UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E GESTÃO AGROINDUSTRIAL
LUCIANO SOARES QUEVEDO
ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE DE CORTE BOVINA SOB PERSPECTIVA DOS FRIGORÍFICOS DE MATO GROSSO DO SUL.
Projeto de Pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação em nível de Mestrado Profissional em Produção e Gestão Agroindustrial da Universidade Anhanguera - Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Produção e Gestão Agroindustrial.
Comitê de Orientação: Prof. Dr. Guilherme Cunha Malafaia; e Prof. Dr. Fernando Paim Costa
CAMPO GRANDE – MS
2013
ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE DE CORTE BOVINA SOB PERSPECTIVA DOS FRIGORÍFICOS DE MATO GROSSO DO SUL.
Nome do Mestrando: Luciano Soares Quevedo
Comitê de Orientação: Prof. Dr. Guilherme Cunha Malafaia; e Prof. Dr. Fernando Paim Costa
1. INTRODUÇÃO
Atualmente as organizações do agronegócio se defrontam com obstáculos e desafios decorrentes da globalização, abertura de mercados, aumento da concorrência, avanços tecnológicos, influências econômicas, culturais e intervenções governamentais que impactam no ambiente interno destas organizações que participam de alguma forma desse mercado complexo.
Este mercado é interdependente e integrado mundialmente, mesmo que não haja consciência disso, o que explica o fato de qualquer alteração brusca em determinadas regiões causar impactos imprevisíveis em outras partes do planeta.
Portanto é imprescindível entender o mercado que as organizações participam, assim como compreender o funcionamento da cadeia produtiva ao qual está diretamente inserido.
Assim, para se tornar competitiva e rentável, cada elo da cadeia produtiva, além de gerir eficazmente o seu negócio, precisa considerar os impactos de sua cadeia produtiva, de forma a não simplesmente participar, mas influenciar ou mesmo gerir o seu funcionamento, para aproveitar ao máximo dos benefícios de informações privilegiadas.
Desta forma, os elos da cadeia produtiva precisam trabalhar em sincronia para
o benefício de toda a cadeia produtiva, desde os fornecedores de suprimentos,
passando pelo produtor rural, agroindústria, intermediários, até chegar ao cliente final,
ou seja, adotar uma visão integrada e interdependente por todos os elos, de forma que
todos ganhem, sem tirar o foco do principal objetivo, atender as necessidades e
expectativas dos clientes.
Ante o exposto, justifica-se a realização da pesquisa o fato de tendências nacionais e internacionais da qualidade e produtividade do setor apontarem para uma nova postura gerencial, por uma confluência de fatores relacionados à política externa e ao desenvolvimento de novas tecnologias.
Assim, faz-se necessário aprofundar-se no universo existente da gestão da agroindústria, para gerenciar o processo de adição de valor e entender as múltiplas atividades e funções ao longo de sua cadeia produtiva.
Este projeto foi estruturado da seguinte forma: no primeiro, há uma breve introdução; no segundo trata-se dos objetivos, que nortearão a pesquisa; no terceiro, traz a revisão da literatura, que ajudarão a embasar o projeto; no quarto, apresenta o material e métodos de pesquisa, no quinto, detalha-se o cronograma de execução e no sexto, relaciona as referências bibliográficas consultadas.
2. OBJETIVOS
Apresenta-se a seguir o objetivo geral, desdobrando-se em objetivos específicos, que nortearão a pesquisa.
2.1. Objetivo geral
O objetivo geral é compreender a cadeia produtiva da carne bovina de corte em Mato Grosso do Sul, sob perspectiva dos frigoríficos.
2.2. Objetivos específicos
Os objetivos específicos são:
a) Entender como as cadeias produtivas são formadas e geridas;
b) Identificar os requisitos para o desenvolvimento e gestão da cadeia produtiva
c) Compreender como os frigoríficos percebem a cadeia produtiva da carne
bovina de corte.
3. REVISÃO DE LITERATURA
Para compreender o tema proposto, faz-se necessário descrever as características das empresas agroindustriais, relacionar o agronegócio com a administração rural, mostrar a necessidade de gestão no campo e levantar conceitos gerais relacionados a cadeias produtivas e análise de valor.
As principais características das empresas agroindustriais estão relacionadas à categorias, critérios para avaliar o tamanho da empresa rural e a atividade econômica.
De acordo com MARION, citado por CALLADO (2006), as empresas rurais podem explorar três categorias diferentes de atividades: agrícolas (culturas hortículas, forrageiras e arboricultoras), zootécnicas (criações de animais) e agroindustriais (beneficiamento do produto agrícola, transformação dos produtos zootécnicos e a transformação de produtos agrícolas).
