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A IMPORTÂNCIA DO FOLCLORE COMO CONTEÚDO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DO ENSINO FUNDAMENTAL

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Academic year: 2021

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Paola Maria Pimentel de Souza

Cursando Licenciatura em Educação Física – UFRJ

Rua Rio de Janeiro, 276 casa 1, Trindade, São Gonçalo, RJ Tel. 2614-1903 / 9775-9576 e-mail: paolapimentel@hotmail.com Universidade Federal do Rio de Janeiro

A IMPORTÂNCIA DO FOLCLORE COMO CONTEÚDO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DO ENSINO FUNDAMENTAL

RESUMO

Este estudo procura oferecer uma contribuição ao profissional da área da Educação para a ampliação do conhecimento e aplicação do folclore nas salas de aula.

Direcionaremos este estudo para diversas formas de abordagem do folclore nas aulas de Educação Física para aprimorar o conhecimento deste aluno, destacando a importância da cultura popular brasileira como um agente complexo e permanente de formação cultural e de identidade de um povo.

Investigaremos também de que forma o folclore vem sendo aplicado em algumas escolas do município de São Gonçalo, RJ e discutiremos sobre a sua implantação nos currículos escolares.

De forma analisarmos a realidade escolar, verificamos a sua ligação com o capitalismo, com o modo de produção de nossa sociedade, com um sistema de classes, com um mundo globalizado que vem “criando” indivíduos guiados pelo que o mercado impõe, levando a desvalorização de nossa cultura.

Dentro deste âmbito, abordaremos a cultura popular, como uma cultura lúdica e facilitadora no processo ensino-aprendizagem do aluno, revendo o olhar educacional sobre o outro, através do respeito às diferenças, as suas marcas próprias de identidade e de vida cultural.

Desejamos que esta pesquisa seja útil ao educador, que a mesma lhe facilite a tarefa e enriqueça os momentos de convívio com a cultura popular e os alunos.

PALAVRAS-CHAVE: Educação – Cultura Popular – Educação Física

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A IMPORTÂNCIA DO FOLCLORE COMO CONTEÚDO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DO ENSINO FUNDAMENTAL

INTRODUÇÃO

Um fator decisivo para a pesquisa deste tema foi o reconhecimento da importância de se estimular a criança a desenvolver o aprendizado através do elemento lúdico, inserido nas aulas de Educação Física atividades folclóricas, cujo objetivo consiste na preservação da memória coletiva e da cultura popular brasileira.

Diversas são as formas de abordagem do folclore nas aulas de Educação Física.

Consideramos que o folclore é uma das possibilidades das crianças entrarem em contato com a história de outros povos, cria-se uma consciência nacional e o interesse pela sua própria cultura.

De fato, a sociedade brasileira tem vivido um intenso processo de colonização cultural. Para comprovar isso, basta observar os programas de televisão, as músicas, os filmes, as contemporâneas formas de brincar, o contato com a tecnologia. Neste contexto, o contato desde muito cedo com a cultura popular brasileira será certamente uma das alternativas eficaz de combate as massificação e às colonizações culturais.

A escola se consolida em um ambiente diversificado, estando inserido num mesmo espaço, raças, culturas e histórias de vidas diferentes. A partir daí, em nosso entendimento, a instituição escolar deveria ter como motivação de seleção de seus conteúdos exatamente essas diferenças. Trabalhando a diversidade cultural visando, a diminuição da desigualdade social. Porém acontece o inverso, acentua-se cada vez mais o predomínio e a manutenção dos valores e interesses da classe dominante, correspondente a uma minoria de nossa sociedade.

De acordo com Saviani (1995) educação é: adaptar os alunos a um perfil conivente e especificamente desejado, pode fomentar o desenvolvimento das potencialidades inerentes os seus alunos, enquanto produtores de sua própria história.

Verifica-se que o ambiente escolar deve possibilitar uma relação do conhecimento transmitido com a realidade dos alunos e sua história. O corpo da escola é possuidor de diversas influências culturais, mas que, baseado nas pesquisas de campo, estão sendo pouco valorizadas.

Neste espaço de grande convívio social, o conhecimento deveria ser construído socialmente, no âmbito das relações humanas, porém o que se pratica atualmente na maioria das escolas investigadas, é a transmissão de informação, passada de professor para aluno, onde na maioria das vezes, não possuem um significado para os educando. Dentro deste contexto educacional está incluída a Educação Física, na qual faz parte da formação integral do aluno.

