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Filipe Miguel Pereira Pires

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Academic year: 2018

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Instituto Politécnico de Portalegre

Escola Superior de Educação de Portalegre

Dissertação de Mestrado

Formação de Adultos e Desenvolvimento Local

Universidades Seniores

A qualidade de vida e o envelhecimento ativo nas Universidades

Seniores do distrito de Portalegre

Filipe Miguel Pereira Pires

Orientador:

Prof. Doutor Avelino Bento

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Mestrado em Formação de Adultos e Desenvolvimento Local - Dissertação 2013

Instituto Politécnico de Portalegre – Escola Superior de Educação de Portalegre

I

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II

As Universidades da Terceira Idade (UTI’s) surgem com objectivos da

melhoria da qualidade de vida dos seniores e da formação ao longo da vida. A Universidade da Terceira Idade ou Universidade Sénior é a resposta social, desenvolvida em equipamento(s), que visa criar e dinamizar regularmente actividades culturais, educacionais e de convívio, para e pelos maiores de 50 anos, num contexto

de formação ao longo da vida, em regime não-formal”

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III

AGRADECIMENTOS

Numa investigação deste género é, de certo modo, normal surgirem algumas adversidades que por vezes nos levam a pensar que o fim é inalcançável.

Algumas vezes esse pensamento passou pela minha cabeça, mas com a ajuda de algumas pessoas, de quem não me vou nunca esquecer, tudo foi ultrapassado e penso que a meta final foi alcançada.

A realização desta dissertação de mestrado não teria sido possível sem a colaboração, estímulo e empenho de diversas pessoas.

Gostaria, por este facto, de expressar toda a minha gratidão e apreço a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para que esta tarefa se tornasse uma realidade. A todos quero manifestar os meus sinceros agradecimentos.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à minha esposa, pelo amor, compreensão e inestimável apoio, estando sempre a meu lado em todos os momentos difíceis da minha vida.

À minha família, que desde sempre me apoiou e acreditou em mim, com especial relevo para os meus pais e irmão.

Ao professor Doutor Avelino Bento, para quem não há agradecimentos que cheguem. A nota dominante das suas orientações foi a utilidade das suas recomendações e a cordialidade com que sempre me recebeu. Foi o expoente máximo neste percurso, abrindo-me horizontes, ensinando-me principalmente a pensar. Foi, e é fundamental na transmissão de experiências, na criação e solidificação de saberes e nos meus pequenos sucessos.

Aos meus amigos Duarte Nabais, Pedro Marmelo, Pedro Romão e Ivan Figueiredo, que me acompanharam nesta aventura e me auxiliaram em alguns momentos de fraqueza.

Ao meu amigo Gaspar Garção, que foi uma peça importante no desenrolar da investigação, através dos seus conselhos, orientações e conhecimentos técnicos.

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IV

RESUMO

A escolha deste tema está diretamente ligado com a minha prática e experiência profissional, visto já há alguns anos trabalhar com este tipo de instituições.

Deste modo, a presente investigação procura levar-me a refletir acerca da importância que as Universidades Seniores têm na vida dos seus alunos, e por consequente na sua qualidade de vida e envelhecimento ativo.

Assim sendo, este trabalho foi dividido em três partes:

Numa primeira parte, denominada “Enquadramento teórico”, foram revistas algumas conceptualizações teóricas acerca da terceira idade e envelhecimento, aprofundando os conceitos de envelhecimento ativo e qualidade de vida.

Na segunda parte, designada por “As Universidades Seniores ou da Terceira

Idade”, procurou-se fazer uma incursão histórica acerca destas instituições, bem como o seu modo de funcionamento e as respostas socioeducativas que possuem.

Numa última parte desta investigação, apresenta-se um estudo empírico, que busca compreender a relação e impacto que as Universidades Seniores têm na vida dos seus alunos, bem como o contributo para um envelhecimento e estilo de vida ativo.

Apresento no final uma proposta de intervenção que visa unir esforços das Universidades Seniores do distrito de Portalegre, em prol do trabalho em rede e parceria, promovendo o envelhecimento ativo e a qualidade de vida dos seus alunos.

Em resumo, pude concluir que as Universidades Seniores são um contributo bastante importante na vida dos seus alunos, combatendo o isolamento e a monotonia através das atividades de vários tipos, sendo unânime o objetivo de promoção de um estilo de vida ativo.

Palavras-Chave:

Envelhecimento ativo Estilo de vida ativo

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V

ABSTRACT

The choice of this particular theme is directly linked to my practice and professional experience, as I have been working with this type of institutions for some time now.

The present investigation has the aim to reflect about the importance of the Senior Citizens Universities in the lives of their students, and therefore in their quality of life and active ageing.

This work was divided in three parts:

The first part is the “theoretical Background”, and for that part, some theoretical ideas about ageing and Third Age were reviewed, trying to deepen concepts like Active Ageing and Quality of Life.

In the second part, “Senior Citizens or Third Age Universities”, the goal was to

make an historical research about these institutions, and their way of functioning and the socio-educative answers, they provide.

In the last part of this investigation, an empirical study is presented, trying to understand the relationship and impact that Senior Citizens Universities have in the life of their students, as well as the contributions they make for an active ageing and lifestyle.

Finally, I present an Intervention proposal that aims to unite the efforts of all the Senior Citizens Universities of the district of Portalegre, for the benefit of a partnership network promoting Active Ageing and the Quality of Life of their students.

In short, I was able to conclude that Senior Citizens Universities have a major contribution in the life of their students, combating isolation and monotony through activities of various kinds, the objective of promoting an active lifestyle being unanimous.

Key words:

Active Ageing Active Lifestyle

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ABREVIATURAS E SIMBOLOS

AIUTA - L’Association Internationale des Universités du Troisième Age DGS - Direção Geral da Saúde

