as ações de gestão do território mostraram-se seletivas e excludentes; mas a imagem construída era de um espaço igualitário.

Etapa 2 – Fase de Consolidação de Brasília (de 1970 a 1985)

- A organização do espaço no Plano Piloto manteve-se em sintonia com o projeto original; diante do crescimento da cidade, o governo elaborou o PEOT - 197712

- Recomendações para o crescimento na direção sudoeste, ao longo do eixo Taguatinga - Gama, reforçando o crescimento periférico.

- Atuação da SHIS13 e Terracap14 que contribuíram para o modelo de ocupação

- Embora a gestão do território reafirmasse contradições, a imagem criada era de uma cidade moderna, dinâmica e igualitária, privilegiada pela ação do Estado, com elevados padrões de qualidade de vida e qualidade ambiental.

Etapa 3 – Fase de - Continuam as migrações continuadas para a capital,

11

Companhia Urbanizadora da Nova Capital, criada em 1956.

12 Plano Estrutural de Organização Territorial de 1977 – pretendia estabelecer áreas de expansão,

distribuir equipamentos urbanos e definir diretrizes paisagísticas.

13

Sociedade de Habitação de Interesse Social – atuação para atender a crescente procura por trabalhadores de baixa renda e funcionários transferidos.

(53)

Expansão de Brasília (de 1986 a 2000)

motivadas pela imagem de cidade que continua a expandir-se e dispõe de reservas ilimitadas de terras; a diferença entre a imagem construída e a percebida amplia-se ainda mais. - Significativo crescimento e adensamento da área urbanizada;

- A organização do espaço continuou a reforçar a ampliação da malha periférica; o governo agenciou diversos planos e estudos na tentativa de se estabelecer uma organização territorial planejada: o POT 198515; Brasília Revisitada 1985-198716; o Pouso 1986-199017; o PDOT 199218 e o PDOT 199719.

- O continuado crescimento da cidade e a forma de gestão do território agravaram a desigualdade existente o centro e a periferia.

- Instituiu-se a RIDE20 como tentativa de enfrentar os problemas das regiões vizinhas;

- Aprofundaram-se as contradições entre o real e o ideal; acentuou-se a criação de condomínios, pelo parcelamento irregular de áreas rurais, públicas ou privadas, estendendo-se sobre áreas de preservação ambiental.

- O processo continuado de degradação do ambiente, o desenho urbano pouco adequado e a infra-estrutura deficiente reduziram a qualidade de vida.

Figura 8 – Síntese sobre as etapas do desenvolvimento urbano do DF

Em comentário a essas questões, Paviani e Gouvêa (2003) afirmam que as tendências apontam para um ambiente urbano que se expande de forma cada vez

15 Plano de Ordenamento do Território de 1985 (não foi homologado). 16

Brasília Revisitada 1985-1987: Complementação, Preservação, Adensamento e Expansão Urbana (COSTA, 1993).

17 Plano de Ocupação e Uso do Solo – Decreto nº 12.898/90. 18 Plano Diretor de Ordenamento Territorial de 1992 – Lei nº 353/92. 19

Plano Diretor de Ordenamento Territorial e Urbano do DF de 1997 – Lei Complementar nº 17/97.

20

(54)

mais desigual, caótica e depredadora, desafiando tentativas de estabelecer uma ordem planejada do território.

Nesse sentido, Bernardes (2007) assinala a importância do “território”:

O território é a porção de espaço construído na qual as relações de uma sociedade atingem seu maior nível de concretude, integrando as formas, os objetos, os valores e as ações na totalidade dos acontecimentos simultâneos.

Percebe-se que Brasília continua na fase de expansão e que nos últimos anos houve a continuidade do processo de crescimento da cidade e formação de novas Regiões Administrativas.

Em outro estudo que trata da geografia urbana do DF e de sua área metropolitana, Ferreira e Steinberger (2005, apud PAVIANI, 2007), analisaram a história do aglomerado urbano de Brasília em três períodos, resumidos na Figura 9, a seguir:

Período Características

1956 a 1973 Marcado pela conquista do território;

1974 a 1987 Quando ocorreram algumas tentativas de promover o ordenamento da conquista no ambiente do território do DF;

1998 até a presente data Consolidação do aglomerado urbano.