Pereira (1998) afirma que:

Educação Física é a parte da Educação do ser humano que acontece a partir, com e para o movimento (...) Educação Física é a Educação Corporal, via exercitação física, realizada necessariamente sob o prisma pedagógico, que pelo desenvolvimento e treinamento de habilidades motoras e qualidades físicas, psíquicas e morais visa plena elevação cultural, harmoniosa e integral do homem. (p.111)

Observando aulas de Educação Física nas escolas do município de São Gonçalo, no estado do RJ, podemos perceber que tem sido bastante reduzida à abordagem de manifestações culturais em nosso cotidiano escolar, desvalorizando o Folclore Brasileiro e desconsiderando a sua importância, que é significativa, em nossa Educação. Entretanto tem

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sido lembrada, somente, nas datas festivas, assim como: festa junina, carnaval, natal, entre outros. No olhar que este trabalho propõe, não é válido a restrição do conhecimento, somente a estas datas, isto na verdade deveria ser integrado em todo âmbito escolar, como uma forma motivante de aprendizagem sobre a cultura popular.

Segundo o PCN (1999) fazem parte do ensino da Educação Física as danças, jogos, lutas, desportos e ginástica, mas o que é visto nas pesquisas de campo acessadas são aulas em que prevalecem a aprendizagem de desportos em detrimento a atividades de jogos e danças que fazem parte de nossa cultura. Além disso há uma super valorização da aprendizagem e perfeição técnica motora, em busca de vitórias e medalhas. Isso reflete a situação atual de nosso país, onde o capitalismo provoca um grande espírito competitivo entre as pessoas.

A cultura popular é a nossa relação com o meio onde vivemos, é o nosso cotidiano em seus diversos aspectos, podendo ser aplicado no âmbito pedagógico em qualquer disciplina do currículo escolar. Todos nós somos portadores de cultura, e isto pode ser aproveitado pelo educador no sentido de motivar o conhecimento através daquilo que o educando já conhece, e até mesmo vivencia ou já vivificou.

O folclore é dinâmico, sempre teremos algo a aprender com os que nos rodeiam e com a vida em sociedade a que pertencemos. Folclore é troca, com ele ensinamos e aprendemos, damos e recebemos.

Esse estudo trata da importância do folclore como conteúdo nas aulas de Educação Física Escolar. No primeiro momento será conceituado o Folclore seguindo uma linha que representa maioria ao material acessado, já que o conceito de Folclore é bastante amplo e contraditório entre vários autores.

Num segundo momento será abordado o Folclore como uma cultura lúdica, além de evidenciar a sua importância na Educação. Esta importância refere-se ao fato de que seu conhecimento irá facilitar um maior entendimento sobre a realidade brasileira. E ainda, a aplicação pedagógica do Folclore como conteúdo nas aulas de Educação Física.

E por último será salientada a Metodologia do ensino através da prática do folclore e como vem sendo utilizado nas escolas.

Por todos esses fatores, a educação pode ser beneficiada ao recorrer aos elementos do Folclore como recurso para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.

Esperamos que essa pesquisa venha contribuir, com discussões sobre este tema, ao profissional da área da Educação, e também, na ampliação e aplicação do conhecimento sobre o folclore nos conteúdos das aulas de Educação Física.

CONCEITUANDO O FOLCLORE

O folclore não é nada fácil de ser conceituado, pois estamos lidando com elementos da vida de um povo, além do que são contraditórios os autores que investigam sobre este tema. Sendo assim, foi optado por seguir alguns autores pesquisados, no qual, veremos a seguir.

Todos os países do mundo, raças, grupos humanos, famílias, classes profissionais, possuem um patrimônio de tradições que se transmite oralmente e é defendido e conservado pelos costumes. Esse patrimônio é “FOLCLORE”. “FOLK” quer dizer: povo, nação, família; “LORE” quer dizer: instrução, conhecimento, sabedoria, atualização

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imediata de conhecimento. O folclore é a manifestação mais legítima da expressão cultural de um povo. Está diretamente ligado ao modo de vida, como suas alegrias, tristezas, mistérios e festejos inerentes às raízes mais autênticas de um grupo social.