INE - Instituto Nacional de Estatística LR’s - Learning in Retirement

OCDE - Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento

OMS - Organização Mundial da Saúde

ONU - Organização das Nações Unidas

RUA - Red Americana de Universidades Abiertas

RUTIS - Associação Rede de Universidades da Terceira Idade

U3A - Universities of the Third Age

UATIP - Universidade do Autodidata e da Terceira Idade do Porto

UITIL - Universidade Internacional da Terceira Idade de Lisboa

ULT - Universidade de Lisboa da Terceira Idade

US - Universidade Sénior

USC - Universidade Sénior do Crato

USG - Universidade Sénior do Gavião

USM - Universidade Sénior de Monforte

USP - Universidade Sénior de Portalegre

USPE - Universidade Politécnica Sénior de Elvas

USPS - Universidade Sénior de Ponte de Sôr

UTA - Universités du Troisième Age

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ... 3

PROBLEMÁTICA ... 6

I. TERCEIRA IDADE E ENVELHECIMENTO ... 9

1.1. Terceira Idade ... 9

1.2. Envelhecimento ... 12

1.2.1. O que é o Envelhecimento?... 12

1.2.2. Análise demográfica do envelhecimento ... 15

1.3. Envelhecimento ativo e qualidade de vida ... 18

1.3.1. O que é o envelhecimento ativo? ... 18

1.3.2. Qualidade de vida ... 22

1.3.3. Envelhecimento ativo e qualidade de vida ... 23

II. AS UNIVERSIDADES SENIORES OU DA TERCEIRA IDADE ... 24

2.1. As Universidades Seniores ou da Terceira Idade... 24

2.2. As Universidades Seniores ou da Terceira Idade no Mundo ... 27

2.3. Modelos de Universidade Sénior ou da Terceira Idade ... 28

2.4. As Universidades Seniores ou da Terceira Idade em Portugal e sua caracterização jurídica ... 30

2.5. As Universidades Seniores ou da Terceira Idade no distrito de Portalegre .... 34

2.6. As Universidades Seniores ou da Terceira Idade como respostas socioeducativas ... 36

2.6.1. A Animação Sociocultural e o animador ... 36

2.6.2. Respostas Socioeducativas ... 40

2.7. Trabalho em rede e parceria ... 42

III. ESTUDO EMPÍRICO ... 45

3.1. Tipo de Estudo ... 45

3.2. Justificação, Objetivos, Hipóteses e Variáveis de Estudo ... 45

3.2.1. Justificação ... 45

3.2.2. Objetivo Geral ... 46

3.2.3. Objetivos Específicos ... 46

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3.2.4. Variáveis de Estudo ... 47

IV. METODOLOGIA ... 48

4.1. Paradigma e estratégias de investigação ... 48

4.2. Terreno de pesquisa, população e amostra ... 50

4.3. Material ... 50

4.4. Procedimentos ... 51

4.5. Apresentação, análise e reflexão dos dados ... 52

4.5.1. Responsável pela RUTIS... 52

4.5.2. Coordenadores das Universidades Seniores do distrito de Portalegre ... 54

4.5.3. Alunos das Universidades Seniores do distrito de Portalegre ... 59

4.5.4. Indivíduos que não usufruíam de qualquer tipo de respostas sociais ... 70

4.5.5. Reflexão dos dados ... 77

V. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ... 80

5.1. Nome do Projeto ... 81

5.2. Duração ... 81

5.3. Territórios de Intervenção ... 81

5.4. Projeto “Universidades vivas do Alentejo”, porquê? ... 81

5.5. Objetivos... 82

5.6. Destinatárias e Destinatários ... 83

5.7. Carácter ... 83

5.8. Metodologia ... 84

5.9. Trabalhar em Rede de Parceria ... 84

5.10. Acções / Intervenções ... 85

5.11. Horário ... 86

5.12. Plano de Gestão ... 86

5.13. Equipa ... 86

5.14. Co-Financiadores ... 87

5.15. Promoção ... 87

5.16. Avaliação ... 87

5.17. Breves considerações acerca do projeto ... 88

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 89

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INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo natural que ocorre a partir da degeneração das células vivas do organismo, acontecendo a cada vez mais pessoas, representando o sinal de uma esperança média de vida cada vez mais elevada, de 74 anos nos países desenvolvidos.

Por norma, é difícil para a maior parte das pessoas conseguir encarar que está a envelhecer, mas se se for conseguindo encarar que se está mais velho e que se devem tomar medidas preventivas, é uma forma de se conseguir envelhecer com uma melhor qualidade.

Sendo o envelhecimento um processo natural, que afeta todas as pessoas, o grande desafio que se coloca é o de diminuir a velocidade de degradação dos indivíduos.

Quando existem demasiadas preocupações, a pessoa fica ansiosa, não conseguindo desfrutar da melhor maneira de tudo o que a rodeia, progredindo assim o seu envelhecimento de uma forma mais dramática, chegando a levar aos estados depressivos.

Uma velhice bem-sucedida tem por base o tempo que cada indivíduo consegue viver, em bom estado físico e mental, mantendo as suas competências intelectuais, o seu controlo pessoal e a sua autonomia e bem-estar.

Segundo a Organização Mundial de Saúde e a Comissão da União Europeia,

“para se envelhecer saudavelmente, o indivíduo deve conseguir manter-se autónomo,

ter presente a sua aprendizagem ao longo da vida, assim como manter-se activo”.

Num envelhecimento saudável, a autonomia nas pessoas idosas é fundamental, assim como a sua autodeterminação, a sua liberdade de escolha, mantendo a sua integridade e dignidade na sua última fase da vida.

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Com a reforma, é importante que as pessoas não parem de repente, é importante que se mantenham ativas, pois assim o idoso conseguirá manter-se saudável, tanto a nível físico como psicológico e social.

É a partir deste novo quadro demográfico que faz todo o sentido a criação de

Universidades Seniores (US’s) em todo o mundo, e que estas tenham cada vez mais um papel significativo na sociedade. Assim, estas US’s são criadas de forma a

conseguirem corresponder às necessidades desta nova realidade.

Não são apenas os lares de terceira idade que devem acolher os seniores, pois muitos ainda têm capacidade para terem uma vida autónoma e livre, apenas terão de ocupar o muito tempo livre que têm, mas terão de sabê-lo aproveitar da melhor maneira.

Com a criação deste tipo de instituições, assume-se como principal objetivo a criação de um dispositivo de intervenção social, proporcionando aos seus alunos um envelhecimento - ativo, estimulando-os ao nível psicológico, físico e cognitivo, bem como a sua integração e participação ativa na sociedade, através de diversas atividades educativas, culturais, educativas e artísticas, de carácter não formal.

Na sequência destes pressupostos e, considerando os fatores de envelhecimento e qualidade de vida, pode-se subentender que as US’s ou Universidades da Terceira Idade (UTI’s) são um instrumento poderoso para lidar com estes paradigmas.

Desta forma, com este estudo espero poder contribuir para um melhor

conhecimento do modo de atuação das US’s, assim como as respostas sociais que

facultam e o papel que desempenham na promoção do envelhecimento ativo dos seus alunos. Por fim, e após a análise de todos estes pontos, espero perceber se a frequência das US’s leva a que haja um aumento da qualidade de vida dos seus alunos.

Nesta investigação foi utilizada uma pesquisa exploratória ao nível bibliográfico, que serviu de base a todo o enquadramento teórico.

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Foram utilizadas as técnicas quantitativas e qualitativas, o inquérito por questionário tipo misto – com questões de resposta aberta e questões de resposta fechada, que é definido como uma lista de perguntas que recolhe informações necessárias ao estudo.

A amostra é constituída por 88 indivíduos, divididos por quatro grupos: O grupo A constituído por 1 dirigente da RUTIS; o grupo B, constituído por 7 dirigentes das US’s do distrito de Portalegre (filiadas na RUTIS); o grupo C, constituído por 60

alunos dessas US’s; e por fim o grupo D, constituído por 20 indivíduos sem qualquer tipo de resposta social.

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PROBLEMÁTICA

O atual envelhecimento da população e as consequências e efeitos do mesmo na adaptação dos novos estilos de vida consequentes da reforma é um dos fatores mais importantes para o surgimento das Universidades Seniores ou da Terceira Idade.

Em Portugal a percentagem de idosos a partir dos 65 anos (16,4%), ultrapassou a dos jovens com menos 14 anos (16%) (Pinto, 2003).

