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RETORNO AO ZEITGEIST: PREEXISTÊNCIAS E DINÂMICAS DO OCUPAR HÍBRIDO NO CENTRO DE BAURU – SP

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MARCOS VINICIUS SANCHES

RETORNO AO ZEITGEIST: PREEXISTÊNCIAS E DINÂMICAS DO OCUPAR HÍBRIDO NO CENTRO DE BAURU – SP

BAURU 2022

(2)

RETORNO AO ZEITGEIST: PREEXISTÊNCIAS E DINÂMICAS DO OCUPAR HÍBRIDO NO CENTRO DE BAURU – SP

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplicadas do Centro Universitário Sagrado Coração, como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Profª. Ma. Giovana Innocenti Strabeli.

BAURU 2022

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

Sanches, Marcos Vinicius S211r

Retorno ao Zeitgeist: preexistências e dinâmicas do ocupar híbrido no centro de Bauru - SP / Marcos Vinicius Sanches. -- 2022.

185f. : il.

Orientadora: Prof.a M.a Giovana Innocenti Strabeli

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Sagrado Coração - UNISAGRADO - Bauru - SP

1. Conjuntos Habitacionais. 2. Complexo Híbrido. 3. Déficit Habitacional. 4. Conflitos territoriais. 5. Uso Misto. I. Strabeli, Giovana Innocenti. II. Título.

Elaborado por Lidyane Silva Lima - CRB-8/9602

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RETORNO AO ZEITGEIST: PREEXISTÊNCIAS E DINÂMICAS DO OCUPAR HÍBRIDO NO CENTRO DE BAURU - SP

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplicada do Centro Universitário Sagrado Coração como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovado em: 08/12/2022 Banca Examinadora:

________________________________________

Profª. Ma. Giovana Innocenti Strabeli (Orientadora) Centro Universitário Sagrado Coração

________________________________________

Profª. Ma. Tatiana Ribeiro de Carvalho Centro Universitário Sagrado Coração

_______________________________________

Arquiteto e Urbanista Me. Vinicius Luis Arcangelo Silva

(5)

Dedico este trabalho aos meus familiares, especialmente aos meus pais, minha avó e minha tia que foram de extrema importância para mim nesse período.

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Agradeço primeiramente aos meus pais, Marcos e Cristina, por todo apoio, incentivo, confiança, por me acompanharem em todo o processo e sempre estarem ao meu lado me auxiliando;

À minha tia Valéria, por todo esse período de estadia em seu apartamento, com muita paciência, amor e companheirismo;

Aos meus avós Marino e Sebastiana, por todo incentivo, amor incondicional e por terem feito de tudo para eu me tornar a pessoa que sou hoje;

A todos meus familiares que fazem parte da minha vida, por todo apoio e carinho concedidos ao longo da vida;

Aos meus professores do curso de Arquitetura e Urbanismo no centro Universitário Sagrado Coração, por todo conhecimento e incentivo;

À minha orientadora Professora Giovana Innocenti Strabeli, por todo apoio, confiança, paciência, auxílio e, principalmente, por não ser apenas uma professora, mas sim uma amiga confidente que sei que posso contar sempre que precisar;

Agradeço aos meus amigos de faculdade Lara Nunes, Thainara Correa, Laura Mozardo, Lorry Lima, Maria Victória Sampaio, Julia Spunar, Susan Sousa, Eduardo Vinicius, Camila Viana e Jade Dagmar que viveram essa grande experiência comigo e o mais importante, não me deixaram desistir;

Aos meus amigos da escola, Alícia, Ana Liz, Elena, Rayra, Beatriz e Victor, por me aguentarem e apoiarem principalmente em LAUP, mesmo nunca entendendo ao certo o que era;

Ao Andre Canelada, Carlos Botelho e Lucas Bortolotto por todas as dicas, paciência e por terem sido essenciais para meu desenvolvimento no período da faculdade;

Ao Centro Universitário do Sagrado Coração – UNISAGRADO, por toda a experiência que vivi em todos esses anos. Agradeço por todo apoio, estrutura e ensinamento que levarei comigo.

(7)

“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos”.

(Marcel Proust)

(8)

Este trabalho refere-se à revitalização urbana no centro da cidade de Bauru, interior de São Paulo, por meio da proposta de projeto arquitetônico e urbanístico de um Complexo Híbrido, a fim de amenizar o déficit habitacional na cidade de Bauru-SP e garantir a segurança na região central, perdida ao longo dos anos. O déficit habitacional e o uso desigual do solo tem sido um dos principais fatores que geram conflitos territoriais e evidenciam a falta de segurança da população. Para isso, foi feita a pesquisa bibliográfica e documental, para o embasamento teórico sobre a história dos conjuntos habitacionais, as vantagens e desvantagens do uso misto para os centros, visita in loco e análise da área selecionada. Projetos de vasta importância e referência em revitalização urbana como o Markethal, Habitat 67, Bosco Verticalle e o conjunto habitacional Jardim Edite foram investigados no âmbito dos seus aspectos funcionais e contextuais a fim de analisar seus potenciais e carências. A partir desse estudo, surgiu o conceito o Retorno ao Zeitgeist, expressão alemã cunhada pelo filósofo alemão Goethe que expressa a cultura e os pensamentos de um dado período e pode ser sintetizada pelo espírito da época. Por fim, conclui-se que este trabalho se viabiliza não só pelo caráter de recuperação do centro histórico da cidade de Bauru, mas também como uma proposta para evoluções futuras para a região.

Palavras – chave: Conjuntos Habitacionais; Complexo Híbrido, Déficit Habitacional, Conflitos territoriais; Uso Misto; Zeitgeist.

(9)

This work refers to the urban revitalization in the center of the city of Bauru, in the interior of São Paulo, through the proposal of an architectural and urban project of a Hybrid Complex, in order to alleviate the housing deficit in the city of Bauru-SP and guarantee security in the center, lost over the years. The housing deficit and unequal land use has been one of the main factors that generate territorial conflicts and evidence the population's lack of security. For this, bibliographic and documentary research was carried out, for the theoretical basis on the history of housing projects, the advantages and disadvantages of mixed use for the centers, on-site visit and analysis of the selected area. Projects of vast importance and reference in urban revitalization such as Markethal, Habitat 67, Bosco Verticalle and the Jardim Edite housing complex were investigated in terms of their functional and contextual aspects in order to analyze their potential and needs. From this, the concept of Return to the Zeitgeist emerged, a German expression coined by the German philosopher Goethe that expresses the culture and thoughts of a given period and can be synthesized by the spirit of the time. Finally, it is concluded that this work is made possible not only by the character of recovery of the historic center of the city of Bauru, but also as a proposal for future developments for the area.

Keywords: Hybrid Complex, Housing Deficit, Territorial Conflicts; Mixed Use;

Zeitgeist.

(10)

Figura 2.1: Unité d’Habitation ... 31

Figura 2.2: Ordens das colunas gregas Dórica, Jônica e Coríntia respectivamente . 33 Figura 3.1: MarketHall ... 37

Figura 3.2: Localização MarketHall ... 38

Figura 3.3: Interior colorido combinado às janelas dos apartamentos ... 39

Figura 3.4: Planta do térreo ... 40

Figura 3.5: Mural MarketHall ... 41

Figura 3.6: Fachada em malha ... 41

Figura 3.7: Planta do térreo ... 42

Figura 3.8: Corte esquemático ... 43

Figura 3.9: Varandas ... 44

Figura 3.10: Imagem aérea Habitat 67 ... 45

Figura 3.11: Terreno Expo 67 em Montreal ... 46

Figura 3.12: Processo construtivo Habitat 67 ... 47

Figura 3.13: Jardins privativos na cobertura ... 48

Figura 3.14: Jardins privativos na cobertura ... 49

Figura 3.15: Tipologias Habitat 67 ... 50

Figura 3.16: Corte Habitat 67 ... 51

Figura 3.17: Marco na paisagem ... 52

Figura 3.18: Bosco Verticale ... 53

Figura 3.19: Implantação, Bosco Verticale ... 54

Figura 3.20: Diagrama das vegetações e sistema de irrigação, Bosco Verticale ... 55

