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ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO EMPRESARIAL (ERP): ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO RAMO DE MINERAÇÃO

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ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO EMPRESARIAL (ERP): ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO RAMO DE MINERAÇÃO

Kaique Osório Alves Neto Silva (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBA ) koanto@hotmail.com THAIS RESENDE CASTRO CAMARGO (Universidade Federal de São João Del Rei ) thaisresendecastro@gmail.com Roberta Alves (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI ) robertalvess@hotmail.com

O objetivo deste trabalho é analisar o processo de implantação do ERP em uma empresa de mineração situada no estado de Minas Gerais para evidenciar quais as principais vantagens e desvantagens da sua implantação, bem como os resultados inicciais de sua utilização. Como procedimento metodológico foi utilizado o método de estudo de caso, com acompanhamento da implantação in loco. O resultado demonstra que com a implantação do ERP, o ganho obtido pela empresa, é perceptível não somente no que se refere a gestão de informações e processos, mas também para mudanças organizacionais que culminam em maiores eficiências técnicas e operacionais.

Palavras-chave: Gestão organizacional, ERP, Sistema Integrado de Gestão

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2 1. INTRODUÇÃO

O mercado globalizado ecada vez mais competitivo tem levado as empresas a constantes mudanças e a necessidade de informações para tomada de decisões cada vez mais rápidas(SANTOS, 2018). Segundo Cintra et al., (2012)devido ao contexto em que as informações são solicitadas a todo instante, as organizações buscam apoio nos recursos da Tecnologia da Informação (doravante TI), para que o processamento das informações ocorra de maneira mais rápida, precisa e segura. Desta maneira, o desenho do sistema de controle gerencial deve levar em consideração os recursos de TI disponíveis, bem como a capacidade e disponibilidade da organização em investir nessa área.

Para acompanhar a crescente evolução tecnológica e aumentar a velocidade do fluxo das informações, as organizações passaram a interligar seus departamentos, utilizando as redes de computadores.Nesse sentido, o Enterprise Resource Planning (ERP) surge como um sistema capaz de gerenciar todos os processos de uma organização, compartilhando uma base de dados e integrando todas as áreas funcionais. Romeiro e Rodello(2016)afirmam que os sistemas ERPs tornaram-se parte intrínseca e fundamental para as operações, principalmente, das grandes corporações. No entanto, observa-se também que, os sistemas ERPs têm modificado e beneficiado as pequenas e médias empresas (PMEs), apesar dos custos elevados para implantação.

O objetivo deste trabalho é analisar o processo de implantação do ERP em uma empresa de mineração de Minas Gerais, denominada neste trabalho de Mineração Alfa. Para tal buscou-se conhecer o processo produtivo da Mineração Alfa e entender os fatores críticos que levaram a empresa à implantação do ERP, verificar a metodologia de Implantação do ERP utilizada pela Mineração Alfa e sua aderência com o descrito na literatura, levantar os obstáculos encontrados no processo de Implantação do ERP e analisar os resultados. Por fim, foram evidenciadas as principais vantagens e desvantagens da sua implantação, bem como os resultados iniciais de sua utilização.

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

Lee et al., (2014)definem o ERP como “uma arquitetura de software que facilita o fluxo de informações entre todas as atividades da empresa como fabricação, logística, finanças e recursos humanos.” É um sistema amplo de soluções e informações. Um banco de dados único, operando em uma plataforma comum que interage com um conjunto integrado de aplicações, consolidando todas as operações do negócio em um simples ambiente

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3 computacional (LAUDON E LAUDON, 2013).Com um banco de dados unificado possibilita a integração direta entre departamentos e ferramentas, possibilitando a tomada de decisões mais rápida e com maior confiabilidade, fornecendo vantagem competitiva no mercado(SLACK et al. 2015). Esses softwares são ferramentas altamente robustas e podem trazer grandes benefícios para empresas, porém possuem um alto custo de implantação(OLIVEIRA E VASCONCELLOS, 2015).