Num passado recente associava-se o envelhecimento a todo um conjunto de perdas na sociedade, pensando-se que os idosos se tornavam menos dinâmicos, menos predispostos à mudança e à inovação.

Neste momento este conceito e visão do envelhecimento estão claramente ultrapassados, visto serem cada vez mais os indivíduos a anteciparem a sua reforma, fazendo o que querem no resto da sua vida. Surgem assim diversos indivíduos com bastante tempo livre, com inúmeras experiências (pessoais e profissionais), saudáveis e, alguns deles, com bastantes habilitações académicas (Ferreira, s/d).

Segundo Ferreira (s/d), estes fatores despertam algumas preocupações com esta faixa etária, tornando-se urgentemente necessário pensarmos sobre as consequências deste envelhecimento, tentando encontrar medidas que estimulem a participação dos idosos em diversos setores da sociedade, em termos da sua dinâmica social, cultural e económica.

A implementação de atividades educativas e lúdicas para a terceira idade, surgem com o objetivo de estes aprenderem e deixarem de ser vistos apenas como uma condição para se obter melhores trabalhos e resultados. Assim, este facto passa a ser visto como uma oportunidade de diversão e ocupação da mente, preenchendo os tempos livres e estando em contato com a sociedade atual (Valente, s/d).

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O presente trabalho procura introduzir a questão de reflexão que se baseia na

importância que as US’s têm na qualidade de vida e no envelhecimento ativo dos

seus alunos. Não se procura determinar se estas instituições servem como centro ocupacional ou de passatempo, mas efectuar uma análise mais complexa a

indivíduos que frequentam as US’s e a indivíduos que não possuam qualquer tipo de

resposta social, que implica a avaliação das mudanças comportamentais conseguidas e dos efeitos que essas modificações produzem ao nível dos objectivos que cada indivíduo construiu para a sua vida.

A ideia de elaborar a presente investigação emerge pelo facto de já a alguns anos trabalhar com Universidades Seniores, chegando a criar a Universidade Sénior de Marvão e do Crato, e não possuir um conhecimento real da importância que estas instituições têm na vida dos seus alunos. Tal facto levou-me a questionar se os

utentes após o ingresso nas US’s adquiriram mais alguma qualidade de vida, ou se

estão a envelhecer ativamente.

A qualidade de vida e o envelhecimento ativo tornaram-se instrumentos fundamentais para que os alunos consigam corresponder às exigências da sociedade actual. Há, portanto, que questionar e avaliar as respostas que a nossa sociedade tem para estes indivíduos. No entanto, não há nenhuma fórmula mágica que resolva, num ápice, todas as carências existentes. Mas certamente o presente trabalho dará um contributo pródigo.

Neste contexto, o problema investigação e objecto de estudo é o seguinte: Qual a importância e contributo que as Universidade Seniores têm, na qualidade de vida e envelhecimento ativo dos seus alunos?

Esta investigação visa essencialmente procurar resposta a uma problemática que cada vez mais afecta a população idosa e que por vezes não é devidamente tido em conta, pois defendemos que um tema com esta pertinência deverá ser equacionado por qualquer tipo de sociedade.

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Assim, este trabalho tem como objecto de estudo, o contributo que as Universidades Seniores têm no desenvolvimento pessoal e social dos seus alunos, e tentar determinar a influência destes factores no desenvolvimento de cada membro como ser individual e relacional.

Numa primeira fase procurarei rever a literatura e compreender o processo de envelhecimento, envergando pelos seus conceitos com o objetivo de perceber o que é o envelhecimento ativo e a qualidade de vida. Ainda dentro desta fase, tentar-se-á desbravar o conceito de Universidade Sénior ou da Terceira Idade, procurando obter respostas ao nível da sua história, funcionamento e soluções sociais que possuem.

Com este estudo prévio, poderei encontrar já algumas respostas para a minha questão de partida, não deixando de parte o estudo empírico e a metodologia para a aquisição de soluções para a mesma.

Por fim, e caso seja necessário, apresentarei uma proposta de intervenção

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I.

TERCEIRA IDADE E ENVELHECIMENTO

1.1. Terceira Idade

O conceito de Terceira Idade é relativamente recente, e pode-se inserir numa perspetiva de crescimento e desenvolvimento de um indivíduo. Geralmente corresponde ao fim da vida ativa, em que o indivíduo ainda é autónomo, independente e responsável pela sua vida.

Paul e Fonseca (2001) defendem que o envelhecimento deve ser visto como cada sociedade o conceptualiza, como uma construção social inerente a uma dada conjuntura histórica. Nas sociedades rurais, os laços de parentesco e as transmissões de experiencias eram indispensáveis e o idoso era o timoneiro da sabedoria adquirida ao longo da sua vida.

A partir da revolução industrial verifica-se um aumento de trabalho assalariado. O Estado Português passou a comprometer-se pela aposentação dos trabalhadores através de um sistema implementado pela Segurança Social. Estas alterações tiveram influência na sociedade a nível económico, atuando na vida dos idosos, aumentando em grande número as institucionalizações. A partir do século XIX emergiram novas instituições -desde os asilos e hospitais até às atuais Universidades Seniores (US’s) ou Universidades da Terceira Idade (UTI’s) - que pretendem fazer face ao conceito de terceira idade, com o objetivo de reincorporar os mais velhos na sociedade.

Desde aí a palavra isolamento é portanto institucionalizada e a velhice passa a ser encarada como um género de doença social, como salientam Paul e Fonseca (2001). Forma-se então um encadeamento social em que a velhice é desvalorizada e a juventude começa a ser valorizada.

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terceiro ou reforma, conforme defendem Bize e Vallier (1985), Esteves (1995) e Relvas (1996).

O aparecimento do termo “terceira idade” surge para expor novos modelos de

comportamentos de uma geração que se reforma e envelhece, tendo uma vida ativa. Neste seguimento, da criação de instituições especializadas em cada etapa da vida do homem, surge o conceito de 3ª idade que corresponde a uma nova etapa do ciclo de vida do homem, como referem Santos e Encarnação (1998), sublinhando que a terceira idade pode constituir um momento favorável para que talvez por falta de tempo, o sujeito se dedique a atividades que não teve possibilidade de realizar anteriormente.

Geralmente a reforma funciona como uma barreira, deixando de fora todos os que a requereram, rotulando-os de improdutivos, argumentando que aposentar-se é sinónimo de inatividade, de inércia, de não ser produtivo e de falta de atividade. Para estes autores, é na família lançada no mercado de trabalho que se faz despontar a necessidade específica da criação de sistemas simbólicos que transformam a velhice numa etapa específica do ciclo de vida do homem. Define-se então uma distribuição de idades, legitimadoras de práticas específicas, sustentando a invenção de um campo social de velhice – a 3ª idade – exigindo uma gestão social própria que se traduz numa tutela social. Esta constitui a aceitação do ciclo de vida do indivíduo, como único e exclusivo de cada um, e partilhado por todos e do facto que cada um é responsável pela sua própria vida.

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O processo de envelhecimento é portanto um sistema dinâmico e que presume a aceitação de que cada um é responsável pela sua própria vida e que esta foi vivenciada de diferentes formas por cada indivíduo.