Figura 9 – Síntese com períodos históricos da cidade de Brasília

(55)

2.2 REGIÕES ADMINISTRATIVAS DO DISTRITO FEDERAL

Na seqüência, essa pesquisa busca caracterizar a evolução da gestão do território do Distrito Federal, demonstrando as Regiões Administrativas e as especificidades da RA XX – Águas Claras.

Com a evolução da ocupação territorial do Distrito Federal, a região foi dividida em oito Regiões Administrativas, com a finalidade de facilitar a administração dessas localidades, conforme determinado pela Lei nº. 4.545/6421.

A partir de então, foram efetivadas sucessivas divisões do território do Distrito Federal, objetivando compatibilizar a estrutura urbana e a geografia do território e conseqüentemente a gestão do território.

Conforme análise contida no documento técnico relativo ao Plano Diretor de Ordenamento Territorial – PDOT 2007 verifica-se que o incremento do número de Regiões Administrativas foi motivado por questões políticas e administrativas e em alguns casos por diferenças sociais, econômicas e pelo contraste de uso no interior de uma mesma RA.

Atualmente o território está dividido em vinte e nove Regiões Administrativas, cada uma delas com um Administrador Regional, nomeado pelo Governador, com a responsabilidade de promover e coordenar os serviços públicos da região, representando o Governo do Distrito Federal, em suas respectivas áreas de atuação, quanto aos aspectos administrativos, políticos e sociais.

A Tabela 1 abaixo apresenta as atuais 29 (vinte e nove) Regiões Administrativas e respectivas leis de criação, no período de 1964 a 2005:

21

(56)

Tabela 1 – Regiões Administrativas do DF

Regiões Administrativas Lei de Criação Data

RA I - Brasília 4.545 10/12/1964

RA II - Gama 4.545 10/12/1964

RA III - Taguatinga 4.545 10/12/1964

RA IV – Brazlândia 4.545 10/12/1964

RA V - Sobradinho 4.545 10/12/1964

RA VI - Planaltina 4.545 10/12/1964

RA VII - Paranoá 4.545 10/12/1964

RA VIII - Núcleo Bandeirante 049 25/10/1989

RA IX – Ceilândia 049 25/10/1989

RA X - Guará 049 25/10/1989

RA XI - Cruzeiro 049 25/10/1989

RA XII – Samambaia 049 25/10/1989

RA XIII - Santa Maria 348 04/11/1992

RA XIV - São Sebastião 705 10/05/1994

RA XV - Recanto das Emas 510 28/07/1993

RA XVI - Lago Sul 643 10/01/1994

RA XVII - Riacho Fundo 620 15/12/1993

RA XVIII - Lago Norte 641 10/01/1994

RA XIX - Candangolândia 658 27/01/1994

RA XX - Águas Claras 3.153 06/05/2003

RA XXI - Riacho Fundo II 3.153 06/05/2003

RA XXII - Sudoeste/Octogonal 3.153 06/05/2003

RA XXIII - Varjão 3.153 06/05/2003

RA XXIV - Park Way 3.255 29/12/2003

RA XXV - SCIA (Estrutural) 3.315 27/01/2004

RA XXVI - Sobradinho II 3.315 27/01/2004

RA XXVII - Jardim Botânico 3.435 31/08/2004 RA XXVIII – Itapoá 3.527 03/01/2005 RA XXIX – SIA 3.618 14/07/2005

(57)

A figura 10 abaixo contempla a distribuição territorial do Distrito Federal:

Figura 10 – Distribuição Territorial do Distrito Federal Fonte: CODEPLAN, 2008

Os limites físicos das Regiões Administrativas são estabelecidos pelo poder público, os quais definem a jurisdição da ação governamental. Ressalta-se que as 10 (dez) últimas Regiões Administrativas, criadas a partir de 2003, ainda não têm suas poligonais22 definidas, sendo elas:

 RA XX – Águas Claras (fazia parte da RA III – Taguatinga);

 RA Riacho Fundo II,

 RA Sudoeste/Octogonal – (fazia parte da RA XI – Cruzeiro);

 RA Varjão – (fazia parte do Lago Norte);

 RA Park Way

22

Imagem

Figura 4 – Tipos de Avaliações de Projetos Habitacionais  Fonte: Ministério das Cidades, 2004
Figura 7 – Significado dos eixos da Matriz Avaliativa   Fonte: Ministério das Cidades, 2004
Tabela 1 – Regiões Administrativas do DF
Figura 13 - Indicadores Urbanísticos
+7

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