Figura 3.21: Esquema de influências da vegetação sobre o edifício ... 56

Figura 3.22: Alteração no visual ao longo das estações do ano ... 57

Figura 3.23: Sistema esquemático das varandas verdes ... 58

Figura 3.24: Fachada conjunto habitacional Jardim Elite ... 59

Figura 3.25: Localização Jardim Elite ... 60

Figura 3.26: Localização Jardim Elite ... 61

Figura 3.27: Passarelas que unem os conjuntos habitacionais ... 61

Figura 3.28: Implantação Jardim Edite ... 63

Figura 3.29: Jardim Elite e seu entorno ... 64

Figura 3.30: Grades das fachadas textura, luz e sombra ... 65

(11)

Figura 4.1: Mapa de Localização ... 72

Figura 4.2: Mapa Uso e Ocupação ... 74

Figura 4.3: Mapa de Cheios e Vazios ... 76

Figura 4.4: Mapa de Gabarito... 77

Figura 4.5: Mapa de Fluxo Urbano ... 79

Figura 4.6: Mapa de Vegetação de Mobiliários ... 81

Figura 4.7: Mapa topográfico e visadas ... 83

Figura 4.8: Corte A ... 84

Figura 4.9: Corte B ... 85

Figura 4.10: VISADA 01 – Galpões da NOB ... 87

Figura 4.11: VISADA 02 – Sob Viaduto Azarias Leite ... 87

Figura 4.12: VISADA 03 – Vista Viaduto Azarias Leite, esquina Presidente Kenedy. ... 88

Figura 4.13: VISADA 04 – Vista do terreno para a rua Virgílio Malta. ... 88

Figura 4.14: VISADA 05 – Galpões da NOB ... 89

Figura 4.15: VISADA 06 – Vista de dentro do terreno para os Galpões da NOB. ... 89

Figura 4.16: VISADA 07 – Vista sob o Viaduto da Rua Treze de Maio para a Avenida Nuno de Assis. ... 90

Figura 4.17: VISADA 08 – Vista sob o Viaduto da Rua Treze de Maior para o lado Leste do Terreno. ... 90

Figura 4.18: VISADA 09 – Vista do Viaduto Treze de maio para as linhas férreas desligadas. ... 91

Figura 4.19: VISADA 10 – Vista do encontro das ruas Presidente Kennedy com Virgílio malta que dão acesso ao terreno. ... 91

Figura 4.20: VISADA 11 – Vista da Rua Presidente Kennedy mostrando a dimensão da calçada em relação a rua ... 92

Figura 4.21: VISADA 12 – Vista do encontro do Viaduto Treze de maio com a Rua Presidente kennedy evidenciando o supermercado Confiança que existe próximo ao terreno. ... 92

Figura 4.22 – Diretrizes estabelecida pela Lei 2407/82 para ZC.1 ... 94

Figura 4.23: Programa de Necessidades – zona amarela ... 97

Figura 4.24: Programa de Necessidades – zona azul ... 98

(12)

Figura 4.27: Croqui proposta inicial ... 100

Figura 4.28: Setorização – residencial ... 102

Figura 4.29: Setorização – serviços ... 102

Figura 4.30: Setorização – comercial ... 103

Figura 4.31: Macrozoneamento térreo ... 104

Figura 4.32: Setorização do nível 489 ao 509 ... 106

Figura 4.33: Setorização do nível 413 ao 541. ... 107

Figura 4.34: Setorização do nível 445 ao 577 ... 108

Figura 4.35: Corte A esquemático ... 109

Figura 4.36: Corte B esquemático ... 110

Figura 5.1: Programa de Necessidades ... 112

Figura 5.2: Implantação ... 114

Figura 5.3: Tabela de Vegetações ... 115

Figura 5.4: Plantas Galpões da NOB ... 117

Figura 5.5: Planta Estacionamento, nível 493 e 497 ... 119

Figura 5.6: Planta Estacionamento, nível 501 ... 120

Figura 5.7: Plantas Nível 505 ... 122

Figura 5.8: Plantas Nível 509 ... 123

Figura 5.9: Plantas Nível 513 ... 124

Figura 5.10: Planta Nível 517 ... 126

Figura 5.11: Planta níveis 521-573 e níveis 581 e 585 ... 128

Figura 5.12: Planta Nível 525 ... 130

Figura 5.13: Planta Nível 529 a 545 ... 131

Figura 5.14: Planta Nível 549 ... 133

Figura 5.15: Planta Nível 573 ... 134

Figura 5.16: Planta Nível 553 ... 136

Figura 5.17: Planta Nível 557 a 569 ... 137

Figura 5.18: Planta Nível 577 ... 139

Figura 5.19: Plantas Reservatórios ... 141

Figura 5.20: Plantas Reservatórios nível 589 ... 142

Figura 5.21: Propostas tipologias 1 e 2 ... 144

Figura 5.22: Proposta tipologia 3 ... 145

(13)

Figura 5.25: Proposta planta aberta com um pavimento ... 148

Figura 5.26: Proposta layout com um pavimento e dois dormitórios ... 148

Figura 5.27: Proposta layout com um pavimento e um dormitório ... 148

Figura 5.28: Proposta planta aberta com dois pavimentos com escada ... 149

Figura 5.29: Proposta layout com dois pavimentos com escada... 149

Figura 5.30: Proposta planta aberta com dois pavimentos com escada e elevador 150 Figura 5.31: Proposta layout com dois pavimentos com escada e elevador ... 150

Figura 5.32: Proposta planta aberta com a unidade vizinha ... 151

Figura 5.33: Proposta layout com a unidade vizinha ... 151

Figura 5.34: Propostas de Layout – Escritórios com 1 ou duas tipologias ... 152

Figura 5.35: Propostas de Layout – Escritórios com três tipologias ... 153

Figura 5.36: Proposta planta unidade entregue ... 154

Figura 5.37: Propostas de layout unidade corporativa ... 155

Figura 5.38: Propostas planta entregue com unidade vizinha ... 156

Figura 5.39: Proposta planta entregue com duas unidades ... 157

Figura 5.40: Proposta layout com duas unidades ... 157

Figura 5.41: Corte A ... 159

Figura 5.42: Corte B ... 160

Figura 5.43: Corte C ... 161

Figura 5.44: Corte D ... 162

Figura 5.45: Detalhamento Bancos e Canteiros ... 164

Figura 5.46: Detalhamento Rampa de Acesso ... 165

Figura 5.47: Detalhamento Estrutura ... 167

Figura 5.48: Fachada Lateral Esquerda – Vista Avenida Nuno de Assis ... 168

Figura 5.49: Fachada Lateral Direita e Galpões da NOB – Vista Avenida Nuno de Assis ... 169

Figura 5.50: Vista da Quadra Poliesportiva da Praça Pública do Edifício ... 170

Figura 5.51: Elevação Frontal Edifício Multifuncional – Vista Avenida Nuno de Assis ... 171

Figura 5.52: Rampa de Acesso Externa do Edifício ... 172

Figura 5.53: Fachada Lateral Direita – Vista Rua Presidente Kennedy ... 173

Figura 5.54: Fachada Lateral Esquerda – Vista Rua Presidente Kennedy ... 174

(14)

Figura 5.57: Visão Geral da Implantação Realçando as Praças Públicas – vista 2 177

(15)

1 INTRODUÇÃO ... 16

1.1 JUSTIFICATIVA ... 18

1.2 OBJETIVOS ... 20

1.2.1 Objetivo Geral ... 20

1.2.2 Objetivos Específicos ... 20

1.3 METODOLOGIA ... 20

1.4 ESTRUTURAÇÃODOTRABALHO ... 22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 23

2.1 BREVEHISTÓRICODASHABITAÇÕESSOCIAISNOBRASIL ... 23

2.1.1 Origem das habitações sociais até o período militar (1930-1986) ... 23

2.1.2 Pós-redemocratização ... 24

2.1.3 Século XXI e a Casa Verde Amarela ... 26

2.2 USOMISTO ... 27

2.3 HABITAÇÃOMODULAR ... 32

3 FUNDAMENTAÇÃO DE REPERTÓRIO ... 36

3.1 MARKETHALL ... 36

3.2 HABITAT67 ... 45

3.3 EDIFÍCIOBOSCOVERTICALE ... 53

3.4 RESIDENCIALJARDIMEDITE ... 59

4 A PROPOSTA DE PROJETO ... 68

4.1 AESCALADACIDADE ... 68

4.1.1 As necessidades habitacionais de Bauru ... 69

4.1.2 Economia ... 70

4.1.3 Localização e grandes equipamentos ... 71

4.2 AESCALADOENTORNO ... 73

4.2.1 Uso e ocupação ... 73

4.2.2 Cheios e vazios ... 75

4.2.3 Gabarito ... 76

4.2.4 Sistema viário e pedonal ... 78

4.2.5 Vegetação e mobiliários ... 80

4.3 AESCALADOTERRENO ... 81

(16)