Lustosa e Mesquita, (2008)afirma que o processo de implantação de um ERP pode ser desmembrado em cinco principais etapas, sendo elas:

ETAPA 1- Identificação das atividades e particularidades

Nesta etapa são estudados os fluxos dos processos e as características dos sistemas legados (que estão em uso). Também é feito um levantamento de quais as atividades e particularidades não podem ser atendidas pelo ERP e que precisarão de customização. Caso seja definido que será utilizada uma consultoria especializada em implantação de ERP, a empresa integradora (empresa que prestará a consultoria) deverá participar de todos os levantamentos desta etapa, pois é imprescindível que ela tenha conhecimento de todos os processos e atividades. Esta consultoria pode ser fornecida diretamente pelo fornecedor do ERP ou pode ser uma empresa terceirizada. A empresa a ser integrada deve neste momento estar com a equipe interna que trabalhará com a implementação e ficará responsável pela difusão do conhecimento do ERP já definida.

ETAPA 2- Planejamento da Implantação

Neste momento é feito todo o cronograma da implantação, com determinação clara dos prazos e responsáveis por cada atividade. Também é feito o planejamento da migração dos dados para o ERP.Definem-se todos os cadastros necessários, as parametrizações e customizações que deverão ser feitas.

ETAPA 3 - Execução da Pré-implantação

Aqui são desenvolvidas, testadas e liberadas para uso todas as customizações realizadas para atendimento das necessidades específicas da empresa. Também é desenvolvida a integração dos sistemas, programas e/ou aplicativos que permanecerão em uso. É feito também o carregamento dos dados iniciais no sistema (banco de dados migrados, saldos iniciais, etc.). São feitos testes das rotinas para localizar e corrigir, se necessário, erros eventuais. Também é avaliado o nível de aderência entre o ERP e a realidade dos processos, a fim de aproximar o máximo possível o ERP e os usuários. Por fim,todos os processos e rotinas do ERP são documentados em procedimentos e todos os usuários são treinados.

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4 ETAPA 4 - Processamento paralelo da operação

Nesta etapa o ERP já pronto para funcionamento e é feito o seu uso em paralelo com os controles atuais. Neste momento eventuais dúvidas que tiverem ficado da fase de treinamento serão sanadas e é possível ainda fazer pequenos ajustes no ERP. Assim que o ERP e os controles legados estiverem apresentando os mesmos resultados, passa-se à próxima fase.

ETAPA 5 - Aderência final e término da Implantação

Nesta última etapa encerra-se o uso dos controles usados anteriormente e o ERP passa a atuar por completo. Neste momento, espera-se que não haja mais dúvidas entre os usuários treinados e que também não seja mais necessário ajuste no ERP. A partir deste ponto os usuários do sistema passam a utilizar o suporte do fornecedor do sistema. Haverá, eventualmente, necessidades de trabalhos de melhorias, desenvolvimento de novas rotinas ou até mesmo migração de versões do ERP. Essas necessidades esporádicas podem ser absorvidas internamente pelo setor de TI ou podem ser encaminhadas novamente para consultorias externas de acordo com a avaliação da empresa. É esperado que um sistema ERP gere constante necessidade de evoluções, manutenções e adequações para que se mantenha aderente aos processos da organização ao longo de sua vida útil.

Jannuzzi et al., (2014), Mannini e Prado, (2018) e Silva et al., (2018) ao realizarem estudos sobre a implantação de sistemas ERP, como o Logix e o Prothes da fornecedora TOTVS, seguindo passos semelhantes ao de Lustosa e Mesquita, (2008) demonstram resultados satisfatórios como: melhorias nos procedimentos operacionais, na qualidade e no tempo de respostas às atividades, diminuição de retrabalho, otimização de processos, recursos e mão-de-obra, rápido retorno do valor investido na implantação.

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

O presente trabalho é classificado de acordo com Cervo e Bervian, (2007)quanto à sua natureza como aplicado, pois possui interesse prático, propondo a disseminação do conhecimento e resultados obtidos na implantação e utilização de um software ERP, com a intenção de auxiliar organizações que estejam avaliando a viabilidade da implantação e utilização desta ferramenta.

