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A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES EDUCACIONAIS NO APRENDIZADO DE PESSOAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS NAS INSTITUIÇOES DE NÍVEL SUPERIOR NORTE-RIOGRANDENSES

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A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES EDUCACIONAIS NO APRENDIZADO DE PESSOAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS NAS INSTITUIÇOES DE

NÍVEL SUPERIOR NORTE-RIOGRANDENSES

Santos, A. E.; Nobre, C. A.; Cabral, F. H.; Oliveira, J. G.; Campos, G. M.; Bezerra, K. S.; Santos, K. N.; Andrade, W. S.

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN Faculdade de Ciências Exatas e Naturais – FANAT

Av. Itapetinga, 1430, Conjunto Santarém/Potengi CEP 59124-400 Natal-RN.

E-mail: {aegospm, chris_nobre, flavioemrike, jogonoli, glauciauern, knss7, katy_bezerra, waldgl}@yahoo.com.br

RESUMO

Atualmente, tem-se discutido muito sobre inclusão social para pessoas de necessidades especiais.

Conseqüentemente, as instituições de nível superior devem adequar-se aos Art.206 inciso I e Art. 208 inciso III da Constituição Federal, de modo a possibilitar o acesso de pessoas especiais ao ensino superior. Uma das maneiras de eliminar esta forma de exclusão social é através da adaptação arquitetônica e, principalmente, da disponibilidade de equipamentos digitais e softwares educacionais adequados nas instituições acadêmicas. Neste contexto, observou-se a necessidade de uma análise nas instituições de ensino superior norte-riograndenses com o intuito de verificar se as mesmas atendem às exigências de acessibilidade e, principalmente, se estas instituições já introduziram softwares educacionais específicos no processo de aprendizagem destes estudantes. A análise foi realizada com base nos dados coletados a partir de entrevistas com professores e responsáveis por algumas instituições acadêmicas, além de entrevistas com os próprios estudantes de necessidades especiais. Para verificarmos a viabilidade da utilização de softwares educacionais para pessoas especiais, alguns deles estão sendo analisados (como o DOSVOX) com os próprios estudantes. Durante a análise dos dados, verificou-se que a maioria das instituições não estão preparadas para absorver estes novos estudantes. A ausência da infra-estrutura física e/ou técnica definidas pelas leis governamentais são os principais fatores. Observou-se também que as instituições que apresentam a infra-estrutura mínima não realizam divulgações adequadas que estimulem o ingresso de novos estudantes especiais. Os resultados mostram que a utilização de recursos tecnológicos pode contribuir no processo de seleção e aprendizagem destes estudantes.

Porém, deve-se capacitar o corpo docente e conscientizá-lo da importância deste aprendizado, com a finalidade de atender a estes estudantes e, com isso, melhorar a auto-estima e possibilitar a autonomia no processo de aquisição do conhecimento das pessoas de necessidades especiais.

PALAVRAS-CHAVE: inclusão digital, pessoas de necessidades especiais, softwares educacionais.

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1. INTRODUÇÃO

O acesso às universidades tem sido restrito a uma pequena parte da população brasileira. Esta forma de exclusão social deve-se à falta de investimentos financeiros na educação de nível médio, o que dificulta o ingresso dos alunos às instituições de nível superior. No entanto, esta situação se agrava em relação às pessoas de necessidades especiais (Sassaki, 2003). Além das condições precárias do ensino médio, a própria infra-estrutura das universidades torna-se um grande empecilho aos estudantes especiais que conseguem ingressar no nível superior, pois não há uma adequação do ambiente capaz de proporcioná-los o mínimo de conforto necessário à sua aprendizagem. Isso evidencia o despreparo das Universidades ao atendimento de estudantes que apresentam alguma necessidade especial e confirma a limitação do atendimento educacional do nível superior aos estudantes brasileiros.

Com base nestas estimativas e no inciso I do artigo 206 e nos incisos III e V do artigo 208 da Constituição Federal:

“Art. 206 - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; Art.208 - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um” surge então à idéia de analisar as instituições de nível superior norte-riograndenses quanto ao ingresso de pessoas de necessidades especiais, a infra-estrutura física adequada, o preparo do corpo docente da instituição e, principalmente, o uso de programas de tecnologia da informação que possam auxiliar o processo de aprendizagem dos alunos especiais.