4.4 DIRETRIZESPROJETUAIS ... 93

4.4.1 Legislação urbana ... 93

4.4.2 Legislação edifício ... 94

4.4.3 Sistemas e Subsistemas construtivos ... 95

4.4.4 Normas ... 96

4.5 PROGRAMADENECESSIDADES ... 96

4.6 CONCEITOEPARTIDO ... 99

4.7 MACROZONEAMENTO ... 100

4.7.1 Implantação ... 101

4.7.2 Setorização dos pavimentos... 105

4.7.3 Cortes esquemáticos ... 108

5 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ... 111

5.1 PROGRAMADENECESSIDADES ... 111

5.2 IMPLANTAÇÃO ... 113

5.3 PAISAGISMO ... 115

5.4 PLANTAS ... 116

5.5 PROPOSTASDELAYOUT ... 143

5.6 CORTES ... 158

5.7 DETALHAMENTOS ... 163

5.8 SISTEMASESUBSISTEMASCONSTRUTIVOS ... 166

5.9 VOLUMETRIA ... 168

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 178

6.1 CONSIDERAÇÕESGERAIS ... 178

6.2 DOSOBJETIVOS ... 178

6.3 DASMETODOLOGIAS ... 178

6.4 DAPROPOSTAPROJETUAL ... 179

6.5 DISCUSSÃOFINAL ... 179

REFERÊNCIAS ... 180

(17)

1 INTRODUÇÃO

Em todo o mundo, nos últimos anos, houve o aumento da população urbana, provocando o crescimento desordenado nas cidades e gerando, consequentemente, o déficit habitacional que, em geral, foi agravado pela falta de políticas públicas, pela especulação imobiliária e, principalmente, pelas transformações sociais (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO – CBIC, 2021).

Durante esse processo, e graças à velocidade que essas mudanças ocorreram, a segregação entre classes sociais se acentuou, com famílias vivendo em condições precárias sem, ao menos, saneamento básico, ou moradia.

Um dos fatores primordiais para esses acontecimentos foi a especulação imobiliária, ou seja, a compra de imóveis e áreas para que, futuramente, seu valor de mercado aumente. No entanto, a especulação imobiliária acarretou grandes problemas para a cidade, sendo o principal deles, a existência de imóveis abandonados e de áreas subutilizadas no centro, ou seja, áreas com infraestrutura abandonada.

Neste contexto, a segregação urbana acaba se acentuando, trazendo inúmero problemas para as cidades e à população de baixa renda, entre elas a desigualdade, afetando nas mais diversas esferas como na saúde, escolaridade, mobilidade, cultura e assim por diante.

Para Villaça (1998, n.p.) “[...] a segregação é um processo segundo o qual diferentes classes ou camadas sociais tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjuntos de bairros da metrópole.”.

Não obstante, acarreta diversos problemas sociais, como preconceito e intolerância, enfraquecendo gradativamente as relações sociais. A própria segregação não é apenas um reflexo de uma condição social, mas um fator que contribui para tornar as diferenças ainda mais profundas. “É impossível esperar que uma sociedade como a nossa, radicalmente desigual e autoritária, baseada em relações de privilégio e arbitrariedade, possa produzir cidades que não tenham essas características” (MARICATO, 2001, p.51).

Além disso,

(18)

[...] pedestres, ao utilizarem os espaços das ruas, aumentam a ‘vigilância mútua’, isto é, um pedestre ‘vigia’ inconscientemente o outro, para sua própria segurança, e ao fazer isso aumenta o grau de controle sobre o espaço, o que beneficia a todos. De fato, pesquisas mostram que crimes violentos tendem a ocorrer longe dos olhos das pessoas. Aqui, o estranho não é o ‘inimigo’

como pensamos: ruas movimentadas são a melhor defesa contra o crime (NETTO, 2006, n.p.).

Tais problemáticas como a especulação imobiliária, a segregação e a desigualdade cunharam a morte dos centros urbanos, os quais concentram, hoje, áreas subutilizadas e imóveis abandonados gerando insegurança, principalmente à noite.

Como alternativa, a criação de equipamentos urbanos como mercados públicos e feiras, habitações e parques têm se mostrado ferramenta essencial para a recuperação e revitalização dos centros objetivando e promovendo uso para essas áreas deterioradas, em geral, com infraestruturas abandonadas.

O centro da cidade é um espaço mais transformado de aglomeração urbana, nos seus aspectos arquitetônicos, refletindo diferentes processos sociais, políticos, econômicos e culturais, que atingem como um todo. Geralmente, essas áreas são objeto de grandes projetos de renovação urbana, promovidos pelo poder público, e que envolvem interesses de diversos agentes produtores do espaço urbano (RAMIRES, 1998).

Os mercados públicos, sendo eles, mercados municipais ou feiras, atualmente, desempenham papel de grande importância na composição do espaço urbano, sendo, outrora, um dos principais meios de surgimento de centros urbanos.

Cria-se uma forma de abastecer a cidade, retirando a exclusividades dos supermercados que, de certa forma, descaracterizam os vínculos de comunidade e vizinhança, além de oferecer espaço público já que, entendem a falta de espaços públicos como forma de desurbanização e desigualdade.

Edifícios mistos são dispositivos urbanos que se caracterizam pela diversidade de usos facilitando o acesso da casa residência ao para o trabalho e fazendo diferença na dinâmica da cidade, contribuindo consideravelmente para a diminuição do trânsito.

Com o uso misto, é possível promover o adensamento populacional no centro, já que, se economiza no investimento da infraestrutura urbana básica, ao invés de se espalhar pelas franjas da cidade.

(19)

“Desta forma, pode-se perceber, nos últimos anos, a preocupação de se projetar pensando na interação de atividades do dia a dia; e tem tornado cada vez mais frequente a implantação de empreendimentos de uso múltiplo nas cidades”

(VECCHIATTI, 2011. p.9).

Neste sentido, esta proposta de projeto prevê a requalificação do centro de Bauru por meio da implantação de um edifício híbrido, considerando as múltiplas faces do viver urbano conquanto traz à luz as vantagens da construção racionalizada.

A indústria da construção civil, morosa e rudimentar, está sujeita a inúmeros fatores os quais influenciam sua concretização. A falta de planejamento gera atrasos frequentes, altos custos, desperdício de insumos entre outras problemáticas. Emerge, então, o sistema de construção racionalizado, que constitui em uma forma otimizada, com controle de qualidade e produção no intuito de acelerar e viabilizar economicamente uma obra. Contudo, sua implantação demanda conhecimentos específicos, transdisciplinaridade e equipes de projeto e execução capacitadas.

A construção modular está diretamente ligada à construção racionalizada e permite grande versatilidade para o projeto. Como exemplo, o Habitat 67 de Moshe Safdie, projeto este que consiste em espaços habitáveis, possibilita a compra de um, dois, módulos diferentes, para que o morador tenha um espaço único e adaptável para suas necessidades, se livrando do conceito de layout fechado.

1.1 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho busca propor a solução do déficit habitacional junto ao uso misto no centro da cidade de Bauru – SP, por meio da criação de complexo híbrido o qual alie, essencialmente habitações modulares a atividades diversas como comércio, já que, conforme Jacobs (2000), atrair pessoas para um local em todas as horas do dia seria uma estratégia para impedir a violência, degradação e desuso do local.

De acordo com os dados revisados pela Fundação João Pinheiro, ano base de 2019, o déficit habitacional em todo o Brasil está em 5,8 milhões de moradias.

(PINHEIRO, 2019).

O estudo diz que uma das causas para o crescimento é a sobrecarga de aluguel urbano, caracterizado hoje, como o principal componente do déficit (PINHEIRO, 2019).

(20)

O número de imóveis desocupados por conta de valores alto, saltaram de 2,814 milhões em 2016 para 3,035 em 2019, números estes que apresentaram uma tendência de aumento por conta da pandemia (PINHEIRO, 2019).