Segundo Gil, (2008)quanto ao objetivo esta pesquisa está classificada como exploratória, pois é um estudo focado no conhecimento do método utilizado para a implantação de um ERP, nos obstáculos enfrentados durante este processo e nos resultados obtidos por este projeto.Com

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5 relação à abordagem da situação problema, a pesquisa está classificada como qualitativa, pois trata-se de um trabalho descritivo, onde os dados coletados foram extraídos do ambiente natural e analisados indutivamente. O procedimento técnico utilizado foi o estudo de caso, onde foi realizado um estudo aprofundado e específico do processo de implantação de um ERP.

3.1 Coleta de dados e etapas

A coleta de dados e informações para o desenvolvimento deste trabalho se deu por meio de observações sistemáticas in loco através da participação direta no processo de implantação do ERP, acompanhamento das atividades antes e depois da utilização do software, análise de percepção com relação à metodologia utilizada e pesquisa no banco de dados da empresa estudada.

As etapas da pesquisa estão esquematizadas e representadas conforme Figura 2.

Figura 1- Etapas de pesquisa

3.2Apresentação da empresa e coleta de dados

A Empresa estudada, aqui denominada como “Mineração Alfa”, foi oficialmente fundada em 15 de outubro de 1945e possui duas unidades no Brasil, sendo uma na cidade de São João Del-Rei - MG, composta pela unidade fabril e uma PCH (Pequena Central Hidrelétrica) e a outra unidade a Mineração Alfa, situada no município de Nazareno-MG, onde foi realizado o estudo descrito neste trabalho.

As atuais atividades da Mineração Alfa consistem na produção de Concentrado de tântalo (principal produto), e ainda Estanho em lingotes e Feldspato (subprodutos do processo

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6 produtivo do tântalo). Atualmente a Mineração Alfa possui jazida de pegmatito (matéria prima) suficiente para a manutenção do negócio para além de 2047 (considerando os atuais níveis de produção), com capacidade produtiva de aproximadamente 300.000 libras de tântalo, 75.000 Kg de Estanho e 150.000 toneladas de Feldspato por ano.

Até o momento do início do projeto, os controles operacionais da produção eram feitos em planilhas de Excel, que ficavam abertas a modificação a todos os funcionários e sem controle de atualização, o que causava grandes problemas, como por exemplo, a modificação de dados sem responsabilidade, a perda de informações importantes e até mesmo de arquivos inteiros.

Além disso, todas as informações complementares tinham que ser alimentadas manualmente, como por exemplo, análises químicas que eram gerenciadas em um programa isolado.Outro problema muito comum, antes da utilização do ERP, era a falta de padronização dos arquivos entre os setores, o que gerava dificuldade na localização das informações. Ainda existia o receio da confiabilidade dos dados arquivados em Excel, já que o rastreamento da informação ficava comprometido devido à facilidade de manipulação das informações ali registradas.

E assim como em Botelho (2005), os fatores descritos levaram a empresa à conclusão de que um software ERP seria a ferramenta ideal para sanar esses problemas.A implantação do sistema na empresa estudada se deu módulo a módulo, o que possibilitou que a empresa fosse se preparando e absorvendo o impacto de forma a minimizar os transtornos ocasionados pela mudança.

3.3 O processo de implantação

Foi determinado pela empresa que a implantação módulo à módulo, a fim de minimizar os possíveis transtornos ocasionados pela mudança. Os principais objetivos corporativos que se desejava alcançar com a implantação do ERP eram:

 Eliminar retrabalhos ou redundância de atividades, minimizando a possibilidade de erro humano;

 Eliminar processos manuais e dar agilidade à execução das tarefas;

 Padronizar e gerenciar os procedimentos operacionais, para conferir qualidade e aumentar a produtividade dos serviços e atividades dos colaboradores;

 Possibilitar maior rapidez e segurança nas tomadas de decisão através do fornecimento de informações e relatórios rápidos e precisos;

 Melhorar o tempo de resposta junto aos setores, clientes e fornecedores;

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 Auxiliar a empresa na gestão das mudanças de legislação, principalmente referentes aos departamentos de RH, Fiscal e Segurança do Trabalho.