Definem-se então como pessoas idosas os indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos, idade que em Portugal está associada à reforma. Este limite, nem em Portugal nem a nível internacional é consensual, pois alguns documentos apontam os 60 anos como sendo o limite inferior da 3ª idade. Comparativamente ao fator “reforma”, também em Portugal há diferentes tipos de população que se reformam muito antes de atingirem os 60 anos de idade.

A Comissão da Comunidade Europeia analisou as respostas de um questionário europeu que decorreu em 1992 sobre Idade e Atitudes. Este questionário tinha como objetivo a alteração do significado da expressão terceira idade devido à sua desadequação, em consequência do aumento de esperança média de vida, sugerindo que esta corresponda apenas ao grupo dos 50/74 anos e uma nova designação de quarta idade para os 75 e mais anos (D.E.C.P., 2002, p. 189). É de salientar que um grande número de indivíduos incluídos no intervalo estudado preserva um elevado grau das suas aptidões e competências físicas, mentais, cognitivas e psíquicas.

Tal como referi atrás, nas sociedades pós-modernas o trabalhador é sentenciado à inatividade muito mais cedo que outrora, obrigando praticamente a sociedade a responsabilizar-se pela velhice, que passa a constituir um problema social.

O I.N.E. (1999) divide o grupo etário dos 65 e mais anos em idosos jovens (65/69 e 70/74 anos) e idosos mais velhos ou grandes idosos (75 e mais anos). O primeiro grupo ainda é considerado autónomo e independente, ativamente e a nível de saúde. Ao invés, os do segundo subgrupo são dependentes e com incapacidades, que exigem cuidados específicos.

Mesmo a nível do Parlamento Europeu, a própria definição do conceito de terceira idade está sujeita a modificações, falando-se hoje em quatro gerações:

1. Jovens; 2. Adultos;

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4. Quarta idade – idosos passivos (acima dos 80 anos).

Desta forma, a vida humana está dividida em 4 partes: a primeira para crescer e tornar-se adulto, a segunda e a terceira para trabalhar e a quarta para descansar. Neste seguimento, metade da nossa vida humana é improdutiva e a outra produtiva.

No passado, a formação obtida pelos nossos idosos foi de nível inferior à atual, e conceitos básicos capturados deixaram de ser ajustados ao tempo presente, como podemos constatar no artigo de Carrilho e Patrício (2002). Assim sendo, uma pessoa idosa confronta-se com diversas dificuldades no evoluir da nossa sociedade, como no exemplo das novas tecnologias. Por isso, torna-se indispensável impulsionar a formação ao longo da vida. Desta forma, acredita-se que o conceito de

“envelhecimento activo, criado pela Organização Mundial de Saúde, em 1997, que

tem por base o princípio de permitir aos idosos que permaneçam integrados e motivados na vida laboral e social, parece ser uma solução encontrada, tornando-se

indispensável difundir e implementar medidas” (I.N.E., 2002, p. 187) e Kalache et. Al.

(2005) reforçam estes princípios.

1.2. Envelhecimento

1.2.1. O que é o Envelhecimento?

Em séculos passados, o envelhecimento era considerado como um acontecimento único, era encarado com respeito e orgulho. Hoje, tornou-se um problema delicado nos países ocidentais desenvolvidos.

Ao longo do processo de envelhecimento as capacidades de adaptação do ser humano vão diminuindo, tornando-o cada vez mais sensível ao seu meio ambiente que, consoante as restrições ao funcionamento do idoso, pode ser um obstáculo para a sua vida.

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Como defende Fernandes (2000), o envelhecimento biológico é gradual e define-se como um conjunto de mudanças estruturais e funcionais no organismo, resultado da passagem do tempo. As causas deste processo não são muito claras, pois umas tendências têm realce nos aspetos genéticos e defendem que o envelhecimento estaria geneticamente programado; outras enfatizam o aspeto ambiental, resultado das ocorrências ao longo da vida, segundo as quais se envelheceria por desgaste. As manifestações no indivíduo produzem-se na aparência física e na capacidade motriz.

O processo de envelhecimento psicológico compreende os processos sensoriais, as destrezas motoras, as perceções, a inteligência, as habilidades na resolução dos problemas, os processos de aprendizagem, as motivações, entre outras, em pessoas de idade avançada (Marchant (2001).

O bem-estar psicológico deste grupo etário está muito associado à sua satisfação em relação ao seu ambiente residencial.

A casa para cada idoso adquire um significado único, uma vez que há grandes laços afetivos ao seu “cantinho” através da memória.

Ao longo do tempo, os idosos apegam-se de uma forma muito especial à sua casa, criando um sistema de espaço - ambiente.

No caso dos idosos, porque normalmente já residem na sua casa há largos anos, Fernandes (2001) refere que esses laços fortalecem-se ao longo do tempo, ao qual estão associados um conjunto de sentimentos que fazem com que o idoso esteja emocionalmente vinculado àquele lugar. Neste conjunto de sentimentos, encontram-se:

 Os sentimentos associados às recordações do percurso de vida do idoso, que o auxiliam a organizar esse trajeto, de forma que lhe seja possível manter «vivo» o seu passado, com um sentimento de continuidade e identidade, protegendo-o contra as transformações que vão ocorrendo.

 Um sentimento de auto - estima positivo, uma vez que o idoso, ao manter- se na sua casa demonstra aos outros que ainda mantém a sua autonomia e independência.

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leva a recordar acontecimentos, pessoas, épocas e locais que fizeram parte da sua vida.

Considerando o que acima foi exposto, é fácil perceber que a decisão de viver numa Instituição nunca é fácil e não deve ser tomada de ânimo leve, ou apenas porque outros assim o querem.

O envelhecimento também ocorre num contexto social, ou seja, o aspeto social do envelhecimento vincula a sociedade em que se encontra inserido. Este tem influência sobre os indivíduos à medida que envelhecem e também sobre a sociedade. Em geral, supõe uma modificação das relações sociais, o que está relacionado com um contexto histórico e sociocultural concreto. Além disso, é de grande interesse assinalar que cada sociedade é responsável pela imagem que gera dos seus idosos (Fernandes e Botelho, 2007).

O envelhecimento é algo que não podemos evitar, todos ficamos cada dia mais velhos, e como consequência deste envelhecimento passamos a uma fase da vida, em que, a nível social, somos denominados de idosos.

Nas sociedades atuais, incluindo a portuguesa, a velhice assume uma entidade própria, onde os idosos se encontram coletivamente identificados como um grupo etário com o direito a prestações financeiras. De certo modo, como contrapartida, há a perda do estatuto de membro ativo e tornam-se dependentes financeiramente da sociedade.

Assim, deparamo-nos com uma sociedade em que predomina uma noção de velhice baseada em critérios de estatuto e de idade, e em que o aumento dos custos sociais, provenientes do aumento do número de pessoas com idade avançada e da melhoria das suas condições assistenciais, vem assumindo encargos cada vez mais elevados (Jacob, 2008).

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autoconfiança, e contribuir de forma positiva para a prosperidade da mesma (Fernandes, 2000).