Segundo o professor e estudioso da cultura popular, Luis da Câmara Cascudo (1960), o folclore é um patrimônio milenar e contemporâneo de tradições que se transmite oralmente e é defendido e conservado pelo costume, além de crescer com os conhecimentos diários desde que se integram nos hábitos grupais, domésticos ou nacionais.

Sendo o folclore a cultura de um povo, o seu campo de ação é bastante abrangente, pois retrata o homem desde seu nascimento, suas manifestações feita quando criança, seus brinquedos, sua concepção de mundo e brincadeiras. Abrange também seu trabalho, sua religiosidade, a sua comunicação com si mesmo, com os outros, com o mundo.

FOLCLORE – CULTURA LÚDICA

Contidos na Declaração Universal dos Direitos da Criança: Toda criança deve ter plenas possibilidades de brincar e dedicar-se a atividades recreativas, que devem ser orientadas para os objetivos da educação; é dever da sociedade e dos poderes públicos esforçarem-se para assegurar o exercício deste direito.

O brincar é uma atividade espontânea, seja no lar ou no dia-a-dia escolar, em alguns momentos livres ou em outros direcionados a algum conteúdo específico, é uma experiência que vai formar a base sobre a qual o futuro cidadão fundamentará seu comportamento na sociedade.

Segundo Freud (1987), “a brincadeira é a estrada real para o mundo interno consciente e inconsciente da criança. Para entender esse mundo particular infantil e favorecer um desenvolvimento sadio, os adultos precisam aprender a observar e acompanhar a criança em suas atividades recreativas espontâneas”.(p.165).

No Brasil, a maioria das brincadeiras são enraizadas ao modo de ser dos indivíduos.

Brincam sobre diferentes temas, sejam banais ou também sobre fatos sérios. Variam conforme a região, mas mantém a essência, sua forma e sua poesia. A brincadeira funciona como uma válvula de escape, indispensável, já incorporada ao cotidiano.

Em termos de educação, tomada a palavra em sentido, as brincadeiras podem servir como um meio para uma melhor adaptação e integração do indivíduo ao meio social. O docente deve ter um acompanhamento do imaginário infantil, mas sem que interfira diretamente impedindo as experiências necessárias para a sua vivência. Freud (1987),nos diz, ainda: através do brincar, as crianças vêem e constroem o mundo do jeito que gostariam que fosse, motivada por processos internos, desejos, problemas, ansiedades, caracterizada pelo que se passa na mente da criança, é um esforço infantil para entender o mundo, é uma linguagem corporal, que devemos respeitar mesmo sem as entender.

As brincadeiras possuem interesses distintos em cada idade, de acordo com as habilidades, as aptidões, assim como as vivências culturais. O decorrer das brincadeira necessita de compartilhamento e referências sócio-culturais. Esse compartilhar de experiências se dá o que para Vygotsky (1982) é a relevância da brincadeira no desenvolvimento infantil.

Após um breve diagnóstico da idade mental do aluno, podemos apresentar-lhe elementos folclóricos que atendam, aos objetivos do ensino, a capacidade imaginativa e estejam ao alcance de sua compreensão.

Os jogos, brinquedos e brincadeiras, se constituem em atividades básicas que, por um lado contribuem para o nosso desenvolvimento físico, motor, emocional, etc, e, por

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outro, podem servir como uma espécie de laboratório onde as crianças praticam e aprendem as regras da sociedade em que vivem.

Esses tipos de atividades não são expressões de cultura exclusiva da população infantil, os adolescentes, os adultos e também os idosos, utilizam-nos de forma lúdica em momentos variados de suas vidas.

Sendo assim, está posta a importância do aprendizado da brincadeira e de sua relevância no meio social. Como se dá o aprendizado de uma brincadeira tradicional?

Como então situar essas brincadeiras tradicionais no ambiente escolar? Ela continua a ser relevante? A seguir, será abordado questões sobre essa problemática.

A IMPORTÂNCIA DO FOLCLORE NA EDUCAÇÃO

O folclore está ligado ao cotidiano, ao saber do povo em seus diversos aspectos.

Possui um grande valor educativo, ainda hoje, observado pelas pesquisas realizadas, este valor é pouco reconhecido e utilizado nos currículos escolares. Não é, oficialmente, reconhecido como disciplina no ensino básico, mas podem ou devem ser utilizados pelos que identificam a sua importância, como um meio para auxiliar a obtenção dos objetivos gerais da educação.