O projeto de migração foi iniciado em 2013 e até 2018, data da realização deste trabalho, a empresa já possuía onze módulos instalados como demonstrado na Tabela 1. Esses módulos atendem a oito departamentos. Um programa e um aplicativo já foram integrados ao sistema juntamente o departamento de produção. O sistema também já está preparado para interagir diretamente com o “eSocial” um programa do Governo Federal que pretende unificar o envio de informações trabalhistas do empregador com relação aos seus empregados.

Tabela 1 - Panorama da Implantação do EPR até Abril/2018

No início do projeto foram adquiridas 20 licenças de uso no valor de aproximadamente R$7.000,00 cada, o que totalizou o valor de R$140.000,00. Com o avançar do projeto foram sendo adquiridas mais licenças de acordo com o crescimento da demanda.

Além deste custo, a empresa tem o gasto fixo de aproximadamente R$15.000,00 com a TOSTV por mês que dá direito à manutenção e evolução técnica de todos os módulos do ERP.

Não foi necessária a aquisição Hardware, visto que a empresa já possuía no início do projeto uma infraestrutura satisfatória. O servidor utilizado para hospedagem do ERP é compartilhado com a unidade de São João del-Rei - MG, que já possuía o ERP e o servidor.

4.2Construção do método de Implantação

Departamento Módulo Situação

Suprimentos Estoque / Custos Integrado

Compras Integrado

Financeiro

Financeiro Integrado

Contabilidade Integrado

Ativo Fixo Integrado

SSMA Medicina do Trabalho Integrado

Não conformidades Integrado

RH RH Integrado

Manutenção Manutenção de Ativos Integrado

Qualidade Inspeção de Processos (Laboratório) Integrado PCP Planejamento e Controle da Produção Integrado Produção Planejamento e Controle da Produção Integrado Parcialmente

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8 Na Mineração Alfa, foi feito um Brainstorming, reunindo profissionais da unidade sanjoanense e da Mineração Alfa. Nesta reunião foram discutidos metodologia utilizada napara implantação do ERP na primeira unidade, seus pontos positivos e os obstáculos encontrados.Esse Know-how e troca de experiência entre as unidades contribuíram para a criação de um roteiro de implantação, adequado à experiência da organização e mais aderente às políticas e a cultura do grupo. O mesmo foi aplicado sistemática e sequencialmente em cada um dos setores da empresa durante o processo demigração para o ERP.

A seguir são descritasa sequência dos passos utilizados na implantação do Protheus na Mineração Alfa:

ETAPA 1 - Definição da equipe de trabalho:Para cada setor foram formadas equipes compostas, geralmente, pelo Coordenador de TI (responsável pelo projeto), pelo Coordenador da área, por um analista de TI (responsável pelas customizações e integrações no sistema) e por um Key-user do setor (usuários chaves, especialistas nos processos do seu setor).

ETAPA 2 - Desenho do fluxo das atividades: Nesta etapaocorreram reuniões entre o Key-user e o analista de TI para determinação dos fluxos de informações e operações, bem como a listagem de todas as interações entre o setor que estava sendo migrado e os demais setores da empresa.Realizado o levantamento, foi feita uma reunião com os coordenadores para apresentação, discussão e aprovação da proposta do fluxo para o ERP e definido o cronograma para a conclusão da implantação em cada setor.

ETAPA 3 - Desenvolvimento do fluxo na base teste: Nesta etapa o analista de TI ficou responsável pelo desenvolvimento das rotinas aprovadas no fluxo dentro do sistema e, quando necessário, de realizar customizações de telas e de matrizes de dados na base teste do sistema.