Vários são os autores que defendem que os idosos estão a ocupar cada vez mais espaço na sociedade, têm maior força social pelo seu número, maior força cultural pela sabedoria e mais força económica pelo consumo. Perante esta situação,

é fundamental que o idoso se mantenha ocupado, para que o “choque” da reforma não seja tão notório (Fernandes, 1997).

1.2.2. Análise demográfica do envelhecimento

O envelhecimento crescente da população portuguesa é uma realidade que não podemos ignorar. Este fenómeno tem vindo a acentuar-se nas últimas décadas. Pela leitura da pirâmide etária referente à população portuguesa, é visível a existência de um duplo envelhecimento que se expressa por um aumento da população idosa, "envelhecimento no topo" e uma diminuição da população jovem, "envelhecimento na base". Assim, verificam-se efeitos perversos sobre o equilíbrio social, não pelo aumento da idade dos indivíduos, mas porque se encontra inserido num modelo particular de sociedade em que o ciclo de vida vai agravar o peso daqueles que são discriminados socialmente, em função de um critério discutível, porque arbitrário, ou seja, a idade (Fernandes, 2000).

Atualmente, quase todos os países do mundo ocidental sentem a necessidade de implementar uma política económica, social e familiar que possa modificar o equilíbrio social em crise. Pretende-se repensar os padrões tradicionais da família, de modo a solucionar, ou pelo menos minimizar um grande número de preocupações com que nos debatemos coletivamente. Além disso, pretendem-se fomentar medidas que permitam colocar de novo os idosos na cúpula dos agregados familiares, onde se entrecruzam três ou mais gerações. Na verdade, aquilo que se pretende é que as crianças e adolescentes encontrem nos idosos referências aos valores universais na fase de construção da personalidade e de modelação de carácter (Fernandes, 2000).

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comum definir-se o envelhecimento demográfico a partir do momento em que a proporção de população idosa na população total aumenta, quer como resultado da perda de importância relativa da população jovem ou da população em idade ativa, ou de ambas.

O envelhecimento demográfico é o fenómeno mais relevante do século XXI nas sociedades desenvolvidas, devido às suas implicações na esfera socioeconómica, para além das modificações que se refletem a nível individual e em novos estilos de vida.

Durante muito tempo, considerou-se que a causa do envelhecimento residia exclusivamente na baixa da mortalidade. No entanto, reconhece-se hoje que o declínio da fecundidade e os fluxos migratórios, internos e externos, têm um papel mais preponderante no processo do envelhecimento. A primeira, com efeitos diretosna dimensão dos efetivos mais jovens, os segundos, com consequência direta e imediata na estrutura etária da população, sobretudo em idade ativa, e indireta, pelas transferências de nascimentos que originam.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), consideram-se pessoas idosas os homens e as mulheres com idade igual ou superior a 65 anos, idade que em Portugal está associada à idade de reforma. Quanto às designações, são utilizadas indiferentemente, pessoas idosas ou com 65 e mais anos, dado não existir nenhuma norma específica a nível nacional.

O envelhecimento pode ser analisado sob duas grandes perspetivas: Individualmente, o envelhecimento assenta na maior longevidade dos indivíduos, ou seja, o aumento da esperança média de vida. O envelhecimento demográfico, por seu turno, define-se pelo aumento da proporção das pessoas idosas na população total. Esse aumento consegue-se em detrimento da população jovem, e/ou em detrimento da população em idade ativa.

Em Portugal, as alterações na estrutura demográfica estão bem patentes na comparação das pirâmides de idades em 1960 e 2000.

Entre 1960 e 2000, a proporção de jovens (0-14 anos) diminuiu de cerca de 37% para 30%.

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população em 2050. Ao contrário, a proporção da população mundial com 65 ou mais anos regista uma tendência crescente, aumentando de 5,3% para 6,9% do total da população, entre1960 e 2000, e para15,6% em 2050, segundo as mesmas hipóteses de projeção. De referir ainda que o ritmo decrescimento da população idosa é quatro vezes superior ao da população jovem.

Em consequência das diferentes dinâmicas regionais, e à semelhança do que se verifica no resto do mundo, também no território nacional a distribuição da população idosa não é homogénea. Numa repartição por NUTS II e tendo em conta os resultados dos Censos 2001, verifica-se que o Norte detinha a mais baixa percentagem de idosos no Continente. A maior importância relativa de idosos pertencia ao Alentejo, seguido do Algarve e do Centro, deixando transparecer uma faixa litoral bastante menos envelhecida. Às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira pertenciam os menores níveis de envelhecimento do país, ou seja, as zonas geográficas com níveis de fecundidade mais elevados.

Entre 1960 e 2001 o fenómeno do envelhecimento demográfico traduziu-se por um decréscimo de cerca de 36% na população jovem e um incremento de 140% da população idosa. A proporção da população idosa, que representava 8,0% do total da população em 1960, mais que duplicou, passando para 16,4% em 12 de março de2001, data do último Recenseamento da População. Em valores absolutos, a população idosa aumentou quase um milhão de indivíduos, passando de 708570, em 1960, para 1 702 120, em 2001, dos quais 715 073 homens e 987 047mulheres.

Os resultados do Inquérito ao Emprego de 2001 revelam que a maioria da população idosa era inativa (81%), representando cerca de 74% na população masculina e 86% na feminina.

Como é bem visível, os reformados constituem a parte mais importante desta população: 97,1% nos homens e 76,9% nas mulheres. É entre a categoria de domésticos que a diferença entre os sexos é mais visível (19,0% entre os efetivos do sexo feminino e 0,2% entre os do sexo masculino).

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proporção entre as 36-40 horas semanais, com valores muito próximos aos verificados entre as 16-25 horas.

Durante a década de 90, a duração média semanal do trabalho da população idosa ativa reduziu-se cerca de 10 horas semanais.

Para concluir, resultados de estudos elaborados especificamente para a população idosa revelam que os agregados constituídos por idosos a viver sós registam as taxas mais elevadas de pobreza. Considerando estes agregados, verifica-se que quer no que respeita a condições de alojamento e posverifica-se de bens de equipamento e conforto, quer no que se refere a taxas de pobreza entre homens e mulheres, a situação é mais desfavorável para os primeiros.

1.3. Envelhecimento ativo e qualidade de vida

1.3.1. O que é o envelhecimento ativo?

A demografia é uma das matérias mais importantes nos dias de hoje, uma vez que muitos dos fenómenos sociais, políticos e económicos estão relacionados com as dinâmicas específicas das populações.

Nos últimos anos, em muitos países que integram a UE (União Europeia), a população cresceu a ritmos próximos do zero, ou começou mesmo já a decrescer.

A pirâmide de Portugal evidência a forte queda de fecundidade e o significativo aumento da esperança de vida. Estes índices devem-se ao facto da qualidade de vida ter melhorado muito nos últimos anos. Os fatores de quebra da natalidade são assim bastantes difíceis de recuperar. Assim, é de salientar dois fatores divergentes, um o que diz respeito à diminuição de população jovem, o outro o que diz respeito ao envelhecimento da população estar a aumentar, sendo este o público a que se destina o presente trabalho.