Com todas essas iniciativas de valorização e reconhecimento do Folclore, ainda há quem não compreenda o alcance dessas patrióticas campanhas.

A escola é um espaço importante para a preservação de nossas raízes, daí surge à necessidade de conhecer e elaborar questões dentro da aprendizagem da cultura popular.

Referir-se ao Folclore na escola, o estudioso Goiano, Ortêncio (1998), afirma que:

“[...]a criança necessita não somente de aprender o Folclore, mas praticá-lo. Saber sem fazer, a sabedoria fica efêmera, como fogo de palha, para isso o Folclore precisa, em caráter de urgência, ser instituído no currículo escolar. É tão importante quanto o Português e a Matemática[...]”. (p.1080)

É de fundamental importância que os alunos, e até mesmo alguns professores que não possuem o conhecimento da capacidade constitutiva que o Folclore tem na formação educacional, compreendam que a cultura popular não está distante do seu contexto social ou em populações menos favorecidas. O folclore é o cotidiano, é a cultura local. Os alunos devem ser incentivados a pesquisarem suas origens e os aspectos culturais que são vivenciados com os seus familiares: em momentos comemorativos, a culinária, o linguajar, enfim, os hábitos e costumes cotidianos, e que de alguma forma, os remetem à história, a memória, ao folclore.

Devemos identificar a utilização do folclore no conteúdo educacional, como uma importante estratégia de ensino interdisciplinar, proporcionando diferentes contextos em relação a cada matéria do currículo escolar.

O professor deve ter um olhar crítico para “enxergar nitidamente” os alunos.

Instigando a relação professor / aluno / comunidade / cultura / arte / educação. Essa integração deve ser referência na organização e gestão escolar.

A escola é um espaço privilegiado para a garantia do saber, da educação e da socialização. É dever da instituição contribuir na formação de sujeitos éticos, participativos, criativos e críticos. Por isso, nesse espaço, fundamental no desenvolvimento do aluno, deve estar inserido a responsabilidade da organização do sistema de ensino, destacando-se a participação dos profissionais da educação, a comunidade escolar e local, na elaboração do projeto político pedagógico.

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Os processos de globalização, caracterizado pela rápida evolução das tecnologias da informação e da comunicação constituem hoje desafios para a preservação e promoção da identidade cultural de um povo, criando condicionamentos e ameaçando o diálogo permanente entre culturas, civilizações ou grupos sociais. É importante salientar a verdadeira identidade cultural brasileira.

O direito à diferença, e à construção individual e coletiva das identidades através das expressões culturais são elementos fundamentais da promoção de uma cultura escolar.

O reconhecimento e a valorização da diversidade cultural estão ligados a uma busca, muito mais ampla, do que no âmbito escolar, destacando-se, a solidariedade entre os povos, à consciência da unidade do gênero humano e ao desenvolvimento dos intercâmbios culturais.

Uma sugestão no que se refere a nos entendermos como seres culturais e históricos, traçando um paralelo da arte e da cultura popular na escola, Gabriel (2003) destaca:

[...] incentivarmos a pesquisa nas famílias de origem, na comunidade da escola, convidar mestres populares para conversas e dinâmicas, procurara contatos com grupos e instituições artístico-culturais locais e comissões de folclore que existem na maioria dos estados brasileiro.

Esse intercâmbio cultural é um grande incentivo aos nossos educandos e educadores, para entender e valorizar a sua própria cultura e a sua história e então viver, respirar e agir como cidadão brasileiro, não se deixando ser influenciado pela massificação moderna, mas reconhecer o seu pertencimento, a sua etnia, a diversidade cultural do povo brasileiro. Que esse multiculturalismo seja um demonstrativo de inclusão, de educar com as diferenças naturais do povo brasileiro.

Afinal, somos agentes de cultura, trocamos saberes durante o processo da vivência e experiência de vida. Saberes esses, que podem ser chamados de identidade.

APLICAÇÃO PEDAGÓGICA DO FOLCLORE COMO CONTEÚDO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Neste tópico será analisado a didática, no processo educacional para a ação pedagógica na escola.

O processo educacional é sempre social, o professor é parte integrante da formação dos discentes no processo da vida em sociedade. É papel da sociedade cogitar sobre a formação dos seus membros, “prepará-los para a participação ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social” (LIBÂNEO 1991 p.17.)