ETAPA 4 – Testes: Nesta fase, a rotina de lançamentos e operações na base teste foi passada ao Key-serpelo analista de TI para verificação do comportamento do ERP com relação à nova rotina. Quando necessário, foram realizadas mudanças pelo analista de TI e depois feitos novos testes até que a rotina estivesse totalmente adequada ao departamento. Por fim,essas rotinas foram compiladas para a base oficial e entraram em operação. Até o fim do processo todas as rotinas foram alimentadas duplamente, no ERP que estava em teste e nos sistemas e planilhas que estavam em operação na empresa, para garantir a aderência de resultados e informaçõesentre oERP e o sistema em uso.

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9 ETAPA 5 - Inclusão de softwares de apoio à rotina:Caso o setor necessitasse da inclusão de um software específico para complementação das atividades do ERP, neste momento o TI faria essa integração e realizaria os testes na base teste do Protheus.

Após a consolidação da integração do sistema/programa com o ERP passava-se para a fase de treinamento.

ETAPA 6 - Treinamento dos usuários finais:Após a conclusão do desenvolvimento da rotina, o Key-user era responsável por disseminar o conhecimento e a importância da mudança entre os colaboradores do setor que utilizariam o sistema. Cada dúvida surgida era reportada ao Key-user, ponte entre o usuário final e o setor de TI. O mesmo também era o responsável por checar os lançamentos e garantir a qualidade da informação inclusa no ERP, além de confeccionar os procedimentos de operação do ERP do setor. Nesta fase foi realizado o levantamento dos relatórios necessários para o controle do setor, visando a inutilizarão de outros controles sobressalentes para que não houvesse retrabalho e visando a eficiência total do software.

ETAPA 7 - Desenvolvimento de relatórios: Após a consolidação dos dados no ERP o analista de TI desenvolveu os relatórios solicitados para cada setor. Com a entrega dos relatórios, todas as necessidades de controles de rotina estavam supridas dentro do ERP, não havendo assim a necessidade de uso de outros programas não integrados com o Protheus.

ETAPA 8 - Desenvolvimento contínuo:É comum que o uso permanente do ERP gere a necessidade de adaptações e mudanças em virtude de melhorias ocorridas nos setores e processos, adaptações para atendimento de novas legislações, mudança de procedimentos, etc.

Foi estabelecido pela empresa que essa demanda deve partir de cada área para o setor de TI, para que o mesmo auxilie o departamento em tais mudanças e atualizações.

Como pode ser notado o processo de implantação não foi realizado exatamente como descrito por Lustosa (2008), conforme apresentado na sessão 2deste trabalho. Contudo os resultados alcançados pela Mineração Alfa foram considerados altamente satisfatórios conforme serão apresentados mais adiante. Isso sugere que uma implantação de ERP deve ser adaptada conforme às particularidades e realidade de cada organização, não podendo somente seguir padrões genéricos,caso esses não atendam às necessidades da empresa.

Na Figura 3temos uma correlação entre os passos descrito na literatura e os passos aproximadamente equivalentes realizados na Mineração Alfa.

Figura 3 - Correlação entre Etapas de Implantação ERP Lustosa (2008) x MineraçãoAlfa

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10 Como pode ser observado a Mineração Alfa desenvolveu uma metodologia de implantação mais detalhada, com etapas mais específicas. Na Mineração Alfa, houve uma grande preocupação com a formação das equipes que fizeram a implantação em cada setor, sendo que na literatura descrita por Lustosa (2008), este ponto não foi abordado.

4.4 Resultados

Mesmo que o processo de implantação do ERP ainda não tenha sido concluído até a data de realização desta pesquisa, o Protheus já é considerado um projeto de sucesso pela empresa.

Em todos os setores é possível observar ganhos significativos com a implantação, embora também fossem observadas algumas dificuldades, como já mencionado anteriormente.

Resumidamente, temos relacionados na Tabela 2, os principais ganhos obtidos em cada departamento.

Tabela 2 - Relação dos ganhos alcançados em cada departamento.