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A OMS define o envelhecimento ativo como “o processo de optimização das oportunidades de saúde, participação e segurança visando a melhoria do bem-estar

das pessoas à medida que envelhecem” (OMS, 2002, cit. por Jacob, 2008: 35).

Considera-se que existem três áreas de envelhecimento ativo: biológico, emocional e intelectual. Como afirmou o ex-Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, “A expansão do envelhecer não é um problema. É sim uma das maiores conquistas da humanidade. O que é necessário é traçarem-se políticas ajustadas para envelhecer é, autónomo, activo e plenamente integrado. A não se fazerem reformas radicais, teremos em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer

altura” (UNESCO, s/d).

Ao longo dos anos, as condições físicas e biológicas vão-se modificando, pelo que é importante ter hábitos alimentares saudáveis, tais como a prática de exercício físico, moderar a exposição solar, vigiar as mudanças que ocorrem no nosso corpo, entre outros.

Segundo Fernandes et al, (2007:7), “O Plano Nacional de Emprego – Portugal e a Estratégia Europeia para o Emprego (2005) recomenda o Envelhecimento Activo como dispositivo de incremento da participação activa dos trabalhadores mais velhos, contrariando as tendências de cessação antecipada de actividade”.

Jacob (2008), vem reforçar que o segredo para se conseguir um envelhecimento bem-sucedido passa pela forma como se prepara a velhice, pois os comportamentos adotados ao longo da vida refletir-se-ão na fase final desta, afirmando que no envelhecimento ativo se devem considerar três áreas de intervenção: a biológica, a intelectual e a emocional.

A nível intelectual é necessário que se continue a estimular as funções cognitivas (memoria, raciocínio) do sénior. Para isto, é fundamental que estes mantenham hábitos de leitura e reflitam sobre as mais diversas áreas de interesse pessoal. Consideramos que nesta fase das suas vidas devem fazer jogos intelectualmente estimulantes (palavras cruzadas, xadrez, charadas, etc.). Por fim, a nível emocional o sénior deve ter uma motivação elevada.

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Fernandes, A e Botelho, M. (citados por Jacob, 2008), evidenciam as seguintes orientações:

 Prevenir e reduzir o peso das doenças crónicas;

 Promover políticas de equidade no que respeita às condições económicas;

 Proporcionar ambientes seguros e adequados para o envelhecimento;

 Desenvolver serviços sociais e de saúde acessíveis, de baixo custo e alta qualidade, adequados às necessidades das pessoas que envelhecem;

 Apoiar os cuidadores informais através de iniciativas como hospital de dia, pensões e subsídios financeiros e cuidados especiais ao domicílio;

 Garantir a todos, de forma justa e equitativa, o acesso aos cuidados de saúde e sociais;

 Proporcionar políticas, programas e serviços que capacitem as pessoas a permanecerem em casa durante a velhice;

 Fornecer educação e oportunidade de aprendizagem ao longo da vida;

 Proporcionar a participação activa das pessoas idosas no processo económico, trabalho formal, informal e atividades voluntárias;

 Reduzir as desigualdades nos direitos à segurança e nas necessidades das mulheres mais velhas.

Segundo as mesmas autoras, uma política de envelhecimento ativo exige a intervenção dos vários setores da vida pública.

De acordo com a I Assembleia das Nações Unidas (1991, cit. por Jacob, 2008: 35), podemos destacar três aspetos fundamentais inerentes ao envelhecimento ativo: proporcionar nesta fase da vida oportunidade de realização pessoal, através de atividades que incluam formações contínuas e aprendizagem ao longo da vida; preparar para a fase da reforma, bem como fazer com que tenham um papel ativo na sociedade.

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dos indivíduos na procura de novas soluções e acções para um envelhecimento como

um tempo positivo de bem-estar e de novas aprendizagens cognitivas e relacionais”.

Estou assim em condições de afirmar que vivemos perante um novo paradigma de envelhecimento, que promove a aprendizagem ao longo da vida, reconhecendo o idoso como um ser útil e activo na sociedade.

Defende-se, assim, que os seniores tenham uma participação na vida política e nos órgãos de poder, pois considera-se um meio envolvente propício à educação permanente; defende-se, também, o livre acesso às novas tecnologias e à informação e incentivos ao voluntariado e à ação cívica.

Penso que o fundamental nos seniores, como em qualquer idade, é a educação e o conhecimento, pois só através da formação e da educação é possível

conseguir que as pessoas se empenhem e “disputem” o seu lugar na sociedade.

Contudo, importa nunca esquecer que o idoso pode ainda desfrutar de uma vida plena e, ser assim uma mais-valia para a sociedade, pois “o idoso é um ser humano com capacidade de sentir, partilhar, ser amigo, criar e produzir e a sua presença é indispensável junto das gerações mais novas pela experiência, cultura e valores de

que são depositários.”1

Em suma, podemos dizer que a participação ativa dos seniores na sociedade se vai construindo gradualmente: primeiro pela força dos números e depois pelo acumular das pressões sociais, políticas e económicas que incentivam a isso. Podemos verificar que tendo idosos mais informados e dinâmicos, estes contribuem para uma evolução das sociedades inter-geracionais.

“Todos temos a ganhar com a valorização da pessoa mais velha, é sempre possível aprender e ensinar” (Jacob, 2008: 36).

Ainda segundo Mendes (cit. por Pais, 2006:157), “ O velho, «pela experiência acumulada, adquire maturidade que conduz à sabedoria e faz dela a ponte ou o

princípio de um saber maior: aquela que, rompendo com a solidão do indivíduo – vale

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dizer, do velho e da velhice -, instaura a prática compartilhada, constrói a solidariedade»2

1.3.2. Qualidade de vida

A qualidade de vida depende totalmente da personalidade de cada um e tal como para as outras perspetivas, defini-la é uma tarefa complexa, dada a falta de unanimidade sobre o seu significado e à utilização de diferentes termos, que embora não definam qualidade de vida sob uma perspetiva psicológica, apontam para essa direção, como é o caso de felicidade e satisfação com a vida ou o estado de ânimo.

Na perspetiva psicológica, qualidade de vida é autoestima e respeito pelo seu semelhante, é saber ultrapassar as adversidades da vida, mantendo o equilíbrio mental, é saber aproveitar os momentos de felicidade, é saber manter relações sociais, é ter boas expectativas em relação ao futuro, é ajudar o próximo, é ser fiel a si próprio, é gostar da vida, é ser ético.

Qualidade de vida encontra-se, assim, dependente do indivíduo e da sua interação com os outros e com a sociedade. Neste sentido, para a Organização Mundial de Saúde (OMS) (1995, 4), a “qualidade de vida é a percepção que o indivíduo tem da sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores nas quais ele vive e em relação aos seus objectivos, expectativas, padrões e

preocupações.”

Apesar desta definição englobar alguns critérios de avaliação de qualidade de vida a nível psicológico, relacionados com a percepção do indivíduo, (por exemplo: engloba a sua percepção em relação aos seus recursos financeiros; ou em relação à sua segurança; ou aos seus tempos livres…), não é suficientemente abrangente para englobar outros critérios relacionados com o verbo: ser, ter, ou estar (por exemplo: ser otimista; ter recursos financeiros suficientes; estar bem na sua profissão).