O professor precisa avaliar a pertinência dos objetivos e conteúdos propostos, verificando o que de relevante e significativo eles podem ter para a vida do aluno. Neste ponto, cabe a reflexão sobre a valorização da individualidade, do multicuturalismo. É importante que os alunos percebam as diferentes etnias, e que cada grupo tem a sua própria história, seus costumes, suas crenças e tradições.

Considerando a Educação Física como uma atividade escolar, portanto com intencionalidade, com metas a serem alcançadas, surge à discussão do papel do professor de Educação Física para o desenvolvimento do aluno. Entretanto, ainda hoje, ao menos nos lugares pesquisados, a Educação Física está voltada para as características de ordem física.

A valorização de rendimento motor, visando resultado em competições, distorce os objetivos de uma Educação Física integrada a um âmbito de maior qualidade de vida, de Educação e Saúde.

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A proposta pedagógica da Educação Física, a nosso ver, parte do princípio em que um dos objetivos gerais do ensino, é fazer com que a criança, através das suas atividades corporais conheça a si próprio e aos outros respeitando assim as individualidades. Isso depende fundamentalmente de professores dispostos a conhecer de perto a realidade de cada aluno, a sua identidade cultural.

A Educação Física não deve ser isolada do contexto histórico e cultural. Deve ser acrescentada ao educando como um instrumento para a consciência crítica, tomando-o como um ser no seu todo, contribuindo assim para um novo olhar da prática da Educação Física Escolar, através de uma busca constante, transformadora, considerando os aspectos culturais importantes, nesse processo de aprendizagem. A valorização da cultura popular contribui para o processo ensino-aprendizagem, pois é a partir desta preservação de manifestações populares que se mantém a atitude de resistência às diversas formas de manipulação que podemos verificar no âmbito social.

Contudo, para se chegue a esta concepção de Educação Física, necessita-se contar com os professores com um novo olhar para esta prática, que alcance níveis de transformação, principalmente no que se refere às suas atitudes. Sendo profissionais criativos, conscientes e determinados à realmente contribuir para a formação dos alunos.

Um dos objetivos deste trabalho é persistir numa Educação Física preocupada em formar seres humanos conscientes e criativos ao invés de atletas. O que se propõe é oferecer as crianças atividades que abram espaço para a liberdade de movimentos, para a criatividade, para brincadeiras e danças populares, pois tudo isso faz com que o aluno experimente e vivencie as potencialidades do seu próprio corpo. É um trabalho de conhecimento de si mesmo e das relações com os outros, envolvendo valores, ações e cultura.

METODOLOGIA

A metodologia do Folclore nas aulas de Educação Física deverá ser baseada nos estudos do fato folclórico. O docente deverá apresentar o fato, estimulando de forma lúdica, o interesse e a busca da sabedoria, ou seja, o aluno deverá conhecer o fato em si, para então a conscientização do mesmo. A partir daí, deverá ser aproveitado este fato para atingir os objetivos educacionais.

A projeção do fato folclórico deve partir através do interesse do discente, podendo fazer uma releitura, um readaptação, reproduzindo o que foi aprendido, iniciando assim uma pesquisa, em busca do conhecimento. Essa pesquisa poderá ser de caráter multidisciplinar, sendo assim, nas aulas de português, por exemplo, os textos tematizados sobre o fato folclórico. Podem ser abordados em história, contextos com a origem e a época do fato. Em Geografia, estudo das regiões de incidência das atividades e sua formação étnica. Já em Artes, fazer a releitura por meios de pinturas, desenhos, confecções de instrumentos. E em Educação Física desenvolver a musicalidade, o ritmo e a vivência prática do fato.

O aluno é o agente da história, construtor e consumidor da cultura, por isso tem necessidade de trabalhar conteúdos do dia-a-dia para despertar interesse. Folclore é informação. Informação esta que não está mais ligada à mera quantidade de conteúdos, mas como um pensamento capaz de ser elaborado a partir daquela informação. A partir daí que se processa o aprendizado. O educador não deve apenas apresentar uma história e sim fazê-los percorrer uma floresta de criação, estimulá-los a sentir sensações, a pensar naquilo que está sendo apresentado. Isso seria educar, o conceito de partir daquela informação e

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desenvolver um pensamento crítico construtivo, uma idéia, um ato criador, muitas vezes, através dos seus antepassados, do Folclore.