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11 4.3Desafios e Obstáculosencontrados

No caso da Mineração Alfa, a questão cultural causou relevante preocupação.Inicialmente foi observado principalmente entre os operadores mais experientes (com muitos anos de empresa) do setor de produção, a existência de certa resistência com relação à mudança.Por estarem muito acostumados a interface do Excel, consideravam mesmo sem nenhum contato prévio

Setor Resultados

Suprimentos

Simplificação do Inventário Físico anual

Evolução e automatização do processo de aprovação de Solicitações de Compras

FollowUp de informação da situação do Processo de compra ao solicitante Implantação do recurso de Ressuprimento automático.

Controle simplificado de custos e consumo de almoxarifado pelos gestores de cada Centro de Custo

Financeiro

Atualização automática das mudanças na Legislação Fiscal Arquivo digital de todos os documentos fiscais e contábeis Vínculo do processo de emissão e recebimento de Notas Fiscais direto

com o sistema

Fechamento de Produção automático e emitido direto através das Ordens de Produção

PCP Previsão de demanda vinculada direto ao Plano de Produção

SSMA

Automatização do controle e validade do documento ASO (Atestado de saúde Ocupacional)

Gerenciamento de Não conformidades e riscos

RH

Simplificação do controle e gerenciamento de Folha de Pagamentos Controle eficiente de férias

Maior controle do Custo com Pessoal

Manutenção de Ativos

Criação de novos controles e indicadores Controle das atividades por mantenedor Rateio eficiente dos Custos com manutenção Controle de manutenções preventivas nos equipamentos

Aumento da Disponibilidade Física das Plantas

Laboratório

Importação automática dos resultados de análise

Interação e vínculo dos resultados de análise diretamente com a Ordem de produção correspondente à amostra lida

Automatização da emissão da etiqueta de identificação das amostras

Produção

Gestão online de estoque, consumo e volume produzido

Integração com o módulo de laboratório permitindo o acompanhamento da eficiência instantaneamente

Fechamentos de Produção mais rápidos, eficientes e confiáveis

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12 com o sistema, que o ERP seria de difícil utilização. Esses funcionários não entendiam a necessidade da mudança, pois segundo eles “tudo estava funcionando bem”.

Para conseguir o convencimento e não a imposição desta parte da equipe foram, feitas muitas reuniões com os funcionários para mostrar todos os ganhos que seriam alcançados através desta implantação. Além disso, foram feitos treinamentos individuais com os que apresentavam maiores dificuldades.

Depois de superado este momento inicial de insegurança o ERP foi aceito por toda a equipe e os funcionários passaram a o enxergar como um aliado, pois perceberam que ele facilitou as rotinas de lançamentos.

Outra estratégia também muito importante durante a implantação foi a formação de uma equipe de Key-Users. Estes são os colaboradores chaves de cada setor da empresa, que além de serem profundos conhecedores dos processos possuíam posição de liderança (formadores de opinião) entre os demais colaboradores do seu setor. Essas pessoas formaram uma equipe multidisciplinar que trabalhou em conjunto durante toda implantação estudando os impactos de cada módulo para que o programa se tornasse altamente interativo entre os setores.

Facilitando assim, a comunicação e intercâmbio de informações dentre toda a empresa.Na Tabela 1 podemos observar a relação de departamentos, seus setores, módulos e suas rotinas.

Tabela 1 - Relação entre Departamento, Setor e Rotinas.

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13 A implantação do sistema módulo a módulo minimizou os impactos das mudanças e possibilitou que a empresa absorvesse as novas rotinas de forma mais organizada e tranquila.

Isso ajudou a dar tempo para a preparação e os setores tiveram como se organizar para receber os módulos. Outro ponto positivo foi que a equipe de TI pôde participar ativamente da implantação de cada um dos módulos e dar suporte a todos os eventuais problemas e contratempos. Por outro lado, o projeto de implantação módulo a módulo acabou exigindo um

Departamento Setor Módulo Função (Rotinas)

Suprimentos

Estoque

(Almoxarifado) Estoque / Custos

Gerenciamento de estoques de matéria prima, matérias de almoxarifado e consumo de

insumos.