Segundo a pesquisa, a quantidade de imóveis que apresentam algum tipo de inadequação chega a quase 25 milhões, principalmente, relacionadas a infraestrutura urbana, como falta de saneamento básico (PINHEIRO, 2019).

Já no Estado de São Paulo, o déficit habitacional chegou a 1,16 milhões de moradias, e na inadequação, 3,19 milhões. Correspondendo há 30% de todo o parque domiciliar do Estado de São Paulo (GOV, 2022).

O levantamento da Câmara Municipal de Bauru – SP em 2020, aponta déficit habitacional de 16 mil famílias, número este, equivalente à quantidade de imóveis desocupados na cidade, concentrados especialmente na região central (BAURU, 2020).

O estudo da Demacamp, empresa contratada para assessorar o poder executivo no processo da revisão do Plano Diretor Participativo, revela a existência de 29.914 lotes vazios na cidade de Bauru (BAURU, 2020).

Este cenário reforça a falta de planejamento na distribuição dessas áreas para as famílias na cidade de Bauru.

A carência habitacional e a ausência, tanto na área de lazer quanto na área comercial no centro da cidade afeta diretamente a valorização e a segurança da área.

Com esse déficit, as áreas valorizadas acabam sendo as periféricas, segregando cada vez mais a população (JACOBS, 2010).

A hipótese deste trabalho se apoia em Jacobs (2010) que acredita que espaços movimentados trazem mais segurança para a cidade e que a partir de usos mistos, é possível atrair diferentes tipos de pessoas.

Além disso, ao aliar a modularidade à proposta, espera-se erradicar o estigma da habitação social como moradia restrita, já que, por meio destes módulos, os futuros moradores poderão rearranjar seu espaço conforme suas necessidades atuais e futuras.

Com base no exposto, este trabalho se mostra relevante visto trabalhar a requalificação do centro da cidade de Bauru, dado que o projeto trará novos usos, como comércio, moradia e lazer em consonância com o patrimônio edificado, trazendo de volta a valorização, a segurança e, com isso, atraindo novamente a população para o centro da cidade.

(21)

1.2 OBJETIVOS

A seguir serão apresentados os objetivos geral e específicos deste trabalho.

1.2.1 Objetivo Geral

Elaborar o projeto arquitetônico e urbanístico de requalificação do centro de Bauru – SP, por meio de um complexo híbrido que terá como funções principais habitação de interesse social e mercado municipal.

1.2.2 Objetivos Específicos

Para tal, serão empreendidos os seguintes objetivos específicos:

• Estudar o espaço urbano, seus pontos positivos e negativos

• Estudar o défice habitacional da cidade de Bauru

• Estudar sobre o conjunto habitacional como instrumento de requalificação urbana

• Estudar sobre os pontos positivos e negativos das construções modulares

• Estudar sobre os pontos positivos e negativos do uso misto (habitação social + comércio) para os moradores e os visitantes

• Realizar estudos de obras correlatas de edifícios modulares e de usos mistos

• Realizar visita técnica em obras com potencial de aproveitamento projetual

• Propor um projeto arquitetônico à ser realizado no Local

• Elaborar plantas, detalhes, cortes e imagens tridimensionais para representar a proposta.

1.3 METODOLOGIA

Esse trabalho, de natureza aplicada, foi elaborado por meio de pesquisas exploratórias e descritivas. A etapa exploratória buscou levantar referências bibliográficas, principalmente na Biblioteca do Centro Universitário do Sagrado

(22)

Coração (UNISAGRADO), bem como em bancos de dados virtuais, como repositórios institucionais, canais de eventos e periódicos.

A fim de ampliar o repertório projetual, partiu-se da investigação de empreendimentos em páginas virtuais comuns a arquitetura e urbanismo e de escritórios com temática correlata, ou seja, edifícios de uso misto e ou híbridos com aporte habitacional e comercial, a priori, na intenção de identificar e analisar criticamente seus programas funcionais, organização de fluxos e acessos públicos e privados, composições formal e estética, sistemas construtivos, entre outras que contribuirão para esta proposta.

Foi realizado o levantamento de dados referente ao sítio sugerido para a proposta deste projeto visando sintetizar suas características físicas como topografia, dimensionamento, bem como, o levantamento documental a revisão de suas normas e códigos como índices urbanísticos, entre outros, os quais servirão para a elaboração da proposta projetual que terá como ponto de partida, o Código de Obras e de Zoneamento, de Bauru –SP, cidade escolhida para abrigar esta proposta de projeto.

Ademais, o entorno do terreno, foi investigado visando identificar sua morfologia, assim como uso e ocupação, cheios e vazios, gabarito, topografia, vegetação, fluxo viários, fluxo de pedestre que serão registrados em mapas com o auxílio da ferramenta de geolocalização Google Earth, desenvolvido pela empresa Keyhole, Inc e de desenho assistido por computador AutoCad 2020 da AutoDesk®.

Após a pesquisa, iniciou-se a elaboração Macrozoneamento, organizando a implantação, setorização, plantas, cortes, volumetrias que serão desenvolvidos por meio de softwares como AutoCad para as soluções em plantas, bem como, SketchUp 2020, desenvolvida pela Startup Last D. Software para a proposta e modelagem volumétrica e os programas Lumion 10, produzido pela empresa Holandesa ACT3d e Vray 5.1, software esse feito pela empresa Chaos Gruop para a elaboração das imagens humanizadas.

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1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Capítulo 1. A partir de estudos de escritores como Flávio Villaça, Jane Jacobs e Ermínia Maricato, será apresentada a introdução do trabalho, sua justificativa, os principais objetivo, as metodologias utilizadas bem como a estruturação do trabalho.

Capítulo 2. Será abordada a fundamentação teórica, por meio do estudo histórico, contextualização atual e visões de diferentes autores sobre a história do Conjunto Habitacional, sobre o uso dos edifícios híbridos e da construção modular.

Capítulo 3. Será apresentada a fundamentação do repertório, utilizando obras correlatas como o Habitat 67, Markethall, Bosco Verticalle e o conjunto habitacional Jardim Edite, visita técnica ao local da proposta projetual e a elaboração de mapas como: Localização, cheios e vazios, uso e ocupação, gabarito, topográfico, com ajuda de softwares como o Autocad e o Google Earth para o maior entendimento da área.

Capítulo 4. Será apresentada o conceito e o partido, bem como a proposta projetual como suas definições de uso dos espaços.

Capítulo 5. Mostra o desenvolvimento do projeto e seus detalhamentos.

Capítulo 6. Serão apresentadas as considerações gerais acerca dos objetivos, a confirmação da hipótese, as considerações sobre os objetivos, e por fim, da proposta sugerida.

O presente trabalho se encerra com as Referências que serviram de base para o seu desenvolvimento.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo será apresentado o breve histórico sobre as habitações de interesses sociais, suas características e sua função para a valorização urbana. Ainda sobre o uso misto, sobre a qualidade de áreas públicas e privadas, espaços para lazer e seu impacto na construção das dinâmicas citadinas.

O capítulo se encerra com a abordagem dos conceitos e características das construções modulares, suas vantagens perante o cenário brasileiro de obras rudimentares.

2.1 BREVE HISTÓRICO DAS HABITAÇÕES SOCIAIS NO BRASIL

Neste tópico será realizada a linha do tempo referente ao desenvolvimento das habitações de interesse social (HIS) no Brasil, considerando a influência política sobre os modelos e como esse processo influenciou os modelos contemporâneos.

2.1.1 Origem das habitações sociais até o período militar (1930-1986)

A terra e a sua propriedade privada são questões fundamentais para solucionar a questão habitacional (VILLAÇA, 1986, p. 3).

O ponto inicial das políticas públicas habitacionais no Brasil foi a Revolução de 1930 e o governo Vargas, que passaram a interpor tanto no mercado imobiliário habitacional quanto no processo de produção do espaço urbano (BONDUKI, 2014).

Rolnik (2016) conta que, na madrugada de 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado contra o governo legalmente constituído de João Goulart e a falta de reação do governo e dos grupos que lhe davam apoio foi notável.

Bonduki (1998) assevera que, nesse período, foi Decretada a Lei n. 58/1938, grande marco para o início da legislação sobre o parcelamento do solo no âmbito federal, a qual regulamentou a venda de lotes e transformou as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) em carteiras prediais do Instituto de Aposentadorias e pensões (IAPs) e, a partir dessa mudança, os institutos passam a atender aos trabalhadores de determinada profissão e não mais as empresas.