Ainda hoje, a Educação Física através de certas instituições de ensino aborda uma concepção tecnicista de movimento, ou seja, a valorização da boa execução do movimento, mais próximo da perfeição técnica, como um fim. O Folclore na escola e especificamente, como conteúdo nas aulas de Educação Física, engloba um sentido bem mais amplo, do que aprender uma seqüência de movimentos. Este tipo de abordagem comporta valores culturais, sociais e, ainda, pessoais situados historicamente. Ignorar estas questões faz da educação física uma repetição mecânica de gestos.

A abordagem da dança folclórica, uma atividade que meninos e meninas podem participar, na metodologia de ensino da educação física pode contribuir para uma pedagogia não sexista. Isso é fundamental para o resgate do convívio escolar, na tentativa de colaborar para a construção de uma escola que não produza e/ou reproduza as desigualdades baseadas no critério sexual. Este tipo de concepção é que influencia o sistema patriarcal na cultura brasileira, fazendo um paralelo entre o sexo e as camadas desfavorecidas na organização social, tornando a categoria gênero importante nas aulas de educação física. Para Faria, junior “muitas diferenças observadas devem-se a uma construção social de gênero e não a diferença de um natureza biológica, permitirá uma compreensão mais criticamente adequada das desigualdades no desporto e na educação física, levando o debate para questões das estruturas e poder na sociedade” ( ano p.3).

Neste sentido, nossa estratégia visa alcançar mudanças na concepção de educação física propondo a questionar o paradigma da aptidão física e refletir sobre a cultura corporal.

CONCLUSÃO

Estamos vivendo na era da globalização, o mercado de consumo voltado para a cultura estrangeira, nos faz refletir de que modo poderíamos agir e promover uma ação em prol da valorização da Cultura brasileira indo de encontro a essa imposição da modernidade.

O consumismo exacerbado deseduca e faz com que desvalorizemos a Cultura popular Brasileira. Torna-se necessário e indispensável a educação no seu sentido mais amplo e profundo, de maneira em que lhe sejam lícitos a libertação da imposição do mercado para aquisição de novos valores. É interessante notar quão pouca atenção tem sido dada a esse preceito teórico, talvez até por acreditarmos que ele é suficientemente claro e que dispensa reflexões mais detalhadas. Assim, cremos que nossa dificuldade residiria menos em aceita-lo do que em criticá-lo em termos práticos, sobretudo em face da forte demanda atual no sentido em que a crítica seja eminentemente uma ponte para a valorização de um dos patrimônios culturais brasileiros.

O ensino, de um modo geral e especialmente nas aulas de Educação Física, deve fornecer a base pedagógica cultural para se colocarem numa perspectiva crítica em relação aos usos e aos significados atribuídos pela sociedade capitalista.

A Cultura Popular Brasileira, mesmo com toda a sua importância, na formação integral do aluno, e a sua riqueza, na mais perfeita plenitude, ainda hoje é muito desvalorizada. As crianças de hoje não brincam mais como os seus pais e avós. Isso se deve, em parte, ao processo de globalização cultural. O avanço da tecnologia faz com que, cada vez mais, aumente esse distanciamento da nossa cultura.

Após toda a exposição desse trabalho, percebemos a importância do Folclore na formação dos nossos alunados. Podemos então afirmar, que a sua abordagem

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no Ensino Fundamental é de uma total relevância, basta vontade e consciência, do professor, em se atualizar e preparar suas aulas onde o conteúdo do Folclore Brasileiro esteja presente. Assim, fazendo com que os alunos vivenciem desde cedo o nosso acervo folclórico, pautando a sua ação. A partir daí, darão uma maior importância, valorizando a até mesmo divulgando a nossa rica cultura.

Assim compreendida a especificidade da educação, a prioridade para a formação da cidadania, se pauta na idéia de que cabe a instituição escolar fornecer as diretrizes de um projeto político pedagógico, promovendo à consciência necessária a implementação de uma nova realidade cultural, na qual os professores, especialmente de educação física, seriam os principais portadores dessa função. Essa seria, portanto, a forma de recuperarmos o preceito da Cultura Popular Brasileira como com compromisso para com a cidadania.

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Dissertação de Mestrado em Ciência da Arte-IACS, 2003

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Referências

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