Os critérios para avaliar qualidade de vida a nível psicológico são, por exemplo, os relacionados com a imagem corporal, a actividade profissional, a capacidade

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para realizar atividades de vida diárias (AVD´s), a mobilidade, a capacidade para manter relações com os outros, a saúde e os aspetos que cada um considera contribuírem para a sua felicidade (OMS, 1995).

Ponderando sobre a definição de qualidade de vida a nível psicológico, considera-se que esta é importante no contexto de reflexão bioética, na medida em que intervém com solicitude no que concerne à possível falta de respeito pela definição pessoal de qualidade de vida na perspetiva psicológica de cada indivíduo.

Cada indivíduo tem a sua personalidade, a sua individualidade e a sua definição singular de qualidade de vida na perspetiva psicológica.

1.3.3. Envelhecimento ativo e qualidade de vida

O conceito de qualidade de vida, tal como referi atrás, tem vindo a sofrer uma grande evolução ao longo dos tempos e muitos têm sido os estudos realizados para descodificar toda a subjetividade inerente a este conceito.

Hoje em dia já há uma associação entre a qualidade de vida e o sénior/idoso, em que esta deve contemplar essencialmente a vitalidade, o sentido de utilidade e a participação social. A essência vital da qualidade de vida dos seniores e idosos é a atividade. Do mesmo modo, com o aumento do tempo livre, as atividades adquirem uma maior relevância na velhice. A capacidade de permanecer activo é uma das condições fundamentais para viver o envelhecimento com qualidade (Tomás, 2008).

Atualmente, para além do envelhecimento ativo, o termo qualidade de vida na velhice tem sido substituído por expressões como bem-estar psicológico, bem-estar subjetivo, envelhecimento saudável, envelhecimento bem-sucedido (Oliveira et al., 2009).

Mas, qualquer que seja o termo utilizado, está-se perante uma nova política para a qualidade de vida na terceira idade, que tem como principal desafio integrar a população sénior e idosa na sociedade do conhecimento.

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II.

AS UNIVERSIDADES SENIORES OU DA TERCEIRA IDADE

2.1. As Universidades Seniores ou da Terceira Idade

No mundo em geral, e em Portugal no particular, as Universidades Seniores

(US’s) têm vindo a demonstrar ser de grande importância, sendo sem dúvida alguma

o modelo de formação de adultos com mais sucesso.

Nestes últimos anos, a natalidade tem vindo a diminuir, a par da esperança de vida, que tem vindo a aumentar, o que significa portanto uma população cada vez mais envelhecida, com mais idosos.

Esta situação tem vindo a aumentar nos últimos anos, pedindo cada vez mais atenção por parte da nossa sociedade, tendo as instituições públicas e privadas do país um papel preponderante nesta conjuntura.

Estando esta faixa etária em constante crescimento, enquanto seres humanos, cidadãos e futuros seniores, esta situação reclama a nossa atenção. Desta forma, para dar resposta a esta solicitação, surge a necessidade de criar, cada vez mais, infraestruturas que permitam apoiar esta nova faixa etária.

Sempre rotulámos a terceira idade como a última etapa da vida, mas eis que agora tudo muda. Muda a realidade, mantendo-se incontornável e mudando a nossa forma de ver o mundo, a sociedade e as pessoas desta faixa etária. Tal como fizemos em outras alturas, devemos estar sempre dentro da realidade social, bem como acompanhá-la, percebê-la, qualificá-la e trabalhá-la, criando diversas formas de apoiar esta nova idade que existe na nossa sociedade.

Se realmente esta realidade está a acontecer na nossa sociedade, os nossos elementos mais antigos terão a possibilidade de viver mais tempo, potenciando a sociedade com a sua sabedoria e experiências enriquecedoras para eles e para nós.

Foi justamente com essa intenção que se criaram, há algumas décadas atrás, um pouco por toda a Europa e América, as US’s ou Universidades da Terceira idade (UTI’s).

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Na atualidade, os países ocidentais possuem uma maior esperança de vida, tendo vindo a melhorar as condições económicas. Tanto os cuidados de saúde como o acesso cultura e à educação estão mais disponíveis.

A implementação das reformas e pensões permite aos seniores dedicar-se a outro tipo de atividades, mais lúdicas e educativas, do que no passado, em que

tinham que “lutar” mais pela sua sobrevivência, colocando-os neste momento num patamar mais jovem do que o dos seus antepassados.

Veloso (2002), refere uma outra alteração, citando que “é a forma da vivência da reforma/velhice, é o aumento da participação dos reformados/idosos na vida cultural e a necessidade de se sentirem inseridos social e culturalmente; continuarem activos e actualizados em diferentes áreas do conhecimento, o que, por sua vez, vai explicar o sucesso das Universidades Seniores e a sua elevada procura social. Esta questão articula-se com outros dois factos das sociedades desenvolvidas que são: o rápido desenvolvimento da tecnologia e do conhecimento e o facto de a educação começar a ser, cada vez mais, perspectivada como um processo ao longo da vida, valorizando e envolvendo outros contextos e agentes educativos, ultrapassando a visão limitada e exclusivista de educação como educação escolar e como preparação para o mundo do trabalho.”

Com estas situações a acontecer tão rapidamente, apareceu em parte dos seniores uma procura da construção de laços de socialização diferentes, com a disseminação da “grande família”, devido ao facto de haver um desmembramento do

papel do familiar mais velho, bem como a deslocação geográfica dos seus entes e a perda dos laços informais de vizinhança, surgindo desta forma a ideia de criar redes sociais alternativas.

Assim sendo, podemos avançar com uma definição de US’s, que se entende

por ser “uma instituição que procura dar uma resposta social, educativa, artística e cultural, possuindo diversos equipamentos, que visam criar, dinamizar e organizar regularmente actividades culturais, de aprendizagem, recreativas e de convívio, por e

para maiores de 50 anos, e que não exige nenhum grau de habilitações em especial.

(http://www.rutis.pt, acedido em 03/01/2013).

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 Incentivar a participação e organização dos seniores, em actividades culturais, de cidadania, de ensino e de lazer;

 Divulgar a história, as ciências, as tradições, a solidariedade, as artes, a tolerância, os locais e os demais fenómenos socioculturais entre os seniores;

 Ser um pólo de informação e divulgação de serviços, deveres e direitos dos seniores;

 Desenvolver as relações interpessoais e sociais entre as diversas gerações;

 Fomentar a pesquisa sobre os temas gerontológicos.

As US’s ou UTI’s proporcionam ao utente diversas actividades, quer de carácter letivo quer de intervenção direta ou indireta na comunidade local, tendo sempre presente o voluntariado.

Desta forma, participam na integração dos mais velhos na sociedade, promovendo um estilo de vida mais ativo, treinando-os para a adaptação às diversas mudanças que a nossa sociedade tem vindo a sofrer, ao nível tecnológico, económico ou social.