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O autor ainda ressalta que, ao mesmo tempo, surgem o Decreto-Lei do Inquilinato (1942), o qual congelou os aluguéis e a Fundação da Casa Popular, primeiro órgão destinado exclusivamente às questões da moradia (BONDUKI, 1998).

Entre 1930 e o golpe militar de 1964, a produção e financiamento habitacional promovido pelo estado foram de aproximadamente 175 mil unidades (BONDUKI, 1998). No mesmo período, a população do país elevou-se de oito milhões para 52 milhões de habitantes (BONDUKI, 2012).

Esse período foi marcado pela extinção dos IAPs, unificação da previdência gerando o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), foram criados também o Banco Nacional de Habitação (BNH) e o Serviço Financeiro de Habitação (SFH) (BONDUKI, 1998).

Nesse mesmo período, em 1967, foi criado o meio que possibilitou uma fonte estável de investimento em habitação social, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) (BONDUKI, 2014).

O principal objetivo do governo militar com a criação do Banco Nacional de Habitação era ganhar o apoio das massas populares e criar uma política permanente de financiamento “capaz de estruturar em moldes capitalistas o setor da construção civil habitacional, nessa época, nasceu o sonho do financiamento da casa própria, amplamente difundido e incentivado pelo BNH” (BONDUKI, 1998, p.3). Em 22 anos de regime militar, só o FGTS financiou 2,4 milhões de habitações populares e, no geral, o SFH financiou 4,3 milhões de habitações (MARICATO, 1996).

Esse processo de urbanização acelerado, teve como consequência um alto nível de degradação do meio ambiente, baixa qualidade de vida, violência urbana, consolidando a miséria social (MARICATO, 1996).

2.1.2 Pós-redemocratização

O processo de urbanização, aliado à transformação do meio natural para o meio técnico científico informacional, modernizou o modo de vida, “sem deixar, entretanto, de reproduzir seu lado arcaico. Isto é, a modernização é apenas para alguns; a cidadania, idem” (MARICATO, 2003, p. 79).

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Já na década de 1940, as cidades brasileiras pareciam estar deixando a imagem estritamente rural e alcançando finalmente a modernidade (BONDUKI, 1998).

Mas, o processo de industrialização e urbanização tiveram grandes consequências para o contexto urbano e, na década de 1990, as cidades eram sinônimos de pobreza, poluição, violência, desigualdade (MARICATO, 1996).

Transformada em mercadoria, a terra teve seu valor agregado à infraestrutura que a cercava e esse valor impôs à população de baixa renda grande dificuldade de acesso à terra urbanizada (VILLAÇA, 1998).

Por conta da crise do SFH em 1986 e a extinção do BNH, os loteamentos irregulares e as favelas surgem como as únicas alternativas de moradia para a população de baixa renda, estas que se reproduzem desordenadamente por conta de os governos não apresentarem alternativas habitacionais. (MARICATO, 2003).

O espaço urbano e a segregação socioespacial vivenciada pelas cidades brasileiras a partir da segunda metade do século XX caracteriza-se pela dificuldade da aquisição da terra urbanizada, junto a outros fatores, como a segregação espontânea da população de alta renda, e a locação espacial diferenciada dos investimentos em infraestruturas (PEGORETTI; SANCHES, 2005).

A partir da segunda metade do século XX, o aumento de favelas, cortiços e loteamentos irregulares, resulta no processo de urbanização segregador com características da sociedade patrimonialista do Brasil pré-republicano (MARICATO, 1996).

A criação da Secretaria Espacial de Ação Comunitária (SEAC), durante o governo José Sarney (1985-1990), tinha como objetivo coordenar programas voltados a faixas de renda mais baixa, com instalação de equipamentos comunitários em favelas, regularizações fundiárias, obras de infraestrutura entre outros (BONDUKI, 2012).

Em 2000, oficialmente, a habitação entra como direito social na constituição (BONDUKI, 2012). Já em 2001, junto ao Estatuto da Cidade, foi criado o projeto moradia, com o objetivo de amenizar o déficit habitacional, proposto pelo instituto Cidadania, atual instituto Lula (BONDUKI, 2012).

Com o objetivo e função de coordenar uma nova política urbana, a criação do Ministério das Cidades em 2003, foi uma forma de englobar políticas de habitação, mobilidade e saneamento básico (BONDUKI, 2012).

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Por conta da urbanização desenfreada e carência habitacional de cunho social, a desigualdade, este período teve incumbência de dar novas perspectivas às cidades, trazendo um futuro promissor ao novo século que vinha a começar.

2.1.3 Século XXI e a Casa Verde Amarela

Para Bonduki (2014), os anos 2000 ficaram marcados pelo Ministério das cidades, responsável por tratar a política de desenvolvimento urbano e das políticas setoriais de habitação, saneamento ambiental, transporte urbano e trânsito.

Entre as ações do ministério, pode-se citar: a Política Nacional de Habitação de 2004, responsável por retomar o processo de planejamento do setor habitacional e garantir novas condições institucionais para promover o acesso à moradia digna para todos e pelo Plano de Nacional de Habitação em 2008, tendo como objetivo, planejar ações públicas e privadas, visando o futuro, na perspectiva de garantir uma moradia digna para o cidadão (BONDUKI, 2014).

Tais programas abriram espaço para a implantação da Urbanização de Assentamentos Precários (UAP) em 2007, com objetivo de elevação da qualidade de vida urbana por meio de implantação de ações necessárias para a regularização fundiária, segurança, salubridade etc., priorizando camadas de baixa renda (BONDUKI, 2014).

Em 2009, foi lançado o Programa Minha Casa, Minha Vida, dividido em duas fases, a primeira de 2009 a 2010, que de acordo com Rolnik (2016), tinha como objetivo a contratação de um milhão de moradias para famílias com renda de até 10 salários-mínimos, objetivo ultrapassado atingindo 1.005.128 unidades. Já a segunda fase, de 2011 a 2014, foram empreendidas 2,385 milhões de unidades, sucesso esse devido ao fato de que a produção de capital apresentava ritmo muito mais avançando comparado à década de 1960/70 (ROLNIK, 2016).

Por fim, segundo a Câmara dos Deputados, em 2020, o governo do Presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei 14.118/21, e criou o programa Casa Verde e Amarela, basicamente, o projeto Minha Casa Minha Vida, mas com alguns ajustes com foco na regularização das unidades habitacionais e incentivar os juros baixos ao realizar o parcelamento imobiliário (BRASIL, 2021).

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Esse projeto financia a construção e pequenas reformas de residências para famílias com até R$ 7.000,00 de renda mensal na área urbana e com até R$ 84.000,00 de renda ao ano na área rural. (BRASIL, 2021).

Enfim, as principais diferenças entre o Minha Casa Minha Vida e a Casa Verde e Amarela são a troca das faixas por grupos de renda, mudanças em limite de renda para receber subsídio do Governo Federal (G1, 2020).

O processo de morar, que deveria pressupor escolhas, participação e tomadas de decisão em diversos níveis e ao longo do tempo, se vê empobrecido à mera relação de compra de um produto como outro qualquer, com o esvaziamento e empobrecimento de sua dimensão política (MORADO NASCIMENTO; TOSTES, 2011, p. 4).

Percebe-se que ao longo da trajetória das políticas públicas para habitação de interesse social, muito pouco se inovou. Além de prover habitações padronizadas sem pensar sua arquitetura de fato, na maioria das vezes, esses núcleos são descolados do tecido urbano, com implantação nas margens das cidades, desprovidos de infraestrutura, gerando ônus para os cofres públicos, e o mais importante, a segregação de populações que deveriam ter acesso à vida citadina de qualidade, incluindo aqui oferta de equipamentos públicos e empregos.

No que tange à funcionalidade, focados somente no habitar, os conjuntos populares reproduzem o espaço urbano zoneado, ou seja, esvaziam-se durante o dia quando as pessoas vão para seus trabalhos. Esse deslocamento, além de gerar insegurança, aumenta o custo de vida, que poderiam ser solucionados conquanto fossem implantadas também atividades de comércio e serviços como serão tratados no próximo tópico.

2.2 USO MISTO

Joseph Fenton foi o primeiro arquiteto a aplicar o termo híbrido à arquitetura para definir os grandes arranha-céus surgidos nas cidades americanas no final do século XIX (OLIVEIRA, 2016).