Durante a fase inicial deste trabalho, o que se pôde observar é que não existe uma legislação que obrigue as instituições de nível superior a utilizarem ferramentas lógicas adequadas às limitações dos alunos de necessidades especiais, o que poderia acelerar o aprendizado dos mesmos e inseri-los na sociedade da informática (Giansanti, 2004). Assim, dentre as inúmeras possibilidades de adaptação das Universidades norte-riograndenses ao atendimento dos alunos especiais, uma importante medida para a inclusão desses alunos ao meio acadêmico é a utilização de programas computacionais adaptados às suas necessidades, promovendo com isso uma maior independência desses alunos no processo de aprendizagem e de interação com o mundo globalizado. A utilização de softwares produzidos para atender a esse perfil de estudantes tem proporcionado não só a inclusão digital das pessoas de necessidades especiais, mas principalmente a sua inclusão social à medida que elas passam a conhecer e utilizar essa tecnologia.

Pretende-se com isto incentivar o uso e a divulgação de softwares nas universidades/faculdades os quais atendam às pessoas de necessidades especiais de modo a proporcioná-las uma melhor adaptação às exigências do mercado de trabalho, e facilitar as relações interpessoais. Este é o objetivo principal deste trabalho. Neste contexto, foram selecionadas as ferramentas lógicas desenvolvidas pelo núcleo de computação eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): DOSVOX e o MOTRIX. O DOSVOX é um sistema operacional sintetizador de voz adaptado ao Windows para auxilio de deficientes visuais que possui aplicativos como o editor de textos (MINIED), a calculadora vocal (CALCUVOX) e o software de acesso à Internet (WEBVOX). Já o MOTRIX é um software que permite pessoas com deficiências motoras graves executarem funções cotidianas através de microcomputadores, tais como, acender lâmpadas, trocar o canal de TV ou mesmo ligar o ventilador.

Este trabalho está estruturado da seguinte forma: a seção 2 descreve a situação das instituições a partir dos dados obtidos em pesquisa; a seção 3 apresenta as ferramentas computacionais citadas anteriormente; e a seção 4 mostra as considerações finais, na qual são abordadas propostas de pesquisas futuras que dêem continuidade a este trabalho.

2. COLETA DE DADOS

Com base no trabalho proposto foi realizada uma pesquisa de campo nas faculdades e universidades norte- riograndenses com o intuito de obter informações acerca da acessibilidade das mesmas para com os alunos de necessidades especiais. As instituições escolhidas foram: CEFET, FACEX, Faculdade Câmara Cascudo, FARN, UERN e UFRN, visto que as mesmas são as mais procuradas por estes alunos.

2.1 PROCESSO SELETIVO

A análise dos dados demonstrou que todas as instituições de ensino superior visitadas não dispõem de sistema de cotas exclusivo para pessoas de necessidades especiais. Para as deficiências serem comprovadas e aceitas no CEFET, na FACEX e na UFRN é necessário à apresentação de um laudo médico.

Em relação ao critério avaliativo, as provas são aplicadas e adaptadas de acordo com a deficiência do candidato. Para os candidatos com deficiência visual as provas são aplicadas em Braille e para os tetraplégicos as provas são realizadas de forma oral em todas as faculdades/universidades, porém na UFRN, na FACEX e no CEFET também é utilizado o

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recurso da gravação.

Em geral, o critério para correção das provas é a mesma dos candidatos normais, já no CEFET a correção é auxiliada pela CAP (Centro de Apoio para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual). O número de portadores de necessidades especiais inscritos para o processo de seleção varia entre um e quatro candidatos nas instituições visitadas.

Na UFRN, a média é de um candidato aprovado, enquanto que na FARN chega a três aprovados por vestibular, já na Faculdade Câmara Cascudo foram aprovados apenas dois nos últimos quatro anos.

2.2 ESTRUTURA INTERNA

A importância de uma estrutura física e lógica, no ambiente acadêmico, adequada para os portadores de necessidades especiais é necessária para a integração e melhor desenvolvimento deste aluno na instituição e para que eles não tenham uma mobilidade reduzida no local de estudo.

2.2.1 ESTRUTURA FÍSICA

A partir da análise dos dados obtidos através das pesquisas, as faculdades/universidades que obedecem as normas legais arquitetônicas são: Faculdade Câmara Cascudo, FACEX, FARN e CEFET em boa parte de sua extensão, já a UERN e UFRN apresentam estrutura precária. Foi detectado, dentre as instituições, que não obtêm estrutura adequada, que os maiores problemas em se implantar esta estrutura são problemas financeiros e falta de iniciativa dos núcleos responsáveis.