Segundo Giovanni Cristianini (2001, p.45), "Os objectivos destes programas não se reduzem à abertura de novos cursos, nem tão pouco ao mero desenvolvimento intelectual dos alunos, mas pretendem favorecer a integração e permanência das pessoas de idade nas estruturas sociais e contribuir para a saúde da população sénior mediante o desafio de condutas de auto cuidado e prevenção, assim como:

Contribuir para a prevenção do declinar psicossociológico;

Contribuir para a investigação científica sobre a viuvez;

Formar a população sénior para a sua inserção social e participação

comunitária;

Contribuir para uma nova arte de viver a terceira idade.”

No entanto, a utilização do termo “Universidade” para designar estas

instituições não tem sido pacífica, devido ao facto de se confundirem por vezes com outras instituições de cariz mais formal. Este facto levou algumas destas instituições a

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A nível Internacional utilizam-se as denominações de UTA (Universités du Troisième Age) ou na versão anglo-saxónica, U3A (Universities of the Third Age).

Em Espanha o nome mais frequente é “Universidad para Mayores” e no Brasil

é Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI).

2.2. As Universidades Seniores ou da Terceira Idade no Mundo

A data da origem das Universidades Seniores (US’s) é bastante difícil de confirmar, visto que se considerarmos apenas os aspetos pedagógicos, regressaremos no tempo até 1727, ano em que Benjamin Franklin fundou em Filadélfia (E.U.A.), um grupo de discussão e de estudos para os adultos.

Este grupo desempenhou um papel de grande importância no desenvolvimento da educação para adultos sem qualquer tipo de discriminação.

Mais tarde, e já nos anos 60 do século XX, surgem em França e nos E.U.A. as primeiras instituições destinadas exclusivamente a seniores e idosos, centradas apenas na forma de ocupação dos tempos livres dos reformados.

No estudo intitulado “Caracterização das UTI’s”3, refere-se na página 3 que “as

Universidades da Terceira Idade (UTI) surgiram na década de 70 em França. […] Este

movimento rapidamente se alastrou ao resto da Europa, chegando a Portugal em 1976. Ultrapassou oceanos e chegou à América nos anos 80.”

Assim, corria o ano de 1973 quando na Universidade de Toulouse (França), por intermédio do Dr. Pierre Vellas (Médico e investigador), surge este movimento específico de ensino para os seniores.

Segundo Vellas, as US’s ou UTI’s são “fundamentalmente instituições de saúde pública visando elevar os níveis de saúde física, mental e social das pessoas da terceira idade bem como colocar à sua disposição programas de actividades

particularmente adaptados.” (Lemieux, 1999, p. 28).

“Este primeiro projecto deu origem, no entanto, talvez mais rapidamente do que se esperava, a um modelo que passou também a integrar cursos, conferências e outras actividades de toda a ordem tendentes a ir ao encontro da procura entusiasta

que se verificava por parte das pessoas de idade” (Lemieux, 2001, p. 27).

3 Estudo realizado pela Universidade Sénior de Almeirim, pelo Dr. Luís Jacob, distribuído no II Encontro Nacional de

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Com todos estes acontecimentos, nasceu no Departamento da Unidade de Ensino e de Pesquisas da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Toulouse, o primeiro curso destinado unicamente a reformados locais, tendo como objetivo o estudo dos problemas médicos, sociais e psicológicos dos idosos, não conferindo títulos académicos, nem exigindo quaisquer qualificações.

A partir de 1975, este movimento propagou-se primeiramente para outros países de língua francesa, como a Suíça, Bélgica e Canada, e depois por todo o mundo. Um ano depois, e com este movimento a alastrar-se de forma contagiosa, é criada a Associação Internacional das Universidades da Terceira Idade, em Genebra (Suíça).

De acordo com pesquisas efetuadas atualmente, supõe-se que existam atualmente cerca de 320.000 UTI ou US’s em todo o mundo.

Em 1976 já existiam 52 UTI’s em toda a França (Lemieux, Boutin, Sánchez e

Riendeau, 2003, p. 2).

2.3. Modelos de Universidade Sénior ou da Terceira Idade

Ao longo do tempo, foram-se construindo diversos modelos de organização das Universidades Seniores (US’s), havendo 4 principais, destacando-se no entanto os dois principais: O modelo francês ou continental e o modelo britânico ou inglês; e os outros dois mais banais, os modelos mistos ou hídricos, que associam o modelo francês ao modelo britânico, e o modelo norte-americano dos Institutes for Learning in Retirement (ILR’s).

Associando as US’s às Universidades Tradicionais, o modelo francês assenta aqui a sua base.

Desta forma, tem como suporte a nível logístico (professores, salas, equipamento, organização, etc.), uma Universidade Tradicional, promovendo e privilegiando a pesquisa e investigação, podendo criar cursos superiores e de pós-graduação para seniores. Os cursos poderão assumir uma duração de média ou longa duração, com um ou mais anos.

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Assenta portanto num ensino não-formal, tendo uma vertente mais social e recreativa, levando os alunos a participar e, por vezes, a gerir a própria gestão da

US’s.

Neste modelo predominam os cursos de curta duração, podendo durar de uma semana a dois meses. Apenas em 1981 é que surgiu a primeira US em Inglaterra, associada a uma universidade tradicional, neste caso a de Cambridge.

Por consequente, os cursos são banais a todos os modelos, com destaque para as Línguas (nativa e estrangeiras), as Ciências Sociais e Humanas (História, Sociologia, Psicologia), a Cultura (Música, Arte, Literatura, etc.), a Saúde (Nutrição, Cuidados Primários), a Informática, as Artes Práticas (Pintura, Desenho, Artesanato, etc.) e as Actividades Desportivas e Físicas.

Análogos nos objetivos, mas díspares na organização, “…os seus modelos/projectos não só acabam por diferir de país para país mas também, dentro de cada país, de região para região em função de diferentes variáveis. E este ajustamento de projectos às condições particulares das populações revela-se, na

minha opinião, a chave de sucesso destas instituições” (Pinto, 2003, p.27).

No entanto, as US’s, independentemente do local onde se situam, acabam por criar o seu próprio modelo.

Desta forma, estes modelos são mais teóricos que práticos, levando a que cada uma delas se baseie no modelo que mais se ajusta à sua realidade, tal como afirma Pinto: “Os seus modelos/projectos não só acabam por diferir de país para país mas também, dentro de cada país, de região para região em função de diferentes variáveis. E este ajustamento de projectos às condições particulares das populações

revelasse, na minha opinião, a chave de sucesso destas instituições” (Pinto, 2003,

p.5).

Como qualquer outra instituição, as US’s carecem de apoio, quer por parte do Estado, quer por parte dos particulares, sendo movidas pelo seu próprio autofinanciamento. Este é um aspeto bastante importante, que merece ser realçado.

Imagem

Gráfico 2 - Estatuto dos professores ...........................................................................85 Gráfico 3 - Remuneração dos professores ..................................................................85 Gráfico 1 - Habilitações literár
Gráfico 2 - Estatuto dos professores
Gráfico 4 - Filiação na RUTIS
Gráfico 7 - Idade dos Alunos
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