Para Neves (2012), o edifício híbrido se difere do multifuncional pela sua escala e forma.

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A sua escala adapta-se ao meio urbano, podendo incorporar parte da trama da cidade e colaborar com ela por intermédio de conexões e função. A forma resulta dos avançados tecnológicos do século XIX, como os enquadramentos estruturais, introdução do elevador, telefone, escrita eletrônica, sistemas de ventilação e aquecimento centrais, evolução do automóvel, entre outros (NEVES, 2012, p. 21).

Uma classificação mais atual sobre edifícios híbridos, não leva apenas em consideração a forma final do prédio, mas também, sua funcionalidade, composição e relação com o entorno (MUSIATOWICZ, 2008).

Desde a Antiguidade Clássica, os espaços multifuncionais estão presentes, sendo a ágora grega e o fórum romano como os mais conhecidos (MUMFORD, 1998).

Segundo Mumford, a ágora era definida como uma praça mercado, sendo ela, livre de edificações, com mercados e feiras livres espalhadas por ela. Significando discutir, deliberar ou tomar decisões, a ágora era também de caráter público e religioso (MUMFORD, 1998, p. 166).

A ágora era o maior ato de esfera pública e urbanística grega da época, sendo ela definida como elemento de constituição do espaço urbano (MUMFORD, 1998, p.

166).

Sua função persistiu em países latinos como Plaza, Campo, Piazza e Grand- place e suas primeiras construções públicas nasceram a partir de 600 a.C. e consistiam em prédios cívicos, santuários, templos, mercados e feiras (FAZIO, MOFFETT, WODEHOUSE, 2011).

Foi então que surgiu o fórum romano, centro da vida pública na Roma Imperial, com o entorno repleto de construções e tinham como função ser mercado de carnes e peixes, escritórios, câmaras, templos, basílica, servindo também como local de reunião, considerado por muitos uma readaptação da ágora grega (FAZIO, MOFFETT, WODEHOUSE, 2011).

“Já na Idade Média, muitas pessoas trabalhavam e residiam no mesmo local, os artesãos tinham suas oficinas, os comerciantes seus mercados, e mesmo os banqueiros tinham seus escritórios nas suas próprias casas” (RYKWERT, 2004, p.

100).

“A vida acontecia nas habitações e dentro de edifícios de múltiplos andares havia locais de habitação e trabalho” (DZIURA, 2009, p. 43).

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Nas cidades barrocas e renascentistas, seguiram a mesma linha da Idade Média, as habitações se situavam nos pavimentos superiores, enquanto os comércios e serviços no térreo (RYKWERT, 2004).

Em 1760, com a chegada da Revolução industrial, a configuração das cidades mudou drasticamente, uma vez que as formas antigas de construir e pensar começaram a cair em desuso (CHOAY, 2013). A saída da população das zonas rurais em busca de trabalho nas cidades, causou um crescimento drástico e desordenado.

Estreitamente relacionada com o desenvolvimento do sistema capitalista, a industrialização estendeu-se por todo o mundo e determinou o surgimento de novas formas de sociedade, de estado e de pensamento (CHOAY, 2013).

Ainda segundo Choay, a Revolução Industrial trouxe com ela uma série de atividades novas e originais, mas de difíceis incorporações no tecido urbano. Surge então uma série de problemas urbanísticos de difícil controle, como a pobreza, desigualdade, delinquência, falta de saneamento básico, que apenas um simples ato não solucionaria (CHOAY, 2013).

Também no século XVIII, prédios destinados à burguesia surgiram com uma nova configuração de edifício multifuncional, com os andares inferiores para lojas, restaurantes, cafés e o superior para residências (DZIURA, 2009).

Contudo, essa nova configuração de tipologia tornou-se comum na Europa, criando uma arquitetura mediadora entre espaço público e privado, fazendo com que os pedestres fossem convidados a frequentá-los graças a permeabilidade espacial do entorno urbano (DZIURA, 2009).

Ainda na Revolução Industrial, sugiram modelos e teorias urbanísticos que defendiam a multifuncionalidade dos espaços e edifícios, Robert Owen e Charles Fourier, desenvolveram projetos que buscavam integrar diferentes funções dentro de uma unidade urbana, a cidade ideal, nomeada como Falanstério, que nunca teve continuidade (CHOAY, 2013).

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Entre 1920 a 1960, os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAMs), eventos que reuniam arquitetos proeminentes da década, tinham como objetivo esclarecer determinadas funções urbanas das grandes cidades, influenciaram todos os arquitetos do mundo (ARQUITETURA, 2010). Segundo Le Corbusier, CIAMs tinha como objetivo definir o que seria o Urbanismo Contemporâneo, traçando diretrizes e fórmulas que podem ser aplicadas em todo mundo (GIEDION, 2004).

Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Carta de Atenas, documento de 1933, teve como objetivo ordenar o território urbano e a segregação das funções principais da cidade, entre elas: habitar, trabalhar, recrear e circular, por meio da política de zoneamento. A introdução dessas funções resultou em visões de cidades altas, espalhadas entre vias, espaços verdes, impactando de forma estrondosa o mundo todo (IPHAN, 2022)

Foram os estudos de Le Corbusier que influenciaram fortemente as habitações coletivas, sendo o grande influenciador do Unité d’Habitation (Figura 2.1), posteriormente, grande inspiração para conjuntos habitacionais construídos nos anos 1960 e 1970 (LIMA, 2008).

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Figura 2.1: Unité d’Habitation

Fonte: ArchDaily Brasil (2022, n.p.)

A Carta de Atenas influenciou também o projeto da Ville Radieuse de Le Corbusier, a qual propunha, em termos sociais, que cada indivíduo tivesse acesso a todos os programas fundamentais, tais como, o bem-estar do lar e a beleza da cidade (IPHAN, 2022).

Já a partir da década de 1990, grandes arranha-céus ganham espaços no cenário da arquitetura mundial, edifícios estes com multifunções, definidos como obras monumentais, com tecnologias de última geração, a fim de atrair turistas de toda parte do mundo (VITRUVIUS, 2011).

As cidades asiáticas são referências em construções de arranha-céus tecnológicos tendo 12 das 20 mais altas do mundo (CTBUH, 2016).

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A preocupação dos arquitetos em unir a função de morar e trabalhar num só edifício de grande densidade vem de encontro a diversas problemáticas como o aumento da mobilidade urbana, insegurança, espraiamento entre outras (DZIURA, 2009).

A ideia de edificações de uso misto em cidades densas ganhou espaço na arquitetura contemporânea, com construções mais compactas e sustentáveis as quais são usadas como estratégia de crescimento, desenvolvimento e organização das cidades (BERNARDES; BOSCOLI, 2015).

Hoje, com o aumento do preço do solo, dos custos de construção, os edifícios híbridos surgem como solução para novos modos de financiamento e gestão, conservando o espaço urbano, mantendo a densidade de população ideal, complementando as relações humanas, a qualidade de vida e priorizando o benefício social (BERNARDES; BOSCOLI, 2015). É certo que cada programa perde um pouco da sua individualidade quando agregado a um edifício multifuncional, porém estes passam a favorecer interações humanas (MUSIATOWICZ, 2008).

Outro fator fundamental para a humanização do habitar, segundo Alexander et al. (1977) é a flexibilidade a qual deve possibilitar diversos rearranjos do espaço de morar a fim de acompanhar as necessidades dos seus ocupantes ao longo das transformações da vida.

Neste contexto, a modularidade, além de ser ferramenta base para construções racionalizadas, ainda é uma estratégia para flexibilizar o espaço do morar, considerando a heterogeneidade tanto das famílias, como no modo de ocupar a habitação.

2.3 HABITAÇÃO MODULAR

Historicamente, a construção modular aparece na arquitetura em uma interpretação grega sob o caráter estético, uma combinação entre a interpretação dos romanos sob o caráter estético-funcional e dos japoneses sob o caráter funcional (GRAVEN; BALDAF, 2007).

A proporção estabelecida nos elementos das ordens gregas (Figura 2.2) era de expressão da beleza e da harmonia, o diâmetro das colunas originava todas a outras medidas (GRAVEN; BALDAF, 2007).