Compras Compras Solicitações de compras e contratações de serviços terceirizados, débito direto, custos,

Gerenciamento de contrato, validades, fornecedores, matriz de aprovação de

compras.

Contratos (Prestadores de

Serviço)

Compras

Financeiro

Financeiro Financeiro Faz todo o controle financeiro em curto, médio e longo prazo.

Contabilidade Contabilidade Condiciona os gastos, controle de notas, contas a pagar/receber Ativo Fixo Ativo Fixo Gerencia os bens da organização Faturamento Financeiro Faz o faturamento e emissão de notas fiscais

físicas e eletrônicas, auxilia a empresa quanto às atualizações de leis tributárias, faz a

controladoria financeira.

Fiscal Financeiro

PCP

Previsão de

demanda PCP Gerencia as informações de consumo

fornecidas pelos Clientes

Vendas Contabilidade

Solicitação de venda ao estoque produzido para emissão de Nota fiscal de saída e

controle financeiro

SSMA

Medicina do trabalho

Medicina do Trabalho

Gerenciamento de ASOs (Atestado de saúde ocupacional), arquivamento de exames

periódicos e atestados.

Não conformidades

Não conformidades

Gerenciamento de Riscos, gerenciamento de Inspeções de Segurança e informativos de não

conformidades.

AlfaApp Não

conformidades

Aplicativo destinado a inspeções de Segurança e não-conformidades.

RH Folha de

Pagamentos RH

Gerenciamento de pessoal, folhas de pagamento, ponto eletrônico, atendimento a leis trabalhistas, controle de férias, atestados,

faltas, arquivo de documentos, como avaliação de desempenho, contratos, etc

Manutenção

Planejamento de Manutenções

Manutenção de Ativos

Ordens de Serviços, Planejamento e Controle da Manutenção, Gestão de Manutenção Preventiva, Corretiva, Preditivas, Inspeções,

CheckLists, Empenho de Mao de Obra, ferramentas, recursos, insumos, Planejamento

de paradas, Controle de Back Log, Indicadores

Solicitações de Manutenção

Manutenção de

Ativos Solicitação de Manutenção Corretiva

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14 tempo muito maior para a conclusão, visto que não se avançava para a próxima área sem ter sido concluída a área anterior.

4. CONCLUSÃO

Com a realização deste estudo foi possível perceber que a metodologia utilizada pela Mineração Alfa foi assertiva, e mais aprofundada do que a proposta pela literatura. Embora não tenha sido suficiente para evitar problemas como a resistência por parte dos colaboradores, atraso de cronogramas ou reestruturação de procedimentos e atividades.

Segundo opiniões de gestores e usuários, essa metodologia pode ser usada como uma forte referência para a implantação de ERP em empresas com características semelhantes às da empresa estudada.

Foi observado que nos setores que possuíam colaboradores mais comprometidos com o objetivo da organização o resultado alcançado pelo ERP, foi melhor e mais rápido. Ao passo que em setores onde foi encontrada maior resistência a mudança, o tempo de resposta do ERP e os resultados alcançados demandaram mais tempo e um trabalho mais intenso por parte da equipe de implantação.Isso comprova a importância de uma liderança firme e persuasiva, trabalhando em prol da implantação do ERP em cada setor, papel este que deve ser desempenhado pelos gestores com o apoio dos Key-Users.

Os objetivos corporativos, de acordo com a avaliação da equipe de implantação, foram atendidos de maneira satisfatória, conferindo à empresa o suporte necessário para ás atividades, promovendo à direção da empresa a confiabilidade e agilidade necessária para a gestão do negócio.Foi observado também que em muitos setores foram possíveis melhorias nos procedimentos, na qualidade e no tempo de respostas às atividades, diminuição de retrabalho, otimização de processos, recursos e mão-de-obra.

O ganho com a implantação do ERP foi perceptível não somente no que se refere agestão de informações e processos, como também fomentou mudanças organizacionais que geraram maiores eficiências técnicas e operacionais.

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Referências

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