VALLE, citado por CALLADO (2006) apresenta um conjunto de elementos a serem considerados para avaliar o tamanho da empresa rural em grande, média ou pequena:
“a) a superfície territorial da empresa (constitui o elemento precípuo para a classificação da dimensão empresarial);
b) as culturas existentes (quando a atividade principal é a agrícola);
c) as criações de gado ou de outras espécies de animais;
d) o sistema da organização e a gestão aziendal;
e) o capital investido em implementos, maquinaria, estoques de materiais existentes no armazém;
f) a quantidade de mão-de-obra normalmente necessária nas operações da empresa;
g) a quantidade média anual das produções vegetais e animais.”
Tradicionalmente, as empresas são divididas em três setores, conforme
CALLADO (2006): primário (agricultura, mineração, pesca, pecuária, extrativismo
vegetal e caça), secundário (transformação de matéria prima em produtos
industrializados) e terciário (serviços).
Inicialmente, todas as atividades rurais eram classificadas como do setor primário, no entanto, segundo CALLADO (2006), essa característica foi alterada em relação à evolução das dinâmicas sociais, tecnológicas e econômicas. As empresas rurais deixaram de se limitar à exploração específica de atividades agrícolas, pecuárias e extrativistas, vistas no âmbito interno da propriedade rural e passaram a incorporar novos termos, tais como agronegócio e organizações agroindustriais.
Neste contexto, segundo HELENO (2009), o produtor rural deve enxergar além das fronteiras de sua propriedade e visualizar o mercado, vislumbrar possibilidades de bons negócios e identificar problemas de excesso de produtos semelhantes, de forma a tornar a organização competitiva e rentável.
Isso explica a grande expansão da administração rural no Brasil, visto sua maior participação no agronegócio, conforme afirma HELENO (2009). Ainda segundo o autor, outros fatores também contribuíram com essa expansão – as riquezas naturais e a criação de novas tecnologias. No entanto, esse potencial econômico traz um desafio – aumentar a aplicação dos princípios da Administração no campo, que segundo o autor ainda é pouco conhecido e utilizado.
Isso significa que a maior preocupação dos empreendimentos rurais é produzir.
No entanto, conforme HELENO (2009), “Produzir não basta”, visto a necessidade de analisar a concorrência para o seu produto, verificar o interesse do mercado e se a demanda é compatível e compensadora. De qualquer forma, segundo o autor,
“Qualquer que seja o empreendimento, exige-se que princípios da administração sejam postos em prática”.
HELENO (2009) afirma que “há uma quase total ausência de consciência e prática empreendedora no meio rural”. É certo que o autor não refere-se a grandes empresas rurais, visto que COUFFIN, citado por CALLADO (2006) afirma que “o agricultor é tanto mais incapaz de dirigir sua empresa quanto menor ela for” e acrescenta que esta incapacidade deve-se a mentalidade dos empresários e não ao tamanho do empreendimento.
Dessa forma, ressalta a importância da gestão da empresa agroindustrial. De
acordo com CALLADO (2006), a gestão “enfrenta o desafio de atenuar ou remediar a
irregularidade natural do curso dos trabalhos, intensificando outras atividades conexas”, visto que a maior parte das atividades rurais geralmente se desenvolvem de forma irregular durante o exercício.
Segundo SANTOS, MARION e SEGATTI, citado por CALLADO (2006), o papel da administração rural é “planejar, controlar, decidir e avaliar os resultados”, no sentido de maximizar os lucros, além adequada gestão dos empregados
CALLADO (2006) ressalta a importância da apropriação de práticas administrativas sistêmicas nos agronegócios, de forma a evidenciar as relações existentes entre os segmentos componentes de uma cadeia produtiva aos padrões de concorrência, crescimento e competitividade
Para tanto, segundo HELENO (2009), o governo, por meio de políticas públicas, até tentam regular a produção, sinalizar necessidades de produtos agropecuários ou determinar o comportamento da oferta. No entanto, essa intervenção não chega ao âmbito das pequenas propriedades rurais, principalmente as mais distantes dos grandes centros, onde quem produz vive em constante clima de apreensão, não só pelas adversidades climáticas e pela descontinuidade ou inviabilidade de acesso a créditos, mas muitas vezes por não saber planejar o que produz e não ter acesso a informações confiáveis ou mesmo por não saber administrar sua propriedade rural.
Dessa forma, dificulta-se até mesmo a inserção do agronegócio brasileiro no mercado externo, que segundo MEGIDO e XAVIER, citado por CALLADO (2006) é uma
“necessidade estrutural para sua competitividade dentro dos macrocenários dos mercados mundiais”. O mesmo destaca duas perspectivas principais: “conscientizar a sociedade sobre o potencial de internacionalização do agronegócio” e “agir como catalisador na estruturação de redes de informação sobre o sistema agroindustrial brasileiro e internacional.”
Isso remete a discussão sobre cadeias de agronegócios que difundiu-se no Brasil a partir de 1990, seja para definição de políticas agroindustriais ou definição de estratégias privadas. Conforme ZYLBERSZTAJN (2006)
1, inicialmente o enfoque dado
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