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Figura 2.2: Ordens das colunas gregas Dórica, Jônica e Coríntia respectivamente

Fonte: Vitruvius (2013)

Já para a civilização romana, a medida do módulo era baseada no passus romano, uma medida antropométrica; além disso, essa civilização foi a primeira a padronizar seus tijolos em tipos universais (GRAVEN; BALDAF, 2007).

Segundo Manenti (2010), na metodologia virtruviana, o primeiro passo é estabelecer o módulo e sua quantidade mediante esquemas geométricos e proporcionais. A ordinalidade, princípio estabelecido por Vitrúvio, diz que indivíduos que são destinados a trabalhos considerados únicos, teriam que passar a ter uma concordância simétrica em relação ao demais indivíduos (MANENTI, 2010).

Até o século XIX, o conceito de módulo estava relacionado à média, geometria e proporção, mas a funcionalidade ainda não era relacionada ao módulo, portanto, Walter Grupius foi o primeiro a combinar, os três elementos, funcionalidade, padronização e produção industrial (MILLER; ELGARD, 1998).

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A habitação modular se dá a partir da criação de uma unidade habitacional que possa ser transformada ao longo do tempo por meio de extensão, divisão de espaços ou agregação, de forma que possa se adaptar às necessidades dos moradores, tendo em vista as constantes mudanças familiares, ou seja, um projeto com flexibilidade construtiva.

O objetivo era que essa moradia não fosse demolida totalmente para construir outra no local e atender à nova família, mas sim, que ela evoluísse e se transformasse no decorrer dos anos e, segundo Coelho e Cabrita (2009), o processo de habitação evolutiva está ligado diretamente ao poder econômico e a evolução das famílias (COELHO; CABRITA, 2009).

A flexibilidade associada ao conjunto habitacional deve ser entendida como a capacidade do edifício de se adequar a inúmeras necessidades familiares antes, durante ou depois da obra finalizada (SZUCS, 2002).

A maior vantagem da habitação modular, é o fato de assegurar para todos os moradores níveis de espaços satisfatórios, valorizando a capacidade de investimento (DIAS et al.1, 1972; PORTAS2, 1971 apud VILA, 2018). As empresas buscam aumentar a variedade e customizar seus produtos, bem como reduzir o tempo de produção sem que o custo de desenvolvimento e produção aumentasse (KOTLER;

ARMSTRONG, 2004).

A modularidade tem como um dos principais objetivos a simplificação na gestão de um produto considerado complexo e pode ser entendida como uma forma de concepção de subconjuntos menores, denominados módulos, mas que funcionam como um conjunto integrado (BALDWIN; CLARK, 1997).

Ou seja, a construção/produto passa a ser constituído de partes independentes, mas que funcionam de modo interdependente, o que significa que diversos módulos possam ser construídos simultaneamente a fim de ter uma única função (BALDWIN;

CLARK, 1997).

1 DIAS, F.S. et tal (1972). Arquitectura: planeamento, design, artes plásticas. Nº 126. Outubro 1972.

FAPESP: Lincoln Institute, 1998.

2 PORTAS, Nuno. Tipologias de Edifícios: habitação evolutiva, princípios e critérios de projectos.

Serviços de edificações de arquitectura proc.86/1/4032, documento de estudo integrado no planeamento de estudos de domínio dos edifícios. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1971

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A modularidade parte de um conjunto de conceitos que leva a novas formas de desenvolver os produtos, organizar a produção, trabalhando em cadeias de produção (DORAN; HILL; HWANG; JACOB, 2007).

Em relação à produção, os módulos das construções podem ser montados e testados separadamente e só depois de concluídos, serão enviados para a obra (ULRICH, 1995). Por conta disso, a reutilização dos componentes reduz o tempo de desenvolvimento do produto de forma perceptível (ULRICH, 1995).

O objetivo da modularidade é alcançar um produto em que os diferentes módulos sejam independentes uns dos outros, conectando-se por meio de interfaces especificadas e padronizadas, possibilitando alterações individuais sem que seja necessário interferir nos demais módulos (BALDWIN; CLARK, 2004).

Segundo a engenharia, a modularidade apresenta três principais objetivos:

uma forma de lidar com a complexidade do produto e processo; permitir a realização simultânea de atividades de projeto do produto; acomodar incertezas futuras associadas ao lançamento de novos produtos (BALDWIN; CLARK, 2004).

A modularidade permite ao projetista maior flexibilidade nas mudanças de produto, processo e requisitos. Mediante a ela, pode-se aplicar o paralelismo no desenvolvimento dos projetos, permitindo que o tempo de alteração do módulo não afete significativamente no tempo de desenvolvimento do produto, ou seja, por conta da redução de processos, um aspecto da modularidade é a possibilidade de redução no custo do ciclo-de-vida por meio da redução de processos (BALDWIN, 1997).

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3 FUNDAMENTAÇÃO DE REPERTÓRIO

As obras correlatas foram definidas a partir de conceitos e estruturas que serão adotadas no projeto.

O uso misto, de grande importância para o projeto, foi abordado relacionando ao Markethal, projeto do escritório MVRDV, sendo o maior mercado coberto da Holanda associado a habitação.

A construção modular foi abordada a partir do projeto Habitat 67 de Moshe Safdie para a EXPO 67, referência mundial na modularidade e adaptação construtiva, sendo a pioneira na construção de habitação social urbana usando tecnologia de construções pré-fabricadas.

Por conta da escassez de áreas verdes no centro da cidade de Bauru – SP, o edifício Bosco Verticale, de Stefano Boeri, foi investigado visando destacar como a vegetação é capaz de criar um ecossistema para o lugar, fomentando a qualidade de vida no local.

Por fim, o Conjunto Habitacional Jardim Edite, dos escritórios H+F Arquitetos e MMBB Arquitetos foram apontados a fim de trazer reflexão de como a verticalização pode além de proporcionar densidade para o local, oferecer versatilidade ao uso do solo.

3.1 MARKETHALL

Segundo o ArchDaily Brasil (2014), o Markethall (Figura 3.1), localizado na cidade de Rotterdam, Holanda, foi projetado pelo MVRDV e teve sua obra concluída no ano de 2014. Seu terreno de 8.400 m², conta com área construída é de 100.000 m², tendo 40 metros de altura e 120 metros de comprimento (ARCHDAILY BRASIL, 2014).

O Markthal é uma combinação sustentável de alimentação, lazer, moradia e estacionamento, um edifício no qual todas as funções estão totalmente integradas para celebrar e potencializar suas possibilidades sinérgicas. Uma praça segura e coberta está aninhada sob um grande arco, concebido como uma visão totalmente nova de uma típica praça de mercado e seus edifícios circundantes (MVRDV, 2022, n.p.).

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Figura 3.1: MarketHall

Fonte: ArchDaily Brasil (2014, n.p.)

Segundo o ArchDaily Brasil, o projeto do Markethall se deu início a partir de um concurso com o objetivo de aumentar o mercado ao ar livre já existente no local e por conta das novas leis europeias, que nela, dizia que a venda de alimentos frescos e refrigerados não seriam mais permitidas no local. O concurso foi ganho pela equipe Provast e o escritório de arquitetura MVRDV, dando assim, início a execução do projeto (ARCHDAILY BRASIL, 2014).

Ainda sobre o ArchDaily Brasil, o projeto está localizado em um lugar histórico de Rotterdam e próximo a Blaak, maior estação ferroviária de Rotterdam. Ele se encontra junto a igreja Laurenskerk a beira do antigo rio de Rotte, modificado no final do século XIX para a construção de uma linha de trem (Figura 3.2) (ARCHDAILY BRASIL, 2014).

Em um formato de arco, Markethall se tornou uma grande praça coberta onde acontecia duas vezes por semana um mercado livre (ARCHDAILY BRASIL, 2014).

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Figura 3.2: Localização MarketHall

Fonte: MVRDV (2022, n.p.)

Ainda sobre o concurso, além do aumento do mercado ao ar livre e as novas normas, o município tinha como objetivo uma demanda do aumento da quantidade de habitantes no centro da cidade, com isso era necessário um programa de necessidades que abrangesse habitações, serviços, comércios em um só programa (ARCHDAILY BRASIL, 2014).

O mercado mesmo antes de sua conclusão, já era um ícone para a cidade e o mundo. Não apenas pela sua forma e seu tamanho, o marcado era referência em com combinar diferentes funções, como: os apartamentos residências, o mercado e a praça de alimentação, junto ao seu interior colorido (Figura 3.3) (ARCHDAILY BRASIL, 2014).