2.2.2 ESTRUTURA LÓGICA

Com relação à estrutura lógica nas instituições pesquisadas foi verificado que na maioria das instituições existe um déficit de sistemas e docentes qualificados para auxiliar no aprendizado de acadêmicos que portam alguma deficiência.

A UFRN, FACULDADE CÂMARA CASCUDO, FACEX não apresentam programas de qualificação de corpo docente e também não utilizam ferramentas de software adequados às pessoas de necessidades especiais. Enquanto que, no CEFET e na UERN verificam-se núcleos de desenvolvimento para a capacitação de docentes e a implantação de programas computacionais como, por exemplo, o DOSVOX.

Foi verificado que nas faculdades/universidades não existem programas de inclusão digital e social específicos para alunos de necessidades especiais. Em contra partida, a UERN, CEFET e UFRN dispõem de projeto de inclusão social para o corpo discente em geral.

Atualmente, as instituições analisadas que possuem núcleo ou departamento responsável por estes alunos são: UERN, CEFET e FARN.

2.2.3 SITUAÇÃO DO ALUNO ESPECIAL NA INSTITUIÇÃO

Em todas as instituições mencionas, existem alunos especiais matriculados nas mesmas, sendo estes discentes regulares e que normalmente concluem o curso. Os que não conseguem terminar o ensino superior, freqüentemente abandonam a instituição por motivos pessoais.

Os alunos especiais das instituições FACEX, Faculdade Câmara Cascudo, FARN e UFRN não têm conhecimento dos softwares DOSVOX e MOTRIX, porque nunca foram apresentados aos mesmos. Já os alunos que tem acesso a estas ferramentas em suas instituições de ensino tiveram uma boa adaptação aos programas.

3. FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS

De acordo com (Sonza, 2004), a expressão “acessibilidade” tem um significado importante para a informática.

Representa para o usuário não somente o direito de acessar a rede de informações, mas também o direito de eliminação das barreiras arquitetônicas, de disponibilidade de comunicação e, principalmente, de equipamentos e programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos.

Por este motivo, diferentes ferramentas de acessibilidade aos ambientes digitais para pessoas de necessidades especiais

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foram desenvolvidas. Cada um destes sistemas apresenta características específicas de acordo com as necessidades dos deficientes. Podemos citar como exemplos o MOTRIZ (Borges, 2006a), o DOSVOX (Borges, 2006b) e o Virtual Vision (MicroPower, 2006). Outras ferramentas também foram desenvolvidas para serem utilizadas indiretamente com estas pessoas, como o LIFT (ABRA, 2006), um software de acessibilidade para webdesigners utilizados na construção de websites acessíveis.

Diante a diversidade das ferramentas computacionais de acessibilidade, este trabalho apresenta como proposta a utilização do DOSVOX e o MOTRIZ nas instituições de nível superior norte-riograndenses. Existem boas justificativas pela escolha destes sistemas: tanto o MOTRIZ como o DOSVOX são ferramentas brasileiras, o que facilita para estudantes que falam somente o português; com estas duas ferramentas abrangemos as principais deficiências encontradas em estudantes de nível superior norte-riograndenses. As seções 3.1 e 3.2 apresentam as características e especificidades de cada um destes sistemas computacionais.

3.1 FERRAMENTA DOSVOX

O DOSVOX é um sistema para computadores pessoais que se comunica com o usuário de necessidades especiais através de síntese de voz, viabilizando, desta forma, o uso de computadores por deficientes visuais, tornando-o mais independente no seu processo de aprendizagem.

Por ser uma ferramenta brasileira (desenvolvida pelo Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ – NCE), o sistema realiza a comunicação com o deficiente através de síntese de voz em português, sendo que a síntese de texto pode ser configurada para outros idiomas. O DOSVOX estabelece uma comunicação homem-máquina bem mais simples, considerando as especificações e limitações destas pessoas. Ao invés de simplesmente ler o que está escrito, esta ferramenta estabelece um diálogo amigável através de interfaces adaptáveis.

Boa parte das mensagens sonoras emitidas pelo DOSVOX é feita em voz humana gravada, o que diminui o índice de estresse para o usuário, mesmo com o uso prolongado. É compatível com a maior parte dos sintetizadores de voz existentes, o que garante ao usuário a aquisição no mercado dos sistemas de síntese de fala mais modernos e mais próximos à voz humana, os quais emprestarão ao DOSVOX uma excelente qualidade de leitura.

