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Hist. cienc. saudeManguinhos vol.23 número3

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Academic year: 2018

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Nos dias 22, 23 e 24 de junho, a equipe da revista – com apoio da Casa de Oswaldo Cruz e da Vice-presidência de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz – organizou um importante workshop internacional intitulado “Desafios de revistas interdisciplinares: experiências do Reino Unido, Brasil e América Latina em história, ciências sociais e humanidades”. O workshop fez parte de um projeto de colaboração, apoiado pela British Academy, entre História, Ciências, Saúde – Manguinhos e o periódico britânico Journal of Latin American Studies. O evento faz parte também de atividades que temos desenvolvido tendo como alvo o ano de 2019, em que completaremos 25 anos.

Do workshop participaram editores, membros do corpo editorial e profissionais vinculados a revistas nas áreas de ciências humanas, ciências sociais e saúde coletiva de Argentina, Reino Unido, Colômbia, México, Chile, Peru e Brasil, e de representantes da rede SciELO e do Fórum de Editores da Fiocruz, do qual integram os sete periódicos científicos editados pela Fiocruz. Todos compartilharam de maneira generosa seus conhecimentos – geralmente obtidos na prática – sobre internacionalização, acesso aberto, indexação e uso de redes sociais para a divulgação científica das revistas. Abel Packer, da SciELO, fez uma brilhante palestra inaugural acerca dos desafios nos processos de profissionalização, internacionalização e sustentabilidade financeira, com ênfase nas revistas de história. Além disso, ressaltou a necessidade de os periódicos continuarem fazendo avanços nesses três processos e serem proativos nas comu-nidades científicas e políticas em que se desenvolvem. Alan Knight, reconhecido professor de história latino-americana da Universidade de Oxford e membro do corpo editorial da reputada revista Past and Present, falou sobre a relevância de artigos seminais nos periódicos de história, pois despertam vocações em jovens pesquisadores. Assim como ele, os colegas do Reino Unido e de países latino-americanos descreveram as características e as lições de aprendizagem e impasses na editoração. Essas valiosas intervenções permitiram identificar semelhanças e dissonâncias em relação ao Brasil. Por exemplo, há, no país, uma forte tradição e também uma expectativa de que o Estado sustente as revistas, embora agora muitos queiram transformar essa expectativa em uma utopia insustentável.

Por isso, um assunto de muita preocupação no workshop foi a sustentabilidade financeira. Os periódicos brasileiros e latino-americanos trabalham na adversidade, com redução das verbas federais e estaduais – que já eram insuficientes – e em um contexto mundial no qual os publishers internacionais promovem um modelo de negócio. No caso brasileiro, predomina a filosofia de que o conhecimento é público e todos devem ter acesso a ele. Isso é parte de uma

CARTA DOS EDITORES

http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702016000300001

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tradição de democratização do conhecimento que sempre prevaleceu e nos últimos 20 anos foi reforçada pelo projeto SciELO. Apesar das dificuldades, o Brasil é, sem dúvida, o líder regional no acesso aberto a artigos científicos, e agências internacionais, governos e comunidades científicas de outros países o acolhem. Até pouco tempo, os publishers internacionais tinham pouco interesse no acesso aberto e na ciência brasileira; mais recentemente, muitos deles passaram a trabalhar no Brasil, procuram ocupar o espaço das revistas de acesso aberto e alimentam dúvidas sobre a sustentabilidade do sistema ora em vigor. Sem dúvida, os perigos não são somente de fora, porque, depois do recente atentado à democracia no Brasil, existe o perigo de uma drástica redução do investimento público nas publicações científicas. Na sua participação no workshop, Ildeu Moreira, editor adjunto de História, Ciências, Saúde – Manguinhos e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, salientou que, embora os periódicos nacionais tenham melhorado significativamente em qualidade nos últimos anos, os recursos destinados a eles pelas agências governamentais são pequenos e foram ainda mais reduzidos no último ano. Segundo ele, uma redução de recursos ameaça a sobrevivência de muitas revistas e terá, com certeza, impacto negativo sobre todo o sistema da pós-graduação no país. Jaime Benchimol, editor de nossa revista até pouco tempo, complementou essa ideia em sua participação e convocou os editores e demais atores que gravitam à volta das publicações científicas a demandar que universidades, agências de fomento e ministérios coloquem como item prioritário em seus orçamentos os custos dos periódicos. Concordamos plenamente com eles.

Nos próximos meses, História, Ciências, Saúde – Manguinhos fornecerá alguns dos textos, transcrições, áudios, ideias e ferramentas inovadoras que surgiram no workshop. Esses materiais podem estimular um diálogo mais abrangente. Tomara que esssa interlocução idealize os trilhos a percorrer para valorizar nossas revistas, para manter a qualidade acadêmica e a acessibilidade democrática e para lutar por sua sustentabilidade econômica – assuntos da maior importância para o desenvolvimento das ciências, das universidades, e da cultura dos países das Américas e de outras partes do mundo.

Os diversos e interessantes artigos deste número de História, Ciências, Saúde – Manguinhos contribuem nessa direção.

Marcos Cueto, editor científico André Felipe Cândido da Silva, editor científico

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