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Figura 3.3: Interior colorido combinado às janelas dos apartamentos

Fonte: ArchDaily Brasil (2014, n.p.)

Suas fachadas frontais são apartamentos residenciais e são estruturadas por uma malha de cabos (SCIA, 2016).

Os apartamentos situados no topo formam um arco da cobertura com extensão de 36 metros sendo sustentados por paredes de concreto e no subsolo foi construído um estacionamento de quatro pavimentos servindo tanto para os moradores quanto para os visitantes (SCIA, 2016).

Segundo Scia (2016), por conta da camada de argila mole presente no local, a laje do fundo foi otimizada para ter a menor espessura possível, e a estrutura foi totalmente engastada para que pudesse reduzir a fissuração. As fachadas com malha de cabos foram dimensionadas de forma estratégica para reduzir o tempo e o custo da construção (SCIA, 2016).

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Segundo MVRDV (2022), o térreo (Figura 3.4) e o primeiro andar abrigam 20 unidades de serviço, restaurantes e café; no primeiro piso subterrâneo encontra-se o supermercado que permite aos visitantes e moradores fazerem suas compras e um centro de educação para alimentação saudável.

Figura 3.4: Planta do térreo

Fonte: ArchDaily Brasil (2014, n.p.)

Markethall conta com um mural de imagens de produtos alimentícios, flores e insetos (Figura 3.5), que cobre todo seu interior abobadado fazendo referência a Naturezas-mortas Holandesas do século XVII, mural este que conta com mais de 11.000 metros quadrados e foi utilizado para a obtenção do contraste do seu interior com o exterior (MVRDV, 2022).

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Figura 3.5: Mural MarketHall

Fonte: ArchDaily Brasil (2014, n.p.)

Sua fachada (Figura 3.6) é a maior do seu tipo na Europa, é capaz de resistir a fortes tempestades e é considerado um edifício Very Good BREEAM, energeticamente eficiente (MVRDV, 2022).

Figura 3.6: Fachada em malha

Fonte: ArchDaily Brasil (2014, n.p.)

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Segundo o ArchDaily Brasil (2014), o mercado é um edifício sem fachada posterior, portanto, todas as partes oferecem entradas, por conta disso, todo o fornecimento para o mercado, lojas e estabelecimentos é feito nos pavimentos subterrâneos. No primeiro pavimento, foi instalada uma plataforma de distribuição a fim de não incomodar os residentes durante os momentos de carga e descarga que acontecem, geralmente, no período da manhã (ARCHDAILY BRASIL, 2014).

Com exceção ao primeiro e ao segundo andar, todo seu arco conta com apartamentos residenciais, sendo 102 (cento e dois) apartamentos para aluguel e 126 (cento e vinte e seis) apartamentos para venda todos eles com um terraço externo (Figura 3.7 à 3.9) e todos podem ser acessados por meio de seis entradas à nível da rua (ARCHDAILY BRASIL, 2014).

Figura 3.7: Planta do térreo

Fonte: ArchDaily Brasil (2014)

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Figura 3.8: Corte esquemático

Fonte: ArchDaily (2014, n.p.)

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Figura 3.9: Varandas

Fonte: ArchDaily Brasil (2014)

Segundo o ArchDaily Brasil, há uma ampla variedade de tipologias de apartamentos, desde lofts, duplex a apartamentos mais simples (Figuras 3.8 e 3.9).

Por conta do seu formato, as tipologias variam de 80 a 300 m² e metade dos apartamentos possuem janelas voltadas ao mercado, com vidros triplos para evitar propagação de som ou cheiro (ARCHDAILY BRASIL, 2014).

Suas coberturas têm entradas no décimo andar, a partir de escadas internas e elevadores horizontais, desta forma, o Markethall pode ser executado sem qualquer caixa de elevador na cobertura (ARCHDAILY BRASIL, 2014).

O Markethall se apresenta como proposta de reurbanização bem-sucedida com a combinação de áreas residenciais assegurando densidade e comerciais públicas fomentando o uso diversificado. O equipamento se transformou rapidamente em referencial por unir a tradição do mercado público junto à arquitetura contemporânea, todavia sua supervalorização gerou gentrificação. Desta forma, enquanto referência projetual, o projeto serve para favorecer a requalificação e adensamento do centro, contudo, serão utilizadas estratégias para evitar a gentrificação tais como: a criação do mercadão público, centro de acolhimento, cozinha pública e ETEC.

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3.2 HABITAT 67

Segundo Fracalossi (2012), o Habitat 67 (Figura 3.10) projeto do arquiteto Moshe Safdie está localizado em Montreal, maior cidade da província do Quebec, no Canadá. Seu projeto foi concluído em 1967, junto ao evento Expo 67 e conta com área construída de 100.000 m² (FRACALOSSI, 2012).

Figura 3.10: Imagem aérea Habitat 67

Fonte: Safdie Archtects (2021, n.p.)

Moshe Safdie nasceu em 14 de julho de 1938, em Israel, mudou-se para o Canadá onde estudou arquitetura na Universidade de McGill (FRACALOSSI, 2012).

Habitat 67 foi seu projeto de trabalho de final de graduação (TFG) e mesmo que não tenha obtido o reconhecimento máximo na faculdade, foi suficientemente forte para que a Expo 67 tenha considerado sua construção (FRACALOSSI, 2012).

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A Expo 67 (Figura 3.11), considerada uma das maiores feiras do mundo, adotou o tema “Terre des Hommes”, baseado na obra de Antoine de Saint-Exupéry (HABITAT 67).

Figura 3.11: Terreno Expo 67 em Montreal

Fonte: Fracalossi (2012, n.p.)

Segundo Safdie Architects (2021) habitat 67 foi pioneira na construção de habitação social urbana usando tecnologia de construções pré-fabricadas. Com seu tipo de edifício inovador, o habitat procurou propor um bairro vital com espaços abertos, terraços e com muitas comodidades, normalmente, desconsideradas de residências unifamiliares (SAFDIE ARCHITECTS, 2021).

Segundo a Cronologia do Pensamento Urbanístico (2022), o conjunto habitacional é constituído por blocos em concreto pré-moldado, empilhados uns sobre os outros até a altura de 12 andares, sendo o principal elemento estrutural do edifício.

Cada caixa é um paralelepípedo de dimensões 5,3x11x3m, pesando entre 70 e 90 toneladas, o que exigiu um guindaste especial para colocar cada bloco no seu lugar (Figura 3.12) (CRONOLOGIA DO PENSAMENTO URBANÍSTICO, 2022).

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Figura 3.12: Processo construtivo Habitat 67

Fonte: Safdie Archtects (2021, n.p.)

Os 158 apartamentos são resultados da sobreposição de 354 caixas dispostas em zig-zag (Figura 3.12, 3.13), garantindo para cada apartamento um jardim privado na cobertura (Figura 3.14) (CRONOLOGIA DO PENSAMENTO URBANÍSTICO, 2022).

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Figura 3.13: Jardins privativos na cobertura

Fonte: Safdie Archtects (2021)

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Figura 3.14: Jardins privativos na cobertura

Fonte: Safdie Archtects (2021)

Segundo Fracalossi (2012), apesar das 158 habitações construídas, o número hoje foi reduzido devido a união de alguns módulos. Originalmente, as habitações tinham variações de 60 a 460 m² por unidade (Figura 3.15), e a modulação calculada do projeto respondia à visão utópica que Safdie tinha pra a organização urbana do futuro (FRACALOSSI, 2012).

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Figura 3.15: Tipologias Habitat 67

Fonte: Fracalossi (2012, n.p.)

Mesmo com seu status de patrimônio Nacional do Canadá, por conta da sua modularidade, seus apartamentos sofreram diversas mudanças de layout de acordo com as necessidades dos morados, por conta disso, nos dias de hoje, não se sabe quantos apartamentos ao certo o Habitat 67 conta (SAFDIE ARCHITECTS, 2021).

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Figura 3.16: Corte Habitat 67

Fonte: Fracalossi (2012, n.p.)

O Habitat 67 é referência em todo o mundo por conta da estética e minimalismo e é dito como um verdadeiro emblema de habitação inovadora marcando a paisagem de Montreal, conciliando a qualidade de vida e o contexto urbano (HABITAT 67, 2022, n.p.).

Referências

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