Além destas vantagens, o DOSVOX é uma ferramenta disponível gratuitamente na Internet, sendo assim mais adaptado à realidade da imensa maioria dos deficientes visuais do Brasil, tornando-os mais produtivos e, em quase todos os casos, indivíduos mais integrados à sociedade. Por estes motivos, o impacto do DOSVOX sobre os deficientes visuais brasileiros é imenso, e isso foi centena de vezes constatado e divulgado pelos jornais, rádios e TV.

3.1.1 ESPECIFICIDADES DO DOSVOX

O DOSVOX vem sendo aperfeiçoado a cada nova versão. Hoje ele possui mais de oitenta programas, e este numero é crescente. Abaixo a composição desse programa:

• Sistema operacional que contém os elementos de interface com o usuário;

• Sistema de síntese de voz;

• Editor, leitor e impressor/formatador de textos;

• Impressor/formatador para Braille;

• Diversos programas de uso geral para cegos, como jogos de caráter didático e lúdico;

• Ampliador de telas para pessoas com visão reduzida;

• Programas para ajudar à educação de crianças com deficiência visual;

• Programas sonoros para acesso a Internet, como Correio Eletrônico, Acesso a Homepages, Telnet e FTP;

• Leitor simplificado para Windows.

3.1.2 REQUISITOS MÍNIMOS DE INSTALAÇÃO

O sistema DOSVOX executa em computadores pessoais como o Microsoft Windows 95 ou superior. A plataforma mínima de execução é um Pentium 133 ou equivalente, sendo possível executa-lo com menor velocidade em máquinas a partir de 486 com pelo menos 16Mb de memória. O computador utilizado, como se pode observar é muito simples, sendo apenas necessária uma placa de som ou a disponibilidade de um kit de instalação multimídia.

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3.1.3 UM PANORAMA SOBRE O USO DO DOSVOX

Para o acionamento do DOSVOX, depois de inicializado o sistema operacional Windows, o usuário pode pressionar em conjunto algumas teclas, sendo então sintetizada a frase: “DOSVOX – O que você deseja?”, que será sempre ouvida quando o sistema necessitar de uma nova informação. Existe uma tela de “menu principal” que pode ser acionada para adquirir ajuda sobre a ferramenta ou mesmo saber as opções de utilização. A Figura 1 apresenta esta tela com “menu principal” mostrando como o usuário pode escolher uma determinada opção. Todas estas informações são enviadas ao deficiente visual através de sintetizadores de voz. Convém ressaltar que todas as figuras abaixo foram retiradas do programa DOSVOX.

Figura 1. Tela de “menu principal da ferramenta DOSVOX”

O DOSVOX proporciona aos deficientes visuais diferentes opções de utilização de um computador. Estas opções acessíveis aos usuários vão desde a seleção de arquivos e diretórios, jogos eletrônicos, utilitários de uso geral como uma calculadora, programas multimídia e, principalmente, a Internet. A Figura 2 mostra como um deficiente visual pode usar de forma prazerosa um computador através de jogos como o Forca Vox povoado de efeitos sonoros.

Figura 2. Tela do Jogo da Forca Vox da ferramenta DOSVOX

Como a Internet representa para a pessoa deficiente visual uma porta aberta para o mundo, por meio da qual ele pode ter acesso a informações, o DOSVOX apresenta uma tela com os utilitários de rede e Internet como mostra a Figura 3.

Figura 3. Tela de acesso aos utilitários de rede e Internet da ferramenta DOSVOX

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Como pôde ser observado, o DOSVOX é conveniente não somente pelas características citadas anteriormente. De forma objetiva, o DOSVOX combina estilos clássicos de interface como seleção de menus, perguntas, respostas e linguagem de comandos. Independente de quaisquer outros fatores, ainda considera, sobretudo, as metas de velocidade de aprendizado, velocidade no uso corrente, redução na taxa de erros de operação, rápida assimilação da operação de interface e uma operação agradável. O que, mais uma vez, justifica a nossa escolha pela ferramenta.

3.2 FERRAMENTA MOTRIX

O MOTRIX é uma ferramenta computacional que, através de um mecanismo sintetizador de voz, permite o acesso de pessoas com deficiências motoras graves a microcomputadores. Assim como o DOSVOX, o MOTRIX funciona por meio de comandos vocais através de um microfone. O que torna esta ferramenta essencial é que podem ser utilizados comandos em português, até mesmo por ter sido desenvolvida pelo Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O MOTRIZ também permite adição de comandos, levando-se em conta que já existem outras ferramentas similares para outros idiomas. O MOTRIX é um software de utilização bastante simples. Ele se inicia junto com a partida do Windows, assim, a única dificuldade do usuário deficiente é ligar o computador.

Esta ferramenta tem como propósito o acesso de portadores de necessidades especiais, principalmente tetraplégicos, à comunicação, à escrita, e à leitura, sem que haja o desgaste físico do indivíduo. Com ele, o deficiente pode realizar tais funções usando somente a voz. O que permite, por exemplo, que um deficiente possa ler um texto deitado enquanto descansa de um dia de trabalho. Ele permite que os mesmos se mantenham sempre atualizados, o que colabora com a igualdade de condições entre essas pessoas e os demais que não possuem a mesma deficiência.

3.2.1 ESPECIALIDADES DO MOTRIX

O MOTRIX trabalha em cima do sistema operacional, dando o controle das funções que este dispõe ao seu usuário por meio de comandos vocais. O usuário pode, através do MOTRIX, acionar o Microsoft Word para redigir um texto, acionar a Internet para obter informações e assim se manter atualizado. Também pode realizar funções básicas como fechar, minimizar ou maximizar uma janela. Ele ainda permite que o usuário grave um novo comando de voz para acessar determinada função.

3.2.2 REQUISITOS MÍNIMOS

Para utilizar o MOTRIX, é imprescindível que o computador seja no mínimo um Pentium II, que ele possua um sistema operacional Windows, um microfone e que possua uma boa placa de som.

3.2.3 UM PANORAMA SOBRE O USO DO MOTRIX

Depois que se liga o computador, o MOTRIX se inicia junto à inicialização do Windows. Então é apresentada ao usuário, no canto do monitor, uma janela que mostra o acompanhamento das funções chamadas. Esta janela informa o usuário uma frase que deve ser pronunciada para que se tenha acesso a uma pagina de auxílio. A Figura 4 mostra que no momento o microfone não captou nenhum som, assim como informa ao usuário que para dúvidas pode usar o comando

“please help me”. A opção ‘reconhecimento ativo’ permite que o programa capture qualquer som do microfone.

Figura 4. Tela de acompanhamento dos comandos utilizados pelo usuário.

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Como o MOTRIX, o usuário pode controlar o mouse, se preferir, e assim ter acesso a todas as funções da máquina. Se o deficiente falar ao microfone “go up”, então o mouse sobe. O comando “running” aumenta a velocidade do mesmo. Da mesma forma, “go right”, para a direita, “go down”, para baixo, e “go left”, para esquerda. Para parar, se fala “stop”, e para clicar, “press”. O indivíduo pode também ter acesso direto aos aplicativos. Por exemplo, falando “Messenger”

abre-se o aplicativo Windows Messenger, e o comando “Microsoft Word” aciona o aplicativo com mesmo nome. Para a digitação soletrada, o MOTRIX utiliza o alfabeto fonético de aviação (Wikipédia, 2006). A Figura 5 mostra a tela que aparece ao usuário quando o mesmo utiliza digitação soletrada.

Figura 5. Tela de digitação soletrada.

Em fim, cada comando de voz aciona uma função, esses comandos foram selecionados de modo que eles não sejam confundidos pela máquina, além disso, todo comando falado é apresentado na janela do MOTRIX, assim o usuário pode acompanhar os acionamentos requisitados. Outra característica importante do MOTRIX é que o mesmo permite adicionar novos comandos. Neste contexto, comandos em português podem ser utilizados sem nenhum problema.

Como pôde ser observado, o MOTRIX é uma ferramenta computacional extremamente importante para as pessoas com deficiências físicas e motoras. Sua interface simples e amigável permite uma maior interação com o usuário. A possibilidade de utilizar comandos em português facilita ainda mais a sua utilização. Dessa forma, todos os recursos do Windows podem ser acessados através de comandos de voz. Estas facilidades justificam, mais uma vez, a escolha desta ferramenta para o nosso trabalho.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em face das análises coletadas, nota-se que a questão da acessibilidade de pessoas de necessidades especiais em algumas instituições de nível superior ainda é deficitária. No Rio Grande do Norte, as dificuldades começam desde o processo de seleção e vão se agravando à medida que os alunos especiais avançam no curso.

A maioria das instituições norte-riograndenses de ensino superior pesquisadas apresentam uma infra-estrutura física mínima que atende às necessidades dos alunos especiais. Para nossa surpresa, as universidades públicas são as que apresentam uma estrutura mais deficitária. O que nos deixa cada vez mais tristes considerando que as mesmas são as mais procuradas por estas pessoas e por falta de uma estrutura adequada não tem como atendê-las.

Com o resultado das pesquisas, o que se pôde observar é que esta carência não se resume somente às instalações físicas.

As barreiras nas estruturas lógicas são conseqüências de vários fatores: (i) falta de conhecimento sobre a existência de ferramentas computacionais que possam ser utilizadas no processo de aprendizagem destes alunos; (ii) ausência de profissionais (corpo docente e administrativo) qualificados para acompanhar a vida acadêmica destes estudantes e (iii) falta de iniciativa e organização de núcleos responsáveis por alunos especiais.

Diante deste cenário, foram estudadas várias ferramentas computacionais para pessoas de necessidades especiais. Os programas DOSVOX e MOTRIZ foram escolhidos principalmente por terem sido desenvolvidos no Brasil, o que pode ajudar no processo de aprendizagem dos alunos que falam português. Todas as duas ferramentas apresentam uma interface amigável com o usuário e, por este motivo, já estão sendo utilizadas em instituições como o CEFET e a UERN.

Podemos então salientar que o computador aliado a uma prática pedagógica comprometida com a formação de cidadãos, é uma poderosa ferramenta para o processo ensino-aprendizagem, contribuindo fortemente para propiciar o desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo das pessoas de necessidades especiais. Acreditamos ainda que tais ferramentas, mesmo com algumas limitações, facilitam muito o acesso dos estudantes especiais ao computador, garantindo-lhes um ótimo nível de independência e autonomia, motivando-os e oportunizando sua inclusão aos ambientes digitais no mundo e da comunidade dos cibernautas. Desta forma, conseguiremos fazer com que não só o conhecimento fique acessível, como também a tecnologia, perpetuando, pois, o respeito à dignidade humana na sociedade da informação.

Concluída a fase inicial de coleta de dados e estudo de ferramentas computacionais, o próximo passo deste trabalho é propor às instituições de nível superior norte-riograndenses a utilização de ferramentas computacionais no processo de

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aprendizagem dos seus alunos de necessidades especiais. Propomo-nos a fornecer orientações adequadas para estes estudantes. Porém, convém ressaltar que o corpo docente e administrativo das instituições também deve passar por um processo de reciclagem para se enquadrarem melhor a esta situação.

Ainda como trabalhos futuros, propomo-nos estender este treinamento à população, como o próprio Instituto dos Cegos de Natal/RN. Esta inserção ao mundo digital pode encorajálos a enxergar o mundo da sua forma mais natural e sem nenhum tipo de preconceito e exclusão social.

REFERÊNCIAS

ABRA, Ação Brasileira para Acessibilidade. Softwares de Acessibilidade para Webdesigners. Disponível em http://www.acessibilidade.org.br/. Acesso em Outubro de 2006.

Borges, J. A.; Manual do MOTRIZ. Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em http://intervox.nce.ufrj.br/motrix/. Acesso em Outubro de 2006a.

Borges, J. A.; Manual do DOSVOX. Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/. Acesso em Outubro de 2006b.

Giansanti, R.; Tecnologias e Sociedade no Brasil Contemporâneo. São Paulo: Global: Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação, 2004.

Micropower, Tecnologia em Educação e Negócios. Virtual Vision 5. Disponível em http://www.micropower.com.br.

Acesso em Outubro de 2006.

Sassaki, R. K.; Como chamar as pessoas que têm deficiência? Publicado no livreto Vida Independente: história, movimento, liderança, conceito, filosofia e fundamentos. São Paulo: RNR, 2003, p. 12-16.

Sonza, A. P.; Acessibilidade de Deficientes Visuais aos Ambientes Digitais Virtuais. 2004. Dissertação (Mestrado em Educação), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

Wikipédia. Desenvolvido pela Wikipédia Foundation. Alfabeto Radiotelefônico. Disponível em: http://pt.wikipedia.org.

Acesso em Outubro de 2006.

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